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154 ¢.) f : Les ~ i z pi ry x ns eee e " as. savas. * aS _ ENGENHARIA Bow enol si | N? 188-Janeiro-1949 FAN Unido Electrica Portuguesa SEDE Rua Duque de Loulé, 240—Pérto 2829—2830—Est. 90 DELEGAGAO R. Anténio Maria Cardoso, 13,2." Lisboa Telefones 27232 27233- Est. 365 an ELECTRICIOEDE DO LINDOSO E DAS CENTRAIS 00 FREIXO E DA CACHOFARRA A UnlSo Eléctrica Portuguese distribu e vende electricidade now distritos Ge VIANA DO CASTELO, BRAGA, PORTO, AVEIRO, COIMBRA, VISEU LEIRIA'e de SETUBAL, pelamais ex- tensa rede de alta-tensko em Portugal mais de 1290 kms), levando forea motriz as FABRICAS e luz a CIDA. DES, VILAS, ALDBIAS e LUGARES AU, E, P. facilita « clectrificagto de Fabricas e oferece as m: Fabricado pelos mals modernos pro- cessos € preferido para todos os Ina- bathos de responsabilidade. Sacos de papel ou de juta com 50 Ke. Barricas de 180 Kg. Ss BB CiL COMPANHIA GERAL DE CAL E CIMENTO RUA DO COMERCIO, 56, 3.° Consultar a U. E. 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DOS ESTUD. DO 1.5. T COMPOSTO E IMPRESSO Tip. JORGE FERNANDES, L.t* RUA CRUZ DOS POIAIS, 103 LISBOA SUMARIO CAPA —Cais de jatos © estrada de acess — Rio Douro Eng* Adriano Rodrigues. Moderna Geodesia Colonial. - Almirante Gago Coutinho - ‘A producSo térmica na futur rede eléctrica nacional. . . . Eng José Nascimento Fer- reira Dias Jaimior. . . . O problema da produce hidro- Eng’ Afonso Zuzarte de Mendonga-. 0... A fotogrametria_perante as ‘obras de fomento no Pats. . Fuge Carvalho Xerez Noticla sobre o Laboratério de Tratamento de Minérios do Instituto Superior Técnico. . Eng? Jose Quintino Rogado Sodimentagde. Espessamento «Eng. Luls A. de Almeida Alvess sees . Processes unitérios da quimics organiea — Esterifieagdo . . . Eng? Manuel Chagas Ro- quell hse eee Biblioteca. eee rer OS ARTIGOS PUPLICADOS NESTA REVISTA SAO DE EXCLUSIVA RESPONSABILIDADE DOS AUTORES, Pigs 13 m4 361 180 WLLL eB e BD i e Fundacées em terrenos dificeis quer por congelagéo artificial, quer por As melhores referéncies ‘Soole gerente residente em Portugal: geiro ‘Walter Weyermann, gng. civil R, S. Mamede ao Caldas, 22, 3.°-LISBOA Ty, 2.8685 SONDAGENS RODIO, Limitada Sondagens geologicas, estudo da resis- téncia e permeabilidade de terre- nos; laboratério geotécnico. Peaquisas de Agua. Consolidacao e impermeabilizacio de terrenos e de obras por meio de injecgdes de cimento, produtos ae micos, argila activada, emulsio be- tuminosa Shellpermi, ete. Estacas de betdo armado, sistema Rédio moldadas no solo sem trepidagoes. ‘Rebocos comprimidos por «cement gun» abaixamento do lencol de agua, MUIR-HILL DUMPER TRANSPORTROORES BASCULANTES COM COMANDO ROTATIVO 2 © método mais econémico de trangportar materiais a granel, como podem comprovar as unidades j& ao servigo em Portugal il OS REPRESENTANTES EXCLUSIVOS HENRY M. F. HATHERLY, L.°* RUA DO COMERCIO, 8 Telefones 22001 ¢ 2.6633 LISBOA vos fornecerio todos os detalhes ¢ as suas propostas para entregas rApidas Soc. An. Henri Wild—Heerbrugg (Sulga) Instrumentos para Topogratia, Geodesia e Fotogrametria Instrumentos dpticos ¢ militares — Instrumentos para Desenho. Representantes : Pimentel & Casquitho, L.?