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RESPONSABILIDADE SOCIAL E TEORIA DAS EXTERNALIDADES: O CASO DE

ALGUMAS EMPRESAS POLUIDORAS DO MEIO AMBIENTE

Rafaela Fávero1
Mara Lucy Castilho2

RESUMO

A responsabilidade social tem como objetivo principal investir em práticas que desenvolvam
a sociedade como um todo, começando pelos funcionários da empresa e se estendendo à
comunidade, fornecedores, clientes, governo e meio ambiente. Com relação ao meio ambiente
as empresas potencialmente poluidoras investem em práticas que possam internalizar suas
externalidades negativas e gerar acima de tudo externalidades positivas. Através de análise
tabular foram comparados os investimentos realizados pelas empresas Companhia Siderúrgica
Nacional, Acesita SA e Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira com suas respectivas receita
líquida, resultado operacional e folha de pagamento bruta, dados estes retirados dos balanços
sociais fornecidos pelas empresas. A conclusão é que os investimentos relacionados à
operação da empresa superam em muito os não relacionados, ou seja, estas empresas estão
internalizando suas externalidades negativas e gerando, muito aquém do ideal, externalidades
positivas.

PALAVRAS-CHAVES: Responsabilidade social, externalidades, meio ambiente.

1. INTRODUÇÃO

As políticas de responsabilidade social surgiram de um movimento nascido na Europa


do pós-guerra e no contexto da Guerra Fria. As empresas sensibilizaram-se do dever de
realizar ações sociais, ajudando na recuperação dos países devastados pela guerra e criando
uma nova filosofia de gestão.

As preocupações com as ações sociais ganharam corpo com a competitividade do


mercado e fez com que algumas companhias investissem no marketing social, gerando assim
uma imagem positiva perante a comunidade e o mercado externo, ou seja, tornando-se uma
empresa socialmente responsável.

A solução dos problemas sociais implicam em uma mudança de comportamento, ou


seja, mudar a forma com que os indivíduos e os grupos desenvolvem suas vidas,
transformando práticas adversas ou prejudiciais em algo que seja produtivo. Quando se
modifica as atitudes e os valores nas comunidades e na sociedade como um todo, cria-se
novas tecnologias sociais que introduzem as mudanças desejadas e elevem a qualidade de
vida das pessoas.

A responsabilidade social é um conjunto de práticas visando melhorar as condições de


vida da comunidade onde a empresa está inserida, tanto internamente, na relação com os
empregados, quanto externamente, com clientes, fornecedores, comunidade e governo. A
empresa socialmente responsável deve fazer investimentos além do que lhe é atribuído como
obrigação legal, ou seja, é aquela que além de ser ética em seus negócios, preocupa-se com
1
Economista pela UNIOESTE - Francisco Beltrão / PR.
2
Economista, Professora Adjunta do curso de Ciências Econômicas - UNIOESTE - Francisco Beltrão / PR.
questões como o trabalho infantil, saúde de seus funcionários, não utilização de trabalhos
forçados, segurança no trabalho, liberdade de associação e negociação coletiva e a
preocupação com questões ambientais.

As práticas da responsabilidade social vêm ganhando uma importância muito grande


nos principais centros da economia mundial como nos Estados Unidos e na Europa, o que
desenvolve fundos de investimentos formados por empresas socialmente responsáveis. No
Brasil existem algumas instituições e empresas sensíveis às causas sociais, que incentivam e
apoiam projetos nessa área, demonstrando maturidade empresarial e influenciando uma
imagem positiva da empresa frente à comunidade e o mercado externo.

Visando também o comércio internacional, as empresas vêm buscando cada vez mais
a certificação de socialmente responsáveis, pois isso representa um ponto positivo em matéria
de competitividade nacional e internacional.

Com relação ao meio ambiente, as empresas implementam políticas de gestão


ambiental, principalmente as empresas ligadas ao mercado internacional, pois este tem sido
um dos pontos de maior importância nas negociações nos mercados externos. As empresas
exportadoras que não se adequarem às exigências do mercado poderão sofrer restrições e
perdas, devido a globalização dos conceitos e da economia, uma maior conscientização do
consumidor e uma crescente exigência ambiental juntamente com a preocupação com a vida
do planeta. Os resultados serão profundas transformações mercadológicas, o que caracteriza
uma forma de barreira não tarifária neste comércio.

Como decorrência da conscientização ambiental, a empresa deve implantar programas


e projetos visando a compensação ambiental pelo uso dos recursos naturais e pelo impacto de
suas atividades. Essas práticas evitam riscos futuros e permitem à empresa, além de reduzir
custos, aprimorar processos e explorar novos negócios voltados para a sustentabilidade
ambiental, melhorando a sua inserção no mercado.

No que tange ao meio ambiente, as empresas deverão fazer investimentos em


programas, campanhas e outras atividades além do pagamento da Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental (TCFA), pois esta é uma obrigação da empresa e não um fator de
investimento. Desta forma, torna-se necessário o estudo para verificação das empresas
consideradas socialmente responsáveis, para que se possa verificar se estão realmente
contribuindo para a preservação do meio ambiente ou estão somente cumprindo com uma
obrigação.

O objetivo desse estudo é a verificação da verdadeira geração de externalidades


positivas à sociedade, provenientes de empresas que poluem o meio ambiente e que são
certificadas como socialmente responsáveis. O estudo foi realizado através do levantamento
de dados a respeito dos investimentos dessas empresas em questões ambientais, comparando
os investimentos obrigatórios, no caso os tributos, com o que realmente é investido para
compensar os danos causados ao meio ambiente e a sociedade.

As empresas analisadas são a Companhia Siderúrgica Nacional, a Acesita S.A e a


Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira. As empresas selecionadas para o estudo são
nacionais, de grande porte e que apresentam alto grau de poluição. São empresas socialmente
responsáveis e que, devido a suas atividades, são poluidoras do meio ambiente. Uma empresa
socialmente responsável deve fazer investimentos em várias áreas tanto internamente em
relação aos funcionários, quanto externamente com relação à comunidade e o meio ambiente.

1
Uma empresa relaciona-se com o meio ambiente de diversas formas. A empresa socialmente
responsável deve gerenciar suas atividades de maneira a identificar essas formas e minimizar
os efeitos que podem ser negativos e maximizar os efeitos que podem ser positivos, agindo
para melhorar as condições ambientais. Cabe à empresa socialmente responsável apoiar e
desenvolver campanhas, projetos e programas educativos voltados para os funcionários, para
a comunidade e o público em geral.

