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Pode-se ver que houve uma evolução em todas as séries, isto é, todos os alu-
das matrículas do período de 1980 a 1989 nos na 2ª série foram promovidos da 1ª
em relação ao período de 1991 a 2001. série, todos os alunos da 3ª série, foram
No entanto as matrículas das 5ª e 9ª séri- promovidos da 2ª série, e assim sucessi-
es continuam maiores que as das 4ª e 8ª vamente. Se isso fosse verdade, poder-
séries, o que contradiz o modelo, conti- se-ia, de fato, fazer uma análise de coorte
nuando-se com a impressão equivocada e dizer, por exemplo (ver Figura 1), que
de que nem 60% dos alunos conseguem 53% dos alunos novos matriculados na
chegar à 4ª série. 1ª série atingem a 2ª série em 1981 e os
A pirâmide educacional não pode 47% restantes evadem-se (saem do siste-
ser usada como uma análise de coorte ma escolar); e que 17% atingem a 8ª série
escolar. Nesta interpretação incorreta, as- em 1987 e os 83% restantes evadem-se
sume-se que todos os alunos são novos antes de atingir essa série.
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Dizer que todos os alunos são novos é b)um aluno que se evade não retorna
equivalente a dizer que não há repetência mais ao sistema;
em todas as séries, mas somente evasão, o c)as taxas de repetência, promoção,
que não é verdade. Logo, segundo a defini- evasão de aprovados e evasão de não-apro-
ção 2, a pirâmide escolar não parte de uma vados (ver definições 4 a 7, adiante) para
coorte escolar, nem a acompanha, pois as as diversas séries são constantes ao longo
matrículas de todas as séries, em todos os dos anos, não dependem da idade do alu-
anos, são constituídas por alunos novos e no nem do fato de ele ser um aluno novo
repetentes. ou repetente.
Em outras palavras, o modelo da pirâ-
mide educacional tem como hipótese bási- Poder-se-ia, ainda, impor um limite ao
ca que não há repetência, mas somente eva- número de anos que um aluno pode repetir
são. Como isso não é verdade, não se pode uma determinada série. Isto não é feito, pois
usar a pirâmide educacional. não se sabe da existência desse limite no
ensino fundamental e médio no Brasil.
As taxas de repetência, promoção, eva-
são de aprovados e evasão de não-aprova-
3. Simulação de uma coorte dos utilizadas são as estimadas para um
determinado ano.
Uma maneira aproximada de se fazer a Se houver dados apropriados, poder-se-
análise de uma coorte escolar é simular o á estimar as taxas por idade ou por aluno
fluxo dessa coorte, por exemplo, de mil alu- novo/repetente ou mesmo por idade e aluno
nos novos, que entram na 1ª série, do ensi- novo/repetente, o que permitirá uma simula-
no fundamental (Figura 2). Essa simulação ção mais próxima da realidade. Deve-se ter
geralmente é feita, supondo-se: cuidado na especificação “aluno novo” e “alu-
no repetente”. Isso será tratado mais tarde.
a) não há entrada de outros alunos no- Definição 4. A taxa de repetência na
vos em anos subseqüentes; série k no ano t é a proporção dos alunos
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Em geral, as parcelas c e d são soma- 6. Estimação dos termos da
das, apresentando-se somente o número de
alunos evadidos na série k, Ek,t.
tabela de fluxo utilizando-se
Na coluna referente à série 1 do ano o Censo Escolar
t+1 (2002, no exemplo), apresentam-se, de
cima para baixo, o número de alunos repe- O Censo Escolar do ano t+1 nos for-
tentes na série 1 no ano t+1, o número de nece as matrículas iniciais de todos os alu-
alunos novos (que estão entrando pela pri- nos, de repetentes (e dos alunos proveni-
meira vez no sistema considerado, no nos- entes de fora do sistema, a partir de 1994)
so caso, o ensino fundamental) na série 1 para as diversas séries no ano t+1 e o nú-
no ano t+1, o número de alunos que estão mero de aprovados e reprovados, por sé-
retornando à escola após, pelo menos, um rie, no ano t.