*—Lisboa (Portugal) Teodolitos Teodoilte-bissota ‘Teodolite repettdor Teodotivo wito To WILD 71 witD 72, wi Teodolite de precisso 73 Niveiside éeulo wip Nt Nivel WILD WAL Ifvel do alta preciedo WILD NIL ose seo on 4 ge ‘micro épco Esquadros de prisma = ———— 4 | Teodoittos Foto-teodelitos Niveis de Seuto Cémaras fotogréficas | Alidade com prancheta. Restituidores | Duplicadores Instrumentos militares | taqueométricos Brevemente: | Estédias de invar Insteumentos { Esquadeos de prisma para desenho | ‘Mires falentos Microseépios Escalas de vidro Lupas | Simples Duplo eee | sianete ee 11 GENERAL @ ELECTRIC Schenectady, N. Y Contral hidroeléctrica com 6 goradores do 75.500 kVA, 88 rp. my cada umn ‘Motores e dinamos, Alternadores. Translormadores. Aparelhos para alta @ baixa tenséo Centrais termo ¢ hidroeléctricas. Instalacdes para melhorer o factor poténcia. 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ADRIANO RODRIGUES Prat, da Fosuldade de Engenharia do Porto ©. p. 378.962 Tese apresentada ao 2.’ Congresso Nacional de Engenharia O hromem culto é wm homem modesto, que tem consciéncia da pobresa do seu saber em face da imensidade da ciéncia ; é um hromem tolerante, que esté profundamente persuadido de que as verdades ndo podem ter o rigor dos teoremas de geometria; é um hromem insatisfeito, que ndo se detém na contemplacdo ¢ no goso do que possui, mas que por um esforco desta inguictagééo humana, geradora de tentativas repetidas, se poe a si noves problemas quer filoséfices, quer sociais, quer cientificos, quer préticos, ¢ tenta dar-thes uma resposta, Ente Praxctarn Hoje 0 coeficiente de vitalidade de uma nagdo é medido pelo valor dos seus téenicos. As escolas superiores de engenharia sito hoje 0 poderoso maguinismo que cria e desenvolve as grandes mentalidades mo- dernas. Bxo.* Aratso Corners A frequéncia extraordiniiria dos cursos universitiirios de engenharia, crescendo em ritmo vertiginoso, com uma selecgio dos candidatos que reputamos dificientissima, em face do progresso grandioso da missio dos engenheiros na Civilizagio e na vida moderna, e da nossa responsabilidade como uma das principais poténcias coloniais, levou-nos a pen- sar na forma de solucionar as graves difieuldades crindas por tfo delicado problen Destas meditagdes, ¢ do que lemos sobre o assunto nascen o presente estudo, que nos pareceu poder enquadrar-se logicamente no ambiente ¢ no programa de trabalhos do TL Congresso Nacional de Engenharia, TECNICA 121 Que ele provoque ontras solugdes ou sugesties mais valiosas, siio os meus sinceros votos, a fim de que se resolya um problema que afecta striamente a marcha do Ensino € 0 futuro da Engenharia em Portugal. A orientag&o profissional tem por fim «racionalizary o emprego, denunciar as falsas voeagies, revelar as aptiddes verdadeiras; aconselha, mas nfo ordena (')- A orientagio profissional realizada em condigdes de real eficiéneia cientificn é um dos métodos mais seguros de valorizagio moral, social e eonémica do individuo, e por conseguinte uma das mais efieazes contribuigdes para o progresto da colectividade (’). Enquanto o material mecfnico da indtistria moderna é submetido a provas minucio- sas antes de ser utilizado, o material humano, pelo menos tio importante, eseapa a todo 0 exame anélogo (. 3 fases, 3 legendas, que exprimem em datas diferentes um mesmo conecito que 0 taylorismo, a fonte da organizagio cieatifien do trabalho, fez nascer, ¢ que a complexidade crescente da vide téenien fez desenvolver e amplia cada ver mais, Seria ideal a existéncia de métodos perfeitos de discernimento de vocacties ¢ aptidées, para todas as profissdes, desde as mais simples, de ordem manual, fis mais transcendentes, de natureza intelectual, a fim de dar a cada ser humano a sua mais ajustada tarefa no seio da comunidade, criando deste modo a alegria no trabalho, com 0 miiximo de