A pesquisa foi descritiva através da observação, análise e comparação de dados


contidos nos balanços sociais das empresas estudadas. O balanço social é um demonstrativo,
publicado pelas empresas anualmente, reunindo um conjunto de informações sobre projetos,
benefícios e ações sociais dirigido aos colaboradores, acionistas e a comunidade. O estudo
busca conhecer as situações de investimentos das empresas poluidoras do meio ambiente,
verificando se geram externalidades positivas ou, simplesmente, compensam a externalidade
negativa representadas pela poluição.

Desta forma, o estudo está estruturado em quatro tópicos, além desta introdução. No
item seguinte são discutidos o conceito de responsabilidade social, bem como seus
indicadores e sua importância. Em seguida, faz-se uma breve revisão da teoria das
externalidades que servirá de referencial teórico para esta investigação. O tópico seguinte
apresenta a análise e discussão dos dados referentes às empresas objeto deste trabalho, e por
fim, são apresentadas as conclusões.

2. RESPONSABILIDADE SOCIAL: CONCEITO, INDICADORES E IMPORTÂNCIA

O Estado deveria fornecer à população o que lhe é de direito como saúde, educação,
saneamento básico, segurança, dentre outros. Contudo, devido a escassez de recursos
financeiros para fazer frente à demanda, essas práticas são realizadas de forma precária.
Assim, empresas privadas procuram fazer mais do que doações ou apoiar ações voltadas à
comunidade, elas descobriram que atuar na sociedade e no mercado requer uma maior
consciência do relacionamento com seu público e de ter participação ativa na transformação
dos males da sociedade, principalmente em uma sociedade como a brasileira, onde as grandes
diferenças sociais e econômicas se intensificam. Outro motivo que leva as empresas a serem
responsáveis socialmente é a competitividade que fez com que investissem mais em
marketing social.

A responsabilidade social é tudo o que a empresa faz além de sua obrigação legal. O
pagamento de impostos é um caso de obrigação legal de todas as empresas e indivíduos, até
porque muitos desses impostos recolhidos são pagos pelo consumidor final. Por outro lado, o
setor privado também pode cobrar do governo uma estrutura tributária mais justa e um
sistema de tributação mais eficaz. Um aspecto importante nesse contexto de reforma tributária
é a discussão sobre os incentivos fiscais que podem ser dados às empresas para fortalecer a
ação social, que poderá se tornar um indutor importante do engajamento das empresas no
setor social (NETO, 2003).

Atualmente, a responsabilidade social pode representar uma oportunidade de negócio


para a empresa, um fator de diferenciação no mercado. Através da responsabilidade social, a
empresa pode vincular sua marca a uma causa de interesse social que seja relevante para seu
público alvo e que seja coerente com os valores da marca, construindo, assim, um valor
diferencial e uma vantagem competitiva.
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Internamente, a responsabilidade social verifica-se através da construção de um
ambiente de trabalho saudável e propício à realização profissional de seus trabalhadores. Com
isso, a empresa mantém trabalhadores com capacidade e talento, fator chave para o sucesso da
empresa numa época onde a criatividade e a inteligência são recursos cada vez mais valiosos.
Com relação aos consumidores e clientes, a competição acirrada torna vital a fidelização
destes para com a empresa; assim, a adoção de um comportamento que ultrapasse as
exigências legais agrega valor à imagem da empresa. No que se refere à comunidade, as
empresas procuram a melhor maneira de praticar sua responsabilidade desenvolvendo ou
participando de projetos sociais, a fim de que esse envolvimento tenha uma identificação com
a sociedade e com seu público interno e externo (ETHOS, 2003a).

Para que as empresas possam ser reconhecidas como socialmente responsáveis devem
obter certificações emitidas por fundações e institutos que, conforme especificações, repassam
para as empresas os selos e certificados de acordo com as áreas de atuações sociais. Para o
auxílio na obtenção do certificado surgiu o Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade
Social, criado em 1998 e tem como objetivo mobilizar, sensibilizar e ajudar as empresas a
gerirem seus negócios de forma socialmente responsável. O Instituto Ethos dissemina a
prática de responsabilidade social por intermédio de atividades de intercâmbio de
experiências, publicações, programas e eventos voltados para seus associados e para a
comunidade de negócios em geral. O Instituto criou os “Indicadores Ethos” que são um
conjunto de avaliações do estágio em que se encontram as práticas de responsabilidade social
nas empresas (ETHOS, 2003b).

Dentre as fundações que emitem certificados pode-se citar alguns exemplos como:

- Fundação Abrinq - criada em 1990 a fundação busca os direitos da criança no Brasil, através
do selo ABRINQ de qualidade, no qual empresas são qualificadas como “empresa amiga da
criança”. Para a obtenção desse selo a empresa deve trabalhar de forma a proteger a criança,
ou seja, proibindo o trabalho infantil e incentivando aos pais para que seus filhos estejam na
escola e possam assim ter um futuro melhor (FUNDAMED, 2003).

- Fundação Unimed - criada em 1995, procura contribuir para a humanização e prosperidade


social da comunidade oferecendo capacitação profissional aos funcionários e cooperados das
cooperativas Unimed, Unicred e Uniodonto (FUNDAÇÃO UNIMED, 2003).

- Associação Brasileira de Comunicação Social - confere prêmios às empresas, tendo como


um dos temas os Projetos de cidadania empresarial, voltados prioritariamente para a
comunidade e que tenham como finalidade reforçar a imagem institucional e demonstrar a
responsabilidade corporativa da empresa, mostrando sua preocupação com saúde, educação,
cultura, esporte, meio ambiente, etc (ABERJ, 2003).

- BVQI do Brasil (Bureau Veritas Quality International) - é a empresa responsável pela


certificação da SA 8000 e pela ISO 14000. A SA 8000 é uma norma internacional moderna
que objetiva melhorar as condições globais de trabalho, certificando empresas que respeitam
seus empregados. A SA 8000 aborda temas como trabalho infantil, trabalho escravo,
exploração da mão-de-obra, saúde e segurança ocupacional, adequação do horário de
trabalho, direito coletivo de negociação e de livre associação, discriminação, práticas
disciplinares e remuneração de horas extras, além de outros assuntos relativos à alta
administração (NUTRINEWS, 2003). A ISO 14000, relacionada ao meio ambiente, tem como
princípio básico a política ambiental, definindo à descrição da liderança da empresa, como por
exemplo, educação e treinamento, desenvolvimento sustentável, avaliação e melhoria do
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desempenho ambiental. A política ambiental deve ser adequada à natureza, escalas e impactos
associados a aspectos ambientais do negócio da organização.

