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Apostila I - Conversão PDF
Apostila I - Conversão PDF
DEPARTAMENTO DE ELETRICIDADE
CONVERSÃO DE ENERGIA I
Parte I
LEIS FUNDAMENTAIS EM ELETROTÉCNICA
Manaus/AM
Conversão de Energia I – Parte I
Estas três leis são expressas implicitamente nas equações gerais do eletromagnetismo de
MAXWELL. Tais equações são uma forma vetorial mais complicada e geralmente sem interesse
em eletrotécnica. De fato, por um lado, a frequência dos fenômenos associada é baixa (50 Hz ou
60 Hz para as correntes); por outro, nunca intervem um campo eletrostático significativo (o que
possibilita desprezar a “corrente de deslocamento” nas equações de AMPÈRE-MAXWELL).
A existência de um campo magnético H em um ponto do espaço pode ser devido à
presença de uma matéria magnetizada ou da circulação de correntes elétricas.
Considere (Figura 1.1) um circuito elétrico (C), percorrido por uma corrente i: a circulação
desta corrente provoca, por “indução”, o surgimento de um campo magnético ao redor do
condutor elétrico.
Objetivando apresentar a expressão matemática para determinar o vetor intensidade de
campo magnético em um determinado ponto, consideremos um ponto M, situado a uma distância
r de um elemento de comprimento dl do circuito. O campo pode ser definido pela seguinte
expressão vetorial:
(c) dH
M
dl r
i 1
4 C
H grad dl [1-1]
r
Na prática, se calcula o campo magnético por meio de duas leis deduzidas da relação [1-1].
Esquerda
Comumente também se usa a regra da mão direita, ver figura 1.3. O dedo polegar é
orientado na direção da corrente elétrica e os demais dedos apontarão a direção do vetor
intensidade de campo magnético produzido em um determinado ponto do espaço.
Considere (figura 1.4) uma espira circular de raio a, percorrida por uma corrente i, e
calcule o campo magnético que ela cria em seu centro. Cada elemento dl cria um campo
elementar dH normal ao plano da espira, dirigido para cima, onde o módulo vale, de acordo coma
a expressão [1-2]:
i dl
dH
4 a 2
Para obter o campo total é necessário integrar os elementos de campo ao longo de todo o
comprimento da circunferência, assim:
i i
2 C
H dl 2a
4a 4a 2
i
H [1-3]
2a
1.1.3 Campo criado por um fio infinito
Considere (figura 1.5) um filme retilíneo infinito, e estude o campo magnético que este
cria em um ponto M situado a uma distância a = KM.
dl
l
r
K H
a
M
Cada elemento dl situado a uma distância “l” do ponto K cria em M um campo elementar
dH dirigido como indicado na figura, onde o módulo vale:
i dl sen
dH
4 r2
a a
cos ou r
r cos
l a d
tg ou dl
a cos 2
De onde se obtêm:
i
dH cos d
4a
Para obter o campo total, deve-se integrar variando entre +90 e - 90 (fio infinito):
90
i i
sen 9090 i
4a
H cos d
90
4a 2a
i [1-4]
H
2a
É evidente, pela simetria radial, que o campo será o mesmo em torno do ponto situado a
mesma distância do fio, isto é sobre um cilindro ao redor do fio. De outro modo, vimos que o
campo é inversamente proporcional à distância “a”. Foi assim que foi descoberta,
experimentalmente, a lei de BIOT e SAVART.
Considere (figura 1.6) uma bobina regular, um solenóide, de comprimento “l” e de raio
“a”. É possível demonstrar que, em um ponto M do eixo, o campo está dirigido ao longo do eixo,
e vale:
l
a
1 2
H
M
i i
ni cos 1 cos 2
H . [1-5]
l 2
onde n é o número de espiras, e 1 e 2 os ângulos sob os quais um observador vê, do ponto M, os
extremos dos raios. Em particular se M está no centro da bobina:
ni
H . cos [1-6]
l
Caso de uma bobina muito longa
Suponha que o comprimento l de uma bobina seja muito maior que seu raio a (figura
1.7a).
l l
a
a
H
M
H
M
i i
i i
(a) (b)
É possível obter uma expressão aproximada do campo em seu centro, supondo que:
ni
H [1-7]
l
Supondo agora, ao contrário, que o raio “a” da bobina seja muito maior que seu
comprimento l (figura 1.7b). Também é possível obter uma expressão aproximada do campo em
seu centro, supondo que:
l
cos cot g 2 próximo de 90 , assim:
a
ni
H [1-8]
2a
A expressão encontrada é da mesma forma que a [1-3], o campo estando aqui multiplicado
pelo número de espiras.