rendimento. Porém, conquanto a psicologia, a earacteorologia ¢ a sociologia tenham indubithvel- menie progredido em nossos dias, o certo é qne a psicoteunia é ainda, fora das actividades manuais, um instrumento imperfeito. Mas isto nilo signifien que se ponha de parte nas profissdes de carieter mais intelec- ‘imal, Pelo contririo, interessn conhecé-la ¢ aplici-la dentro das possibilidades e cireuns- ‘tfneias, pois que em muitos casos ela vem prestando jé relevantes servigos. ‘No mundo civilizado ela tende a generalizar-se a todas as actividades humanas ¢ a instituir-se em todos os graus do ensino, desde o primario ao universitério. Vémo-ln insti- tufda nesse pafs modelar que é a Sufga, onde a «Fondation suisse pour la psicotechniquen, por uma quantia médica, faz o exame das aptidées profissionais, de modo que os jévens, de ambos os sexos «nao mais (di-lo uma publicagio oficial) estejam expostos a lancar-se as cegas numa carveiran. ‘Vimo-ln em plena floragiio na Alemanha, onde mesmo durante a guerra tiltima, s6 de 1941 9 1943, foram criados mais 143 drgios orientadores pela Frente do Trabalho, constituindo consultérios piiblicos para a escolha da profissio, mediante exame psicotéenico adequado, de modo @ indicar, pelo conhecimento do valor da personalidade, o destino mais préprio a’enda um. Vemo-la desenvolver extraordiniriamente na Amérien do Norte, na Franga, na Inglaterra, na Espanha, na Ttélia, na Rifssia, ¢ de um modo geral em todos os pafses, tendo recebido durante a guerra passada largo impulso e aplicaciio. Ainda reeentemente, na Inglaterra, o mintstro Alerander extabeleen provas de cardcter cientifico para todos os tipos de Trabalhadores, baseadas nas normas aplicadas ao servigo de seleogho cientifica das foreas armadas durante a guerra, Alexander confia ple- namente na eficdcia de tais provas no sentido de resolver as dificuldades de mio de obra da industria Britanica. Com o ministro do ‘Trabalho inglés colaboram assiduamente as associngdes de diree- tores de escolas. Na Riissia, onde nesta matérin adquiriu fama o psiqniatra Rossolino, a orientagio profissional conhece enorme voga, por meio da imprensa, de conferéncias, e do cinema, () «Guide pratique de POrfentation professionnelle». «Etudes Corporatives. Guy de Beaumont — 1988. (@) «A eseolha da earreira para os nossosfilhos» — Dr, Faria do Vasconcelos — 1986, (0) aLe maniement des hommes» — Cal E> L Munson — 1928, TECNICA 122 Na Franga a orientagKo profissional desenvolveu-se notvelmente quanto As profis- sbes manuais, nas quais ela permite determinar com precisio suficiente as aptiddes psico- logicns ¢ as possibilidades fisieas. A complexidade das carreiras liberais tem sido objecto de muitos trabalhos de aperfeigoamento dos métodos. Dissemos, h& pouco, que a organizagho dos Servigos de orientagio profissional do Ensino tende a intensificar-se por toda a parte. Efectivamente, é nas idades escolares que pode coller-se o caudal de informagdes que permitem chegar, como se pretende presentemente, a0 eqnacionamento, em sintese, da personalidade de cada um, para uma futura aplicaco mais racional das suas faculdades, dentro do condicionamento estabelecido por todos os factores fisieos, psfqnicos € sociais. Com raako, disse lapidarmente De Monzie, quando Ministro da Educagio Nacional em Franga, ao definir 0 objectivo da edueagio, estas palavras, que encerram todo um pro- grama, integrado nos mais modernos conceitos cristios: «Para mim, @ verdadeira educagio moderna seria aquela que levasse cada crianga a tomar conseiéncia