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Qe REVISTA DE ENGENHARIA Bw enon si N: tee Novembro-1949 | NLLULQULLUVIULLUO UA Sede: Rua do Cais de Santarém, 64, 1." — LISBOA i Fabricado pelos mais modernos pro- cessos ¢ preferido para todos os tra- balhos de responsabilidade. Sacos de papel ou de juta com 50 Kg. Barricas de 180 Kg. BC iw COMPANHIA GERAL DE CAL E CIMENTO RUA DO COMERCIO, 56, 3.° Rua de Santo Anténio, 190-A, 1. Oficina e Laboratérios de INSTITOTO SUPERIOR TECHICO As oficinas pedagogicas do Instituto Superior Téenico, de CARPINTARIA DE MOLDES, de INSTRUMENTOS, DE PRECISAO ¢ de ELECTROTE CNICA, fornecem todo 0 género de material escolar © de demon para o ensino téenieo. 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D. 62,003 (469) De tal modo nos parece tragado 0 caminho da nossa industrializagdo — as suas linkas gerais, a sua posigdo econdmica ¢ social, os seus refleros na vida da Nacdo— que seria repetigado escusada ou discussio estéril a revisto do problema, numa fracgao que ‘Fosse, do conjunto dos seus variados aspectos. Sem desprestigio para outros, bastard veferir 0 wabalho do Prof. Ferreira Dias «Linka de Rumo», 0 «Ensaios de Economia Aplicada», do Eng? Aratjo Correia 6 «Os Novos Caminhos da Indiistria Portuguesa», do Eng.? Ferreira do Amaral. Na sua esséncia, esté marcado 0 caminko dos proximos anos, que se onguadrard, para sor seguro, nas tendéncias gerais da evolugio da téonica nos patses mais adiantados, adaptadas ao nosso meio. Cremos bem, como ja tivemos ocasido de referir a propésito do problema do ferro, qrie no campo da téenica 6 da economia, essas tendéncias so resumem, na generalidade, ao aproveitamento integral de tudo 0 que & susceptivel de consiituir riquesa, isto 6, a una «revalorizagdo de todos 08 valores». No campo social, a sfntese erémo-la também ja feita — e desde hé muito — quando se notow que «o problema social 6 0 problema da distribuicdo da riqueza, que nao tem solu- gio vantajosa sem 0 aumento da produgion. Tem sido, até agora, indiscuftvelmente lento 0 nosso reapetrechamento industrial, 0 que nto & 0 mesmo que'dizer-se que tem sido pequeno o esforco neste campo, sobretudo se Livermos presontes as circunstdncias do passado prézimo. Esto & vista os primsiros frutos, pelo menos no sector em que os sentimos de perto. Algumas ligdes nos tem dado j4 este primeiro reapetrechamento, as quais se poderiam deduziv de um estudo cuidadoso do que se passa nos pases mais industrialiados ¢ que vind, Dgicamente, a passar-se entre nés, vencidas as disténcias em atraso— tarefa sim- pliftcada no trabalho de criagdo, mas agravada pelas condigies do meio e pelas dificuldades de ajustamento. Ocupar-nos-emos, apés uma rdpida referéncia a alguns dos provdveis caminhos da nossa industrializagdo, de um problema cuja resolugdo, em bases soguras, as circunstincias desde j4 impBem que se inicie: 0 problema da investigagao. Procuraremos mostrar as suas ligacies com 0 ensino, de que nao ¢ facil, nem parece ser dle interesse dissocid-lo. Restringir-nos-omos, na referencia a alguns provaveis caminkos da nossa industria lisagto, quase que em exelusivo a indéstria quimica, alids sem pretensio, de longe sequer, do sermos completes. No conjunto dos problemas tratados, nao poderemos sair de generali- dades ¢ sem autoridade (que the ndo podemos conferir) 0 seu estudo € apenas o resultado de s0 procurar adaptar ao nosso meio, 0 que referéncias alheias nos parecem premente- mente indicar. O intevesse do que vai seguir-se, niio poderd consistir na novidade dos assuntos tra~ tados ¢, se algum tiver, serd apenas o de reavivar um problema a que estardo indissolivvel- mente ligados todos os passos futwros do nosso progresso industrial. I—Alguns provaveis caminhos da nossa industrializagao a) Tendéncias gerais Quem serenamente procure fazer um estudo comparativo da evolugio da téonica (') nos iiltimos anos, quer por contactos directos com instalagies de paises mais progressivos, qner pela dedugio estatistien dos seus indices de produgio ¢ concomitantemente de nfvel do vida, quer pela leitura mais on menos assidua de publicagdes da especialidade— notard, de-certo, duas caracterfsticns fundamentais dessa mesma evolugio : — que, de hé duas éendas para c4, se verificou uma mudanga profunda na teono- logia e nos prinefpios econémicos em que assenta a criagio de novas indvistrias ; — que no nosso pafs a evolugio tem sido demasiadamente lenta (nfo podemos esquecer que partimos de um minimo muito préximo de zero). Nestes princfpios assenteram, de uma maneira geral e implicita, os autores dos trabalhos referidos ¢ foi também a partir desta contestagio, evidente para quem conheca mais ou menos de perto o nosso meio industrial, que se tragaram os novos rumos de fomento — a energia, o reapetrechamento industrial e agricola, a regularizagio do comércio externo, Entrémos franeamente na época em que se tornou um lugar comum (famos a dizer, um apégo para_a salvagio econdmica do apés-guerra) a insisténcia na necessidade do aumento de produgio, na criagio de riqueza. Talves por ser apangio dos nossos tempos a repetigfio ou a negagio de evidéncias, que a insisténcia tenha tomado um cunho muito (1) TPomos em mente 0 respeitante & indistria quimiea em especial, sem protendermos generalizar a todos fof outros ramos da téeniea, TECNICA 660 que im- des da cias race ria~ wer, ali- ado ntew tra~ vel- a()) vos, ivel mo- mos dos vega sde ho zer, » do spos ito ‘dos acentnado; mas nfo se Ihe poder negar o mérito de demonstrar que é bem supérfiuo, no momento que passa, o desperdicio de energias na qnestitincula ou no tratamento rasteiro dos assuntos, to agradaveis, por vezes, a certos sectores do nosso meio. ‘A ilusio efémera do movimento de capitais ¢ da melhoria passageira da nossa balanga comercial como reflexo da guerra — «de 1943 para ef melhorimos mais por desfavor dos estranhos que por avango absoluto das condigées de vida propria» — (’) deixon, pelo menos, claro o caminho a seguir, alids sem reservas tragado nos diplomas © nas directrizes do Ministério da Economia. Ontrotanto no parece ainda estar bem assente e sobretudo bem sentido, quanto ao que poderemos chamar o «espfrito executivo», a mentalidade orientadora da realizagio, no percurso tragado, Queremos dizer que, se em algumas grandes empresas nossas existe um revigora~ mento de processos, uma mentalidade nova de administragio e de técnica, outrotanto niio sucede com determinado mimero delas, onde técnica é rotina que se esconde dos progressos no sen campo, se alberga na protecgio pautal e onde se vende com inconseiéncia feliz dos problemas bisicos da produgto. Nao ord demais repetir que &6 poderd ser estimulada a técnica que se alicergar em bases cientificas e que a orientagio da indistria deverd tender, acima de tudo, para a melhoria de qualidade ¢ embaratecimento do produto. Sio muitos os exemplos, de directo interesse para nds, que documentam com clareza a evolugio anteriormente referida e se resumem na ideia da «revalorizagio de todos os valores» que, como dissemos, parece ter tomado forma de hé duas décadas ann cd. Pare “Mesmo para aqueles qne tudo esperavam da guerra (salvo es decepgies do presente) © que no apés-guerra cuidavam ver o comego de uma nova evolugio da técnica industrial — supomos que aquela formula esté verificada. Jéem 1945, a propésito da evolugio dos problemas metahirgicos, 0 engenheiro Menendes de Vigo notava de uma maneira que se nos afigura perfeita :?) «Os fend- menos de toda a ordem econdmica que se produzem nos tempos de guerra, no sto nem exclusivos nem originados pripriamente nos momentos de Inta e, embora neles tenham a sua expresso mais acentuada, permaneceram num estado lntente anterior & mani- festagio de violéucia e segnirio, apés esta, com as variantes ¢ modificagdes que da con- tenda se deduzam. Se, como na maior parte das Iutas da humanidade, hé um mébil econémico que as dirige © na guerra anterior foi a conquista dos mereados — a actual contenda teve o seu gérmen econdmico ante a limitagio dos recursos naturais para abastecer as indhistrias e, se esta tem sido n preocupagio das fases mais violentas da uta, seré também aque dominaré no futuro apés-guerray, Recordimos estas palavras quando nos referimos ao problema do ferro, exemplo, a0 que supomos, dos mais interessantes e comprovativos da evolugio referida: Alids, os pro- blemas metalirgicos ¢ o problema dos plsticos parecem ser os fuleros de toda a substi- tuigo, em curso, de produtos de uso anteriormente considerado normal. A sua evolugio enquadra-se bem na ideia, que parece ser norma cada vez mais assente, de que os problemas da fabricagio de produtos de substituigao sio mais de qualidade que de quantidade. Recordaremos agora alguns outros exemplos que s¢ nos afiguram enriosos, compro- vativos da evolugio referida e que, mais tarde ou mais cedo, nos deverdo interessar. Pro- () Enge Ferreira do Amaral, Os Novos Caminhos da Indistria Portuguesa, pig. 9. 9) Dyna, Julho 1945, TECNICA 661 Auto de visitas, leituras ¢ observagio, embora restrita, do nosso meio, as notas seguintes nilo tém originalidade alguma ¢ restringem-se, como acentuiimos, quase que em exclusivo A indiistria quimica. Em alguns pontos, a generalizagao aos restantes campos da técnica nado 6 dificil. De uma maneira geral, poderemos desde jé dizer que a criagio de produtos de substituiedo ¢ a utilizagao de processos de s{ntese sio a primeira pormenorizacao da ideia em que insistimos. A observagio de alguns progressos mais espectaculares (que citamos a0 acaso): a ampliagho das poténeias dos motores eléetricos até 65.000 H. P. ('); a elevagdo da tem- peratura de funcionamento das turbinas; a medig&o da espessura das chapas de ago nas Taminagens, pelos raios X; 0s filmes de alta velocidade tirados com raios X;_a tendéncia para as grandes velocidades das turbo-méquinas; a elevagio na produglo de chapas de aco a 1,600 metros por minuto; o radar; a energia atémica ¢ tantos outros avangos recentes da téenica—se por um lado trazem & evidéncia o objectivo premente da inten- sifieagio da produgio e redugio dos enstos, a necessidade de pesquisa, podem, 2 primeira vista, ocultar o movimento da evolugio da tecnologia quimiea, om especial a dos tabricos J existentes. Mas quem notar a intensificagao do estudo dos problemas industriais que por toda a parte se faz ou anuncia constantemente, verifieard que, por detras de comissbes reu- nidas com maior ou menor eficiéneia por toda a parte, a prégar a salyagio econdmica pela produgio—se assiste, efectivamente, a um movimento menos espectacular, mas bem s6lido, nos processos industriais. ‘e assim que a propésito do Plan Monet se insistia recentemente em Franga () em que «seule Yamélioration substantielle de notre outillage permettra au travailleur frangais, des champs ou de Vusine, un rendement équivalent i celui du travailleur américainy. B recordava a propésito que, enquanto um cultivador dos Estados Unidos alimenta, pelo seu trabalho, 20 habitantes, em Franga alimenta 6; do mesmo modo, ao passo que ium mineiro americano extrai 5 ton. de carvao por dia, um mineiro francés extrai apenas 1; que enquanto a construgio de uma casa para 4 pessoas custa duas vezes e meia o saldrio anual de um operério, em Franga custa dez, ete. O mesmo autor referia, com desgosto que, por outro lado, o francés tem um desa- fecto nitido pelo trabalho produtivo, preferindo aos campos e ts fibricas, o negécio, de tal modo que 0 mimero de agricultores decresceu de 9 a 6 milhdes entre 1906 e 1946, ao asso que o de comerciantes passou de 2, a mais de 8,3 milhdes. Pensimos na analogia com o que se passa entre nds e notdmos 0 bom senso do autor ao referir que «eroire qu’un libéralisme total permettra sans études et par les seules initiatives individuelles de sauver la situation, est une erreur dangereuse ; seul un plan cohérent, fixant l'utilisation des ressources-clés, permettra d’utiliser rationellement et au maximum les moyens ét les erédits dont nous disposons». ‘A consideragdo destas questées de reorganiangio, nfio permite dissociar os pro- blemas de indiistria dos problemas da energia ¢ da produgio agricola. Na verdade, dentre muitas ligdes que o apés-guerra nos di, uma das nao menos importantes é a da necessidade de um minimo, pelo menos, de autarquia agricola; como 6 bem conhecido, é este minimo que condiciona em parte os projectos de utilizagio dos ()) 0 Engenheiro Westhinghouse, Dez. 1948. @) Daniel Florentia, Chimie ot Industrie, vol. 60, n+ 3, Sept. 48, p TEeNICA 662 ates sivo nica 3 de deia ales vlan Faw aro nos »mo dos recursos naturais para a produgio de energia e estes, com os primeiros, @ utilizagio das matérias primas. Passou a ser lugar comum dizer-se que a energia tende a condicionar quase inte gralmente possibilidade da eriagio de novas indristrias; no easo da Suiga, por exemplo, supre a pobreza das matérias primas e a dificuldade da sua aquisiggio como pafs interior ‘Mas é certo também que nem sempre se torna necessiiria a existéncia de manancinis constantes para justifiear a eriag&o de novas indtistrias. Com efeito, quando no final do enrso pudemos visitar algumas instalagdes sufcas, em Sierre (Chippis) na «Société pour I'Industrie de l’Aluminium », verificsimos que partiam de bauxites importadas de Franca ; indicaram-nos a composicio da carga, a condngko da fustio, a aspiracio de gases © pociras, mas nada nos disseram, de infeio, sobre o trata- mento das bauxites, 0 que, afinal nfo constitufa segredo de fabricagio porque, pouco depois, soubemos que as bauxites so importadas de Franca ja tratadas. Na visita, em Prattern, a uma grande destilagio de aleatrdes, verificdmos que todos eram importados do Ruhr; em Bex, 0 sal é extrafdo de minas de sal gema,sendo a concen- tragdo das salmoiras feita por aquecimento eléctrico ; em Broc, a fabricagio de chocolates assenta, como seria de esperar, na importagko de cacau da Africa ¢ do Brasil; na «Fonte Eléetrique», 0 fabrico de dcido fosférico & feito por forno eléetrico & custa de fosforites de Marrocos; ¢ assim por diante. ‘Na fibriea de aluminio de Chippis, a energia eléctrica (cuja obtengio condicionou em grande parte a situagio da fibrica) ¢ obtida numa central privativa aproveitondo a queda de Agua de um lago existente no cume da montanha contigna. Durante todo © inverno, porém, esta grande fibrica faz exclusivamente reparagdes dos fornos, com que preenele 0 tempo em que, por no haver degelo, no dispde de energia eléctrica suficiente. Ao que nos disseram, o facto passado nesta instalagio 6 de fcil generalizagio a outras indiistrias suigas ¢ mostra-nos que, como parece vir acontecer em Portugal, a energia eléctriea nfo tem um cardeter permanente; simplesmente, ao contraério do que viré-a suceder no nosso Pais, Aparte a eseala, 6 no verao que os suigos dispoem dos grandes mananciais de energia. b) Os progressos alheios e as nossas possibilidades Sio trés as classes em que se agrupam os objectivos determinantes dos prinefpios orientadores da reorganizagio das indéstrias existentes ('). —a modernizagio dos maquinismos ¢ processos fabris ; —o apoio em bases cientffieas da produglo industrial; — a concentragio de unidades industriais dispersas. Para as indistrias a instalar, a norma a seguir, parece ser a de procurar adaptar a0 nosso meio os progressos alheios, pelo aproveitamento dos nostos recursos de energia ¢ de matérias primas ¢ pela organizagao em novos moldes dos métodos de trabalho. © programa dos préximos anos (a delimitagao do tempo é sempre muito dificil de fauer nas circunstincias actuais ¢ no nosso meio) é conhecido com maior ou menor por- menor, no que se refere aos adubos azotados ¢ fosfatados, & cianamida céleiea, a papel, ao ferro (em parte), ete. Stio conhecidos os projectos de instalagdo da metalurgia do estanho e do volframio, @) Eng. Ferreira do Amaral «Os Novos Caminhos da Industria Portuguesa», pig. TECNICA 663 do estudo do leool carburante, da amplingio das fabrieagdes de cimento e de vidro, da hidrogenagio dos éleos, da renovagio de indiistrias metalo-mecinicas e afins, da fiagio do linho. ‘Acrescentaremos alguns comentiirios relativos a um reduzido ntimero de progressos alheios, cuja consideragio, pelo menos, poderd vir a sor de interesse dentro das nossas possibilidades futuras. Notaremos desde j& que a indtistria quimica, no quadro econémico das nagdes modernas, tem tido um acréscimo de valia nos tiltimos anos, com posigao marcada logo a seguir & agricultura e 4 produgio de energia. Dentro desta indtistria, parece ser matéria assente nfo convir encorajar de futuro a demasiada especializagio das sociedades indnstrinis, devendo cooperar concentrar-se de modo a permitirem uma exploragiio racional e integral dos recursos de que dispdem (regionais ou outros). Assim, tem-se insistido recentemente na juxtaposigao de indiistrias minerais ¢ orgdnicas, as primeiras consumidoras de muita energia e as segundas de muitas calorias. O enorme desenvolvimento da I. G. Farben foi, segundo o Dr. Carl Wurster, devido a este prinefpio de interdependéneia, como a existente nas fibricns de Ludwigshafen, em partienlar, onde se vin um forno de earboneto de grande capacidade ao lado de uma fibrica de resinas, de borracha por sintese, de edrantes azdioos, ete. Isto justifien a tendéncia (j4 comegada a seguir entre nés) para a instalag&o nas grandes coneentragdes industriais, de vapor a alta pressiio produzindo energia (geralmente em mais de um andar) e distribuindo 0 vapor as presses baixas para o fornecimento de calor. Outra caracteristica geral no progresso da inddstria quimica 6 a utilisagio dos sub-produtos, quer pela montagem de indiistrias que permitam a sua utilizagio, quer pela investigagao da possibilidade do seu aproveitamento, ‘Temos jé entre nés problemas de interesse ¢ mais toremos \ medida que enrique- cermos o nosso equipamento industrial. So, por agora, problemas mais ou menos gerais, existentes por toda a parte, ¢ entre eles podemos referir 0 do aproveitamento do dxido das pirites queimadas (a utilizar na metalurgia do ferro); do cloreto de eAleio do proceso Solvay e porventura do fosfate dicileico; do cloro das electrélises alealinas; do sulfato de cdlcio do Acido fosférico, ete, ete. ‘Alguns aproveitamentos de sub-produtos deverflo ser, no futuro, a base da insta- lacHo de importantes indiistrias e s6 serio, em nossa opinifio, resolvidos, quando se entrar decididamente na instalago complementar de indiistrias minerais e orgfnicas, que referimos atris, Em certos casos mesmo, substincias que constituem para nés sub-produtos, como © Acido cloridrigo (provisiriamente, ao que esperamos), passaram a ter papel inverso na maior parte dos paises. No caso do cloro, supomos pensar-se, de momento, no estudo de derivados clorados orginicos para insecticidas ¢ outras utilizagdes; noutros pafses parece prever-se jé um acréscimo das necessidades de cloro, por exemplo para a produgao de fenol a partir do clorobenzeno. No caso do sulfato de célcio, a produgio prevista é insuficiente para o sul- fato de aménio e, além disso, anti-econémica a sua utilizagio; nestas condicées, 0 seu aproveitamento Timitar-se-, pelo menos por agora, 4 adigio a adubos como correctivo. Estes problemas na indiistria orginiea sio de maior complexidade ¢ de maior pon- deragio; por toda a parte existem problemas de utilizagao de sub-produtos, como 0 deido sulfifrico residual das sulfonagdes, 0 sulfureto de s6dio da fusio alcalina dos derivados sulfonados, o dcido nitrico do excesso das misturas sulfonitricas, ete., ete. Na referéncia a alguns problemas particulares, cuja evolugiio nos poderé interessar mais de perto, quer pela quesiio em si, quer pela ligo que se tira dos processos seguidos, >, da agho essos ossas ages Togo ature ar-se dem trias uitas sster, afen, uma ynas ente vento dos pela que- rais, xido e880 Ifato asta 0 se que omo ona ados - um. rdo sul- 8,0 omo pon- eido ados vssar dos, limitar-nos-emos a citar alguns pormenores, tendo a preoenpagio de mostrar, sempre que possivel, as possibilidades da investigagio no aproveitamento de matérias