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INFORMAÇÃO E
COMUNICAÇÃO
autor do original
FABIANO GONÇALVES DOS SANTOS
1ª edição
SESES
rio de janeiro 2015
Conselho editorial fernando fukuda, simone markenson, jeferson ferreira fagundes
Diagramação fabrico
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida
por quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em
qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora. Copyright seses, 2015.
Prefácio 7
3. A revolução digital 50
A Internet 51
O conhecimento digitalizado 65
Tecnologia onipresente 66
4. Tecnologias da informação e comunicação 72
Conceito de TIC 73
Aplicações das TICs 75
O impacto das TICs na sociedade 79
Relação dialética entre a sociedade e as TICs 85
Bons estudos!
1
Ciência, tecnologia e
sociedade
1 Ciência, tecnologia e sociedade
Vamos estudar a ideia de neutralidade da ciência. A questão está no centro do
debate entre os estudos sobre as características da ciência e seu papel na socie-
dade.
A questão principal é se a ciência é ou não influenciada pelo contexto socio-
cultural, pelos valores sociais, interesses políticos e econômicos. Tal discussão
é importante porque a visão da ciência neutra tem implicações na escolha dos
temas, na política que define as prioridades de pesquisa e influencia as rela-
ções entre o ambiente científico e os outros setores da sociedade.
É importante sabermos que a questão da neutralidade da ciência está relacio-
nada a um modo de produzir conhecimento sobre os fenômenos da natureza ba-
seado na matemática, que procurou definir leis gerais de alcance universal para
controlar e transformar a natureza. Esse modo de fazer ciência separa a natureza
(objeto) da sociedade (sujeito). Veremos que a visão dominante de ciência neutra,
autônoma e universal está sendo negada pelo próprio avanço do conhecimento,
com o surgimento de novas teorias nas ciências naturais que superam as ante-
riores, e por fatos históricos que estão relacionados ao uso da ciência para fins
político-militares no desenvolvimento de armas e aplicação no processo de
produção capitalista.
OBJETIVOS
• Conceitos de ciência, tecnologia e sociedade;
• Relacionamento entre ciência, tecnologia e sociedade;
• Evolução social, científica e tecnológica;
• Neutralidade;
• Determinismo tecnológico;
• Dialética;
• Associação em rede.
10 • capítulo 1
REFLEXÃO
Há alguns anos passava um seriado na televisão cujo protagonista era um cientista maluco
com dois ajudantes: um rato de laboratório gigante e uma assistente. Embora bem-humora-
do, o seriado era interessante porque ele, juntamente seus auxiliares, fazia várias experiên-
cias para mostrar as leis da física, química, matemática, mecânica e outras. Era bastante in-
teressante e lúdico para quem lhe assistia. Ele mostrava a ciência na prática. Vamos estudar
um pouco sobre a ciência neste capítulo.
capítulo 1 • 11
mesmo pela análise da sociedade e fatos humanos. Desta forma, aparecem três
tipos de ciência: as ciências formais, as matemáticas e as sociais.
A ciência é um campo de estudo muito abrangente. Existem vários autores,
desde a Antiguidade, que pesquisam esse assunto, inclusive do ponto de vista
filosófico. Para os cientistas tradicionais, a definição mais empregada é a defi-
nição estrita, citada no parágrafo anterior.
Entre as correntes filosóficas que tratam da ciência, existe uma chamada
empirismo. No empirismo, basicamente, a ciência e suas teorias são objetivas,
testadas e previstas empiricamente.
CONCEITO
Segundo o dicionário Michaelis (2009), o empirismo é um “Sistema filosófico que nega a
existência de axiomas como princípios de conhecimento, logicamente independentes da ex-
periência”. Outra definição é “Conhecimentos práticos devidos meramente à experiência”.
Ou seja, quando tratamos de algo empírico, estamos lidando com algo que foi testado expe-
rimentalmente. ”.
12 • capítulo 1
Segundo FONSECA (2010), a sociedade constrói a ciência e a tecnologia e, ao
mesmo tempo, a ciência e a tecnologia constroem a sociedade. Esta frase mostra
bem como a tríade está relacionada. De acordo com CAMARGO (2014), a socie-
dade pode ser resumida como um sistema de interações humanas culturalmente
padronizadas [...] A sociedade é um sistema de símbolos, valores e normas, como
também um sistema de posições e papéis.
A sociedade, na verdade, pode ser interpretada sob diversas formas. Algu-
mas das formas são: positivismo, como vimos rapidamente, e outras como:
funcionalismo, sociologia compreensiva, marxismo (histórico-crítica), estrutu-
ralismo, pós-estruturalismo, fenomenologia, existencialismo, hermenêutica,
genealogia, perspectiva pós-moderna e outras, de acordo com os seus princi-
pais fundamentadores. Portanto, é outro campo de estudo bastante amplo que
foge do nosso contexto.
A sociedade portanto constitui-se de um conjunto baseado em regras e cons-
tituído de pessoas, as quais constroem conhecimentos pela ciência por meio da
tecnologia. Vamos ver esse relacionamento no próximo tópico.
Portanto, em vista dos vários estudos envolvendo ciência, sociedade e tec-
nologia, apareceu o movimento CTS na tentativa de obter maiores atitudes en-
volvendo discussões, questionamentos e críticas em relação ao que é chamado
de tecnociência.
O movimento CTS surgiu por volta de 1970 com o objetivo de ter como lema a
necessidade do cidadão de conhecer os seus direitos e obrigações, de poder pen-
sar por si mesmo e de adquirir uma visão crítica da sociedade da qual participa e
vive e, principalmente, poder ter a disposição de transformar sua realidade, para
melhor. Esse movimento tem ganhado muita força no contexto educacional.
capítulo 1 • 13
Na segunda abordagem, a C&T em si e não somente o uso que se faz dela
é socialmente determinada. Em razão dessa função que existe entre a C&T e a
sociedade em que foi gerada, ela tende a copiar as relações sociais existentes e
até mesmo inibir a mudança social.
Essas duas abordagens dão origens a duas ideias variantes do mesmo tema:
a neutralidade da C&T e do determinismo tecnológico, e a neutralidade do
construtivismo. Iremos abordar esses assuntos posteriormente.
Podemos perceber que existe um forte relacionamento entre os termos.
Eles estão ligados por uma relação dialética. A tradução da palavra dialética
leva a “caminho entre as ideias”. É um método de diálogo no qual a atenção é
voltada para a contraposição e contradição de ideias e pensamentos que levam
a outras ideias. Porém, por ser outro termo filosófico de que estamos tratando
nesta disciplina, ela é usada por diferentes doutrinas filosóficas e assume e,
portanto, significados distintos.
Quando dizemos que a relação entre ciência, tecnologia e sociedade é dialé-
tica, estamos estabelecendo a seguinte relação:
• A sociedade determina os impactos na ciência e na tecnologia;
• A ciência determina os impactos na sociedade e na tecnologia;
• A tecnologia determina os impactos na sociedade e na ciência.
Ciência
Tecnologia Sociedade
14 • capítulo 1
Estudaremos este conceito mais à frente, no capítulo 4.
Uma vez de posse do conhecimento adquirido a respeito da relação entre ciên-
cia, sociedade e tecnologia, devemos entender que cada termo reflete um momen-
to histórico em nossa evolução moderna, carregado de crenças, valores, argumen-
tos e conhecimentos próprios do cenário e do período evolutivo em questão.
Portanto, há conceitos diferentes sobre sociedade, ciência e tecnologia, va-
riando de acordo com o período histórico, a cultura, o contexto e a abordagem
que lhes são atribuídos. Sociedade, ciência e tecnologia mantêm uma relação
dialética contínua entre si, em constante interação e determinação mútua de
impactos em sua evolução.
capítulo 1 • 15
FOCO NA C&T FOCO NA SOCIEDADE
O desenvolvimento da C&T não provém
A C&T avança contínua, linearmente e sem
do seu interior, e sim é influenciado pela
mudança, seguindo um caminho próprio.
sociedade.
CONCEITO
Tecnociência é um conceito que tem sido bastante usado no campo de estudo da ciência e tec-
nologia; retrata o contexto social e tecnológico da ciência. Principalmente depois do período da
Segunda Guerra Mundial, a comunidade científica se viu forçada a distinguir o que era ciência e o
que era tecnologia. Como vimos, a ciência é confundida com a tecnologia, porém são distintas. Na
prática, é impossível separá-las, pois o desenvolvimento e o progresso de cada uma residem na
sua cooperação mútua. Dessa forma, precisam ser tratadas como uma unidada, a tecnociência!
A evolução social, científica e tecnológica trata das questões envolvendo estes termos e, princi-
palmente, da relação deles com o impacto da C&T na sociedade. É interessante abordar estas
questões envolvendo também valores éticos, estéticos e culturais existentes na tecnologia.
1.4 Neutralidade
16 • capítulo 1
O Iluminismo foi um dos primeiros movimentos que questionaram o pen-
samento religioso e abordaram o assunto neutralidade. O positivismo, movi-
mento que já foi citado anteriormente, contribuiu para reforçar a neutralidade.
O positivismo aceita que a subjetividade deve estar dentro dos limites da obje-
tividade e, da forma como prega, aceita a realidade do jeito que ela é e assim
reforça que a ciência é uma expressão de uma verdade absoluta.
A ideia da neutralidade aceita que a C&T não se relaciona com o contexto no
qual ela é gerada. Além disso, ficar longe deste contexto é um objetivo e uma
forma de se fazer ciência corretamente. Outra coisa é realmente isolar a C&T da
sociedade. Dessa forma, existe uma impossibilidade da percepção dos interes-
ses da sociedade e seu envolvimento com o desenvolvimento da C&T, indeter-
minando assim a sua trajetória.
Portanto, essa ideia leva a um contexto em que não é possível o desenvolvi-
mento alternativo de uma C&T que esteja num mesmo ambiente. Quer dizer,
a C&T é única. Qualquer diferença: geográfica, cultural, ética e outras fica em
segundo plano e deveria ser adaptável à C&T. Sendo assim, as contradições se-
riam resolvidas de uma maneira natural por meio de caminhos apontados pela
própria ciência e através de conhecimentos e técnicas que se acumulariam com
o passar do tempo e que acabariam por superar os antigos sem que fossem co-
locados em questão a ação e os interesses da sociedade no processo inovador.
CONEXÃO
Abaixo apresentamos alguns links interessantes para você entender um pouco mais sobre a
neutralidade da ciência:
<http://www.mindmeister.com/pt/248053930/neutralidade-cientfica>. Esse link mostra
um mapa mental a respeito da neutralidade. É muito interessante!
<https://www.youtube.com/watch?v=WMhyK4t473U>. Esse vídeo mostra quanto a ciên-
cia pode ser usada para o bem ou para o mal.
Portanto, por meio desse ponto de vista, a ciência e a tecnologia não são
nem boas nem más, são neutras. A sua evolução seria o resultado de um desni-
velamento que aumentaria com o passar do tempo, numa progressão, e numa
descoberta contínua e frequente da verdade e desta forma única, universal, e
que fosse compatível com o progresso.
capítulo 1 • 17
Logo, a neutralidade é uma teoria na qual a ciência é imparcial, estabelecida
e feita por observações simples, por fatos e experimentações a fim de se obte-
rem conclusões científicas.
Porém, como já abordamos brevemente, o cientista está sujeito a um contexto
no qual são inseridas as suas concepções políticas, religiosas e filosóficas, cons-
ciente ou não, para poder gerar a ciência, e não somente por meio de observações.
18 • capítulo 1
Figura 2 – A junção entre a tecnologia e a participação humana.
capítulo 1 • 19
idioma. Para os não deterministas, a linguagem dos comunicadores só estaria
envolvida neste ambiente, uma vez que na vida real não afetaria o idioma atual.
Porém, nesse caso, existem outros problemas para serem acrescentados na
situação: existem problemas na educação e problemas sociais que, somados à
extrema liberdade desses comunicadores e forma de escrita, acabam por en-
dossar a deturpação do idioma.
De maneira geral, cada tecnologia possui sua linguagem, sua proposta e seu
objetivo. Para finalizar este exemplo, não podemos negar que os meios de co-
municação têm influência na forma e no conteúdo nas mensagens e, não consi-
derar isso, é ignorar um processo de modernização existente. Porém, também
não é possível “culpar” a tecnologia como a única responsável pelas mudanças
que há no mundo.
A visão que tem ganhado destaque nos estudos sobre ciência, tecnologia e so-
ciedade é a chamada associação em rede.
A sociedade atual tem experimentado o intenso uso das redes de relacio-
namentos. E isto não vem apenas da internet, aparece em vários aspectos da
sociedade moderna. É claro que as redes sociais digitais corroboram para esta
afirmativa, mas, como citado, é possível ver o aumento das relações inter-pes-
soais em vários âmbitos da sociedade.
A associação em rede, por sua vez, prega que a tecnologia está inserida e as-
sociada a esta rede de relacionamentos. Nesse caso, não apenas as pessoas estão
envolvidas, mas atores não humanos também. Portanto, ampliam-se a atuação da
tecnologia e suas mudanças. Vários elementos da sociedade passam a ser envol-
vidos, como, por exemplo, o campo técnico, o científico, o econômico, o político,
militar e o organizacional. Esses elementos, então, se associam em redes para a
construção de elementos tecnológicos.
É evidente que as novas tecnologias fizeram surgir muitas possibilidades
para a análise de redes sociais e, consequentemente, redes de colaboração. O
advento da Internet é de fato o elemento mais significativo. As comunidades
virtuais que são formadas são promovidas com suporte tecnológico valendo-se
de elementos técnicos.
Segundo REIS (2008), a associação em rede é uma visão pela qual a tecnolo-
gia é vista inserida numa rede de relações, na qual concorrem os diferentes as-
20 • capítulo 1
pectos da vida em sociedade, tendo como protagonistas diferentes atores, que
se movimentam em redes, movidos por interesses específicos.
