Você está na página 1de 85
bisOre | REVISTA DE Bee ecm RU Osmo ei sik mei SECIL Fabricado pelos mais modernos pro- cessos e preferido para todos os tra- bathos de responsabilidade. Sacos de papel ou de juta com 50 Kg. Barricas de 180 Kg. s B&B CiIL COMPANHIA GERAL DE CAL E CIMENTO RUA DO COMERCIO, 56, 3.° LISBOA re, ~ CIMENTO on Socicoane Lnoustaiae Meravurcica Responsabilidade Limitada (REGISTADO) one SERRALHARIAS, CALDEIRARIA, PERRARIA, FUNDICOES aon SORITORIO Rua de S. Tiago, 13 LISBOA Telefone 26572 2 Cinewro TED FABRICA EM ALHANDRA AEEESEEIIURIIIOLOIICOEEAA A instalagéo mais moderna do Pais. Dois fornos rota- tivos em laboracéo.—O “CIMENTO TEJO” marca pelas suas altas resisténcias ¢ regularidade, garantidas pela fiscalizagdo continua de todas as fases do fabrico, exercida por técnicos portugueses especializados. Pedidos & Compania “CIMENTO TEJO” SEDE EM LISBOA RUA DA VITORIA, 88, 2.° FILIAL NO NORTE, AV. DOS ALIADOS, 20, 3.° PORTO NUMERO 175 Junho—1947 TECNICA REVISTA DE ENGENHARIA ALUNOS DO INSTITUTO SUPERIOR TECNICO edsogo« Aéninniagio AV. ROVISCO PAIS, IST / LISBOA.N./ TEL. 70144 (inka 80) DIRECTOR FERNANDO MANZANARES: ABECASIS. Abuinistaapbn SUMARIO FERNANDO JACOME DE CASTRO | CAPA —Colector em construgSo nas Obras da SecgSo do BIBLIOTECARIO | Porto de Lisboa JOSE TELES | | Pees SECRETARIO Notas histérico- pedagégicas eNnGunesracio sobre o Institute. Superior mous: Técnico. vests ee ees +) Dev Aliredo Bensaude s\9;+.:, 491 REDACTOR JOSE QUINTINO ROGADO bas obras publicas y Mismo. snes > Eng? Jose Paz Meroto,. «4a | Os métodes de separ minerais em meios densos || Sink-ondsFloats). =» - Engr Alber Cerveita «450 NoMERO AVULSO 7850 sagumarunaee Eng: José Nicolan Pais Gro- tnicho as do 6. ano de minas a Fronca 05 ¢ Estrengolro —~ 45900 00900 @ Espanha (curso de 1946-47) Jose Rogado © Fernando Bila ele ap | | | Moen so ca yc ake ews Oe RDITOR E PROPRIETARIO. 485. DOS ESTOD. DO: 5.1. 0S ARTIGOS PUBLICADOS NESTA REVISTA SAO | | | DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES, COMPOSTO & IMPRESSO Tip. JORGE FERWANDES, L.°* Lema RUA CRUZ DOS POIAIS, 103 LISBOA, HL GENERAL @ ELECTRIC Schenectady, N. Y. ‘Sub-estagdo ao ar livee de 25.009 KVA, 220.000 volts: Motores © dinamos. Alternadores. Transformadores. Aparelhos para slta © baixa tensio Contrais termo © hidroeléctricas. Instalacdes para melhorar o factor poténcia. Tracedo eléctrica. Méquinas, Transformadores © Electrodes pare soldadura sléetrica. Fornos eléctricos, Automo- toras eléctricas © Diesel Eléctricas. Turbines de vapor. Aperelhos do iluminacdo. Instrumentos de medida, Condutores eléctricos, Electrificacdo de fébricas, Comandos eléctricos especisis ‘pata fabrices tézteis, fabricas de papel. etc. Maquinas irigorificas. Emissores @ seceplores para T. $F Apatelhagem de Electro-Medicina. Instalacdes de Som. GENERAL @ ELECTRIC Portuguesa, S.A, RL. LISBOA lal, Rua do Norte, 5 Telal. 28135-28136 RUAN andard Elecirica ASSOCIADA INTERNATIONAL TELEPHONE AND TELEGRAPH CORP EQUIPAMENTOS PARA TODOS O$ GENEROS DE COMUNICAGOES ELECTRICAS por ridio e por circnitos metilicos. A EQUIPAMENTOS DE TODAS AS POTENCIAS PARA RADIODIFUSAO E TELEVISAO. 4 GRANDES E PEQUENAS CENTRAIS TELEFONICAS, manuais e auto- andticas. 4 TODO O GENERO DE APARELHAGEM MANUAL E AUTOMATICA para instalagdes telefénicas ¢ telegrificas. FORNOS ELECTRICOS desde pequenas poténcins, com aquecimento por correntes de radiofreqiléncia, SISTEMAS PATENTEADOS, DE ANTENAS de alta eficiéncia. & 4 CABOS DE TODOS OS TIPOS para comunienges em tddas as freqién- cias © para transporte de energia. ! i BQ 1 Telefone 2 3111/2/3 Rua Augusta, 27 LISBOA || a), © QUE SE PASSA POR DETRAS DO SEGMENTO SUPERIOR Peguemos: ns fupa © observemos ‘95 gases que, do cAmara de com- bbustéo, abrem carminko pata a face inferna do segmento superior. As selas ‘negras mosiram como 9 segments é ‘ampurrade contra # parede do cilin~ dro-eéren de 40 quilos por em? que fa pelicula de Stoo interposia tem de suporiar, emquan- to a temperatura ‘excede 300° C. Bo sie se exie ge) aestas condi- (gBes, que evite 0 contacto das superli- ies melalicas @ ainda que vede = pastagem dos gases de combusilo, para no haver pot perdicada, x lubrificantes Gargoyle que ttm acempanhade sempre 2 evolucze do lubrificagdo. Hoje as sologdes sor ‘A série Gargoyle D. 1. E: pare os motores Diese! lentos. A série Gargoyle DELVAC 900 para oz molores Diesel rapidos, TECNICA FERNANDO MANZANARES ABECASIS ANO XXII-N.2 175 JUNHO 1947 NOTAS HISTORICO-PEDAGOGICAS SOBRE O INSTITUTO SUPERIOR TECNICO ror ALFREDO BENSAUDE Organeséor do mesao lsat « ee Director desde 1911 9 1920 (Coneluaao) cp. 37 PROFESSORES Deficigncias do processo tradicional de recrufamento Para que a organizagio escolar aqui deserita pudesse condusir a bons resultados, era evidentemente necessirio que os professores fossem especialisias das suas ciéncias Jogo & sua entrada para a escola. O reerutamento de professores, segundo os nossos métodos tradicionais, nfo satisfazia a tal exigéncia impreseindivel, pois, quando os professores esvolhides por esses processos siio realmente bons, 6 porque possuem, por acaso, qualidades que 0. concurso (corrente entre nds ao fundar-se 0 Instituto) nfio pode por normalmente em evidéncia, Como esse processo de reerutamento ainda encontra apologistas, seja-nos permitido transerever algumas palavras escritas por nés hé 29 anos e que infelizmente tém ainda alguma actnalidade : «Uma das causis primordiais do nosso atraso parece-nos que se deve procurar no método.pouco apropriado pelo qual entre nds so. faz o reerntamento do pessoal docente. Se procurarmos averiguar as idades em que geralmente os professores portugueses atingem a citedra, encontraremos que a sua média ser compreendida entre os 25 e os 35 anos. Nas escolas estrangeiras dos paises que marcham na vanguarda da ciéncia, raras vezes se chega a ser professor efectivo com menos de 40 a 45 anos, e sfio vulgares os casos em que se tinge o cargo em idade mais avangada. Procurando a explicagio deste facto, vemos que nesses pafses se exige do professor que, até a sua nomeagao delinitiva, se ocupe de criar uma reputagio cientffica que lhe dé» autoridade indispensiivel para ser respeitado pelos seus escritos e pela sua ciéncia, manifestada na especialidade que deseja professar. «Se 6 um téenico, passou.a maior parte da sua vida projectando e dirigindo trabalhos de construgio de caminhos de ferro, de ttineis, ou dirigindo estabelecimentos fabris, ete., conforme a sua especialidade, TECNICA ant «86 depois de ter mostrado priticamente, aos olhos de todos, que sabe tirar o méximo partido dos seus conhecimentos, ¢ que, em geral, 6 chamado ao magistério, sobretudo se, aos trabalhos da pritica, sabe aliar a parte especulativa da sua ciéncia especial. «Mio acontece o mesmo no magistério portugués, e bem se pode taxar de extraor- dindrio que, ainda assim, alguns professores tenham obtido merecida reputagio. «0 processo do eoneurso piiblico, na forma adoptada entre nés, na Espanha e no Brasil, para preencher as vagas do professorado...... 