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2017­5­26 Portal do Extrajudicial

Parecer 353/2008­E ­ Processo CG 2008/80912 
Data inclusão: 28/01/2009
(353/08­E)
 
Em olum e ntos   –  Re gis tro  de   Im óve is   –  Form al  de   partilha  –  Atribuição  aos   he rde iros
de   s uas   quotas ­parte   na  he rança  do  fale cido,  doação  da  m e ação  do  cônjuge   e
re núncias   trans lativas   re cíprocas ,  a  título  gratuito,  e ntre   os   he rde iros   –  Atos   de
trans m is s ão de  dom ínio s obre  be ns  im óve is  s uje itos  a re gis tro e m  s e ntido e s trito e
não  a  ave rbação  –  Cobrança  pe la  prática  de   trê s   atos   de   re gis tro  que   s e   e vide ncia
corre ta  –  Re s s alva,  poré m ,  quanto  à  ne ce s s idade   de   obs e rvância  do  pare ce r  e   da
de cis ão que  o aprovou, e xarados  nos  autos  do Protocolado CG n. 179/2007, ante  o s e u
caráte r norm ativo – Re curs o não provido.
 
 
 
Exce le ntís s im o Se nhor Corre ge dor Ge ral da Jus tiça:
 
 
Trata­se de recurso administrativo interposto por Ênio Cleber Russafa Okuma e Renata Garbelini
Okuma  contra  decisão  do  Meritíssimo  Juiz  Corregedor  Permanente  do  Oficial  de  Registro  de  Imóveis  da  Comarca  de  Dracena  que  rejeitou
reclamação por eles formulada a respeito da cobrança de emolumentos pelo Registrador para o registro de formal de partilha extraído dos autos
do arrolamento de bens deixados pelo falecimento de Augusto Okuma (fls. 48 e 49).
 
Sustentam  os  Recorrentes  que  existe,  conforme  reconhecido  pelo  Meritíssimo  Juiz  Corregedor
Permanente  e  pelo  representante  do  Ministério  Público,  correlação  entre  a  incidência  ou  não  de  imposto  de  transmissão  inter  vivos   e  o
pagamento de custas e emolumentos pela prática de atos registrais. Na hipótese, acrescentam, houve renúncia de parte da herança, em relação
à qual não pesa qualquer ônus, notadamente no que concerne ao pagamento de emolumentos. Além disso, argumentam que a renúncia, no caso,
se deu nos autos do processo de arrolamento, com isenção do pagamento do imposto de transmissão inter vivos , bem como que o Registrador
deve proceder ao registro tal como resulta do formal de partilha, vale dizer, inscrevendo­se o domínio de cada herdeiro, com base no quinhão ou
bem que lhe coube. Assim, segundo entendem, o correto seria a cobrança do valor dos emolumentos correspondente a um ato de registro e a
três atos de averbação (fls. 51 a 55).
 
A  Douta  Procuradoria  Geral  de  Justiça  manifestou­se  no  sentido  do  não  provimento  do  recurso
(fls. 67 a 70).
 
É o relatório.
 
Passo a opinar.
 
Em  que  pesem  os  argumentos  expendidos  pelos  Recorrentes,  o  recurso,  salvo  melhor  juízo  de
Vossa Excelência, não pode ser provido.
 
Com efeito, conforme se verifica do formal de partilha cuja cópia se encontra às fls. 06 a 40, por
ocasião do arrolamento dos bens deixados pelo falecimento de Augusto Okuma verificaram­se vários atos translativos da propriedade, a saber:
(a) atribuição aos dois herdeiros, por força de sucessão  mortis  causa de  suas  quotas­parte  (25%  para  cada  um)  relativamente  aos  imóveis
matriculados sob nº s 8.501 e 1.565; (b) doação por parte da viúva da sua meação aos herdeiros (a um deles no tocante ao imóvel da matrícula
nº  1.565 e ao Recorrente Ênio no concernente ao imóvel da matrícula nº  8.501); (c) renúncias translativas recíprocas dos dois herdeiros, a título
gratuito, concernentes às partes ideais anteriormente recebidas, de modo a permitir que cada um se torne proprietário exclusivo de um imóvel, ao
Recorrente Ênio cabendo, com exclusividade, o imóvel matriculado sob nº  8.501.
 
