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A ira de Aquiles, por destruidora que possa ser, tem como estopim a negação do
seu desejo: privado por Apolo de possuir seu butim de guerra – Criseida, filha do
sacerdote do deus – Agamenon, rei dos helenos, busca a satisfação do que lhe foi
negado na figura da troiana Briseida, o espólio já atribuído a Aquiles. O início
das desgraças que povoaram o inferno de tantas almas valentes, a fúria de
Aquiles e sua retirada do palco da guerra, causado pelo desejo cuja satisfação
não lhe foi permitida.3 A relação entre desejo e violência está igualmente
presente em outra narrativa, ela também de caráter fundacional: é o desejo que
exsurge em Caim e, dominando-lhe o espírito, fá-lo precipitar-se sobre seu irmão
e mata-lo4 . A história do homem é a história dos desejos não dominados: é a
história da violência.
1 Nunca é supérfluo acentuar o caráter fundador dos textos homéricos: ali se afirma um
ethos, um conjunto de valores e um ideal de humano que a despeito de suas
transformações (ou, mais propriamente, em virtude delas) continua presente no
desenvolvimento da nossa civilização.
2 HOMERO. Ilíada, canto I. 1-4.
3 Ibidem, canto I, passim. É interessante notar que a primeira reação do encolerizado
Aquiles é sacar a espada para matar Agamenon, feito que apenas lhe é impedido pela
aparição da deusa Atena. A violência, neste contexto, apanágio do herói divino, só pode
ser limitada por uma intervenção direta das divindades superiores.
4 Gênesis, 4: 5-8. “E irou-se Caim fortemente, e descaiu-lhe o semblante. E o Senhor
disse a Caim: Por que te iraste? E por que descaiu o teu semblante? Se bem fizeres, não
é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu
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desejo, mas sobre ele deves dominar. E falou Caim com o seu irmão Abel; e sucedeu
que, estando eles no campo, se levantou Caim contra o seu irmão Abel, e o matou.”
5 PLUTARCO. Vidas paralelas: Teseu e Rómulo. Trad. Delfim Ferreira Leão, 10.1.
6 TODOROV, Tzvetan. A conquista da américa; a questão do outro. Trad. Beatriz
responsável pela morte de populações inteiras, tem seu epíteto repetido em estátuas,
rodovias, redes afiliadas de televisão e, mesmo, centros universitários privados.
9 “A Revolução é a guerra da liberdade contra os seus inimigos”. ROBESPIERRE,
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É com base nas obras de alguns destes autores que estruturamos nosso curso.
Seu objetivo é buscar responder a algumas perguntas, cercar o problema da
violência sem pressa, evitando o reducionismo sedutor dos positivismos de toda
espécie – quer deite raízes na psicologia popular grosseira ou na sociologia
vulgar.
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IV – IMPESSOALIDADE E ALIENAÇÃO.
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3. METODOLOGIA E AVALIAÇÕES.
Tais aulas demandam, portanto, a leitura contínua dos textos selecionados: para
que, deste modo, seus conceitos se esclareçam na leitura que propomos. Não se
trata de já ter lido todo o texto, mas de construirmos um ritmo próprio de leitura.
É importante ressaltar este ponto: afora o texto do Freud – significativamente
maior – os textos escolhidos não são longos, mas possuem uma relativa
densidade.
Não estão especificadas as datas de cada aula, na medida em que cada texto pode
nos demandar uma atenção maior. Temos 5 aulas para cada texto: alguns
exigirão todas estas aulas, outros poderão ser ultrapassados de forma mais
célere. O importante é estar sempre, continuamente, em contato com os textos:
ler, problematizar, buscar amparo em outros textos.
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Por fim, 30 pontos serão distribuídos ao longo dos tópicos mencionados, e serão
atribuídos à participação nos debates; ao diálogo fundamentado que travaremos
durante o semestre.
4. TEXTOS COMPLEMENTARES.