pobres. No que diz respeito a combustfveis, por exemplo, a evolugio parece resumir-se nas duas caracteristicas seguintes: — capacidades ilimitadas, mas de extracgio mais cara; — necessidade de utilizagio de combustiveis pobres. Em pafses pobres de combustiveis, como o Brasil, a lenha foi nos tiltimos anos 0 combustivel principal (’) tanto para os caminhos de ferro como para a indtistria, Neste pais, 0 combustivel & cada vez mais caro e dificil de obter, esperando ver a resolugio do sen problema no aproveitamento do grande poteneial hidroeléctrico que possui. O eusto da lenha, com a guerra quadruplicon e 0 prego do carvaio importado subin de 12 para 30 délares por tonelada de 1989 para e4, Os carves vegetais terfo largo interesse no nosso pafs, sobretudo se a metalurgia do ferro enveredar pelo caminho que parece ter iniciado. Por outro lado, 6 sabido que os modernos métodos (hidrogenagio © racking) per- mitem o aproveitamento dos combustiveis pobres. Segundo Louis Thibaut (?) um dos pro- gressos realizados pela «Compagnie Francaise des Essences Synthétiques» foi o de conse- guir efectuar numa mesma operagio a hidrogenagio progressiva do combustivel a tratar ¢, simultaneamente, 0 fraccionamento dos produtos obtidos, de modo a retirar do cireuito 0s produtos leves © manter no aparelho, até rencgio completa, os produtos pesados, de reacgio mais lenta. Diremos a propésito que, para obter este resultado, a referida companhia aprovei- tou os trabalhos ¢ indicagées da «Société National de Recherches». Nos Estados Unidos, segundo as informagdes que nos vio chegando, os processos alemies de s{ntese tém sido melhorados grandemente com economia aprecivel, tendo aumentado muito o ntimero capacidade das instalagdes existentes. ‘A propria queima dos combustiveis sélidos tem evolufdo de modo a poder fazer-se sem grande inconveniente a queima dos mais pobres. Esperemos que os «Underfeed Stokers» instalados entre nés e que se experimentariio em breve, correspondam a essa possibilidade, como se prevé. Dominando, de uma maneira geral, a aplicagio dos combustiveis, a sua reactividade permite determinar qual a sua utilizagio mais racional, Sobre este problema em evoluciio, publicaram-se j mais de quinhentas memérias ; o antigo I. P. de Combustiveis inicion hit cerea de trés anos o estudo da reactividade dos carves vegelais poringueses, sob a direegio do Sr. Prof. Herculano de Carvalho, tendo-se obtido resultados que animavam a continuagio do estudo. Ignoramos o motivo da inter- supgiio do trabalho (se efectivamente tal se den), tanto mais que, no nosso caso, a carboxirenctividade tem um interesse especial, quer na gasifieago quer no. possivel apro- veitamento no alto (ou baixo) forno eléctrico. No intuito de esclarecer o problema, além dos trabalhos ¢ compilagdes de Henri Gnérin, os Srs. Delassus, Devaux, Pourbaix, Gottignies, Berger, ete., tém-se recentemente ocupado do assunto, tendo os tiltimos apresentado uma interessante comunicagio ao tiltimo congresso de quimica industrial (Set. 1948). No que respeita a metais, os progressos recontes tém, para nés, alguns aspectos de particular interesse. Nao referiremos agora o problema da obtengio da gusa de minérios pobres, de cuja posigao nos ocupdmos em breve resenha feita anteriormente (). Alisis, nfo () Robert Longwelle, Westhinghouse Electric Corporation, Wor, 49, pig. 22 (2) Chimio ot Industrie, Junho 48, pg. 548, () «0 Problema Nacional do Ferro perante as 'Tendéncias Actuais da Siderurgiay, Téeniea n.* 196, pag. 541. TECNICA 668 tendo acompanhado suficientemente de perto a evolugio do nosso problema, nada sobre ele poderfamos acrescentar. ‘As referéneins alheias de maior intereste pela novidade, dizem essencialmente res- peito a pormenores de técnica, por onde alids as coisas, a maior parte das vezes falham. ‘No Bulletin de Ia Société Industrielle Moulhouse, o Sr. A. G. Lefevre descreve a evolugio do emprego que, desde 1931 tem tido a soda na dessulfuracio, evitando adigdes custosas de manganés; nota as suas vantagens como elemento revalorizador dos minérios conside- rados demasiadamente pobres ¢ demasiadamente siliciosos, as possibilidades no tratamento directo dos agos por leitos de fusio «sintéticos» & base de soda, ete. ‘Na Europa, partindo de zero em 1933, 0 consumo atingiu mais de 100.000 ton. em 1939, correspondendo a 20 milhdes de toneladas de gusa tratada. Recentemente, a «Essex Research Corporation» refere um processo de aperfeigon- mento da dessulfaracio da gusa que consiste em fazer passar através da gusa e escéri hidrogénio ou azoto em quantidade suficiente para produzir uma pressiio parcial de oxi- génio na superficie de separagio gusa-escéria que seja inferior & que existe normalmente quando 0 carbono © 0 oxigénio reagem para formar xido de carbono, i temperatura de fusio da gusa e & pressio atmosfériea, facilitando assim a transferéncia do enxofre da gusa para a escéria, Outros resultados de possfvel interesse para os nossos problemas metahirgicos dizem respeito ao emprego de oxigénio na fabrieaglio do aco (ensaios feitos em especial no Canadé e Estados Unidos) no Siemens-Martin, com economia de combustivel, maior utili- zagio de materiais e produgio répida de agos extra-macios, tipo Armco. A Met. Ital. (n° 39, de 1947) refere-nos também estudos feitos no alto forno com a introduciio de ar enriquecido a 30°), de oxigénio. Outro problema metalirgico que referimos pelo aleance das suas possibilidades e pelo interesse do processo evolutivo & 0 da eztraccdo do aluméni ‘As noticias mais recentes (e a publicidade de um processo novo est normalmente muito atrasada da sua vriagio) referem-nos como estando jé assente, em bases seguras, & extracgfio do aluminio das argilas e caulinos. ‘Como se sabe, até 1939 0 proceso usado industrialmente para a obtengfo de alu- mina a partir da bauxite era quase exclusivamente o processo Bayer, que exigia minérios cujo teor om silica nfo ultrapassasse 5°) ‘As necessidades da guerra, com limitagdes de importacao, em grande parte feita de Franca, deram, sobretudo na Américn, um grande ineremento as investigagdes que se tinham’ iniciado anteriormente, tendo os trabalhos de A. Ramuz dado a conhecer que 6 aluminato de efleio constitui o termo de passagem mais interessante para obtengio de alumina. Segundo o Sr. Hignet (') 0 processo Pedersen modifieado, consiste numa caleinagho de bauxite com o caledreo, sendo a mistura de aluminato ¢ silicato de céleio obtida, tratada por carbonato e bicarbonato de sédio, Numa tiltima fase, a alumina é precipitada por anidrido carbénico seguindo-se a filtrado e secagem. ‘A temperatura da calcinagio é da ordem dos 1400 Ce 0 rendimento da extracgio de cerea de 95%, calculando-se 0 prego da tonelada de aluminio em 47 délares numa produg&o de 50 ton/dia e 35 délares numa produgao de 100 ton. Supomos ter sido este um dos passos mais importantes no aproveitamento das bauxites pobres. ‘A partir de 1942, 0 Washington Standards Office estudou, porém, a extraccho do aluminio da argila, tendo a fbrica-piloto construfda para este fim, funeionado em Maio de 1943. () Industrial and Engineering Chemistry, 1947, 39. TECNICA 666 sobre 8 res tham. Ingo stosas aside- nento a, em igoa- obria, > oxi- nente rade gusa lizem no aente vas, a alu- vbrios ta de 1e se que gio ragho itida, itada seco moma das 0 do Por nos parecer de extremo interesse este problema, reproduzimos a indicagio de algumas operagdes © processos essenciais para a fabricagfio da alumina partindo da argila. — ealeinagio da argila a caren de 700° C. — ataque por Acido clorfdrieo dilufdo — filtragio — concentragio da soluelo — precipitagio do aluminio no estado de cloreto hidratado por adigo de gis cloridrico 4 solugio concentrada — separagiio dos cristais de cloreto de aluminio hidratado — lavagem dos cristais — caleinagio do cloreto hidratado — recuperagiio do feido eloridrieo. E sabido que a extracgio do alumfnio exige energia barata, como & sabido que se nao pressupusermos esta hipdtese nfo valer a pena falar em progresso industrial. Mas hi, no que acabamos de referir (adentro da limitaclo a que obriga o tratamento superficial que demos ao assunto) alguns pontos que nos parecem interessantes para um eventual estudo deste problema entre nés. O Servico de Fomento Mineiro noticia-nos (!) que ase presta assisténcia téeniea no reconhecimento, pesquisa e estudo geolégico da vasta regiio caulinica do distrito do Porto onde existem varias minas e registos mineiros que cobrem uma dren de 150 km». Por outro lado, as nossas disponibilidades em dcido cloridrico, da indiistria do sulfato de s6dio, devem ser extraordindriamente acrescidas se se vier a dar o incremento desejado A indiistrin do papel, mesmo com desenvolvimento simultineo da indiis- tria do rédio. ‘lids, segundo informagdes do Journal of Research, a preparagio da alumina, pelo processo deserito (com 99,6 a 99,8°), de pureza) permite reduzir as perdas de “cido a 10 dol por tonelada de alumina obtida. ‘A mesma revista indica, como estimativa, que o custo de uma tonelada de alumina na América é de cerea de 12 vezes o da tonelada de caulino, sendo o gasto de combustivel cerea de "yp do prego da alumina obtida. Nao insistiremos, nesta breve referéneia, noutros pontos do progresso industrial alheio que podem, na sua adaptagio ao nosso meio vir a ser ponte que encurte a distincia que precisamos percorrer. Queremos apenas recordar que, para certas indiistrias estabelecidas entre nés, & também nftida a linha geral da sua evoluefo, a que teremos de atender. Em algumas delas, como a dos adubos fosfatados, proceden-se a um reapetrecha- mento cujos frutos esto vista, que se ressentin, de uma maneira geral, do desequilibrio originado pela guerra, além de outras dificuldades do nosso meio. ‘Ao iniciar-se a amortizaco de algumas, verifica-se, por este motivo, que a serem postos agora os mesmos problemas ou se nao teriam resolvido nas mesmas bases ou sofriam, pelo menos, modificagdes importantes. Basta-nos referir, como exemplo, os tiltimos progressos nas indiistrias dos adubos ¢ dos fungicidas, com curiosos aspectos a que tevemos de atender e que tém sido anunciados com bastante pormenor. O esforgo feito, pelo menos na indiistria inorganiea (que melhor conhecemos) foi, devemos salienti-lo, sob muitos aspectos notfvel. E dentro de um novo ambiente que se () Revista da Ordem dos Engenheiros, n.° 68 TECNICA 667 cria, com nova preparagio © novos métodos e, sobretudo se tendermos para um mais porfado esforgo — podemos esperar que no bom aproveitamento das instalagSes exis- fentes se possa encontrar, nfo s6 parte da recuperagio desejada, mas a dedugio das modifieagdes @ fazer no rumo nortendor da montagem e condugao das instalagdes futnras, : Esperemos que, fugindo is tendéncias rotineiras e por vezes demasiadamente indi- vidnalistas do nosso’ meio, saibamos condicionar a introdugio no mereado dos novos produtos de modo a, por um Indo evitar desequilfbrio nas indistrias existentes mas, por butro, a nfo retardar o desenvolvimento desejado para a elevagiio do nosso nivel. (Continua) mais exis > das gies indi- ovos por uivel. A Mecanica do Solo e as suas aplicagées PELO ENG. civit (U.P) MANUEL PIMENTEL PEREIRA DOS SANTOS Antigo Assistente da Faculdade do Ciéneles do Porto Director do Laboratério de Ensaios de Materiais © Mecdnica do Solo (Continuagao) 18 — Observagdes Deve-se notar que os resultados anterio- res (consisténcia, permeabilidade e indice de absorgao) dizem respeito a solos em que se separaram os gritos de diametro superior a 1/2 mm. Os grificos que dio.a influéncia da percentagem de areia permitem-nos ajui- sar das modificages que a ineorporagio deste material vem introduzir. E bom também desde jé assinalar, que, como veremos, a determinagho destas carac- terfstieas se faz sobre amostras nfo intactas, pois é necessirio manused-las, Assim, no solo estas caracteristicas podem apresentar valores um pouco diferentes dos obtidos no laboratério — portanto estes tiltimos devem ser considerados como limites inferiores das propriedades estudadas, pois no estado na- tural o solo estar sempre num estado mais estivel. 19—Problemas sobre consisté: bilidade dos solos A — Uma amostra-de argila tem um limite Uguido de 50°/, © wm limite plas- tico de 25°/,. A que tipo de argila corresponderd? Serd diferente da argila correspondente a outra amos- tra com limite liquide de 52°), ¢ limite plastico de 40°/, ? © permea- Caleulemos 0 indice de plasticidade da primeira amostr I—Lp = 50 — 26 = 25 e da segunda iL p= 8240-12 A primeira amostra tem um limite fquido de 50°/,, que no 6 elevado, indicando uma proporgiio consideravel de lodo e arein; 0 limite plistico 25 esté de acordo com isto; ©. D. 624.434 portanto, muito provavelmente, trata-se de uma argila lodosa. Também o indice de plasticidade 25, que 6 baixo, indiea a presenga em proporgio clevada de material lamelar, e de muito potea ou nenhuma matéria organics. Mas na segunda amostra, o limite plistico tem j& um valor elevado, indicando ansén- cia de gros lamelares on achatados, e um grau notével de matéria orginiea, B— Uma amosira de argila tem uma densidade absoluta de 2,79. No es- tado natural o seu indice de vazios 6 de 75°), ¢ apés ser preparada, esse indice bata para 56°), Quais os limites de retracgdo em caila caso? Que conclusdes se podem tivar dos elementos fornecidos? Segundo a equagio (17), para a amostra natural Portanto no segundo caso, o volume de vazios & menor, ¢ menor seri a percentagem de ‘gua necessirin para os\preencher. A argila no seu estado natural teré grande compressibilidade, nfo sendo aconselhivel para construgio de diques, a menos que soja efectuadn por camadas delgadas e con- venientemente consolidadas. © — Uma argila completamente saturada ton um grau de humidade de 45°), 6 wna densidade aparente de 1,95. Depois de seca, a sua densidade 6 de 1,79, Achar a densidade absoluta TECNICA 669 ¢ 0 limite de contraccto para esta argila. Da equagao (8) ° D=0,45 ‘Da equacio (10) aig — Pte ite resulta, 10,2475 = 24,7580 3g2 D— Determinar 0 gradiante critico dum solo arenoso de densidade absoluta 2,75 e indice de vazios 95°/,. De (21) i= D-1 2,15 —1 PS Te 1+ 0,95 E— A dqua 6 filtrada através de enchi- monto de terra duma ensecadeira de 15 m de comprimento ¢ 7,5 m de eopessura, sendo a altura de dgua de 4,20 m acima duma camada imper- ‘medvel de argila, ‘Supondo que a cortina de estacas- -pranchas nao esté: suficientemente vedada para retardar o fluro da dgua, calcular 0 caudal de dquar que passa através da ensecadeira mun dia, se a) 0 enchimento for uma argila lodosa 0,9 = 90% b) ou uma areia Iodosa com k= 344 m/min a) de (21) a—Akit, em que A= 15><4,90=68 m= K = 0,0000045 m/min; = 48 _ 068 15 { =1 minuto TECNICA 670 30.000 >< 0,0000045 >< 0,64 >< 1 = 8 >< 0,045 >< 0,64 = 1,813 om/mi 2,65 litros/dia 630.000 >< 844 >< 0,64 >< 1 = 88,000,000 em: /min = 100,000 litros/dia, 20—A coesio dos solos e a sua origem Um dos problemas mais importantes da Mocdnica do Solo consiste no estudo ¢ inter- pretagio da coesio, ou seja dessa proprie- dade que por variagio gradual caracteriza 08 diferentes estados possiveis, ¢ aparece como uma atracgio entre as particulas im- pedindo o seu afastamento ou deslizamento. Quando uma amostra de solo nao esté submetida a qualquer forga exterior, a re- sisténcia & separagio das particulas traduz- -se pela resisténcia ao corte, Esta propric dade portanto permite-nos, pela sua me- dida, conhecer a coesio. Nos sélidos & sabido que a origem da coesiio deve ser procurada nas acgdes inter- moleculares. Seri o mesmo no caso dos solos? Ora nos solos coerentes podem aparecer alguns acusando a presenga dum ligante s6lido das particulas susceptivel de expli- car a ligagio entre estas. Mas uma outra categoria de solos, a mais importante tal- ver, ndo apresenta qualquer ligante sélido —bo caso das argilas, areias, ete. Por- tanto af parece que o problema da coesio nio devers ser posto nos mesmos termos que no caso dos sélidos. Uma primeira indicagio sobre as possi veis origens do fenémeno pode ser encon- trada notando que & medida que diminui a pereentagem de Agua no solo, aumenta a coesio (argilas) ou que, pelo contrério solos desprovidos de coesio, quando secos, apre- sentam essa propriedade, embora em pe- queno grau quando hnimidos (areias). Sabemos portanto ja que a gua tem in- fluéncia sobre a coesiio; é assim necessirio investigar qual o mecanismo dessa acgio. min nento, © est are raduz- a me- am da inter- io dos arecer igante expli- outra te tal- sélido Por- coestio sermos possi neon inui a ta a > solos apre- n pe- A.comparagiio da coestio de arcias mo- Ihndas de diferentes difmetros mostra que nooesio é tanto maior quanto mais finos forem os gros. Por outro lado, sabemos que as argilas, em que a coesio atinge va- lores tio altos, so formadas por graos muito finos. A finura dos gros tem influén- cia portanto na propriedade em estado, essa influéncia traduz-se pela diminuigio de dimenstes dos canaliculos intersticiais por consequéncia, pelo aparecimento ‘de fendmenos de tensto superficial. Assim se verifica muitas vezes que o nivel de dgua no terreno sobe notivelmente acima do nivel da toalha de Agua subterrinea sobre a qual este assenta, Ao lado dos fendmenos de tensio su- perficial, a atracgio molecular nfo deixa também’ de desempenhar um importante papel. Ela explica porque é que uma parede de trincheira composta de griios arenosos muito finos pode manter-se estével quer quando existe humidade nos canalfeulos, quer, em eertos casos, quando estes estito secos. De resto, essa atracgio molecular s6 se veri- fica em solos constituidos por elementos tio finos que 0 sen peso possa ser desprezsivel em fungao da intensidade de atracgiio entre elementos vizinhos. Hsta forga de atracgio designa-se também por atrito sob carga nula ou atrito @ zero, nos depésitos sedi- mentares nio solicitados por qualquer forea exterior. © mecanismo desta acgHo foi posto em evidéneia por Terzaghi, que numa expe- riéneia odlebre mostrou como nesses depé= sitos as partfenlas tombando no fundo, segundo a lei de Stokes, so envolvidas por uma pelicula de agua adsorvida, cuja espessura é da ordem de 100 microns. As acgdes de atracgiio dio-se entre as eamadas Uguidas adsorvidas, produzindo a adesio entre.as particulas. Chama-se coesdo verdadeira \ caracte- vistica atrds descrita, resultante das acgdes intermoleculares, E. designa-se por coesdo aparente i resultante das dogdes derivadas da pressio capilar da dgua nos eanaliculos intersticinis. Sobre a eoesdo verdadeina pouco diremos, a nfo ser que ela aumenta em solos sujeitos 8 compressdes, como se compreende, pois que aumenta assim os pontos de contacto entre particulas; e ainda que certos solos (argilas) que foram remexidos, tendem a reencontrar por sia estruiura perdida, por uma espécie de auto-consolidagio, tradu- zida pelo aumento da coesio verdadeira que de novo se aproxima do valor anterior A perturbagio do solo, E a propriedade tivotrépica da argila, a que ji nos refe- rimos. Retomemos agora o estudo dos fenéme- nos ligados & pressio eapilar. Vimos anteriormente que a0 passo que nos solos argilosos a coesio eresce com a diminuigio do gran de humidade, sucede o contrario no caso das arcins. Isto 6 devido a que no primeiro caso existe uma forga que impede a total evapo- ragho da agua, forga que nfo é suficiente- mente forte na estrutura de solos arenosos. # esse, fandamentalmente, o papel da pres- slo capilar. E 0 valor elevado que atinge nos solos argilosos explica-se pelo facto das suas particulas serem de forma achatada, deixando portanto intervalos micrométricos entre clas, Eisses intervalos diminuem ainda A medida que tem lugar @ evaporagio de gua, traduzindo-se pelo aumento de pres- siio capilar e pela diminuigio da tensio do vapor emitido pelo Ifquido, em virtude do aumento da curvatura do menisco que forma a superficie livre. Assim se atinge 0 momento em que as tensdes do vapor de figua atmosférico 6 superior i tensio do por emitido; a evaporagio cessa automa ticamente. J& 0 mesmo nfio pode acontecer nas areias, pela forma geralmente arredondada dos gritos; as dimensdes dos espacos inter- =particulares niio atingem os valores mini mos necessirios para que se produza 0 efeito acima. E possivel ealeular os valores da pressiio cnpilar, intervindo nestes fendmenos, bem como as dimensées dos meniscos. corres- pondentos tv paragem da evaporagio. TECNICA 671 21 —Eleitos da pressio copilar nos solos 54 vimos que a coestio aparente é a resul- tante de acgGes de tensio superficial em fenémenos de capilaridade. Isto pode ser confirmado executando ensaios de compres~ siio sobre amostras impedidas de se dilata- rem transversalmente, e verificando que os diagramas de assentamento em fungho das pressdes aplicadas tem as mesmas caracte- ristions para solos coerentes e incoerentes, desde que 0 ensaio se faga em presenca da Ggua. As curvas tém equagdes muito seme- Thantes diferindo apenas pelos coeficientes. Admitindo que todas as outras proprieda- des de estado se relacionem com as forgas exteriores de maneira idéntica nos dois tipos de solos e nas condicdes expostas — como aliés » experiéncia demonstra e notando que a desaparigio da influéncia da tensio superficial estabelece a identidade dessas propriedades em ambos os easos, 6 légico atribuir a coesio aparente Aquele factor fisico. Esse papel decisivo da tensio superficial pode ser ainda posto em evidén- cia pela experiéneia seguinte, deserita por Buisson [41]. ‘Tomemos dois cilindros de argila com as mesmas propriedades ¢ dimensdes, Seja um deles posto em presenga da Agua por intermédio dum filtro, ¢ fagamos um ensaio de compressio. A gna em excesso 6 eliminada eo cilin- dro diminui de volume, correspondendo a cada pressio uma certa percentagem de Agua. ‘No outro cilindro, no sujeito a acgdes externas, deixamos desenvolver-se normal- mente 0 processo de evaporacio de figua; ele vai também diminuindo de volume. Chega um momento em que a percentagem de figua 6 a mesma nos dois cilindros. A prossio capilar na argiln do segundo cilindro ¢ equivalente & pressio exterior aplicada ao primeiro para obter a mesma resistencia, A pressfio capilar ser, medida pela resisténcia & tracgo da pelicula aquosa superficial, ou seja, como se sabe, de 76,4 dinesom, A formula de Jurin én altura da ascen- sio de gua num tubo capilar de raio r, TECNICA 672 sendo = 0 fingulo de concordincia do menisco. ‘Tem-se ya OOTOA><10~; P= 12,7 mm de meretirio = 17,14 gr/em® . Tem-se entéo aproximadamente : 91,800 log, t Kejemt . . 