6 apenas uma tradigio arcaica das universidades da idade média, em que o fim das disputas escolisticas era mais a vitéria do arguente, do que a conquista da verdade. «Para confirmar as nossas opiniées, citaremos o parecer dum ilustre homem de ciéneia norte-americano, Orville-Derby (um dos organizadores do servigo geolégico brasileiro), que descreve o estado da ciéncia contemporanea no Brasil 40 sistema do preencher as vagas de professoraio por concurs, pela forma como até agora se tem usalo, da muitas vezes @ preferdncia as qualidades brilhentos ¢ A subtilidado retérica sobre 0 mri Ps " Walon see ee eee pelo j silidamente eompro- ‘0s mais competentes recusam-te a eoncorter ao logae vago jo, s0 concorrem, so rejeitaos aja maioria tem apenas conhecimento muito superficial da matéria da eadeira que se acha a concarso>, «Se 08 nossos processos de concurso sio deficientes para o ensino, mesmo quando se trata de ciéncia especulativa, com muita mais razio o serio nas escolas téenicas, em que-a teoria deve ser insepardvel da pritien, .... Partilha-se entre nés a opinido de que ‘8 falta de conhecimentos priticos do professor se corrige pela instituicio do preparador. Tsto é porém um engano..... Sem conhecimentos ¢ aptiddes priticas, o que professa carece do tinieo eritério seguro para dar 0 conveniente desenvolvimento aos diversos capi- tulos da teoria, segundo a sua importineia pritica. «Poder-se-ia aduzir, em defesa do processo do coneurso, que o nosso meio oientifico 6 muito restrito, nfio sendo fécil, por outro modo, preencher as vagas das nossas escolas. Mas este argumento equivaleria a por ém diivida que estamos aptos a ter escolas nacionais de utilidade. Isto, porém, no se pode sustentar em absoluto, porque a falta de homens de ciéncia entre nés, que é grande, nio 6 total. Alguns tém contribufdo para o progresso da ciéneia sem terem pertencido ao corpo docente das escolas. . . «Se Carlos Ribeiro, em vex de ser filho de Portugal, tivesse nascido na Sufga ou na Alemanha, por exemplo, teria sido chamado, na iiltima metade da sua vida, a ocupar uma, cadeira de geologia, depois de ter crindo esta ciéncia no seu pafs... Mas este e outros homens em iguais circunsténcias no pertenceram ao ensino, porque, depois da sua repu- tagio formada, nfo podiam sujeitar-se As deliberagdes dum jtiri composto, como diz Derby, por uma maioria que conheoe apenas ao de leve o assunto da cadeira a preencher, em risco, por isso, de serem suplantados por homens apenas safdos das escolas, que nada tém a perder e tndo a ganhar numa votagio andnima, em que nem é possivel fazer assumir aos membros do jtiri a responsabilidade dos seus votos. «His porque a média da idade dos professores portugueses é inferior A dos profes- sores estrangeiros, quando atingem a eétedra'n, Professores, que satisfagam iis exigéncias do tradicional coneurso, possuem decerto algumas qualidades apreeidveis, mas no provaram que tém as essenviais pars produzir bons alunos. Couhecerto geralmente o que ensinam os compéndios duma dada ciéacia, (1) Projecto de veforma de ensino enoligioo, oe p. 9. TECNICA 432 podendo portanto preparar ligdes orais sobre os seus capitulos; mas isto que, 86 por si, nfio basta para os graus inferiores do ensino, é, com maior razao, inguficiente para o superior. As ciéncias tém geralmente as suas téenicas especiais, cujo conhecimento pratico é {Ho necessiirio como o das teorins ; estas, poderd ainda o aluno conhecé-las pela exposigio oval; mas os métodos cientfficos de investigagio, cujo ensino representa a parte mais impor- iante © caracteristica dos estudos superiores, s6 se adqnirem por tirocinio prético sob a direcgio dum mestre, porque «a edueagio eientifica & sobretudo uma questo de contigios! ¢ 0 ensino das ciéncias, privado da pritiea dos seus métodos, degenera em ensino secun- Aério, porque se limita ao esindo dos resultados gerais. Qualquer pessoa medianamente ilustrada, inteiramente incapaz de realizar a mais simples investigagio cientifica, sobretudo se possuir a inconseiéneia que dé a superficial dade, pode, com alguma leitura prévia, recitar ligies sobre o que o8 outros conceberam, observaram ou explicnram} e, se 0 conferente falar bem, poder ser mais apreciado, por uum anditério de leigos, do que o seria, no seu lugar, um sibio eminente, especializado na matéria, menos senlior na retériea, mas o tinico eapaz de formar disefpulos com as suas qnalidades. Pelos nossos processos de concurso piiblico, o primeiro seria, muito provavel- mente, preferido ao segundo. Ora, o adventfcio na cigncia, conhecendo-a s6 pelos livros, por muitas certiddes de exames qne tenha aleangado nas nossas escolas, onde tem predominado o verbalismo, 86 poder’ formar alunos 4 sua imagem. Os paladinos do nosso sistema tradicional afirmam As vexes que 0 professor nito pre~ cisa ser um sébio; mas, como por outro lado, nfo poderso sustentar que possa ignorar indo, seria, segundo essa opinido, o que fica a meio caminho, entre sibio e ignorante, ou seja um curioso com facilidade de exposicio, porque, sem essa qualidade, o éxito no con curso seria impossivel. ‘Uma vex aceite o prinefpio absurdo de que o professor niio precise ser sitbio, bastando que seja bom expositor, explica-se um fenémeno que tem sido corrente entre nés, mas inconcebivel nos paises onde a primeira condigSo para ser professor é justamente ser siibio na especialidade que se pretende ensinar. Referimo-nos ao caso, nfo muito aro nas nossas eseolas superiores, de se ter visto um professor escolhido para uma determinada cadeira, em virtude da competéncia real ou suposta, manifestada ao concurso piiblico, passar, dum dia para o outro, @ reger uma cadeira sem grande ligagho cientifiea com aquela para que fora primitivamente nomeado; ¢ estas mutagdes faziam-se, ¢ niio sei se ainda se fazem, como @ cousa mais natural do mundo! ‘Tem havido até, em certas escolas, professores sempre prontos a suprir todas as vagas ocasionadas pelo impedimento de colegas, professando, alternadamente, varindas ciéncias, como se o dominar uma tiniea nfo fosse j4 uma coisa tio diffeil que 86 poucos © conseguem, quanto mais dominar vérias. Se se convidasse um professor de quimica ou de fisica, de qualquer boa escola superior estrangeira, para reger uma cadeira de zoologin ou de botiniea, por exemplo, a resposta seria uma recusa imediata, tio absurdo parecia © convite, O professor que o accitasse arriscava-se até a ser desrespeitado pelo auditorio, Jogo que este reconhecesse que a falta de ciéncia propria era suprida pela recitagko de um compéndio ou por palavriado sonoro. ‘Tal convite seria entre nés mais ficilmente aceito, nio porque sejamos génios universais, muito superiores aos nossos colegas estrangeiros, mas evidentemente porque, a0 nosso professor, se exige principalmente a preparagio livresoa, necessiria para tomar conhecimento, pela leitura de compéndios, dos principais t6picos de uma ciéneia, e para sobre eles preparar ligées orais ; porque o ensino superior tem sido concebido um pouco como uma espécie de ensino secundério desenvolvido. () Henri Le Chatalie, Swplénent del technique moderne, vol. x1, n,° 5, Mai 1911; TECNICA 433 aluno, por seu lado, desejando na maioria dos casos obter apenas a certidio de exame, acha bem tudo quanto possa diminuir 0 esforgo necessirio para o alcangar e, por isso, nfo reclama geralmente. Limita-se a decorar 4 ultima hora o compéndio pelo qual © professor preparou as suas ligdes, esquecendo muitas vezes, logo em seguida, o que assim estudou para exame. Professores escolhidos por tal processo, contra o qual o bom senso de Ramalho