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Disponibilização: sexta-feira, 19 de dezembro de 2014 Diário Oficial Poder Judiciário - Caderno Jurisdicional e Administrativo Maceió, Ano VI - Edição 1301

Edição 1301 422

DES. KLEVER RÊGO LOUREIRO


Relator

Direta de Inconstitucionalidade n.º 0804072-78.2014.8.02.0000


Promoção
Tribunal Pleno
Relator:Des. Klever Rêgo Loureiro
Autor : Governador do Estado de Alagoas
Procurador : Marcelo Teixeira Cavalcante (OAB: 924/AL)
Procurador : Eduardo Valença Ramalho (OAB: 5080/AL)
Procurador : Leonardo Máximo Barbosa (OAB: 10778BA/L)
Procurador : Roney Raimundo Leão Otilio (OAB: 9317/AL)
Procurador : Marcos Vieira Savall (OAB: 15030/BA)
Procurador : Pedro José Costa Melo (OAB: 9797/AL)
Procurador : Sérgio Ricardo Freire Pepeu (OAB: 6317B/AL)
Réu : Assembleia Legislativa do Estado de Alagoas
Procurador : Diógenes Tenório de Albuquerque Júnior (OAB: 4262/AL)

DECISÃO MONOCRÁTICA

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. PLEITO DE MEDIDA CAUTELAR. LEI ESTADUAL N.º 7.656/2014. ACESSO
NA HIERARQUIA MILITAR. MATÉRIA DE INICIATIVA PRIVATIVA DO PODER EXECUTIVO. EMENDA PARLAMENTAR QUE
DESVIRTUALIZA O PROJETO ORIGINAL. AFRONTA AO PRINCÍPIO DA LEGALIDADE. FUMUS BONI IURIS E PERICULUM IN MORA
CONFIGURADOS. MEDIDA CAUTELAR DEFERIDA EM PARTE. DECISÃO UNÂNIME.

Trata-se de Ação Direta de Inconstitucionalidade com pedido de medida liminar interposta pelo Governador do Estado de Alagoas,
objetivando a declaração da inconstitucionalidade integral da Lei Estadual n.º 7.656, de 10 de setembro de 2014, e de dispositivos da
Lei Estadual n.º 6.514/2004.
Sustenta o Autor que a Lei n.º 7.656/2014, dispõe sobre os critérios e as condições que asseguram aos oficiais e praças da ativa
da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas acesso na hierarquia militar e dá outras providências, e teve
seu processo legislativo iniciado pelo ora Autor, que enviou para Assembleia Legislativa de Alagoas em 09/01/2014, a Mensagem n.º
03/2014, acompanhada do projeto de lei destinado a versar sobre matéria cuja iniciativa lhe é privativa.
Alega ainda que após meses de tramitação na ALE, restou aprovado o Projeto de Lei n.º 611/2014, repleto de emendas que lhe
alteraram substancialmente, eivando o projeto de lei em análise com uma série de vícios de inconstitucionalidades formais e materiais, o
que levou o Autor da presente ação a vetar integralmente o citado projeto de lei.
Aduz que a ALE ignorou os vícios indicados pelo ora Autor e deliberou, em Sessão ordinária realizada em 02/09/2014, pela rejeição
ao veto total do Projeto de Lei n.º 611/2014, daí resultando na promulgação, no Diário Oficial do Estado de Alagoas de 11/09/2014, da Lei
Estadual n.º 7.656/2014, ora impugnada.
Ao final, pugna pela concessão de medida cautelar para suspender a vigência integral da Lei Estadual n.º 7.656/2014, bem como,
com efeitos ex nunc, dos arts. 5º, I, §2º, VII, b, VIII, b, IX, b, 8º, 34, 17, § 1º (apenas no que diz respeito à dispensa de prévia existência
de vaga para promoção por tempo de serviço); 17, §§5º e 6º; 14, § 1º (apenas no que diz respeito à dispensa de prévia existência de
vaga para promoção por bravura) da Lei Estadual n.º 6.514/2004, invocando para tanto o periculum in mora e o fumus boni iuris.
É, em síntese, o relatório.
Passo a decidir.
A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, no seu art. 125, § 2º, dispôs que aos Estados cabe “a instituição da
representação de inconstitucionalidade de leis e atos normativos estaduais ou municipais em face da Constituição Estadual, vedada a
atribuição de legitimação para agir a um único órgão.”
Por sua vez, a Constituição do Estado de Alagoas assim trouxe em seu bojo:

Art. 133. Compete ao Tribunal de Justiça, precipuamente, a guarda da Constituição do Estado de Alagoas, cabendo-lhe,
privativamente:
(...)
IX processar e julgar, originariamente:
()
o) a ação direta da inconstitucionalidade de lei ou de ato normativo estadual ou municipal, lesivos a esta Constituição;

No caso dos autos, observa-se que a discussão na presente demanda versa sobre analisar a (in)constitucionalidade da Lei Estadual
n.º 7.656, de 10 de setembro de 2014, e dispositivos da Lei Estadual n.º 6.514/2004, sendo que ambas as leis versam acerca de critérios
e condições que asseguram aos oficiais e praças da ativa da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Alagoas acesso
na hierarquia militar.
Um dos pilares de maior sustentação do Governador do Estado de Alagoas em sua exordial, diz respeito ao fato de que a Assembleia
Legislativa Estadual desrespeitou comando constitucional, pois a emenda parlamentar não guardou pertinência com a matéria que foi
objeto do projeto de lei encaminhado pelo Poder Executivo, bem como acarretaria em aumento no impacto financeiro.
Ora, a observância dos requisitos formais de criação de leis no processo legislativo torna relevante a repartição de competências,
estabelecendo no sistema federativo o equilíbrio constitucional dos Poderes. O seu aparente desrespeito, por si só, configura matéria de
relevância jurídica a ensejar controle de constitucionalidade por parte do Poder Judiciário, haja vista deflagrar violação ao princípio da
legalidade (art. 5º, II, CF).
Conforme jurisprudência do Augusto Supremo Tribunal Federal, não é vedado ao Poder Legislativo emendar projetos de lei de
iniciativa privativa do Poder Executivo ou Judiciário, com exceção de modificação que provoque aumento de despesas ou quando tal
alteração não esteja em consonância com o que fora pretendido pelo elaborador do projeto, senão vejamos:

AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 2º DA LEI GAÚCHA N. 1.639/201. CADASTRO DE CONTRATAÇÕES


TEMPORÁRIAS. CRIAÇÃO DE PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS QUE DEVEM SER OBSERVADOS PELO PODER EXECUTIVO
NA CONTRATAÇÃO DE SERVIDORES TEMPORÁRIOS. EMENDAS PARLAMENTARES EM PROJETO DE LEI DE INICIATIVA DO

Publicação Oficial do Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas - Lei Federal nº 11.419/06, art. 4º

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