Você está na página 1de 62

UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Análise e Comparação de Diferentes Metodologias para Cálculo de Esforços


em Estruturas de Subestação com Barramentos Flexíveis.

Rafael Faria da Silva

Itajubá, junho de 2015


UNIVERSIDADE FEDERAL DE ITAJUBÁ
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM ENGENHARIA ELÉTRICA

Rafael Faria da Silva

Análise e Comparação de Diferentes Metodologias para Cálculo de Esforços


em Estruturas de Subestação com Barramentos Flexíveis.

Dissertação submetida ao Programa de


Pós-Graduação em Engenharia Elétrica como
parte dos requisitos para obtenção do Título de
Mestre em Ciências em Engenharia Elétrica

Área de concentração: Sistemas Elétricos


de Potência.

Orientador: Prof. Dr. Estacio Wanderley


Co-Orientador: Prof. Dr. Airton Violin

Junho de 2015
Itajubá
Sumário

1 Introdução................................................................... 6

2 Fundamentação Teórica ............................................ 7

3 Metodologias de Cálculo ............................................ 8


3.1 Cálculo dos esforços estáticos ...........................................8
3.1.1 Metodologia para cálculo segundo Almeida.............................. 8

3.1.1.1 Equacionamento para cadeia de isoladores ........................ 9

3.1.1.2 Equacionamento dos cabos ................................................. 12

3.1.2 Metodologia para cálculo segundo Kiessling .......................... 15

3.1.2.1 Vãos descritos como catenária ........................................... 16

3.1.2.2 Vãos descritos como parábolas .......................................... 22

3.1.2.3 Considerações sobre desnível entre os suportes ............... 24

3.1.2.4 Equação de mudança de estado ......................................... 25

3.1.2.5 Considerações sobre cadeias de isoladores ....................... 27

3.2 Cálculo dos esforços devidos à ação de vento ...............28


3.2.1 Norma NBR 5422/1985 – Projeto de linhas aéreas de
transmissão de energia elétrica ...................................................................... 28

3.2.1.1 Velocidade básica de vento ................................................. 29

3.2.1.2 Categoria do terreno ........................................................... 30

3.2.1.3 Correção do período de retorno ......................................... 31

3.2.1.4 Correção de altura ............................................................... 33


3.2.1.5 Correção do período de integração para a velocidade média
34

3.2.1.6 Cálculo da carga de vento ................................................... 35

3.2.1.7 Ação do vento nos condutores e na cadeia de isoladores . 35

3.2.1.8 Considerações sobre a norma NBR 5422/1985 ................. 37

3.2.2 Norma NBR 6123/1988 – Projeto de linhas aéreas de


transmissão de energia elétrica ...................................................................... 38

3.2.2.1 Determinação do fator topográfico S1 ............................... 40

3.2.2.2 Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura


sobre o terreno: Fator S2 ............................................................................ 40

3.2.2.3 Fator estatístico S3 .............................................................. 43

3.2.2.4 Pressão dinâmica ................................................................. 43

3.2.2.5 Componente perpendicular ao cabo da força de arrasto 44

3.2.3 Cargas de vento nas cadeias de isoladores............................... 45

3.3 Cálculo dos Esforços Dinâmicos .....................................46


3.3.1 Cálculo da força Ft,d sem Considerar o Efeito do Dropper .... 46

3.3.2 Cálculo da Força Ft,d Considerando o Efeito do Dropper ..... 51

1.1 Cálculo da Força Ff,d ........................................................54

1.2 Cálculo da Força Fpi,d ......................................................54


1.2.1 Cálculo dos fatores auxiliares v1, v2 e v3 .................................. 55

1.2.2 Cálculo da força Fv..................................................................... 56

1.2.3 Cálculo dos fatores que caracterizam a contração do conjunto


de subcondutores ............................................................................................. 57
1.2.4 Cálculo do parâmetro j .............................................................. 57

1.2.5 Cálculo da força Fpi,d ............................................................... 57

4 Referências Bibliográficas ....................................... 62


1 Introdução
2 Fundamentação Teórica
3 Metodologias de Cálculo

Nesta seção são apresentadas algumas metodologias para o cálculo dos esforços nas
estruturas. Todas as etapas de cálculo serão apresentadas para o cálculo de esforços estáticos,
esforços devidos à ação dos ventos e os esforços dinâmicos devidos aos efeitos da passagem da
corrente de curto-circuito pelos condutores.

3.1 Cálculo dos esforços estáticos

Nesta seção são apresentadas XXXX metodologias para o cálculo de esforços estáticos em
estruturas de subestações com barramentos flexíveis. Vale ressaltar que a determinação dos
esforços estáticos é essencial para a determinação dos esforços dinâmicos devidos à passagem das
correntes de curto-circuito pelos condutores uma vez que o cálculo de todos os esforços dinâmicos
depende do esforço estático inicial, conforme será mostrado na seção XXXX.

3.1.1 Metodologia para cálculo segundo Almeida

A metodologia apresentada a seguir encontra-se no artigo [1]. Almeida elabora um método


que considera o efeito das cadeias de isoladores nas flechas e tensões em vãos curtos de subestações
nos quais este efeito é mais pronunciado em função do comprimento das cadeias em relação ao
comprimento total do vão.

A Figura 3.1 apresenta um vão típico de subestação e a nomenclatura utilizada pela


metodologia desenvolvida por Almeida.
Figura 3.1 - Definição das variáveis utilizadas por Almeida [1].

3.1.1.1 Equacionamento para cadeia de isoladores

A Figura 3.2, para melhor visualização, destaca a área referente à cadeia de isoladores. É
apresentada a região da cadeia à esquerda do vão, mas a mesma análise é válida para ambos os
lados.
Figura 3.2 - Destaque da área da cadeia de isoladores [1].

A cadeia é tracionada por uma tensão horizontal T0 e a distribuição do peso da cadeia por
unidade de comprimento é dada por:

Pi
qe = (1)
Le

Onde:

 q e representa o peso da cadeia de isoladores por unidade de comprimento (N/m);


 Pi é o peso total da cadeia de isoladores (N);
 Le é a projeção horizontal da cadeia de isoladores (m).

Da estática, tem-se que a soma dos momentos das forças em torno do ponto A é nula,
portanto:

Le
Pi . + Pc .m e .L e - T0 .Ze =0 (2)
2
Onde:

 Pc é o peso do cabo por unidade de comprimento (N/m);


 me é a distância do grampo de fixação do cabo até o ponto mais baixo da catenária
(m);
 Ze é a projeção vertical da cadeia de isoladores (m).

Das equações ( 1 ) e ( 2 ) pode-se determinar uma expressão para a projeção horizontal da


cadeia de isoladores:

q e .L2e Pc .me .Le


Ze = + (3)
2.T0 T0

A resultante das forças no grampo B é:

Pi 2
Re = T02 + (Pc .me + ) (4)
2

O comprimento de um trecho parabólico é dado por ( 5 ):

8.f 2 (5)
S=V+
3.V

Onde:

 V é comprimento horizontal do vão (m);


 f é a flecha (m);
 S é o comprimento do trecho parabólico (m).

A partir das equações ( 4 ) e ( 5 ), determina-se a projeção vertical da cadeia de isoladores.

24.Si .R e .T0
Le = (6)
Pi2 + 24.R e2
3.1.1.2 Equacionamento dos cabos

Para o equacionamento dos cabos considera-se o condutor, a princípio, no chão, sem


atuação de tração alguma. Para uma variação da temperatura Δθ o comprimento varia de acordo
com a equação abaixo ( 7 ):

Lθ2 = Lθ1 (1 + α.Δθ) (7)

Onde:

 L θ 2 é o comprimento do condutor à temperatura θ2 (m);

 L θ1 é o comprimento do condutor à temperatura θ1 (m);


 α é o coeficiente de dilação linear do cabo (1/ºC);
 Δθ é a variação da temperatura: θ2 - θ1 (ºC).