Ortigéo protestava iniitilmente hi quase meio século, estio apenas em éptimas condicdes para perpetuarem o ensino verbalista, moléstia de que tem enfermado, de alto a baixo, toda a nossa instrugho publica. Enquanto o tradicional processo de recrutamento de pessoal docente for adoptado em qualquer escola, @ sua acgio seré mais ou menos nociva, porque produziré alunos a quem desenvolve aspiragdes, sem Ihes facultar clementos para as satisfazer honestamente. Fard muitas vezes, dos espertos sem escriipulos, parasitas sociais, e, dos honestos, infelizes revoltados. ‘A primeira das condigdes para que uma escola seja bon é possuir um professorado 0 mais sdbio posstvel ; 0 resto 6 muito fécil de conseguir ; mas, sem esse elemento basilar, stio imiteis todas as reformas, todas as leis ¢ todos os regulamentos. { ‘Além do eonhecimento do que ensinam os compéndios, o professor, para produzir bons disefpulos, precisa de outras aptiddes mais raras. Se se trata do ensino das ciéneias fisico-naturais, cuja iraporténcia, no ensino técnico ¢ até na pedagogia moderna, é enorme © cujos métodos se vio introduzindo no estudo de todos os assuntos, o professor deve ter fa vista e os dedos educados para observar bem, coisa que poucos sabem, e para preparar a observagiio, tanto mais precisa e completa, quanto mais habeis as mfios do observador. Deve ter o senso critico educado, para interpretar de um modo pessoal e indepen- dente a observagio realizada, sem estar sujeito A tirania dos compéndios ¢ dos grandes mestres; mas deve também’ possuir a honestidade e a modéstia, que dXo o tirocfnio cientifico, para sacrificar & verdade o desejo de fazer descobertas: defeito de que sofrem muito os amadores. Deve ter a abnegagio suficiente para rejeitar como imitil a prépria concepefo, arqui- tectada As vezes com amor, se um facto observado se Ihe opde. Deve ter adquirido uma vontade serena e persistente, para que o esforco gasto em tentativas imiteis Ihe nfo tire a coragem de prosseguir no trabalho. As suas qualidades intelectuais ¢ morais devem estar, em suma, adptadas 2 missfio a que se dedicou, wInstruir nfo é apenas ensinar verdades ; consiste essencialmente em inspirar o amor da verdade, que é 0 sentimento profundo da dignidade da razon. A felicidade elevada que o principiante experimenta ao descobrir por si o facto cientifico, a admiragio pela ciéncia do mestre, so dos maiores est{imulos que o levam a estudar por gosto, podendo decidi-lo a dedicar para sempre as suas faculdades e a sua energia a um determinado ramo de saber, sacrificando até para isso o seu bem-estar mate- rial. Pasteur, que era um fraco orador, se tivesse nascido portugues, teria passado a vida, provavelmente, como figura secundiiria em algum dos nossos obscuros Iaboratérios, Num ambiente mais propfeio, conseguiu ser um grande sébio e um grande professor, embora a retdrica nio fosse o seu forte, «Quando a sabedoria vai adiante a eloquénoia segue-a como fiel companheiray (Santo Agostinho). £ dessa cloquéncia que precisa o professor mas, também h4 outra que os incultos ndo sabem distinguir da primeira, e que serve para encobrir com palavras a falta de sabedoria. Se pelos nossos métodos tradicionais, feitos como que para excluir os mais compe- tentes, ainda assim tem havido entre nds professores como Daniel da Silva, Anténio dos TECNICA 434 de dor air ias me ter car or. les io am nie sto ta ua, te- la, um va no as, ra 1e os. Santos Viegas, Julio Henriques, Gomes Teixeira e outros, excelentes mestres em toda a parte, 0 seu mimero teria sido muito mais considervel, se esses processos tradicionais de selecgiio fossem menos absurdos. O ilustre professor H. Le Chantelier, numa conferéneia sobre ensino téenico, resume do modo geguinte as qualidades a exigir do pessoal docente de uma escola superior: «Seria necessirio, antes de tudo, escolher exclusivamente os.professores ¢ todos o8 membros do corpo docente, entre os homens que trabalharam com éxito e produgiram alguma coisa do ponto de vista cientffico ou do ponto de vista téonico, numa palavra, que prosperaram na vida e, por isso, possuem as qualidades que se protende desenvolver nos alunos.» ‘A mesma ideia se encontra expressa num parecer submetido ao Ministro do Coméreio ¢ Indvistria francés pela Sociedade dos Engenheiros Civis de Franca, a propésito do ensino tenico superior: «Chamamos particularmente a atengiio para o problema do recrutamento dos professores das eseolas de engenheiros. Estes devem ser, ou devem ter sido engenheiros militantes... Se certos Inurendos estio,. no sair das escolas, como que designados para professores, devemos, apesar disso, deixi-los seguir para a vida pritica e retoms-los para © ensino depois de ge terem distingnido nel. «¢O mesmo se advoga, numa meméria italiana recente, na qual se aconselha a nfo confiar o ensino aos laureati di fresco. O recrutamento dos professores do Instituto Superior Técnico Nas observagdes precedentes rememoram-se as deficiéncias do nosso proceso tradi- cional de recrntamento do pessoal docente, para que poss compreender-se 0 que se desejou evitar com as normas adoptadas no Instituto. A sua lei orginicn determina que, vagando uma das cadeiras, 0 Consellio Escolar convide para o sew provimento qualquer pessoa que tenha dado provas de muita compe- téncia, pelos seus trabalhos, nas matérias que constituem o programa da dita eadeira, ‘A vontade do Conselho’Hscolar nunca 6 secreta e fundn-se num parecer assinado por trés professores ordindrios, cujas cadeiras tém afinidades cientificas com a que se deseja prover, e pelo director — parecer que 6 publieado no Didrio do Governo. A escolha do candidato justifiea-se pois num documento ptiblico, que todos os interessados podem conhecer ¢ até impugnar, a que esti ligada a responsabilidade profissional dos trés professores peritos, moralmente responsdveis pela decisio do Conselho. Uste proceso garante maior seriedadade do que o concurso de provas pitblieas, em que a votagio é por eserntinio seereto, ea maioria dos votantes, mesmo que seja muito conhecedora das suas oféncias especiais, nilo pode ter a competéncia necessiria na diseiplina que 0 candidato se propde ensinar, para votar conscienciosamente quando guiada sé pelas suas impressdes pessoais, 1 por este método que se tém feito até hoje todas as nomengdes propostas ao Gloverno pelo Conselho Escolar, atribuindo sempre muito menos valor aos diplomas académicos dos eandidatos, do que & sua actividade cientifica ou téenica post-escolar. Consideram-se provas de competéncia de muito peso quaisquer escritos que mostrem que o antor sabe tratar, com originalidade e proficiéncia, os assuntos que constituem © programa da cadeira a prover, nio se atribuindo valor algum a quaisquer publicagdes de compilacio, vulgarizagio ou de cardcter litersrio, E também um elemento primordial de preferéncia, para as cadeiras de aplicagio, 0 facto de o candidato ter colaborado em trabalhos da técnica ou da indiistrin durante alguns anos, principalmente se a sua actividade se exerceu em empresas particulares, porque nelas se cuida muito da parte econdmica. O engenheiro que tenha tomado parte importante na condugio duma tal empresa florescente, deu as melhores provas de possuir TECNICA 435 fas quolidades que o Instituto tem por missiio desenvolver nos seus alunos, para estes, por