Com relação ao meio ambiente, as ações desenvolvidas pela comunidade ao longo do


tempo culminaram com o aumento da consciência sobre a importância ambiental, e passou a
ser considerada essencial para o bem-estar e para a sobrevivência do ser humano. Assim,
tornou-se fundamental a combinação de estratégias ecológicas e sociais para o
desenvolvimento e a utilização de tecnologias que não prejudiquem o meio ambiente.

As empresas socialmente responsáveis deverão fazer investimentos em programas,


campanhas e outras atividades além do pagamento da taxa de controle, pois esta é uma
obrigação da empresa e não um fator de investimento.

A hegemonia capitalista e o decorrente aumento do consumo, juntamente com a ação


cada vez maior do homem nos processos naturais, sempre em busca de uma produção mais
rápida e barata, levam a problemas ambientais graves com fortes mudanças climáticas,
aparecimento de doenças e aumento das condições de miséria e desigualdade social
(OLIVEIRA, 2003).

Existem cada vez mais indicativos de crescimento da preocupação com as questões


ambientais no setor empresarial brasileiro, mesmo que para algumas empresas represente
somente atender as exigências dos sistemas de fiscalização do poder público.

Alguns setores têm outros motivos para investirem no meio ambiente, a maior parte
das empresas instaladas no Brasil e ligadas ao mercado internacional tem como demanda
competitiva, ou até mesmo de sobrevivência, a adoção de alguns tipos de gestão ambiental.
Em resumo, os setores empresariais que obtiverem um melhor desempenho ambiental serão
submetidos, em razão do mercado, às exigências do processo de internacionalização da
economia. Muitas vezes, os investimentos realizados no meio ambiente são feitos como forma
de competir com outras empresas, principalmente internacionalmente, devido ao fato da
grande exigência a adequação ambiental das empresas multinacionais e exportadoras.

Dessa forma, houve uma mudança na mentalidade das empresas que antigamente
acreditavam que a gestão ambiental era mais um fator de aumento dos custos dos processos
produtivos e vêem agora que na realidade é mais uma forma de competir e de conseguir
oportunidades econômicas (FARIA, 2003).

Devido à globalização, a tendência mundial ambientalista resulta em termos de


maiores restrições ambientais, que podem afetar a divisão internacional do trabalho ao
alternarem as vantagens comparativas de alguns países, criando barreiras para a entrada de
produtos em alguns mercados. Essas barreiras são feitas por duas formas de restrição,
chamadas de barreiras de processo ou barreiras de produtos.

As barreiras de processos são assim chamadas pelo fato de o processo de produção de


determinados produtos gerarem impostos ambientais considerados inadequados pelo país
importador. Já as barreiras de produtos são as mais visadas atualmente, sendo que estão
associadas mais ao consumo dos produtos que sua produção, pois nesse caso não se implica
somente em elevar gastos de produção para atender as exigências.

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Sintetizando, para que as empresas que queiram se fixar competitivamente no mercado
externo devem, cada vez mais, introduzirem alterações em sua estrutura industrial para
atingirem padrões ambientais compatíveis internacionalmente.

Atualmente, a crise global levou à necessidade de se procurar soluções que viabilizem


uma sociedade mais justa. Enquanto os americanos e europeus desfrutam dos benefícios de
adotar a responsabilidade social como fator estratégico para o sucesso, no Brasil as práticas de
responsabilidade social, incluindo as voltadas para o meio ambiente, estão em grande
desenvolvimento. Os empresários, movidos pelos danos ocorridos ao meio ambiente e que
prejudicam cada vez mais o planeta, estão se tornando mais abertos a uma política
ambientalmente correta. Assim, a responsabilidade social tornou-se um compromisso comum
com a sociedade. Através da mudança de determinadas atitudes para administração dos efeitos
colaterais dos agentes poluidores, previnem as tragédias ambientais, promovem a qualidade
de vida e saúde dos funcionários e da população, divulgam uma boa imagem no mercado,
gerando mais lucros, à medida que reduzem gastos e custos operacionais (KRISGNER, 2003).

Com relação à poluição, o ar e a água poluídos causam danos à sociedade que se


traduzem em perdas econômicas visíveis. Os custos externos das atividades econômicas estão
sendo progressivamente internalizados, combinando penalidades e prêmios, bem como a
regulamentação está sendo levada a sério para que a poluição possa ser contida.

Nos países ricos, atividades como agricultura, silvicultura, pesca e extração mineral
que estão ligados ao meio ambiente e podem deteriorá-lo, podem fazer com que a base das
economias destes países também enfraqueçam. Os recursos naturais são limitados e seu uso
deve ser feito de maneira sustentável. O meio ambiente é modificado através das diversas
atividades humanas (MOURA, 2000).

Para as nações mais pobres, a poluição também é importante pois existem lugares com
vastas populações em rápido crescimento e que estão confinados em pequenos espaços, onde
a poluição pode causar doenças, o que agrava ainda mais a mortalidade, reduz a expectativa
de vida e diminui a produtividade econômica (CAVALCANTI, 2001).

Com o crescimento da importância ambiental, muitas empresas têm realizado


melhorias, estimuladas por órgãos de controle ambiental e pela mídia, que reflete o interesse
do público em geral, sempre em busca de uma melhor qualidade de vida, quando a renda
elevada permitir. Atualmente, as pessoas estão buscando valorizar mais a empresa fabricante
e não somente a marca do produto e dão mais importância às empresas com comportamento
ético, inclusive o desempenho ambiental (MOURA, 2000).

No caso da poluição, a empresa ao degradar o meio ambiente e fazer uso de seus


recursos naturais não está incorrendo em custos, mas sua ação é refletida em outros
organismos e pessoas que não se beneficiam dessa atividade.

Com relação ao estudo, as principais empresas socialmente responsáveis e que


investem, e ao mesmo tempo poluem o meio ambiente são:

- Acesita S.A: empresa siderúrgica instalada em Minas Gerais desde 1949. No que tange ao
meio ambiente, a Acesita implantou em 1992 uma ampla política ambiental que atesta sua
preocupação incorporada ao ciclo de produção. Dentre as práticas utilizadas, a Acesita faz
controles regulares da poluição hídrica, atmosférica e de resíduos industriais além de fazer a
coleta seletiva e a recirculação da água usada no processo siderúrgico (ACESITA, 2003).

