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A SACERDOTISA, A PAPISA

A Sacerdotisa - Rider-Waite Tarot

Símbolos: as cores azul, branco e preto, romãs, coroa da lua de Isis,


véu, cruz solar, lua crescente. Lótus preto e branco, pilares (B
representa Boaz, significando negação, J representa Jachim,
significando começo). Pergaminho com a palavra Tora (podendo ser o
Torah Judeu ou um anagrama da palavra Tarot, com a ultima letra
escondida).
Ela tem nas mãos o livro da Sabedoria e está disposta a ensinar àqueles
que a procuram. Apenas visíveis estão atrás dela as colunas do Templo
(Jachim e Boaz, simbolismo que veremos repetido na estrutura das
Lojas Maçonicas). O simbolismo indica que para atravesar as colunas
devemos passar por ela.

História: seguindo sua jornada, o Louco encontra uma bela e


misteriosa dama coberta com um véu, sentada em um trono entre
dois pilares. Ela é o oposto do Mago: quieta enquanto ele é
eloqüente, imóvel enquanto ele está em movimento, sentada
enquanto ele está em pé, envolvida pela noite enquanto ele se expõe
ao brilho do dia. Ela é a Papisa e surpreende o Louco, sabendo tudo
sobre ele. Mais, ela sabe quais ferramentas ele carrega em sua
trouxa. Ela informa o Louco que sabe como utilizar as ferramentas
que ele carrega. Ela pode ensiná-lo, se ele assim desejar.
Respeitosamente ele pede a ela que transmita seu conhecimento, o
que ela faz em forma de pergaminhos antigos e sussurros suaves.
Agora com conhecimento suficiente para tomar decisões iniciais sobre
o que quer, onde quer ir e o que irá fazer, o Louco empurra as
cortinas e caminha por entre os dois pilares em direção ao seu futuro.

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Significado: a Papisa é a carta do conhecimento, do instinto, do
sobrenatural, do conhecimento secreto.Ela possui pergaminhos com
informações sobre os arcanos, que ela deve ou não revelar a você. A
coroa da lua em sua cabeça e a lua crescente a seus pés indicam sua
vontade de iluminar o que você não consegue ver, revelar
os segredos que você precisa saber para tomar a decisão sobre
algum problema ou trabalho, investimento, amor, carreira, família,
etc. E, finalmente, atrás dela está a cortina para o futuro. As romãs
que decoram a cortina nos lembram de Perséfone, que foi levada à
terra dos mortos, comeu seu fruto e tornou-se a única deusa com
permissão para viajar e voltar daquela terra estranha.Isso indica que
quando você chegar à Papisa você irá aprender algumas coisas
muito estranhas. Muito estranhas mesmo.

A Sacerdotisa, dentro da premissa cabalística, rege o 13º Caminho, o


Caminho da Inteligência Unitiva, que vai de Kether a Tiphareth. “O
Décimo Terceiro Caminho é chamado Inteligência Unificadora, porque
ele é a Essência da Glória; ele é a Consumação da Verdade dos Seres
Espirituais Individuais”. Sua letra é Ghimel, cujo significado é
Camelo. Aquele que porta sua própria independência, apontando para
a solitude dessa personagem. O Caminho regido por essa letra
atravessa o Abismo, levando a luz de Kether a Tiphareth, o Maior
Semblante iluminando o Menor Semblante, o Rei instruindo o
Príncipe. Tiphareth é a única Sephira abaixo do Abismo iluminada
pela luz de Kether, que só como reflexo chega às demais Sephiroth.
Mas, mais que uma representação alegórica do conceito relacionado à
letra hebraica relacionada, a lâmina possui, de forma velada, a
representação da Árvore da Vida, que por sua vez apresenta um novo
nível de interpretação, mais profundo, do seu significado divinatório.
Comecemos pelas colunas que a ladeiam. À esquerda, Boaz, a Coluna
Negra, representa o Caminho que liga Geburah a Hod. Do outro lado,
Jakin, a Coluna Branca, representa o Caminho que liga Hesed a
Netzach. A Senhora assentada representaria, portanto, a Coluna
Central, que liga Tiphareth a Yesod.
Aparentemente, isso soaria contraditório, já que a mesma está
assentada em Daat, cuja Imagem Mágica é o Trono Vazio, entre
Kether e Tiphareth, ou seja, um Caminho acima. Reitero,
aparentemente.