7) Entrando com a percentage molhada por om? chega-se & pressio real tedrica, que se afasta da medida pelo facto da variagio de concentracko dos sais dissolvidos variar muito de ponto para ponto. MICA, 673 E possivel, como indicaremos no eapftulo seguinte medir experimentalmente a pressiio capilar. As suas aplicagdes sito numerosas como vamos mostrar pelos seguintes exem- plos indicados por Buisson (41), a) Um muro de suporte suporta um aterro argiloso que, a quando da constru- gio, se apresentava consistente, Nenhum impulso era exercido pelo muro, e inclusi- vamente a carga devida ao peso préprio era absorvida pela resisténcia & compressfio da argila. Durante a estagio seca, produzem-se efei- tos de retracclio, e consequentemente frac tura do macigo. As fendas que comecam a superficie vio progredindo em profundidade provocando uma separagiio em prismas ver- ticais. Comega a estagiio Inimida, As primeiras chuvas podem encher as fendas provocando sibitamente sobre o muro um impulso igual ao da pressio hidrostitica, Em seguida a argila dilata-se tendendo para a sua consisténcia primitiva, exer- cendo novas acgdes sobre o muro. Se as chuvas se prolongam, a “gua presente no solo pode ser tanta que o impulso exercido no muro iguale no limite @ presstio capilar. Seo deslocamento do muro atingir propor- gdes graves antes que se estabelega o equi- Ubrio entre o impulso das argilas e a resis- téncia deste, um desastre é de temer. ‘A interealagio dum macigo de pedras secas entre o aterro e o muro é de aconse- Ihar, pois a argila pode inchar nos vazios dessa cortina protectora, diminuindo por- tanto a acgiio sobre o muro. }) Abriu-se uma trincheira em argila compacta, de boas earacterfsticns de resis- téncia. O talude escolhido foi por conse- quéncia de 1/1, e a altura nfo excedia 4 m. Comecaram a aparecer fendas na parte superior do talude © passados alguns dias deu-se o deslizamento do macigo corres pondente. Verificaram-se planos de des- Tizamento na parte inferior do talude, ¢ mesmo de 1,50 m abaixo do nivel da esca- vagio, Qualquer das teorias sobre desliza- mento de macigos (Resal, Frontard, Caquot) nflo poderia indicar o que se virin a passar. As investigagdes feitas descobriram a TECNICA 674 existéncia duma canalizagio em mau estado que, passando atrés do talude, produzin a dilatagio da argila, eujo impulso nao pode ser absorvide pelos macigos superficiais. Mas também se concluiu que o efsito produ- rido era dependente nfo 86 de dilatagto da argiln como ainda dos efeitos da _pressiio capilar. 28 — Resisténcia ao corte nos solos arenosos Uma ontra importante caracteristica dos macigos terrosos é a sua resisténcia no corte. Essa resisténcia ao corte 7” por unidade de superficie é, segundo Coulomb, caracte- rizada pela formula eélebre: =e+Nigg so... (28) em que ‘oostio aparonte N = pressio normal A coesio aparente, é como jé vimos, aproximadamente nula no caso das areins seons, e sempre peqnena, embora com valo- res j6 apreciiiveis no caso das areias Inimi- das. A fig. 17 indica os dois casos. Vemos Aesicineie on earls T * Fressée normal Fig. 17 que a coesio ¢ representa em tiltima and- lise a resisténcia ao corte quando o solo nfio suporta qualquer pressiio, ‘A formula de Coulomb pressupde que 0 Angulo de atrito interno seja uma cons- estado usin a > pode ficiais. srodu- Ho da sressiio ca dos sia no aidade racte- + 28) vimos, areias valo- Inimi- Vemos sande onio que o cons- tante do material. Vamos examinar mais de perto esta hipétese, comparando-a com os ssultados experimentais, para coneluirmos até que ponto a expressfio de Coulomb exprime a realidade. Devemos por consequéncia comegar por oxaminar justamente a nogio de atrito interno. Os griios que constituem um corpo pulverulento, tal como as areias, apresen- tam entre si ou com uma superficie sdlida uma pequena drea de contacto, Consequen temente, existird sempre uma forte pressito de contacto nos casos da pritica, arras- tando a existéncia de tensdes tangenciais importantes traduzindo os efeitos de atrito. Lembremos que num corpo sblido essas tenses tangencinis ¢ se relacionam com as pressdes normais m pela formula tain em que f representava 0 coeficiente de atrito, dependente por sua vex de numero- sos faotores. Mas agora o fenémeno compli- cou-se pois os esforgos tangencinis nto tenderam apenas a provocar a translagio relativa das particulas, mas também a sua rotagio. Ea resisténcia oposta ao rolamento dependeri da estrutura do solo considerad forma das particulas, a forma do seu arranjo mais ou menos encastradas umas nas outras, ‘Ainda mais: ao passo que se vai dando 0 seu deslocamento é de prever, e a experién- cia confirma-o, que os grios tendem a dis- por-se de forma a apresentarem o minimo de resisténcia.-Isso corresponde, no caso de particulas planas como das argilas, & dispo- sigdo de faces como as folhas dum livro, correspondendo a um méximo de compac dade, A condigho aparece diferente no caso de griios arredondados, traduzindo-se. pela formagio duma zona plastica na regio do plano de escorregamento, provocando uma variagio de volume. Chamamos plano de ruptura, ao lugar geométrico das trajeet6- ria das particulas ao longo das quais se atingem simultineamente as condigdes de ruptura, No estado actual dos nossos conhecimen- tos, ainda nfo é possfvel afirmar se existe uma lei tedrica de ruptura vélida em todos os casos —ou melhor, se as leis tedricas estabelecidas tém de facto caréeter geral. E matéria de experiéneia, que poderd for- neoer a decisio neste capitulo, Apenas no caso da superficie de escorregamento se tor~ nar aparente (muros de suporte, desliza- mento de taludes) tem sido efectuados en- saios sistemiiticos ; mas as eonelusdes podem ser falseadas por miiltiplos elementos per- turbadores que tornam delicadas as pesqui- sns a efectuar. Deixando para o capitulo seguinte a and- lise das téenicas de ensaio, vamos reunir os principais resultados experimentais para ‘ajuizarmos da sua influéncia sobre a expres- sio das leis de Coulomb. Os elementos que influem a resisténcia ao corte no momento da ruptura so, nesta ordem de ideias, os seguintes: a) A compacidade do solo, definida como a relagio entre o volume real ¢ o volume aparente do solo, ¢ fiwilmente expresso em fungio do indice de vazios ou da porosi- dade. Os ensaios de Durie e Lucas [40] pJem em evidéncia a influéneia deste factor na expressiio da lei de Coulomb, mostrando que as curvas caracteristieas ‘T= f.n — reotas segundo Coulomb — tem na realidade forma parabéliea, traduzindo uma variacio do fngulo de atvito interno no simente com a compacidade do solo estudado, mas também com as cargas. A fig. 18 indica um dos feixes de curvas caracterfsticas corres- pondentes a areias secas, O feixe é limitado superior ¢ inferiormente pelas curvas cor- respondentes As compacidades méxima e minima que é possfvel obter. Os ensaios com as areias completamente saturadas conduziram a resultados da mesma natureza. J 0 mesmo nao acontece com areia parcialmente saturada, em que apa- rece figua e coesiio aparente; a fig. 19 dé os elementos de comparagio num caso. b) A amplitude de deformacao:; conforme a deformagio no momento de rupiura & maior ou menor (podendo mesmo a defor- magio ser impedida) assim variaré 0 valor da tensfo de ruptura ao corte. ‘As curvas respectivas diferem conforme se trata de areias compactas on nio. c) A volocidade de carga; quanto mais TECNICA 675 répida for a aplicagio da tensio de corte, tanto maior é 0 valor. correspondente & ruptura, Este fenémeno deve ser tido em conta nos ensaios. Aengencial T. larga ° Garg worme) Fig. 18 (Ducies e Lucas [40] pig. 28) Cerge langencio! Carga normed Fig. 19 (Duriex e Lueas [40] pag. 828) TECHICA 676 4d) A existéncia dum plano de escorrega~ mento: quando o solo foi primeiramente Ievado & ruptura e depois descarregado, uma nova carga produziré a ruptura sem deformagio sensivel : a primeira deformagio 6 permanente. ¢) A espessura do solo interessada no deslocamento : ‘A influéncia de todos estes factores impor- tantes mostra como 6 diffeil precisar a nogiio clissica do Angulo de atrito interno, No entanto esta nocho & de emprego eémodo © corresponde sensivelmente aos _ resultados experimentais. Existem ensaios que permitem, como veremos, a determina- gdo do seu limite inferior. Procedendo com este nos efleulos, estaremos certamente em condigdes de seguranga. Verifica-se que 0 seu valor 6 sensivelmente também o do Angulo de talude natural obtido pela des- carga vertical de areia duma pequena altura. Seja como for, conhecido o valor minimo do fingulo de atrito interno, podemos assi- milar em condigdes de seguranga a curva intrinseca do solo 4 recta correspondente. ‘Admitindo como critério de ruptura o de Mohr — efreulo de Mohr tangente & curva, intrinseen — estamos em condigdes de ava- Tiar quais as cargas que podem produzir a ruptura por corte do terreno, ‘A fig, 20 ilustra um exemplo de aplica~ glo do diagrama de Mobr, Estabelecida como curva intrinseca a recta PA, ¢ sendo 0 ponto A, correspondente ao esforgo N'T’, © representativo da ruptura, é ‘possfvel achar quais as tensdes principais de ruptura NyeNp, tragando o efreulo tangente i curva intrinseen em A, de centro em PD. Podemos verificar que sendo = PO (1 +200 9) PO (1 —sen 9) ovega- smente egado, ‘asem magio da no mpor- nogiio aprego 5 a08 nsaios ‘mina- 0 com ate em que o © do a des- quena uinimo 8 assi- curva dente. rode curva, eava- usir a splica- Teoida andoo NT, ossivel aptura curva A condigao de ruptura traduz-se portanto pela condigio de que a razio das tensdes principais produzidas no solo pela carga, seja inferior a g2 (= _? * G *) Inversamente : Ne Ne Sko as condigdes de Rankine do equilibrio inferior superior respectivamente, dos macigos terrosos. Note-se que qualquer outro efrculo de centro no eixo das abcissas e tangente & curva intrinseen pode igualmente fornecer valores de Ne T que nfo podem ser exce- didos sob pena de rupiura, E 0 que se iradus na fig. 21. No easo de ensaios triaxiais, a condigio de ruptura 6 ainda a mesma, mas 0 circulo interessante 6 a tangente aos efreulos tra- gados sobre as 3 tensdes principais, como a mostra a fig. 22. 0 ponto figurative dos estados possiveis de tensdes (N, T) em lugar de poder ser localizado sobre um efreulo pode ser localizado sobre a Area tracejada. O efreulo exterior dé os limites admissiveis sem ruptura, 24 —Resisténcia ao corte nos solos argilosos 0 estndo das tensdes de corte 6 ainda mais complicado que no caso das areias. Isso 6 devido sobretudo As propriedades caracteristicas da argila, que se traduzem pelos efeitos que vamos analisar, A impermeabilidade deste tipo de solos acarreta uma variacto da resisténcia ao corte com tempo. Resnlta tal facto de as tensdes de corte introduzidas provocarem um aumento nas eausas da compressibili- dade, que nfo podem ser seguidas imedia- tamente pela correspondente diminuigio de volume visto a gua nfo poder ser instan~ tineamente expulsa. Com o tempo aumenta a compacidade e consequentemente a coesio, A viscosidade da argila provoca diferengas importantes na grandeza da forga necessivia para a ruptura por corte, em condigdes idénticas de humidade, conforme a veloci- dade de aplicagio da carga. Num ensaio ripido essa forga tem maior valor, Também j& tivemos ocasiao de nos referirmos As ——y i i Ne ——4 palssio woRMAL WN. | P Fig. 20 (Reynolds e Protopapadakis [88] pig. 141 propricdades tixotrépicas, que determinam 8 consolidagio lenta da argila sem variagio da quantidade de fgua, conduzindo assim a uma forte varinglo da coesfio com o tempo, 7 Fig. 22 (De Beer £443) mpreende-se portanto como se torna dificil tanto o estudo tedrico como o experi- mental desta categoria de fenémenos. 1 no entanto torna-se necessirio conhecer em que limites é vélida a cléssica formula de Coulomb. Toc+Nige © longo estudo experimental que exige a compreensio dos fendmenos de corte nas argilas culminou com a apresentago em 1936 por Hvorslev das conclusdes tiradas de ensaios de extrema delieadeza e previsio, TECNICA 677 E sobretudo a estes resultados que nos referiremos em seguida, deixando de lado, pelasua extensio ineompatfvel com os limites deste trabalho, os detalhes das experiéncias, Seguiremos a exposiciio de Buisson [41]. Em primeiro lugar notemos que a maior das muitas dificuldades na interpretagiio dos engaios eraa impossibilidade de avaliar qual a pressdo efectiva exercida nas amostras. Com efeito suponhamos a amostra colo- cada sobre uma pressio normal N. Apli- quemos-Ihe uma tensio de corte no plano perpendicular agquela, Como a Agua dos poros no tem resisténeia ao corte, esta iensio é instanténen e exclusivamente trans- mitida ao solo, provoeando a deforma- Gio deste (geralmente uma contracgio de volume, mais raras vezes uma dilatagto, no caso de solos muito densos). No caso da diminuigio de volume, este traduz-se por uma diminuigio de vasios —e uma parte n da pressio N seré tomada pela égua. A pressiio efectiva passa a ser N—ne se o enstio for suficientemente lento, di-se a consolidagio, com a corres- pondente expulsio da gua, e tendendo m a anular-se. Se, como é costume, referirmos © ensaio 2 pressio N, cometemos um erro, tanto maior quanto mais répido for o ensaio. Para os viirios ensaios com as pressdes W, N,N", ete. a linha unindo os pontos figuralivos no diagrama (‘, N) condws a um valor de coesio e geralmente também do aagulo de atrito interno, diferentes. do , aa TECNICA 678 que se obteria tomando para pressdes efe; tivas os valores reais N—m, W’— x, N'—n', etc. Salvo o sinal, as coisas sio semelhantes no caso mais raro dos solos se dilatarem sob a acc%o da tensio de corte. Agora as presses efectivas serio N +n, + WN’ +n, ete. ‘Tudo isto esti muito bem, mas o que acontece na pritica 6 que a determinagio dos valores de n, n',n', ete. 6 extremamente dificil, para nao dizer imposstvel. Por isso, temos de recorrer a ensaios tio Ientos que permitam a consolidagao das amostras, © portanto, em que sejam nulos os valores das sub-pressSes ou sobre-pres- sdes mn. Convém no entanto notar que obte- mos assim valores da resistencia ao corte mais clevados, pois a superficie de contacto das partfculas aumenta, diminuindo por- tanto em cada grio a pressio unittria ¢ aumentando a resisténcia ao corte. E 0 que a experiénein de facto indica. ‘Mas em muitos fendmenos reais, como os que se passam em solos suportando funda- goes, a carga estnbelece-se rapidamente ; 0 ensajo lento sé pode ter valor, desde que seja especifionda a percentagem de agua correspondente. Além disso, 0 ‘ingulo de atvito assim determinado varia também com as condi- Ges do ensaio, Ora para que esse ingulo tenha significado fisico 6 necessirio que o seu valor se aproxime do deduzido do fingulo dos planos de ruptura 2 compressio dum cilindro de solo homogéneo e isétropo, Angulo cujo valor é, segundo Morh, i —>. Esta comparagio 86 se pode fazer me- diante ensnios em que se conhegam as ten- s6es principais efectivas, © portanto a pres- slo hidrostitica na Agua das amostras. © aparelho de Redulic permite efectuar ensaios dessa natureza e confirmar a lei fundamental da transmissio das pressdes nas argilas — as tenses. siio em cada ins- tante transmitidas em parte A agua e em parte ao solo. Tem-se, sendo p a pressio hidrostética € cm as tensGes prineipais me- didas. ihantes latarem, gora as Mew 10 que aiinagiio vamente tios tio flo das 2 nulos e-pres- xe obte- > corte ontacto lo por- itdria e fo que somo os, funda- ente; 0 ade que e gua er me- as ton- a pres- as. fectuar va dei wressbes da ins- ae em pressio ais me: para og valores das trés tensdes prineipais. Mas também foi poss{vel coneluir a exi (nein duma forte divergéncia entre os valores do fingulo de atrito interno deduai- dos dos ensaios de corte-e o resultante dos ensaios de ruptura A compressiio de cilindros. Foi Hyorslev quem fornecen a chave do enigma. Ele mostrou de forma eonvincente que obtinhamos para os valores de $ niimeros convenientes se considerdssemos, além duma mesma consisténcia das amostras, definida pelo mesmo grau de humidade, um mesmo indice de vazios em cada amostra. 