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Seus projetos são: Centro de Educação Ambiental Acesita/Oikós que desenvolve
eventos sobre educação ambiental, com ênfase no cotidiano das pessoas, em um centro
educacional, instalado na reserva da empresa, área de preservação da Mata Atlântica
(EXAME, 2002).

- Companhia Siderúrgica Nacional: indústria siderúrgica que teve suas operações iniciadas em
1946, sendo privatizada em 1993. Depois da privatização, o cuidado com o meio ambiente
passou a fazer parte da CSN sendo integrado a sua própria estratégia de crescimento.

A política ambiental da empresa compromete-se a defender S.E.M.P.R.E o meio


ambiente através das seguintes políticas: Suporte ao meio ambiente incorporando o fator
ambiental como parte integrante de toda decisão dos negócios; Empresa transparente
mantendo canais de comunicação permanente com o governo, empregados e comunidade no
que tange às questões ambientais da empresa; Melhoria contínua do desempenho ambiental e
seus processos; Prevenção da poluição desenvolvendo e incentivando programas visando a
prevenção da poluição em sua fonte geradora; Respeito à Legislação ambiental buscando
resultados melhores dos que exigidos; e Equacionamento das não conformidades (CSN,
2003).

- Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira: indústria siderúrgica instalada em Minas Gerais, foi


fundada em 1921 a partir da associação de capitais brasileiros com europeus. Iniciou sua
produção de aço em Sabará (MG) e, na década de 30, construiu a Usina Monlevade, em João
Monlevade (MG). Nos anos de 40 e 50 a Belgo-Mineira representava cerca de 50% da
produção nacional de aço, desempenhando papel importante na formação dos futuros quadros
da siderurgia nacional. A empresa tem a gestão ambiental como prioridade e fator
determinante para a realização do desenvolvimento sustentável. O seu sistema de gestão
ambiental está estruturado de forma a eliminar ou minimizar os riscos para o meio ambiente,
incluindo as partes interessadas que podem estar expostas a riscos associados às atividades
(BELGO MINEIRA, 2003).

A Belgo-Mineira recebeu, em 2002, o Prêmio de Boa Cidadania Corporativa da revista


Exame pelo terceiro ano consecutivo. Um de seus projetos é o Circuito Ambiental, um
programa que proporciona experiências práticas visando despertar e desenvolver a
consciência sobre a importância de preservar o meio ambiente (EXAME, 2002).

3. TEORIA DAS EXTERNALIDADES

Verifica-se em sistemas de mercado livre que a economia pode não atingir a eficiência
na alocação de recursos, questionando-se essa não eficiência e os seus impactos no correto
funcionamento da economia. Pigou, em 1932, apresentou elementos para análise desse
problema, os quais denominou externalidades. A partir da teoria do bem estar, os neoclássicos
desenvolveram estudos sobre as “economias externas” como uma explicação às falhas do
mercado em termos de maximização do bem - estar.

Pigou estabeleceu que existe uma externalidade quando a produção de uma empresa
(ou um consumidor individual) afeta o processo produtivo ou um padrão de vida de outras
empresas ou pessoas, na ausência de uma transação comercial entre elas (MOURA, 2000).
Quando o bem-estar do consumidor ou o produto da empresa são afetados negativamente, diz-

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se que há uma externalidade negativa e quando são afetados positivamente, serão
externalidades positivas.

Uma externalidade de consumo é quando um consumidor se preocupa diretamente


com a produção ou consumo de outro agente. A externalidade na produção é quando as
possibilidades de produção de uma empresa são influenciadas pelas escolhas de outra empresa
ou de outro consumidor (VARIAN, 2003).

A principal característica das externalidades é que há bens com os quais os


consumidores estão preocupados e não são vendidos nos mercados, e a falta desses mercados
para externalidades é que causam problemas. Os problemas surgem quando os direitos de
propriedades não estão bem definidos, como quando uma empresa pode acreditar que tem
direito a poluir o meio ambiente e as pessoas acreditam que tem direito a ter um meio
ambiente puro. Nos casos onde os direitos de propriedade estão mal definidos podem levar a
uma produção ineficiente das externalidades, o que pode ser modificado desde que ambas as
partes melhorem. Quando os direitos de propriedade estão bem definidos e quando há
mecanismos que permitem a negociação entre as partes, elas poderão negociar seus direitos de
produzir externalidades da mesma forma que trocam direitos de produzir e consumir bens. Em
suma, a quantidade de externalidades que será gerada na solução eficiente irá depender da
distribuição dos direitos de propriedade.

Segundo PINDYCK & RUBINFELD (1999), as empresas poluidoras possuem uma


quota de emissão de poluentes; caso essa quota seja ultrapassada a empresa terá multas e
penalizações. Essa quota assegura que a empresa produza eficientemente. Cada empresa deve
possuir uma autorização para emitir poluentes, onde especifica a quantidade que a empresa
pode emitir.

A eficiência econômica exige que seja atribuído um “preço correto” aos recursos
naturais. Assim, internalizando os custos (benefícios) ambientais e colocando preço nas
externalidades das atividades de produção ou consumo, é possível que seja obtido uma
melhora na eficiência com um aumento no bem estar. Uma das formas de se obter essa
eficiência poderia ser induzida via preços, sendo que um imposto sobre o uso do recurso
ambiental poderia ser utilizado para este fim, desde que refletisse o custo marginal ambiental
gerado por esse uso. Essa é a proposta da taxa pigouviana. Com a taxa pigouviana seria
internalizada a externalidade e assim estariam restauradas as condições ótimas de alocação de
recursos (M.M.A, 2003).

Quando uma empresa utiliza bens públicos em seu benefício privado, sem que sejam
estabelecidos os direitos de propriedade, geram custos ou benefícios aos demais, ou seja,
externalizam custos ou benefícios socialmente, que são chamados de externalidades. Com
isto, a economia da poluição entende que o meio ambiente seja um bem público, de uso
comum, e define os impactos ambientais negativos, no caso a poluição, como sendo uma
externalidade negativa, ou seja, a empresa torna-se “poluidora” devido ao caráter público dos
recursos naturais lhe permitir não internalizar em suas obrigações tais custos sociais
ambientais. Para que esses problemas sejam resolvidos a autoridade ambiental deverá, através
de uma forma de taxação, promover a internalização da externalidade, fazendo assim com que
o nível socialmente “ótimo” da poluição venha a se verificar.