ano de ausência na série 1 no ano t+1 e, As Tabelas 3.2 a 3.7 do Anexo 3 apre-
finalmente, a matrícula inicial na série 1 no sentam, pela ordem, a matrícula inicial,
ano t+1. a matrícula inicial de repetentes, a matrí-
Na coluna referente à série k+1 do ano cula inicial de novos, o número de apro-
t+1 (2002, no exemplo), apresentam-se, de vados, o número de reprovados e o nú-
cima para baixo, o número de alunos pro- mero de afastados por abandono, ao lon-
movidos da série k para a série k+1 no ano go das décadas de 80 e 90, obtidos dos
t+1, o número de alunos repetentes na sé- Censos Escolares. A matrícula de novos
rie k+1 no ano t+1, o número de alunos e o número de afastados por abandono
provenientes de fora do sistema na série foram obtidos por diferença, como expli-
k+1 no ano t+1 e, finalmente, a matrícula cado no texto. Os dados referentes ao
inicial dessa série. Censo de 1983 foram imputados pelas
Esses alunos provenientes de fora do médias dos anos anteriores e posteriores.
sistema podem ser alunos vindos, por A matrícula dos não-seriados (ciclo bási-
exemplo, de outro país, de outra região, alu- co de alfabetização) em Minas Gerais, a
nos que estão retornando ao sistema esco- partir de 1985, foi distribuída entre a 1ª
lar depois de passar, pelo menos, o ano an- e a 2ª série, de acordo com dados forne-
terior fora do sistema (esses podem ser se- cidos pela Secretaria Estadual de Educa-
parados entre os que vão cursar a série pela ção. Finalmente, os dados sobre não-se-
primeira vez e os que a estão repetindo) alu- riados do Distrito Federal foram distribu-
nos que vêm de outro sistema escolar, como ídos segundo as mesmas proporções de
do sistema supletivo para o sistema regular Minas Gerais.
de ensino (ocorrência comum na primeira Os dados de 2000 em diante não in-
série do ensino médio). cluem o 1º ano do ensino fundamental de
Até recentemente não havia dados 9 anos como a classe de alfabetização (CA)
sobre esses alunos provenientes de fora e o 1º ano do ciclo com duração de 3 anos
do sistema. Supunha-se que o número destinados a crianças de 6 a 8 anos, que
fosse desprezível e ignorava-se. No en- substitui as duas primeiras séries do ensi-
tanto, na 1ª série do ensino médio, esse no fundamental.
número é considerável. A partir de 1994 Até o ano de 1993, o Censo perguntava
o questionário do Censo Escolar passou somente o número de repetentes reprova-
a coletar essas informações. A ficha de dos, sub-registrando, portanto, o número de
matrícula proposta, anexa, registra estes repetentes. Não coletava informações sobre
dados. alunos provenientes de fora do sistema. Os
Observação 1: Todos os termos na ta- promovidos e os novos da primeira série
bela de fluxo são não-negativos, isto é, são eram calculados pela diferença entre a ma-
maiores que ou iguais a zero. trícula no ano t+1 e o número de repeten-
Observação 2: Considera-se a matrí- tes no mesmo ano, sendo, portanto, supe-
cula total para o ano t e a matrícula inicial restimados. Conseqüentemente, todas as
para o ano t+1. O motivo é que, dessa for- estatísticas baseadas nesses números esta-
ma, pode-se analisar o fluxo dos alunos vam erradas.
logo após a obtenção das matrículas inici- A partir de 1994 o questionário do Cen-
ais no ano t+1. Supõe-se que a quase tota- so Escolar passa a perguntar corretamente o
lidade dos alunos admitidos após a época número de repetentes reprovados, o de repe-
da matrícula inicial são alunos transferi- tentes afastados por abandono, o de re-
dos no meio do ano. petentes apesar de aprovados e o número
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de alunos provenientes de fora do sistema. 3)taxa de evasão de aprovados na série
Portanto, têm-se: k no ano t = (número de evadidos aprova-
dos na série k no ano t) / (matrícula total na
1)número de repetentes na série k no série k no ano t);
ano t+1 = (número de repetentes reprova- 4)taxa de evasão de não-aprovados na
dos na série k no ano t+1) + (número de série k no ano t = (número de evadidos não-
repetentes afastados por abandono na série aprovados na série k no ano t) / (matrícula
k no ano t+1) + (número de repetentes ape- total na série k no ano t).