Quando grampeado nas estruturas, o condutor sofrerá ação de uma força de tração. O
comprimento do cabo será influenciado por esta força, de acordo com a Lei de Hooke ( 8 ).

L0 .T0
ΔL = (8)
E.S

Onde:

 ΔL representa a variação do comprimento do condutor (m);


 T0 é a tração à qual o cabo estará submetido (N);
 L0 é o comprimento inicial do cabo (m);
 E é a constante elástica do cabo (N/mm2);
 S é a seção transversal do condutor (mm2)
Aplicando-se ( 7 ) à equação ( 8 ), ou seja, considerando-se o efeito da temperatura e da
variação devido à elasticidade do material simultaneamente, tem-se que:

T0
ΔL = .L 0 (1 + α.Δθ) (9)
ES θ1

A partir do comprimento do cabo esticado no chão e considerando S1 e S2 o comprimento


do cabo suspenso à temperatura inicial e final, respectivamente, determina-se uma relação entre os
comprimentos final e inicial do cabo em função das trações axiais em cada estado, do coeficiente
de dilatação térmica e da diferença de temperatura.

T01 T02
S1 = L0θ (1 + ) e S2 = L0θ (1 + ).(1 + α.Δθ) ( 10 )
1
E.S 1
E.S

Onde:

 T01 e T02 representam a tração no cabo para cada condição de temperatura citada.

Isolando-se L 0θ nas duas equações e igualando-as, vem que:


1

S1 S2
=
T T ( 11 )
(1 + 01 ) (1 + 02 )(1+α.Δθ)
E.S E.S
Para um vão em desnível, o comprimento da parábola é dado por:

A2
S= D2 + ( 12 )
12.C2

Onde:

 A é a distância entre os grampos (m);


 C é o parâmetro da parábola ( To ⁄PC );
 D é a distância linear entre os grampos (m), dada por ( 13 ), onde h é a diferença de
nível entre os grampos (m):
D= h 2 +A 2 ( 13 )

A partir das equações ( 11 ) e ( 12 ) é possível determinar a equação de mudança de estado


para o vão em estudo. A equação de mudança de estado permite que, a partir de um estado inicial
conhecido, a tração em outras condições de temperatura seja determinada.

 D  E.S.A 24 .P22
T023 + E.S. 1- 2  .T022 - 0 ( 14 )
 K  24.K.D2

A equação de mudança de estados depende de um fator K, referente à condição inicial dado


por:

 A14 
D1. 1 +
 24.C12 D12 
K= . 1 + α.Δθ  ( 15 )
T01
1+
E.S
Com os valores de tração determinados, calculam-se as flechas apresentadas na Figura 3.1.

Pc .A 2
f s' = ( 16 )
8.T0

fs′ é a flecha devida ao cabo. É a distância entre a reta que liga os pontos A e D e uma reta
paralela a esta e tangente à parábola no ponto P2, sendo este o ponto médio entre os grampos de
fixação.

A partir do valor de fs′ é determinado o comprimento da flecha auxiliar f0 que representa a


distância entre o grampo de fixação do suporte mais baixo até o ponto mais baixo da parábola.

2
 h 
'
f 0 = f . 1- ' 
s
( 17 )
 4.f s 
Pode-se, então, determinar a distância entre o suporte mais baixo e o ponto mais baixo da
parábola. Esta distância é representada por F0 , e da Figura 3.1 fica claro que:

F0 = f0 + Ze ( 18 )

Sendo Ze a projeção vertical da cadeia de isoladores do lado do suporte mais baixo do vão.

Por fim, determina-se a flecha Fs , que costuma ser utilizada para o dimensionamento das
estruturas e utilizada como referência nos cálculos.

H
(Ze +Zd ) + (Le +Ld ) ( 19 )
FS = fs' + V
2

Ressalta-se que para vão nivelados H = 0, Ze = Zd e, portanto:

FS = f s' + Z ( 20 )

3.1.2 Metodologia para cálculo segundo Kiessling

Kiessling [2] assume que as características e dimensões dos condutores tracionados são
constantes, pelo menos entre os dois suportes. O peso do condutor por unidade de comprimento, a
seção transversal e outras características não mudam com o comprimento do vão. Assume também
que os condutores são presos de forma rígida, mas com um pivô, ou seja, não há momento de flexão
neste ponto.

O condutor entre dois suportes no vão pode ser descrito como uma catenária ou aproximado
para uma parábola. A Figura 3.3 abaixo apresenta as variáveis utilizadas para o cálculo, segundo
Kiessling [2].
Figura 3.3 - Variáveis utilizadas para os cálculos por Kiessling [2].

3.1.2.1 Vãos descritos como catenária

Nesta seção são apresentadas as considerações para determinação da curva que descreve o
condutor para um determinado vão e para uma determinada flecha.

Parte-se das condições de equilíbrio das forças atuando em um comprimento infinitesimal


ds do condutor. O balanço de forças é efetuado para as direções vertical e horizontal, conforme
apresentado na Figura 3.4.
Figura 3.4 - Diagrama das forças atuando no condutor [2].

A partir da condição de equilíbrio, na vertical, tem-se que:

mC .g.ds = V + dV - V ( 21 )

Onde:

 mC é massa do condutor por unidade de comprimento ( N/m );


 g é a aceleração da gravidade ( m⁄s 2 );
 ds representa o comprimento infinitesimal do condutor ( m );
 V é a componente vertical da força de tração que atua no condutor ( N );
 dV é a variação da componente vertical da força de tração entre os dois extremos
do comprimento ds considerado ( N );

Figura 3.5 - ds decomposto em componentes verticais e horizontais [2].


Pode-se ainda escrever, a partir da Figura 3.5, que:

2
 dy 
ds 2 = dx 2 + dy 2 => ds = dx. 1+   ( 22 )
 dx 

Substituindo ds na Equação ( 21 ) vem que:

2
dV  dy  ( 23 )
= m C .g. 1+  
dx  dx 

Da condição de equilíbrio na Figura 3.4, na horizontal tem-se que:

H + dH - H = 0; ( 24 )

Sendo H a componente horizontal da força que traciona o condutor.

Constata-se, da equação ( 24 ), que a componente horizontal da tração é constante ao longo


da catenária formada pelo condutor no vão. Disto, pode-se escrever uma expressão para o equilíbrio
dos momentos no centro de gravidade de um elemento do condutor:

dy
H.dy = V. dx => V = H. ( 25 )
dx

Diferenciando a expressão obtida com relação a ‘x’, tem-se que:

dV d2 y ( 26 )
= H. 2
dx dx

Substituindo ( 26 ) na expressão ( 23 ), obtém-se a equação diferencial da curva:

2
d2 y m .g  dy 
= C . 1+   ( 27 )
 dx 
2
dx H
Busca-se nesta etapa obter uma função do tipo y = f(x). Para tanto, é necessário integrar
ambos os lados da expressão ( 27 ). Rearranjando-se a equação ( 27 ), tem-se que:

d 2 y dy
.
dx 2 dx .dx = m C .g . dy .dx
 dy 
2 H dx ( 28 )
1+  
 dx 
Obtém-se então, a partir da integração da expressão anterior, que:

2
 dy  m .g
1+   = C . ( y - y0 ) ( 29 )
 dx  H

Isolando dy/dx, vem:

2
dy  m .g 
  C . ( y - y0 )   1 ( 30 )
dx  H 

Da integral da expressão anterior, resulta que:

 m .g   m .g 
cosh 1  C . ( y - y0 )    C . ( x - x 0 )  ( 31 )
 H   H 

Isolando-se a variável y:

H   m .g  
y= . cosh  C . ( x - x 0 )  + C0  ( 32 )
mC .g   H  

Nesta equação foi feita a seguinte substituição:

H . C0
y0 = ( 33 )
m C .g

Como mencionado no início deste item, a forma do condutor entre dois pontos de fixação
nos suportes é de uma catenária ou um cosseno hiperbólico (equação ( 32 )).
Para simplificar e facilitar a utilização da equação ( 32 ) pode-se alterar a origem do sistema
𝐇
de coordenadas para que o vértice da curva formada pelo condutor coincida com o ponto V(0, 𝐦 𝐠).
𝐜

Desta forma, pode-se reescrever a equação ( 32 ) da seguinte forma:

H   m .g.x  
y= . cosh  C  ( 34 )
mC .g   H 

O cálculo da flecha para qualquer ponto ao longo da curva formada pelo condutor é efetuado
com a utilização da expressão abaixo:

h H   m .g.x a   mC .g.x  
f = . (x - x a ) + . cosh  C   cosh   ( 35 )
a mC .g   H   H 

Onde:

 a é o comprimento do vão entre os pontos de fixação (m);


 xa representa a distância entre o ponto mais baixo da curva e o ponto de fixação do
condutor (m);
 h representa a diferença entre as alturas dos pontos de fixação do condutor (m).