Atualmente, temos percebido a proliferação das redes sociais. No trabalho
dos autores da figura 4, as redes sociais são analisadas como forma de cola-
boração científica. Uma rede social atualmente pode ser definida como uma
estrutura social constituída de pessoas ou mesmo organizações ligadas por um
ou vários tipos de conexões que compartilham objetivos comuns.
capítulo 1 • 21
BALANCIERI, BOVO, et al. (2005) contribuíram com um trabalho que re-
sultou na figura 4. Essa figura mostra um quadro com as perguntas feitas pelo
estudo e autores que possuem pesquisas para respondê-las. Estas perguntas,
como podemos perceber, estão relacionadas com a tríade ciência, tecnologia
e sociedade, de que estamos tratando neste capítulo aliada com a questão das
redes sociais e colaborativas.
Desse modo, percebe-se que as TICs podem vir a ser uma base para o desen-
volvimento de sistemas em várias áreas de interesse para as redes sociais.
Figura 4 – Principais conclusões sobre os estudos de redes sociais, sob a ótica das possibi-
lidades das TICs (BALANCIERI, BOVO, et al., 2005).
22 • capítulo 1
Uma vez que obtemos os conceitos e relacionamentos entre ciência, tecnolo-
gia e sociedade e alguns dos muitos elementos que são usados para estudá-las,
vamos desenvolver algumas atividades.
ATIVIDADE
1. Faça uma breve pesquisa sobre a formação da ciência moderna. Você vai encontrar refe-
rências que mostram que apareceram formas de conhecimento que se diferenciavam do
conhecimento tradicional da Idade Média. Tente escrever quais características da ciência
moderna permanecem até nossa época.
2. Pesquise a neutralidade da ciência, assunto que vimos neste capítulo. Escreva um texto
argumentando contra ou a favor da neutralidade da ciência, respondendo à seguinte per-
gunta: a busca do conhecimento é independente de interesses pessoais, econômicos e
políticos ou procura atender a objetivos específicos? O que você acha disso?
4. Procure na Internet a palavra “tecnologia”. O que você encontrou? Liste os três primeiros
links e faça um resumo do que eles contêm sobre tecnologia. Eles possuem alguma rela-
ção entre si?
5. Vamos fazer uma experiência. Pense em um período do seu dia (manhã, tarde ou noite) e
com quais tecnologias você interage. Depois, imagine esse mesmo período sem as tecno-
logias às quais você está habituado a usar e escreva um texto explicando.
6. Escreva um breve texto que responda à seguinte questão: quais são as relações entre a
ciência, a tecnologia e a sociedade?
REFLEXÃO
Vimos que a ideia de neutralidade da ciência tem sua origem no modo de produzir conheci-
mento científico, que procurava identificar as leis que determinam o mundo, o que permitia
que a sociedade pudesse controlar e transformar a natureza. De acordo com esse objetivo
da ciência, de conhecer as leis de funcionamento da natureza para poder dominar os fe-
capítulo 1 • 23
nômenos naturais, as ciências naturais foram úteis para o desenvolvimento da sociedade
industrial. Exemplificamos como os estudos da mecânica foram importantes para o desen-
volvimento da navegação e da indústria do sistema capitalista. Entretanto, a ciência moderna
deixou como herança uma forma de conceber o mundo na qual a sociedade se vê separada
da natureza e o progresso significa controlar e transformar a natureza. Também foi passada
uma visão determinista, na qual a evolução social e econômica da sociedade é resultado do
desenvolvimento científico e tecnológico. Mostramos que a ciência não é neutra, isto é, ela
é influenciada pelos interesses econômicos, políticos e valores de um determinado período.
LEITURA
A ilha. Direção de Michael Bay. EUA: Dreamworks Distribution LLC, 2005. Na verdade, não é
uma leitura, e sim um filme. Nele é mostrada uma situação na qual cientistas e empresários
criam clones humanos. O filme pode ser uma boa sugestão para se pensar a respeito dos
limites da ciência e os impactos na sociedade.
PINHEIRO, N. A. M.; SILVEIRA, R. M. C. F.; BAZZO, W. A. O contexto científico-tecnológico
e social acerca de uma abordagem crítico-reflexiva. Disponível em: <http://www.rieoei.org/
deloslectores/2846Maciel.pdf>. Acesso em: 17 maio 2014. Este artigo faz uma reflexão
muito interessante a respeito de tecnociência.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BALANCIERI, et al. A análise de redes de colaboração científica sob as novas tecnologias
de informação e comunicação: um estudo na Plataforma Lattes. Ciência da Informação, v.
34, n. 1, out. 2005. ISSN 1518-8353.
24 • capítulo 1
EDITORA MELHORAMENTOS. Dicionário Online Michaelis. Dicionário Online Michaelis,
2009. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br/>. Acesso em: 18 maio 2014.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, iremos discutir e conhecer temas bastante importantes para a nossa
formação profissional. Trata-se do estudo da sociedade da informação e do conhecimento e
seus impactos de maneira geral. Até lá!
capítulo 1 • 25
2
Sociedade da
informação e sociedade
do conhecimento
2 Sociedade da informação e sociedade do
conhecimento
OBJETIVOS
• Definição de sociedade da informação e sociedade do conhecimento;
• Sociedade em rede;
• Modelos de sociedade da informação;
• Reestruturação produtiva e sociedade;
• Cadeias de negócio;
• OCDE;
• O livro verde.
REFLEXÃO
Você já ouviu falar do Mosaic? Netscape? Já ouviu falar do Archie? Webcrawler? Estes foram
os primeiros grandes produtos que os usuários utilizavam para acessar à Internet e, certa-
mente, foram os softwares que deram um grande impulso para a sociedade da informação
da forma que conhecemos hoje.
28 • capítulo 2
2.1 Definição de sociedade da informação e sociedade do
conhecimento
capítulo 2 • 29
[...] uma abstração informal (isto é, não pode ser formalizada através de uma teoria lógi-
ca ou matemática), que está na mente de alguém, representando algo significativo para
essa pessoa. Note-se que isto não é uma definição, é uma caracterização, porque “algo”,
“significativo” e “alguém” não estão bem definidos; assumo aqui um entendimento in-
tuitivo (ingênuo) desses termos. Por exemplo, a frase “Paris é uma cidade fascinante”
é um exemplo de informação – desde que seja lida ou ouvida por alguém, desde que
“Paris” signifique para essa pessoa a capital da França (supondo-se que o autor da
frase queria referir-se a essa cidade) e “fascinante” tenha a qualidade usual e intuitiva
associada com essa palavra.
[...] Se a representação da informação for feita por meio de dados, como na frase sobre
Paris, pode ser armazenada em um computador. Mas, atenção, o que é armazenado
na máquina não é a informação, mas a sua representação em forma de dados. Essa
representação pode ser transformada pela máquina, como na formatação de um texto,
o que seria uma transformação sintática. A máquina não pode mudar o significado a
partir deste, já que ele depende de uma pessoa que possui a informação. Obviamente,
a máquina pode embaralhar os dados de modo que eles passem a ser ininteligíveis pela
pessoa que os recebe, deixando de ser informação para essa pessoa. Além disso, é pos-
sível transformar a representação de uma informação de modo que mude de informação
para quem a recebe (por exemplo, o computador pode mudar o nome da cidade de Paris
para Londres). Houve mudança no significado para o receptor, mas no computador a
alteração foi puramente sintática, uma manipulação matemática de dados. Assim, não é
possível processar informação diretamente em um computador. Para isso é necessário
reduzi-la a dados. No exemplo, “fascinante” teria que ser quantificado, usando-se por
exemplo uma escala de zero a quatro. Mas então isso não seria mais informação [...].
30 • capítulo 2
15h10 Em Ribeirão Preto, SP,
no dia 3 de fevereiro,
às 15h10 estava uma
3 de fevereiro
temperatura de 24o.
Processamento
Entrada Classificar Saída
(dados) Filtrar (informações)
Organizar
Ribeirão
24o Preto/SP
Assim, o conjunto de dados inicial foi organizado de maneira que “faça sen-
tido” àqueles que o estiverem lendo. Isso os torna informação.
No entanto, a representação no computador é feita baseada nos dados. E
como fica o conhecimento?
Caracterizo conhecimento como uma abstração interior, pessoal, de algo que foi expe-
rimentado, vivenciado, por alguém. Continuando o exemplo, alguém tem algum conhe-
cimento de São Paulo somente se já visitou.
[...] A informação pode ser inserida em um computador por meio de uma representação
em forma de dados (se bem que, estando na máquina, deixa de ser informação). Como o
conhecimento não é sujeito a representações, não pode ser inserido em um computador.
Assim, neste sentido, é absolutamente equivocado falar-se de uma “base de conheci-
mento” em um computador. O que se tem é, de fato, é uma tradicional base (ou banco)
de dados”. Um nenê de alguns meses tem muito conhecimento (por exemplo,reconhece
a mãe, sabe que chorando ganha comida, etc.). Mas não se pode dizer que ele tem
informações, pois não associa conceitos. Do mesmo modo, nesta conceituação não se
pode dizer que um animal tem informação, mas certamente tem muito conhecimento. [...]
capítulo 2 • 31
A informação, segundo o autor, associa-se à semântica, enquanto o conhe-
cimento está associado à pragmática, ou seja, algo existente no mundo real.
Então, será que é impossível aos computadores manipularem conhecimento?
Será que não há computadores capazes de armazenar tais conhecimentos?
O termo “sociedade da informação” surgiu na década de 1970, nos EUA e
Japão, a respeito do que seria a “sociedade pós-industrial” e quais seriam suas
características principais.
O conceito da sociedade da informação e do conhecimento também apare-
ce com os evidentes avanços das tecnologias de informação e da comunicação.
Uma das características mais marcantes desse conceito é a participação dos
indivíduos e sua integração e adaptação às novas tecnologias. Portanto, como
consequência, surge desse tipo de ambiente uma necessidade muito grande de
desenvolver habilidades para controlar e armazenar dados, e a capacidade de
criar combinações e aplicações da informação.
A sociedade da informação e do conhecimento está baseada em uma rede
dinâmica de relacionamentos na qual a compreensão e a intervenção humanas
extrapolam o ambiente natural e cultural e entram no ambiente do ciberespaço.
No ciberespaço, os relacionamentos sociais são ampliados e realizados por
meio de vários recursos de tecnologia: imagem, som, vídeo etc. Mesmo distan-
tes, os indivíduos são compensados com a rapidez da interação e da informa-
ção em máquinas cada vez mais modernas e cheias de recursos. Atualmente, os
smartphones e tablets têm ampliado ainda mais o alcance da rede. Com esses
equipamentos móveis e a facilidade de acesso à Internet, os limites territoriais
passam a não existir. Porém, o acesso às informações e a produção de conheci-
mentos delimitam outro tipo de fronteira: a digital.
As novas tecnologias fazem parte da nossa vida de uma maneira muito pre-
sente tanto no campo individual quanto no campo da estrutura econômica e
social. Como exemplo, o conhecimento é um fator de produção. Isso ocorre
porque a automação fez com que a informação tenha sido transformada em
matéria-prima no processo de produção e manufatura de bens e serviços. Nesse
processo, a manipulação da informação ocorre por meio da inserção, remoção
e atualização dos conteúdos para buscar resultados eficientes desse modo.
Portanto, observa-se que a qualificação não está mais limitada à execução
de tarefas, pois isto foi automatizado, então novas capacidades e qualificações
são exigidas da sociedade para a inserção de profissionais neste novo ambiente
de produção. Neste novo ambiente, foram atribuídos outros valores às ideias e
32 • capítulo 2
sua concretização. O conceito de capital intelectual, da década de 1980, aparece
como uma forma de mostrar e reforçar estes recursos intangíveis.
O capital intelectual pode ser quantificado e qualificado por meio do capital
humano, o qual é medido por meio do nível de qualificação, de habilidades e
conhecimentos e capacidade de geração de ideias de cada indivíduo.
Assim, como consequência desse novo ambiente, as empresas perceberam
a necessidade de valorização do capital humano porque as inovações não eram
mais conseguidas por meio de equipamentos e de tecnologia, e sim por meio da
capacidade e habilidade humanas de estruturar ideias e fabricar conhecimento.
Portanto, somente a tecnologia não garante a produção de informações e
conhecimentos. Nesse novo contexto, existem múltiplas informações acessí-
veis em um curto período de tempo que, ao serem manipuladas e interpreta-
das, tendem a gerar conhecimentos.
Essa interpretação identifica as inter-relações do significado existente em
cada informação e quais os impactos ao ambiente ela pode causar. As caracte-
rísticas e necessidades da sociedade da informação mostram que na sua estru-
tura existe além, do consumo de tecnologia, o acesso às novas formas de rela-
cionamentos sociais e aos novos meios de produção.
capítulo 2 • 33
Segundo Castells,
[...]a sociedade em rede está baseada em uma sociedade em que as estruturas so-
ciais e as atividades principais estão organizadas em torno das redes de informação
eletronicamente processadas. A sociedade em rede se caracteriza pela globalização
das atividades econômicas decisivas e sua organização em redes; pela flexibilidade e
instabilidade do trabalho, bem como por sua individualização; pela chamada cultura da
“virtualidade real e pela transformação das bases materiais da vida: o espaço e o tempo
mediante a constituição de um espaço de fluxos e de um tempo atemporal
CONEXÃO
<https://www.youtube.com/watch?v=kXyGmZablp0>. Esse vídeo trata da revolução da tecnologia da
informação e baseia-se no livro de Manuel Castells.
<https://www.youtube.com/watch?v=6GBEF1aizwo>. Nesse vídeo, o doutor em sociologia Marcos
Troyjo fala sobre a integração do homem à era digital.
<https://www.youtube.com/watch?v=WuHQjrPnRtA>. Nesse vídeo, podemos ouvir o próprio Manuel Cas-
tells falar sobre a colaboração pela Internet. Encontra-se em espanhol porém de fácil compreensão.