das suas aptiddes individuais mais verdadeiras, que orientasse sem pressa a sua actividade no sentido préprio das suas aptiddes, paciente mas seguramente discernidas, ¢ que fizesse de cada homem o obreiro de uma tarefa amada e hem feitan. Compreende-se, portanto, que o servigo de orientagio profissional deva estar orga- ninado desde o grau primério, em que a flor da personalidade desabrocha, até 1 Universi- dade, onde a personalidade de enda um completa a sua maturidade escolar. ‘A medicina escolar e a orientago profissional devem dar-se as méos, acompanhando fo estudante em toda a sua vida escolar, orientando-a no melhor caminho, definido por tendéncias ¢ aptiddes que integram uma vocagao e uma profissio. Na passagem de uns para outros graus do ensino, de umas para outras escolas de grau ou tipo diferente, deveria a orientagio profissional intervir, estabelecendo o conjunto de provas mais adequadas as aplicagdes futuras de cada especialidade, de harmonia com as tendéncias e aptiddes inteclectuais e afectivas. Tnteressa-nos, porém, no presente trabalho, focar 0 problema da orientagito profis- sional universitéria, particularmente na parte que diz respeito aos engenheiros. Segundo Leon Walther ('), sio 3 0s motivos principais que determinam a entrada dos estudantes, ¢ por extensfio légica (postos de parte detalles que 6 interessam ao sexo feminino) dos estudantes nas Universidades: 1.°—-a preparagio para uma profissio determinada ; -° —a possibilidade de aprofundar a sua cultura intelectual; 3.°—a satisfagio de um interesse puramente tedrico e cientifico. Sem diivida que ¢ no 1.° motivo que a maioria esmagadora dos estudantes (ou suas familias) assentam a sua entrada na Universidade, ‘A 2." categoria deve ser rara, e mais rara a dos estudantes que entram na Univer- sidade pelo 3.° dos motivos apontados. («La orientacion profesional pars los estudios superiorese, — 1985, TECNICA 123 Em regra, os nossos estudantes dos 2 sexos procuram fazer um curso superior, como base de uma profissio futura rendosa com prestigio social. Pondo de parte esertipulos de voeagio ou aptidao, s6 08 preocupa o seu futuro material e econdmico, A admissio as Universidades. baseia-se presentemente, para os varios cursos, em provas de conhecimentos cientificos reduzidas em mimero, e que pouco diferem das cor respondentes do exame final do curso complementar dos liceus. 0 Curriculum liceal nfo é apreciado, nem acompanha os alunos que pretendem ingressar nas Universidades, Havendo, como ha, nos Liceus, organizndo um servigo de testes e exames, que obedece aos prineipios de orientagio profissional (testes de Ballard e Otis—adaptado por Rui Carrington da Costa) nfo se aproveitam fora dos liceus para a passagem ao escalio universitirio, o que nos parece um erro grave. Assim, a entrada da Universidade deveria fazer-se um exame médico, ¢, um exame psicotéonico, adaptados aos varios tipos diferentes de Faculdades, e de carreiras a que habilitam, Apesar de todas as dificuldades que a resolugio cientifiea do problema encerra, diz Leon Walther, é possivel, ¢ anesmo desejavel, que.se institua a orientagio profissional para as carreiras liberais ¢ acndémicas. O mesmo autor cita na sua obra (') virins Universidades norte-americanas, onde ela foi introduzida, como sejam, a de Yale, a de West Point, a de Connecticut, a de Chicago, a de Pensilviinia, a de Kentucky ¢ a de Indiana, Na Alemanha também o centro orientador, anexo 4 Universidade de Berlim, susciton o mais elevado interesse, Na Tchesoslovéquia