sar de aprovados na série k no ano t+1);
2)número de alunos novos na série O Censo Escolar do ano t+1 registra
1 no ano t+1 = (matrícula inicial na série 1 também o número de afastados por aban-
no ano t+1) – (número de repetentes na sé- dono e de transferidos, mas não registra
rie 1 no ano t+1) – (número de alunos que o número de admitidos após a matrícula
retornam ao sistema na série 1 no ano t+1); inicial (essa informação passou a ser co-
3)número de alunos promovidos da letada a partir de 1996). Em um sistema
série k para a série k+1 no ano t+1 = (ma- fechado, se tivéssemos esse número, po-
trícula inicial na série k+1 no ano t+1) – der-se-ia subtraí-lo do número de trans-
(número de repetentes na série k+1 no ano feridos para ter o número de alunos que
t+1) – (número de alunos provenientes de pediram transferência, mas não se
fora do sistema na série k+1 no ano t+1); rematricularam no sistema no mesmo ano,
4)número de aprovados corrigido na e que deveriam ser contados como afasta-
série k no ano t = (número de aprovados dos por abandono.
na série k no ano t) – (número de repeten- De fato, num sistema fechado, dever-
tes aprovados na série k no ano t+1); se-ia ter a igualdade:
5)número de evadidos aprovados na
série k no ano t = (número de aprovados Matrícula inicial = matrícula final +
corrigido na série k no ano t) – (número de afastados por abandono.
promovidos da série k para a série k+1 no
ano t+1); Mas, na verdade, encontra-se o seguinte:
6)número de evadidos não-aprovados
na série k no ano t = (matrícula inicial na Matrícula inicial > matrícula final +
série k no ano t) – (número de repetentes na afastados por abandono.
série k no ano t+1) – (número de promovi-
O que está faltando são justamente os
dos da série k para a série k+1 no ano t+1)
– (número de evadidos aprovados na série k alunos classificados como transferidos em
vez de afastados por abandono, por falta de
no ano t) = (número de não-aprovados) –
informação. É por isto que se calcula o nú-
(número de repetentes não-aprovados);
mero de afastados por abandono como:
7)número de evadidos reprovados na
série k no ano t = (número de reprovados)
número de afastados por abandono =
– (número de repetentes reprovados);
matrícula inicial – matrícula final
8)número de evadidos afastados por
abandono na série k no ano t = (número de
afastados por abandono) – (número de re-
petentes afastados por abandono). 7. Modelo de fluxo para um
sistema aberto
As taxas de repetência, promoção, eva-
são de aprovados e evasão de não-aprova- 7.1. Caso de uma escola
dos na série k no ano t são calculadas utili-
zando-se somente os termos na linha k da Para uma escola, a matrícula no ano t a
tabela de fluxo, da seguinte maneira: ser considerada (última coluna da tabela de
fluxo – ver Figura 4) é a matrícula total na
1)taxa de repetência na série k no ano t escola, isto é, a matrícula inicial mais os alu-
= (número de repetentes na série k no ano nos admitidos durante o ano:
t+1) / (matrícula total na série k no ano t);
2)taxa de promoção da série k para a matrícula total na série k no ano t =
série k+1 no ano t = (número de promovi- (matrícula inicial na série k no ano t) + (nú-
dos da série k para a série k+1 no ano t+1) mero de alunos admitidos na série k duran-
/ (matrícula total na série k no ano t); te o ano t).
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Nesse caso, deve-se acrescentar uma 8. Análise de consistência
coluna entre a coluna dos evadidos não- do modelo de fluxo
aprovados e a da matrícula no ano t, para
registrar as transferências durante o ano t.
Como os Censos Escolares até 1993,
Não há como saber se esses alunos transfe- inclusive, não dão nenhuma informação
ridos efetivamente se rematricularam em
sobre alunos provenientes de outro sistema
outra escola ou não, no mesmo ano.
escolar ou que estão retornando à escola após
Além das taxas acima descritas, calcu- pelo menos um ano de ausência, a análise é
ladas em relação à matrícula, pode-se adi-
feita considerando-se esses termos como
cionar a taxa de transferência definida a se-
nulos (ou desprezíveis).
guir (ressalte-se que é possível que alguns Todos os termos no modelo de fluxo são
registrados como transferidos são na ver-
não-negativos. Logo, se na estimação de ter-
dade afastados por abandono):
mos, como a dos evadidos aprovados ou não-
aprovados, aparecer algum negativo, há pro-
taxa de transferência da série k no ano
blema com a estimação dos outros termos.