86 assim a linha obtida representaré a curva intrin- seca — enyolvente dos efreulos de Mohr. Note-se que jé Resal tinha tido até certo ponto essa intuicho, pois fez salientar que a equagio de Coulomb se aplicava a uma ar- gila de consisténcia determinada, Hvorslov vai mais longe: a equagao relaciona estados diferentes da argila, ligndos apenas por uma pereentagem constante de humidade. ‘A equagio das rectas obtidas segundo esta hipétese, e correspondendo a diversos indices de vazios e, seré da forma. T=1@+(N—n) tee... (80) Nesta nova expressio geral da lei de Coulomb, pode pér-se geralmente f@)=k.N. em que k designa o chamado factor de coe- sdo (nulo no caso das areias) © N, a pressiio que corresponde A consisténcia e (ver fig. 23 —ramo 1). ‘Terzaghi, numa comunicagio ao Con- gresso de Urbanismo Subterraneo, indicou um proceso experimental pritico. Toma-sé para abeissas N—n/N, © para ordena- das TIN. As rectas obtidas em tal sistema de coor- denadas fazem um Angulo § com a horizon- tal, © a sua ordenada na origem & justa~ mente k. O ensaio necessiirio efectna-se par- tindo do limite Itquido e efectuando a apli- cago das tensdes de corte ao longo do ciclo de histérese respectivo (compresstio © des- compressiio). Obtém-se assim uma série de curvas, © levando a um diagrama de Terzaghi os pon- tos dessas curvas que correspondem a um mesmo indice de vazios obtém-se as rectas de equagio (30). f o que mostra a fig. 23. e Yr Fig, 28 (Buisson [41] pax. 149) Nestas, as curvas 1 ¢ 2 silo as curvas de compressiio ¢ descompressio (obtidas no edémetro); as curvas 1! e 2! as obtidas no aparelho de ensaio de corte; 1! e 2! sto curvas de Terzaghi correspondentes. Os pontos A’ B/e Cl estiio numa recta de coef. angular tg. Resta ainda elueidar um ponto delicado. A equagio de ruptnra apresenta duas gran- dezas constantes k © 3 ¢ duas varidvois (N—n) e N,. Determinadas as primeiras como se avaliario (N= n) © N,? Para um certo ntimero de casos parti- culares, Terzaghi e Frohlich encontraram a resolugdo do problema. Mas os casos consi- derados obedecem A condigao de o solo ser lateralmente limitado ¢ a corrente de Agua TECNICA 679 ser perpendicular is superficies de separa- gio paralelas. Ora em mnitas cirounstincias da pritica isso nilo se dA. ‘Nessa direcgao ainda niio existem resul- tados completamente satisfatérios, mas pode proceder-se por um método euja aproxima- cho é suficiente. Jé vimos que quando da aplicagio das cargas exteriores o solo pode diminuir ou aumentar de volume com o tempo, sendo a segunda hipétese raras vezes verifioada. Quando a carga se faz rhpidamente—6 caso das fundagdes—e hi diminuigio de volume com 0 tempo, a estabilidade aumen- taré com o tempo se estiver assegurada de infeio. A pressiio efectiva p,=—=N,—n, a impor deve ser inferior a kp., sendo ps & ressio efectiva antes da carga. Se houver aumento de volume, a condigdo toma outro aspecto, pois a estabilidade diminui com tempo. Agora p, deve ser inferior k p!, sendo ph a pressio efectiva apds a estabilizagio. Hste iltimo caso, que 6 como se disse mais raro, nfo deixa de ter grande impor- tancia. Quando as tensdes silo quase exelu- sivamente de corte puro, nfio hé comparagiio entre o aumento de resisténcia devido & compressio, ¢ diminuig&o provocada por essas tensdes. Isso acontece em taludes argi- Josos de grande altura, e também na crava- gio das estacas, provocando o bem conhe- Gido fendmeno da diminuigiio ou do aumento da nega depois do repouso da cravagio. ‘Prata-se no primeiro caso dum fenémeno de corte, provocando uma tendéncia ao aumento de volume contrariada pela lenti- dio da transmissio das modificagdes inter- nas por atrito e pela dificuldade da expulsio da Agua em solos impermeveis. Desde que se deixe reponsar a estaca, provocam-se estes fendmenos ¢ a resisténcia & cravagio aumenta. O segundo caso, pelo contrério, explica-se pela natureza do golo ser da correspondente a uma diminuigio de volume por corte, contracgio que exige também um certo tempo. Para terminar o parigrafo, apresentemos os resultados dum ensaio feito no Laboraté- CHICA 680 Pad rio de Gand sobre uma argila, mostrando a influéncia da consolidagio (fg. 24). Os ge fom? Arete fine ssh “gene Fig, 24 (De Beer (440) Angulos aparentes de atrito interno ce 0!" sho muito diferentes, como se verifica, Os seus valores so o/=7° 80! e 2” =37° 50. 25 — Problemas sobre tensdes de corte ‘A — Durante um ensaio de corte executa- ram-se as seguintes leituras: T= 15 er Mi= 5,0 er T=10 » Ni=10,0 > T3=123 » Ns= 18,0 > 15,0 » Ny=20,0 » As dimensies da caixa sdo: ‘Altura 7,5 om, comprimento ¢ largura 5 om. ‘Tragar 0 grafico dos resultados ¢ dedusir dele o dngulo de atrito interno ¢ a coesto. 0 gnifico pedido 6 0 da fig. 25. ‘Admitindo a validade da lei de Coulomb nas condigdes do ensaio, resulta 2 6° e=6 Kgr Utilizando as equagdes simultineas obti- das com a 1." e 4.* leituras: Tpse+ Stee 15,0 =e +20 te > resulta também 1 tg 9 = 15 tg 9 = 0,5 26° 30" em 7,5 —5 >< 0,5 = 5,0 Kgr ou 0,2 Kgrfem?. strando 24). Os ge gt Osseus 50. xeeuta- gr largura deduzir coesao. oulomb as obti- rer Gorge normal ” Fig. 25 (Do Beer [441) B) Efectuou-se uma série de ensaios de corte em amostras de diferentes solos com os resultados seguintes : elevados: seré provivelmente uma argila arenosa, O solo B tem coesiio nula ¢ atrito interno clevado: provavelmente é uma areia, O solo © tem coesio aprecitivel, mas um Angulo de atrito interno muito pequeno: deve tratar-se duma argila lodosa. 26 — Compressibilidade dos solos A primeira contribuigio importante para 0 estudo da acgko das cargas normais sobre os solos & devida a Boussisneq, que em 1885 publicon a resolugio do problema da deter- minagao dos esforeos provocados num corpo semi-indefinido por uma carga concentrada num ponto do seu contorno. Considerando coordenadasesférioas, esta belecen as condigdes diferenciais de equili- brio dum elemento de volume (fig. 27) che- Ensaio v N Solo A — Ensaio 1 | 9,0 kg > 2 | 95» | 5,0 > > 8 | 11,0 » | 10,0 > Solo B—Ensaio 1 | 62 » | 10,0 » >» 2 | 92» | 150 » > B | 140 » | 32,5 » 2 | ee | 62 > | 250» | A Grea da amostra submetida ao esforgo de corte € de 10 om’. Tragar os gréficos ¢ dedusir os valores de © ¢ de $, indicando as provdveis naturezas dos 3 solos. Os grificos estio indicados na fig. 26, Vemos que: Solo A: c=8Kgr on 0,800 Kg/em? uw 0,0 Kg 32 =55 P Solo B: Solo C: ‘ou 0,550 Kgjem? © solo A tem coesio e Angulo de atrito . oe = Fig. 26 (Reynolds o Protopapadakis [58] pig. 141 gando ts expresses clissieas dos esforgos num ponto do interior do corpo. em que m & 0 inverso do médulo de ae Poisson — . ‘Vé-se imediatamente que: a) 08 esforgos siio independentes do mé- dulo de elasticidade E; 3B) 08 esforgos c, ¢ 2, siio independentes de quaisquer constantes clisticas ; } para s6lidos incompressiveis (m— 2) anulam-se todas as componentes dos esfor- qos num ponto excepto a dirigida radial- mente, sendo portanto as isostitieas recti- Iineas e radiais. Evidentemente que na Natureza, as hipé- teses basilares de Boussisnesg (sélido elistico, homogénio e isotrépico) nto sto satisfeitas. ‘Mas nem por isso as expressies a que chegou deixam de nos ser titeis. P eR Fig. 27 Gennings [48] pg. 150) ‘A integragiio das equagdes de Boussisnesq, para ter em conta cargas uniformes, trian~ gulares ou trapeoidais foi recentemente Eonseguida. A fig. 28 mostra a distribuicao de esforgos méximos devidos a uma carga triangular indefinida, A fig. 29 mostra, para carga concentrada, e nas hipsteses tris indicadas, o tracado das isébaras (linhas de igual pressiio) que formam o chamado bolbo das pressdes. Finalmente, a fig. 30 indica o aspecto das mesmas linhas para carga uniforme. Vé-se que uma das familias de isostiticas ¢ formada por clipses homofocais, de focos A e B extremos da zona carregada. ‘A outra familia, ortogonal Aquela, é for- mada por hipérboles, cujos focos sio preci- samente 08 mesmos pontos. ‘As is6baras stio cireunferéneias passando por A e B. Note-se que & medida que nos afastamos da zona carregada, as elipses isosttieas tendem para efrculos do centro 0 ea hipérboles para as suas assintotas. ‘As isbaras tendem para cireunferéneias tangentes em 0 ao contorno horizontal. Nas expressdes (31) e noutras semelhan- tesestabelecidas para outros casos da carga, ‘m varia tedricamente desde 2 (terrenos incompressiveis até infinito (absolutamente compressiveis). Para os esforcos estuda- dos, a experiéncia mostra que se pode tomar 2 ou 3. As observacdes rigorosas de Cum- mings indicnm para valor de m na expres- silo geral: . 3 (2) mr) 070 (82) Forione verge cevleale | Marin earga verbeo] Fig. 28 (Jennings [48] pag. 180) (material homogéneo ¢ isotrépieo) 0 valor n= 6 no caso dos solos. Tem-se assim em conta a no perfeita clasticidade dos solos, ao passo que as condigdes de homogenei- W) Fig. 29 (Azangod [75] pigs. 204, 206) passando a que nos as elipses centro 0 ots iferéneias ontal. iemelhan- da carga, (terrenos intamente 3 estnda- de tomar de Cum- a expres- iS Nt { | verte? ») 0 valor assim em dos solos, mogenei- dado e isotropia so asseguradas—a pri- neira tomando a média dum grande ntimero de ensaios, a segunda executando esses en- saios na mesma direcgio do esforgo apli« eado. ‘A Meciniea do Solo retomou 0 problema da compressibilidade de solos em bases novas, dentro das indicagdes experimentais enquadradas no conjunto te6rieo ja exis- tente, e ainda, de certo modo em evolugao. Vamos agora indicar os prineipais resul- tados obtidos, que entre ontras notéveis aplicngdes conduziram a prever, com sufi- ciente aproximagio, os asscntamentos das fundagdes, idade das areias e ar: Um dos primeiros factores que tem influéneia nas condigdes de compressio de solos é a sua granulometria, Assim, um solo de granulometrin uniforme aparenta maior compressibilidade do que um outro em que aquela seja mais extensa por outro lado a pereentagem de finos tem a sua importineia, pois traduz-se por um maior indice de vazios susceptivel de redugio pela acco das cargas. Compreende-se por- tanto desde ja que as argilas sejam mais compressiveis que as areias, Mas essa diferenga entre as duas classes de solos é ainda mais acentuada pelo facto da forma achatada das particulas argilosas. Isso condus i formagio de certas arquitec- Pig. 89 (Arangod [75] pig. 211) turas, que por vezes so tais que o volume de varios é superior ao ocupado pelas par- tieulas. A fig. 81 dé ideia estas diferentes estruturas (segundo Terzaghi): 2) corresponde 4 estrutura unigranular, em solo compaeto ; }) A mesma, em solo mével; ¢) A estrutura alveolar ; 4) A estrutura grumosa, Mas o problema dé compressibilidade complica-se ainda nothvelmente no caso das argilas pela presenga da fgua. Como se sabe, a expulsio da agua contida nos eanaliculos intersticiais s6 se di lentamente — dai que © proceso de consolidacio dum solo carre- gado se possa arrastar durante anos. Estamos agora perante o problema fun- damental do assentamento do terreno ‘sob as cargas. Foi ainda Terzaghi quem mos- trou a possibilidade de dividir o assenta- mento total em duas componentes. A 1.* corresponde i compressio do solo sob as cargas. A 2.* diz respeito 4 deformagio lateral do terreno. Desde que o valor da carga aplieada nfo exceda os limites vul- gares, a deformagio respectiva & pequena. Pelo contrério a primeira componente tem uma grande importincia, Na fig. 82 A representa 0 assentamento de deformagio; A, 0 assentamento de con- solidagio. 28 —Estudo exper Uma vex que, como vimos, as cargas aplicadas sio suficientemente pequenas para deduzirmos que nao hé deformagio lateral sensivel, légico é pensar, como fez Terzaghi, em tomar um eilindro de solo rigidamente solado, aplicando-lhe cargas varidveis, e determinando a sua compressibilidade. Deveria contudo desde o infcio ter-se em atengilo que em cilindros de grande altura, © efeito de silo pode masearar o fendmeno em estudo. Daf o emprego de cilindros de pequena altura relativamente ao didmetro — mas, contudo suficiente para que as dimensdes das particnlas do solo sejam pequenas em relagho a ela. Isso acarreta a necessidade de medidas de precisio, pois as deformages hio de forgosamente ser muito pequenas. E este o prinefpio do edémetro, concebido por Terzaghi e que tio altos servigos tem prestado em Meciniea do Solo. rental TECNICA 683 Certamente as indicagdes assim obtidas nfo atingem a precisio das colhidas num ensajo de compressiio tri-axial, em que se podem variar & vontade as tensdes princi- pais em sentidos normais, Mas ao passo que no edémetro um ciclo completo de carga e AR is DM eas descarga leva cerea de 15 dias, 0 ensaio de compressio com duns tensGes varidveis gasta muitos meses de trabalh Determinada a compressibilidade no edé- metro, 0 principio de eileulo dos assenta- ig. 32 mentos baseia-se, como veremos em supor que estes resultam da expulsio da agua contida no solo, sob a acgho de cargas ver- ticais. No aparelho, assimila-se a componente normal vertical das tensdes num ponto dado do solo a uma tensio principal, sendo igual- TECNICA 684 mente as tenses horizontais supostas prin cipais. Quando a Agua tem possibilidade de se eseapar o grau de humidade da argila limi- tada lateralmente inicialmente saturada, varia em razio inversa das cargas aplicadas. ‘Na pritica, o que determinamos é 0 rela~ go entre o indice de vatios e a pressiio aplicada; para que uma variagio da pressio capilar (devida 4 evaporagio) se nfio pro- duza, & necessirio manter sob Agua a amos- tra em estudo. Suponhamos que eonhece- mos a curva de variagio do indice de vaszios ‘com a pressio, estando impedida a evapo- ragio, Isso corresponde a conhecer também a variagio da pressiio eapilar com a evapo- ragiio, Mas devemos ter 0 cuidado de eli- minar qualquer gradiante hidrinlico, que ria produzir uma pressio a somar geom’- tricamente com a que aplicamos. No capitulo seguinte, ao descrevermos 0 aparelho, acentuaremos a forma como se asseguram estas condigdes. ‘Tomando.em abcissas as presses ¢ em ordenadas os indices de vazios, obtém-se curvas logarftmicas. Podem empregar-se para as presses a escala logaritmica, to- mando uma raziio constante (por exemplo 2) entre as cargas aplicadas. ‘A fig. 38 mostra justamente um diagrama, dum ensaio edométrico, com os ciclos da compressio ¢ expansio. 29— Curva edométrica Terzaghi, citado em Buisson [41], esta- beleceu para expresstio da curva de expansiio no edémetro a seguinte: i 2) estes (ptm FO = ++ 6%) em que © = indice de vazios p= prossio exercida Aypr @ C= constantes Se fizermos tender p para zero, vé-se que a expansio nfo se produz indefinidamente, pela presenga da constante p, (pressiio inicial), Esta curva vale apenas para p inferior A carga méxima atingida, as prin- de de se ila limi- aturada, olicadas. éarela- pressiio \ pressio alo pro- @ amos- sonhece- le vazios \ evapo- ‘também a evapo- » de eli- ico, que * geom’- vermos 0 como se bes e em obtém-se vregar-se nica, to- emplo 2 tiagrama siclos da 1}, esta- expansiio vé-se que damente, (pressito > inferior Poidemos por (82) sob a forma Log (2 om — ps (E +1) +e es (83) sendo ¢, 0 valor de e para p= 0 (supondo p>): Gly tt flog p +0 Se agora for p+ p= 1 a=C quo nos dé o significado da constante C. Nas mesmas condigdes, como do 11 ap A ph esendo p+ p=1 Obtivemos assim o significado da cons- tante A—contangente do sngulo de ineli- nagiio da curva sobre o eixo das pressies num ponto em que e=C. Na representagho 1 logaritmica, — —-é0 coef. angular da recta e=Fflog(p+p)l- A constante a caracteriza a expansio no solo em estudo. No caso de compressiio representa 0 coeficiente de compressibilidade. Como ah de 2 cee BM h I+e es (h a altura da amostra) 4 rc Fig. 83 (De Boor (443) resulta, a (40th ate =(+)A(ptp). ee eee on ainda 68) [tte-qre(t+2)]. + (86) Se entre os limites das presses aplicndas ¢ varia pouco, podemos tomar o seu valor médio ¢,,, donde BSA (p+p) (ten). «+ + (BOA) desde que og (1-+ 2 oe (1+ 2) se mantenha aproximadamente constante e pequeno relativamente 4 unidade. Como A varia de 20 a 100, i P Aig (142 aee(t+5) pode desprezar-se em face de (1 +e,), se p nio for clevado. Conclufmos que’ nessas condigdes 0 médulo de elasticidade varia proporcionalmente & pressdo. Adiante vere- mos outras leis posstveis dessa variagio. Estudada a curva de expansio, resta ana- Tizar a curva de compressio. Terzaghi atri- bniclhe a equacko e=—alog (p+ Pe) —F(P+Pe)+C G7) em que 2, @ @ C sto miimeros positivos sensivelmente constantes 6m todos 08 solos; p. 6 positive, dependendo do solo e do valor de 6 no comego da carga, variando no sen- tido inverso deste tiltime valor. Como ¢ depende do grau de humidade, vé-se que este condiciona a posigiio da curva relati- vamente ao eixo dos ¢. Como @ & pequeno, pode-se tomar valor da compressibilidade (em primeira aproxi- magiio) 0 valor de «. 0 termo ¢ (p + p,) traduz as transforma- ges irreversfveis que tem Ingar durante a compressiio. TECNICA 685, ‘As curvas no enso das areias diferem apenas pelo valor dos coeficientes. Assim para uma areia pode ser 1 — to 15) +0 joo 08 + ) para uma argila 1 hog (p + 1,8<10-9 + 30 ‘Mesmo para presses elevadas, as areins conservam a ua estrutura, a0 contrério das argilas. A equagio (37) tem, para pressdes elevadas um termo complementar em p. 30 — Célculo dos assentamentos Estamos agora em condigles de com- preender o fundamento do eiileulo dos Assentatentos para o que seguiremos @ exposigio de Kahn [39]. Para isso suponhamos um prisma de solo de seegio 1><1 © comprimento L (fig. 84). Se supusermos as particnlas sdlidas com- pactamente unidas, a altura ocupada seré. o, enquanto » representard a soma de todos 08 varios Fagamos actuar sobre 0 prisma uma certa ‘pressiio, Como, segundo Terzaghi, a clasticidade do solo corresponde a um novo arranjo da sua estrutura e nio & compres sibilidade das suas partfoulas, o valor ¢ nio muda, estando impedida a dilatacio Interal; mas o de v serd reduzido. ‘Tem-se Loe+v...-- + (8) Pela definigio de indice de vazios eo= onv—=c.e © =ete.e=c(l +o L I+e Diferenciando (38), atendendo a que ¢ & constante AL=A yxnche=—l—Ao I+e sees 09) sees (40) TECNICA 686 Portanto : se eonhecermos a altura duma camada de solo, 0 seu indice de vazios éni- cial e, € a variagio desse indice sob a carga, poderemos caloular 0 assentamento corres- pondente. ‘Como a pressio varia com aprofundidade (quer pela forma de transmissiio, quer pelo peso proprio das camadas sobrejacentes) divide-se priticamente a altura da camada Fig. Bt ‘em estndo em parcelas mais pequenss, para fas quais se calculam os assentamentos ele- mentares, que depois se adiefonam. Chamando assentamento espectfico &s quantidades be ICE siaiaa as 4 rka Fig. 35 (Kaba [39] pig. 841} podemos proceder por simples integragao erica, tomando em ordenadas as alturas a duma ios ini- vcarga, corres ididade er pelo acentes) camada as, para tos ele- fico ’s a) tegragio s alturas das camadas elementares ¢ em abcissas 08 valores das grandezas [41]. Para cada altura, a superficie limitada pela curva e pelo eixo das ordenadas dé o valor do ‘assentamento correspondente (fig. 35). Uma solueio aproximada analitiea & indicada por Kahn. Partindo da equagio edométriea 1 ; — ZT esP ty +6 e fazendo p+p sendo resulta 1 —eq=Ao= er — ey +7 2°. & 0 cociente entre a pressiio adicional resultante da sobreearga (3) © a pressio devida ao peso proprio do solo (7). Ly Li Fig, 86 (Kahn (89) pég. 881) Atendendo & equagio (40) a soma dos assentamentos para uma altura z— % = = Aa serd (fig. 36) * 2 Baro fi cade wet fot (48) Ife. ite, pois ¢ representa o indice de vazios inicial ; além disso 4 ¢ obedece a (42): logo z=——— | lo an. sem aga! belt Be. - 40 Em casos particulares e sendo %, © % expressos em fungio de z ¢ possivel ter uma solugio analitica, desde que o factor de ensaio edométrico fornega o valor de expansiio A. Um outro método de céleulo de assenta- mentos, devido a Kahn [39] baseia-se no facto conhecido de a influéncia duma sobre- carga superficial diminuir rapidamente com a profundidade, ao passo que a pressiio devida ao peso préprio cresce linearmente com a profundidade, Assim, para assenta- mentos de camadas a profundidade aprecii- vel (fundagdes de estacas on pogos, por exemplo) a pressiio vertical 2, devido & so- brecarga serd sempre notvelmente inferior A pressio 2, devida ao peso proprio. Se 2 <0 na equagio (44) pode com aproximagio fazer-se a substituigio : tog (: ae) (5) com um erro méximo de 23 °/, no sentido mais desfavorivel (valor por excesso). Re- sulta: mca S (gee (46) Exprimamos as expressées em fungio de x. Sendo 3 tem-se: fa densidade aparente do solo, Bowie 3 ot - ciso de , ¢ mais complicado. 