Para a máxima flecha, conforme explicitado nos parágrafos anteriores, considera-se x = 0.


A origem do sistema de coordenadas foi alterada de forma que o ponto x=0 coincida com o ponto
mais baixo da curva. Desta forma:

h . xa H   m .g.x a  
f = - + . cosh  C  - 1 ( 36 )
a mC .g   H  

A expressão para máxima flecha depende da distância xa entre o ponto mais baixo da curva
e o ponto de fixação e da tração horizontal H. Entretanto, estes valores não são conhecidos, ao
contrário da diferença entre as alturas dos suportes h, do comprimento total do vão a e da flecha
máxima admissível para o vão.
Para determinar o valor xa será necessário utilizar o comprimento total do condutor entre os
pontos de fixação. Utilizando a fórmula para comprimento de uma curva vem que:

2
xb
 H  m .g.x   H   m .g.x b   mc .g.x a 
L= 
xa
1+ 
 mc .g
. sinh  c
 H 
 = . sinh  c
mc .g   H 
 -sinh 
 H


( 37 )

Utilizando as relações de transformação da soma da trigonometria, pode-se transformar os


termos hiperbólicos em um produto:

H  m .g.(x b + x a )   mc .g.(x b - x a ) 
L = 2. . cosh  c  . sinh   ( 38 )
mc .g  2.H   2.H 

Além do valor do comprimento do cabo, utilizar-se-á a distância vertical h entre os pontos


de suporte xa e xb (desnível entre os pontos de suporte) para determinação do valor de xa. Para tanto,
na equação ( 35 ), considera-se x = xb e xb- xa = a. No ponto x = xb tem-se que a flecha é zero, uma
vez que este é o ponto em que o cabo se conecta à estrutura de suporte. A variável a representa o
comprimento do vão e é justamente a diferença entre os pontos de conexão às estruturas de suporte.
Desta forma, vem que:

H   m .g.x b   mC .g.x a 
h= .  cosh  C   cosh   ( 39 )
mC .g   H   H 

Utilizando novamente as relações de transformação de soma da trigonometria tem-se que:

2.H  m .g.(x b + x a )   mC .g.(x b - x a ) 


h= . sinh  C  . sinh   ( 40 )
mC .g  2.H   2.H 

Subtraindo ( 40 ) de ( 38 ) obtém-se a seguinte expressão:

2.H  m .g.(x b - x a )  (-mC .g.(xa + x b )/2.H)


L-h= . sinh  C . e ( 41 )
mC .g  2.H 
Por fim, isolando-se xa na equação acima, tem-se que:

H  H 
xa = . ln  . (1 - e-mC .g.a/H )  ( 42 )
mC .g  mC .g.(L-h) 

Verifica-se que o valor de xa depende da tração horizontal H, também desconhecida. Para


utilização do método um valor inicial de tração é adotado, todos os parâmetros são calculados e o
valor da flecha é verificado. Caso não seja o valor desejado de flecha o valor da tração inicial é
alterado e o processo é realizado novamente.

H   m .g.x a  
f = . cosh  C  - 1  ( 43 )
mC .g   H  

Para determinar a força resultante que age no condutor é necessário considerar a força
devida ao peso do condutor, a força vertical. Da expressão ( 25 ) vem que:

dy  m .g.x 
V = H. = H.sinh  C  ( 44 )
dx  H 

3.1.2.2 Vãos descritos como parábolas

Uma boa aproximação à catenária apresentada no item anterior é a parábola. As equações


para a parábola são mais simples e facilitam o processo de cálculo. Para esta abordagem o termo
𝑑𝑦 2
(𝑑𝑥 ) será ignorado na equação ( 23 ), assumindo que representa um valor muito pequeno se

comparado à unidade, portanto:

2
dV  dy 
= mC .g. 1+    mC .g ( 45 )
dx  dx 
Além disso, na equação ( 27 ), fazendo as mesmas considerações, tem-se que:

2
d2 y m .g  dy  m .g
= C . 1+    C ( 46 )
 dx 
2
dx H H

Esta simplificação implica considerar a distribuição da massa do condutor ao longo do vão


e não ao longo da curva formada pelo condutor.

Para o equacionamento, o vértice da parábola coincidirá com a origem dos eixos de


coordenadas, ou seja, os termos ‘b’ e ‘c’ serão nulos. A partir desta consideração tem-se que a
equação da parábola terá a seguinte forma:

m c .g 2
y = a.x 2 + b.x + c = .x ( 47 )
2.H

A flecha para qualquer ponto ao longo da curva, com relação aos pontos do suporte é dada
pela subtração da coordenada y do ponto de suporte e do ponto de interesse da curva mais uma
parcela devida ao desnível entre os pontos de suporte, quando houve diferença entre as alturas dos
suportes.

.  x a - x  + .( x - x a )
mc .g 2 2 h
f= ( 48 )
2.H a

Para determinação da distância do vértice da parábola xa até a estrutura de suporte


considera-se a relação ‘xa+ a = xb’ e, além disto, considera-se o fato de que no ponto de suporte ‘b’
a flecha deve ser zero, assim como no ponto de suporte ‘a’.

.  x a - x b2  + .( x b - x a ) => x a =
mc .g 2 h H h a
0= . - ( 49 )
2.H a mc .g a 2
A flecha pode ser obtida a partir da expansão em série de potência do cosseno hiperbólico
da expressão ( 36 ), considerando apenas o primeiro termo série e supondo os suportes à mesma
altura:

H   mC .g.a   H   mC .g.a   mC .g.a 2


2

f = . cosh   
- 1  .  
1   - 1 ( 50 )
mC .g   2.H   mC .g   2.H   8.H

O comprimento do condutor entre os dois pontos de suporte é dado por:

a/2 a/2
 m .g.x 
2
 8  f máx 2 
L=  1+f'(x) 2 dx =  1+  c  dx = a. 1+ .    ( 51 )
-a/2 -a/2  H   3  a  

3.1.2.3 Considerações sobre desnível entre os suportes

Para considerar o desnível entre os suportes dos condutores determina-se um vão


equivalente com os suportes à mesma altura. A Figura 3.3 apresenta um exemplo: o ponto de
suporte B apresenta desnível com relação ao ponto A. Calcula-se então um vão equivalente AB’,
sendo B’ um ponto com desnível zero em relação ao ponto A.

O cálculo do comprimento do vão equivalente ae é dado pela seguinte fórmula:

2.H  H 
a e = 2. x a = . ln  . (1 - e-mC .g.a/H )  ( 52 )
mC .g  mC .g.(L-h) 

Considerando a curva formada pelo condutor descrita como uma parábola, um vão
equivalente também é determinado e os cálculos devem ser realizados da mesma forma.

2.H.h
ae = a + ( 53 )
m c .g.a

A partir do comprimento calculado do vão equivalente, utiliza-se a metodologia descrita


anteriormente para o cálculo das trações a que o condutor estará submetido.
3.1.2.4 Equação de mudança de estado

Para variações de temperatura ou de carga no condutor o seu comprimento também varia.


O comprimento do condutor para uma condição de temperatura θ2 e uma condição de carga mC2
pode ser descrito em função do comprimento e da condição de carga do condutor para as condições
iniciais.