sua vez, criarem riqueza. Por este método se conseguiu reunir um corpo docente constitufdo por homens especializndos e cujas idades andariam em volta dos quarenta anos, idade em que esto em pleno vigor todas as faculdades © jf nilo 6 parn recear que se mude de hébitos intelectuais. Foi dificil, as vezes até impossivel, encontrar no nosso meio individuos com todas as qualidades nevessarias para o ensino de certas matérias. Os candidatos, cujo néimero seria provivelmente elevado, se se exigissem apenas certidées de exames, provas orais @ ume tese compilada & tiltima hora, podem faltar por completo quando se aplica a bitela do Instituto. Quando, por acaso, nic aja candidato aceitével nas condigées fixadas, o que se verifiea por um aviso no Didrio do Governo, contrata-se ento um professor estrangeiro, Este proceder tem sido, is vezes, considerado anti-patridtico, prova que, neste ponto pelo menos, os eriticos que assim pensam nfo tém nog nitida do que seja 0 patriotismo bem entendido, pois, sem a colaboragio dos professores estrangeiros, teria sido impossivel organizar alguns dos cursos do Instituto. Na Suiga, pais patriético por exceléncia e muito superior a Portugal no que ia respeito ao ensino ¢ & cigneia, nfo se considera desdouro contratar professores estrangeiros para as escolas oficiais; e assim se procede também na Inglaterra, na Alemanha, na Ieélia, ete. Empregam-se estrangeiros competentes, de todas as procedéucias, naturalmente para preseindir deles o mais cedo possivel. A nossa xenofobia tem conduzido a um resultado oposto; temos e sempre tivemos entre nés estrangeiros que exploram mais ou menos todas as nossas fontes da riquezs, sendo os portugueses, quase sempre, seus auxiliares em mesteres subalternos. Para nacionalizar a nossa economia fe resistir & conquista pacifiea do pais, 6 necessdrio que nos sirvamos justamente de mestres estrangeiros escolhidos com critério, quando sejam precisos, para nos ensinar aqui 6 que ge ensina e como se ensina nos paises daqueles que nos batem, pela concorréncia, até em nossa casa. Os professores estrangeiros bem aproveitados formario disefpulos portugueses que os tornem dispensiveis. Foi este 0 processo que conduzin o Japiio i sua eminente situagio actual, superior 4 nossa, no ensino, na ciéncia, na indvistria e em tudo quando, hé uns sessenta anos, era apenas um pais estaciondrio, desconhecedor da civilizagao europeia. Conseguiu-se pois, pelos processos deseritos, reunir no {Instituto um corpo docente constituido por homens de provada competéncia, a quem a escola no fea favor propondo-os ‘a0 Governo para seus professores, mas alguns terdo feito favor 4 escola aceitando situagdes que os desviam de mesteres mais rendosos. Na sua maioria, talvex na sua totalidade, esses professores nao entrariam para o ensino, se a escola Thes impuzesse a forma do concurso tradicional; aceitar tal imposiglo implicaria da sua parte reconhecer o direito de os julgar, em especticulo publico, a quem saberia menos do que eles das snas especialidades. (Os resultados nao se fizeram esperar; logo na primeira geragio se apuraram exce- lentes alunos, que ao terminar os seus cursos se encaminharam para os diversos ramos da téeniea, ‘Ao entrarmos na guerra, seis anos depois de fundado o Instituto, j& oito antigos alunos se encontravam colocados como engenheiros civis na direcefio do porto de Lisboa, ha Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, na Companhia dos Fésforos ¢ no Ministério do Fomento; trés outros, como engenheiros mecfnicos na mesma Companhia Caminhos de Ferro © no Ministério do Fomento; ainda trés, como engenheiros de minas nas minas de Vale de Vonga, de carvio de Porto de Mos e de cobre do Souzal ; dois outro: TECHICA 436 vor ns tos las ro ais dla, se ro, alo om vel ito 1x0 na as dia we tia ves ne ue ns ite ‘es 08 20 is as como engenheiros electricistas na Companhia dos Telefones de Lisboa; um na filial doPorto da casa H. B, C.; e trés como engenheiros quimicos na Companhia Unito Fabril. A indtistria da extracgio do ridio dos nossos minérios de urinio, na fibrien do Barracko (Guarda), até entio dirigida por engenheiros franceses, passou para as mios de dois antigos alunos do Instituto, logo que aqueles foram chamados a prestar servigos no exéreito do sen pats. ‘A nossa mobilizagio militar retardou considerivelmente a intervencXo mais intensa dos discfpulos do Instituto na téenica nacional. Porém, mesmo servindo o pals como oficiais, eles deram boas provas das quali- dadese do saber adquiridos na escola, pondo-os ao servigo das armas cientificas do exército. ilustre comandante do batalhio de sapadores de eaminhos de ferro, sr. tenente- -coronel Raul Esteves, teve a amabilidade de comunicar-me as seguintes impressdes sobre os antigos alunos que serviram sob o seu comando tanto em Franga como em Portugal: «..+O niimero de oficiais deste batalhfio que foram alunos do Instituto é de cerea de trinta, na sua maioria milicianos..... No comego de 1917 realizou-se a mobilizagio do batalhio que foi para Franga, onde se conservou até fim de Abril de 1919... A grande maioria, a quase totalidade dos subalternos, eram alunos do Instituto. Os trabalhos exe- cutados durante esse largo periodo, em campanha, incidiram especialmente sobre a cons- trugio ¢ conservagio de linhas férreas ¢, ltimamente, também exploragio @ tracgko. «Em todos esses trabalhos nas diversas conjunturas em que eles foram realizados, os oficiais revelaram-se sempre dotados de muita competéneia técnica e, em regra, com aptidio notdvel para tomarem sobre si a iniciativa e a responsabilidade dos servicos de que foram ineumbidos. «Do resultado da acgio do batalhio e da forma como executon os trabalhos a seu cargo, so honrosos testemunhos as apreciagdes e provas de subida consideraciio que recebeu das autoridades militares ¢ civis dos aliados, com quem especialmente lidimos: 08 ingleses e os franceses. «Também 0 mesmo lisonjeiro conceito deriva dos louvores e condecoragdes atri- buidos aos seus oficiais ¢ pragas, em mimero sensivelmente avultado, pelos comandos portugués, inglés e francés. «Regressando o batalbiio a Poringal em Maio de 1919, teve logo depois de intervir na resolugio da greve ferroviéria da Companhia Portuguesa, que se prolongou por cerca de dois meses «Nesta oeasitio também foram mobilizados os oficiais milicianos, os quais, junta mente com os que jé se achavam em servigo permanente, foram o elemento principal para se fazer face Aguela eventualidade, revelando uma decidida aptidio técnica, como enge- nheiros, para os diversos servigos ferrovidrios, permitindo que o servigo se regularizasse na medida do que era Keito esperar. Ainds nesta ocasitio, mnitos desses oficiais foram louvados ou condecorados «Finalmente, na titima greve revoluciondria de caminhos de ferro, que abrangen as redes da Companhia Portuguesa, do Sul e Sueste e Minho e Douro, fez-se apelo, pela mobilizagio, ao concurso de quase todos aqueles oficiais, que foi, eomo sempre, valioso ¢ importante para debelar o grave cataclismo que nos ameagava. «Esta greve, que durou cerea de dois meses e meio, exigiu de todos eles um esforgo de trabalho e de aptidao téenica que todos, em regra, mostraram possuir. «Em resumo, posso afirmar a V...., com sincera satisfagiio, que nos meus oficiais, antigos alunos do Instituto, tenho