t = (número de alunos transferidos da sé-
O erro conceitual na definição de re-
rie k no ano t) / (matrícula na série k no petente, que considera somente os repeten-
ano t)
tes reprovados, leva a um sub-registro dos
repetentes e, conseqüentemente, a uma
superestimação dos promovidos ou novos
7.2. Caso de um sistema aberto
nas diversas séries. Como conseqüência,
com duas ou mais escolas
tem-se um número de promovidos da série
k para a série k+1 usualmente maior que
Exemplos de tais sistemas são a rede
os aprovados na série k, dando um núme-
pública estadual, a rede pública municipal
ro negativo de evadidos aprovados – um
e a rede particular. óbvio absurdo. Na Tabela 3.8 (Anexo 3)
Nesse caso, tem-se que separar, entre
estão apresentados os evadidos aprovados,
os alunos admitidos após a data de verifi-
calculados mediante o uso direto dos da-
cação da matrícula inicial, os alunos pro- dos obtidos nos Censos Escolares. Pode-se
venientes de fora do sistema dos oriundos
observar ali os valores negativos obtidos.
de escolas do próprio sistema.
A tabela de fluxo usual não considerava
A matrícula total é calculada da seguin- o evadido aprovado, e, portanto, o analista
te maneira:
deixava de observar essa inconsistência.
Na 1ª série tem-se o argumento da pos-
matrícula total da série k no ano t = sibilidade demográfica. Esse argumento ex-
(matrícula inicial na série k no ano t) + (nú- pressa o fato de que, em um sistema razoa-
mero de alunos admitidos provenientes de velmente estável, o número de alunos novos
fora do sistema na série k durante o ano t). na 1ª série não pode superar o tamanho da
coorte da idade modal, no caso, a coorte de 7
O número efetivo de transferências do anos. A Tabela 3.9 do Anexo 3 nos dá a coorte
sistema passa a ser: de 7 anos ao longo da década, e a Tabela 3.10
apresenta a razão entre os novos não-corrigi-
número de transferidos da série k no dos e a coorte de 7 anos. Os valores muito
ano t = (soma do número de transferidos acima de 1 mostram que o número de alunos
da série k no ano t de todas as escolas do novos não-corrigido viola o argumento da
sistema) – (número de alunos admitidos, possibilidade demográfica. Somente em um
após a matrícula inicial, na série k durante momento de intervenção no sistema pode
o ano t, provenientes do próprio sistema) haver uma entrada de alunos novos maior
que a coorte modal. Depois o sistema volta à
Observação: No caso de um sistema normalidade.
aberto, é mais apropriado utilizar-se a ex- Esse argumento da possibilidade
pressão “saída do sistema” em vez de eva- demográfica é conhecido na literatura. Pode-
são, pois esta é caracterizada pela saída do se citar: Teixeira de Freitas (1947, 1989),
aluno de todo o sistema escolar e não so- Schiefelbein (1975), Ribeiro e Fletcher
mente de uma parte, como no caso do sis- (1987), Thonstad (1980, p. 34) e Cuadra
tema aberto. Por exemplo, o aluno sai da (1989). Além dessas referências, pode-se
rede municipal, mas não se evade, pois en- citar Klein e Ribeiro (1991), que apresentam
tra na rede estadual. três novos argumentos.
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9. Estimação das diversas Subtraindo da matrícula, tem-se o número
taxas e intervalos com dados de repetentes mínimo possível (Rm) de re-
ferência. Isto é:
dos Censos Escolares
Rm1,t+1 = M1,t+1 – CO7t+1
Observação: Serão utilizados somente
os dados sobre matrículas, aprovados e nú-
Observação: Para o País, para um Esta-
meros de alunos provenientes de fora do
sistema coletados nos Censos Escolares. do e talvez para um município, tem-se con-
dições de estimar o tamanho da coorte pelo
Definição 12. O número de não-apro-
Censo Demográfico ou pelas Pnad’s. Se o
vados na série k no ano t (NAPRk,t) é defini-
sistema escolar em consideração for a rede
do como a soma do número de reprovados
pública de um estado, tem-se que estimar a
e de afastados por abandono na série k no
parcela da coorte ingressa na rede pública.