Anote­se  que  a  denominada  renúncia  translativa,  embora  não  seja  tecnicamente  uma  autêntica
renúncia,  é  válida  e  produz  efeitos  obrigacionais,  como  forma  de  doação,  se  a  título  gratuito,  ou  de  compra  e  venda,  se  a  título  oneroso  (cf.
Sebastião Luiz Amoirm e Euclides Benedito de Oliveira, Inventários e Partilhas . 16ª ed. São Paulo: Leud, 2003, p. 63). Dessa forma, tendo se
operado,  na  hipótese  dos  autos,  a  título  gratuito,  deve  a  renúncia  que  aqui  interessa  ser  tida  como  verdadeira  doação,  configurando,
conseqüentemente, ato de transmissão de domínio.
 
Como se pode perceber, três são, no caso, os atos de transmissão da propriedade imobiliária. E,
como tal, estão sujeitos a registro, nos termos do art. 167, I, nº s 25 e 33, da Lei n. 6.015/1973, e não a averbação, esta última reservada, na
espécie, ao ato de inscrição da construção realizada no bem (art. 167, II, nº  4, da Lei n. 6.015/1973).
 
Assim,  correta  a  cobrança  de  emolumentos  realizada  pelo  Senhor  Oficial  Registrador,  relativa  a
três atos de registro e um ato de averbação, mostrando­se irrelevante, como analisado pela Douta Procuradoria Geral de Justiça (fls. 69 e 70),
que  alguns  desses  atos,  em  razão  do  valor  da  operação,  contem  com  isenção  do  recolhimento  do  ITCMD,  a  qual  não  se  estende
automaticamente aos emolumentos devidos pelos serviços registrais a serem prestados.
 

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Com  relação  aos  valores  cobrados  para  cada  ato,  propriamente,  há  que  se  consignar  que  não
houve impugnação por parte dos Recorrentes. De todo modo, impõe­se lembrar o entendimento firmado no âmbito desta Corregedoria Geral da
Justiça, a propósito do registro de formais de partilha expedidos em inventários e arrolamentos de bens:
 
“ EMOLUMENTOS  –  Registro  de  Imóveis  –  Formal  de  partilha  –  Divergência  de
entendimento entre Juízes Corregedores do Estado, que indica a necessidade de uniformizar o entendimento administrativo
(artigo  30,  §  2º,  da  Lei  nº  11.331/2002)  –  Base  de  cálculo  dos  emolumentos,  que  deve  incidir  apenas  sobre  o  valor  do
patrimônio transferido, excluído o valor da meação do cônjuge sobrevivente – Recurso administrativo conhecido e provido –
Caráter normativo” (Prot. CG n. 179/2007).
 
E,  dado  o  caráter  normativo  atribuído  ao  parecer  elaborado  em  referidos  autos,  por  força  da
decisão proferida pelo eminente Desembargador Gilberto Passos de Freitas, então Corregedor Geral da Justiça, é de presumir­se tenha sido ele
observado  pelo  Oficial  Registrador,  o  que  não  impedirá,  por  certo,  nova  provocação  do  Juízo  Corregedor  Permanente,  caso  isto  não  tenha
ocorrido.
 
Para  o  que  ora  interessa,  considerada  a  matéria  objeto  do  inconformismo  dos  Recorrentes,
correta se mostra a respeitável decisão proferida em primeira instância administrativa.
 
Nesses  termos,  o  parecer  que  se  submete  à  elevada  consideração  de  Vossa  Excelência  é  no
sentido de ser negado provimento ao recurso interposto.
 
Sub  censura.
 
São Paulo, 04 de novembro de 2008.
 
(a) ÁLVARO LUIZ VALERY M IRRA
Juiz Auxiliar da Corregedoria

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