encontrado, em geral, uma excelente aptidio téonica e qualidades bastante valiosas de iniciativa e de trabalho.» Entre os ofieiais a que se refere o sr. tenente-coronel Raul Esteves enc or. Carlos Alves, que, depois de terminada a guerra, veio continuar os seus estudos, sendo ainda hoje aluno do Instituto. Dele contaram-me os meus camaradas os seguintes episbdios dignos de mengio: Numa ocasido de urgéncia, conseguiu construir em Lianeourt, Somme, em entorse dias, um trogo de vin férrea, compreendendo as respectivas terraplenagens, de dois quilé- metros e meio de comprimento. Em Saint Pol, Sommne, as suas provas de pericia téonica ¢ de coragem foram particularmente notiiveis: debaixo de terrivel bombardeamento por meio de torpedos aéreos, que duron seis dins e sete noites, conseguiu conservar perma- nentemente uma via livre para a passagem de comboios, sendo por esse feito condecorado pelas autoridades inglesas com a Military cross, e tendo recebido a nossa Cruz de Guerra de primeira classe, tiniea conferida a um oficial miliciano. | 0 seguinte extracto de uma carta recebida dos campos de batalha em Franga, de um dos nossos antigos alunos de engenharia civil, 0 Sr. A. Emidio Abrantes, e datada de Margo de 1918, mostra ainda o conceito em que eram tidos os nossos discfpulos pelas autoridades inglesas: ‘Tenho a enorme satisfagdo de ter sido escolhido para trabalhos de responsa- bilidade... Honro-me de pertencer a uma unidade a que um grande general inglés chamou, diante de todos os oficiais, um batalhito de élite. «Nao so ocas palayras que proferiu ; prova-o o facto de nos dar trabalhos de grande envergadura, que tems tido a felicidade de executar com acerto. Comando actualmente uma companhia de engenharia, em que os subalternos foram disofpulos de V. Ex." «Noto em todos os oficiais que foram meus condiseipulos um maior conhecimento da cigneia do engenheiro, aqui, onde aparecem por dia mil ocasies de a manifestar...» O autor desta carta & hoje séoio dum préspero eseritério téenieo de Lisboa, sendo 08 outros dois sécios, igualmente, disefpulos muito distintos da nossa escola, E também interessante a apreciagiio do Instituto Superior Técnico, contida na carta (sem data) que nos foi enviada de Inglaterra por um antigo aluno do curso de méquinas, ‘em servigo no nosso exéreito como oficial miliciano de artilharia : «.. $6 ontem me foi possivel vir a Londres... fui visitar o Imperial Institute, onde me apresentei ao professor de maquinas, Mr. Daubly, que foi muito amével, pres- tando-se logo a mostrar-me o que mais me interessava na escola. «Assim, Visitei as aulas de desenbo, os laboratérios de méiquinas e de electricidade, ¢ as oficinas, E com bastante alegria que en comunico a V. Ex." nao ter achado as oficinas muito superiores is nossas... O nosso Inboratério eléetrico é muito superior ao deles.. . Infelizmente n&o posso fazer comparagées com 0 nosso (laboratério de miquinas) por ainda o nfio termos, ‘cEm desenho de méquinas e em construgio o seu atraso é flagrante em relagio a nés, «Emfim, men director, comparando o seu Instituto ao nosso, © 0 nosso tamanho ao deles, resta-me a consolagio de nko éstarmos muito atrasados © a esperanca de que muito em breve teremos a nossa escola muito superior & deles». O autor desta carta 4 0 Sr. Jo&io Carlos Adrifio de Sequeira, actual director téenieo duma grande empresa industrial, Fis ainda o extracto duma carta do primeiro engenheiro electricista formado no Ins- tituto, Ao terminar o seu curso de electrotéonia foi, como pensionista do Estado, frequentar a Real Escola Naval de Génova, donde me esereve, em Dezembro de 1917, 0 seguinte: | TECNICA i 438 «Como portugues ¢ como diplomado pelo nosto Instituto, apraz-me dizer a V. Ex.*. . que tenho tido, freqnentando uma escola estrangeira de renome universal, excelente ocasiio de verificar quio excelente 6 a organizagio da nossa... Permito-me afirmar, sem receio de desmentido, que 0 nivel cientffico da nossa nfio é em nada inferior ao desta.» As aprecingdes dos excelentes disefpulos do Instituto que aqui feam transeritas vinham gendo confirmadas oficialmente pelos seguintes factos:: os antigos alunos da nossa primeira geragao escolar foram os primeiros classifieados no concurso para provimento de vagas no quadro de engenharia civil do Ministério do Fomento, na Escola de Guerra, entre os disefpulos de variadas escolas que frequentavam cursos extraordinirios para a entrada em campanha como oficiais, eram clasificados em primeiro Ingar os provenientes do Instituto (informacio do Sr. Norton de Matos, quando Ministro da Guerra); no concurso para dois aspirantes a engenheiros navais entre dezoito concorrentes, foram apurados os dois tinicos discipnlos do Instituto que se apresentaram, sendo classifindo em primeiro lugar o Sr, Salvador de 8% Nogueira, autor da carta de Génova acima extractada ¢ que, depois de se ter salientado brilhantemente na Escola Naval de Génova, sendo classifieado com a nota mais alta que ali se confere, é hoje o engenheiro encarregado dos servicos elec trotfenicos do Nosso Arsenal de Marinha, - © antigo disefpulo do Instituto, Sr. Alfredo da Silveira Avila de Melo, o segundo classificndo nesse coneurso para pensionistas do Estado, na Escola Naval de Génova, dis- tingniu-se igualmente nos seus estudos dum modo notével, aleangando, com louvor, no exame final do curso de engenharia naval, a mais alta classificagiio numériea que a escola confere, E da sna autoria uma meméria impressa, que Ihe serviu de tese, intitulada: Le espressioni pit generali delle eoordinote dei centri di carena. O Sri Prof. Seribanti, ilustre director da eélebre Escola de Génova, teve a amabili- dade de escrever-nos a propésito dos Srs. Si Nogueira e Avila de Melo «As altissimas elassifiengdes que os meneionados senhores obtiveram nos exames especiais e gerais demonstram, por si s6, quanto todos os professores da Escola de Génova apreciaram em alto gran o grande valor desses dois excelentes oficinis poringueses e mostram a0 mesmo tempo a nossa satisfagdo de os ter contado entre os nossos disefpulos. 0 resultado favoravel dos seus estudos resulta, no apenas das qualidades pessoais de inteligéncia, actividade ¢ ponderagio dos dois referidos oficiais, mas também da sua éptima e vasta preparagio cientifiea, adquirida em Portugal naqueles ramos das ciéneias fisiens ¢ matematicas que servem de base aos estudos de aplicagio de qualquer curso de engenharia Neste ponto tivemos mais do que uma impressio: convencemo-nos de que a sun preparacho cientifica nada deixa a desejar para os fins dos nossos estndos, e mais de uma vez sentimos o desejo que todos os alunos nossos patricios trouxessem igual preparagio fisico-matemética. ... . «Com relagio & memérin apresentada pelo Sr. Avila de Melo como tese, no ocultei ao sett autor, e hoje tenho o gosto de o confirmar a V...., que a considero como um real aperfeigonmento dos nossos conhecimentos relutivos & geometria dos centros de querena em geral, e que me proponho introduzir no desenvolvimento futuro do meu curso de arquitectura naval, uma parte dos resultados a que chegou v Sr. Avila». Os alunos que, assim, to bem sustentavam o prestigio da eseola, eomo engenheiros civis ou militares como pensionistas do Estado, frequentaram-na durante a época mais ou menos hesitante da sua