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Manifesto em defesa da ordem constitucional e das instituições democráticas

A nação brasileira lutou muito para construir um Estado democrático. Em uma ditadura, o poder
de Estado é usurpado para perseguir, forçar depoimentos, prender e torturar cidadãos. Uma
democracia não pode permitir que os representantes do povo e os guardiões da lei ajam fora da
lei. O povo brasileiro já escolheu em que regime político viver.

Antes de todos os cidadãos, os guardiões da lei – juízes, promotores, policiais – se submeter ao


princípio da legalidade de seus atos e são constrangidos por ritos processuais. Sob pretexto de
defender o cumprimento da lei, não podem desrespeitá-la. Muito menos atropelar a lei
sistematicamente, sob quaisquer pretextos.

O juiz Sérgio Moro faz da exceção uma nova regra: com a justificativa de que investiga
poderosos, abusa dos poderes à sua disposição e convoca espetáculos escandalosos na grande
mídia em que cidadãos intimados ou investigados, às vezes sequer acusados, não são
presumidos como inocentes.

Cidadãos são intimidados com exposição espetacular de suas conduções coercitivas e detenções
ditas provisórias, em operações vazadas para a grande mídia. Prisões justificadas pelo suposto
perigo à ordem pública representado pelo prisioneiro tornam-se pretextos para forçar delações
extraídas sob ameaça da extensão da detenção e com o prêmio da liberdade em vista. A validade
dos depoimentos não é prejudicada pelo uso de métodos que se assemelham à chantagem e à
tortura psicológica?

Tamanha arbitrariedade reforça e ao mesmo tempo reflete a cultura de um Estado policial que
trata ainda mais violentamente os cidadãos que não considera poderosos. É uma herança da
ditadura contra a qual temos que reagir.

O abuso cotidiano ficou evidente com a condução coercitiva do cidadão Luís Inácio Lula da Silva,
que não resistiu a uma intimação judicial porque sequer foi intimado. Todos os anos, milhares de
brasileiros são conduzidos coercitivamente a depoimentos sem serem intimados pela justiça. O
juiz Sergio Moro já determinou 116 conduções coercitivas cuja legalidade é questionável. A
arbitrariedade só ficou mais patente neste caso por atacar os direitos de um ex-presidente que já
se dispusera a depor voluntariamente na Operação Lava-Jato.

O argumento do juiz Sérgio Moro de que a condução coercitiva buscava proteger o cidadão
público beira o absurdo. Se fosse para proteger a segurança, bastava uma intimação sigilosa. Ao
contrário, o juiz Moro mais uma vez preferiu o espetáculo inquisitório ao respeito da lei. A
arbitrariedade de seu ato induziu a violência que dizia querer evitar, além de ser abusivo em si
mesmo.

Quem vai colocar um limite à arbitrariedade do juiz Sérgio Moro? Ele e seu padrão de
comportamento estão acima da lei?

O direito de todos os cidadãos deve ser garantido e não atropelado pelos guardiões da lei. Os
cidadãos, as entidades e organizações da sociedade civil abaixo, subscrevem este documento
em defesa da ordem constitucional e contra o golpe às instituições democráticas.

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