ano t. Em um sistema fechado,
Para as demais séries, supondo que
todos os aprovados corrigidos são promo-
NAPRk,t = Mk,t – APRk,t
vidos dentro do sistema, isto é, matriculam-
se na série seguinte em uma escola do siste-
e o número de não-aprovados é baseado em ma (equivalente à evasão de aprovados ser
números confiáveis. nula), tem-se o número de promovidos má-
ximo possível (PM). Subtraindo da matrícu-
Lembra-se aqui que o Censo Escolar la, levando em conta os alunos provenien-
até 1993, inclusive, não registra o número tes de fora do sistema, tem-se o número de
de alunos que retornam ao sistema após pas- promovidos mínimo possível (Pm). Isto é:
sarem pelo menos um ano fora da escola
ou alunos que vêm de outro sistema, como PMk,t+1 = APRCk,1,t
o supletivo (esse número será denotado na
série k no ano t por Fk,t). Supondo que esse Pmk,t+1 = máximo (Mk,t+1 – Fk,t+1 – RMk,t+1, 0),
número seja, em geral, pequeno, podendo
ser desprezado, chama-se a atenção para a pois Pmk,t+1 não pode ser negativo. Se Pmk,t+1
1ª série do ensino médio, onde ele não pode = 0, corrige-se o número máximo possível
ser desprezado. de repetentes para
Se não houver repetência de aprovados,
o número de não-aprovados é o número de RMC k,t+1 = Mk,t+1 – Fk,t+1.
repetentes máximo possível (RM), que
corresponde ao retorno de todos os não-apro- Daqui em diante supor-se-á que RMk,t+1
vados, o que equivale a uma evasão de não- RMC k,t+1 e PMk,t+1 = PMC k,t+1. Caso isto não
aprovados nula. Subtraindo da matrícula, seja verdade, as diferenças RMk,t+1 – RMC k,t+1
levando em conta os alunos provenientes de e PMk,t+1 – PMC k,t+1 deverão ser acrescidas, res-
fora do sistema, tem-se o número de promo- pectivamente, aos evadidos não-aprovados na
vidos mínimo possível (Pm). Isto é: série k e aos evadidos aprovados na série k.
Supondo-se que já se tenham os apro-
RMk,t+1 = NAPRk,t vados corrigidos na 1ª série, têm-se, en-
tão, a partir da 2ª série, os números de
Pmk,t+1 = máximo (Mk,t+1 – Fk,t+1 – RMk,t+1, 0), repetentes e promovidos máximo e míni-
mo possíveis. Portanto, se conhecem os
pois Pmk,t+1 não pode ser negativo. Se intervalos onde os números de repetentes
Pmk,t+1 = 0, corrige-se o número máximo pos- e promovidos têm que estar, e são, por
sível de repetentes para RMC k,t+1 = Mk,t+1 – conseguinte, médias ponderadas dos ex-
Fk,t+1. tremos dos intervalos. Tem-se então, para
cada série k e ano t, um número real pk,t+1
Na 1ª série, em geral, o número de re- tal que 0 ≤ pk,t+1 ≤ 1 e:
petentes aprovados é considerável e não
pode ser ignorado. Nas outras séries, esse Rk,t+1 = pk,t+1 x RMk,t+1 + (1 – pk,t+1) x Rmk,t+1
número deve ser pequeno e pode-se ignorá-
Rk,t+1 = Rmk,t+1 + pk,t+1 x (RMk,t+1 – Rmk,t+1)
lo sem grande perda.
Na 1ª série, pode-se tomar o tamanho Rk,t+1 = Rmk,t+1 + pk,t+1 x Dk,t+1
da coorte de 7 anos como referencial para
o número de novos máximo possível. e
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Pk,t+1 = (1 – pk,t+1) x PMk,t+1 = pk,t+1 x Pmk,t+1 0 < Ek,t,a < Dk+1,t+1.
Pk,t+1 = PMk,t+1 – pk,t+1 x (PM k,t+1 – Pmk,t+1)
Se k = 8, tem-se que E8,t,a = 0 (considera-
Pk,t+1 = PM k,t+1 – pk,t+1 x Dk,t+1 se aqui somente o ensino fundamental; caso
se considere conjuntamente o ensino médio,
Observa-se que: deve-se proceder como anteriormente).