instalagio; e, desde entio, o ensino tem-s¢ desenvolvido e melhorado. Resultados tfo satisfatérios nio podiam evidentemente conseguir-se sem 0 proceso de recrutamento do pessoal docente adoptado no Instituto, TECNICA 439 —— E fora de diivida que professores eseolhides por qualquer outro modo nfo teriam conseguido 0 que realizaram os meus colegas logo ao iniciar-se a escola, por mais perfeita tue fosse, no papel, a organizagio do Instituto Superior ‘Décnico. [Asbases egulamentares do Tnstitato contém ainda uma série de disposiges tendentes a criar uma parte do proprio professorado, seleccionando-o entre os ss alunos mais 5 tintos. depats de ferein passado pela situagio, sempre temporéria, de assistentes ou pela pttios Brofissional. Hssas disposigBes s6 mais tarde podero cond uzin resultados praticos ; ver tanto, jd um ex-assistente (de mineralogia), do Instituto, o Sr Pedro A. M. de Barros, we smoontra professendo na Faculdade Téeniea do Porio, ao mesmo lempo due dirige uma grande empresa mineira nes proximidades daguela cidade, ‘Durd antigo diseipalo, o Sr. A. Trigo de Morais, & actulmente primeiro assistonte encarregaio do curso de topografia no Instituto Superior de Agronomia. Te faturo, 0 reerutamento do pessoal doeente far-se-hé le duas mansivas diferentes: 1° Por convite aos homens que se salientem nos dominios da ciéncia ou da técnica, seja qual for a sua procedéncias 2° Pela promogio dos altinos mais distintos do Instituto, Belo segundo procesto, garante-se a necessiria eontinuidade na orientago pedagé- gicns pelo primeiro, vai-se introduzindo sangue nove ne onganismo escolar, para evitar efegenerencéncia, que pode conduzir ’ transformacio do corpo docente em uma espécie do naandarinato, aos olhos do qual os titulos académioos, ¢ outras cousns aceseérias, tomem maior importineia do que a propria missio de ensinar. Quando so equilibram os elementos das duas proveniéneing, « escola é conservadora para o que merece ser conservado, mas sufietentemente ‘progressiva para alijar as velharins projudiciais, conservadas apenas pela tradigio. TOPOGRAFIA _GERAL PELO ENGENHEIRO CARVALHO XEREZ TECNICA 440 am ita ate 28: ca, var cie LAS OBRAS PUBLICAS Y EL URBANISMO Conferéncia realizede no 1. S. T, a convite da Associasio dos Estudantes, pel Ex.™ Sr, Direotor do Instituto Superior ‘Técnico de Lisbon, Meus senhores e colegas Desejaria falar-vos, nesta conferéneia, na vossa linda Ifngua portuguesa, mas os meus conhecimentos dela so tio fracos que nfo ousei fazé-lo, faltando assim ao que me obrigava a vossa amabilidade. Como quero dizer muitas coisas em pouco tempo e como, normalmente, eu falo m depressa em espanhol, escrevi a minha palestra para me obrigar a falar mais lenta- mente, de forma a ser melhor compreendido, Lamento-o, mas nfo posto fazer mais que aproveitar-me de que entre os nossos paises se dé 0 fendmeno contririo ao da Torre de Babel, pois que nos compreendemos muito bem a falar portugnés e espanhol. Al elegir por tema de esta primera con- ferencin que tengo el honor de dessarrollar en este Instituto Superior T'éenico de Lisbon, aalma mater» de Ta Ingenieria Civil portn- guesa y risol donde se fraguan (y han de fragunz), los avances cientificos de In Inge- nieria en todos sus aspectos (que es tanto como decir del Urbanismo), lo he hecho por cumplir un deber de coneiencia que me impulsa a afirmar terminantemente que son Ins Obras publicas I base fundamental de todo Urbanismo y de toda obra de Urba- nismo. Pero no se'me ha ocultado el peligro de que, por ser yo Ingeniero, y por hablar a Ingenieros en Su sancta-sanctornm profe- sional, y en un pais en que Ia Ingenieria hé tomado preferentemente en sus manos los problemas urbanfsticos del mismo, pueda Eng.’ JOSE PAZ MAROTO (E. E. 1. C. C.P.) ©, o2ir parecer mi opinién interesnda, deformada por el punto de vista profesional, 6, lo que quizh fuera peor; influfda por el deseo de lo que, en mi tierra, se Hama «dar eoba» a mis colegas poriugueses, Es decir que pueda parecer una excesiva alabanza ala labor del Ingeniero y 1m indebido arrimo «del ascua a nuestra sardina» profesional, con merma y en perjuicio de la verdad y con olvido de los iniereses generales, que son Jos que han de preponderar. Por eso en estos tiempos en que mundial- mente asistimos a una hipertrofia de la pro- paganda con la que unos y otros paises; unas i otras tendencias politieas, nos quieren hacer ver que la snya es ln tinea que puede hacer la felicidad de la Huma- nidad ... (siempre que esta felicidad esté de acuerdo con sus intereses), voy a pres- cindir de todo lo que pueda parecer «Pro- paganda» y de hacer afirmaciones en ese sentido, y voy « imitar a la frase bfblica que todos coneeis de «Por los frutos cono- cereis el irbol», Voy a ir pues sefislando los fratos que alimentan el Urbanismo y vosotros con vuestro claro sentido, y ani enalquier otro con el simple sentido’ domtin (que no es tan facil sin embargo que exista en las gentes), dedueireis a qué dxbol pertencen esos frutos. Y como todo dirbol, si no ha sufrido una tala salvage, tiene varias y frondosas ramas, podeis también sacar la consecuencia de qué rama es la que puede alegar una mis indis- cutible idoneidad, para poderse adjudicar una «preterencian en los problemas urba- nisticos. Fijaos bien que he dicho preferencia y no exclusiva, con lo cual quiero empesar sentar la téniea general de esta conferencia TECNICA aay imitando al filésofo romano que decfa: «Amicus Plato, sed veritas»; es decir, amigo de Platén, que en este caso es la In- genieria Civil; 'sois vosotros; pero mis amigo de la Verdad en servicio de Ia mayor eficacia del Urbanismo en nuestros paises. Para ello voy a comenzar por definir lo que a mi jnicio es Urbanismo, que no es otra cosa que «la Ciencia de crear, ordenar, transformar y desarrollar niicleos habitados, tanto de earacter urbano, como rural, en Jas debidas condiciones de Higiene, Segu- ridad y Comodidad que la vida moderna reqaiere; asf como atender a la conserva~ cidn y explotacién de sus servicios urbanos, para que las ventajas de una vida civilizada Hegue a todos los moradores del niicleo residencial». Y esto ha de hacerse pensando en las condiciones actuales de vida y progresso, y en la necessidad de prever ulteriores evo- Inciones y mejoras en el vivir material y espiritual que es, ha sido, y seré ln aspira- cién maxima de la Humanidad, Hago esta indicacién porque creo que es fundamental (al menos yo en mis trabajos profesionales Ia tomo como norma), el no olvidarse de aquella frase del filésofo Colton que decfa! «El mirar hacia el pasado es una cosa; el retroceder hacia él, es otra». ¥ como en la mayor parte de las obras de Urbanismo, sobre todo si estén escritas por artistas, se hace la histéria de este Urbanismo através de los tiempos, y suelen sacarse de ellas conclusiones para Ta actua- lidad, olvidéndose de que los dos eataclis- mos mundiales que han conmovide a nues- tra generacién en, lamentablemente, corto espacio de tiempo, han terminado de desar- rollar medios, cuya existencin no era conoeida y cuya aplicacién a la vida ha revolucionado también esta, Sobre todo en las grandes cindades, y cada ves més en las medianas y las peque- jias, se ega a conclusiones que a mi juicio no son exactas. Y In aplicacién de estas conclusiones, aunquese ennascaran de buena £6 eon el