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1. Introdução
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Instituto Nacional de Seguro Social, autarquia federal, atualmente vinculada ao Ministério do
Desenvolvimento Social e Agrário.
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Ver Caetano (2011).
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As normas básicas dos regimes próprios estão previstas no art. 40 da Constituição Federal, na Lei
Federal nº 9.717/98 e nas Portarias do Ministério da Previdência Social de números 402/2008 (diretrizes
gerais) e 403/2008 (normas de atuária).
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período contributivo. Além disso, como determina o art. 1-A, § 1º da Lei nº 9.717/98, o
ente público instituidor do RPPS será o responsável pela cobertura de eventuais
insuficiências financeiras decorrentes do pagamento de benefícios previdenciários.
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𝑁
𝐵 = 𝑡 ∗ 𝑊 ∗ ( 𝐴) (1)
𝑁𝐼
Pela expressão (1), fica claro que o benefício previdenciário que equilibra o sistema do
ponto de vista financeiro depende do salário de contribuição, da alíquota incidente
sobre esse salário e do inverso da taxa de dependência, que é a razão entre o número
de servidores inativos e ativos (𝑁𝐼 ⁄𝑁𝐴 ). Se o número de servidores inativos aumenta
em razão de aposentadorias e o número de ativos diminui, então o valor de B deveria
cair para equilibrar o sistema do ponto de vista financeiro, a menos que haja superávit
financeiro acumulado em períodos anteriores. Isto nos leva a outro importante conceito
a respeito da sustentabilidade de um sistema previdenciário ao longo do tempo, que é
o de equilíbrio atuarial. Seja 𝑉𝑃𝑅𝑇 o valor presente da receita do sistema, e 𝑉𝑃𝐷𝑇 o
valor presente do pagamento de benefícios aos segurados do sistema. Se o sistema
está em equilíbrio atuarial, então o valor presente das contribuições é igual ao valor
presente do pagamento de benefícios, ou seja, 𝑉𝑃𝑅𝑇 = 𝑉𝑃𝐷𝑇 , o que implica em:
𝑅𝑇𝑡+𝑖 𝐷𝑇𝑡+𝑖
∑𝑇𝑖=0 = ∑𝑇𝑖=0 (2)
(1+𝑟)𝑖 (1+𝑟)𝑖
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Ver Portaria do Ministério da Previdência Social n°403, que “dispõe sobre as normas aplicáveis às
avaliações e reavaliações atuariais dos Regimes Próprios de Previdência Social – RPPS da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, define parâmetros para a segregação da massa e dá
outras providências”.
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Cabe ressaltar que nos últimos três anos os estados de Minas Gerais, Rio Grande do
Norte, Paraná e o Distrito Federal que haviam adotado o modelo de segregação da
massa para equacionamento do déficit atuarial de seus RPPS aprovaram leis
autorizando a utilização dos recursos que vinham sendo capitalizados, conforme pode
ser observado no gráfico abaixo:
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Receitas Despesas
Ano Resultado
Previdenciárias Previdencias
2006 1.177.441.334 1.921.834.676 -744.393.342
2007 1.264.801.996 2.101.006.878 -836.204.881
2008 1.465.776.204 2.388.997.500 -923.221.296
2009 1.628.039.695 2.711.076.606 -1.083.036.912
2010 1.746.732.913 2.956.088.791 -1.209.355.878
2011 2.019.870.839 3.310.507.812 -1.290.636.973
2012 2.293.288.325 3.833.042.369 -1.539.754.044
2013 2.424.477.466 4.762.794.231 -2.338.316.765
2014 2.612.579.138 5.325.071.331 -2.712.492.193
2015 3.018.816.915 6.224.870.488 -3.206.053.573
2016 3.332.353.202 7.059.439.002 -3.727.085.800
2017 3.362.601.343 8.031.264.873 -4.668.663.530
2018 3.576.274.000 8.569.729.846 -4.993.455.846
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Devido à magnitude dos valores envolvidos, considerando que o IPREM administra o RPPS, e o seu
custeio é uma parcela ínfima do gasto total do IPREM, pode-se inferir que o déficit do IPREM está
totalmente relacionado ao déficit do RPPS.
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A definição de RCL é dada pelo Inciso IV do art. 2º da Lei Complementar 101 de 2000, Lei de
Responsabilidade Fiscal.
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A Tabela 2 também mostra o peso da despesa com pessoal em relação à RCL. Por
exemplo, o percentual dessa despesa foi de 35,25% em 2006 a 36,93% em 2017.
Comparando esses percentuais com o limite de 60% estabelecido pela LRF para os
municípios, fica a impressão de que não há estrangulamento das contas públicas do
Município de São Paulo em virtude da política de pessoal em período recente8.