Resumindo, o imposto pigouviano é o critério do nível ótimo econômico de uso do


recurso quando externalidades são internalizadas no preço do recurso, tanto nos processos de
produção quanto de consumo. Quando esse preço da externalidade é determinado e imposto
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aos usuários (pessoas físicas e jurídicas), agregado ao seu preço de mercado, cada nível de seu
uso individual se altera, alternando também seu nível de uso agregado. Os novos níveis, deste
modo, refletem uma otimização social deste uso, porque os benefícios do uso são
compensados por todos os custos associados a ele, ou seja, cada usuário paga exatamente o
dano gerado pelo seu uso. Para determinar o preço da externalidade é preciso identificar os
custos externos negativos que, somados ao preço do mercado, representaria o preço social do
recurso (AMAZONAS, 2003).

Em termos de responsabilidade social, muitas empresas têm adotado uma postura de


melhorar realmente seu desempenho ambiental. Surgem diariamente produtos
“ambientalmente corretos” utilizando equipamentos ligados ao controle de poluição
(MOURA, 2000). A busca de novas tecnologias que consigam substituir eficientemente os
materiais esgotáveis promove a sustentabilidade do sistema.

O desenvolvimento sustentável significa qualificar o crescimento e conciliar o


desenvolvimento econômico com a necessidade de se preservar o meio ambiente. Pode-se
verificar que o meio ambiente serve tanto como base da atividade econômica permitindo a
produção e o consumo como sistema de apoio a vida, ou seja, como um fator de qualidade de
vida. O desenvolvimento sustentável tem como um de seus objetivos a proteção do meio
ambiente e tem como um de seus conceitos, voltados mais à economia, a definição e a
distribuição dos direitos de propriedade, o sistema de impostos e a política monetária, bem
como as de crédito e bancária (CAVALCANTI, 2001).

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Segundo MOTTA (1995), uma importante modalidade de custos ambientais são os


custos sociais que se referem às reduções do bem-estar devidos aos danos causados ao meio
ambiente; também podem ser estimados como benefícios, correspondentes às vantagens
sociais que surgem com o aumento do bem-estar, resultantes de medidas de proteção,
restauração ou melhoramento do meio ambiente. Além disso, existem os custos sociais de
oportunidade correspondentes às perdas de bem-estar para as populações afetadas por uma
degradação, quando não são possíveis ou não são oferecidas oportunidades de substituição
dos recursos ambientais exploráveis.

A responsabilidade social é a demonstração de preocupação das empresas com o bem


estar social da comunidade. Através da criação de métodos, planos e incentivos internos e
externos, a empresa pode ser identificada como cidadã, ou seja, elas não estão somente
preocupadas em produzir bens e serviços, mas também em buscar o bem estar social,
valorizando o homem, o meio ambiente e a cultura.

No que se refere ao meio ambiente, as empresas poluidoras tem como obrigação o


pagamento da Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA)* conforme a lei nº 10165
de 27 de dezembro de 2000 que altera a lei nº 6.938, artigo 17, de 31 de agosto de 1981 e
estabelece que os valores deverão ser recolhidos ao IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente) por empresas que possuam atividades potencialmente poluidoras e que sejam
utilizadoras de recursos naturais. A taxa é recolhida trimestralmente e os valores são
calculados conforme a classificação do potencial de poluição e grau de utilização de recursos

*
Assume-se que a TCFA é uma similar à Taxa Pigouviana.
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naturais que é dividido em pequeno, médio e alto. Os valores também são calculados
conforme o tamanho da empresa, sendo dividido em pessoa física, microempresa, empresa de
pequeno porte, médio porte e grande porte. A lei obriga as empresas a entregarem ao IBAMA,
até a data de 31 de março, relatório das atividades da empresa no ano anterior, a fim de
colaborar com os procedimentos de controle e fiscalização da entidade (SENADO
FEDERAL, 2003).

Aqui a análise será feita através da comparação entre os dados apresentados nos
balanços sociais das empresas, calculando-se os percentuais correspondentes ao total dos
investimentos em meio ambiente. As comparações serão feitas entre a Receita Líquida (RL), o
Resultado Operacional (RO), a Folha de Pagamento Bruta (FPB) e o total de investimentos
em meio ambiente, separado em relacionados com a operação da empresa e não relacionados
com a operação da empresa. Assume-se como pressuposto que os investimentos relacionados
à operação da empresa representam a internalização das externalidades negativas, ao passo
que os investimentos não relacionados espelham a geração de externalidades positivas.

A Receita Líquida (RL) é o valor monetário em determinado período de tempo,


relacionada às vendas e prestação de serviços de uma empresa. A Receita Líquida representa
as vendas ou a prestação de serviços reduzidos dos descontos concedidos, os impostos
faturados, as devoluções e abatimentos de vendas e as despesas de transporte. O total de
investimentos em meio ambiente é comparado à Receita Líquida pelo fato de ser ela o
resultado das vendas de seus produtos ou da prestação de serviços, não interferindo os custos
para essas vendas (RIBEIRO, 1993).

O Resultado Operacional (RO) é o resultado da operação, ou seja, é o lucro ou


prejuízo da operação que é obtido através da receita com as vendas ou prestação de serviços
deduzindo os custos das mercadorias vendidas ou os custos da prestação de serviços. Com
relação à comparação entre o Resultado Operacional e o total de investimentos em meio
ambiente, este se dá devido ao fato de o resultado operacional ser o lucro ou prejuízo das
vendas ou prestação de serviços estando incluso os custos para as vendas.

A Folha de Pagamento Bruta (FPB) é o documento que relaciona os nomes dos


empregados da empresa e seus salários brutos. A comparação é feita pelo fato de ser a Folha
de Pagamento Bruta um dos maiores custos da empresa (IUDÍCIBUS, 1980).

Os balanços sociais das empresas podem ser divididos em indicadores sociais internos,
externos e ambientais. Os indicadores sociais internos que são representados por: alimentação,
transporte, remuneração, participação dos funcionários nos lucros e resultados da empresa,
encargos sociais compulsórios, previdência privada, saúde, educação, treinamento e
capacitação, segurança no trabalho e outros benefícios que representam em termos de receita
líquida entre 3% e 11% nas empresas analisadas. Os balanços sociais também contam com os
indicadores sociais externos que são representados pelos tributos, e contribuições para a
sociedade nas áreas de educação, cultura, saúde, esporte e lazer, empreendedorismo,
qualidade, voluntariado, pesquisa e outros investimentos que representam, em torno de 8% a
23% da receita líquida nas empresas analisadas.

4.1. Companhia Siderúrgica Nacional


A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é a empresa que investe maior percentual
de sua RL, RO e FPB dentre as empresas estudadas. Os percentuais investidos são muito
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maiores mesmo não apresentando valores absolutos de sua RL, RO e FPB muito diferentes
das outras empresas.