1 ne- cesirio recorrer as formulas da teoria da clasticidade que dio para os diferentes casos repartigio das pressées com a profundi- dade. TECNICA 687 Assim, suponhamos uma sobrecarga uni- formemente repartida ao longo duma faixa estreita, de largura 26 (fg. 36). Tem-se segundo Frohlich : cp = 2 G+sen feos). . . (48) em que @ obedece a donde ¢ substitnindo em (46) LaLa— real ) eee + b toba)es ses 60) desenvolvendo are ig xem série, a integra- gio 6 facil, donde [are Pi—are fi) + (ts Ea — te Bs) — 0,111 (ts? G4 —te fa) + + 0,040 >< (ts" Fa — tg F9)) Sto despreuiveis os termos de grau supe- rior a 5. Suponhamos agora que a sobrecarga é constituida por uma fundagio isolada de forma quadrada ou circular. em que k TECNICA 688 em que ua teh b 4 eh ou k 1 saga * _. Leg ates, Tape AWA) Fazendo ainda an resulta, 3 6 2 aa ry (tg? a— tata). . (62) 31—A lei de Hooke na estabilidade dos solos E ffeil ver que os solos coerentes ou incoerentes nfo obedecem 2 lei de Hooke se niio estiverem submetidos a presses capi- ares. Pelo contrério, os solos eoerentes de elevada pressio eapilar obedecem sensivel- mente a esta lei e, por consequéncia é-lhes aplicdvel o estado de tensdes de Boussinesq. ‘Vejamos o primeiro caso. Seja ’ profundidade = podez Os resultados do eiileulo de , pelas fér- mulas (35) on (36) siio sensivelmente idén- ticas desde que 2 nfo’ soja muito clevado. Pode-ge por entio B=B(.2+p) e se a pressfio capilar é fracn E=Bi.z ~ tg? fa) yee 2) idade dos rentes ou Hooke se sdes eapi- arentes de « sensivel- cia é-lhes oussinesq. pelas f6r- ante idén- > elevado. © 0 médulo de clasticidade varia com a profundidade. A mesma lei de variagio de E se obtém quando pep +3 tendo p' = pressfio provocada pela sobre- earga, desprezdvel se a profundidade for suficiente, Mas se p,== pressio inicial do solo for clevada (caso dos solos coerentes de alta pressio capilar) jé Ese mantém, como tihamos anunciado sensivelmente cons- tante, 51—Exemplo do calculo de assentamentos (Buissom [41]) Tirou-se uma amostra dum solo, que no terreno suportava uma pressio de cerca de 1.800 gr. Quere-se determinar 0 assenta~ ‘mento provdvel duma camada de 1m de espessura 8, ¢ 12 m de profundidade a que pertencia essa amostra, sobre a qual existe um edificio de grande comprimento, com 12 m de largura, 6 carregando o solo a Lkgrjem®, na prumada do eixo da constru- gio. Por cima desta camada eviste uma toa Wa de dgua de fraca espessura, ¢ por baivo um estrado de areia ¢ cascatho prttica- ‘mente incompressivel. A camada argilosa apresentou no ensaio um fndice de vazios inieial de 80°/,,. A 12m tem-se para pressio devida & carga 550 gr. A variagiio do indice de vazios para uma variagio de carga de 1.800 gr a 2.350 gr 8 de 0,805 para 0,788, Tem-se Ae=0,01T Ae 0.017 Are iT 3< 1005 0,95 em ito 1408 33—O processo da consolidagao Uma das caracterfsticas mais notéveis dos fenémenos de consolidagio 6 a inter- vengiio do factor tempo. Camadas de argilas impermedveis podem estar em proceso de consolidagiio durante muitos anos, embora 0 estado das solicitagdes exteriores se man- tenha sem mudangas. Jé vimos qne qualquer material poroso tende a reduzir o volume dos seus vacios, quando carregado, ¢ estabelecemos também a equagho que liga a variagio do indice de vazios com a variagho da pressio No cago das argilas, os poros esto geral- mente cheios de “gua, e a aplicagio das eargas provoca um aumento de pressio hidrostétiea pelo facto de a expulsto do excesso nfo se poder fazer instantineamente em virtnde da pequena permeabilidade. Terzaghi ilustra o mecanismo do fend- meno com um aparelho mecAnico muito simples, mostrado na fig. 37. E constituido por um cilindro dentro do qual existe uma série de pequenos émbolos perfurados, liga- dos por molas helicoidais de igual rigides, 0 cilindro esté cheio de égua, ¢ sobre os émbolos actua uma carga p por unidade de superficie. Apliquemos um aeréscimo dp a essa carga, O tubo piezométrico acusa um aumento de pressio na agua, que vai dimi- Fig. 37 nuindo com o tempo até retomar o valor inicial. Compreende-se a raziio de tal facto. A carga aplicads primeiro aos émbolos da camada superior, nao é transmitida instan- tineamente is molas e aos émbolos das diversas camadas, pois a égua que ooupa 08 espagos livres nfo pode escoar-se sem decorrer um certo tempo. Dai que seja a Agua a tomar inicialmente esso acréscimo de presio, A medida que 0 esconmento da TECNICA 89 figua se vai fazendo, a pressiio vai sendo gradualmente transferida para as molas, © © nivel desce no tubo piezométrico, Uma camada de argila no terreno, sujeita a cargas, sofre um proceso idéntico. A equagdio que traduz'o fenémeno aparece na Hidréulica sob a forma duma equagio is derivadas parciais de 2.* ordem cata ot ee ee (53) que tem a estrutura duma equagio de con- tinuidade, Nela u representa o excesso hidrostdtico no tempo 1 C uma constante denominada coeficiente de consolidagdo, dependente do indice de vazios, permeabili- dade ¢ da inclinagio média da curva de compressio sob o aumento de carga consi- derado. k(L +.) e sendo I 0 coeficiente de permeabilidade. 0 exeesso hidrostdtico é representado pela pressfio da égua num determinado ponto e instante, A consolidagio termina quando este excesso ¢ completamente anulado. ‘A fig. 38 mostra para o ensaio duma amostra as ourvas de variagio do indice de vasios com a pressiio, ¢ a curva de consoli- dagio. © aparelho é um consolidémetro, adapta- gio grosseira do edémetro de Terzaghi. ‘A fig. 88 mostra 0 caso dum estracto argiloso contido entre duas eamadas per- mefiveis. A pressio inicial 6 p, e a resul- tante do aumento de carga é pi. ‘As condigdes de consolidagao sito aproxi- madamente idénticas As do ensaio referido. ‘A integragio da equagio (53), que nio é facil, foi conseguida para varios casos de consolidagio unidimensional. Se 0 excesso didrdulico inicial u, puder ser expresso em fungHo da profundidade—ou soja uf (2)— obtém-se 0 excesto hidrostético num certo ponto e instante pela expresso (Jennings [48]) anttce ro ++ (64) a / [fem San [ot TECNICA 690 sendo z medido a partir da parte superior da amostra (ou estrato), 2 4 a espessura da camada, @ a constante da equagao (53) ¢ w qualquer inteiro desde 1 até infinito. = : A\ eee 2 : de presséo; : Ah oenamer i i Jennings (48) pig. 154 Se 0 excesso hidrostatico for constante —u, = f (2) —a expresso (54) simpli- fica-se: —atieT 4 co 2-1 ‘ . wero Fl ++ (66) Comeds permeare! [ ra i -— 4 s | 4 “ Camere parmcreh ig. 39 © [48] peg. 154 em que 2h 6 altura inicial da camada dre- nada superior 6 inferiormente. pat OED ge) | te a. ht & 0 factor tempo (sem dimensdes), © ~ superior essura da > (58) eu to. tee corge hie an comer dp Uprntey ay constante 4) simpli- toe Deer 4 2+ +s 6D) I i nada dre- = + (68) |e es), © representa o cociente do excesto hidrostitico num determinado ponto © instante pela presso inicial no mesmo ponto — ou ainda a diferenga para 100 da percentagem de consolidagiio no ponto considerado e no instante # Se a drenagem se fizesse apenas Camade permearel Frcesse Bed no hero 0 ” 7 Comada permeavel Fig. 40 (Jennings [48] pag. 154) por uma das faces, notarfamos a altura com he A fig. 40 ilustra 0 processo de consolida- gio. A fig. 41 mostra curvas de “~ para seegies verticais ao longo do estrato, obti- dus atribuindo valores numérieos a Fig. 44 Jennings [48] pg. 191) Mostram claramente que junto das super- ficies drenadas o solo é mais compacto do que no centro, como de resto se verifica snvitas vezes nas condigSes naturais. Chamamos grav de consolidagéo U & vizio do assentamento ao fim do tempo t Para o assentamento total multiplicado por 109. A sun expresstio mais geral seré ce ro Urjg = 3008 (r= ) x 100 5) A fig. 42 representa uma curva de conso- lidagio teérica. Conhecendo ¢ dos ensaios de Inboraté- rio podemos predizer o assentamento final. A fig. 43 mostra as curvas de assentamento tedricas no caso dum edificio, assente sobre uma camada de argila branda intercalada entre os estratos permedveis. Vé-se que 0 assentamento diferencial entre os pontos Aa B 6 importante. Antes de fazermos referéncia a alguns casos notiveis ligados a estes fendmenos, Curva g:7 pare f (2) = Vereenlagem de consalidegio Q 3 aes yuo tS Faclor te lempo T Pig. 42 (Jennings [48] pig. 191) recordemos que as hipéteses admitidas na anilise feita siio as seguintes: a) solo homogéneo e isotropo 2) vauios inteiramente preenchidos com gua ¢) esforgos nas part{culas e aguas des- preniveiss 4) percolagio laminar e seguindo lei de Darey. Junto do extremo oriental da ponte de 8. Francisco — Oakland Bay (') construiu-se (0) Exemple citado por Terzaghi [58], uum pogo de observagio com o fim de por em evidéncia a existéncia duma pressio hidrostética mais clevada nas camadas infe- tiores dum estrato argiloso em via de con- solidagio. Neste caso, trata-se duma argila Dranda cuja consolidagio 6 provocada por ‘um aterro, e 0 fundo do pogo esti cerea de 8 metros abaixo da base desse aterro. A égua subiu no pogo muito acima da erista do aterro, ficando a um nfvel superior ao da base. Um outro caso, citado por Terzaghi (') 60 duma central de vapor, eujo algado se representa na fig. 44, assente numa camada de argila branda que por sua vez repousa em areia ¢ cascalho, mas isolada por uma camada de xisto. Para obter égua para a casa das miqui- nas, foi aberto um pogo também represen- tado na figura, até i camada de areia e casealho onde existin dgua em abundancia, Bento Melros . Rae Bee eal a Aseentemente oe 6 8 6 Ww Anes Fig, 43 (Gennings (48] pag. 191) ‘Mas verificou-se um assentamento noté~ vel do edificio, assentamento que ao fim de poucas semanas atingia no cunhal junto do pogo, ceroa de 30 centimetros. Esse assen- tamento catastrofico #6 cessou quando o pogo foi entulhado. ‘A mecanica do proceso de consolidagio da argila por bombagem da agua contida nas camadas arenosas subjacentes pode por-se em evidéncia pela experiénoin se- guinte, também devida a Terzaghi [58]. Coloca-se num vaso cilindrico uma ca~ mada de argila branda sobre uma outra de TECNICA 692 areia. Estando a tomneira. A (fig. 45) fechada mantém-se Agua no cilindro ao nfvel D. ‘A consolidagio da argila sob 0 seu proprio peso acaba por terminar (0 que se traduz pelo facto de a sua superficie deixar de aluir; abre-se entio a torneira, reduzindo a Argile Brande Areia e cascalhe Fig. 44 pressiio de dgua existente sobre a camada de areia de h a zero; 0 nivel de Agua é mantido inalterado no eilindro. Portanto no se alterou a pressiio normal total numa secgio horizontal de argila; o que se modi- fiea, pelo facto de se permitir a drenagem através da areia 6 a pressiio da Agua con- tida na argila, ea diminuigdo desta gran- deza provoca, como sabemos, 0 decréscimo do indice de vazios ¢ consequente abertura dum novo ciclo de consolidagao. De facto, Jogo que se abrin a torneira, a camada argi- osa recomegou a assentar, ¢ 0 novo estado de equilibrio s6 veio a ser atingido algumas semanas mais tarde. Fig. 48 (Terzaghi [48]) Um notével exemplo (') da realizagio em grande escala das condigdes da experiéneia & oferecido pela exploracao, de alguns anos para ed, das toalhas de Agua localizadas em (© Citado em Torraghi {58}. | )fechada nivel D. \ proprio se traduz Jeixar de lnzindo a oO a oamada e agua é Portanto otal numa se modi- trenagem igua con- sta. gran- zeréscimo abertura ‘vo estado > algumas izagio em cperiéneia guns anos izadas em leitos arenosos situados (com interposi¢io de camadas argilosns) no subsolo da cidade do México, exploragio destinada ao abaste- cimento da cidade. Limile de proporsienotidede Os assentamentos em alguns pontos atin- giram 3 metros com gravissimos prejuizos. 34 — Compressdo nao limi Um outro método de estudo da compres sibilidade de solos consiste em enstiar cilin- ‘dros sem aplicar conegdes Interais. Além da resisténcia A compressio Q, este ensaio for- nece ainda a resisténcia ao corte desde que se conhega 0 ingulo de atrito pelo exame dios planos de ruptura, A fig. 46 mostra as curvas de carga e descarga numa amostra. No infeio da carga os ramos de histérese sio paralelos. O médulo de elasticidade fica sensivelmente constante até um certo ponto (limite de proporcionslidade). As formas de ruptura observadas apre- sontam-se em trés grupos bem distintos. No primeiro, forma-se um on viirios planos de escorregamento, sensivelmente tangentes a uum cone de revolugio de eixo vertical. Como o Angulo de tensfo principal mais forte vertical com o plano de atrito é — pode-se ter uma maneira de medir © Angulo de atrito interno 7.. Mas este valor citado s6 vale para corpos isétropos, podendo portanto conduzir a erros, que se agravam se existirem planos de xistosidade, Esta forma de ruptura aparece muitas vexes nas argilas nio plisticas e nas argilas plistiens compactas. Nas argilas muito plisticas aparece uma segunda forma de rupiura, por dilatagao indefinida da amostra. A terceira forma de ruptura, cuja expli- cagio nito ¢ bem eonhecida, faz-se por sepa~ ragio do material em segmentos verticais e radicais, 35 — Assentamentos em ferrenos arenosos Ao passo que, como vimos, 0 assenta- mento em terrenos argilosos & principal- mente devido a fenémenos de contolidagio, © caso das arcias apresenta-se diferente. Aqui, os assentamentos so devidos a fend- menos de corte, os seus valores, em casos normais de carga, sfio inferiores em muito 0s obtidos nas argilas. Nao é conhecida ainda uma predigao dos assentamentos devidos ao corte. Con- tudo, conhecido o Angulo de atrito interno, pode-se ajuizar das condigdes de seguranga pela antilise dos dingramas de distribuigao de esforgos de corte (fig, 28). Muitas vezes ¢ necessirio que a carga sejn feita lentamente, para permitir o gra- dual ajustamento do terreno as tensdes de corte que se vio desenvolvendo, permi- tindo assim uma maior carga. O estudo pode condnsir-se por dois méto- dos, a que nos referiremos quando tratar- mos das fandages. Um deles baseia-se na realizagio © interpretagio de ensaios de carga directos mediante certas precaugdes importantes. O outro recorre a férmulas, como a de Prandtl-Caquot, deduzidas da teoria da plasticidade, e permitindo o tra~ gado da curva de escorregamento. 36 —Eleitos da temperature A um aumento ou diminuigho de tempe- ratura corresponde um aumento ou dimi- nuigio de compressibilidade. A duragio da consolidagio diminui com o aumento de TECNICA 693, temperatura, porque esta provoca um at ‘mento do coeficiente de permeabilidade, O indice de vazios pode variar assim, por acgio da temperatura, de cerca de 1/5 da variagio devida A carga, o que esta longe de ser desprezivel. 37—Estado coloidal dos solos Jé vimos que 08 gros de argila atingem diimetros microseépios; aqueles de dimen- sbes compreendidas entre 2 ¢ 1 microns formam verdadeiras solugdes coloidais, © se © didmetro descer abaixo de 0,6 microns, TECNICA 694 entfo tem lugar nitidamente movimentos Drownianos. Estas suspensdes coloidais tem um enorme poder aglomerante, superior & do cimento em certos casos. ‘A consisténcia das solugdes coloidais pode ser muito direeta dos fendmenos de electré- lise Uma corrente elctriea pode conseguir mesmo uma enorme consolidagio da argila, com aumento notivel da coesio e angulo de atrito, Nao desenvolveremos contudo este as- sunto, ainda em curso de evolugiio, e do qual muito parece haver a esperar. (Continua) ‘imentos Lenorme cimento lais pode elect onseguir aargila, ngulo de este as: jo, ¢ do tina) PROCESSOS UNITARIOS DA QUIMICA ORGANICA POLIMERIZACAO PELO ENG.* QUIMICO-INDUSTRIAL MANUEL CHAGAS ROQUETTE A polimerizagio é um proceso unitério em que, moléculas idénticas on diferentes so unem, produzindo moléculas de elevado peso molecular (macromoléculas) : cic, \on CH=CH, —> ... CHY ‘chy Normalmente nfo se consideram dentro do Ambito deste proceso unitirio certas venegdes, que conduzem A formacho de polimeros de baixo peso molecular (obten- fo da dicianamida, trimerizagaio do aceti- Jono... .). Hi sShocote e simulktoeaments com os snecanismos de polimerizagio surgem, mui~ ay yeues, outros processos unitirios : este- Fillongio (poli esterificagées), alquilagio alquilagSes), deshidratagho (em cer'as jioll-condensagdes). Poderin prever-se por- jquto, uma certa interdependéncia entre os fuotores que influenciam aqueles mecanismos # os que actuam na polimerizagio. Mas a polimerizag&o é um processo suficientemente lulento e enérgico para dominar os outros (Assistente do I. 8. 7) ©. D, 664.73 processos unitirios, que simultineamente se realizem. ‘As macromoléculas obtidas por polimeri- zagho tém pesos moleculares muito varid- veis, mas normalmente, nunea inferiores a 5.000 unidades, podendo atingir milhées de unidades. E precisamente esta possibilidade de sin- tese de moléculas de peso molecular ele- vado, que faz da polimerizagio um processo unitirio orginico de caracteristicas tio tipicamente vinendas, ¢ de aplieagto indus- trial cada vez maior. I — Generalidades Definigses: Entende-se por mondmero o mais simples agregado molecular, que reagindo com outros agregados moleculares idénticos ou majores, mas do mesmo tipo, conduz por polimerizagio, a macromoléculas. O moné- mero pode ser constituido por uma s6 molé- cula ow resultar da reacgio de 2 ou mais moléculas, A macromolécula designa-se por polimero, Chama-se mero a unidade de ca- deia do polimero. O monémero pode coin- cidir, quantitativamente com o mero, ¢ ape- nas diferir deste no grau de saturagho, Cha- ma-se molécula monomérica a qualquer das moléculas reagentes simples, que contribue para u formagio do monémero. Muitas vezes n molécula monomérica coincide com o préprio monémero. TECNICA ‘Assim, quando se obtém o Neopreno, a partir da cloroprena, por polimerizaglo: n CH= | a =CH= CH > CH - C= CH — CH; Ty Il al © monémero, a molécula monomérica e 0 mero silo respectivamente : CH, = C — CH= Cts 1 cL monémero e moléeula monomérica — CH;— C= CH —Cih— ' cl mero Consideremos agora um exemplo (forma- fio dum Thiokol), em que 0 monémero é ‘eonstituido pelo produto da reacgio de mais de uma molécul CH,C1—CH,C1 s 8 iu 1 — CH, — $8 —S—CH:—Na + CINa 8-8 io n C1—CH;—8-—8 — Cll; — s 8 \ iol — C1 \_ cH, -8—S—CH—, +Qa— 1) O1Na No caso apontado, as moléculas monomé- ieas, 0 monémero e 0 mero sio respectiva- mente: TECNICA 696 s<8 Na CHL —CHCI. ¢ | gcNe moléeulas monoméricas ss ooo C1 —CH;—S—S—Cih— 8 monémero ss ot CH; —§ —S — OH: — 2—Blementos de polimerizagao Sob esta designagio entende-se elementos on grandezas necessirios no estudo deste proceso unitirio, Faremos referencia a) Funeionalidade 5) Grau de funcionalidade c) Taxa de transformagio a) Elementos geométricos de Flory. a) Funcionalidade Quando uma moléeula, por reacgiio, se pode unir a duas outras moléculas, diz-se que tem 2 funeionalidades. Assim, 0 ani- drido ftdlico, reagindo com a glicerina (poli- -esterificagio) comporta-se con um com- posto com 2 funcionalidades, enquanto esta tiltima apresenta 3 funcionalidades: CO, oO co CH,OH—CHON—CH,OH 2 fancionalidades 8 fancionalidades pentaeritrol, por exemplo, apresentard 4 funcionalidades, 0 manitol 6 funcionali- dades: CHOH \ CH,OH — C—CH.OH | CH,OH 4 fancionalidades BATERIAS (ju8))- ALCALINAS — CADMIO= NIQUEL — PARA: BARCOS-CENTRAIS TELEFONICAS TRACGAO- AERODINAMOS -LABORATORIOS APARELHAGEM MEDICINAL-ILUMINACAO DE SOCORRO-ILUMINACAO DE CARRUAGENS DE CAMINHOS DE FERRO-CENTRAIS ELECTRICAS ETC, ETC. 9 deste ina SOCIEDADE PORTUGUESA DO ACUMULADOR TUDOR ot PILHAS SECAS PARA: LANTERNAS —CAMPAINHAS APARELHOS DE SURDEZ RADIO-RECEPTORES TELEFONES—TELEGRAFOS ETC, ETC. ntar TODAS AS PILHAS DE TODAS AS MARCAS SE DESCARREGAM COM O TEMPO SECAS — COMPRAR PILHAS RECEM-FABRICADAS 15 ANOS DE FABRICACAO EM PORTUGAL HULU LLU 00 comprar PILH aos melhores precos Em todas as aplicagoes tu lj) A MAIOR PRODUCAD DO PAIS ui Pedidos & Sociedade dos Marmores de Porta, L* Rua de §. Domingos de Benfica, 63 LISBOA Pneus | camartas de ar Prodtucdo da Kafatu tational te Barat H 1 H—C—on j HOOK | 6 foncionalidades HOCH 1 HOH | HCO | HOH Quando uma molécula com m funcionali- dades se combina, por uma ligagao simples, com uma moléeula com m funcionalidades, deixam de existir 2 funcionalidades (uma de cada molécula), ¢ o n‘imero total de fun- cionalidades passa a ser n+ m— 2, 2 moléculas com 1 funcionalidade cada, uma nfo se podem polimerizar, Quando muito, dimerizam-se se forem idénticas. Nao se julgue, no entanto, que a nogio de funcionalidade esté ligada sempre i de fungio. Um exemplo serviré para esclare- cer: a polimerizagio do etileno (formagio dv poli-etileno). O etileno (CH, ==CH,) combina-se com outra moléeula de etileno, a molécula de butena assim obtida vai reagir com nova molécula, que, por sua ver, torna a reagir. Hsta polimerizagio tem, pois, em face da defini¢to dada inicial- mente, 2 fanefonalidades : Cll = CH, + CH: = CH: > —> OH;= CH —CH;—CHs CHy= CH — CH; — CH; + CH=CH, —> > CH= CH—CH;— Cl, — CH, — CHs Uma substiineia pode ainda apresentar-se com diferentes funeionalidades, conforme 4s condigdes da reace&o. Por exemplo, o acetileno polimeriza-se dando o benzeno ou 0 ovtatetreno > 3 CH=CH —+ a 