D
onde j representa o vetor denominado “densidade de corrente de condução”, representa o
t
vetor denominado “densidade de corrente de deslocamento” (derivada parcial do vetor D ,
indução eletrostática).
D
Em eletrotécnica, é possível desprezar o segundo termo , e escrever simplesmente:
t
rot H j [1-10]
Uma integral dupla desta relação conduz à relação [1.1], mas uma integral simples conduz a
seguinte forma, portanto, equivalente:
H. dl ni [1-11]
“A circulação do campo H ao longo de uma linha de indução formado na proximidade
de um circuito C percorrido por uma corrente i, é igual ao produto da corrente i pelo número de
vezes que esta linha atravessa o circuito C”. (Figura 8).
Considere (figura 1.9) uma bobina regular de n espiras do tipo “toroidal”. Para calcular o
campo magnético em um ponto M do núcleo, é evidente que a aplicação da relação [1-2] será
longa e cansativa. Por outro lado, o Teorema de Ampère fornece imediatamente a solução se
escolhermos como “linha de indução” a linha média do toróide (supondo o material homogêneo
e isotrópico).
Para o sentido indicado da corrente no caso (a), um observador instalado ao longo da linha
de indução na direção indicada, verá a corrente i 1 ir para a sua esquerda, e verá igualmente a
corrente i2 ir para sua esquerda. Dessa forma, o teorema terá que ser escrito como:
H.dl n1i1 n 2i 2
Se o núcleo é homogêneo, o campo H é o mesmo, portanto, pode-se escrever, designando
por l o comprimento médio do núcleo:
H l n1i1 n 2i 2 [1-14]
No caso (b), tem-se uma inversão no sentido da bobina do circuito 2. O observador verá a
corrente i2 ir para a sua direita (uma direção oposta a da corrente i 1). Essa situação nos leva a
escrever o teorema da seguinte forma:
H l n1i1 n 2i 2 [1-15]
Se o núcleo da bobina não for homogêneo, por exemplo, se ele é constituído de dois
materiais diferentes (figura 1.11), o campo magnético terá um valor diferente no interior de cada
um dos materiais.
B H [1-17]
No SI a unidade é o Tesla [T] e a permeabilidade magnética é medida em Henry por metro
[H/m].
A permeabilidade magnética do vácuo, com o sentido de Maxwell, não é nula e vale:
o 410 7 H / m [1-18]
A permeabilidade magnética da maioria dos meios comuns (ar, água, líquidos etc.) é muito
próxima de o e praticamente linear. Por outro lado, a permeabilidade dos meios ditos
“ferromagnéticos” é extremamente elevada e variável não linearmente. O estado magnético desses
materiais é definido por uma curva representando B em função de H (figura 1.12), chamada
“curva de magnetização”, ou então “lei constitutiva magnética”. A permeabilidade magnética está
representada graficamente sobre esta curva pela inclinação da tangente em cada ponto.
B (T)
material ferromagnético
o
vácuo
H (A/m)
A expressão mais geral da força F que é exercida sobre uma carga elétrica “q” animada de
uma velocidade u , sujeita a um campo eletrostático E e a indução magnética B , é a seguinte,
denominada de Lorentz:
F q E x u B [1-20]
Quando é possível desprezar o campo eletrostático, se escreve:
F q u B [1-21]
Esta força é um vetor, cujo módulo vale:
F q u B sen
designa o ângulo entre B e u , e o sentido é tal que a tríade [ B , u , F ], são perpendiculares
(figura 1.13): “para um observador posicionado no sentido da velocidade u e olhando no sentido
da indução, a força está dirigida para sua esquerda”.