Segundo CASTELLS (1999), o uso dessas tecnologias passou por três fases: a
automação de tarefas, a experiência e a reconfiguração de aplicações.
A primeira e a segunda fases (automação de tarefas e experiência) se basea-
vam no aprendizado pelo uso, isto é, o conhecimento era adquirido pelo tempo
de trabalho em determinado produto.
34 • capítulo 2
Para a terceira fase (reconfiguração de aplicações), o aprendizado é geren-
ciado pela elaboração, na concepção do conhecimento interagindo com o pró-
prio conhecimento. A terceira fase permitiu o desenvolvimento de novas apli-
cações, que podiam ser implementadas com maior rapidez, isso fez com que os
usuários se apropriassem da tecnologia, compreendendo melhor seus funda-
mentos e a capacidade de traduzi-las para seu cotidiano.
A sociedade em rede também permitiu a constituição de novas formas de
comunicação à medida que as possibilidades de novos conhecimentos e apli-
cações evoluíam abrindo novos horizontes profissionais.
Como exemplo, temos a combinação das redes sociais e de seus meios de
comunicação que estão moldando as organizações e as estruturas importantes
em todos os seus níveis: individual, organizacional e social.
Temos também uma lógica própria desse trabalho em rede, em que alte-
ramos bastante os conceitos das operações e dos resultados nos processos de
produção. Pode-se afirmar que as redes transformaram-se em um modelo de
comunidade na sociedade atual.
Segundo CASTELLS (1999):
O tema das comunidades é ventilado, mas também delicado e levanta todo tipo de
suspeitas, ironias e perigos. A verdade é que a Internet é apenas um instrumento que
estimula, e não muda, certos comportamentos; ao contrário, é o comportamento que
muda a Internet.[...]
E ainda acrescenta:
capítulo 2 • 35
Numa rede social, observamos as diversas possibilidades que podem ser
compartilhadas, como:
• Informações e conhecimento;
• Interesses;
• Ações para alcançar objetivos comuns etc.
Desvantagens:
• Gerar uma exposição exagerada ou negativa;
• Facilitar crimes como pedofilia ou estelionato;
• Compulsão;
• Redução na produtividade durante o trabalho;
• Ser levado a cometer atos insanos como por exemplo agendar ma-
nifestações violentas;
• Trocar informações relacionadas com crime digital;
36 • capítulo 2
2.3 Modelos de sociedade da informação
capítulo 2 • 37
grande loja de departamentos e, desde aquela época, desenvolveu uma grande
rede de comunicação, informação e logística.
De 1850 a 1870, ocorre a Segunda Revolução Industrial no país, alavancando
assim um grande crescimento econômico relacionado principalmente com o
desenvolvimento da indústria bélica, da indústria editorial e da mecânica.
Durante as guerras, foi desenvolvida uma rede de coleta de informações
que contribuiu para a cultura de valorizações dos registros, contribuindo para
a expansão das empresas, gerando a criação de monitoramento do sistema de
inovações.
Alguns dos inventos mais importantes do século XIX apareceram nos EUA
por meio dessa infraestrutura que foi criada ao longo do tempo. Os inventos
eram protegidos por patentes e estão exemplificados nas figuras a seguir.
38 • capítulo 2
Figura 3 – Fotograma e cinema
capítulo 2 • 39
telefone, computador, a luz elétrica residencial, o rádio e a televisão aceleravam
cada vez mais o acesso à informação.
As invenções ampliaram muito a velocidade das comunicações dos negó-
cios e começavam a dar uma face mais próxima a que conhecemos por escritó-
rios e empresas.
O desenvolvimento do computador nos Estados Unidos abre uma nova
abordagem estratégica de implantações de tecnologias inéditas com início nos
anos 1920.
Sendo assim, uma nova era passa a ser concebida: a do computador.
Os projetos militares foram os maiores patrocinadores da indústria da com-
putação e os pioneiros no que é chamado de “modelo de gestão de TI com base
em encomendas”.
Em 1950, o modelo de negócios com base no mercado foi adotado por essa
indústria, em particular nos escritórios para a parte de produção, contabilida-
de e finanças.
Em 1952, a GM instalou o primeiro computador para o controle de opera-
ções comerciais.
Nos anos 50 e 60, as aplicações para computador de grande porte, os
mainframes, sustentam o seguimento de software e assim um novo tipo de ne-
gócio é gerado, o de comercialização de tecnologias.
A constatação de que essa cadeia de negócios seria irreversível levou as em-
presas e universidades, com o apoio do governo, a organizar a ARPANET, que
foi a precursora da Internet como conhecemos hoje.
Os resultados desse novo tipo de negócio começam a aparecer em várias
inovações: o ATM (Auto Teller Machine – caixa eletrônico) na área bancária, o
POS (Point Of Sale – ponto de venda) e a automação.
Em 1971, quatro supercomputadores localizados em universidades ameri-
canas permitiram a troca de informações entre os cientistas.
Em 1987, o NSF (National Science Foundation) assume a responsabilidade
de manter o backbone dessa rede.
Foi o pontapé incial da World Wide Web, ampliando toda essa rede com a
escala global.
Em 1993, é criado o navegador Mosaic, pela Universidade de Illinois, tor-
nando possível o acesso à Internet, levando a um crescimento exponencial do
número de computadores conectados à rede.
40 • capítulo 2
Outra inovação, decorrente da Internet, é o e-Governmebt (governo eletrô-
nico), o qual disponibiliza informações para os cidadãos, de documentos, esta-
tísticas e serviços em geral.
Os grandes laboratórios passam a contar com um ambiente de intercâm-
bio digital.
E com a consolidação da indústria de TI no mundo, as pesquisas se orienta-
ram para produtos e soluções específicas, ampliando os estudos voltados para
as tecnologias básicas e os fundamentos de negócios.
Entre os modelos de sociedade da informação, o americano é o que mais se
destaca. Sendo assim não iremos nos aprofundar nos modelos asiático e europeu.
A era do computador, apesar de ter sido uma época produtiva e positiva, teve
seus impactos críticos nos anos 1980 e 90, principalmente na economia, no
emprego e nos processos trabalhistas. Isso ocorreu porque o uso da tecnologia
da informação atuou diretamente em alguns processos como o redesenho da
produção em massa e introduziu novas formas de organização da produção e
dos mercados de trabalho devido à globalização.
Alguns autores chamam esse paradoxo de “Reestruturação produtiva”. Esse
conceito tem relação com as novas formas de organização da produção possi-
bilitada pelas TICs.
Alguns autores mostram que as organizações perceberam duas estratégias
para o uso das novas tecnologias a fim de reestruturar a produção:
• A primeira estratégia privilegiou o emprego da tecnologia sobre as rela-
ções de trabalho;
• A segunda estratégia foi marcada por uma abordagem de redução dos
riscos, em que a ideia seria o de combinar o uso dos equipamentos com
novas relações de trabalho mais horizontais, voltadas para a troca de in-
formações entre departamentos.
capítulo 2 • 41
2.5 Cadeias de negócio
42 • capítulo 2
(mercadoria), mesmo que essa solução introduza inovações tecnológicas (novas
formas de tecnologia).
Devido ao sucesso do modelo de capitalismo americano, muitas sociedades
vêm adotando esse padrão, do qual o Brasil faz parte.
No geral, baseia-se em redes de negócios de grandes empresas líderes em
parceria com universidades para desenvolvimento de projetos.
Seu foco passa a ser no cliente e os produtos e serviços, a serem adequados
a esse cliente e aos seus desejos.
Também temos a inovação como a mola-mestre nesse modelo, em que for-
necedores e empresas líderes se aliam em cadeias de negócios para consolidar
posição no mercado.
2.6 OCDE
CONCEITO
Democracia representativa é a forma de exercer o poder político por meio de representantes
eleitos pela população.
Economia de livre mercado é uma forma de prática da economia quando existe pouca ou
nenhuma intervenção dos governos. Neste caso, todas as ações econômicas e individuais
respeitam a transferência de dinheiro, bens e serviços voluntariamente. Porém, quando há
contratos voluntários, o cumprimento é obrigatório. A propriedade privada é protegida pela lei
e ninguém pode ser forçado a trabalhar para terceiros.
capítulo 2 • 43
A organização possui um conselho formado por um representante de cada
país, além de um representante da Comissão Europeia. A organização não trata
somente dos aspectos econômicos, mas também promove projetos nas áreas
social, ambiental, de educação e geração de emprego. Entre os principais ob-
jetivos, estão:
• Promover o desenvolvimento econômico;
• Proporcionar novos postos de emprego;
• Melhorar a qualidade de vida;
• Contribuir para o crescimento do comércio mundial;
• Proporcionar acesso à educação para todos;
• Reduzir a desigualdade social;
• Disponibilizar sistemas de saúde eficazes.
44 • capítulo 2
Europa
· Liderança institucional
· Rede de inovação
capítulo 2 • 45
O Livro Verde, em relação ao setor privado, assumia a nova economia com
base na economia de mercado, na globalização e no comércio internacional.
A elaboração do Livro Verde estimulou alguns avanços, em particular nas
ações do governo eletrônico, Internet para pesquisadores e aumento da popu-
lação com acesso à rede.
CONCEITO
Governo eletrônico, ou e-gov, consiste nas ações das TIC aliada ao conhecimento nos pro-
cessos internos de governo e que são relacionadas com a entrega dos produtos e serviços
do governo para os cidadãos, indústria e demais componentes da sociedade.
ATIVIDADE
1. O que são sociedade da informação e sociedade do conhecimento?
2. Qual foi a contribuição de Castells e como ele a entende?
3. Quais foram os três modos de desenvolvimento propostos por Castells? Escolha um
desses modos e explique-o?
4. Onde se originou a base da crise, segundo Castells?
5. O que você entende por “O modelo americano de sociedade da informação”?
6. Leia “A era do papel” e elabore uma conclusão sobre o assunto?
REFLEXÃO
Vimos que, no modelo americano da sociedade da informação, do qual sofremos grande
influência, existiram algumas eras: era do papel, era da informação etc. Com base nisso e
verificando que a tecnologia se desenvolve muito rápido, assim como a ciência, na sociedade,
será que no futuro teremos alguma outra grande mudança a tal ponto de caracterizar outra
era? Qual seria esta “nova era”? E não estamos nos referindo à “nova era” (new age)! Fica a
dica para esta reflexão.
46 • capítulo 2
LEITURA
Os seguintes livros são bem interessantes e complementam os assuntos que abordamos
neste capítulo.
LÉVY, P. A inteligência coletiva. São Paulo: Loyola, 1998.
LÉVY, P. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASTELLS, M. A sociedade em rede – a era da informação. 10. ed. edição. Ed. Paz e Terra,
1999.
STAREC, C.; GOMES, E.; BEZERRA, J. Gestão estratégica da informação e inteligência com-
petitiva. São Paulo: Saraiva, 2006.
SETZER, V.W. Os meios eletrônicos e a educação: uma visão alternativa. São Paulo: Editora
Escrituras, Coleção Ensaios Transversais. V. 10, 2001.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
Estudaremos, no próximo capítulo, sobre a revolução digital e exploraremos um pouco a In-
ternet, negócios eletrônicos e outros assuntos relacionados. Observaremos que esses temas
estão totalmente relacionados ao que abordamos anteriormente: a sociedade da informação.
capítulo 2 • 47
3
A revolução digital
3 A revolução digital
A Internet foi criada no final da década de 1960. Na verdade, podemos dizer que foi
a primeira versão da Internet, chamada de Arpanet, usada pelos militares. O que
nós conhecemos por Internet ganhou proporções maiores a partir da década de 90,
com o advento da World Wide Web (www). Desde então, nossas vidas mudaram.
A Internet passou a ser usada como vitrine e lojas pelas empresas; passou
a publicar imagens, vídeos, áudios de uma maneira muito acessível, de modo
que ganhou a população mundial. Até mesmo pessoas comuns poderiam ter
seu próprio site e publicar suas opiniões, fotos e demais elementos pessoais de
uma maneira muito rápida e prática.
As comunicações ganharam outra proporção, apareceram os programas de
bate-papo. Esses programas demandaram novos recursos e hoje é possível ter
voz, áudio e vídeo pelo telefone, assim como tinha Dick Tracy nos quadrinhos
a partir da década de 30 ou a tripulação da Star Trek, em Jornada nas Estrelas.
É ou não é uma revolução digital? Vamos estudar um pouco sobre isso nes-
te capítulo.
OBJETIVOS
• A Internet;
• Negócios digitais;
• O conhecimento digitalizado;
• Tecnologia onipresente.
REFLEXÃO
Você sabe o que é um protocolo? Como a Internet funciona? Quando foi a primeira vez que
você usou a Internet e para qual fim? Hoje você a usa para quê? Pense nestas perguntas.
50 • capítulo 3
3.1 A internet
capítulo 3 • 51
As pessoas se conectam à Internet de duas maneiras:
• ISP (Internet Service Provider – Provedor de serviços de Internet): é uma
organização comercial com conexões permanentes com a Internet e que
vende conexões a assinantes.
• Por meio de suas empresas, universidades ou centros de pesquisa que
tenham domínios próprios.
Backbone
Linha
telefônica
comum
Rede do campus
POP3 SMTP Residência
Mail Mail
52 • capítulo 3
Como vai você? Servidores Como vai você?
A B C Z A B C
A B
A B C A B C
A B C Y A B C
X
C
Gateway Gateway
Bem, obrigado! Bem, obrigado!
