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Pedagogia da direção espiritual – aula 4

Quando nos aproximamos do vasto tema da direção espiritual e


fazemos uma pesquisa histórica, caímos no grande problema de
complicar o assunto.

E como a idéia do curso é simplificar a linguagem, nós vamos evitar


entrar num emaranhado de várias ideias, citando vários pensadores,
porque isso só iria complicar o entendimento do assunto. Nós vamos
caminhar em linha reta, desenvolvendo o assunto de maneira muito
clara, até para que possamos aproveitar bem aquilo que estamos
estudando. Vamos, então, as três perguntas:

1) O diretor espiritual não pode fazer o outro a sua imagem


e semelhança. Por quê?
2) Quais são os três aspectos que devem ser observados
para quem quer amadurecer na vida espiritual e na vida
humana?
3) Como se dava no passado a direção espiritual?

1- O diretor espiritual não pode fazer o outro a sua imagem


e semelhança. Por quê?

O diretor espiritual não é um manipulador de consciência, não é


uma máquina de cópias, ou seja, ele não deve fazer com que o
outro seja igual a ele. Por exemplo: eu gosto muito de Santa
Teresinha do Menino Jesus, mas não posso obrigar as pessoas que
eu dirijo a gostarem de Santa Teresinha. Eu preciso saber
respeitar a identidade do dirigido.

Aqueles que nos procuram para a direção espiritual têm a sua


espiritualidade. Por isso o bom diretor espiritual é aquele que
ajuda o outro a desenvolver as suas capacidades espirituais, suas
qualidades, sua maneira de ser e sabe acompanhar esse
desenvolvimento.

Santa Teresinha no começo da sua autobiografia, “História de uma


Alma”, diz: “Eu entendi o paraíso, o paraíso é um jardim, um
jardim com muitas flores diferentes”.

Imagine um jardim que tivesse apenas rosas ou apenas


margaridas. Em um primeiro momento, seria até bonito um jardim
só de rosas vermelhas. Mas depois de um tempo, aquele
“vermelhão” das rosas começa a ficar agressivo aos nossos olhos.
Os jardins são belos porque tem rosas, tulipas, margaridas e
muitas outras flores.

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Assim, é cada um de nós. Devemos ser aquilo que Deus quer. Se


uma rosa quisesse ser lírio, ela destruiria a sua identidade de rosa,
se uma margarida tivesse inveja da rosa, iria destruir a sua
realidade de margarida.

Assim, a nossa espiritualidade é muito pessoal, o nosso jeito de


nos relacionar com Deus é muito próprio. Um bom diretor
espiritual vai nos ajudar a desenvolver todas essas qualidades,
sem tocar a nossa liberdade interior. Essa não pode ser
manipulada. Agora sabemos por que um diretor espiritual não
pode fazer do outro sua imagem e semelhança.

Se você é diretor espiritual de alguém respeite a sua


espiritualidade, e por outro lado, se você vai procurar ajuda peça
ao seu diretor espiritual que te ajude a desenvolver a sua maneira
pessoal de se relacionar com Deus.

2- Quais são os três aspectos que devem ser observados


para quem quer amadurecer na vida espiritual e na vida
humana?

Primeiro aspecto: autoconhecimento.

Santa Teresa de Ávila diz que o verdadeiro conhecimento acontece


quando nos colocamos diante de Deus para reconhecer a nós
mesmos como reflexo de Deus, pois somos criados a imagem e
semelhança de Deus.

Essa imagem e semelhança deve se desenvolver, deve crescer. Eu


acho muito importante que na oração pessoal você se espelhe. A
oração é um espelho, em que você encontra a imagem de Deus e a
sua imagem refletida.

João da Cruz diz que Deus se reconhece em nós e nós em Deus. Isso
é lógico, porque se fomos criado à imagem e semelhança de Deus,
trazemos em nós os traços de Deus e Deus em Jesus feito homem,
também trás em si os nossos traços.

Segundo aspecto: a ajuda psicológica é muito importante.

Precisamos conhecer os nossos sentimentos. Nós somos um grande


aglomerado de sentimentos que precisamos conhecer bem, veremos
em uma próxima aula, como pode ser útil para a felicidade das
pessoas que o médico, o psicólogo e o sacerdote trabalhem juntos.

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Terceiro aspecto a ser observado é a ajuda do diretor espiritual.

O diretor espiritual é aquele que deve nos ajudar nesse crescimento


interior.

3- Como se dava no passado a direção espiritual?

A maneira direta de acontecer a direção espiritual é no encontro


interpessoal de diretor e dirigido. A direção espiritual pode ainda
acontecer, de maneira indireta, através de uma homilia, ou quando
um superior fala para a sua comunidade, ou ainda, por meio de
cursos e encontros dos quais participamos. Certamente, a direção
espiritual surgiu da necessidade ou da insatisfação de alguém com a
sua vida espiritual, que acabou por procurar ajuda de alguém mais
experimentado no assunto.

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