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Árvore da Vida
Ilustração de C.K.R.
Continuemos a verificar os símbolos da lâmina, agora nos atendo à
Senhora, como representante do Pilar Central.
Ao Pilar Central é atribuído o Caminho da Flecha. Esse Caminho, que
parte de Malkuth a Yesod, desta a Tiphareth e por fim a Kether, seria
o Caminho mais veloz para a plena iluminação. Todavia, também é o
mais perigoso e dado aos percalços do Abismo, sendo atravessado
por duas Noites Escuras da Alma, entre Netzach e Hod, cruzando
Tiphareth e Yesod, e depois entre Geburah e Hesed, cruzando
Tiphareth e Kether. Nesses dois testes, o Iniciado é testado em sua
pureza e comprometimento com a Grande Obra.
Observemos a Senhora. Aos seus pés, a Lua; sobre sua cabeça, a Lua
Cheia, cujo símbolo – o círculo – mescla-se à iconografia do Sol, sua
contraparte e de quem é reflexo. Temos aqui, a representação da
Coluna Central, que equilibra Boaz e Jakim.
Ao mesmo tempo, porém, seus símbolos apontam para o Caminho
acima – o Trono, a Torá, como símbolos do conhecimento que revela
a Verdade velando-se sutilmente em nuances que se apresentam à
medida em que o Iniciado está pronto, como que sedimentando
empiricamente o que antes seria apenas hipótese.

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Voltemo-nos para o Véu atrás da Senhora. Cinco flores a ladeiam;
cada flor representa uma Sephira. Repare que, se fossem círculos, a
cabeça da senhora seria o círculo central; se traçássemos um
hexágono, tendo a cabeça por centro, a cruz em seu peito seria o
vértice inferior.
Tomando por referência a informação anterior, temos a cruz no peito
como Tiphareth (os dois símbolos remetem à essa atribuição: a cruz,
metáfora da Experiência Espiritual da Sephira, a Visão dos Mistérios
do Sacrifício – ou Crucificação, em outras versões; e a sua disposição
no centro do peito, onde reside o coração – área do corpo regida por
Tiphareth). Ladeiam-lhe Geburah e Hesed; acima, Binah e Chokmah.
Acima da cabeça, uma flor representa Kether.

A Sacerdotisa
no Thoth Tarot de Crowley

A Coroa, que naturalmente seria atribuída a Kether, aqui ocupa a


posição de Daat. Os chifres tocam Binah e Chokmah, mostrando que
o Conhecimento (Daat) é obtido pela depuração da Compreensão
(Binah) e da Sabedoria (Chokmah).
Curiosamente, não temos aqui Malkuth. Ainda que a Sacerdotisa seja
um pilar, seus pés repousam sobre o Fundamento (Yesod), o que lhe
concede seus poderes intuitivos, mediúnicos e xamânicos, mas,
paradoxalmente, impede sua realização e concretização de maneira
objetiva; seu campo de atuação é o mundo onírico, astral, de onde
seus influxos, devidamente depurados, serão postos à serviço em
Malkuth; da mesma forma, após o encontro com o Sagrado Anjo
Guardião, seguindo o Caminho da Flecha, a Visão da Engenharia do
Universo será vista através da subjetividade de sua atuação, como
ondas em um lago; ainda que reais, são apenas forma de uma força
manifesta – o vento sobre o lago ou a pedra lançada, que, como
causa que são do efeito percebido.

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Observações: Ela pode representar o consulente, que pode estar
descobrindo (ou irá descobrir) poderes psíquicos, um grande segredo
ou pode estar estudando textos religiosos.
O que eu acho mais importante lembrar sobre a Papisa é que ela é
aquela que pode guia-lo através da parte mais negra da sua vida, ou
de você mesmo, até o outro lado.Ela senta entre os pilares da luz e
da escuridão, da existência e da negação, crescente e minguante,
pois ela, sozinha, sabe o caminho. Ela visitou a terra dos mortos e
retornou; ela é todo o conhecimento secreto.

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