A CSN tem os investimentos em meio ambiente dividido em duas classes que são:
investimentos relacionados com a operação da empresa e investimentos em programas e/ou
projetos externos. Os relacionados com a operação da empresa abrangem a instalação de
equipamentos de ponta destinados a eliminar cada vez mais os efluentes que resultam em uma
melhora de qualidade ambiental da região onde está instalada e uma melhora no processo
produtivo da companhia. Além dos equipamentos, a CSN investe em ações de controle de
poluição atmosférica e hídrica, faz tratamentos de resíduos sólidos, monitoramentos, estudos
para desativação de equipamentos e gestão de riscos. Com relação aos projetos e/ou
programas externos a CSN desenvolveu e incentivou programas visando à prevenção da
poluição nas suas fontes geradoras, fez plantio de mudas no cinturão verde em torno do pátio
de sua indústria, duplicou a capacitação da Estação de Tratamento de Água Potável de Volta
Redonda, doou terreno para a construção da Estação de Tratamento de Esgoto Doméstico e
construiu um moderno aterro sanitário para o lixo da cidade (CSN 2003).

Tabela 1 – CSN: Receita Líquida, Resultado Operacional, Folha de Pagamento Bruta e Total
de investimentos em meio ambiente – anos selecionados.
1999 2000 2001

Receita Líquida (RL) (em mil R$) 2.806.946,00 3.239.141,00 3.284.294,00


Resultado Operacional (RO) (em mil R$) 294.942,00 1.693.015,00 290.634,00
Folha de Pagamento Bruta (FPB) (em mil R$) 190.808,00 216.296,00 274.768,00
Relacionados c/operação da empresa (em mil R$) 111.832,00 172.532,00 150.937,00

Programas e/ou projetos externos (em mil R$) 600,00 747,00 749,00

Total de invest. Em Meio Ambiente (em mil R$) 112.432,00 173.279,00 151.686,00
Fonte: CSN (2003b).

Verifica-se que o total de investimentos em meio ambiente quando relacionados à


Receita Líquida (RL) tem primeiramente um aumento entre os anos de 1999 e 2000, caindo
em 2001, mesmo tendo um pequeno aumento em sua receita líquida. Os valores dos
investimentos comparados a receita líquida representam 4% em 1999, 5,35% em 2000, caindo
para 4,62% em 2001.

Identifica-se na tabela onde relacionam-se o Resultado Operacional (RO) com os


investimentos em meio ambiente que há uma diferença grande no percentual entre os anos de
1999 e 2000. No ano 2000 houve uma grande queda no percentual dos investimentos, devido
ao fato do aumento significativo do Resultado Operacional. Mesmo com um aumento em
termos de valores dos investimentos, estes não foram compatíveis com o aumento do
resultado operacional. Tendo voltado a crescer em 2001 em termos de 41,96 pontos
percentuais, devido ao fato também de uma queda do resultado operacional. O que houve com
o resultado operacional foram as grandes diferenças tendo um grande aumento em termos de
valores no ano de 2000. A empresa apresentou resultados significativos em suas exportações
em 2000 sendo de 1,05 milhões de toneladas enquanto que no ano de 2001, quando a empresa
apresentou uma queda em seu resultado operacional (RO) as exportações representaram
somente 0,71 milhões de toneladas.

10
A empresa CSN possuía em 2002 o total de 9.179 funcionários que compunham a
folha de pagamento. Além dos salários pagos, a empresa possui programa de participação nos
lucros e resultados (PLR). Relacionando-se o total de investimentos em meio ambiente com a
Folha de Pagamento Bruta, os percentuais são bastante expressivos, chegando no ano de 2000
a pouco mais de 80%, tendo uma queda em 2001 em 24,92 pontos percentuais. Os valores são
bastante diferenciados da comparação com a RL e o RO devido ao fato de os valores da Folha
de Pagamento Bruta e os investimentos em meio ambiente serem bastante parecidos.

Com relação à comparação entre os valores investidos, os relacionados com a


operação da empresa representam cerca de 99,5% do total dos investimentos, enquanto os
programas e/ou projetos externos tem uma pequena participação (0,50%), no decorrer dos 3
anos analisados.

4.2. Acesita S.A


A empresa Acesita tem seus investimentos distribuídos em: relacionados com a
operação da empresa e programas e/ou projetos externos. No que tange aos relacionados com
a operação da empresa, a Acesita preocupa-se em minimizar os impactos de sua atividade,
controlando as poluições atmosférica, hídrica e sonora. Outros investimentos são feitos na
coleta seletiva, além da recirculação de 94% da água usada no processo siderúrgico. Com
relação aos projetos e/ou programas externos, a Acesita possui uma Fundação onde são
desencadeados projetos como: Voluntariado Juvenil, que é um projeto que estimula jovens e
adolescentes para o trabalho voluntário, desenvolvendo suas potencialidades para questões
voltadas para o meio ambiente. Existe também um projeto de gestão ambiental e economia do
lar onde são difundidas práticas no ambiente que resultem em economia com
reaproveitamento de matérias e atividades de geração de renda. Outros projetos são:
Ecojornada e Projeto Jovem Jardineiro (ACESITA, 2003).

Tabela 2 – Acesita: Receita Líquida, Resultado Operacional, Folha de Pagamento Bruta e


total de investimentos em meio ambiente – anos selecionados.
1999 2000 2001 2002

Receita Líquida (RL) (em mil R$) 873.919,00 1.287.652,00 1.312.368,00 1.697.737,00
Resultado Operacional (RO) (em mil R$) (435.491,00) (181.314,00) (227.613,00) (284.047,00)
Folha de Pagamento Bruta (FPB) (em mil R$) 77.483,00 84.923,00 97.144,00 99.697,00
Relacionados c/operação da empresa (em mil R$) 1.108,00 2.243,00 5.936,00 3.497,00

Programas e/ou projetos externos (em mil R$) 398,00 288,00 175,00 201,00

Total de invest. em Meio Ambiente (em mil R$) 1.506,00 2.531,00 6.111,00 3.698,00
Fonte: Acesita (2003).

No ano de 1999 os investimentos eram muito pequenos relacionados à receita líquida


da empresa, tendo crescimento nos anos seguintes e diminuindo no ano de 2002. Mesmo com
o aumento nos anos de 2000, 2001 e 2002 os investimentos são inexpressivos relacionados à
receita líquida da empresa. Relacionando-se os investimentos em meio ambiente e o resultado
operacional, pode-se verificar prejuízo nos anos selecionados; o ano de 2001 é o que
representa, em termos percentuais, o maior número, com 2,69% do prejuízo investido no meio
ambiente, mesmo tendo o maior prejuízo absoluto apresentado em 1999.