X Y Z X Y Z
Domínio-raiz
Domínios de
edu com gov org net primeiro nível
Domínios de
expedia google congress segundo nível
computer1.sales.google.com Computer 1
54 • capítulo 3
Servidor
Servidor de banco Sistemas
Cliente Internet Servidor de aplicativo de dados back-end
PDA · Servidor
· Navegador Web Web (HTTP)
· Outro software · Simple Mail
cliente Transfer Vendas
Páginas Produção
Protocol (SMTP) Web
· Domain Name Contabilidade
Serving (DNS) RH
· File Transfer
Protocol (FTP)
· Network News Arquivos
Transfer Protocol de
(NNTP) correio
A intranet de uma empresa é uma rede privada que utiliza a mesma tecnologia da
Internet (ou tecnologia semelhante) para conectar computadores, recursos e apli-
cações de uma rede, tornando-os disponíveis somente ao seu público interno.
Uma intranet deve ser protegida por medidas de segurança como firewalls, me-
canismos para autenticação e controle de acesso, permitindo apenas que usuários
autorizados possam fazer uso dos recursos disponíveis.
As principais diferenças entre a Internet e a intranet são relacionadas ao
conteúdo (que é restrito na intranet e liberado na Internet).
As empresas podem usar intranets para diversos fins, como:
• Ensino eletrônico;
• Repositório de dados;
• TV corporativa;
• Comunicação instantânea (por texto ou voz);
• Divulgação de notícias;
• Gerenciamento de projetos;
• Conectar aplicativos; etc.
capítulo 3 • 55
Já a extranet pode ser considerada como um ponto de conexão externo a
uma intranet, ou seja, um ponto onde a intranet fica passível de acesso ao pú-
blico externo (como clientes, fornecedores, parceiros comerciais etc.). O acesso
da extranet também deve ser controlado. Afinal, se não fosse assim e o acesso
fosse público, estaríamos falando da Internet!
As extranets fornecem recursos até parecidos com os das intranets, como
troca de informações, ensino eletrônico, transmissão de dados, comunicação
instantânea, dentre outros.
Quando uma empresa conecta sua intranet à intranet de outra empresa, po-
demos dizer que há a formação de uma extranet (claro, se a conexão for com o
fim de prover os recursos citados e, ainda, com a devida proteção – se for públi-
ca, não faz sentido chamá-la de extranet).
Intranet da Matriz
Extranet
Em geral, a conexão para uma extranet exige a chamada rede privada virtual
(VPN: Virtual Private Network).
Em uma VPN, a conexão entre os elementos computacionais é protegida.
Assim, você pode trafegar dados sobre a infraestrutura pública da Internet pro-
tegendo-os com mecanismos de criptografia. Mesmo que algum “intruso” ten-
te observar os dados, estes estarão “embaralhados” de maneira que não farão
nenhum sentido.
56 • capítulo 3
A C
Internet
Dados
Dados
B D
capítulo 3 • 57
A figura 7 mostra a tela do Internet Explorer, o navegador web que vem junto
com o Windows. O Internet Explorer é o navegador mais usado no mundo.
Ao digitarmos um endereço no navegador, o que acontece é o seguinte:
• O endereço é o URL de um objeto: http://www.estudeadistancia.com;
• Esta URL define um endereço único de um site ou arquivo na Internet;
• O servidor usa o DNS para traduzir o endereço do computador host na
Internet;
• Feito isso, ele usa o protocolo apropriado para solicitar ao servidor o ob-
jeto desejado pelo usuário.
58 • capítulo 3
com o outro. Porém, é natural que os termos se confundam, pois a infraestrutu-
ra usada para ambos é praticamente a mesma.
Segundo os autores (LAUDON e LAUDON, 2007), e-business refere-se ao uso
de tecnologia digital e de Internet para executar os principais processos de ne-
gócios de uma empresa. Neste contexto, todas as atividades relacionadas com
a gestão interna da empresa e até mesmo com os fornecedores fazem parte do
e-business incluindo o e-commerce que, segundo os autores, lida com a compra
e a venda de mercadorias e serviços pela Internet.
A figura 8 tenta estabelecer o relacionamento entre e-business e e-
commerce e seu relacionamento com o mundo exterior, que são os
clientes e usuários da empresa a qual possui processos baseados em
e-business. Como podemos ver, o e-business engloba outros conceitos já vistos
anteriormente em outras disciplinas como ERP, SCM, CRM e BI. A integração
desses sistemas com os processos de negócio e aliados à estratégia corporativa,
além de outros fatores que veremos no capítulo, são fatores críticos de sucesso
para o bom relacionamento.
E-Business
E-Commerce
Processos de negócio,
estratégias integradas, Trocas eletrônicas, Mundo
comércio eletrônico,
tecnologias atuais, loja virtual, interface externo
Sistemas ERP, CRM, com o mundo
SCM externo
capítulo 3 • 59
Para ajudar nesta análise, gostaria de apresentar alguns dados estatísticos
sobre as redes sociais atualmente.
Segundo o site Socialnomics (BBC BRASIL, 2012), o Facebook ultrapassou
o número de 1 bilhão de usuários (número muito maior que a população de
vários países juntos, incluindo o Brasil) e, dentro desse número, em média uma
pessoa gasta cerca de 6 horas por mês “dentro” do Facebook.
As redes sociais são usadas basicamente para entretenimento pessoal, po-
rém é excelente para as empresas divulgarem produtos e serviços. Além disso,
muitas redes sociais possuem APIs, as quais permitem que as empresas desen-
volvam formas de integração com seus sistemas integrados ou de comércio ele-
trônico. Enfim, é uma grande possibilidade de negócio.
CONEXÃO
Conheça um pouco algumas APIs dos principais sites:
Google Maps: <https://developers.google.com/maps/>. É possível encontrar muitas formas
de embutir os mapas do Google em aplicações desenvolvidas pelos programadores.
Facebook: <http://developers.facebook.com/>. Possibilita que os programadores integrem
seus sistemas ao Facebook.
Java API: <http://docs.oracle.com/javase/7/docs/api/index.html. API> da linguagem Java.
Por meio desta API, os programadores podem escrever diversos tipos de aplicações para
diferentes plataformas.
Twitter: <https://dev.twitter.com/>. Com esta API é possível conhecer as formas de integra-
ção do Twitter com outras aplicações.
60 • capítulo 3
Esta mudança de paradigma que deve acontecer nas empresas está relacio-
nada com uma divisão sugerida por KALAKOTA & ROBINSON (2002) em perío-
dos do e-commerce:
• Primeira etapa (1994-1997): o que ocorreu foi uma corrida das empresas
para garantir sua presença na Internet. De uma certa forma, não impor-
tava como seria o relacionamento pós-contato com o cliente ou interes-
sado, o importante era estar presente na Internet!
• Segunda etapa (1997-2000): o foco foi as transações eletrônicas: com-
prar e vender na Internet. Porém, um problema muito sério ocorreu
nesta época e várias empresas “.com” acabaram por desaparecer após
o “boom” inicial da Internet. Como já vimos na disciplina de Sistemas
de Informações, não basta ter um bom sistema de venda sem que exista
uma estrutura de supply chain suficientemente preparada para suprir as
demandas de clientes e usuários.
• Terceira etapa (2000-até hoje): o foco desse período está relacionado com
a lucratividade. Uma vez que as empresas “.com” suportaram as crises
anteriores, a meta agora é saber como a Internet afeta a lucratividade.
Isto afeta não apenas a parte de compra e venda (e-commerce), mas todos
os processos envolvidos nesta tarefa, inclusive os processos de retaguar-
da, também chamados de back office.
Como já foi comentado, as apessoas estão cada vez mais conectadas e é na-
tural que essa vida on-line seja explorada pelas empresas e atividades como o
e-business e e-commerce tomem força e ganhem outras proporções. Por outro
lado, com o avanço da tecnologia, muitos elementos tecnológicos que funda-
mentam as atividades digitais ficam mais baratos e acessíveis para as empresas
que querem entrar nesse ramo ou mesmo expandir o que já existe.
Essa nova economia trouxe novos tipos de negócios e organizações, e con-
sequentemente a forma de lidar com esse novo contexto fez com que apareces-
sem novos modelos de negócio.
Rappa (2010) fez uma taxonomia (classificação) envolvendo os tipos de mo-
delos de negócio desse novo cenário. Porém, temos de tomar cuidado com um
detalhe: esta área é muito volátil. Embora o trabalho de Rappa seja muito in-
teressante e é um dos poucos que faz essa classificação, novos modelos têm
aparecido, os quais não foram contemplados na taxonomia proposta por ele.
capítulo 3 • 61
O quadro 3.1 apresenta a taxonomia proposta por RAPPA (2010) apud
SIQUEIRA e CRISPIM (2012). Observe cada modelo e suas variantes:
VARIANTES DESCRIÇÃO
62 • capítulo 3
Site que reúne diversas lojas virtuais. A receita é obtida
Shopping através de taxa mensal + comissão sobre as vendas
virtual realizadas ou pagamentos por anúncios. [Shopfacil.
com.br, Amazon.com]
capítulo 3 • 63
São grandes portais de conteúdo que oferecem con-
Portais teúdo gratuito ou parcialmente gratuito, além de ser-
genéricos viços como mecanismo de busca [Google.com, Bus-
MODELO cape.com.br] e servidores de e-mail. [Hotmail/Yahoo].
PUBLICIDADE
Oferece produtos e Sites especializados em determinado público ou seg-
serviços, geralmente Portais mento de mercado. Geram menos volume de tráfego
gratuitos. Gera grande especializa- que os genéricos, mas com um perfil de público mais
volume de tráfego e dos concentrado, o que é valorizado pelos anunciantes.
normalmente obtém [maisde50.com.br]
receita através de
anunciantes. Quando Portais afiliados fornecem um link para compras em
não gratuito, a forma de portais comerciantes parceiros – é um modelo de re-
cobrança pode ser por muneração por desempenho, se o afiliado não gerar
assinatura ou Modelos
compras, ele não representa custo para o comerciante
“on-demand”. afiliados
parceiro. Variações incluem programas de intercâmbio,
pay-per-click e partilha de receitas de banner. [Ama-
zon.com]
64 • capítulo 3
3.2 O conhecimento digitalizado
capítulo 3 • 65
3.3 Tecnologia onipresente
CONEXÃO
Saiba mais sobre tecnologia vestível:
<http://www.tecmundo.com.br/acer/40880-acer-pode-revelar-tecnologia-vestivel-no-ini-
cio-de-2014.htm>
<http://www.google.com/glass/start/>: Site do Google Glass
http://blogs.estadao.com.br/link/amazon-inaugura-secao-de-tecnologia-vestivel/
66 • capítulo 3
A interface natural pode ser por meio da fala, dos gestos (veja os novos ví-
deo-games e seus jogos de dança, tiro com arco, e outros) e outros modos e,
dessa forma, o teclado e o mouse não seriam mais necessários.
O outro passo é permitir um tipo de computação que seja sensível ao con-
texto, ou seja, os dispositivos usados seriam dotados de sensores que captam o
ambiente do usuário e respondem a este ambiente. No ambiente, podem estar
pessoas ou objetos e os sensores seriam capazes de captar qualquer movimen-
tação do ambiente e processar as informações. Isso implica rapidez de proces-
samento do computador e dispositivos pequenos e práticos dotados de tecno-
logia sem fio e ligados a computadores de maior processamento.
O reconhecimento de voz e a escrita eram grandes desafios enfrentados
pela ciência e tecnologia porque os erros de voz principalmente com a dicção
do usuário eram difíceis de serem modelados, assim como a escrita. Mas com
o lançamento do Iphone 4S da Apple, parece que algumas barreiras foram su-
peradas. O Siri é um aplicativo embarcado do Iphone, o qual não tem apenas
sistema de reconhecimento de voz, ele é usado como um “assistente inteligen-
te” e executa algumas solicitações do usuário. Por exemplo, algumas perguntas
como “Vai chover hoje?” ou ainda “Preciso levar guarda-chuva hoje?”, nesse
caso o aplicativo irá consultar a previsão do tempo e responder às questões
conforme foi pedido. Ou se for dito “Me acorde às 6 da manhã” ou ainda “Ani-
versário da minha esposa em 20 de dezembro”, nesse caso o aplicativo irá aju-
dar o usuário a não perder o horário nem esquecer o aniversário da esposa.
capítulo 3 • 67
ATIVIDADE
1. O que é comércio eletrônico?
7. Pesquise e responda às questões: o que é http? Por que ele é importante?
10. Compare as respostas das perguntas 9 e 10. www e Internet são sinônimos? Explique.
REFLEXÃO
A revolução digital é sem dúvida muito interessante. Com o advento da Internet e a possi-
bilidade da expansão de oportunidades, negócios e serviços, muitas atividades relacionadas
com a tecnologia apareceram. Realmente é interessante poder conversar com outras pes-
soas do outro lado do mundo em tempo real vendo a imagem delas, como era mostrado nos
seriados e desenhos antigos. Pode parecer muito natural para a Geração Y, Z, mas para quem
conheceu os telefones a disco e sabe da dificuldade que era fazer uma ligação telefônica no
início da década de 80 vai entender. Até os mais novos devem ficar espantados com a tec-
nologia vestível e o seu grande exemplo, o Google Glass. É realmente uma revolução digital!
68 • capítulo 3
LEITURA
O artigo “The computer for the 21st century” de Mark Weiser é onde o termo computação
ubíqua apareceu pela primeira vez. Vale a pena dar uma lida neste excelente artigo. Disponí-
vel em: <http://wiki.daimi.au.dk/pca/_files/weiser-orig.pdf>.
Quer saber sobre uma tecnologia que vai modificar bastante os telefones celulares e
outros dispositivos? Leia o Grafeno nestes dois links: <http://info.abril.com.br/noticias/
ciencia/2013/07/como-o-grafeno-mudara-o-mundo.shtml e http://e-fisica.fc.up.pt/fisica_
na_up/conteudos/grafeno>.
Aprenda um pouco sobre a “Internet das coisas”. É muito interessante: <http://www.ibm.
com/midmarket/br/pt/pm/Internet_coisas.html>
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BBC BRASIL. BBC Click: Facebook está perto de 1 bilhão de usuários. BBC Brasil, 2012.