L2 = L1.(1 + eth ).(1 + eel ) ( 54 )

Onde:

 eth representa a expansão devido à variação de temperatura;


 eel representa a expansão devido à elasticidade do condutor.

A expansão térmica depende do coeficiente de expansão térmica ou coeficiente de dilatação


linear e da variação da temperatura. A expansão devida à elasticidade depende das forças às quais
o condutor está submetido, mais especificamente da diferença entre estas forças, do módulo da
elasticidade e da seção transversal do condutor. Isto posto, é possível reescrever a expressão
anterior da seguinte forma:

T2 - T1
L2 = L1.(1 + α.Δθ).(1+ ) ( 55 )
E.A

Onde:

 α é o coeficiente de dilatação linear do condutor (1/ºC);


 Δθ é a variação de temperatura entre os dois estados (ºC);
 T é a força resultante no condutor, resultante da soma vetorial da tração H e do peso
do condutor até o ponto de flecha máxima (N);
 E é o módulo da elasticidade do condutor (N/mm2);
 A é a seção transversal do condutor (mm2).
Algumas considerações são feitas para determinar a equação de mudança de estado:

 Como os cálculos para a equação de mudança de estado dependem da diferença


entre os comprimentos para diferentes condições de temperatura e carregamento e
não de seu valor absoluto, é razoável considerar a aproximação para a parábola para
caracterizar a curva ( 51 ).

a 3 .(mc2 .g) 2 a 3 .(mc1.g) 2


L2 = a + L1 = a + ( 56 )
24.H 22 24.H12

 Considerar-se-á que a diferença (T2 – T1) pode ser aproximada para (H2 – H1).

O valor de T é dado por:

 m g.x   m g.x 
T = H2 +V2 = H2 +H2 .sinh  c  = H.cosh  c  ( 57 )
 H   H 

Esta expressão calcula o valor da força resultante no condutor para qualquer ponto ao longo
do vão. O valor médio da força resultante é calculado por:

x
H b  m g.x  L
Tmédio = .  cosh  c .dx = H. ( 58 )
a xa  H  a

A partir das expressões calculadas para o comprimento e para a força resultante e das
considerações realizadas, obtém-se a expressão para a equação de mudança de estados.

a 3 .(mc2 .g)2  a 3 .(mc1.g)2   T2 -T1 


a+ = a +  .1+ α.Δθ. 1+ ( 59 )
24.H2 2

2
24.H1   EA 

A seguir a expressão é desenvolvida.

a 3 .(m c2 .g) 2 a 3 .(m c1.g) 2  T2 -T1   a .(mc1 .g)   T2 - T1 


3 2
a+ = a + a.α.Δθ + + a.  +
   . +
24.H 22 24.H12  E.A   24.H1   E.A 
2
( 60 )

 a 3 .(mc1 .g)2  T2 - T1  a 3 .(mc1 .g)2  T2 - T1


+ 2  .α.Δθ + a.α.Δθ. + 2  .α.Δθ.
 24.H1  E.A  24.H1  E.A
Os termos em negrito da equação ( 60 ) são negligenciados pois possuem ordem de grandeza
H 2 .E.A
inferior ao demais termos. Multiplicando-se ambos os termos da equação por vem:
a

E.A.(a.mc2 .g)2  E.A.(a.mc1.g)2 


= H22 . H2 - H1 + 2
+ E.A.α.Δθ  ( 61 )
24  24.H1 

3.1.2.5 Considerações sobre cadeias de isoladores

É comum, para linhas de transmissão com vãos de longo comprimento, que o peso da cadeia
de isoladores seja distribuído igualmente ao longo vão ou que o efeito da cadeia seja simplesmente
ignorado. Entretanto, para vãos mais curtos, como os de subestações, negligenciar o efeito das
cadeias de isoladores pode implicar erros consideráveis.

As cadeias de isoladores flexíveis podem ser simuladas como uma seção de condutor com
comprimento LK equivalente ao comprimento da cadeia de isoladores flexível. Assume-se que o
peso da cadeia de isoladores é uniformemente distribuído ao longo deste comprimento. Isto posto,
pode-se determinar uma expressão para a mudança de estados levando em consideração o efeito
das cadeias de isoladores.

E.A.(a.mc2 .g)2 G K .mc2 .g.LK G 2K .LK


+ + =
24 2 3.a
2 
 E.A  (a.mc1.g)2 G K .mc1.g.LK G 2K .LK   ( 62 )
= H 2 . H 2 -H1 + 2 .  + +  +E.A.α.Δθ 
 H1  24 2 3.a  

Onde:

 GK é o peso por unidade de comprimento da cadeia de isoladores (N/m);


 LK é o comprimento da cadeia de isoladores (m).
(a.m c .g) 2
Nota-se da expressão anterior que o termo foi substituído por
24
(a.mc .g)2 G K .mc .g.LK G 2K .LK
+ + .
24 2 3.a

A flecha para este caso é calculada por:

1  mc .g.a 2 
f= . +mc .g.L2K +G K .LK  ( 63 )
2.H  4 

Neste trabalho somente cadeias de isoladores flexíveis serão abordadas. Para informações
sobre cadeias de isoladores rígidas a referência [2] deve ser consultada.

3.2 Cálculo dos esforços devidos à ação de vento

Neste item são apresentadas as considerações sobre o cálculo dos esforços devido à ação
dos ventos nos condutores e cadeias de isoladores. As considerações aqui expostas são relativas às
normas NBR 5422/1985 – Projeto de linhas aéreas de transmissão de energia elétrica [3] e a NBR
6123/1988 – Forças devidas ao vento em edificações [4]. Ambas as normas são utilizadas por
empresas projetistas para o cálculo dos esforços devidos à ação dos ventos nas estruturas de
subestações.

3.2.1 Norma NBR 5422/1985 – Projeto de linhas aéreas de transmissão de


energia elétrica

A norma NBR 5422/1985 [3] especifica as condições para o projeto de linhas aéreas de
transmissão de energia elétrica com tensão máxima acima de 38 kV e inferior a 800 kV. A norma
discorre sobre vários aspectos de projeto de linhas de transmissão, entretanto, neste item são
apresentadas apenas as considerações acerca do efeito do vento nos condutores e nas cadeias de
isoladores.
A partir de um valor básico de velocidade de vento são feitas correções para tempo de
retorno, altitude, altura da instalação com relação ao solo, terreno e um valor de velocidade de
projeto é determinado. Cada etapa será detalhada a seguir.

3.2.1.1 Velocidade básica de vento

A velocidade básica de projeto é determinada a partir da Figura 28 do anexo da norma.


Representa a velocidade para um período de retorno de 50 anos, à altura de 10 m do solo com
tempo de integração da média da velocidade de vento de 10 minutos para um terreno de categoria
B (ver item 3.2.1.2).

A reprodução do mapa do Brasil com as isopletas é apresentada na Figura 3.6.

Figura 3.6 – Isopletas – Norma NBR 5422 [3].

A partir da definição da velocidade básica de vento são realizadas algumas correções


considerando características específicas da região em que a estrutura será instalada.
3.2.1.2 Categoria do terreno

A ação do vento é influenciada pela rugosidade do terreno. Quanto maior a rugosidade mais
turbulento e lento é o vento.

A norma define quatro categorias de terreno com valores de coeficientes de rugosidade Kr


que deve ser multiplicados pelo valor de velocidade básica obtido. Ressalta-se que valores
intermediários podem ser utilizados, por interpolação, de acordo com as características do terreno.
A Tabela 3.1 apresenta os fatores de rugosidade estabelecidos pela norma.

Tabela 3.1 - Coeficientes de rugosidade do terreno.

Categoria Coeficiente de rugosidade


Características do terreno
do Terreno (Kr)
Extensões de água
A Aéreas planas costeiras 1,08
Desertos planos
Terreno aberto com poucos obstáculos
B Aeroportos 1,00
Plantações com poucas árvores ou construções
Terreno com obstáculos numerosos e pequenos
C 0,85
(sebes, árvores e construções)
Áreas urbanizadas
D 0,67
Terrenos com muitas árvores altas

Para terrenos da categoria B o coeficiente é unitário, ou seja, o valor coincide com o valor
de velocidade básica de vento determinado pelo mapa com as isopletas apresentado no item
anterior.