tornaram-se, ja hi bastantes anos, obrigat6rios os exames psicotécnicos para a admissio as Faculdades de Letras e Ciénoias. Noutros paises a tendéncia organiea destes servicos toma um rumo extra-universitirio, irradiando de um Instituto Central, ao qual compete a direcgio superior de todos os trabalos, ¢ a sna execugiio, por meio de érgios adequados dele dependentes, o que tem a vantagem de colher ensinamentos que dizem respeito a todas as camadas da populagio ¢ estar em contacto com todos os ambientes pedagdgicos. A. divulgagio do conhecimento das earacteristicas das virias profissdes (para 0 que se dispde de numerosas monografias) muito poderia contribuir para uma melhor escolha da profissio 7). A divulgagio de uma estatistica das profissdes, ¢ seu movimento, que pe mitisse fazer uma ideia de conjunto sobre as eolocagdes, também seria nm auxiliar precioso para o mesmo ofeito orientador, a0 Estado que incumbe solucionar os problemas resultantes do exeesso de popu- io universitéria, Nao nos assusta este excesso, desde que em realidade todos os que entrem nas Universidades tenham eapacidade intelectual e psicotéenica para os rumos que pretendam seguir (3. Alids, & geral aquele fendmeno. Assnsta-nos, sim, que muitos estudantes pretendam seguir carreiras para as quais niio pussuam aptidio nem vocagio, levados apenas pelo facto de serem prometedoras, numa dada época. A provi-lo, esto os numerosos estudantes que entram nos Liceus nas Universi- dades, ¢ nfo chegam ao fim dos respectivos cursos, com grande prejuizo para as familias, para eles préprios e para a Nag&o. Seria, mesmo, de maior conveniéncia organizar-se uma cuidadosa estatisticn destes alunos —e fazer-se um estudo eriterioso das causas do insucesso de tantos estindantes, mas () Vide referdneia bibliogrética anterior, (2) Na Inglaterra exibiram-se filmes relativos a vérias profises, muito interessantes — aBritain-to-day» 147 — Jan. do 1946 (A Inglaterra propde-so aumentar 0 nimoro de estulantes Universitario, de 45°). Tendo tide 48.500 em 1935 protende passar este niimero para 63,000 — «Britain-to-days — Sot. de 1947 TECNICA 128 isto s6 pode levar-se a cabo quando estejam instalndos bem organizados os Servigos de Orientagio Profissional em todos os estabelecimentos de ensino, funcionando em conjunto harménico. Pena é que iais alunos nfo fossem, desde infeio, ou na devida oportunidade, encaminhados ou desviados para a direegio mais indicada pela psicotGenica, Por isso, estamos de acordo com Leon Walther, quando diz que os exames se devem igi mais As aptiddes do que aos conhecimentos adquiridos. Num belo trabalho, lido pelo seu autor na inauguracho do ano académico de 1929-1930 na Universidade de Madrid('), faz-se sentir eloquentemente toda a importéneia da seleccio profissional dos estudantes — «como base, que 6, de uma dindmica social do tra- balho, fundada numa organizagao cientifica das actividades. Mais receatemente(®), publicon Ana Caeiro Gonzales um «ensaio de exame de selecgio orientadora dos candidatos & frequéncia universitivia», realizada no nosso «Instituto de Orientaggo Profissional», que tanto honra o Pais, Nels se apresenta um estudo interessan- {issimo (primeiro e tinico em Portugal) do problema, que merece ser lido por todos os professores universitéxios, e em que se definem sintaticamente as linhas gerais dos métodos € seus testes, aplicdveis, Tivemos ocasifio de examinar, na grata visita que realizmos ao Instituto, posterior mente, o§ relatérios de alguns desses exames, sobre os testes, de alunos que, tendo