Disponível em: <http://www.bbc.co.uk/portuguese/videos_e_fotos/2012/04/120426_
videoclickebc.shtml>. Acesso em: 10 Maio 2012.
CAPRON, H. L.; JOHNSON, J. A. Introdução à informática. São Paulo: Prentice Hall, 2004.
RAPPA, M. Business Models on the Web: Managing the digital enterprise, 2010. Disponível
em: <http://digitalenterprise.org/models/models.html>. Acesso em: 12 maio 2014.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, vamos estudar os conceitos de TIC (Tecnologia da informação e co-
municação), e descobrir suas principais áreas de aplicação e analisar os impactos que elas
exercem na sociedade.
capítulo 3 • 69
4
Tecnologias da
informação e
comunicação
4 Tecnologias da informação e comunicação
Neste capítulo, vamos estudar um conceito muito importante e atual conhecido
por TIC – Tecnologias da informação e comunicação. As TICs são empregadas
em vários setores da nossa sociedade, e uma das que tem mais recebido mais
influência é a área de Educação. A Educação a Distância (EAD) tem utilizado
muito os produtos gerados pelas TIC. Quem imaginava, há 10 anos, que poderí-
amos ter salas de aula on-line com a participação de vários alunos e professores
debatendo ao mesmo tempo, e em lugares diferentes?
Refletiremos os conceitos, suas aplicações e impactos na sociedade.
Bons estudos!
OBJETIVOS
• Conceito de TIC;
• Impacto das TICs na sociedade;
• Relação dialética entre a sociedade e as TICs;
• Aplicação das TICs.
REFLEXÃO
Provavelmente você já deve ter pensado em como a tecnologia nos envolve nos dias de hoje.
Em todo lugar que vamos, a trabalho ou a passeio, temos algum tipo de contato com tecno-
logia. Você já tentou imaginar como seria se não tivéssemos tantos aparatos tecnológicos?
Como seria?
72 • capítulo 4
4.1 Conceito de TIC
CONEXÃO
Faça esse teste. Use o seu navegador e pesquise pela palavra “TIC” na Internet. Você obser-
vará que a maioria dos resultados relacionará as TICs com a área educacional.
Use diferentes mecanismos de pesquisa, como o Google, Bing, Yahoo, e compare os resultados.
capítulo 4 • 73
Sem dúvida, as TICs provocaram uma revolução no que se refere ao aces-
so à informação. Diminuíram caminhos que antes eram tortuosos e demora-
vam para serem percorridos. Por exemplo, a Internet permite conectar por voz,
vídeo e som, pessoas separadas fisicamente por milhares de quilômetros em
poucos segundos, o que até pouco tempo atrás era impensável.
E é claro que apresentam impacto na educação. Um professor pode dar sua
aula para vários alunos simultânea e geograficamente dispersos por meio de
um canal eletrônico como a Internet, via satélite e outras formas e interagir
com eles em tempo real.
Da mesma forma, as empresas podem utilizar estes mecanismos como
apoio à divulgação e comercialização de seus produtos e serviços. A tomada de
decisão fica facilitada, pois a informação é mais rápida, mais precisa, mais ágil.
Ainda continuando com a definição de TIC, como já foi citado, trata dos
procedimentos, métodos e equipamentos utilizados para o processamento da
informação e comunicação aos seus interessados.
O uso das TICs e a maneira como as organizações em geral, pessoas e a so-
ciedade como um todo as usaram influenciou profundamente o aparecimento
da chamada “sociedade da informação”.
Temos percebido quanto o ser humano, a informação e o computador estão
conectados. Na verdade, isso é a base da Sociedade da Informação. Notamos
um crescente uso de computadores e uso das telecomunicações, o que nos pro-
porciona ter mais acesso à informação.
Autores como Pierre Levy e Manuel Castells definem a tecnologia da infor-
mação e comunicação como sendo o conjunto de procedimentos, métodos e
equipamentos que processam a informação e propagar no contexto da Revolu-
ção Informática, Revolução Telemática ou Terceira Revolução Industrial. De-
senvolveram-se gradualmente desde a segunda metade da década de 1970 e,
principalmente, nos anos 90 do mesmo século.
Essas tecnologias tornaram mais ágil e menos palpável o conteúdo da co-
municação, por meio da digitalização e da comunicação em redes para a cap-
tação, transmissão e distribuição das informações que podem assumir a forma
de texto, imagem estática, vídeo ou som.
74 • capítulo 4
4.2 Aplicações das TICs
As TICs podem ser aplicadas em três áreas, conforme explicita a figura 1 e se-
gundo (RAMOS, 2008):
Áreas de
aplicação das
TICs
Controle e
Computação Comunicação
automação
capítulo 4 • 75
Existe um termo, pouco falado, mas definido por RAMOS (2008), chamado
burótica. A burótica é a junção das palavras bureau (escritório) com a palavra
informática. Sendo assim, burótica é a aplicação da informática em ambientes
de escritório com o objetivo de realizar as tarefas típicas desse ambiente, como,
por exemplo, a organização de dados, o processamento de texto, a reprodução
de documentos, a transmissão e recepção de informação sob diversas formas e
execução de tarefas associadas à gestão.
76 • capítulo 4
A seguir, apresentamos alguns exemplos de tecnologias e serviços de tele-
comunicações:
• Tecnologia ADSL: nesse tipo de tecnologia, é possível usar linhas telefô-
nicas convencionais para transmitir dados em alta velocidade;
• Telefones celulares: usam sistemas de rádio para efetuar a comunicação
sem fios;
• EDI (Eletronic Data Interchange): Atualmente existem vários servidores
de diferentes empresas que trocam informações entre si e permitem es-
treita colaboração entre fornecedores e clientes;
• O serviço de videoconferência permite a ligação de som e imagens em
tempo real, o que elimina custos de viagem e gastos de tempo.
Outra palavra usada muito pouco, mas que contém um conceito importan-
te, é telemática. Como já é possível perceber, trata-se da junção das palavras
telecomunicações e informática.
Novamente, não é difícil perceber quanto as duas palavras estão relaciona-
das. A Internet é um exemplo. É uma grande rede de computadores interliga-
dos mundialmente que oferece os mais variados serviços por meio de softwares
e equipamentos apropriados.
A última aplicação das TICs é o controle e automação. Essa área compreen-
de o controle de mecanismos e de processos industriais. Alguns exemplos tí-
picos desta área são: robótica, a simulação de veículos, o controle de processos
por computador, o controle de processos na indústria química e farmacêutica,
além de outros.
A robótica, em especial, é um termo criado pelo escritor Isaac Asimov
no seu livro Eu, Robô (1948). Esse livro virou filme nos anos 90 e é muito inte-
ressante. A robótica é uma área bastante abrangente, pois envolve outras áreas,
como a eletrônica, mecânica, eletricidade, física e, além disso, trata de siste-
mas (software) compostos de máquinas e partes mecânicas que são controladas
eletronicamente.
Essa tecnologia tem sido muito empregada em montadoras de veículos e
indústrias em geral. É uma área em constante desenvolvimento e tem se mos-
trado bastante interessante porque reduz o custo de produção e até mesmo de
problemas de trabalho, aumentando a qualidade e a produtividade.
capítulo 4 • 77
Figura 3 – Um robô industrial e uma tela do software de controle
78 • capítulo 4
Figura 4 – Imagem 3D de um sistema CAD.
capítulo 4 • 79
Um fator que comprova isso é a quantidade de abertura de contas de celu-
lares que ultrapassa o número de aparelhos fixos instalados. Aparelhos como
os smartphones, softwares de mensagens instantâneas, vídeoconferências e ou-
tros são fundamentais para os negócios e a sociedade atualmente. Imagine um
grande evento esportivo sem o uso maciço da tecnologia! Não seria possível nos
dias atuais.
Para se ter uma ideia, em 2008 mais de 75 milhões de empresas tinham um
site registrado na Internet. O número de usuários de Internet cresce de forma
muito rápida e há autores que dizem que se você ou sua empresa não estiver
conectado, você não está sendo tão eficiente quanto poderia.
Os jornais tradicionais ainda existem, porém perde leitores para a modalida-
de on-line diariamente. Segundo estatísticas, 106 milhões leem parte da notícia
on-line, 70 milhões leem todo o jornal de maneira on-line e mais de 1 bilhão de
pessoas possui uma conta em alguma rede social digital.
Na área empresarial, as TICs exercem uma grande influência.
Como exemplo, na área de sistemas de informações, os autores LAUDON e
LAUDON (2011) destacam:
• A plataforma de computação em nuvem aparece como uma das grandes
áreas de inovação empresarial;
• Crescimento do software como serviço;
• Plataforma móvel digital para competir com o PC como sistema opera-
cional;
• Gerentes adotam colaboração on-line e software de redes sociais para melho-
rar a coordenação, colaboração e compartilhamento de conhecimentos;
• Aplicações de inteligência empresarial aumentam cada vez mais;
• Reuniões virtuais aumentam;
• Aplicações da Web 2.0 são amplamente adotadas pelas empresas;
• Teletrabalho ganha força no ambiente de trabalho;
• Cocriação do valor de negócios: nesse caso, a fonte de valor de negócios
passa de produtos para soluções e experiências, e de recursos internos
para redes de fornecedores e colaboração com os clientes.
Mas, sem dúvida, a área em que as TICs possuem maior destaque, principal-
mente nas referências bibliográficas, é a área da educação.
80 • capítulo 4
Nos últimos anos, notamos o grande aumento do ensino a distância (EAD)
não só no Brasil, mas em todo o mundo. Podemos perceber a grande oportunida-
de de estudos pela Internet por meio da disponibilização de cursos de graduação
a distância e até mesmo a oportunidade de cursar assuntos específicos, ofereci-
dos por grandes faculdades espalhadas no mundo.
Software como serviço (SaaS): os softwares são distribuídos on-line como um serviço
de Internet e não mais como um produto “encaixotado” ou sistema customizado.
Web 2.0: a web 2.0 é um termo utilizado há pouco tempo para representar uma nova
geração de serviços e formas de interação pela Internet. Apesar de ter várias aborda-
gens em torno do conceito, para o usuário final a maior mudança é poder usar a web
como se fosse um sistema em desktop.
Computação em Nuvem ou Cloud Computing: é um conceito antigo que foi reinventado
há pouco tempo. A computação em nuvem usa recursos compartilhados na Internet para
prover recursos de armazenamento, processamento e outros para os usuários finais.
CONEXÃO
Alguns sites que oferecem cursos de qualidade gratuitos e pagos:
<www.coursera.org>
<www.veduca.com.br>
<ocw.mit.edu>: portal de cursos do MIT
<ocw.unicamp.br>
capítulo 4 • 81
Nos dias atuais, com o barateamento dos equipamentos como telefones
celulares, tablets e computadores, eles têm se tornado mais acessíveis para as
pessoas. Como exemplo, a quantidade de celulares existentes no Brasil é maior
que o número de habitantes! É muita coisa!
Acontece que as pessoas acabam sendo influenciadas pela tecnologia dis-
ponível, compram esses dispositivos mais modernos e gostariam de ter a opor-
tunidade de usá-los em todos os ambientes que frequenta.
Se a pessoa é aluno de uma escola, certamente que gostaria de levar seu dis-
positivo às aulas para poder usar os recursos de Internet durante a aula como
anotações, criação de figuras etc. Se vários alunos da mesma classe usam o re-
curso com sabedoria durante a aula, eles podem compartilhar as anotações e
ter uma experiência de aprendizado melhor. No ensino presencial, notamos
que o uso de laptops e tablets como substitutos aos cadernos tradicionais tem
aumentado cada vez mais entre os alunos.
O mesmo pode ocorrer nas empresas ou seja, o funcionário pode possuir
um laptop ou tablet e ter o desejo de usá-lo como ferramenta de trabalho. Mui-
tas vezes o aparelho levado pelo usuário é muito mais moderno do que aqueles
oferecidos pela empresa.
Essa é uma discussão abrangente, pois envolve vários assuntos: seguran-
ça de informações, ética e outros, porém não podemos desconsiderar que é
uma realidade.
De acordo com algumas fontes (STANISCI, 2010), as TICs têm causado um
grande impacto na educação, em alguns países de uma maneira bastante inte-
ressante. Segundo o site, todas as crianças e jovens em idade escolar no Uruguai
já possuem o seu próprio computador pessoal, assim como os professores da
rede pública. Essa iniciativa faz parte de um plano do governo uruguaio e tem
apresentado bons resultados.
Interessante também é que o governo brasileiro também tem um programa
semelhante, chamado de “Um computador por aluno”, porém ainda não foi
“pra frente” como aconteceu naquele país. Segundo o site do UCA (Um Compu-
tador por Aluno – www.uca.gov.br), os dados mais recentes são de 2010.
No caso do Uruguai, os computadores foram adaptados às necessidades dos
estudantes. Trata-se de laptops à prova d’água e com teclados de tamanho redu-
zido para melhor uso das crianças.
Ainda na área da educação, existem vários produtos atuais que ajudam tan-
to professores e alunos no dia a dia em sala de aula.
82 • capítulo 4
Um dos exemplos é o ambiente virtual de aprendizagem (AVA). AVA é um
conceito, e não um produto de uma empresa. O AVA também pode ser conheci-
do como LMS (Learning Management System) em alguns ambientes. Trata-se
de um software que agrupa em uma mesma plataforma vários tipos de recursos,
que podem ser usados pedagogicamente. Dentro dele é possível integrar vários
tipos de mídias, linguagens e recursos além de apresentar informações organi-
zadas e desenvolver interações entre alunos e formadores.
Ainda em relação ao impacto das TICs na sociedade, observe o gráfico 1.
Ele mostra um significativo aumento em quatro anos em relação ao número de
usuários que usam o computador todos os dias da semana, em contraposição
ao decréscimo de usuários que usam pelo menos uma vez por semana.