Os valores de Kr apresentados correspondem a uma velocidade média sobre 10 minutos, ou


seja, um período de integração de 10 minutos, medida a 10 m de altura do solo.

Caso a instalação seja realizada em vales que possibilitem canalização de vento o valor de
Kr adotado deve corresponder a uma categoria anterior àquela definida. Considerando a
canalização do vento o efeito será mais severo.

A norma IEC 60826 [5] define que para instalação no topo de morros uma categoria abaixo
daquela escolhida deve ser adotada e para vales a categoria C deve ser utilizada, independente das
características do terreno da região.
3.2.1.3 Correção do período de retorno

O período de retorno é o intervalo médio entre ocorrências sucessivas de um mesmo evento


durante um período de tempo indefinidamente longo. Corresponde ao inverso da probabilidade de
ocorrência do evento no período de um ano.

Como mostrado, a velocidade básica de vento é calculada para um período de retorno de 50


anos. Para outros períodos de retorno é necessário corrigir o valor da velocidade básica de vento.
Para tanto, é necessário estabelecer o valor de dois estimadores: α em (m/s)-1 é o estimador do fator
de escala da distribuição de Gumbel e β em m/s é o estimador do fator de posição da distribuição
de Gumbel.

Figura 3.7 - Estimador do fator de escala da distribuição de Gumbel - α (m/s)-1 [3].


Figura 3.8 - Estimador do fator de posição da distribuição de Gumbel - β em m/s [3].

Determinados os valores destes parâmetros, calcula-se o novo valor da velocidade de vento,


referido ao novo período de retorno T (em anos).

  1 
ln - ln 1 -  
  T  ( 64 )
VT = β -
α
Para maiores níveis de confiabilidade o período de retorno deve ser maior. A norma IEC
60826/2003 [5] estabelece três patamares para o valor do tempo de retorno T, de acordo com a
importância da linha de transmissão a ser construída: 50, 100 e 500 anos.
Observou-se, durante a pesquisa, que diversos anexos de leilão da ANEEL exigem que o
tempo mínimo de 250 anos seja utilizado. Referencia-se a norma IEC 60826 – Design criteria of
overhead transmission lines [3]. A NBR 5422/1988 recomenda adotar o valor mínimo de 50 anos
para as cargas de vento utilizadas no dimensionamento mecânico dos suportes.

3.2.1.4 Correção de altura

A velocidade básica de vento é determinada para uma altura de 10 m acima do solo. Caso
a altura de instalação dos condutores e cadeias de isoladores seja diferente deste valor é necessário
corrigir o valor da velocidade básica. Esta correção depende de um fator n relacionado à rugosidade
do terreno e ao período de integração adotado.

Tabela 3.2 - Valores de 'n' para correção de altura.

n
Categoria do Terreno Tempo de integração Tempo de integração
t = 2 segundos t = 30 segundos
A 13 12
B 12 11
C 10 9,5
D 8,5 8

Determinado o valor de n, o valor da velocidade de vento com a correção de altura é dado


pela fórmula ( 65 ):

1
 H n ( 65 )
VH = V10 .  
 10 

Onde:

 V10 é a velocidade de vento à altura de 10 metros (m/s);


 VH é a velocidade de vento à altura H em metros (m/s);

Nota-se que quanto maior a altura com relação ao solo da instalação dos condutores e
cadeias de isoladores, maior será o valor da velocidade corrigida VH.
3.2.1.5 Correção do período de integração para a velocidade média

Para diferentes períodos de integração um fator Kd deve ser determinado. Este fator depende
da categoria do terreno e é obtido a partir da Figura 3.9 abaixo.

Figura 3.9 - Fator Kd - Diferentes períodos de integração [3].

Observa-se que para terrenos cujo coeficiente de rugosidade é menor, o fator Kd é maior.

A norma NBR 5422/1988 [3] indica o período de integração de 2 segundos para ação de
vento nas cadeias de isoladores e o período de 30 segundos para ação de vento nos condutores.
Entretanto, estes valores podem ser alterados de acordo com requisitos do proprietário do
empreendimento.
3.2.1.6 Cálculo da carga de vento

A velocidade de projeto, levando em consideração todas as correções supracitadas, é


determinada pela seguinte expressão:

1
 H n ( 66 )
VP = VT .K r .K d .  
 10 

A pressão dinâmica de referência em N/m2 é calculada por:

1
q0 = . ρ . VP2 ( 67 )
2

A pressão dinâmica depende do valor da massa específica do ar ρ em kg/m3.

1,293  16000 + 64.t - Alt 


ρ= .  ( 68 )
1 + 0,00367.t  16000 + 64.t + Alt 

Onde:

 t é temperatura coincidente (ºC);


 Alt é a altitude média da região de instalação da estrutura (m).

3.2.1.7 Ação do vento nos condutores e na cadeia de isoladores

A ação do vento nos condutores é dada pela expressão abaixo:

V
A C = q 0 . C xc . α. d. . sen 2 (θ) ( 69 )
2
Onde:

 V é o comprimento do vão (m);


 q0 é a pressão dinâmica de referência (N/m2);
 Cxc é o coeficiente de arrasto (para condutores considera-se 1,0);
 d é o diâmetro do condutor (m);
 θ é o ângulo de incidência do vento em relação à direção do vão ( º );
 α é o fator de efetividade que depende da categoria do terreno e do comprimento do
vão e é dado pela Figura 3.10 abaixo:

Figura 3.10 – Fator de efetividade α [3].

A ação do vento na cadeia de isoladores é dada pela expressão abaixo:

Ai = q 0 . Cxi . Si ( 70 )

Onde:

 Cxi é o coeficiente de arrasto (considera-se 1,2);


 Si é a área da cadeia projetada ortogonalmente sobre um plano vertical (m2).
3.2.1.8 Considerações sobre a norma NBR 5422/1985

É importante definir alguns conceitos acerca da temperatura, pois os cálculos envolvendo a


ação dos ventos é realizado para diversas condições.

 Temperatura máxima média: valor médio da distribuição das temperaturas máximas


diárias;
 Temperatura mínima: valor mínimo com probabilidade de 2% de vir a ocorrer
temperatura menor anualmente, obtido da distribuição de temperaturas mínimas
anuais;
 Temperatura máxima: valor máximo com probabilidade de 2% de vir a ser excedido
anualmente, obtido da distribuição de temperaturas máximas anuais;
 Temperatura coincidente: valor considerado como média das temperaturas mínimas
diárias e suposto coincidente com a ocorrência da velocidade de vento de projeto.

As condições para cálculo mecânico dos cabos, de acordo com a norma NBR5422/1985
[3], são as seguintes:

 Temperatura média sem vento;


 Temperatura máxima média sem vento;
 Temperatura mínima sem vento;
 Temperatura coincidente com vento de projeto.

Na hipótese de velocidade máxima de vento, o esforço de tração axial nos cabos não deve
superar 50% da carga nominal de ruptura do mesmo.

Para a condição de temperatura mínima, recomenda-se que o esforço de tração axial não
supere 33% da carga de ruptura nominal do cabo.

Para a condição de temperatura média, condição de trabalho de maior duração, recomenda-


se que os limites da tabela abaixo, de acordo com o tipo de cabo, sejam respeitados:
Tabela 3.3 - Cargas máximas recomendadas para cabos na condição de trabalho de maior duração [3].

Cabos % de carga de ruptura


Aço AR 16
Aço EAR 14
Aço-cobre 14
Aço-alumínio 14
CA 21
CAA 20
CAL 18
CALA 16
CAA-EF 16

Os isoladores não deverão ser submetidos a um esforço superior a 40% da sua carga
nominal de ruptura para cargas de duração prolongada e de 60% para cargas de curta duração.