terminado © curso liceal, pretendiam ingressar nos cursos superiores de engenharia, ¢ que muito apreciimos. Sendo o nivel elevado do desenvolvimento intelectual um dos requisitos essen- ciais para o triunfo,nas carreiras superiores, é evidente que a sua verificagio deve ocupar um lugar de relevo no teste do exame psico-téenico, Nao 6, todavia, 0 problema geral que desejamos aqui focar, mas particularmente © problema da selecgao para a engenharia, A profissiio de engenheiro, com 0 progresso da ‘Técnien em todos os eampos da actividade humana, tende a ocupar o primeiro lugar no mundo actual. O mundo de amanhi (’) parece estar designado a ser um mundo no qual o engenheiro cada dia exercerd um papel mais importante, no qual sero chefes aqueles que compreendam os prinefpios da civilizagio moderna. A forte concorréneia mundial para a conquista dos mercados exige um progresso téenico incessante, novas invengdes, novos aperfeigoamentos, novas méaquinas, novos processos. Sho os engenheiros os prineipais fiadores desse progresto, de mios dadas com os ciontistas fisico-quimicos, matemsticos e minerogeolégicos. ‘A responsabilidade dos engenheircs na vida da nagio, tornou-se maior, e tem de continnar a aumentar para que 0 progresso nfo cesse, disse, no ano pasado, o americano Carlos Lamb (*) Porém, 0 campo de acgho dos engenheiros slargou-se extraordiniriamente, trans- bordando da Técnica para os campos econdmico, administrativo, financeiro, social e politico. Jé em 1930 afirmava Groesbeck que uma das causas maiores da prosperidade da América do Norte fora a unidto do génio financeiro com 0 engenheiro, pura dasenvolver as () sLa seleccion profesional de los estudiantes» Ds. Lucio Gil y Fagoaga — Madrid de 192%. (@) < >< 10° kWh anuais, repartidos por todos os meses ; e em 1943, ano em que a producto hidréulies ainda subin normalmente, a pro- dugio térmica chegou a 434><10° kWh, TECNICA 134 com 0 valor quase constante de 25>< 10° kWh. mensais durante o inverno e a primavera, € atingindo o méximo de 60>< 10° kWh em Agosto. Se tomarmos estes 25 milhdes mensais como producho térmica permanente, e se 08 supusermos gerados com a utilizagiio anual de 2.560 horas, miximo que as centrais térmicas atingiram em 1945 (como se indica no quadro anterior), poderemos aceitar que Ihes esto afectos 117 MI, o que significa dever tomar-se como poténcia de apoio esti- val apenas 270 MW, A relagio entre a poténcia térmica de apoio e a poténcia hidréuliea desce portanto para 0,20 d) Franga: A relacio entre o valor das poténeias ins- taladas térmica e hidrdulica nfo tem grande significado quando aplicada & Franca, por- que & sabido tratar-se de um Pafs em que a produgao de energia se reparte quase ao meio entre as fontes hfdrieas ¢ térmicas, pois que as condigtes naturais conduzem a isso. Nao tem portanto qualquer fundamento apon- tarse a Franca como exemplo a seguir por nés quanto & composigo das fontes de energia. Por outro lado, as anormalidades causa- das pela guerra vieram sobrepor-se aos efei- tos da estiagem no periodo 1943-45, pelo que nada de Gtil para o nosso caso se poderd tirar das estatisticas. Regista-se apenas a situagiio em 1946, que se aproxima da nor- malidade anterior \ guerra (ostatistien da Union Internationale des Producteurs ot Distributewrs d’Energie Electrique) : Thateisde | produsida | “anual Mw | awe 106] Hores Centrais hidréulieas .| 3 208 | 9 &27 | 3 060 Centrais térmicas 370 | 70% | 190 Totals 6 508 | 16 855 3100 445

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