4H = CH ——- O enestas condigdes tem apenas 2 funcionalida- des; on pode polimerizar-se dando um poli= mero de elevado peso molecular (ocupreno): n OH = CH —> (CH): © tem, entio, mais de 2 funcionalidades. Para se obter um polimero de cadeia espacial (a 3 dimensdes) a polimerizagio tem de se efeciuar, necessiriamente, & custa de moléculas com 3} ou mais funcionalidades. b) Graw de funcionalidade Define-se gran de funcionalidade como sendo o mimero médio de funcionalidades por moléenla monomériea. ©) Taxa de transformagdo Chama-se taxa de transformagio p a fracgio das funcionalidades que reagiram. Isto 6, se: F,=niimero total de funcionalidades no infeio da polimerizagio F,=mimero total de funcionalidades no fim da polimerizagio Seri: hh Fea pepe Fo shim Como coroliir 1 DP grau de polimerizagio (mimero de meros por cadeia) a taxa de transformagio tender para 1, quando como produto da polimerizagio se obtiverem apenas moléculas infinitas (na 1, de peso molecular muito elevado). @) Elementos geométricos de Mory Flory nos seus estudos sobre polimeriza- ho, emprega uma simbologia especial, A-uma molécula monomériea com 2 fun- cionalidades atribue a representagio: AA TECNICA 697 A uma molécula monomérica com 3 fan- cionalidades: A e assim sucessivamente: A A A A moléeula monomérica com 4 funcionalidades ... Para se efectuar uma polimerizagio espa- cinl é necessdria a existéncia de moléculas com 3 ou mais funcionalidades, as quais fornecerio elementos para a cadeia, que se representa por: ou eee e se designam por grupos de irradiagto (branch units). parte da molécula (iff,) comum a 2 grupos de irradiagio, ou que contém (LQ) um terminal livre, com uma funcionalidade por reagir, chama-se segmento de cadeia (chain-section), ¢ tem por representagio uum segmento de recta: Q ML niimero de segmentos de cadeia, duma dada macromolécula designa-se por com- plevidade molecular. Chama-se 2d de irradiagéo (branch point) a ponto donde divergem os 3 ou mais segmentos de cadeia, que constituem o grupo de irradiagio. TECNICA 698 Hntende-se por né livre (unreacted ter- minal), a extremidade dum segmento de cadeia com uma funcionalidade por reagir. ‘Ao conjunto dos nés de irradiagho e nis livres designa-se por nds. ‘Ainda que, ua realidade, os comprimentos dos segmentos de cadeia sejam varidveis, admite-se para simplicidade de representa- gio que todos tém o mesmo comprimento. Snponhamos que moléculas com 3 funeio- nalidades (um triol, por exemplo) se poli- merizam com moléeulas com 2 funcionali- dades (por exemplo, um diseido orginieo) e se obtém macromoléculas com cadeias espaciais. Consideremos 0 desenvolvimento duma dessas cadeias, a partir dum segmento de cadeia qualquer. A curva que une os 2 nés desse segmento, \ curva que une os nds gne estao ligados aos nés anteriores por segmentos de endeia, ¢ assim sucessiva- mente, chamam-se curvas de Flory. As curvas de Flory representam-se simbdli- camente por circunferéncias concéntricas. Uma eadeia do tipo da cadeia exempli- ficada teria a seguinte representagiio geo- métrica : carvas de Flory Nesta representagio (em que se admitin uma determinada hipétese de desenvolvi- mento da eadeia do polimero) a—b 6 0 segmento de cadeia que se consideron como. infeio do desenvolvimento (obtido ’ custa da reacgio duma moléeula com 8 fanciona- Tidades com ontra com 2 funcionalidades); siio outros segmen- pe, bt, ene ted ter- rento de ¥ reagir. To ¢ nés rimentos aridveis, oresenta- vrimento. 3 funcio- se poli- neionali- organieo) cadeias ‘0 duma nento de os 2 nds e os nds ores por ucessiva- Yory. As simbdli- SX“ admitin senvolvi- =h 60 rou como >a custa ‘unciona- slidades); \ segmen- tos de cadein, a6 fic e bee d constitnem grupos de irradiagio, a, 0, ¢... sto nds do irradiagio, e ¢, d nds livres... As curvas de Flory estio designadas pelos ntimeros de 1 a 6. ‘A eadein desenhada, segundo as conven- gdes estabelecidas pode ainda definir-se pelos chamados néimeros de Flory (number of branch-points), que indicam a quantidade de nés de irradiagiio, que ‘se encontram da periferia para o centro, ‘sobre as viirias curvas de Flory. No caso exemplificado, os ntimeros de Plory seriam: 0, 1, 2, 2, 3, 2. Em qualquer polimerizagio espacial, o primeiro nimero de Flory & 0 e tiltimo’ 2, como é evidente. 3 — Estructura dos Polimeros Sintéticos 2) Expectrografia Os meios mais potentes de que se dispde para o estudo das cadeias ¢ estructura dos polfmeros de elevado peso molecular so os espectros de raios X e de difusio electrénica, Esses espectros nfio fornecem directa mente a imagem da estructura do polfmero, mas sim uma imagem que est relacionada com aquelaestruetura, ¢ que necessita de ser esclarecida e interpretada A Inz de técnicas especinis. Entre as contribuigdes que se devem, quase exclusivamente, a estes meios, conta- “se 0 ter-se estabelecido que a estructura do polietileno & formada por cadeias compla- nares de linhas quebradas (considerando linhas constitufdas pelos segmentos que unem os dtomos de C da mesma cadeia). Igualmente grande tem sido a contribui- ilo da interpretagao de espectros de raios X @ electrénico para o estudo de polfmeros de cadeia espacial (desenvolvida a 3 dimensdes no espago)- Porque estes processes, ainda que muito poderosos, s6 por si nfio sio capazes de nos fornecer a imagem tanto quanto possivel oxacta, da estructura destas macromolé- culas, recorre-se no estudo das propriedades mocinicase épticas, e em especial, ao estudo Smear | TE ara O Espoctro @ a estructura do pol das propriedades quimicas, a fim de melhor se conhecer a estructura dos polimeros de elevado peso molecular. b) Desenvolvimento e tipo de cadeias Sabe-se hoje que os polfmeros de elevado peso molecular se apresentam com 3 tipos fundamentais ¢ diferentes de desenvolvi- mento de cadeia : A) cadeins com zonas cristalinas (crista- lites) orientadas numa mesma diree¢io B) endeins dispostas em estructura amorfa ©) eadeias ainda com zonas cristalinas (cristalites), mas com estas orientadas em direcgées muito variadas, © arranjo A é tipico das fibras naturais ou sintéticas (Nylon...), @ confere aos materinis tenacidade e grande resisténcia em esforgos de tracgiio. A estructura B 6 caracterfstiea dos mate- isis do tipo da borracha natnral ¢ borra- chas sintéticas (elastémeros), quando no estado de repouso nfo estio submetidas a qualquer esforco. Quando um elastémero é TECNICA 699 submetido a um estorgo de tracgio, adquire uma ceria rigidez ¢ a sua estructura apre- senta-se sob o tipo C. Hsta categoria de Tipo 8 Desenvolvimento da cadeia substancias caracteriza-se, mecAnicamente, pela sua clevada elasticidade. Finalmente exibem a estructura C uma importante categoria de polimeros de ele~ vado peso molecular e de caracteristicas quimicas muito varifveis, que, uma ven moldados sob a acgio da temperatura e da pressiio, fornecem substincias mais ou menos rigidas (plésticos). Estas distingdes ¢ dominios nfo sto, de modo algum rigidos. Assim, determinadas substincias podem apresentar-se com uma ou outra destas estructuras. Por exemplo, 0 cloreto de polivinilo, econforme 0 proceso de obtencio, tanto pode fornecer substin- cine plisticas, como um clastémero artificial ou ainda ums fibra sintética. ‘As eadeias dos polfmeros podem ainda apresentar-se sob 3 tipos fundamentais: a) cadvin com desenvolvimento linear (normalmente complanar) 8) endeia linear mas ramificada (normal- mente complanar) @) cadeia com estructura cerrada (nor- malmente espacial, isto é, com um desenvolvimento a 8 dimensées) © tipo ¢) de cadeia corresponde a uma maior insolubilidade, maior densidade e mais alto ponto de amolecimento. Uma TECNICA 700 mesma substéneis quimiea (nataral ou sin- tética) polimerizada pode apresentar um ou outro destes tipos de eadeia, Assim, a borracha natural antes de vulcanizada apresenta uma cadeia do tipo b): trata-se dum produto com fraca resistencia ao calor VIVV Too Tipo Tipo © ‘Tipos de cadeta fe dissolventes. Por vuleanizagio adquire ‘uma estructura do tipo e) (08 étomos de 8 vio efectuar 0 encerramento da cadeia) e, consequentemente, uma maior resisténcia ao calor e dissolventes. [As substéncias plisticas apresentam, on cadeias lineares (tipos a) ¢ b) (substincias termoplisticas ou termoplastas) ou cadeins corradas, espaciais (substéncias plisticas termoreactivas ou plisticos termoreactivos). ou sin- sum ot im, a anizada trata-se ao calor adquire os de $ adeia) , sisténcia tam,,on stdncias cadeias alésticas activos).. Os termoplastas apresentam uma solubi- lidade muito maior perante os dissolventes orginicos do que os termoreactivos (que sio insohiveis na grande maioria dos dissolve tes organicos, se exceptuarmos os aleoois que os solubilizam). Tém ainda as substin. cias termoplastas um ponto de amoleci mento e¢ uma resisténcia aos agentes de corrosio muito menores do que os plisticos termoreactivos. Mas o que distingue fundamentalmente estas 2 categorias de plisticos 6 0 seu com- portamento perante o valor, facto que tem & maior importincia no sen proceso de fabrico (em especial no tipo de moldagao) ¢ na utilizagao posterior do material plistico. Assim, ‘os plisticos termoreactivos por Ponto de decomposiio I+ Pléstico termorecclvo cTermopleste Temperatura de amalecoento Duragdo do aquecments & temperatura de maldagie acgho do calor e da pressio fundem e sto moldados. Esta modificagio nas suas propriedades corresponde a uma transformagio quimica profunda da estructura da cadeia do plis- tico termoreactivo. Porém, se quisermos novamente moldar a pega plistien termo- renotiva, esta decompde-se. Estamos em presenga duma transformagio irreverstvel. Pelo contririo, as substAncias termoplis- tieas podem ser moldadas ¢ remoldadas, por acgfo do calor ¢ da pressio, indefi damente, quando, é evidente, nfo se atingir 0 ponto de decomposigio. A moldagio nio corresponde agora, a uma transformagio tio profunda como para og termoreactivos. Uma pega moldada de termoplasta pode novamente ser moldada. ‘Trata-se dum fenémeno reverstvel. 4—Hlementos caracteristicos das cadeias poliméricas As caracterfsticas dos polfmeros sintéticos €, portanto as suas aplicagdes dependem essencialmente de: a) natureza quimica do mero 6) natureza quimica dos grupos terminais do polimero ¢) comprimento e distribuigio das cadeias de polimeros. Esta tiltima caracterfsticn ¢ de todas, a que mais importincia tem. Ela vai influ- eseénea 8 tratgde —— a) traceao eneiar quase todas as propriedades do polimero, Insolubilidade —> Mn ——+ ‘Variago da insolubilidado Assim, muitas propriedades mecinicas, 0 indice de refracgho, algumas caracterfsticas eléctricas ¢ a insolubilidade aumentam com © comprimento das cadeias do polfmero. Vin-se j4 que os meios mais potentes, de que se dispde para o estudo da estructura TECNICA 701 dos polfmeros de clevado peso molecular (espectros de raios X ¢ electrénicos), ndo permitem uma determinagio directa e sufi- Cientemente clara de estructura dos polfme- ros de elevado peso molecular. Recorre-se entio a determinados elemen- tos, que nos fornecem uma ideia de compri~ mentos médios das cadeias de polimeros ¢ da sua distribuigao: a) pesos moleculares e graus de poli- merizagio ; 38) curvas de distribuigio dos pesos mole- culares. 0 conhecimento do comprimento das ca- deing © da distribuigio destas, juntamente ‘com ensaios estandartizados a que so sub- metidos os pol{meros sintéticos, permite ja ter elementos suficientes para conhecer da aplicagio e comportamento do polimero. 2) Pesos moleculares © graus de polime- rizagdo Peso molecular médio p,—=niimero de macromoléculas do tipo i, do peso molecular igual a M,. Grau de polimerizagio médio Dr DP,—mimero de meros que constituem a macromolécula do tipo i. Os valores de M, e DP, podem ser de- terminados por processos osméticos e ainda pela andlise quantitativa dos grupos termi- hais das macromolécnlas, quando essa ani- lise for possivel. Assim, se as cadeias de macromoléeulas apresentarem um grupo oO terminal —C<° este pode formar-se por OH titulagio ou sob a forma de sal de prata ; se tiverem um grupo terminal —NH, 0 Goseamento pode efeetnar-se pela medida do volume de N; libertado, por acglo do nitrito de sédio em meio sicido e sequente decom- posigio pela dgua. TECNICA 702 Peso molecular quadritico médio Hyp= 2m bee 3, DP, Grau de potimerizagio quadratico médio Xo, DEA om DP DP, Os valores de M, e DP, podem obter-se por processos dpticos (dispersio de luz) ¢ de sedimentagio, sob certas condigdes expe- rimentais. Peso molecular médio Z Os valores de M, © DP, podem deter- minar-se a partir de medidas de equilibrios de sedimentagio, mas em condigdes experi- mentais diferentes das que servem para se obterem valores de M, ¢ DP,. Peso molecular médio de viscosidade gn ta Grau de polimerizagio médio de viscosidade asf a —constante que depende do equilibrio dissolvente-polfmero. Quando a tende para I: lim = Mo lim DP, = DP. Os valores de M, e DP, determinam-se por medidas especinis de viscosidade. Nos polimeros sintéticos de elevado peso molecular, que se encontram no coméreio: Me < 25 oter-se luz) expe- deter- ilibri experi 1 para idade uilibrio para 1: inam-se e sdo peso omércio: Flory, baseado na teoria estatistica, de- monstrou que, quando a polimerizagao eon- duz A formagio, apenas, de cadeins de comprimento infinito, isto'é, quando : lim) p= se verificam as relagdes: tim M, Ma My, lim Mw Quanto mais homogéneo for o polimero menor seri o afastamento entre os valores de M,, M., M, e M,. No entanto é preciso frisar que a homo- geneidade perfeita é impossfvel aleangar-se. A fim de se ter uma ideia da divergéncia que existe sempre entre os diferentes valo- res médios de peso molecular, desde que haja uma ligeira variagio entre a homo- geneidade real ¢ uma homogeneidade per- feita, vejamos um simples exemplo numé- rico. Consideremos uma mistura de 2 substiin- cias perfeitamente homogénens (A e B) com 08 seguintes pesos moleculares : M, = 20.000 M, = 80.000 Numa mistura em que exista( % em peso) A—50°, B—50%/, Teremos os seguintes niimeros para os valores médios de pesos moleculares (cal culados ir das formulas atrés indi- ondas): 000 Mo = 50.000 68.000 05 My ja=l a=1b ‘Mesmo para um determinado tipo de va- lor médio de peso molecular (por exemplo N,), o* diferentes métodos de determinagao condusem a valores sempre divergentes e por vezes muito afastados. Este facto expli- ca-se pela imprecisio desses mesmos méto- dos e, principalmente, pelo facto de cles serem utilizados em condigdes mais ou me- nos diferentes daquelas para qne foram idealmente estabelecidas as formulas de aplieagio, b) Curvas de distribuicdo do peso mole cular Apenas o conhecimento dos valores mé- dios do peso molecular ou do grau de polimerizagio nfo pode dar uma ideia suficiente da distribuicio das cadeins de comprimento varidvel das macromoléculas. Consideremos representada grificamente o mimero n, de cadeias dum determinado 2 Room Corvas de distribaigdo do peso molecular tipo i, em fungko do seu peso molecular médio'M,. Obtém-se o que se chama a curva de distribuigio dos pesos moleculares. Estas curvas podem estabelecer-se, por exemplo, por processos de ultra centrifuga- go, ow mais grosseiramente, por métodos de dissolugio fraccionada ou precipitagio fraccionada, Para ter uma ideia da sensi- bilidade destes métodos, pode indicar-se que, para pesos moleculares da ordem de 5><10*, as medidas de ultra centrifugagio permitem agrupar os pesos moleculares em escaldes diferindo entre 2>< 10° 5 >< 10°. Dois polimeros podem ter 0 mesmo valor médio de peso molecular ¢ composigio mnito TECNICA 703 diferente: assim, as curvas de distribuigio dos pesos moleculares designadas por 1 ¢ 2, correspondem a polimeros com 0 mesmo valor médio de M, ¢ com estruturas diferen- tes. 0 polimero a que diz respeito a curva 2 tem uma homogeneidade muito maior. ‘As curvas de distribuigio dos pesos mole- culares, tém grande interesse no controle da qualidade e da produgio de materiais plis- ticos de sintese. Normalmente, na produgio de qualquer polfmero sintético convém eliminar as frac- des de menor peso molecular. De facto estas fracedes sito as mais voliiteis e soliiveis e portanto aquelas que conferem ao material piores qnalidades, em geral. O fabrico ¢ conduzido de modo a obter-se um produto tio homogéneo quanto possivel, € se neces- sitio procede-se i eliminagio das fracgies mais leves do polfmero, por dissolugio, Javagem. —Engaios estandartizados de polimeros | grande diversidade de aptiengies dos polimeros sintéticos corresponde um néimero ‘muito variado de caracterfsticas ¢ ensaios (mectinicos, térmicos, eléctricos, de corrosio © comportamento do material), de que exis tem normas estandartizadas. ‘Destas normas as mais empregadas sio: A.S.T.M,—da American Society for ‘Testing Materials A.S.M.E.—da American Society of Mechanical Engineering —do British Standards Ins- titute. B.S. S. Existe, ainda, um conjunto de caracteris- tiseas e ensaios, também estandartizados, cujo eonhecimento se torna indispensivel para a determinagiio das téenieas e possibi- Tidades de fabrico do material. a) Caracterfaticas ¢ ensaios mecdnicos Peso especifico e volume especifico Resisténcia & tracgio Resisténcia 4 compressiio Comportamento eldstico Médulo de elasticidade Resisténeia & flexiio TECNICA 704 Resisténcia ao choque Elongagio e histerésis Resisténcia & torgio Dureza Resisténcia de pelicula b) Caracterésticas © ensaios térmicos ‘Temperatura de utilizagio ‘Temperatura de amolecimento. Tem- perature de decomposigio Condutibilidade térmica. Distorefo pelo calor Dilatibilidade térmica ©) Caracterfaticas ¢ ensaios eléctricos Resistividade eléctrien Constante dieléctrien Factor do poténcia a) Caractertsticas ¢ ensaios que interes: sum para o fabrico omportamento durante a moldagio. Con- tracgio A moldagio Fluide Possibilidade de coloragio ©) Caractertsticas @ ensaios de corrosio 6 comportamento do material Solubilidade em dissolventes orgiinicos Resistencia aos agentes de corrosio (em especial 208 Seidos, ds bases ¢ aos dleos) Absorgio de agua Ensaios de envelhecimento. Comporta- mento perante a luz, agentes atmos- féricos e calor. Estes ensaios sio muito varidveis con- forme o tipo de material, e 0 fim a que este se destina. Assim, as caracterfsticas que se apresen- taram como exemplo do tipo d) interessam prineipalmente para_as substineias plisti- cas; os ensaios de elasticidade terao prin- cipalmente interesse para as substincias ” elistiens; um material plistico a utilizar para artigos de clectricidade exigiré 0 conhecimento das suas principais caracte- risticas eléctricas . . (Continua) | interes- io. Con- rosdio 6 ginicos orrosio bases € uporta- 1 atmos- con- yue este upresen- eressam plisti- to prin- stiincias utilizar igird 0 caracte- inua) Diferenciacgao e de Introdugéo A concepgio dos pavimentos de pistas de avinggio tem acompanhnado a evolugio da téonien de constrngho rodovidria de que 6, por assim dizer, um caso particular. Na actualidade a preferénein dos téenicos recai sobre os pavimentos de tipo elistico por motives fundamentados que recentemente foram objecto de divulgagio entre nés num trabalho de autorin do Eng. J. Canto Moni ("). ‘A aceitagio de pavimentos do tipo els- tieo em pistas de aviaedo obriga contudo a cuidados diferentes dos exigidos em estra- das dadas as caracteristieas proprias de funeionamento de cada uma das estruturas Na realidade a localizagio, o regimen de trifego, a tonelagem dos vefoulos, 0 tipo especial de solicitagdes desenvolvidas, a natureza das superficies e caracterfsticas de rugosidade so factores que provocam uma nitida diferenciagdo entre os dois tipos de pavimentos ; a influéncia de alguns daqueles factores foi focada no trabalho citado, tirando o antor conclusdes com as quais hem sempre concordamos. A anilise sistemiticn deste problema e a dedugio das caracteristieas préprias para cada tipo de estratura parece-nos um tema, de: interesse que nos propomos. desen- volver. MONIZ, J. C, —Pavimentos de esteaas e pietas fo. Pavimentos rigidos ou pavimentos elisticos mela realizada na Faculdade de Rngenharia (19.916) Engenharia (Porte), n® 7 6 8, 1989, de pavimentos de estradas pistas de aviagao PELO ENG! Civil (I.S.1) J, M. SEGURO. (da Diroce! Goral da Acronéutica Civil) ¢. D. 625.734 + 629.1904 Influéncia da localizagio Vejamos em primeiro Ingar como a loca- linagio de cada um dos pavimentos pode infiuir no tipo estrutural respectivo. Na escilha da localizagio de um aerd- dromo tem de se atender i regularidade altimétricn em superficies da ordem da centena de hectares, 2 vizinhanga relativa de aglomerados populacionais on de pontos obrigatérios da navegacio, ao desafogo dos voos de aproximagao, ete. Tais condiciona- mentos limitam extraordiniriamente as possibilidades de escolha impondo por vezes a aceitagio de maus terrenos de fundagio. Este facto, alindo a que o aerddromo é sem- pre construfdo em zona virgem de tréfego, obriga sistemiticamente a trabalhos de con- solidagio por vezes em aterros de conside- ravel altura e grande superficie. Nas estradas a possibilidade de desvios do tragado di maior latitude na escolha da, localizagio dos trabalhos ; e, quando aquela se niio verifica, o problema é, ainda, menos importante em virtude da menor intensidade das cargas. Como consequéncia imediata para a and lise que estamos fazendo verifica-se que os nerddromos siio em geral construidos sobre terrenos de fundagao da pior qualidade cuja influéneiana concepgio da estrutura adiante analizaremos. ‘Uma outra earacterfstiea da influéncia da localizagio de ambas as constragées, embora de efeitos muito menos acentuados, & a diferenga de abrigo relativo dado pela vegetaco ¢ construgdes marginais nas TECNICA 705 estradas. Enquanto 0 pavimento do aeré- dromo é desabrigado, pelo menos om faixas de cerca de 200 m por alguns quilémetros, o das estradas pode apresentar-se protegido da acgiio constante do Sol e vento. £ natural portanto existirem — em esquema — nos pavimentos dos aerddromos, maiores variagdes térmicas anuais, maior tempo de exposigio nos raios solares, maior variagio térmica didria e menor risco de humidade superficial permanente. Nestas condigdes 0 material das pistas esti mais sujeito ao en- velhecimento por acgdes metedricas alterna- das ¢ 0 pavimento das estradas pode enve- Ihecer mais rhpidamente por acgio da humi- dade permanente. fi oportuno ainda lembrar um factor que nfio se enquadrando no esquema que esbo- ¢imos tem importineia, que deve ser acen- tuada, para a concepgio dos trabalhos de pavimentagio de pistas ou de estradas. Mrata-se do tipo de preocupagies dos enge- nheiros responsiveis por cada uma das rea- izagdes. © engenheiro dos aerédromos dediea a sua maior atengiio a problemas como 0 me- Thoramento de fundagdes de pavimentos novor destinados a um tipo especial de cargas, ou, aperfeigoamento das actuais concepgdes de tragado em relagio is opera iebes de trAfego aéreo; o engenheiro de estr: dag estuda a renovagio ou alargamento de antigos caminhos suficientemente consoli- dados, a conservagio e os problemas de tri- fego automével. ‘© aperfeigoamento da técnica de pavi- mentagio necesita da eolaboragio de ambas ‘as sub-especializagdes. Nos nerddromos aproveita-se a experiéncia secular das estra- das convenientemente adaptada; nas estra- das aproveita-se o considerdvel trabalho de investigaciio levado n efeito nos aerédromos para rever certas coneep¢ées ainda hi pouco Consideradas clissicas e orienta-se a inves- tigagio para o campo atraente de obras de engenharia de explorag&o econdmica. ‘Hste proveitoso movimento de renovacHo a que nilo 6 estranho 0 progresso da Meci- niea dos Solos e do conhecimento dos mate- riais de construgio, tem larga influéncia no problema que analisamos. TECNICA 706 Influéncia do regimen de tréfego Uma ontra causa de diferengas é como dissémos a natureza do tréfego © o regimen de exploragio. [As caracterfstieas do trifego automével permitem 0 estabelecimento de faixas de 6 a 12 metros de largura, sendo usual a se- paragio em faixns de sentido tinico quando & grande a frequéncin de utilizagio. Hstas faixas sfo sujeitas a um tréfego que em cortas condigies pode atingir dezenas de milhar de vefculos por dia. ‘Tvansversal- ‘mente posstiem pequena inelinagio mnas lon- gitudinalmente esta pode ser apreeidvel para Sbrigar o tragado a uma boa adaptagto & orografia natural. A poténcia dos motores empregados nos automéveis (e » natureza das operagdes de trifego) condiciona com apreciivel latitude o limite admissfvel para esta inclinagiio. ‘Acentuamos ainda que numa estrada o tréfego & canalizado por duas ou mais faixas em geral num tinico sentido. Este predo- ifnio de tréfego localizado facilita e acelera ‘a destruigiio dos pavimentos por criagio de aprecidvels deformagdes permanentes 0 que $ atenuado apenas na faixa central sujeita a tréfego alternado. ‘A reacgio normal entre as rodas © pavimento pode ser considerada como igual Jearga estitiea. 0 efeito tangencial trans- versal é priticamente desprezvel em alinha- mento reeto mas toma particular importin- ia nas curvas ou em tragados com perfis transversais excessivamente abaulados. O efeito tangencial longitudinal é pelo contrt- tio sempre aprecidivel sobre as camadas superficiais do pavimento, em virinde da eeleragiio do veiculo, da inelinag&o e da in- versio deformadora causada pela passagem alternada de rodas motrizes ¢ no motrizes. ‘No caso das pistas em virtude da delica- deza das operagbes ¢ pela maior necessidade de soguranga, © perfil transversal apresenta maior desenvolvimento do que as estradas habituais, sendo correntes larguras de faixa pavimentada da ordem dos 50 © 60 metros. (© perfil longitudinal nfo tem inclinagdes superiores a 1°, 0 que, condiciona forte- mente os sistemas de drenagem. go como gimen mével sas de Ua se- uando Estas ue em ras de versal- as lon- el para acio i rotores atureza 1a com el para raila 0 sfaixas predo- acelera igiio de $0 que sujeita ase 0 o igual Ltrans- alinha- portan- n perfis dos. 0 contra amadas ude da edain- wseagem rotrizes. delica- sssidade oresenta 2stradas de faixa metros. linagdes a forte- 0 trafego dos avides 6 feito em qualquer dos sentidos da pista. O regimen local de ventos condiciona o sentido adequado para a utilizagio em cada operagio, O baixo indice de trAfego que nfo exeede 300 passagens por din nas pistas mais mo- imentadas e, a sua possivel dispersio numa faixa mais larga diminuem a probabilidade de aparecimento de ondulagies ou outros defeitos superficiais, mesmo em pistas comn- mente utilizadas num ‘inieo sentido. A reaegio normal numa pista é inferior carga estiticn por efeito da sustentagio das sas embora haja outras Sreas pavimenta- das nos aerédromos (0s caminhos da cir= culagio e plataformas de estacionamento) em que nfo se verifica o efeito da sustentagio ow em que este é atenuado. Os efeitos tangen- cinis sobre os pavimentos das pistas sio menos acentuados do que nas estradas, As reaegdes transversais sito de ordem de gran- deza priticamente desprezivel em virtude da pista no ser utilizada quando a sua direc (iio se afaste muito da do vento. Contudo o zumento de tonelagem dos avides permite cada vex mais a utilizagao com ventos cru- zados e poderé conduzir ao aparecimento de acgdes deste tipo. A possibilidade de generalizagio do emprego de rodas orient veis poder’ mesmo, tornd-las preci veis. Quanto aos efeitos longitudinais hé a considerar o choque e a travagem. 0 efeito destruidor das rodas motrizes no 6 aqui de temer. Ainda no que se refere ao tipo de vef- culos utilizados recordamos que uma pista recebe praticamente apenas o tréfego de pneuméticos de avites, enquanto as estra- das modernamente coneebidas para o tré- fego antomével ainda por vezes suportam rodas munidas de aros metilicos. Influéncia da tonelagem ‘Vejamos agora a influéneia da grandena das cargas e do tipo especial de esforgos que eriam. Nas estradas 0 peso dos veieulos nio ultrapassn 25 toneladas distribufdas por vérios rodados podendo aceitar-se como limite maximo da carga por roda simples 0 valor exagerado de 5 toneladas. No caso de pistas as normas da Organi- zacio Internacional da Avingio Civil (I. C. A. 0.) (1947) prevém eargas por roda sim- ples da seguinte ordem de grandeza: Classe do Avni | OAtE@ por rola | Preasko m: “irome | simples isolada | dos pnowm: Too, Kgjomt vi fase Boel : 5 85 2 35 | 7,0 - BT bn 10 & BD yi af ati 10, 5 IB ifien > 60 $ i 5,0 a 2 |. 26 ‘As caracteristioas de resistencia exigidas por estas normas sio suficientes para a ser- ventia dos avides mais correntes como se pode verificar no quedro anexo: Douglas | Douglas | Loskeed | Basing | Douglas be DCA | Constellation | Seatoeruiser] DCT Peso em descolagem (lib.} . .. .. .| 25200 | 78000 | 92000 | 13600 | 162000 Peso em aterragem (lib)... + + -| 24400 | 63500 | 78000 | 121700 | 127500 Carga estitien mixima numa roda . . .| 11575 | 39900 | 43000 | 61000 | 76800 Aiastamento dos rodados. . .-. . «| 186” | g4rg" | 98" 286" | Bar on ‘Area de contacto dum pneu (pol. quad)| 237 330 300 328 458 Pressio unitiria do contacto (Ibjpol2) . . 49 ot 2 98 8 TECNICA 707 | | Segundo as normas internacionais, os pavimentos construfdos para pertencerem a uma determinada classe de resisténcia devem poder suportar o trifego previsto para 0 aerddromo, nunea inferior a 10 ope- rages (aterragem on descolagem) por dia. Qs caminhos de cireulagio devem igual- mente poder suportar o trifego previsto regomendando a I. C. A. O. que «deve ser dada especial atengio As tensbes mais ele- yadas produzidas pelo rolamento lento on estacionamento com os motores em movi- mento dos avides». Com este objectivo devem nas Areas respectivas considerar-se cargas tedricas de projecto 25°/, superiores as das pistas. Adeante verificaremos que ¢ possivel afirmar ser este, um excessivo ¢ desnecessirio cuidado. Reta regulamentagio permite encarar confiadamente a construgmo de novos cam- pos pois, dada a aceitagao que sofreu dos construtores de avides, os futuros tipos de aparelhos de tonelagem superior terito dis- positivos de aterragem em trens muiltiplos, concebidos de forma que os esforgos desen- volvidos na infraestrutura nfo sejam supe- riores aos méximos agora admitidos. Por esta plataforma de aceitagio geral garan- tiu-se a continnidade duma rede mundial de infraestruturas indispensivel ao pro- gresso da Avingio Civil. Da diferenga aprecidvel entre as cargas actuantes resulta a diferenga essencial entre os dois pavimentos. Um simples exemplo demonstra esta afirmagio. Suponhamos que sobre um terreno em que é legitimo aceitar uma carga de segu- ranga de 3 kg/em? pretendemos constrair dois pavimentos: um destinado a suportar uma roda de 5 toneladas, outro uma roda de avigio com uma carga total de 45 tonela- das, Para se poderem comparar os resulta- dos supomos us pressdes de contacto iguais, para os dois casos, e valendo 10 kg/em?. As hipéteses simplificadoras que adiante admitiremos nfo sio inteiramente rigoro- sas; porém a sua aceitacto nfo conduz a alteragio da ordem de grandeza dos resul- tados, nfo falseando portanto as conelusdes que tiraremos. TECNICA 708 Admitamos que as superficies de contacto so cireulares, com os didmetros aproxima- dos de 25,2 e 75,7 om, respectivamente. Se a distribuigao de tensdes abaixo da superficie de contacto se realizasse como num meio elistico, semi-infinito, homogéneo € isdtropo segundo o teoria de Boussinesq, as tensies normais, no eixo da aplicacio da carga, a uma determinada profundidade 2, valeriam —-qd-— | 10 a sendo q & carga uniforme de contacto, apli- cada ao circulo de raio RB. Para o nosso exemplo a aplicagio desta formula conduz b necessidade de pavimentos com as espessu- ras aproximadas de 0,25 e 0,75 m respecti- vamente para cada um dos casos. Propositadamente segnimos a andlise de Boussinesq, para comparacio dos resultados com os que se obteriam pelo método eali- forniano de determinagio de espessuras. No nosso exemplo, os resultados seriam idénti- cos sé o terreno apresentasse um indice californiano de capacidade de carga igual 10 .E assinaldvel esta concordancia real- ada recentemente pelo trabalho de L’Hortet (1948), Estes resultados mostram claramente a diferenca essencial de que para o mesmo terreno de fundagio, as espessuras dos pavi- mentos de aerédromos so, admitindo ten- sbes de contacto da mesma ordem de gran- deza, superiores is das estradas sendo esta diferenga tanto mais acentuada quanto maior for a diferenga das rodas tedrieas de eéleulo on, o que é 0 mesmo, das Areas de contacto. © nosso exemplo além de mostrar a dife- renga quanto ao valor da espessura total, no que respeita exclusivamente A resisténcia a tensdes normais permite tirar importantes conelusdes orientadoras no que respeita 2 propria natureza dos materiais a empre- gar. ‘As curvas tracndas na fig. 1 definem a a constituigio de pavimentos de igual resis- téncia para cada uma das rodas do nosso exemplo. Como na pratica se constroiem os pavimentos por camadas de caracterfsticas atacto xima- te. so da como géneo sinesq fio da ade 2, » apli- nosso dug & pes pecti- ise de liados cali as. No denti- indice igual «real Tortet mnte a aesmo pavi- > ten- gran- > esta maior ‘leulo tacto. » dife- total, séneia tantes aita A npre- vem a resis- nosso em os sticas E . deereseentes com 0 aumento de profandi- dade, para cada um dos nossos pavimentos TENSSES NORMAIS KG/cH Fig. Tenses normais desonvolvidas a diversas profundidades para rodas de 8 e 45 toveladas. podiamos adoptar solugdes do tipo indicado na fig. E légico coneluir que, considerando a resisténcia a tensdes normais, 0 aproveita- P.CONTACTO: 10 KGEW? te xe rom Voltando ainda 4 anflise de Boussinesq, & consideragio das tensdes principais per- mite deduzir a grandeza dos esforgos mixi- mos de corte ¢ a sua localizagao. sta, por exemplo para terrenos coesives puros, fica aproximadamente & profundidade dum tergo do ditimetro do cfreulo de carga. Como as reas de contacto nas estradas siio inferiores ds verificndas para os pnens de avides, as tensdes inéximas de corte ocorrem para os pavimentos das pistas a maior profundidade. Esta nogio 6, em parte, prejudicada pela possibilidade de ocorrénein de tensdes de contacto mais elevadas nas estradas (aros metélicos, travagens, ete.), Resumindo, no caso de pavimentos de estradas a grandeza da espessura de pavi- mento necesstria para resisténcia a esforgos de Inminagem, desgaste e esmagamento é, no easo geral, suficiente para garantir uma degradagio de tensdes compativel com as possibilidades da fundagio. A espessura STON gt TERRENO DE FUNDAGKO SkG/EM CERO ig. Infludneia da grandeza da area de carga ua espessura dos pavimontos mento de materiais econdmicos é tanto mais facilitado quanto maior for a espessura total do pavimento a construir, o que tem interesse econémico imediato para a con- cepgio dos pavimentos de pistas, necessiria, relativamente pequena, devers ser constituida por materiais resistentes a tensdes de corte aprecidveis. No caso de acrédromos, a pesar dos baixos indices de tréfego, torna-se ainda necessiria a constru- TECNICA 709 do de uma camada superficial andloga i das estradas. Porém sob esta hé ainda que construir uma ou mais camadas de funda- gdo de materinis de caracteristicas infe- riores. Um exemplo tipico que marea bem esta diferenga verifica-se nos pavimentos do aeroporto de Seiphol construido sobre ter- reno de mé qualidade para avides de 135 to- neladas de peso brnto (com tensio de con- Fig. 3 Aeroporte de Sehipol (Amsterdam). Corte das pistas mostrando as diferentes eamadas tacto da ordem dos 8,5 kg/em?). As fign- ras 3.¢ 4 mostram a considerdvel espessura 0.35 utilizada, extraordindriamente. superior & empregada em estradas eonstruidas sobre ‘© mesmo terreno usual em estradas a accitagio do mesmo perfil-tipo de pavimento para a grande maioria de terrenos de fundacio. Tal orien- tagio é para o oaso dos aerddromos inacei- tivel. Cada problema tem de ser estudado em particular e nio raramente para situa gdes idénticas se chegou a solugies comple- tamente diferentes. As figuras juntas mos- tram as solugdes encontradas para a pavi mentag&o de diversos aerddromos nacionais. Efeito dindmico das cargas No pardgrafo anterior analisimos a in- fiuéneia da tonelagem no tipo e espessura de pavimentos, basendos no céloulo estatico dos pavimentos de pistas ¢ de estradas. ‘As acgdes que realmente se exercem sobre as pistas no silo porém deste tipo. Hé ainda a considerar o efeito dinimico das cargas sobre os materiais dos pavimentos e sobre 08 solos de fundagiio. Quanto # estes, comegam agora a ser conhecidos os resultados de algumas expe- rigneias acerca das caracteristicas eldstions dos terrenos sob a acco de cargas instan- tineas, Foi verificado que a resistencia dos BETAO ASFALTICO EMPEDRADO. ALMOFADA DE AREIA 030 LAGE DE BETAO POBRE (175 KG/M) aos} AREIA Fig. 4 Aeroporte de Schiphol. Coastituigio das camadas TECNICA 710 rior sobre nesmo grande orien- pail ressura stitico as. n sobre Gainda eargas e sobre a ser 5 expes lsticas instan- cia dos solos de fundagio aumenta com a diminui- iio do tempo de aplicagio da carga de- formadora, Os terrenos coerentes aumentam o0t0f= 018 Estes resultados de laboratério confirmam o resultado de medigdes directas de tensdes na fandagio de pavimentos sujeitos & pas- PINTURA BETUMINOSA. SOLO-CIMENTO TERRENO ARENOSO Fig. 5 Acrédromo de 8, Jacinto (Aveiro) Bate em solo-cimento repousando sobre excelente leito de areia, cots 018s REVESTIMENTO BETUMINOSO SAIBRO ESTABILIZADO Fig. 6 Aeridromo de Montijo capacidade de carga em virtude da a ‘olugo aperentomonte idéntiea A anterior mas com menor 1a da fundago contor aprecivel pereen~ tage de elementos fines LOIS | O20 BETAO BETUMINOSO MACADAME AREIA TERRA VEGETAL Fig. 7 Acroporto de Lisboa, A espestura necesséria inclui uma almofada de arcia ‘que as condigdes loeais permitiram empregar econimicamente 1 sua capacidade de suporte de 1,5 a2 vezes, em relagio ts cargas estiticas, sendo este aumento tanto mais acentuado quanto menor for a carga estitica critica, efeito este inde- pendente do método de ensnio. J4 para os terrenos incoerentos este efeito é muito ate- nuado verificando-se no méximo aumentos de 10 °/, (Cassagrande. 1948). sagem de rodados de avides (Porter. 1942). Jé& em 1942 a American Road Builders Assotiation estudando este problema, emitin as seguintes conclusdes: —A deformagio produsida por uma for- taleza voadora de 60 toneladas (B-29) em corrida, representa em média 78 °/, TECNICA 7m da observada para 0 avitio estacio- \ nado; —A mesma relagio, para avides em cir- culagio, é de 92°/, havendo por tanto métodos analizados no parigrafo anterior de célculo estitico dos pavimentos. As curvas de ealeulo do método C. B. R. sfo baseadas em ensaios acelerados de pistas. BETAO BETUMINOSO a MACADAME DE GREZ 2 PELICULA BETUMINOSA a EMPEDRADO DE LATERITE EMPEDRADO DE LATERITE EMPEDRADO DE LATERITE J | DA CUSSELINTA. | 14 FASE TERRENO NATURAL COMPACTADO TERRA VIRGEM Fig. 8 ‘Aceélromo de Bissau, A mé qualidade da fundagio implica uma grande espessura de materiais locais. © aumento da eapacidate 4 suporte seré possivel em segunda fase pela constr te uma camada de matoriais mais ricos nesta operagio ainda o efeito asso- cindo da sustentagio e da rapides de aplicagio da carga dominando 0 aumento por vibracio ; —0s efeitos do impacto sio menos pre~ judiciais e podem ser abandonados no cileulo em virtude da dispersio do trifego, rapide de aplicagto da carga e seu equilibrio parcial pela susten- tagio. Vejamos entiio, qual a influéneia da apli- cagio dinamica das cargas em relagio aos TECNICA 72 Ora os resultados destes ensaios tém de ser condicionados pelo facto de ser desconhe- cida a relagdo entre os efeitos da repetigio rapida de cargas num ensaio acelerado € 08 efeitos de umn repetiggio muito mais espa- gada que a pista vem a sofrer em servico (Bill. 1944). Esta influéncia da repetielo das cargas é importantfssima pois que tem sido obser- vado que 90°/, dos acidentes ocorridos em pistas floxiveis se verificam antes de 1000 aplicagies da carga, e 95 °/, antes das 1500 (Me Paden. 