O vento deve ser considerado atuando na direção em que ocasione a condição mais severa
de carregamento. Segundo a fórmula ( 69 ), o pior caso é para um ângulo de incidência de 90º.

3.2.2 Norma NBR 6123/1988 – Projeto de linhas aéreas de transmissão de


energia elétrica

A velocidade básica de vento é definida a partir da Figura 3.11 abaixo que representa as
isopletas do território nacional. Neste mapa, considera-se uma rajada de 3 segundos, a 10 metros
acima do solo em campo aberto e plano, com um período de 50 anos.
Figura 3.11 - Isopletas da velocidade básica V0 (m/s), NBR 6123 [4].

A velocidade característica do vento Vk é determinada pela equação abaixo:

Vk = S1 .S2 .S3 .V0 ( 71 )


3.2.2.1 Determinação do fator topográfico S1

O fator topográfico S1 leva em consideração as variações do relevo do terreno. Para terreno


plano ou fracamente acidentado S1 = 1,0. Para vales profundos protegidos de ventos de qualquer
direção S1 = 0,9. Para taludes e morros o valor de S1 depende da posição do objeto com relação ao
morro/talude, da diferença entre nível entre a base e o topo do talude ou morro e da inclinação
média do talude ou encosta do morro. Neste trabalho será considerada apenas a condição de terreno
plano ou fracamente acidentado.

3.2.2.2 Rugosidade do terreno, dimensões da edificação e altura sobre o terreno:


Fator S2

O fator S2 considera o efeito combinado da rugosidade do terreno, da variação da velocidade


do vento com a altura acima do terreno e das dimensões da edificação ou parte da edificação em
consideração e é definido pela seguinte fórmula:

z p
S2 = b.Fr .( ) ( 72 )
10

Onde:

 Fr é o fator de rajada;
 b e p são parâmetros relacionados à rugosidade do terreno;
 z é a altura acima do nível geral do terreno (m).

A norma fornece duas maneiras para determinação destes valores. A primeira delas
classifica o terreno, com relação à rugosidade, em cinco categorias e classifica as edificações em
três classes, de acordo com as dimensões da mesma. A classe das edificações está relacionada
diretamente ao intervalo de tempo para o cálculo da velocidade média, sendo que quanto maior a
edificação, maior será o intervalo para o cálculo. A Tabela 3.4 e a Tabela 3.5 apresentam as
considerações para classificação da rugosidade do terreno e da classe da edificação,
respectivamente.

Tabela 3.4 – Classificação da rugosidade do terreno.

Categoria
do Características Exemplos
Terreno
Mar calmo
Superfícies lisas de grandes dimensões com mais
I Lagos e rios
de 5 km de extensão
Pântanos sem vegetação
Zonas costeiras
Terrenos abertos em nível ou aproximadamente
Pântanos com vegetação rala
II em nível, com poucos obstáculos isolados
Campos
Cota média do topo dos obstáculos de 1,0 metro
Pradarias
Granjas
Terrenos planos ou ondulados com obstáculos tais
Casas de campo
III como sebes, muros e edificações baixas
Sebes e muros
Cota média do topo dos obstáculos de 3,0 metros
Subúrbios com casa baixas e esparsas
Parques e bosques com muitas
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos e
árvores
IV pouco espaçados
Cidades pequenas e arredores
Cota média do topo dos obstáculos de 10,0 metros
Áreas industriais desenvolvidas
Florestas com árvores altas
Terrenos cobertos por obstáculos numerosos,
Centros de grandes cidades
V grandes, altos e pouco espaçados
Complexos industriais bem
Cota média do topo dos obstáculos de 25,0 metros
desenvolvidos

Tabela 3.5 – Classe de edificações

Classe Características
Toda edificação na qual a maior dimensão horizontal ou vertical não ultrapassa
A
20 metros
Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal
B
ou vertical da superfície frontal está entre 20 e 50 metros
Toda edificação ou parte de edificação para a qual a maior dimensão horizontal
C
ou vertical da superfície frontal ultrapassa 50 metros

É apresentada uma tabela com valores de S2 em função da classificação do terreno quanto à


rugosidade, quanto à classe da edificação e quanto à altura sobre o terreno. A Tabela 3.6 abaixo
apresenta parte dessa tabela para alturas até 100 metros.
Tabela 3.6 – Valores de S2.

Categoria
Z I II III IV V
[m] Classe
A B C A B C A B C A B C A B C
≤5 1,06 1,04 1,01 0,94 0,92 0,89 0,88 0,86 0,82 0,79 0,76 0,73 0,74 0,72 0,67
10 1,10 1,09 1,06 1,00 0,98 0,95 0,94 0,92 0,88 0,86 0,83 0,80 0,74 0,72 0,67
20 1,15 1,14 1,12 1,06 1,04 1,02 1,01 0,99 0,96 0,93 0,91 0,88 0,82 0,80 0,76
30 1,17 1,17 1,15 1,10 1,08 1,06 1,05 1,03 1,00 0,98 0,96 0,93 0,87 0,85 0,82
40 1,20 1,16 1,17 1,13 1,11 1,09 1,08 1,06 1,04 1,01 0,99 0,96 0,91 0,89 0,86
50 1,21 1,21 1,19 1,15 1,13 1,12 1,10 1,09 1,06 1,04 1,02 0,99 0,94 0,93 0,89
60 1,22 1,22 1,21 1,16 1,15 1,14 1,12 1,11 1,09 1,07 1,04 1,02 0,97 0,95 0,92
80 1,25 1,24 1,23 1,19 1,18 1,17 1,16 1,14 1,12 1,10 1,08 1,06 1,10 1,00 0,97
100 1,26 1,26 1,25 1,22 1,21 1,20 1,18 1,17 1,15 1,13 1,11 1,09 1,05 1,03 1,01

O Anexo A da norma apresenta os valores dos parâmetros b, p e Fr para diversos intervalos


de tempo de integração para as cinco categorias de rugosidade de terreno. Para edificações que
excedem 80 m em alguma de suas dimensões é utilizada a metodologia apresentada no Anexo A,
a qual determina um intervalo de tempo de integração que deverá ser utilizado para determinação
do fator S2. O cálculo final da velocidade média de vento sobre o intervalo de tempo considerado
é feito de maneira iterativa utilizando as seguintes expressões:

Para o cálculo do intervalo de tempo:

L
t = 7,5 . ( 73 )
Vt (h)

Onde:

 t é o intervalor de tempo (s);


 L é a altura ou largura da superfície frontal (m);
 Vt(h) é a velocidade média do vento sobre t segundos no topo da edificação ou parte
da edificação em estudo e é calculada por:
Vt (h) = S1.S2 (h).V0 ( 74 )

Verifica-se que o valor de velocidade média Vt(h) depende da determinação do parâmetro


S2 que, por sua vez, depende da altura, da rugosidade do terreno e do intervalo de tempo de
integração adotado e este depende da velocidade média Vt(h).

3.2.2.3 Fator estatístico S3

O fator estatístico é baseado em nível de probabilidade de 63% de que a velocidade básica


de projeto seja igualada ou excedida em um período de retorno de 50 anos. A Tabela 3.7 abaixo
indica valores mínimos de S3:

Tabela 3.7 - Valores para o fator estatístico S3.

Grupo Descrição S3
Edificações cuja ruína total ou parcial pode afetar a segurança ou possibilidade de
1 1,10
socorro a pessoas após uma tempestade destrutiva (hospitais, quartéis de bombeiros, ...).
Edificações para hotéis e residências. Edificações para comércio e indústria com alto
2 1,00
fator de ocupação.
3 Edificações e instalações industriais com baixo fator de ocupação (depósitos, ...). 0,95
4 Vedações (telhas, vidros, ...). 0,88
5 Edificações temporárias. 0,83

Para subestações será considerado neste trabalho S3 = 1,1.

3.2.2.4 Pressão dinâmica

A partir dos valores apresentados de S1 e S3, pode-se escrever que:


Vo .S2
Vk = ( 75 )
3,27

Sendo Vo dada em km/h.