Pode-se utilizar uma forma da relação [1-21], válida para as bobinas. Seja a circulação de
uma corrente elétrica i em um fio correspondente ao deslocamento, durante um intervalo de tempo
elementar dt, de uma corrente elétrica
dq = i dt
a uma velocidade
dl
u
dt
A força elementar dF exercida sobre o elemento dl pela indução B vale, de acordo com
[1-21]:
dl
dF idt B idl B
dt
De onde se obtêm a expressão dita de “LAPLACE”.
dF idl B [1-22]
O sentido desta força é tal que “para um observador posicionado no sentido da corrente e
olhando no sentido da indução, a força estará dirigida para sua esquerda” (figura 1.14).
Pode-se ainda determinar o sentido da força pela regra da mão esquerda. Colocando-se o
polegar no sentido do campo e o indicador no sentido da corrente, então o médio dará o
sentido da força (ver figura 1.15).
Considere dois fios retilíneos paralelos situados a uma distância “a”, percorridos por duas
correntes i1 e i2 nos sentidos indicados (figura 1.16). A corrente i1 cria um campo H1 em torno de
um ponto no espaço, e em particular na vizinhança de um elemento dl de corrente i 2. De acordo
com [1-4]:
i
H1 1
2a
com o sentido indicado na figura 1.16.
i1
i2
H1
dl dF
Ao campo H1 , corresponde uma indução B1 que vale, se designar a permeabilidade do
meio no qual estão os fios:
i
B1 H1 1
2a
Esta indução exerce sobre um elemento dl percorrido por uma corrente i 2 uma força
dirigida no sentido indicado (figura 1.14), de módulo:
i
dF i 2 dl.B1 i 2 1 dl
2a
Assim, a força de interação por unidade de comprimento vale:
dF ii
1 2 [1-24]
dl 2a
A existência desta força (de atração se as correntes estão no mesmo sentido, e de repulsão
estão em sentidos opostos) mostra que é possível que os 2 fios realizem uma conversão de energia
eletromagnética (se estão livres para se mover).
Na figura 1.17a tem-se uma espira, de área S, percorrida por uma corrente elétrica (I)
imersa numa região onde existe uma indução magnética (B). Na Figura 1.17b, tem-se um
diagrama representativos das forças que atuam nos lados das espiras, bem como do vetor indução
magnética (B).
(a) (b)
Figura 1.17. Demonstração de torque (a) Espira percorrida por uma corrente elétrica imersa em
um campo magnético de indução B (c) diagrama vetorial das grandezas envolvidas.
As forças que atuam nos lados 1 e 3 da espira possuem mesma intensidade, sentidos
opostos e estão aplicadas sobre o mesmo eixo, portanto, sua resultante é nula. Assim, podemos
escrever:
F1 F3 F1 F3 0
Deve-se observar que o mesmo não ocorre com as forças que atuam nos lados 2 e 4, pois,
embora tenham mesmo intensidade, estas não estão aplicadas sob o mesmo eixo. Portanto,
considerando que comprimento do lado 2 é igual ao comprimento do lado 4, sendo o mesmo
representado por “a”, podemos escrever:
F2 F4 iaB [1-25]
b b
T F2 * sen F4 * sen i * ab * B * sen i * S * B * sen [1-26]
2 2
Onde:
b sen θ é o segmento perpendicular ao eixo de aplicação das forças e S = ab é a área da espira.
Se admitirmos que a bobina possui “n” espiras, o torque será dado por:
T ni * S * B * sen m x B [1-27]
n : é o vetor unitário orientado conforme a normal ao plano definido pela espira.
Se este circuito está na presença de uma indução B uniforme, diz-se que esta indução
provoca ao atravessar ( C ) um “fluxo”:
S B . dS [1-28]
Quando o circuito é plano, se pode tomar sua própria superfície para definir o fluxo,
como:
B . S BS cos B n S [1-29]
onde Bn é a componente normal de B sobre o vetor axial S da superfície do circuito C.
Se B está perpendicular ao plano do circuito ( = 0), tem-se:
=BS [1-30]
A unidade do é o Weber (Wb).
É necessário lembrar que o fluxo que atravessa um circuito pode resultar da circulação de
uma corrente no próprio circuito: sendo denominado de “fluxo próprio”.