São dados nacionais e importantes que concordam com o que estamos ten-
tando mostrar no texto, ou seja, a tecnologia impacta sensivelmente a socieda-
de moderna.
100
Todos os dias ou Pelo menos uma
90 quase todos os dias vez por mês
80 Pelo menos uma Menos de uma
vez por semana vez por mês
67 69
70
60
60 58
53
50
40 35
30 30
30 24 23
20
10 9 9
10 7 7
2 3 2 1 1
0
2008 2009 2010 2011 2012
capítulo 4 • 83
Veja o gráfico 2 e observe o grande aumento de usuários que possuem aces-
so à Internet da própria casa.
Tanto o gráfico 1 quanto o gráfico 2 são proporcionais ao número de usuários
de Internet considerados no período (81 milhões em 2012 segundo o TIC Domíci-
lios e Empresas 2012, disponível em <http://www.cetic.br/>).
100
Em casa Centro público
90 de acesso gratuito
Centro público
80 de acesso pago 74
70 68
60 56
48 48
50
40 45 35
42
27
30
19
20
10 4 4 4 6 4
0
2008 2009 2010 2011 2012
Gráfico 2 – Proporção de usuários de Internet, por local de acesso individual (2008 – 2012).
Disponível em: < http://www.cetic.br/publicacoes/2012/tic-domicilios-2012.pdf>.
• A cada dia, 20% das pesquisas do Google nunca tinham sido feita antes;
84 • capítulo 4
• A mídia social ultrapassou a busca por pornografia na Internet;
• Lady gaga, Justin Bieber e Katy Perry têm mais seguidores no Twitter do
que toda a população da Alemanha, Turquia, África do Sul, Canada, Ar-
gentina, Reino Unido e Egito ... juntos!
A palavra dialética provém da junção de duas palavras: do grego dia, que signifi-
ca “troca”, e lekticós, que significa “apto à palavra”. Então, o termo dialética tem
a mesma raiz de diálogo.
Uma relação dialética implica uma contínua relação recíproca em que nenhum
dos elementos participantes podem ser entendidos isoladamente e fora do contex-
to da sua realidade e sem as relações constantes de determinação mútua.
A relação dialética entre sociedade, ciência, informação e tecnologia impli-
ca que cada um dos termos desta relação estão relacionados uns com os outros
e não podem ser entendidos separadamente, como mostrado na figura 5.
capítulo 4 • 85
A tecnologia A sociedade
determina determina
impacto na impactos na
ciência e na ciência e na
sociedade tecnologia
A ciência determina
impactos na
sociedade e na
tecnologia
86 • capítulo 4
Esse avanço é claro que foi possível com o uso da tecnologia. Conforme a
ciência avançava, a tecnologia caminhava juntamente. Já vimos esse assunto
no primeiro capítulo.
Portanto, a sociedade começou a demandar essa necessidade: de fazer com
que as pessoas se comunicassem em qualquer lugar que estivessem, usando o
seu próprio aparelho, dando origem assim à telefonia celular móvel.
E assim, com o uso cada vez maior do celular, outras facilidades foram in-
corporadas a ele, sempre com o auxílio da tecnologia, com o suporte da ciência.
Atualmente, podemos tirar fotos com o celular e, em alguns casos, as fotos
possuem qualidade melhor do que muitas câmeras fotográficas tradicionais,
trocar mensagens instantâneas e rapidamente, acessar à Internet, sincronizar
contatos e agenda, enfim, muitas possibilidades, até mesmo assistir à televisão!
É interessante notar que essas facilidades possibilitaram até mesmo a troca
de função do telefone celular: muitas pessoas preferem usá-lo para trocar men-
sagens instantâneas do que falar pelo telefone.
Esse é um exemplo de como a tecnologia muda o comportamento das pes-
soas e da sociedade.
O exemplo nos mostra que a sociedade demandou uma necessidade de no-
vos conhecimentos por meio da ciência e esta demandou o desenvolvimento de
novas tecnologias de comunicação. O aparelho celular, então representante da
tecnologia e ciência na relação, fez com que novos comportamentos e formas
de comunicação aparecessem na sociedade.
Dessa forma, mostra-se a relação dialética entre tecnologia, informática,
comunicação e sociedade. A figura 6 apresenta um esquema do que seriam as
células na telefonia celular.
Estações rádio base
Células
Sinal
ATIVIDADE
1. Dê um exemplo de aplicação das TICs na área de comunicação diferente do que vimos no
texto. Explique-o.
2. Dê um exemplo de aplicação das TICs na área de computação diferente do que vimos no
texto. Explique-o.
4. Além dos exemplos dados no texto, qual outra aplicação das TICs você poderia comentar?
Dê um exemplo e comente-o.
5. No texto, usamos o aparelho celular para explicar a relação dialética entre as TICs e a
sociedade. Comente outro exemplo que explica essa relação.
6. Existem muitas aplicações das TICs na educação. Pesquise algumas delas na Internet e
comente aquela aplicação que você achou mais interessante. Explique o motivo.
REFLEXÃO
As TICs têm dado origem a uma autêntica revolução em diversas profissões e atividades na
investigação científica, na concepção e gestão de projetos, no jornalismo, na medicina, nas
88 • capítulo 4
empresas, na administração pública, na arte e na escola. Certamente estamos cercados
pela tecnologia. Porém, resta-nos saber aproveitar suas oportunidades e poder estabelecer
uma relação de paz entre a sociedade e as TICs. De fato, as TICs são um fator de inovação
em vários segmentos da sociedade que proporcionam novas práticas de trabalho, de com-
portamento que nos fazem aprender a obter a informação, para construir o conhecimento e
adquirir novas competências.
LEITURA
O livro Eu, Robô é uma leitura bastante interessante. A robótica possui três leis fundamen-
tais, elaboradas pelo autor, Isaac Asimov, que são bastante discutidas no livro. O livro teve
uma adaptação para o cinema que, mesmo sendo um filme de ação, trata dessas três leis.
No link <http://www.edrev.info/reviews/revp49.pdf>, temos uma resenha sobre o livro A
Galáxia Internet de Manuel Castells. Trata de um texto em que o leitor vai encontrar vários
assuntos relacionados com as transformações sociais que fizeram a Internet aparecer no
final do século XX.
O livro O que é virtual?, de Pierre Levy, é uma excelente obra sobre as questões de que
tratamos neste capítulo. Existe uma resenha interessante em <http://www.citador.pt/biblio.
php?op=21&book_id=948> que pode dar uma noção a respeito do livro.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LAUDON, K.; LAUDON, J. Sistemas de informações gerenciais. 9. ed. São Paulo: Pearson,
2011.
capítulo 4 • 89
RAMOS, S. Conceitos básicos em TIC. Livre, 10 jan. 2008. Disponível em: <http://livre.
fornece.info/>. Acesso em: 10. jun. 2014.
STANISCI, C. MEC apresenta ações para estimular uso das TICs nas escolas durante
conferência. 2010. Disponível em: <http://blogs.estadao.com.br/ponto-edu/mec-apresenta-
acoes-para-estimular-uso-das-tics-nas-escolas-durante-conferencia/>. Acesso em: 10 jun.
2014.
NO PRÓXIMO CAPÍTULO
No próximo capítulo, estudaremos algumas questões relacionadas com a ética, aspectos le-
gais e profissionais envolvidos na relação e uso das TICs. Além disso, analisaremos TI Verde
e sustentabilidade, que é um assunto bastante importante atualmente.
90 • capítulo 4
5
Aspectos éticos
legais e profissionais,
TI Verde e
sustentabilidade
5 Aspectos éticos, legais e profissionais, TI
Verde e sustentabilidade
OBJETIVOS
• Aspectos éticos e legais relacionados ao exercício profissional na área de TI;
• Mercado de trabalho na área de TI e tendências;
• Regulamentação da profissão na área de Tecnologia da Informação;
• TI Verde e Sustentabilidade;
• Informatização das Empresas;
• Conceito de sustentabilidade;
• Conceito de Tecnologia da Informação (TI) Verde ou Computação Verde;
• Melhores práticas e experiências em TI Verde.
92 • capítulo 5
REFLEXÃO
Em 1992, houve uma conferência no Rio de Janeiro chamada Eco 92. Você já era nascido(a)?
Os objetivos desta conferência eram discutir e tomar decisões a respeito da degradação am-
biental já existente e garantir melhor qualidade de vida para as próximas gerações. Foi a pri-
meira vez que mundialmente foi discutida a questão da TI Verde e sustentabilidade na área de
TI. Quando puder, procure saber sobre a Eco 92, pois é uma excelente fonte de informação!
5.1 Introdução
Alguns assuntos a serem tratados neste capítulo são bem antigos. E, para co-
nhecê-los melhor, precisamos saber de algumas referências nacionais e mun-
diais na área de computação.
O termo “Tecnologia da Informação” é recente. É um termo muito usado
comercialmente, porém academicamente é um conceito relativamente novo.
Se formos procurar a respeito da história da tecnologia da informação, vamos
achar os mesmos componentes e fatos da história da “computação”, que é o
termo original.
Tocamos nesse assunto porque mundialmente existem algumas associa-
ções de classe que são muito influentes na área de computação e informática e
surpreendentemente ignoradas pela maioria dos “profissionais de TI”. Essas
organizações são a IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers), ACM
(Association of Computing Machinery), IEEE Computer Society e nacionalmen-
te a SBC (Sociedade Brasileira de Computação).
São essas associações que estudam os currículos de cada área da computa-
ção, recomendando disciplinas e sequenciamento de estudos, elaboram códi-
gos de ética como referência, criam os padrões (de rede por exemplo) usados
no nosso dia a dia, possuem comunidades ativas e colaborativas em prol do de-
senvolvimento da área de computação e informática nacional e mundialmente.
capítulo 5 • 93
CONEXÃO
Para conhecer um pouco mais sobre as associações aqui mencionadas, convidamos você a acessar
os links:
IEEE (Institute of Electrical and Electronic Engineers): www.ieee.org
IEEE Computer Society: www.computer.org
ACM (Association of Computing Machinery): www.acm.org
SBC (Sociedade Brasileira de Computação):<www.sbc.org.br>
94 • capítulo 5
Como profissionais da computação, precisamos adotar algumas posturas,
principalmente em relação à ética.
A ética em computação pode abranger, de acordo com MASIERO (2000) e
ACM (1992), os seguintes assuntos:
• Profissionais da computação
• Usuários e clientes
• Ser humano
Segundo a entrevista do filósofo Mario Sergio Cortella para o Instituto Ethos, disponível em http://
www.rts.org.br/entrevistas/entrevistas-2007/mario-sergio-cortella/, Ética é o conjunto de valores
e princípios que utilizamos para decidir nossa conduta em sociedade. É o que orienta nossas
ações em relação às três grandes questões da vida humana ― querer, dever e poder ―, que são
exatamente os territórios da nossa ação. (...) Aquilo que nos faz conviver de forma fraterna. A
palavra “ethos” significa, portanto, o lugar onde nos abrigamos, no qual é preciso haver princípios
e valores que permitam a convivência. Esse conjunto de princípios e valores é exatamente o que
chamamos de ética, ou seja, as regras da casa. A palavra “ética” remonta à ideia de vida coletiva.
Seria impossível pensar em ética se só existisse o indivíduo. A ética faz sentido apenas porque
vivemos em conjunto. Portanto, ética tem a ver com o plural, não com o singular.”
capítulo 5 • 95
adequada entre as tarefas executadas pelo computador e pelo usuário.
Além disso, envolve garantir o conteúdo correto para a correta tomada
de decisão.
• Violação da informação: essas questões envolvem o acesso aos dados ar-
mazenados a fim de garantir a confidencialidade dos dados envolvidos;
a violação da comunicação, para garantir e respeitar a segurança da co-
municação; e os danos ao sistema computacional, principalmente rela-
cionado, com vírus.
• Internet: as questões tratam de conteúdos de sites, para poder garantir
a veracidade e qualidade da informação, e do comércio eletrônico, para
garantir a segurança e integridade das transações e o estabelecimento de
regras bem definidas.
• Sistemas críticos: são sistemas em que as falhas podem causar danos se-
veros (inclusive morte) e danos ao meio ambiente. Exemplos: sistemas
de controle de aeronaves, sistemas médicos, controle químico etc. Nesse
caso, eles precisam de técnicas de avaliação e desenvolvimento que ga-
rantam a segurança do sistema.
96 • capítulo 5
mento do profissional de TI. O código da ACM trata de:
• Imperativos morais gerais
De acordo com a ACM, os tópicos são:
• Devo contribuir para a sociedade e o bem-estar humano;
• Devo evitar causar mal/danos a outros;
• Devo ser honesto e digno de confiança;
• Devo ser justo e agir para não discriminar;
• Devo honrar direitos de propriedade, incluindo copyrights e patentes;
• Devo dar crédito adequado à propriedade intelectual;
• Devo respeitar a privacidade dos outros;
• Devo honrar acordos de confiança.
capítulo 5 • 97
• Articular e dar suporte a políticas que protejam a dignidade de usuá-
rios e outros afetados por um sistema computacional;
• Criar oportunidades para que os membros da organização aprendam
os princípios e limitações de sistemas computacionais.
As profissões dessa área não são regulamentadas, como acontece com diver-
sas outras áreas de conhecimento. Esse fato torna difícil o mapeamento da área
de atuação dos profissionais de tecnologia. Veremos isso no próximo tópico.
Observando as vagas disponíveis para estes profissionais, é possível selecio-
nar algumas áreas e profissões de TI, com suas ramificações. A figura 1 mostra
um QR code que liga para a página de carreiras e salários na área de TI da Info
Exame. Convido você a acessar o link e observar a tabela.