O valor da pressão dinâmica é dado pela expressão abaixo:

q = 0,613.Vk2 ( 76 )

3.2.2.5 Componente perpendicular ao cabo da força de arrasto

O cálculo da componente perpendicular ao cabo depende do coeficiente de arrasto que, por


sua vez, depende do número de Reynolds.

O número de Reynolds é calculado pela fórmula abaixo:

Re = 70000.Vk .d ( 77 )

Onde:

 d é o diâmetro do cabo (m);


 Vk é a velocidade característica (m/s).

A Tabela 3.8 a seguir relaciona os valores obtidos para o número de Reynolds com o
coeficiente de arrasto.

Tabela 3.8 - Número de Reynolds.

Número de Reynolds Coeficiente de arrasto do condutor


Re ≤ 25000 1,3
42000 < Re 1,1
A expressão para o cálculo da componente perpendicular ao cabo é a seguinte:

Fy = Ca .q.V.d.sen 2α ( 78 )

Onde:

 Fy é a força de arrasto perpendicular ao cabo (N);


 Ca é o coeficiente de arrasto, conforme tabela acima;
 q é a pressão dinâmica (N/m2);
 V é o comprimento do cabo (m);
 d é o diâmetro do cabo (m);
  é o ângulo que o vento forma com o cabo.

3.2.3 Cargas de vento nas cadeias de isoladores

Aproxima-se a cadeia de isoladores a uma barra prismática de seção circular. Desta forma,
a força de arrasto é dada pela expressão:

Fa = Cai .q.K.Li .di ( 79 )

Onde:

 Cai é o coeficiente de arrasto que depende do número da relação Li/di, conforme


tabela abaixo;
 q é a pressão dinâmica (N/m2);
 Li é o comprimento da cadeia de isoladores (m);
 di é o diâmetro da cadeia de isoladores (m);
 K é um coeficiente que depende da relação li/Cai. Entretanto, para barras com ambas
as extremidades obstruídas K =1,0.
Tabela 3.9 - Coeficientes de arrasto - Cadeias de isoladores.

Cai
Li/di ≤ 5 0,90
5 < Li/di ≤ 10 1,00
Li/di > 10 1,10

3.3 Cálculo dos Esforços Dinâmicos

Nesta seção são apresentadas as considerações acerca dos cálculos dos esforços dinâmicos
devidos à passagem das correntes de curto-circuito pelos condutores flexíveis da subestação. O
cálculo é apresentado na norma IEC 60865-1 – Short-Circuit Currents – Calculation of Effects.
Além disso, alguns tópicos são aprofundados com os conteúdos das brochuras do CIGRÉ 105 –
The Mechanical Effects of Short-Circuit Currents in Open Air Substations e 214 - The Mechanical
Effects of Short-Circuit Currents in Open Air Substations – part II.

É apresentado o procedimento de cálculo das trações Ft,d , Ff,d e Fpi,d referentes ao efeito das
forças entre fases, de queda do condutor ao cessar a passagem da corrente de curto-circuito e de
pinçamento entre subcondutores de uma mesma fase, respectivamente.

3.3.1 Cálculo da força Ft,d sem Considerar o Efeito do Dropper

Calcula-se a característica da força eletromagnética por unidade de comprimento em


condutores flexíveis:

μ0 (I'' )2 l
F' = .0,75. K . C ( 80 )
2π a V

Se a corrente flui por todo o comprimento do condutor a expressão acima deve ser utilizada.
Ressalta-se que, caso seja considerado o dropper, a expressão XXXX deve ser utilizada.
Onde:

 F’ é a característica da força eletromagnética (N/m);


 μ0 é a permeabilidade magnética no vácuo (N/A2);
 Ik′′ é a corrente de curto circuito (A);
 a é a distância entre as fases (m);
 lc é o comprimento do condutor entre os vãos (m);
 l é comprimento do vão (m);

*lc = l – 2*li, sendo li o comprimento da cadeia de isoladores

Determina-se a relação entre a característica da força eletromagnética F’ e a gravidade:

F'
r= ( 81 )
n.m s' .g

Onde:

 r é a relação entre as forças supracitadas;


 n é o número de subcondutores (se for o caso);
 m′s é a massa específica do condutor considerando o peso dos pingados, espaçadores
e a ação de vento (kg/m);
 g é a aceleração da gravidade (m/s2)

A direção δ da força resultante entre o peso do condutor e a força F’ é dada por:

δ1 = tan -1 (r) ( 82 )

O cálculo do período de oscilação do condutor depende da flecha no meio do vão que foi
determinada nas seções anteriores e pode ser calculada em função da tração estática Fst.

n.ms' .g.l2
f es = ( 83 )
8.Fst
Onde:

 fes é a flecha do condutor no meio do vão (m);


 Fst é a tração estática calculada através das metodologias apresentadas nos itens
anteriores (N)

O período de oscilação do condutor é então calculado pela fórmula:

f es
T = 2.π. 0,8. ( 84 )
g

Durante a passagem da corrente de curto-circuito o condutor oscila com um período dado


por Tres que depende do período calculado acima e da direção da resultante entre a força peso e a
força eletromagnética F’ e da relação r entre essas forças.

T
Tres =
 π 2  δ 2  ( 85 )
4
1+r 2 . 1- .  1  
 64  90º  
Calcula-se o módulo da elasticidade efetivo do condutor. Este valor será utilizado para
determinar a norma da rigidez resultante entre condutores e estruturas de suporte.

 Fst Fst
 E.[0,3+0,7.sin( n.A .σ .90°)], para n.A <σ fin
E eff = 
s fin s
( 86 )
 Fst
 E, para <σ fin
 n.As

Sendo:

 As é a seção transversal do subcondutor (m2);


 σfin é o valor para o qual o Módulo de Young torna-se constante => 50.106 (N/m2);
 E é a elasticidade do condutor (N/m).
A norma da rigidez resultante entre os suportes e os condutores é dada por:

1 1
N= + ( 87 )
S.l n.A s .E eff

Onde:

 S é a constante elástica resultante dos dois suportes, ou a constante de spring


resultante dos dois suportes (N/m).

Para vãos com condutores tracionados, caso o valor de S não seja conhecido, o valor para
cada estrutura nas seguintes faixas deve ser utilizado:

Tabela 3.10 - Valores de constante de spring para cada estrutura de suporte.

Faixa Tensão Nominal


[N/m] [kV]
150.103 até 1300.103 123
400.103 até 2000.103 245
600.103 até 3000.103 420

Efetua-se o cálculo do fator de stress.

(n.g.ms' .l)2
ζ= ( 88 )
24.Fst3 .N

Quando cessa a passagem da corrente de curto-circuito, o ângulo de oscilação do condutor


é calculado da seguinte maneira:

 Tk1 Tk1
δ1.[1-cos(360° T )], para 0  T  0,5
δend = 
res res
( 89 )
 T
 2.δ1 , para k1  0,5
 Tres

Onde:

 Tk1 = a duração do curto-circuito (s).


O cálculo do máximo ângulo de oscilação depende de um parâmetro χ, dado por:

1- r.sen( end ), para 0   end  90


χ=  ( 90 )
 1- r, para  end > 90

Então, é possível calcular o máximo ângulo de oscilação pela expressão abaixo:

 1,25.cos -1 (χ), para 0,766  χ  1



δ max = 10° + cos -1 (χ), para -0,985  χ  0,766 ( 91 )
 180°, para χ<-0,985

A partir da comparação do tempo para extinção da corrente de curto-circuito Tk1 e o tempo
de oscilação resultante Tres, calcula-se o parâmetro de carga:

 T
 3.( r 2 +1 - 1), para Tk1  res
φ=  4 ( 92 )
3.( r.sen(δ ) + cos(δ ) - 1), para T < Tres
 end end k1
4
O fator da força de tração é determinado pelo gráfico abaixo:

Figura 3.12 - Determinação do fator da força de tração.