1948), erior 3. R. istas. Jo ser onhe- atigio oe os espa- avigo argas obser- rridos es de antes Nio é portanto estranho que Me Leod (1947) no Canadé e numerosos investiga- dores nos Estados: Unidos tenham verificado que as espessuras determinadas pelo método ©, BR. eram superiores is que demonstra- ram comportamento satisfatério em grande uimero de campos observados, Em 60 aerédromos americanos com es pesstra de pavimento entre 6” ¢ 12’ foi observado comportamento razodvel quando o dimensionamento que resultaria da aplica- gho do método, conduziria a espessuras de 12” a 45". Como interpretar esta ano- malia? | fora de drivida que as méximas soliei- tngdes se desenvolvem com o avitio parado, com. 08 motores em funcionamento, e que 0 seu valor excede a carga estitica; nas operagdes de rolamento em eireulagio, ¢ em aterragem on deseolagem, as solicitagdes sito inferiores Aquela, Quanto ao dimensio- namento adequado para resistencia a tais solicitag’es 0 método californiano conduz valores superiores aos necessdrios pois que ‘8 sua aceitacio implica a admissio de uma cadéneia exagerada de aplicagdes de carga, sempre da ordem de grandeza da roda teé- ea de edleulo o que a densidade e vari dade de tréfego nos aerédromos nfo con- firma. Nestas condigies, a adopefo das espessu- ras dadas pelo método de C. B. R., equivale aceitagio de um coeficiente de seguranga exagerado e tanto mais elevado quanto menor for o indice de tréfego real ea raziio do ntimero de cargas maximas para o mimero total de aplicagées de cargas. ‘As observagées realizadas, demonstram « possibilidade de diminnicio da seguranca © @ consequente construgdo de pavimentos de espessuras inferiores is actuais, Quanto tis zonas de estacionamento com motores em vibragHo nic vemos razio de ‘tumento em relagio \ carga estatica, da carga de projecto em virtnde de que qual- quer possivel acidente nestas zonas nilo afecta a seguranga das acronaves. A aceita- glo dos valores do método Californiano para estas reas corresponde a uma dimi- nuigto do elevado coeficiente de seguranca sem riseos de acidentes graves. Possibilidade de allgeiramento parcial das pista O aligeiramento geral poss{vel em face das consideragdes anteriores ¢ que admiti ‘mos com uma realidade proxima, foi suge- rido, segundo o sentido transverso das pistas atendendo ’s caracterfstieas especinis do re~ gime de tréfego ; tal sugestio foi originada. pela observagio de 2010 utilizagses (aterra- gens ou descolagens) em 6 meses de servigo de uma pista. Os resultados obtidos mostram que 60°/, das utilizagies tiveram Ingar no tergo central da pista, de largura de 45 me- tros enquanto os tergos lnterais reeeberam cada um 20°%,. Considerando os 22,5 m centrais e os quartos laterais estes valores foram respectivamente de 80°, ¢ 10°), em cada. Estes resultados podem condusir & hipo- tese de pavimentos aligeirados nas bermas © que traduziria uma economia apreciivel. A sua realizagio contudo levanta problemas téenicos de solugio milindrosa como sejam a creagao de pontos singulares em que a diferenga de deformagdes pode provocar o aparecimento de rodeiras ou de assenta- mentos gerais aprecifiveis. Porém aqueles curiosos dados estat{sticos permitem-nos admitir possibilidade de construgio dos sistemas de drenagem de intercepgao lateral dentro do proprio perfil trnsversal garan- tindo uma melhor defesa da zona central do pavimento mais sobrecarzegada pelo trinsito, Tal disposi¢ao contudo é contrarin a0 prinefpio construtivo de as eanalizagdes de drenagem serem ficilmente acessiveis para trabalho de reparagio. Uma objecgio porém invalida até certo ponto o interesse priitico destas sugestdes: os campos civis siio construges imediata- mente militarizadas em caso de guerra, e de necessidade vital nestas emergéncias. A sna adaptacdo a campos militares obriga 4 existéncin de largas faixas capazes de suportarem a descolagem de aviées em for- magio, que teriam sido assim suprimidas. Quanto & possibilidade de aligeiramento longitudinal ('), mesmo aceitando como re (!) —Admitida por J. C, Monis (ota eitada), TECNICA 713 solvida a questo fundamental da determi- nagio de grandeza desse aligeiramento, nio The encontramos viabilidade Os comprimentos-standard das pistas, especificadas pelo organismo internacional jf referido so: (') Comprimento das pistas Categoria etre A 2250, b 2160 c 1800 D 1500 E 1280 F | 1080 Gq | 900 Para alguns dos avides j4 citados 0 qua- dro seguinte di uma ordem de grandeza dos comprimentos em metros necessérios para a realizagio de algumas operagées de v6o: pos | pou [onset | — Deseolagam. . . . .| 300 | 500 | 600 Elevagioa 15m. . .| 550 | 900 900 Aterragem de 15 m.| 350 | 850 | 750 | © comprimento das pistas deve permitir 8 descolagem ¢ elevagio a 15 m seguida de aterragem em caso de avaria. Em virtude desta norma de seguranga © DC3 pode utilizar normalmente campos de categoria F os dois restantos utilizam normalmente, enmpo das eategorias supe- riores. Como se verifiea em qualquer operagio, normalmente s6 uma poquena fracgio. do comprimento total da pista 6 utilizada. Atendendo a0 duplo sentido de possfvel utilizagio teriamos portanto em todo o com- mento nio s6 0 tergo central, como uma série de limitadas zonas nfo recebendo nor- malmente solicitagtes que atingissem o valor () As categorias indicadas obrigam 0 acrédromo a tama capacidade de earga no minimo igual A da classe de resistincia correepondente (V, tabela ant) TECNICA n4 da carga tedriea. 0 conhecimento dos dife- rentes comprimentos provaveis de utiliaa- gho permanente e das cargas respectivas, permitiria tragar as curvas de utilizaglo cuja envolvente nos forneceria as cargas méximas em cada ponto do desenvolvi- mento, e daf é facil dedugio do perfil lon- gitudinal do pavimento de igual vida. Porém uma pista sofre normalmente o trifego de circulagio em terra. Na figura 9 marcamos trajectdrias dos avides em des- colagem, em aterragem © em cirenlagio, preparatorin on consequente, para o Aero- porto de Lisboa. Como se verifica para este caso o diagrama ideal de solicitagdes maxi- mas seria priticamente todo coberto’ pelos esforgos desenvolvidos na eireulagio, & cunstineia que aliés se verifica ‘pritica- mente em todos os aeroportos. Portanto, ainda mesmo que estivesse re- solvida a dificuldade posta no parigrafo anterior, nfo eram vitiveis aligeiramentos adicionais segundo o perfil longitudinal daseados nas caracteristicas especiais do rogime de trifego. Condicionamento das caracteristicas de superficie: Rugosidade Como verifiedmos anteriormente os pavi- mentos de pistas de aviagio sio muito mais espessos que os das esiradas, embora haja tendéneia para diminuigio desta diferenga, A alte clasticidade que se Ihes exige tem pois de ser conseguida 4 custa da elastici- dade préprin dos materiais enpregados. Portanio para que a superficie seja regular € ponco susceptfvel de deformagdes apre- cidveis que possam prejudicar o funciona- mento da pista, exige-se a construgio de camadas de base de alta clasticidade. As dimensies e inclinagtes extradrdini- riamente mais desfavordveis para as pistas criam problemas de drenagem superficial mais agravados, Na realidade a Agua sobre uma pista tem de pereorrer maior eaminho uma yelocidade menor. Daqui um maior perigo de infiltragiio ¢ portanto uma maior necessidade de impermeabiliaagao superfi- cial prejudicada pelo envelhecimento répi do dos agentes impermeabilizadores, como jé foi focado, os dife- utiliza- 2etivas, Tiuagio cargas nvolvi- ‘Al lon- a. aente o gura 9 m des- ulagio, > Aero: ura este 3 méxi- o ‘pelos io, cir orAtica- osse re- rigrafo mentos tudinal iais do iticas 5 pavi- to mais ra haja erenga, ge tem lastici- agados. vegular 5 apre- aciona- gio de ordina- pistas erficial a sobre uminho: maior » maior uperfi- ripido omo J No respeitante a drenagem profunda a horizontalidade das grandes superficies oeupadas pelos acroportos obrigam a tra~ dalhos de orientagio nitidamente diferentes dos das estradas. Trata-se dam assunto sobejamente conhecido € que nos abstemos de analisar. ponco rugogos para evitar o desgaste dos pneus no momento das aterragens, no rola- mento ow nas viragens bruscas. Com o fito de tornar as pistas lisas, no caso de pavimentos eliisticos sio usuais duas orientagdes: a contrugio de camadas superficiais em betio betuminoso compacto Fig. 9 ‘Zonas de aterragem ou descolagem ¢ esquema de cireulagies usuais no Aeroporto de Lisboa A superficie do aerédromo tem de ser completamente limpa de elementos soltos que também na estrada, pelo perigo de derrapagem, sio prejudiciais mas admiti- | dos. Esta imposicio resulta do perigo de esses clementos soltos serem arrastados pelo movimento provocado pelos hélices partindo estes ou danificando outras partes do aviio, ¢ prineipalmente por constituirem uma causa comprometedora da estabilidade dos avides por derrapagem, em especial quando suj tos a ventos desfavoriveis, | Quanto a rugosidade as estradas tém um | problema completamente diferente do das pistas. Naquelas, o intenso trifego provoca | 0 polimento dos pavimentos criando dificul- dades para a travagem e perigos eminentes por derrapagem. O problema das estradas 6 6 da conservacho da rugosidade. | Nas pistas o tréfego é insuficiente para pulir os pavimentos mas estes devem ser ou a aplicagio de regas de selagem seguidas de cilindramento adequado. Qualquer dos processos 6 também vantajoso no que res- peita & impermeabilidade do pavimento. No caso de Aeroporto de Lishoa foi adop- tada esia iiltima orientagio, nunea tendo sido admitida a construgio duma camada superficial de betio compacto, (') por razdes econémicas. © problema da rugosidade das pistas deve porém ser encarado dentro dos limites razoiiveis e nfo tém importineia excessiva, Pelo contritrio, dentro dum desgaste de pnons econdmicamente accitivel, 6 dbvia a ()—No trabalho eitade do Eng’ J. C. Moniz deve sor rectiieads a informasio que figura na pig. 13, 2. eoluna do n° 8 da «Engenharia». A figura 44 inserta hha mesma pagina refere-t6 a um ttogo que evidentemento no rocebeu a roga do selagem 0 que esclarece a origem dda sensacie de excessive ragosidade que provocs, TECNICA 75 vantagem duma certa rugosidade para que sejam efectivas as possibilidades de répidas travagens que venham a diminuir as di tincias excessivas de rolamento em terra provocadas pela impossibilidade de dispér caminhos de saida das pistas nos pontos adequados para cada tipo de avitio, A dificuldade que tem impedido maiores progressos na travagem dos avides nio 6 propriamente o desgaste dos pneus, que se evita com regas superficiais nas pistas, mas © aprecifvel aquecimento verifiendo no sistema de accionamento dos travées. Quanto & importincia econdmica deste problema diremos que a duracio de um pneu 6 mais influencinda pela técnica de aterragem do que pela rugosidade do pavi- mento. No entanto a durabilidade dos pneus nio tem importancia suficiente para obrigar a cuidados especinis na pavimentagiio. Para um ‘aviio do tipo DC4 6 feita pelos fabrieantes uma garantin de 200 operagdes para cada jogo de pneus, custando este na. actualidadé menos de 50’ mil escudos. Por estes dados se vé que uma aterragem nio custa mais de 250 eseudos em desgaste de meus, Assinalemos contudo que os Transportes Aéreos Portngueses utilizando em especial © aeroporto de Lisboa em condigdes diffceis de exploragio (caso das pistas térreas ¢ metilicas africanas), tem registado indices de aproveitamento extraordindriamente su- periores aos indicados a pesar da extrema mneticulosidade ¢ exigéncia dos nossos pilo- tos quanto ao estado do material de que se utiliza. Tais valores sio um pouco supe riores A média, em virinde de serem obtidos por um pessoal de navegagio cuida- doso. Nao temos infelizmente dados experimen- tais on comparativos em que basear a afir- magho de que as pistas do Aeroporto de Lishoa nfo apresentam rngosidade exces- siva. Porém, aberto ao trafego hd cerca de 10 anos, nunca de qualquer companhia de navegagio ou dos milhares de pilotos que dele se utilizaram, se receben qualquer refe- réneia no elogiosa acerca do revestimento superficial em betio betuminoso que julga- mos ter sido o primeiro realizado no nosso TECNICA 76 pafs; este facto conereto & contndo sufi- ciente para alicergar a nossa conviegiio. Aliis a existéncia de marcas devidas a travagem niio é prova de excessiva rngosi- dade duma pista. A figura 10 mostra um trecho duma pista dum excelente aeroporto extrangeiro em que abundam mareas desta natureza, Fig. 40 Acroporto de Schiphol, Vists parcial do uma pista, Observen-se as numerosas mares de pneus Para findar este parigrafo sublinhemos que a tendéneia é para n movimentagho das rodas antes do contacto com o terreno (diminuindo 0 contacto brutal em fracgdes de segundo de superficies com diferencas de velocidade da ordem dos 40 m/seg) ¢ para a diminnigho de eusto (!) e aumento de durabilidade dos pneus. Influéncia dos factores analisados na escolha dos materials de construcao E conhecido que a téonica de construgio de pavimentos de estradas, servide por uma experiéncia secular, atravessa un perfodo de ripida evolugio. Como causas funda- mentais desta, destacam-se 0 melhor eonhe- cimento das solicitagdes desenvolvidas ¢ da capacidade dos materiais para as suportar, 8 possibilidade de econdmicamente obter (1) A importansia de 8.600800 por aterragem ealeu- Jada ‘em 1945 por J. Canto Moniz (art, cit) traduz cit- ccunstincias anormais do poriode do guerra. ugosi- ra um sporto desta remos ‘o das rreno goes engas eg) € aento os ucio sugito ‘uma Hfodo nda: onhe- eda vrtax, obter ealea- ‘© melhoramento das fundagdes ¢ a propria construgio dos pavimentos por meios me- cfinicos. O conjunto destes conhecimentos ¢ meios de trabalho permite a utilizagio de materiais econémicos, até 0 proprio terreno local, em condigdes anteriormente imprati- cdveis, Como temos insistido, na construgio de pistas esta moderna orientagio encontra campo excelente de utilizagao, e reflecte-se na escolha dos materinis adequados. ‘Mas até para materiais hoje considerados clissicos o8 factores analisados condicionam as propriedades. Por exemplo para pa mentos betuminosos podem notar-se as se- guintes diferengas em relngio As estradas (Pingon, 1947): Os agregados podem ser de reaisténcin a desgate © a0 esmagamento, inferiores, ‘A sua granulometria deve de preferéncia ser fechada, Os ligantes betuminosos devem poder resistir a grandes variagdes de temperatura sem se tornarem frdgeis ou muito plisticos devem possuir maior duetilidade para pode- rem acompanhar as deformagdes de maior amplitude sem quebrar;e finalmente, ainda com 0 mesmo objectivo devem ter uma consisténcia tio baixa quanto as mais ele- vadas temperaturas que suportem, 0 per- mitam. A dosagem de ligantes 6 nas pistas mais elevada, em virtude do tréfego ser insufi- ciente para 2 compactagio erfticn da mis- tura e ao pulimento indispensivel & imper- meabilidade. Em especial no que se refere aos mate- rinis das camadas de base & impossivel estabelecer regras gerais a priori © 86 0 estudo de cada problema pode conduzir is melhores solngies técnieas e econdmicas. Possiveis influéncias na futura concepgao dos pavimentos de pistas A experigneia adquirida nos tiltimos anos revela que a concep¢iio de aeroportos é ma- trian de constante renovagio. Esta até hoje tem sido verificada em virtude do melhor conhecimento das condigdes de utilizagho dos aerddromos e da adaptagio aos novos tipos de aparelios que dia a dia so criados. Emborn se admita hoje que um grande desenvolvimento no ramo das comunica- ges agrens possa vir ainda a influenciar 0 niimero de infraestraturas a construir ¢ as suas proporgées 6 priticamente impossivel defini-las quer quanto a0 volume de triifego e a sua influéncia nas construgdes priva- tivas dos aeroportos ena urbanizacdo geral das cidades quer quanto 4 adequada con- cepgio em dimensdes e resisténcia das pistas. ‘A evolugio dos tipos de aparelhos pode porém provocar maiores revolugies nas caracteristicas actualmente accites. Citare- mos em especial (Amer. Soc, C. E., 1944) : — 0 aperfeigoamento téenico e identifi- cagiio do regime conveniente de exploragio dos heliedpieros; —A generalizagio do emprego em voos comerciais da propulsio por jact —A cringhio de técnicas especiais de catapultagem de avides. Dentro estes 0 emprego da propulstio por jacto, pelo menos como método auxiliar da descolagem, esté em vésperas de generaliza- ho, Ser assim introduzida mais uma carae- terfstien diferencindora para as pistas: a necessidade de pavimentos resistentes i acco direcin de gases n clevadas tempe- raturas. Os actuais tipos de pavimento no satisfazem pois os rigidos sto «descascados» © 08 inertes libertos, ¢ os flexfveis, com ligan- tes betuminosos sio destrufdes. Se para estes a reparagio 6 por enquanto vidvel, se bem que pouco econdmica, nos poucos aero- portos sujeitos a esta acco, para os rigidos no se encontra solugio evidente, Admite-se que este tipo de avides venha a ter ater- ragens bruseas. Se assim for, teremos pistas de dimensdes muito mais modestas que as actuais sujeitas 9 elovadissimas temperatu- ras ¢ de uma elasticidade superior d actual. Os ontros factores npontados. permitem todas as fantasias inclusivé a de admitirmos a transferéncia dos problemas de construgio de bases aéreas do engenheiro de pavimen- tos para o engenheiro de estruturas. Mesmo:que qualquer destes factores nlio atinja rhpidamente o progresso que se lhe TECNICA nz pode admitir 0 actual tipo de pavimentos pode vir a ser alterado, além de outros fac- tores nao previstveis, por — Quanto ds dimensdes das éreas pavi- mentadas: diminuigio por utilizagiio de mo- tores reversfveis ou aperfeigoamento de travagem directa ou aerodiniimica (flaps); — Quanto as solicitagdes superficiail a) Aumento de esforgos tangenciais trans- versais por aterragens com ventos cruzados facilitada pelo o aumento de tonelagem dos avides ou pelo emprego de rodas orienté- veis; d) Aumento dos esforgos longitudinais devido & travagem; ¢) Diminuigio do desgaste por aterra- gens com rodados em movimento. — Quanto As solicitagdes na fundagio : diminnigao das espessuras por utilizagio de trens de aterragem com lagartas. Conclusées 1.°— As estruturas de pavimentos de pistas de avingho e de estradas so diferen- ies e influenciadas pelo regimen de trifego, tonelagem dos veiculos, localizagio e con- digdes de superficie respectivas. 2.° —O método californiano de eéleulo de pavimentos que satisfaz para o dimensio- namento de estradas, ao ser exterpolado para as cargas dos avides, conduz a resul- tados elevados qne n&o atendem ao baixo indice do tréfego das pistas. © conhecimento actual destes problemas no permite determinar entre as espessuras usuais em estradas até is deduzidas por aquele método para as pistas quais os valo- res intermédios aceitiveis para estas. 3.°—O aligeiramento parcial do perfil transversal das pistas nfo ¢ consentido pelo imperfeito conhecimento da influéncia do tnifego na sua resistencia. O aligeiramento longitudinal é impraticdvel por razdes fun- cionais. 4.0 — Para a construgio das pistas, como no caso geral das estradas, nio podem ser aceites solugdes dogmaticas. As condigdes locais definem para cada caso a solugio mais conyeniente, TECNICA 78 5.°—O problema da rugosidade inte- ressa especialmente xo engenheiro de est das. No caso de pistas de aviagio actual- mente é um factor secundério sem grande interesse funcional e econdmico. 6°—O problema de pavimentagio de pistas foi na sua evolugio cada vex mais assemeliado ao das estradas. A actual se- melhanga das solugdes 6 esporddicn e traduz a adaptgio duma téenien eomum a neces- sidades diferentes. O melhor conhecimento destes problemas ea progressiva delimitagio de necessidades implicard a construgho de estruturas cada vez mais diferenciadas podendo mesmo a solugao fatura da concepeaio de pistas fazer abandonar totalmente o actual tipo de infra estruturas aéreas. Bibliogratia consultada Anuntcay Roap Bornpers Association (1942) —A props de Veffet des vibratious sur Iee pistes envol. Rerue General des Routes n.° 206 (1949), 58. 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