11
Para que houvesse uma melhora nos resultados da empresa a Acesita no ano de 2000
adotou como foco principal a redução dos custos de produção, com atividades de manutenção
de equipamentos, redução nos gastos com energia elétrica. A Acesita aproveitou também as
oportunidades criadas pelo ambiente econômico favorável apresentado no primeiro semestre
de 2000, onde houve no país uma queda nos juros e o aquecimento do mercado nacional e
internacional. Já no segundo semestre de 2000 houve uma pequena queda nas exportações em
termos de reduções de volumes e de vendas. Mesmo com ganhos expressivos decorrentes da
recuperação de volumes, preços e margens, contudo, não foram suficientes para a obtenção de
um lucro líquido positivo. O resultado no ano de 2000 foi levemente negativo, mas melhor do
que apresentado em 1999. No ano de 2001 o resultado operacional voltou a apresentar
prejuízo devido as adversidades apresentadas, mesmo assim a empresa apresentou um bom
faturamento devido a flexibilidade de sua planta industrial com relação a seus produtos. Essa
flexibilidade permitiu que a empresa compensasse a menor demanda e os preços mais baixos
de alguns de seus produtos. Internamente o maior desafio foi a crise de energia elétrica
ocorrida no país tendo um impacto significativo sobre o ritmo de produção. Externamente o
ano de 2001 foi marcado por fatores que desestabilizaram a economia mundial como a crise
na Argentina, a recessão e os atentados terroristas nos Estados Unidos. Esses acontecimentos
provocaram variações bruscas nas taxas internas de câmbio, que resultaram em extrema
volatilidade do mercado financeiro. Em 2002, com a combinação de juros altos e a
desvalorização do real, o resultado financeiro da empresa foi bastante prejudicado devido a
dívida da empresa em moeda estrangeira. A empresa passou a concentrar sua produção em um
determinado produto e na estratégia de exportação para o aumento das vendas já que o
mercado interno estava plenamente abastecido. Apesar de um aumento nas exportações houve
um aumento do prejuízo comparado a 2001 (ACESITA, 2003).

A empresa Acesita possuía no final do ano de 2002, 2.997 funcionários que


compunham a folha de pagamento e participavam dos lucros e resultados. Relacionando-se os
investimentos em meio ambiente com a Folha de Pagamento Bruta (FPB) verifica-se que
entre os anos de 1999 e 2000 houve um aumento de 1 ponto percentual. No ano de 2001, o
aumento foi o dobro em relação ao ano de 2000, apresentando uma diminuição em 2002
mesmo com o aumento, em valores, da Folha Bruta de Pagamento. Sendo a Folha de
Pagamento Bruta (FPB) um dos maiores custos da empresa e comparando aos investimentos
em meio ambiente, os valores são bastante baixos. O maior percentual foi em 2001, atingindo
apenas 6,29%, e fechando no ano de 2002 com 3,71%.

Com relação aos valores investidos pela empresa há uma grande diferença, sendo que
com o passar dos anos essa diferença ficou ainda maior. No ano de 1999, os investimentos
relacionados com a operação da empresa representavam pouco mais de 73% do total dos
investimentos, ao passo que os investimentos em programas e/ou projetos externos contavam
apenas com 27%. Nos anos seguintes, estes percentuais se modificaram de forma a beneficiar
os investimentos relacionados à operação da empresa atingindo patamares de 90% em média.

4.3. Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira

A empresa Belgo-Mineira divide seus investimentos em relacionados com a operação


da empresa e em programas e/ou projetos externos. Com relação à operação da empresa, a
Belgo possui uma política de gestão ambiental que está estruturada de forma a eliminar ou
minimizar os riscos para o meio ambiente, incluindo as partes interessadas que podem estar
expostas a riscos associados as atividades. Implantou projetos com a finalidade de minimizar
12
a geração de materiais particulados, reduzir consumo de energia elétrica, produtos químicos e
outros, reduzir a geração de lamas, disposição e reciclagem adequada de resíduos, melhoria da
qualidade do ar, redução da probabilidade de impactos negativos no meio ambiente,
eliminação de passivo ambiental, redução do potencial de acidentes e melhoria na organização
e limpeza das usinas.

No que se refere a programas e/ou projetos externos, a empresa realiza diversas ações
com impacto positivo no ecossistema como revegetação de matas ciliares, repovoamento
ictiológico dos rios, recuperação de nascentes, arborização urbana, aquisições de estações de
monitoramento da qualidade do ar, programas de combate a incêndios florestais, implantação
de cinturões verdes em torno das unidades industriais, recuperação ambiental, paisagística e
urbanística de rios e projetos de recuperação de bacias hidrográficas.

Os investimentos relacionados com a operação da empresa possuem grandes


diferenças em termos de valores, representando no ano de 2000 84,63% do total dos
investimentos, evoluindo para 96,87%, em 2002 (BELGO-MINEIRA, 2003).

Tabela 3 – Belgo-Mineira: Receita Líquida, Resultado Operacional, Folha de Pagamento Bruta


e Total de investimentos em meio ambiente – anos selecionados.
2001 2002
2000
Receita Líquida (RL) (em mil R$) 1.866.924,00 2.250.029,00 2.979.287,00
Resultado Operacional (RO) (em mil R$) 419.911,00 585.484,00 772.774,00
Folha de Pagamento Bruta (FPB) (em mil R$) 171.346,00 199.673,00 282.540,00
Relacionados c/operação da empresa (em mil R$) 6.660,00 8.857,00 24.416,00

Programas e/ou projetos externos (em mil R$) 1.210,00 506,00 788,00

Total de invest. em Meio Ambiente (em mil R$) 7.870,00 9.363,00 25.204,00
Fonte: Belgo-Mineira (2003).

Verifica-se, na comparação feita entre a receita líquida e o total de investimentos em


meio ambiente, que os valores estão abaixo de 1%. Mesmo com um acentuado aumento na
receita líquida a empresa apresentou uma pequena diminuição entre os anos de 2000 e 2001 e
um aumento no ano de 2002.