As convenções se sinal (figura 1.19) adotadas para o fluxo corresponde à regra de
observação de Ampère.
Para uma bobina como a da figura 1.19a, o campo e a indução são dirigidas para cima.
Nesse caso se assume que o > 0.
No caso da figura 1.19b, B e H são dirigidos para baixo, assim, < 0.
Uma propriedade importante do fluxo é ser “conservativo” no espaço. Na equação geral de
Maxwell, esta propriedade é expressa pela relação:
div B 0 [1-31]
Em todo circuito elétrico atravessado por um fluxo magnético pode surgir uma tensão em
seus bornes, se este fluxo variar em função do tempo. Esta tensão é chamada de “força
magnetomotriz induzida” (f.e.m.).
A Lei de Faraday, na sua forma geral, fornece o valor do campo elétrico E induzido por
uma variação de indução B :
B
rot E [1-32]
t
Para circuitos de bobina, a expressão [1-32] pode ser simplificada, expressando a f.e.m.
em função da variação do fluxo:
d
en [1-33]
dt
“A f.e.m. nos bornes de um circuito é igual a derivada do fluxo que o atravessa com
relação ao tempo, por cada espira do circuito”.
É possível introduzir um sinal ( - ) na fórmula [1-33] para representar que a f.e.m. é um
efeito que se opõe a causa que lhe dá origem. Este efeito de oposição é determinado pela lei de
Lenz, que diz respeito a corrente induzida.
“Em um circuito fechado onde aparece uma f.e.m., o sentido da corrente induzida é tal que
se opõe ao fluxo que a gerou”.
As duas leis precedentes são muito gerais, e são válidas qualquer que seja a forma do
circuito e o sentido em que se varia o fluxo:
a) Quando as variações de fluxo são devidas a um movimento (ou a uma deformação) do
circuito, ele pode ser denominado de um fluxo “cortado” para o circuito, e a f.e.m.
denominada de “f.e.m. de velocidade” (por exemplo, f.e.m. que aparece nos bornes de um
fio rígido que se move em uma região com uma indução uniforme).
b) Quando a variação do fluxo se deve a variação da indução (ou seja, da corrente que a cria)
este se chamará fluxo “enlaçado”, e a f.e.m. correspondente será denominada de “f.e.m. de
transformação”.
Considere um fio de comprimento “l” se deslocando a uma velocidade u em uma região
com uma indução B uniforme (Figura 1.20).
d B dS B l dx
Isto produzirá em seus bornes uma f.e.m. dada por:
d dx
e Bl Bl u
dt dt
Quando u , B e l tem direções não conhecidas, esta relação se generaliza por um
produto “misto”:
e l . u B u . B l B . l u
Ao designar por o ângulo entre u (direção do deslocamento) e l (direção do fio), e
por o ângulo entre B e uma perpendicular à u e l , o módulo da f.e.m. vale:
e B l u sen cos [1-34]
Quando o fio se desloca com uma velocidade u perpendicular a sua direção l (ou seja,
= 90o e sen = 1), escreve-se: e = Blu cos .
Introduzindo agora a componente normal da indução, ou seja a componente
B perpendicular ao plano de u e l :
Bn B cos ou e Bn l u
A polaridade de “e” é tal que a corrente induzida se oporá ao movimento, tal como
indicado na figura 1.20. De fato, em um circuito fechado (fio considerado como gerador), tais
correntes estarão sujeitas, devido à B , a uma força de LAPLACE f i l B dirigida para
baixo, e por consequência se oporá ao movimento para cima.
Todo circuito elétrico percorrido por uma corrente cria uma f.e.m. que se oporá a sua fonte
de alimentação. Naturalmente, este efeito é muito mais sentido, se o mesmo ocorre em uma
bobina (efeito multiplicado pelo número de voltas) e se ele tem um núcleo de ferro, capaz de
capturar todo o fluxo.
Considere uma bobina ao redor de um núcleo de seção S constante e de comprimento
médio “l” alimentado por uma fonte “v” (figura 1.21): a circulação da corrente cria no núcleo um
ni ni
campo H , ao qual corresponde uma indução B .
l l
Considere o circulo R-L da figura 1.22a. Na figura 1.22b, tem-se a representação elétrica
do indutor, ou seja, a f.e.m auto induzida no mesmo se comportará como uma fonte de tensão que
se oporá a fonte tensão que alimenta o circuito.