1)os tamanhos dos intervalos são 4)Dk,t+1 = Ek,t,n + Ek–1,t,a , isto é, a soma
iguais, isto é, para k = 2,.......,8, Dk,t+1 = dos evadidos não-aprovados da série k com
PMk,t+1 – Pmk,t+1 = RMk,t+1 – Rmk,t+1. Estes os evadidos aprovados da série k-1 é igual à
valores são bem determinados, pois só de- diferença entre o número máximo possível
pendem de quantidades conhecidas, como de repetentes (promovidos) e o número mí-
as matrículas, os aprovados e os números nimo possível de repetentes (promovidos).
de alunos provenientes de fora. Logo este é um valor bem determinado.
2)número de evadidos não-aprovados Somando-se ao longo de todas as séri-
na série k no ano t = (número de repeten- es (E0,t,a = 0), verifica-se que o número total
tes máximo possível na série k no ano t+1) de evadidos é bem determinado.
– (número de repetentes na série k no ano Como se verá adiante, devido à exis-
t+1) = (número de promovidos na série k tência dos repetentes aprovados, far-se-á
no ano t+1) – (número de promovidos mí- hipóteses para a determinação de E1,t,n, E1,t,a
nimo possível na série k no ano t+1). Isto e E2,t,a .
é, para k = 2,.....,8: 5)O número de evadidos total é igual à
soma dos números de evadidos aprovados
Ek,t,n = RMk,t+1 – Rk,t+1 = Pk,t+1 – Pmk,t+1. e não aprovados, isto é, para k = 2,...,7:
Logo,
Ek,t = Ek,t,a + Ek,t,n = pk+1,t+1 x Dk+1,t+1
Ek,t,n = RMk,t+1 – (pk,t+1 x RMk,t+1 + (1 – pk,t+1) +(1 – pk,t+1) x Dk,t+1
x RMk,t+1 Ek,t = Dk,t+1 + (pk+1,t+1 x Dk+1,t+1 – pk,t+1 x Dk,t+1)
Ek,t,n = (1 – pk,t+1) x (RMk,t+1 – Rmk,t+1) Ek,t < Dk+1,t+1 < Dk,t+1
Ek,t,n = (1 – pk,t+1) x Dk,t+1 Para k = 8, tem-se:
e
E8,t = E8,t,n – (1 – p8,t+1) x D8,t+1
0 < Ek,t,n < Dk,t+1.
Se for possível estimar ou supor valo-
res máximos e mínimos (pMk,t+1 e pmk,t+1,
3)número de evadidos aprovados na
respectivamente) para pmk,t+1, pode-se obter
série k no ano t = (número de promovidos
intervalos menores. Os intervalos para os
máximo possível na série k+1 no ano t+1)
números de repetentes, promovidos, evadi-
– (número de promovidos na série k+1 no
dos aprovados e evadidos não-aprovados são
ano t+1) = (número de repetentes na série
obtidos de maneira análoga. O intervalo para
k+1 no ano t+1) – (número de repetentes
mínimo possível na série k+1 no ano t+1). números de evadidos é o seguinte:
Isto é, para k = 1,.....,7:
pmk+1,t+1 x Dk+1,t+1 + (1 – pMk,t+1) x Dk,t+1
Ek,t,a = PMk+1,t+1 – Pk+1,t+1 = Rk+1,t+1 – Rmk+1,t+1 < Ek,t < pMk+1,t+1 x Dk+1,t+1 + (1 – pmk,t+1)
x Dk,t+1
Logo,
O comprimento do intervalo é:
Ek,t,a = PMk+1,t+1 – [(1 – pk+1,t+1) x PMk+1,t+1
+pk+1,t+1 x Pmk+1,t+1] (pMk+1,t+1 – pmk+1,t+1) x Dk+1,t+1 + (pMk,t+1
– pmk,t+1) x Dk,t+1
Ek,t,a = pk+1,t+1 x (PMk+1,t+1 – Pmk+1,t+1)
Ek,t,a = pk+1,t+1 x Dk+1,t+1 A estimativa dos números de repetentes,
promovidos e evadidos (equivalente-
e mente das respectivas taxas) resume-se
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portanto à estimativa dos valores pk,t+1. Na TXNAPRk,t = NAPRk,t / Mk,t;
falta de mais informações tem-se que fa-
zer suposições e/ou usar um julgamento 2) taxa de repetência máxima possível
subjetivo. na série k no ano t = TXRMk,t = TXNAPRk,t
Algumas informações úteis são: (quando não há repetentes aprovados);
Referências bibliográficas
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FLETCHER, P. R.; RIBEIRO, S. Costa. Projeto fluxo dos alunos de primeiro grau – Profluxo.