98 • capítulo 5
Figura 1 – Tabela de cargos e salários da Info Exame
Disponível em: <http://info.abril.com.br/carreira/salarios/>.
capítulo 5 • 99
É um mercado estratégico, que precisa se organizar melhor. As profis-
sões precisam ser regulamentadas e os salários ajustados para a realidade
do mercado. A média dos salários dos trabalhos de TI é de R$ 2.950 reais, o
que representa muito pouco, quando comparado com os salários de ou-
tras profissões estratégicas (BRASSCOM, 2012). Em tempo, a Brasscom
é a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comuni-
cação e recomenda um código de ética para os seus associados.
Segundo pesquisa feita na CATHO (2014), utilizando 5 palavras-
-chave para os cargos, verificou-se a existência das seguintes vagas para os pro-
fissionais da área de TI:
• Webdesigner – 269 vagas • Programador – 2.552 vagas
• TI – 19.534 vagas • E-commerce – 115 vagas
• Internet/Web – 800 – vagas • Gestor de TI – 159 vagas
Todas as vagas estão distribuídas entre todas as carreiras da área de TI, como
gerência, desenvolvimento, infraestrutura, consultoria, segurança, entre outras.
Além do número de vagas disponíveis, também podemos observar os valo-
res salariais para estes profissionais no guia salarial, que traz a remuneração
média oferecida aos profissionais das áreas de tecnologia no mercado brasilei-
ro, como mostra o link da figura 1.
Ao comparar a pesquisa salarial com guias de anos anteriores, é possível
perceber que houve uma valorização salarial média de 20% dos profissionais de
TI. Vinte por cento em função da alta demanda por estes profissionais.
CONEXÃO
A seguir, são apresentados alguns sites em que são divulgadas vagas exclusivas na área de informá-
tica e dicas para a carreira:
<www.apinfo.com>
<www.ceviu.com.br>
<www.profissionaisti.com.br>
<http://info.abril.com.br/noticias/carreira/10-dicas-para-iniciar-a-carreira-em-ti-06022012-3.shl>
<http://geracaotec.sc.gov.br/?p=546
http://freelati.com/>
100 • capítulo 5
Os salários variam de acordo com o cargo exercido pelo profissional. Observe
novamente a tabela do link da figura 1. As faixas salariais apresentadas para cada
cargo representam a média nacional de salário bruto, não incluem bônus e podem
variar de acordo com a região e tamanho da empresa. Veja a seguir a tabela:
Além da tabela anterior, é possível verificar os valores apresentados pela
empresa Catho, que fez um estudo com mais de 260 mil profissionais em 4
mil cidades de todo o país, onde se verificou a média salarial dos profissionais
que atuam no Brasil, em abril de 2014. Nessa pesquisa, é apresentada a remu-
neração detalhada de cada cargo aliada a uma determinada área específica.
O ranking faz parte da “40ª Pesquisa Salarial e de Benefícios da Catho On-li-
ne”. Nessa pesquisa, o profissional respondeu a um formulário eletrônico com
questões sobre o cargo, remuneração, benefícios, cidade, faturamento da em-
presa, sexo, idade, escolaridade, idiomas, entre outros dados.
capítulo 5 • 101
com ampla visão dos negócios e das necessidades da empresa e de gestão em-
presarial. Seu relacionamento pode ultrapassar as fronteiras da área de TI, pois
ele interage com as outras áreas da empresa, sendo necessário que ele tenha
um perfil de solucionador de eventuais conflitos que possam aparecer.
O profissional de TI pode levar a sua carreira para três grandes áreas: técni-
ca, atuando na área de programação; desenvolvimento e análise de sistemas;
estratégica, na gestão do departamento de tecnologia em uma grande empresa;
ou uma mistura de ambas, ao criar seu próprio empreendimento.
Algumas pesquisas mostram exigências do mercado, sendo importante res-
saltar, como, por exemplo, a fluência em outro idioma, a experiência profissio-
nal, a formação acadêmica e as certificações.
O conhecimento da língua inglesa é obrigatório e é aceitável que se conhe-
çam também outros idiomas. A experiência profissional também é muito im-
portante e o desligamento amigável do emprego anterior também representa
um ponto positivo, pois é comum o contato entre os contratantes para discu-
tirem sobre a atuação do profissional. A formação acadêmica, com formação
de nível técnico ou superior, também é uma das características importantes
no perfil do profissional desta área. Por fim, as certificações funcionam como
complemento à formação acadêmica e representam uma forma de o profissio-
nal acompanhar as mudanças tecnológicas disponíveis no Mercado. Enfim, a
formação profissional, juntamente com a experiência e as certificações, é um
ponto chave no que se espera dos profissionais desta área.
Além destas exigências essenciais ao profissional de TI, é possível citar ou-
tras características fundamentais para o sucesso na profissão, tais como capa-
cidade técnica, boa expressão oral e escrita, capacidade de negociar, noções de
gestão empresarial, trabalho em equipe, formação e aperfeiçoamento continu-
ado, networking, responsabilidade social e ambiental.
As capacidades técnicas são fundamentais, mas a habilidade de se relacio-
nar, de negociar e de se comunicar é essencial para esses profissionais. Comu-
nicar-se bem com os diferentes agentes envolvidos no processo, como clientes,
gestores e outros profissionais, além de ser capaz de mediar situações de confli-
tos, são características que diferenciam os profissionais desta área.
Ter noções de gestão empresarial é outra característica importante, pois os
profissionais precisam possuir conhecimento dos processos empresariais para
que possam criar e desenvolver ferramentas que possam agilizar processos e
reduzir custos, gerando, assim, diferenciais competitivos para a empresa. Para
102 • capítulo 5
aqueles que pretendem desenvolver suas carreiras na área gerencial, é neces-
sário o desenvolvimento de uma ampla visão sobre a empresa em que atuam,
para que o departamento de TI torne-se uma área estratégica, gerando resulta-
dos para a organização. Ter conhecimento de planejamento, organização, co-
ordenação e controle é fundamental para a gestão dos recursos na área de TI.
Para aqueles profissionais que desejam atuar na área técnica, é necessário
o aprofundamento nas linguagens de programação atualizadas, com o conhe-
cimento de novos métodos para o desenvolvimento de soluções e construção
de aplicativos. Já para aqueles que desejam empreender seu próprio negócio, é
imprescindível o desenvolvimento de habilidades para avaliar oportunidades,
dimensionar mercado, conseguir financiamento e capital de risco, construir
times, conhecer as implicações legais e aprender a lidar com o crescimento de
seu empreendimento.
Independentemente dos caminhos escolhidos, os profissionais de TI também
precisam desenvolver e exercitar valores que facilitem o trabalho em equipe, como
cooperação, colaboração, aceitação de outras ideias e opiniões, aberturas a críticas,
comprometimento e suscetibilidade a mudanças.
O profissional da área de TI tem de estar também em constante aperfeiçoa-
mento de suas técnicas, pois a área de tecnologia sofre grandes mudanças num
curto período. O profissional deve estar atento a toda e qualquer tendência im-
portante para o mercado e sempre aberto às possibilidades de mudança.
A capacidade de criar e explorar redes de relacionamentos é muito importan-
te no cenário de tecnologia, pois o profissional passa a ter um leque maior de
recursos que ele pode utilizar a seu favor em diversos momentos de sua carreira.
Por fim, os profissionais de TI também precisam estar cientes de suas responsa-
bilidades sociais e ambientais, buscando ferramentas, processos e recursos que
reduzam o consumo, que promovam maior eficiência e ganhos ambientais e in-
vestimento em mecanismos que promovam o desenvolvimento social.
A tabela 1 mostra a evolução da carreira sugerida para um profissional que
queira seguir a carreira de CIO (Chief Information Officer, ou seja, o profissio-
nal responsável por toda a área de TI de empresa).
capítulo 5 • 103
PERFIL TÉCNICO
Investimento em certificações em todas as etapas são
imprescindíveis. Participação em grande número de pro-
5 jetos, ajudando assim na aquisição de experiência e vi-
são crítica. Fluência em inglês e espanhol. Curso técnico
ou superior.
104 • capítulo 5
PERFIL DE NEGÓCIOS
No início da carreira, a atitude e a personalidade cha-
mam a atenção dos gestores para os profissionais com
5
potencial. Uma pós-graduação de alto reconhecimento
ou no exterior é um grande diferencial.
capítulo 5 • 105
Verifica-se que há várias características inerentes ao perfil de TI. E estas ca-
racterísticas precisam ser abordadas para auxiliar os futuros profissionais da
área no norteamento de uma carreira de sucesso e de muitas conquistas.
No tópico sobre código de ética, citamos que somente o código de ética não
é suficiente para garantir uma boa conduta nas organizações e projetos. É in-
teressante que, assim como existe em outras profissões, que haja uma regula-
mentação da profissão.
Este assunto é discutido no Brasil há muito tempo e até hoje não existe ne-
nhum acordo sobre ele. Existem projetos de lei, porém a prática é que não há
regulamentação suficiente para a área de computação e informática no Brasil.
A Sociedade Brasileira de Computação (SBC) mostra-se desfavorável à regu-
lamentação. De acordo com o seu ponto de vista, a regulamentação traria buro-
cratização e limites nas funções do profissional. É claro que existem opositores
e já existem no Congresso projetos para a criação do CONIN (Conselho Nacio-
nal de Informática), CREI (Conselho Regional de Informática) e do CONFREI
(Confederação Nacional de Informática).
Existem prós e contras de cada lado e os argumentos favoráveis e não favo-
ráveis são bem convincentes. Os motivos favoráveis que sustentam a criação da
regulamentação são:
• Os serviços prestados seriam de melhor qualidade;
• Formandos qualificados teriam emprego garantido;
• A ética profissional seria mais bem estabelecida;
• Trabalhadores anti-profissionais ou anti-éticos não teriam vez no merca-
do;
• Um conjunto de normas técnicas seria criado;
• Unificação das variadas profissões da área e nomenclatura apropriada;
• Fim da separação entre os profissionais de computação e demais profis-
sões regulamentadas;
• Criação de um conselho de classe específico com normas mais cabíveis
para a área.
106 • capítulo 5
E os desfavoráveis:
• Um diploma não é garantia de qualidade, assim como a falta dele não
significa falta de profissionalismo;
• Há uma grande dificuldade em definir quem exerce a profissão devi-
do a grande quantidade de programadores informais que atuam em
outras áreas;
• Seria estabelecido um currículo mínimo, que num contexto dinâmico
como o da informática, torná-se-ía obsoleto rapidamente;
• A velocidade das mudanças no setor dificultaria a definição das atribui-
ções do profissional e a legislação não conseguiria acompanhá-las com
seu ritmo lento;
• A sociedade já possui leis suficientes para punir um mal profissional da
informática;
• Normas Técnicas e um código de ética podem ser estabelecidos sem a
necessidade de regulamentação da profissão;
• Há necessidade de testes de qualidade apenas para os “produtos”, os
softwares, não para os profissionais;
• Devido a reserva de mercado, bons profissionais ficariam fora do mercado;
• A fiscalização só pode ser realizada por outros integrantes da classe.
• Aumento do preço dos produtos produzidos pelos “profissionais quali-
ficados”;
• A necessidade de registro para exercer a profissão criaria reserva de mer-
cado para profissionais estrangeiros, auxiliando o crescimento do de-
semprego no Brasil;
• As normas técnicas não poderão dar garantia de qualidade total aos pro-
gramas, pois a natureza destes não permite que os programadores assu-
mam total responsabilidade pelos problemas (bugs) que venham a apre-
sentar.
capítulo 5 • 107
alguns equipamentos, como servidores, desktops e compra de outros dispositi-
vos. É claro que isso varia de caso para caso.
Para não divagarmos em uma situação empresarial, vamos tomar como
exemplo a nossa situação doméstica: a informática evolui, nosso telefone ce-
lular passa a ficar obsoleto, vemos uma propaganda de um novo celular mais
potente, com mais recursos etc. O que fazemos com o antigo aparelho? Ou des-
cartamos, literalmente, vendemos ou damos algum destino para ele.
Mas e o que ocorre com este aparelho? Vira lixo em algum depósito de lixo
da cidade? É devidamente reaproveitado como material de reciclagem? Não sa-
bemos ao certo, não é?
Esse foi um pequeno exemplo de um simples celular. Agora imagine, em
um grande projeto, onde são inseridos servidores, desktops, equipamentos
de rede etc.? Perceba que, quanto mais equipamentos usarmos, mais vamos
precisar de energia elétrica para mantê-los funcionando? Os aparelhos eletrô-
nicos dissipam calor, mesmo que pouco, mas dissipam. E sabemos que a alta
temperatura no nosso computador faz com que ele literalmente trave e pare de
funcionar, mas e em um data center? Precisaremos de mais refrigeração, quer
dizer, ar-condicionado e mais energia elétrica!
A energia elétrica infelizmente não é de graça e, se de mais energia precisa-
mos, mais fontes de energia serão necessárias. Como sabemos que a maioria
da geração de energia elétrica no Brasil provém de hidrelétricas, quer dizer que
mais recursos destas usinas serão necessários ou talvez mais usinas deverão ser
construídas. Enfim, é uma reação em cadeia.
Contando que a TI está sendo cada vez mais utilizada e nunca retrocede,
mais recursos naturais serão necessários a cada momento.
É claro que isso sensibiliza a comunidade ambientalista e também aque-
les que têm maior consciência sobre o meio ambiente. Não podemos ficar pa-
rados? Mas como atuar em uma situação que necessita de mais recursos sem
agredir tanto o meio ambiente? É aí que entra a TI Verde!
TI Verde refere-se a tudo que está relacionado com o meio ambiente e TI. É
o estudo e a prática de projetos, manufatura, uso e descarte de computadores,
servidores e subsistemas associados (monitores, impressoras, dispositivos de
armazenamento, dispositivos de rede e sistemas de comunicação) eficiente e
eficazmente com o mínimo (ou sem) de impacto no meio ambiente. Essa defi-
nição foi dada por San Murugesan (Murugesan, 2008) em um dos textos mais
clássicos sobre TI Verde.