O fator de tensão também pode ser determinado pela expressão abaixo, que depende dos
valores do fator de stress e do parâmetro de carga, calculados em ( 88 ) e ( 92 ), respectivamente.
φ2 ψ3 + φ.(2+ ).ψ2 + (1+2. )-  .(2+φ)=0 ( 93 )

Finalmente, a tração devido à força entre fases originada pela passagem da corrente de
curto-circuito é calculada por:

Ft,d =Fst .(1+φ.ψ) ( 94 )

3.3.2 Cálculo da Força Ft,d Considerando o Efeito do Dropper

Droppers afetam o movimento do condutor principal. Dependendo da posição do dropper


o movimento do condutor principal pode ser dificultado, o movimento de oscilação bem como o
máximo ângulo de oscilação. O efeito de droppers deve ser considerado quando estes estão no
centro ou com o ponto de fixação próximo ao centro – até 10% do comprimento do vão distante do
centro. Para a determinação dos esforços, primeiramente a expansão elástica é determinada:

ε ela = N.(Ft,d - Fst ) ( 95 )

Ressalta-se que o valor Ft,d utilizado nesta expressão é aquele obtido em ( 94 ), para os casos
em que não há dropper no meio do vão.

A expansão térmica é determinada por:

 I k 2 Tres Tres
 c th .( ) . , para Tk 1 
 n.As 4 4
ε th =  ( 96 )
 c .( I k ) 2 .T , para T  Tres


th
n.As
k1 k1
4
cth é o coeficiente de expansão térmico do material. A tabela a seguir apresenta os valores
do coeficiente cth.
Tabela 3.11 –Coeficiente cth.

Relação entre as
Coeficiente cth Material
seções de alumínio e aço Al/St
Alumínio
-18
m4
0,27.10 Liga de alumínio > 6
A 2 .s Alumínio / Aço
m4
0,17.10-18 Alumínio / Aço ≤ 6
A 2 .s
m4
0,088.10-18 Cobre ------
A 2 .s

O fator CD é o fator de dilatação e permite considerar o aumento da flecha devido à expansão


térmica e à expansão elástica:

2
3 1
CD = 1+ .    ε ela +ε th  ( 97 )
8  f es 

O fator CF ou fator de forma considera o possível aumento na flecha dinâmica do condutor


causado pela mudança na forma do condutor no vão

 1,05 para r  0,8



CF= 0,97 + 0,1.r , para 0,8 < r < 1,8 ( 98 )
 1,15 para r  1,8

A flecha dinâmica é então determinada:

fed = CD . CF . fes ( 99 )

O dropper pode estar em um plano paralelo ou perpendicular ao plano do condutor


principal. O ângulo de oscilação considerando as limitações impostas pela presença do dropper é
calculado da seguinte maneira:
  (h+f es )2 +f ed2 -(l2v -w 2 ) 
 arccos   plano paralelo
  2.f ed (h+f es ) 
δ=  ( 100 )
arccos  (h+f es ) +f ed -(l v -w )  +arccos  
2 2 2 2
h+f es
  plano perpendicular
  2.f
 ed (h+f es ) 2
+w 2

 
 (h+f es ) 2
+w 2


Onde:

 lv é o comprimento total do pingado;


 h,w representam as dimensões do pingado, de acordo com a figura ;

Figura 3.13 - Dimensões do dropper.

Se o valor  calculado em ( 100 ) for superior ou igual ao valor de 1 ( 82 ) o condutor não


é influenciado pelo dropper dentro do período Tres/4 e o parâmetro de carga φ deve ser calculado
com a expressão ( 92 ) de acordo com a metodologia apresentada em 3.3.1.

Caso o valor calculado seja inferior, o condutor principal é influenciado pelo dropper e a
seguinte formulação deve ser utilizada para determinação do parâmetro de carga:

 3[rsen( ) + cos( ) -1], para  end  


= ( 101 )
3[rsen( end ) + cos( end ) -1], para  end  

A partir do valor do parâmetro de carga , determina-se novamente o valor da força de


tração  utilizando o gráfico apresentado na Figura 3.12 ou a equação ( 93 ).

A força Ft,d é calculada utilizando-se a expressão ( 94 ).


3.3.3 Cálculo da Força Ff,d

A força Ff,d, ou de drop back, é devida à queda ou à oscilação do condutor de volta à posição
original quando cessa a passagem da corrente de curto-circuito. Esta força só é considerada quando
as seguintes condições são satisfeitas:

 A relação r, calculada em ( 81 ), entre a característica da força eletromagnética F’ e


a gravidade for inferior a 60%;
 Se o máximo ângulo de oscilação, calculado por ( 91 ), for superior a 70º;
 Caso o efeito do dropper seja considerado, o ângulo de oscilação , calculado por (
100 ), for superior a 60º.

Satisfeitas todas as condições, o valor da força Ff,d é dado por:

δmáx
Ff,d =1,2.Fst . 1 + 8 . ( 102 )
180°

3.3.4 Cálculo da Força Fpi,d

Caso os subcondutores possuam configuração regular com até 4 cabos/fase e as condições


abaixo sejam satisfeitas, pode-se utilizar a seguinte expressão para o cálculo:

Condições
as as
 2,0 e ls  50a s ou  2,5 e ls  70a s
d d
Fpi,d  1,1.Ft,d

Onde:

d = o diâmetro do subcondutor [m].


Satisfeitas as condições acima, pode-se afirmar que os condutores colidem efetivamente
durante o curto-circuito.

Caso a condição não seja satisfeita a metodologia abaixo deverá ser utilizada:

1.1.1 Cálculo dos fatores auxiliares v1, v2 e v3

1 (a s -d).ms'
v1 = f. 2
180° μ 0  I''k  n-1
sen( ) .  .
n 2π  n  a s

Onde:

f = a frequência (Hz)

Os fatores v2 e v3 são obtidos a partir dos seguintes gráficos:

Figura 3.14 - Determinação do fator v2


Figura 3.15 - Determinação do fator v3

1.1.2 Cálculo da força Fv

μ 0 I''k 2 ls v2
Fv =(n-1). .( ) . .
2π n a s v3

Onde:

ls = a distância entre dois espaçadores ou entre um espaçador e o suporte [m];

as = a distância equivalente entre os subcondutores [m].


1.1.3 Cálculo dos fatores que caracterizam a contração do conjunto de
subcondutores

Fst .ls2 .N 180° 2


ε st =1,5. .[sen( )]
(a s - d)2 n
Fv .l3s .N 180° 3
ε pi =0,375.n. 3
.[sen( )]
(a s - d) n

1.1.4 Cálculo do parâmetro j

O parâmetro j determina a configuração dos subcondutores durante o curto-circuito.

ε pi
j=
1+ε st

1.1.5 Cálculo da força Fpi,d

Caso j ≥ 1

a s -d
v4 =
d
1/2
 180 4 
 (sen( ))  tan -1 v  
μ I l  4  1
''
1 9 n
ve = +  .n.(n-1). 0 .( k ) 2 .N.v 2 .( s ) 4 . . 1- - 
2 8 2π n a s -d ξ 3
 v 4  4 
 
v
Fpi,d = Fst .(1+ e .ζ)
ε st

ξ é obtido do gráfico a seguir:


Figura 3.16 - Determinação de ξ

Caso j<1

a s -d
v 4 = η.
a s - η.(a s -d)
1/2
 180 4 
1 9  μ I ''
l (sen(
n
)) 
 tan -1
v 
4  1
ve = +  .n.(n-1). 0 .( k ) 2 .N.v 2 .( s ) 4 . .  1- - 
2 8 2π n a s -d η4  v 4  4 
 
v
Fpi,d = Fst .(1+ e .η2 )
ε st

η é obtido de um dos gráficos a seguir:


Figura 3.17 - Determinação de η
Figura 3.18 - Determinação de η
Figura 3.19 - Determinação de η
4 Referências Bibliográficas

[1] Artigo do Almeida


[2] Kiessling / Nolasco
[3] NBR 5422
[4] NBR 6123
[5] IEC 60826
[6]

Você também pode gostar