Comparando-se os investimentos com resultado operacional, os percentuais dos


investimentos passaram de 1,88% em 2000 para 3,26% em 2002 tendo uma diminuição em
2001. Nos anos selecionados o resultado operacional da empresa apresentou aumentos. No
ano de 2001, a Belgo apresentou melhora em seu resultado operacional comparado a 2000,
mesmo com o racionamento de energia elétrica. Houve um aumento nas vendas de laminados
no mercado interno juntamente com um aumento nas exportações. O bom desempenho no
mercado interno se deve à demanda firme nos setores de construção civil e de geração e
transmissão de energia, devido ao déficit habitacional e aos incentivos de financiamentos
dados pelo governo para o setor. No ano de 2002 a empresa voltou a crescer com o aumento
da produção de aço bruto, laminados e trefilados. O crescimento também se deu pelo
realinhamento dos preços ocorridos no mercado interno devido ao aumento dos custos de
produção pela melhoria dos produtos e do aumento dos preços nas exportações.

A empresa Belgo-Mineira possuía em 2002, 6.160 funcionários que compunham a


folha de pagamento. Além dos salários pagos, a empresa possui programa de participação nos
lucros e resultados, além de outros benefícios. Verifica-se que a Folha de Pagamento Bruta

13
teve um aumento no decorrer dos anos de 2000 a 2002 e os investimentos também tiveram um
aumento gradativo passando de 4,58% em 2000, a 4,68% em 2001 e 8,92% em 2002. Quando
os investimentos são comparados a Folha de Pagamento Bruta, verifica-se que os valores são
pouco expressivos e que possuem poucas variações comparado com a Folha de Pagamento
Bruta.

Quando comparam-se os investimentos relacionados à operação da empresa e os


programas e/ou projetos externos verifica-se uma grande disparidade entre um e outro. No
ano 2000, os investimentos relacionados com a operação da empresa representavam cerca de
84,63%, ao passo que, os programas e/ou projetos externos contavam apenas com 15,37%.
Nos anos seguintes, essa diferença cresceu ainda mais e os investimentos relacionados com a
operação da empresa representavam 94,60% em 2001 e 96,87% nos anos de 2001 e 2002,
respectivamente, restando para os programas e/ou projetos externos apenas 5,40% em 2001 e
3,13 em 2002.

Admitindo-se que os investimentos em meio ambiente relacionados à operação da


empresa na realidade representam os custos, ou seja, a internalização das externalidades, o
que de fato seria a geração de externalidades positivas seriam os investimentos não
relacionados a operação da empresa. Os investimentos não relacionados a operação da
empresa são representados por projetos, programas ou campanhas, realizadas na comunidade
onde a empresa está inserida, como a despoluição de rios e da vegetação, o reflorestamento de
áreas desmatadas e outros. O que pode ser verificado é que há uma grande diferença nos
investimentos relacionados à operação da empresa com os não relacionados, investe-se muito
pouco em campanhas e programas.

5. CONCLUSÃO

A Responsabilidade Social é a demonstração de preocupação das empresas com o bem


estar social da comunidade. Através da criação de métodos, planos e incentivos internos e
externos, a empresa pode ser identificada como responsável socialmente, ou seja, a empresa
não está somente preocupada com a produção de bens e serviços, mas também em buscar o
bem estar social, valorizando o homem, o meio ambiente e a cultura.

No que tange ao meio ambiente, as empresas devem fazer investimentos em


campanhas, programas e outras atividades que devem ir além do simples pagamento da Taxa
de Controle e Fiscalização Ambiental, que é uma obrigação legal, mesmo porque os valores
aplicados para o recolhimento da taxa são irrisórios, como R$ 2.250,00 trimestralmente para
uma empresa de grande porte e caracterizada como grande poluidora.

Foram analisadas a Companhia Siderúrgica Nacional, a Acesita S.A e a Companhia


Siderúrgica Belgo-Mineira, que são empresas nacionais de grande porte e com alto grau de
poluição, comparando seus investimentos relacionados e não relacionados com a operação da
empresa, com a Receita Líquida, o Resultado Operacional e a Folha de Pagamento Bruta.

Comparando-se os investimentos realizados em meio ambiente das empresas


selecionadas pode-se verificar que os valores são bastante diferenciados. Apesar de a empresa
Companhia Siderúrgica Nacional possuir os maiores valores de receita líquida e folha de
pagamento bruta, os percentuais investidos são muito pequenos, principalmente os não

14
relacionados à operação da empresa. Verifica-se comparando o Resultado Operacional com os
valores dos investimentos, que esta empresa apresenta percentuais mais significativos.

Os valores são bastante diferenciados no que se refere a investimentos relacionados à


operação da empresa. A Companhia Siderúrgica Nacional, nesse ponto, é a empresa que mais
investe. No que se refere aos investimentos não relacionados à operação da empresa a que
mais investe é a Companhia Siderúrgica Belgo-Mineira, apesar de possuir uma receita líquida
menor que a Companhia Siderúrgica Nacional. Com relação ao resultado operacional, a
Belgo-Mineira apresenta maiores lucros que a Companhia Siderúrgica Nacional e os
percentuais investidos tornam-se bastante parecidos.

Admite-se que a verdadeira geração de externalidades positivas é representada pelos


investimentos não relacionados à operação da empresa, ou seja, campanhas, projetos e
programas envolvendo a comunidade onde está inserida. A internalização das externalidades
negativas, no caso a poluição emitida pelas empresas, é representada pelos investimentos
relacionados à sua operação. O que pôde ser verificado é que em relação aos investimentos
relacionados à atividade da empresa para diminuição dos impactos ambientais gerados por ela
representam em termos de valores algo muito diferenciado quando comparados aos
investimentos não relacionados à operação da empresa.

Verifica-se que os investimentos são muito pequenos comparados aos lucros auferidos
pelas empresas. As empresas estão fazendo pouco além do que lhe é atribuído como
obrigação, elas utilizam como investimento algo que na realidade está somente diminuindo os
impactos ambientais negativos que ela própria produz, podendo-se questionar assim a
certificação da empresa como socialmente responsável.

A responsabilidade social é representada por práticas que visem melhorar as condições


de vida da comunidade como um todo, não somente para ganhar mercado, e nem como uma
forma de amenizar os impactos negativos por ela gerados, mas acrescentar conhecimento à
comunidade implantando programas como despoluição de rios, reflorestamento e outros.
Deve haver maior conscientização tanto por parte das empresas quanto das entidades que
conferem os certificados de empresa socialmente responsável, procurando estabelecer
critérios mais rígidos quanto aos investimentos, para que realmente as empresas possam gerar
externalidades positivas nos mesmos patamares que internalizam as externalidades negativas,
não havendo diferenças substanciais de investimentos, como a presente pesquisa comprovou.

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