afin de: obtener perspectivas ar- tisticas; conservar ambientes antiguos (no siempre artisticos aunque sean antiguos); sostener unas composiciones urbanas incom- TECNICA 4az patibles con el automovil y medios urbanos de transporte; armonizar estos sobre todo con Ja prisa, que querimoslo 6 no, para bien 6 para’ mal de la Humanidad, domina a la vida moderna (incluso impone soluciones de ordenacién de cindades, de ensanches 6 desarrollos de las mismas ; y en menor escala de ereacién de las nuevas, ya que este fenémeno es més raro en nuestros dias), no constituye precisamente un acierto. Son pues muy interessantes los estudios qne pueden hacerse, y muy instructivo el consignarlo en las Meniorias de los proyectos de Urbanizacién, sobre la constitucién del Clan, en Greeia, y las opiniones ¢ influen- cias ‘en el mismo de Platén y Aristételes. No lo es menos qne se nos diga, 6 diga- mos después, las tendencins urbanistas de Roma y sus obras imperiales, y las que pre- dominaban en Asivia, y en esé hoy lamado Oriente Medio, tan atormentado por tener la desgracia de estar en el punto crucial de interesse encontrados y tener también Ia poca fortuna de contener riquezas apeteci- les que hacen pensar en aquella frase espa- hola de «Desgraciada la que nace hermosa». Pusde también ser curioso que se nos diga en los proyectos cuales eran las ten- deneias de Ios renacentistas y utopistas de Baedn, Campanella y More; y cuales las de Jos grificos Scamoszi y Previet de Cham- berd. Y por tiltimo qué duda eabe que el cono- cor y analizar el caracter militar 6 sagrado de tna eindad, y la manera de evolucionar de aquellos barrios que en Ia Edad Media tenfan denominaciones tan evocadoras como aserranos, caballeros, morerfas y juderias» es muy interesante ‘el conocer la zonifi- cacién exponténea que en nuestras ciudades determinaban los eastizos nombres de calles de Plateros, Guarnicioneros, ete., y que en Lisboa tienen tan brillante evocacién en las ruas do Ouro, da Prata ete., puede ser orientadoras. Y por vltimo, g edmo no va a ser préctico el conocer con ojo erftico la evolucién del Urbanismo reciente con la aplicacién de las normas germénicas, las ciudades-jardin inglesas, las fantasias urba- nas americanas, y los antecedentes de legis- laciones extranjeras y todo el eimulo do ellos tépicos que son féciles de adquirir en una enciclopedia, para pensar en cémo ha “de ordenarse 6 desarrollarse, tt organizarse una ciudad. Ahora bien; lo que es fundamental como comprendereis, es que después de este pre- facio venga la aplicacién de las normas ade~ cuadas al momento actual, y no quede el Urbanismo reducido a unos planes, con unos trazados (muchas veces s6lo en planta, pues Ins curvas de nivel son algo enojosas para la realidad), en los que por mis que se esfuerce uno en buscar las orientaciones fandamentales; la forma como se ha conce- Dido esa ciudad 6 ese Ensanche; la previ- sién qne se haya hecho de servicios funda- mentales de higiene, abastecimiento, comu- nieacién y vida social, y Ins normas a quo se piensa respondan la “conservacién y el mantenimiento de todos estos servicios, no aparecen por ninguna parte. ‘Vamos pues a ver cuales son estas nor- mas fundamentales y a quien corresponde su estudio y aplicacién en la préctica. Lo primero que se precisa para todo estu- dio de transformaciéa o ampliacién de una ciudad, es contar con un buen plano topo- grifico, que permita apreciar exactamente In situacion actual de la ciudad y sus corea- nfas, edificaciones existentes,” accidentes naturales y Iineas de penetracién, Este trabajo topogrifico que tanto se resiste a algunas ramas de In Técnica, no cabe duda ninguna que es una labor tfpica- mente de Ingenieria; y Ia realidad es que en Espaiia vi conceniriindose cada vex mis en el Instituto Geogrifico, en el que se aunan en feliz coynnda todas las téonicas de Ingenierfa e incluso la Arquitectura. No sélamente es la aplicacién de normas un poco especiales y Ievantamiento de pre- cisién y de detallé, sino In mayor aplica- cién cada dia de técniens fotogramétricas y areofotogrificas que den al proyectistas no solo la imajen exaeta pero fria de un plano con sus curvas de nivel, sino la imagen més viva y mis orientadora de fotografias agreas que hos descubran un poco los seeretos de ciertos rincones urbanos, bien para conser- valos si lo merecen, 6 bien reformarlos y sanearlos, si asf se precisa. A estos datos iniciales han de acompatiar los de informacién de la ciudad sobre den- sidad urbana, alturas de edificacién, vien- tos reinantes y dominantes, nubosidad, pla- viometria, temperaturas, erecimientos, ete. La recoleceién de todos estos datos y su tradnecién en grificos. diagramas, ete., que tanto «visten» los planos, comprenderéis que esti confiada a diversas ‘Técnicas, y desde Iuego puede ser dirigida por cual- quier téenico de cualquiera especialidad dotado del suficiente sentido prictico y conocimiento de In ciudad. Hs indudable, como he dicho antes, que Ja preocupacién dominante en las reformas urbanas y en los crecimientos de cindades de hoy dia, es Ia favilidad de comunicacién y tréfico entre los diversos sectores en que hayamos de agrupar la ciudad, y entre ésta y el exterior. Es decir que viene » continuacién de la preparacién de los datos y planos, la con- cepeién del «modo» como ha de funcionar dicha ciudad: es decir, la zonificacién in- terna y la planificacién comareal. Y para determinar esta zonificacién no bastan consideraciones artisticns ni estéti- eas, sino mis bien hay que reconocer leal- mente que estas cuantan en lugar muy secundario, pues son las exigencias de Ia realidad las que més pesan en Ja eleecion de zonas. A nadie se lo occurriria proyectar una, zona industrial en Ingar de imposible 6 muy dificil enlace con las instalaciones ferroviarias, presentes 6 futuras, y con vias de penetracién posibles a instalar (si es que no existen), ni en las inmediaciones de las. zonas residencioles aristocriticas, y desco- neotadas por tanto de las posibles residen- cias medias y modestas, que dichas indus- trias evan consigo 6 desarrollan. Por tanto, y prescindiendo de considera- ciones higi¢aicas sobre direceién de vientos dominantes, posibilidad de desagiies y buena naturaleza del terreno para cimentaciones, han de ser consideraciones ingenieriles prin- cipalmente las que determinen el emplasn+ miento de estas zonas industrials. ‘Las mismas consideraciones, modifindas por la naturaleza del trifico cireulatério de TeCHICA aan las zonas residenciales, han de presidir al emplazamiento de éstas, asi como su exten- sién y enlace, Y naturalmente, unas y otras inflayen en In Ajacién del Ingar adeeuado para’ las zonas comerciales y de negocios, ¥ para las culturales e deportivas. Hay en verdad otras razones no téenicas, sino sociales, que influyen considerable- mente en esta extructuracién de una gran ciudad, especialmente si ésta es de gran importancia, y son: Ja tendencia de la poblacién en determinado sentido, a causa de costumbres que por su permanencia han arraigado en el alma de los veeinos; y la necesidad de aprovechar iniciativas parti- culares, ereadoras de medios suburbanos de comunicacién, 6 facilidad de expropiacién de determinadas zonas, que muchas veces, como sabeis, alteran los planos tedricos, a causa de la movilidad de esa realidad viva que