Uma forma de se conseguir essa eficiência e eficácia no lidar com produtos
108 • capítulo 5
de TI e não prejudicar o meio ambiente é usar os conceitos de sustentabilidade,
como mostra o Guia para o Gestor de TI Sustentável (Itautec, 2011).
O assunto é tão importante que algumas empresas estão selecionando os seus
fornecedores, os quais devem possuir algum plano de descarte de seus produtos.
Isso, na verdade, faz parte de uma política corporativa principalmente relacionada
com os padrões da ISO, os quais a empresa possa ter.
Segundo o Guia, a TI sustentável está diretamente relacionada ao desenvol-
vimento e à implementação de estratégias e ações que são consequências dos
seguintes pontos de vista:
• Econômico: que garante um equilíbrio de custo-eficiência. Dessa forma,
os negócios obterão maior vantagem competitiva e a reputação da em-
presa será consolidada.
• Ambiental: que gera padrões de aquisição e uso dos equipamentos e
seus impactos na natureza em todo o seu ciclo de vida (fabricação, uso
e descarte).
• Social: que gera padrão e cultura de sustentabilidade nos stakeholders
e, principalmente, nos funcionários, colaboradores e na cadeia de valor.
Redução de espaço 47
Melhoria do desempenho
55
e uso de sistemas
Redução de custos 73
0 20 40 60 80 100
Gráfico 1 – Razões e benefícios para se utilizar a TI Verde (Murugesan, 2008). Adaptado.
capítulo 5 • 109
• 55% para melhorar o uso e desempenho dos sistemas;
• 47% para economizar espaço físico.
Porém, como elaborar uma estratégia para se conseguir algum resultado
com TI Verde? Murugesan sugere adotar a abordagem holística para a TI Verde,
conforme a figura 2.
MANUFATURA
MANUFATURA
110 • capítulo 5
Toda vez que você observar nos seus estudos sobre holística, encontrará uma abor-
dagem na qual o sujeito principal do estudo é um ser ou entidade indivisível e que
precisa de outras partes que o complementam. Ou seja, para se entender o sujeito do
estudo, ele deve ser encarado e entendido como uma coisa só, e não é pelo estudo de
componentes separados que iremos entender sobre o todo. Uma empresa, por exem-
plo, pode ser entendida de acordo com a abordagem sistêmica (podemos estudar os
departamentos separadamente para entendê-la). Na visão holística, que é a percepção
da realidade, a visão sistêmica seria uma forma de operacionalizar esta visão. No nosso
caso, vamos entender a TI Verde como um assunto único, mas que depende de compo-
nentes para o entendimento.
PROJETO VERDE
MANUFATURA
USAR MATERIAL
VERDE DE
REPROCESSADO
COMPUTADORES
RECICLAGEM,
REIMPLANTAÇÃO, REAPROVEITAMENTO, RECUSAR
REPROCESSAMENTO
REÚSO ATUALIZAÇÃO PARTES
DE MATERIAIS
USO CRITERIOSO
DESCARTE
DE INFORMÁTICA
DOAÇÃO
capítulo 5 • 111
5.8 Uso de TI em prol do meio ambiente
112 • capítulo 5
centers que propiciem melhor aproveitamento das condições climáticas, além,
é claro, de possuírem métricas para monitorar o consumo de energia. Parece
uma tarefa fácil, mas a Gestão de TI nestes casos é fundamental, e o gestor será
uma peça-chave para coordenar todos esses esforços.
Segundo o site Data center Information (Techtarget, 2012), uma recente pes-
quisa detectou que:
• Mais de 50% das pessoas que responderam à pesquisa disseram que eco-
nomizam energia por meio de virtualização de servidores;
• 32% fizeram esforços para melhorar o uso e a eficiência dos sistemas de
refrigeração;
• 17,5% implementaram políticas de desligamento dos servidores que não
estavam sendo usados;
• 11% tentaram usar energia DC (por meio de baterias) no data center;
• Somente 7,7% tentaram usar refrigeração líquida para aumentar a efici-
ência geral do data center.
capítulo 5 • 113
A virtualização é um grande fator para a redução de energia, segundo o site
da Computerworld (Computerworld, 2009). Esse site é apenas um dos muitos
que tratam deste tipo de alternativa. Como você já deve ter visto em outras dis-
ciplinas, a virtualização ocorre quando usamos várias máquinas virtuais hos-
pedadas em uma máquina física. O uso de virtualização de servidores nos data
centers é muito vantajoso porque diminui a necessidade de espaço físico e eco-
nomiza energia, além de simplificar a organização do data center.
Muitas empresas têm procurado o uso de data centers para entrarem na “onda
verde” e usufruírem de suas facilidades como forma ecológica de estarem com-
patíveis com o meio ambiente em relação a seus servidores.
Existe um grupo criado pelas grandes empresas de data center chamado
Green Grid (www.thegreengrid.org), cujo objetivo é propagar o conhecimento
das melhores práticas do uso de energia em data centers, assim como estabele-
cer padrões na construção, operação e outras atividades relacionadas com data
centers ecologicamente corretos.
Outra prática que pode ser adotada é reutilizar equipamentos antigos. O
descarte simples destes equipamentos é prejudicial ao meio ambiente porque
eles apresentam internamente componentes que são altamente corrosivos,
dentre outros fatores.
Atualmente, existem várias alternativas para o reaproveitamento de equipa-
mentos antigos, principalmente PCs. Uma alternativa é transformar máquinas
antigas em thin clients, como mostrado no site (Open Thin Client, 2012). Exis-
tem várias formas de implementar esta possibilidade e, principalmente a co-
munidade Open Source, com o uso de Linux, oferece várias maneiras para isso.
Vale a pena pesquisar mais sobre isso. Portanto, é interessante reaproveitar ao
máximo os equipamentos antigos.
Outra abordagem que pode ser usada para diminuir os impactos ao meio
ambiente e endossar a TI Verde é projetar novos computadores com compo-
nentes mais modernos e que tenham menor grau de agressão ao meio ambien-
te. O projeto deve contemplar também um balanço entre a viabilidade econô-
mica, taxa de agressão ao meio ambiente e desempenho dos componentes. O
projeto de componentes “verdes” chega a ser uma prática de negócio a ser ex-
plorada pelas empresas.
As empresas fabricantes são também cobradas por questões “verdes”. Sen-
do assim, também procuram desenvolver formas de produção menos poluen-
tes e agressivas. Os projetos acabam sendo finalizados com componentes com
114 • capítulo 5
alta taxa de atualização e reúso. Um exemplo é a evolução dos núcleos de pro-
cessadores nos PCs (saíram dos single core para os quad core) por razões tec-
nológicas e de consumo de energia. Essa alternativa é contrária à evolução de
aumentar o clock do processador: quanto mais rápido, mais energia consome.
Portanto, dividir as tarefas em mais núcleos e não degradar a performance de-
sejada é uma forma de aumentar a “velocidade” geral do computador. Existem
outras formas na produção de hardware também.
capítulo 5 • 115
consumo de energia seja o objetivo principal, nesta abordagem podem
ser priorizadas as áreas de marketing, marca, criação, entre outros, mos-
trando que a empresa tem preocupação e projetos ambientais.
• Abordagem de “imersão total” na TI Verde: essa abordagem amplia con-
sideravelmente os conceitos da abordagem estratégica. Nesse caso, me-
didas aprofundadas podem ser tomadas como políticas para a compen-
sação de emissão de gás carbônico e neutralização das emissões de gás
nocivos à camada de ozônio, plantio de árvores e uso de energia prove-
niente de fortes naturais, como, por exemplo, a energia solar e a energia
eólica. Assim, até mesmo os funcionários em suas rotinas domésticas
são incentivados a pensar “verde”. Há também por meio de outros incen-
tivos para isso, como a doação de softwares para gerenciamento de ener-
gia de seus computadores pessoais, doação de sementes para o plantio
de árvores em suas residências etc.
Empresas menores também podem fazer sua parte adotando medidas in-
crementais simples e aumentando as possibilidades e projetos aos poucos para
adquirir status de empresa que adota a TI Verde.
116 • capítulo 5
Além de mover-se para uma direção mais “verde” e alavancar outras inicia-
tivas ambientais, a TI poderia ajudar a criar uma consciência verde entre seus
profissionais, empresas e público em geral, auxiliando na construção de co-
munidades, envolvendo grupos em decisões participativas, bem como campa-
nhas de apoio à educação verde. Com base nestas ideias, algumas ferramentas,
como portais ambientais, blogs, wikis e simulações interativas sobre o impacto
ambiental de uma atividade, poderiam ser criadas para oferecer assistência e
usar a TI como uma forma de criação de uma consciência “verde”.
A TI é uma parte do problema ambiental, e também pode ser uma parte da
solução. A TI Verde será obrigatória nas empresas em um futuro muito próxi-
mo. Tornar a TI “verde” é, e continuará a ser, uma necessidade, não uma opção.
A TI Verde representa uma mudança dramática nas prioridades na indústria de
TI. Até agora, a indústria tem apostado em poder de processamento de equipa-
mentos e gastos com equipamentos associados e não existe claramente uma
preocupação com outros requisitos, tais como energia, refrigeração e espaço de
centro de dados. No entanto, a indústria de TI terá de lidar com todos os requi-
sitos de infraestrutura e do impacto ambiental de TI e seu uso.
Os desafios da TI Verde são enormes, mas os recentes desenvolvimentos
indicam que a indústria de TI tem vontade e convicção para enfrentar os pro-
blemas ambientais de frente. As empresas podem se beneficiar tomando esses
desafios como oportunidades estratégicas. O setor de TI e os usuários devem
desenvolver uma atitude positiva para lidar com as preocupações ambientais e
adotar posturas “verde” juntamente com suas políticas e práticas.
ATIVIDADE
1. Após a leitura dos temas, faça uma reflexão sobre o perfil do profissional do mercado de TI
e o seu mercado de atuação.
2. Você conhece alguma empresa que tem iniciativas relacionadas com TI Verde? Quais as
atividades que ela realiza para isso?
3. Quais medidas básicas que você proporia a uma pequena empresa para que iniciasse nos
conceitos de TI Verde?
4. Quais são os benefícios reais para uma empresa ao adotar os conceitos de TI Verde?
capítulo 5 • 117
REFLEXÃO
A TI está em constante evolução; assim, no momento em que você estiver lendo esse texto,
provavelmente o que foi nele mencionado como atual, será assunto já ultrapassado e outro
estará no lugar. TI Verde e questões éticas, bem como a gestão da carreira em TI, são, na sua
essência, problemas que sempre existiram mas tratados de uma forma diferente. Conforme o
mundo evolui, os conceitos e tecnologias, ainda mais na nossa área, evoluem conjuntamente
e você, como futuro profissional de TI, terá de estar “antenado” com relação a essas mudan-
ças. Ao escolher uma profissão, é importante que haja interesse em se aprofundar em tudo
aquilo que a cerca. Conhecer o mercado, o perfil do profissional e aquilo que se espera dele
é fundamental para que se construa uma carreira de sucesso, pautada no que há de mais
novo. O interesse e a busca de crescimento levam os profissionais a buscarem uma qualifi-
cação cada vez melhor. Este capítulo buscou trabalhar um pouco desta realidade, trazendo
elementos essenciais para que se iniciasse uma discussão sobre a trajetória que vocês irão
trilhar profissionalmente.
LEITURA
Os links a seguir possuem vários textos relacionados com os assuntos tratados neste capí-
tulo. Recomendamos sua leitura para você obter maior detalhamento do que foi visto e guias
de inspiração para os seus projetos.
• <http://info.abril.com.br/ti-verde/>. Este link da Info Exame mostra várias reportagens
na área de TI Verde que podem ajudá-lo a entender os tópicos apresentados por meio
de vários estudos de casos e novas tecnologias.
• <http://cpsustentaveis.planejamento.gov.br/>. Portal do governo sobre textos de por-
tarias, decretos, resoluções e toda a legislação referente às normas de sustentabilidade
ambiental que devem ser aplicadas às compras públicas, inclusive na área de informática.
• <http://blogs.intel.com/blog/2009/09/16/operacao-de-data-center-de-alta-tempe-
ratura/>. O blog da Intel é cheio de dicas e textos sobre TI Verde. Neste link é apresen-
tado um artigo específico para a gestão de data centers que possuem alta temperatura.
• <http://computerworld.uol.com.br/gestao/2009/10/04/ti-verde-5-dicas-para-
manter-sua-empresa-sustentavel/>. Artigo com cinco dicas para tornar uma empresa
sustentável na área de tecnologia.
118 • capítulo 5
Os links a seguir estão relacionados com a parte de carreira e possuem várias dicas:
• <http://carreiradeti.com.br/>
• <http://www.profissionaisdetecnologia.com.br/blog/>
• <http://ogestor.eti.br/>
• <http://computerworld.com.br/carreira/ >
• <http://info.abril.com.br/corporate/>
• <http://idgnow.uol.com.br/>
• <http://www.michaelpage.com.br/>
Não deixe de ler os códigos de ética da ACM e SBC que estão listados nas referências deste
capítulo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASSOCIATION OF COMPUTING MACHINERY. Code of Ethics. Association of Computing
Machinery - About, 1992. Disponível em: <http://www.acm.org/about/code-of-ethics>.
Acesso em: 3 maio 2014.
capítulo 5 • 119
JORNAL DO BRASIL. Economia. Jornal do Brasil, 2012. Disponível em: <http://www.jb.com.
br/economia/noticias/2012/03/07/setor-de-ti-e-o-que-mais-cresce-no-brasil-aponta-
ibge/>. Acesso em: 3 maio 2014.
TI INSIDE. Gastos com TI devem crescer 6% em 2013 no Brasil. TI Inside, 2014. Disponível
em: <www.tiinside.com.br/29/10/2012/gastos-com-ti-devem-crescer-6-em-2013-no-
brasil/ti/308262/news.aspx>. Acesso em: 3 maio 2014.
120 • capítulo 5