(a) (b)
Figura 1.22. Demonstração do efeito da fem auto-induzida. (a) circuito elétrico RL com a
representação dos componentes do circuito; (b) representação elétrica do indutor.
Ao fecharmos a chave na figura 1.22a, a corrente não alcançará instantaneamente seu valor
dado por Vo/R.
Aplicando a lei de Kirchhoff na malha da figura 1.21b, temos:
di V R
Vab Vbc Vca 0 iR L V0 0 i 0 1 exp t
dt R L
Portanto, o comportamento da corrente será como apresentado na figura 1.23.
Se R/L é grande, como acontece na maioria dos casos práticos, a corrente atinge seu valor
máximo constante muito rapidamente.
Uma f.e.m. pode ser criada nos bornes de um circuito fazendo variar o fluxo que o
atravessa por um meio exterior.
Considere (figura 1.24) um núcleo ferromagnético sobre o qual tem uma bobina:
a) Um circuito no. 1 percorrido por uma corrente i1 alternada (fonte v1), de n1 espiras.
b) Um circuito no. 2, em circuito aberto, de n2 espiras.
Observe que se o circuito no. 2 for fechado, circulará uma corrente neste circuito que por
sua vez, produzirá um outro fluxo magnético e assim, o fluxo “comum” não será somente o
produzido pela corrente do circuito no. 1.
d
Isto é completamente normal, porque a lei de FARADAY e n se refere a existência
dt
de uma variação de fluxo, que depende de 2 parâmetros: B (na verdade i) e S (na verdade x).
Seja um circuito com n espiras onde definimos ao mesmo tempo o “fluxo equivalente” e o
“fluxo por espira”.
n [1-38]
que corresponde ao fluxo que atravessa o circuito se este tem um único caminho para todas as
espiras (seria o mesmo que atravessar n espiras com o fluxo , ou uma só espira com o fluxo ).
Para um circuito móvel onde a posição é definida por um parâmetro de posição x, excitado por
uma corrente i, o fluxo é função de duas variáveis i e x:
= (i , x)
e a lei de FARADAY se escreve agora, em derivadas parciais para fazer referência a i e à x:
d di dx
e [1-39]
dt i dt x dt
Para os circuitos lineares o primeiro termo corresponde à f.e.m. de “transformação”, e o
segundo termo a f.e.m. de “velocidade”.
Seja o estudo da interação magnética de dois circuitos, C 1 e C2, percorridos pelas correntes
i1 e i2, em situação de influência mútua em um meio de permeabilidade (figura 25), onde
podemos demonstrar que os fluxos mútuos (i.e. envolve os dois circuitos), são proporcionais as
correntes i1 e i2 (se é constante):
dl1 . dl 2
m1 i 2 C C
4 1 2 r
dl 2 . dl1
m2 i1 C C
4 2 1 r
Chamando o fluxo produzido por um circuito percorrido por uma corrente i, composto
por n espiras, podemos definir a “indutância própria” L pela relação:
Ln [1-41]
i
A dificuldade aqui provém do fato que não é sempre perfeitamente definido.
Se considerarmos, por exemplo, o fluxo de uma bobina no interior de um material
ferromagnético (figura 1.26), uma parte deste fluxo, representado por f, flui no ar, e resta
somente uma parte útil m = - f dentro do núcleo.
Da mesma forma, se considerarmos uma bobina imersa no ar, tal como na figura 1.27, na
qual as espiras interiores são menores que as espiras mais externas, uma fração do fluxo
produzido pelas espiras exteriores não atravessa as espiras interiores.
Isto leva a definir duas outras indutâncias, fazendo intervir os fluxos de fuga f e de
magnetização m:
indutância de fuga ln f
i
[1-42]
m
indutância de magnetizaç ão Tn
i
Vamos admitir por comodidade, que os fluxos f e m são proporcionais as correntes.
A indutância “própria” é dada pela soma da indutância de “fuga” e a indutância de
“magnetização”.