se lama ciudad, que a veces se origina por el mito de la opinién pitblica. Glaro esti que éste mito a que aludo de la opinién piiblica, es como todos, potente y eapaz de hacer marchar tanto en direo- ein al éxito, como de cabesn al fra- caso. La habilidad de los reotores de la vide urbanista est en ir creando y orientando ese ambiente hacia Ia conveniencia de la colectividad, y en preparar el camino por donde ha de circular ese mito, a eubierto de posibles «pinchazos» y roturas de direc- cién, 6 por lo menos del traqueteo de fuer tes baches que podrian surgir como por carretera abandonada atravesada por auto- mévil a gran velocidad, Y en cuanto a lo planificacién comareal, no hay duda alguna que las consideraciones estéticas pesan poco en la fijacién de estos planes comarcales que tanto pueden influir en la expansién y forma de urbanizarse de las ciudades afectadas. Son, principalmente, razones de economia regional baseadas en consideraciones de emplazamienios y expansién de industrias, de explotaciones, de tendencias sociales, conjugadas con razones técnicas de traza- dos de vins de enlace, de posibilidades de abastecimento de aguas colectivas, de sanea- mientos combinados, de transportes racio- TECNICA aaa nales y econdmicos, ete., Ias que han de presidir estos planos regionales. Por ello, en mi pais se van creando en varias Provincias unas Comisiones Provin- ciales de Urhanismo que, presididas por el Gobernador Civil, e integradas por repre- sentantes de los Ministerios de Obras Piibli- cas, Agricultura, Hjereito, Hducacién Na- cional, ‘Trabajo y Gobernacién, son las que han de dar las normas de estas planificn- cisones comareales. Sin embargo, In orientacién que se dé a Ja organizaciou técnica aneja alias, que es de la de concentrar en un Director Técnico, designado por la Direceién General de Ar- quitectura, hace tener un enfoque de los problemas de conjunto desde puntos de vista exclusivamente artisticos, y que su eficacia prictica se vea muy disminuida. Claro esti que la realidad hace que sean los organismos téenicos de Obras Piblicas y los Municipales, alli donde las Corpora- ciones Locales tienen empuje, los que han de realizar los proyectos y obras del plano provincial, al cual, por tanto, no se Ie con- sidera mas que una orientacién. Pero parece ldgico que esta orientacién estuviese mantenida desde un principio por Jos que Inego han de desvrrallar ideas y trasados. Dos de los problemas biisicos en toda Urbanizacién son-el de la carretera y la ciudad; y el del Ferrocaril y Ia ciudad. Decitios que son bisicos porque ellos son Jos que suelen determinar por encima de teorias urbanistas, Ins expansiones y trans- formaciones de eiudades. La anarquia que hasta ahora ha existido en todas lus cindades del mundo, que per- manecian hasta este siglo un poco estiticas en cuanto a construcciones periféricas de las grandes ciudades, ha determinado el que las carreteras existentes, trazadas exclusiva- mente con Ia idea de enlaces extraurbanos, se hayan convertido en proliferaciones andrquicas a lo largo de las mismas, pertur- badoras de ns funciones de cauces del trifico, precisamente més importante en ellas que en ninguna otra. Ellose demuestra si examinamos cualquier plan de cualquier poblacién, en el que s e u apreciamos en seguida el crecimiento en tela de araiia, con densidad de edificnciones enormemente decreciente, desde las carre- teras hacia los micleos intermédios. Los que conoceis Madrid podeis apreciar claramente la exactitnd de esta afirmacién, viendo cémo la carretera de Francia, desde Cuatro Caminos; la de Aragén desde las Ventas; la de Valencia desde Atocha; las de Andaluefa, Toledo y Extremadura, han atraido hacia’ si unos nticleos lineales, su- perpoblados, imposibles, (no téeniea, sino econémicamente y atin socinimente), de rectificar radicalmente, Por otro lado estas carreteras estaban casi siempre completadas y unidas por un cin- iurén de otras vias y de cinturones amu- rallados, de la que’ es ejemplo tipico Ia ciudad de Paris, emplizada en los tradicio- nalag campos de batalla de Europa, y dotada de Ins celebres murallas con sus baluartes, de onde ha derivado el témino urbano abonlevard». Han crecido Ins eindades ; se han roto los antigos cinturones para hacerse otros mils exteriores, que nosotros conocemos casi siempre por el nombre de Rondas, y la tela de araiia se ha ido extendiendo, pero casi siempre sin una visién amplia yun trata miento adeeuado para las arterias funda- mentales, tanto radiales como eiroulares. Y ello porque, repito, no habia hecho atin apavicién el automévil y la «prisay de nuestra generacién. Por ello, al aparecer estos dos factores en escena se impone como trimite previo que se estudie una estructura, como si dijéramos un cfinevas geodésico y topogritico de trian- gulacién, para dejar mareadas las lineas fondamentales urbanas de la ciudad del mafana. Estos esindios son tipicamente ingenie- riles, y en efecto, estin de derecho y de hecho eonfiados en todos los paises a inge- nieros de diversas especialidades, pero pre- ferentemente de Obras Publicas alli donde esta Técnica ha logrado alcanzar el prestigio y Ia eficacia que en nuestros dos paises: Espaita y Poringal tienen muy mere- cido. La otra condicién fundamental es el esindio de las ampliaciones y modificaciones ferroviarias. ‘Todos sabemos que precisamente por ser el Urbanismo técnica mis moderna, y por no tener las ciudades previstos en casi ningtin caso sus planes de crecimientos, las Compafias ferroviarins de todo el mundo han ido estableciendo sus estaciones y apea- deros, y los empalmes entre unas y otros, alli donde sus necesidades del momento Io exigian, y buscando In proximidad mayor a los centros de consumo 6 de carga, No lo digo en tono de reproche para esas Compaiias, puesto que las indieadas para no haber abandonado el estudio del pr. blema y haber exigido previsiones urbanis- tas eran las cindades; y si estas no tenian pensada su amplineién, si no habian acome- tido el estudio de industrias posibles comar- ales, tanto presentes como futuras, en funoién de los recursos industriales de la regién y de In eapacidad de Ia ciudad. Si sé hacian sordas al Uamamiento de algiin que otro espiritu de clara visién que aconsejaba mayor amplitud en las previ- siones, es natural que el estado de cosas sea el que todos conocemos. Pero es también evidente que lo primero que ha de hacerse al planear la extensién de Ja ciudad y muchas de las reformas interiores, es In modificacién a fondo de la red. ferroviaria y de sus instalaciones. Rs decir, el ‘estudio de unos planes de eonjunto que puedan ser realizados por tapas, pero ya con vistas a lo que la ciudad del maiiana ha de resultar. Y no creo tenga que esforzarme en decir que estos estudios ferroviarios urbanistas, enen de Heno en el imbito de nnestra ‘Tée- nica, pues In elasticidad de los trazados en planta y alzados, y los detalles de las insta- Jaciones en sf, son un tanto ajenas a eual- quier otra técnica que no sea la de Obras Paiblicas. Lo cual no quiere decir que en otras téenicas no haya personas francamente capa- citadas por sn preparacion particular y por sus trabajos profesionales, para resolverlos adecuadamente, Eltercer aspecto en orden de importaneia, pero que ha de conjugarse simulténeamente TECHICA 445

Você também pode gostar