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(Continuação do Acórdão referente ao Processo nº 30.006/2015..............................................)
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Leide; que acelerou o motor e sua mãe falou para diminuir a velocidade, mas não a atendeu
pois queria chegar mais rápido ao Posto Médico; que do nada surgiu um pedaço de pau que
tentou desviar mas não conseguiu, que o bote tombou e todos foram arremessados na água,
sendo que sua mãe Leide foi a primeira a cair na água, e logo após o seu primo Tiago e seu
irmão Samuel e por último o próprio depoente; que desesperado, gritava por sua mãe, e o
bote naufragou; que na sua opinião, o bote bateu na cabeça de sua mãe, e ela sem
consciência, desapareceu na água.
Laudo de Exame Pericial Indireto, ilustrado com fotos do local do acidente,
concluiu que a causa determinante foi o condutor estar se sentindo nervoso com o acidente
do irmão menor, não conseguiu controlar o bote e desviar do tronco por desenvolver alta
velocidade.
No relatório, o Encarregado do Inquérito após resumir o depoimento de seis
testemunhas, descrever a sequência dos acontecimentos e analisar os dados obtidos do Laudo
e dos depoimentos, concluiu que o Fator Humano contribuiu pela falta de prática e
nervosismo do condutor Felipe Carvalho Batista, e que o Fator Operacional contribuiu pois o
condutor Felipe, conforme seu próprio depoimento, burlou “o sistema de segurança no
motor”.
Notificado o indiciado apresentou defesa prévia. Declarou que, embora fosse
habilitado como MAF, não tinha habilidade para conduzir o bote de 6 metros com motor de
40 hp; que estava muito nervoso com seu irmão necessitando de atendimento médico e por
isso navegava em alta velocidade, devido à necessidade de chegar mais cedo ao Posto
Médico; que não teve tempo para pedir que todos utilizassem o colete salva-vidas e o
naufrágio ocorreu cinco minutos após a saída da Comunidade; que reconheceu suas falhas e
culpa; que sentirá muito a falta de sua mãe, bem como a Comunidade, pois ela era
professora, coordenadora, merendeira da escola.
A D. Procuradoria ofereceu representação contra Felipe Carvalho Batista,
condutor do bote de alumínio sem nome, com fulcro no art. 14, alínea a (naufrágio), da Lei
nº 2.180/54, após resumir os fatos promoveu pela responsabilização do condutor porquanto
foi imprudente ao navegar em alta velocidade, em um rio onde havia troncos flutuando,
estando nervoso em razão do acidente sofrido pelo irmão, foi ainda imperito pois ele mesmo
admitiu que não tinha a prática de conduzir a embarcação envolvida no acidente e negligente
por não ter orientado a vítima desparecida a usar o colete salva-vidas.
Citado, o representado Felipe Carvalho Batista foi declarado revel em
12/12/2016 e até a presente data não foi notificado desta revelia.
Na instrução nenhuma prova foi produzida.
Em Alegações Finais a D. PEM ratificou os termos de sua exordial e o
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representado permaneceu inerte.
Decide-se.
De tudo o que consta nos presentes autos, conclui-se que a natureza e extensão
do acidente e fato da navegação sob análise, tipificado no art.14, alínea a, e art. 15, alínea e,
da Lei nº 2.180/54, ficaram caracterizadas como naufrágio de bote provocando a morte de
uma ocupante e exposição a risco.
A causa determinante foi a colisão do bote com um tronco de árvore, aliado à
alta velocidade, a perda de controle da navegação do bote e à não utilização dos obrigatórios
coletes salva-vidas.
Analisando-se os autos, verifica-se que, de acordo com as fotos de fls. 45 e 46, o
local de navegação estava repleto de troncos flutuando na superfície do rio Solimões. Sabe-
se que este rio, por ser muito caudaloso, carrega em seu leito troncos de árvores retirados de
suas margens, e deve-se tomar todo o cuidado com a navegação em determinadas épocas do
ano.
Conforme os dados obtidos das testemunhas e do próprio condutor do bote,
desenvolvia-se velocidade excessiva com a finalidade de se chegar no menor tempo possível
para o atendimento médico do adolescente acidentado. A declarada inexperiência com a
utilização de tal embarcação, aliado ao nervosismo e preocupação com os ferimentos de seu
irmão, fez com que o Representado Felipe Carvalho Batista fosse imprudente e imperito,
pois não cuidou de observar a existência de diversos objetos flutuantes na superfície do rio,
objetos estes que significavam perigo à navegação. Foi ainda descuidado, devido a sua
condição de marinheiro habilitado junto à Autoridade Marítima, ao não prover os coletes
salva-vidas, obrigando-os a vesti-los, e com isso expondo a risco a segurança e incolumidade
dos ocupantes do bote.
Pelo exposto, deve-se julgar procedente a representação da PEM,
responsabilizando o representado Felipe Carvalho Batista. Deve-se levar em conta na
aplicação da pena não só os termos do art. 143, da Lei n° 2.180/54, conforme proposição da
D. PEM, mas também a culpa assumida pelo próprio Representado nos termos de sua Defesa
Prévia. Justifica-se a aplicação do art. 143, da LOTM tendo em vista que as consequências
da infração, óbito de um ente familiar, a sua própria mãe, atingiu o Representado de forma
tão grave, que qualquer sanção administrativa se torna desnecessária.
Assim,
ACORDAM os Juízes do Tribunal Marítimo, por unanimidade: a) quanto à
natureza e extensão do acidente e fato da navegação: naufrágio de bote provocando a morte
de uma ocupante e exposição a risco; b) quanto à causa determinante: colisão do bote com
um tronco de árvore, aliado à alta velocidade, à perda de controle da navegação do bote e à
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não utilização dos obrigatórios coletes salva-vidas; e c) decisão: julgar o acidente e fato da
navegação, previsto no art. 14, alínea a e art.15, alínea e, da Lei nº 2.180/54, condenando
Felipe Carvalho Batista, deixando-lhe de aplicar a sanção administrativa em face do art. 143,
da Lei Orgânica do Tribunal Marítimo.
Publique-se. Comunique-se. Registre-se.
Rio de Janeiro, RJ, em 21 de setembro de 2017.
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COMANDO DA MARINHA
c=BR, st=RJ, l=RIO DE JANEIRO, o=ICP-Brasil, ou=Pessoa Juridica A3, ou=ARSERPRO, ou=Autoridade Certificadora SERPROACF, cn=COMANDO DA MARINHA
2018.03.14 11:01:12 -03'00'