L=l+T [1-43]
É possível ainda, definir o “coeficiente de fuga” da bobina, K, como a razão entre o fluxo
“útil” ou de “magnetização”, m, e o fluxo “total” = f + m:
m T
K [1-44]
f m L
O coeficiente é, portanto, menor que 1, sendo determinado de forma empírica.
Quando tratamos com materiais não lineares, como os materiais ferromagnéticos, o fluxo
produzido no núcleo não é mais diretamente proporcional a corrente: a partir de certo valor de
corrente de excitação i, o fluxo quase não aumenta: dizemos que o núcleo “saturou”.
Sobre a curva representando as variações do fluxo n em função de i (figura 28), que
possui o mesmo comportamento da curva B(H) da figura 1.11, vemos que a indutância, tal como
definida na equação [1-41], não pode mais ser considerada como uma constante; com rigor,
devemos definir a “indutância dinâmica”, na sua forma diferencial:
d
L din n [1-45]
di
Assim, para um circuito polarizado em corrente contínua, e excitado por uma pequena
corrente alternada superposta, a indutância dinâmica é igual a inclinação da curva n (i) em cada
ponto, apresentando as variações apresentadas na curva da figura 1.28.
i
+
n
-
ni [1-46]
onde:
dl
[1-47]
S
A relação [46] é outra forma do teorema de Ampère, conhecida como “Lei do circuito
magnético”, e a relação [1-47] exprimi a definição da “relutância” do circuito magnético: esta é
uma quantidade característica da geometria do núcleo (comprimento l e seção S) e de sua aptidão
para capturar um campo magnético (permeabilidade ).
Nos casos de geometria simples a relutância se calcula usando a relação [1-47]. Nos outros
casos, decompõe-se o núcleo em tantas partes quanto necessário, de acordo com as variações de
sua superfície S ao longo das diversas linhas de indução.
e sua indutância própria pode ser definida em função de sua relutância e do quadrado do número
de espiras, conforme [1-35]:
n2
L [1-48]
Considere um relé cilíndrico, constituído de uma carcaça fixa em ferro, e de uma armadura
também de ferro, suspenso por uma mola, que pode se mover verticalmente. Na figura 30
apresenta-se uma seção radial do relé.
mola
anel g
guia
l b c
i x
d
+
bobina
-
carcaça
r
Figura 30. Relutância de um relé.
Quando a bobina de excitação é percorrida por uma corrrente i, esta cria um fluxo ao
longo de uma linha de indução , e as diversas partes percorridas pelo fluxo são: ab, dentro da
armadura; bc, dentro do entreferro onde fica o anel guia (parte superior); cd, dentro da carcaça e,
da, dentro do entreferro central. Com as dimensões indicadas na figura, a relutância do relé vale,
de acordo com a expressão [1-47]:
dl g dl x
ab cd [1-49]
S g S o 2r 2
o 2 r l
2
Deve-se observar que o segundo termo do lado direito da expressão [1-49] foi obtido
considerando que a área lateral do cilindro, para os parâmetros dado é expressão como:
d
S L 2l , onde l é a altura do cilindro e d diâmetro do cilindro. Portanto, o cilindro considerado
2
não corresponde somente ao constituído pela armadura, mais o que engloba armardura e
entreferro. Assim, desenvolvendo a expressão tem-se:
d 2r g g
S L 2l 2l 2l r
2 2 2
1.9.1 Definições
B [T]
B
M
H [A/m]
O H
1
W BH Sl
2
M
F
O F
M
L
O i (A)
i
Figura 1.34. Curva de magnetização (i) e energia.
t t 1 2 i
W 0 v i dt 0 e i dt 0 L i di
Li
2
Se circularmos pela bobina uma corrente contínua i, o ponto representativo do estado
magnético do toróide se fixará em M, e se terá gasto a energia hachurada na figura para obter este
estado magnético.
Se circularmos uma corrente alternada na bobina, o ponto representativo do estado
magnético do toróide variará sobre a curva de magnetização segundo as variações de corrente
(como veremos ao falar de histerese).
energia - W
f M
coenergia - W'
0 Ff F
energia W 0i d
coenergia W' 0 di
i
[1-62]
energia total WTOT W W' i