[S.l.], 1988. Versão Preliminar. Mimeografado.
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 123
FREITAS, M. A. Teixeira de. A escolaridade média no ensino primário brasileiro. Revista
Brasileira de Estatística, v. 8, n. 30/31, p. 295-474, 1947.
Abstract
This work points out the correction of the model of school flow for the Brazilian
educational system, it discusses concepts and forms of verifying the consistence of the
model and it shows the mistaken use of educational concepts. The model has been used by
Inep, since its release in 1994, and subsidized the calculation of the rates of school flow
transition for Brazil and units of the Federation.
Keywords: school flow; transition rates: promotion, retention and evasion, cohort and
school census.
124 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Anexo 1
Figura 1.1 – Ensino fundamental regular – Taxas de repetência corrigida, mínima, máxima, informada,
de reprovação e de abandono – Brasil, 1981-2001
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 125
Figura 1.2 – Ensino médio regular – Taxas de repetência corrigida, mínima, máxima, informada,
de reprovação e de abandono – Brasil, 1981-2001
126 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Figura 1.3 – Ensino fundamental regular – Taxas de promoção corrigida, mínima, máxima
e informada – Brasil 1981-2001
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 127
Figura 1.4 – Ensino médio regular – Taxas de promoção corrigida, mínima, máxima
e informada – Brasil 1981-2001
128 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Figura 1.5 – Ensino fundamental regular – Taxas de evasão corrigida, máxima e informada – Brasil 1981-2001
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 129
Figura 1.6 – Ensino médio regular – Taxas de evasão corrigida, máxima e informada – Brasil 1981-2001
130 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Anexo 2
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 131
Gráfico 2.2 – Matrículas por série – Brasil 1981-2002
132 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Gráfico 2.3 – Já ingressos por série – Brasil 1992
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 133
Gráfico 2.4 – Já ingressos por série – Brasil 2001
134 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Anexo 3
Tabela 3.2 – Matrícula inicial segundo os censos escolares, com correções de consistência
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 135
Tabela 3.3 – Matrícula inicial de repetentes segundo os censos escolares
136 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.5 – Aprovados segundo os censos escolares
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 137
Tabela 3.7 – Afastados por abandono (matrícula inicial – aprovados – reprovados)
138 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.9 – Estimativa dos tamanhos das coortes de 7 anos de 1981 a 2002
Estas estimativas estão sujeitas a correções
Tabela 3.10 – Proporção de novos, segundo os censos escolares, em relação às coortes de 7 anos
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 139
Tabela 3.11 – Número de não-aprovados corrigido
140 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.13 – Proporção mínima de não-aprovados que retornam à mesma série no ano seguinte
(corresponde a p = 0)
Tabela 3.14 – Proporção de não-aprovados que retornam à mesma série no ano seguinte, com p = 0,4
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 141
Tabela 3.15 – Proporção de não-aprovados que retornam à mesma série no ano seguinte, com p = 0,6
Tabela 3.16 – Proporção de não aprovados que retornam à mesma série no ano seguinte, com p = 0,8
142 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.17 – Proporção mínima de aprovados que retornam à série seguinte no ano seguinte
(corresponde a p = 1)
Tabela 3.18 – Proporção de aprovados que retornam à série seguinte no ano seguinte, com p = 0,8
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 143
Tabela 3.19 – Proporção de aprovados que retornam à série seguinte, com p = 0,6
Tabela 3.20 – Proporção de aprovados que retornam à série seguinte no ano seguinte, com p = 0,4
144 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.21 – Taxa de não-aprovação
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 145
Tabela 3.23 – Taxa de repetência corrigida
146 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.25 – Taxa de reprovação segundo os censos escolares
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 147
Tabela 3.27 – Taxa de promoção corrigida
148 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.29 – Taxa de evasão de não-aprovados corrigida
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 149
Tabela 3.31 – Taxa de evasão total sem correção
150 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
Tabela 3.33 – Taxa de conclusão
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 151
Anexo 4
152 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 153
154 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 155
156 R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003.
R. bras. Est. pedag., Brasília, v. 84, n. 206/207/208, p. 107-157, jan./dez. 2003. 157