Ressalte-se que o valor do déficit financeiro do RPPS faz parte do computo das
despesas com pessoal.
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Segregação de massas
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É importante ressaltar que tanto o FINAN como o FUNPREV são fundos com a
finalidade de administrar e prover recursos para o pagamento dos benefícios
previdenciários na modalidade de benefício definido. Como ressaltado antes nesta
nota técnica, o valor do benefício previdenciário em um modelo do tipo benefício
definido é definido a priori, com proventos de aposentadoria assegurados na
Constituição Federal (§ 3º, art. 40) e disciplinado pela Lei Federal nº 10.887/2004,
correspondendo a 80% de todo o período contributivo.
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Consoante a Portaria MPS nº 403/2008, o Regime Financeiro de Repartição de Capitais de Cobertura é
um regime “em que as contribuições estabelecidas no plano de custeio, a serem pagas pelo ente
federativo, pelos servidores ativos e inativos e pelos pensionistas, em um determinado exercício, sejam
suficientes para a constituição das reservas matemáticas dos benefícios iniciados por eventos que
ocorram nesse mesmo exercício, admitindo-se a constituição de fundo previdencial para oscilação de
risco”.
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Esta é uma boa política, visto que cria uma transição para um sistema
de capitalização e também estabelece tratamento diferenciado para
distintos níveis de renda. Aqueles que ganham além do teto do RGPS
terão suas aposentadorias e pensões calculadas por contribuição
definida para o montante do benefício que exceda aquele teto
(CAETANO, 2010, p. 14).
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http://www.previdencia.gov.br/2018/01/beneficios-indice-de-reajuste-para-segurados-que-recebem-
acima-do-minimo-e-de-207-em-2018/
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Outro elemento importante a ser ressaltado é que o Poder Executivo terá poder
discricionário de alterar a alíquota de contribuição, dentro de certos limites, sem
necessidade de lei específica, mediante justificativa técnica. A tabela apresentada
anteriormente pode ser sintetizada da maneira abaixo:
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Indicador de cobertura do passivo atuarial: esse indicador indica a capacidade do RPPS em cumprir
com os benefícios prometidos, comparando-se os recursos garantidores com as obrigações de longo
prazo. Portanto, o cálculo do indicador é obtido por meio da divisão entre os ativos garantidores e o
passivo atuarial.
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Com os dados elaborados pela Vesting, a FIPE (“Estudo sobre o Regime Próprio de
Previdência Social (RPPS) dos Servidores Públicos da Prefeitura do Município de São
Paulo, 2017) recalculou o déficit atuarial a partir da exclusão do ano de 2017 e
inclusão de 2092. Como resultado o déficit atuarial estimado pela FIPE foi de
R$ 155,7 bilhões.
O estudo da FIPE, também, mensura o impacto atuarial de cada uma das medidas
propostas no PL621/2016 para solucionar o déficit atuarial. A Tabela 1 apresenta os
ganhos com cada medida, bem como uma estimativa dos resultados que poderão ser
obtidos com a reforma previdenciária federal e a adoção de medidas de gestão:
Impacto em % do
Medidas Atuarial Passivo
Passivo Estimado - Cenário Base 155.692,88 100%
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Equação 1:
(1 + 𝑤)0,2𝑇 1 (1 + 𝑖)𝑁 − 1 (𝑖 − 𝑤)
𝑐= ((1 + 𝑤)0,8𝑇 − 1) ( 𝑁 )
0,8𝑤𝑇 𝑖 (1 + 𝑖) (1 + 𝑖)𝑇 − (1 + 𝑤)𝑇
A fórmula expressa na Equação (1) refere-se à alíquota total, ou seja, soma das
alíquotas de contribuição patronal e de contribuição do servidor. A variável (c)
representa a alíquota que iguala o valor das contribuições ao longo da vida ativa do
servidor (período de T anos) ao valor dos benefícios recebidos pelo servidor (período
de N anos), ambos trazidos a valor presente a um taxa de juros de i% ao ano.
Importante destacar que a modelagem descreve um sistema previdenciário, em que as
aposentadorias correspondem a um valor igual à média dos 80% maiores salários de
contribuição, regra na qual se encontram os servidores ingressantes do sistema desde
2003.
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valores para as variáveis que compõem a Equação (1). Na medida em que o estudo
da Vesting separa os servidores, conforme as regras de aposentadoria diferenciada,
por sexo e grupo de carreira, (professor, profissional da saúde, guarda civil e demais),
apresentamos os resultados também divididos por sexo e grupo de carreira, bem
como pela média global dos servidores.
4. Referências
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FIPE. Estudos sobre o Regime Próprio de Previdência Social (RPPS) dos Servidores
Públicos da Prefeitura do Município de São Paulo, 2018.
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