Você está na página 1de 10

fls.

1
1
Advocacia & Consultoria Jurídica.

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA DE RELAÇÕES DE


CONSUMO DA COMARCA DE SALVADOR–BA.

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
RICARDO FERREIRA DOS SANTOS, brasileiro, solteiro, vendedor,

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
inscrito no RG de nº. 06613021-SSP-BA e CPF de nº. 178.023.185-72, filho
de Antonio Ferreira dos Santos e Maria Borges dos Santos, nascido em
05/04/1956, natural de Muniz Ferreira-BA, residente na Rua Francis
Guarany, n° 91, Lobato, Salvador/BA, CEP. 40.325-960, vem propor:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS:

Em face da EMBASA-EMPRESA BAIANA DE ÁGUAS E


SANEAMENTO S.A, pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob o nº.
13.504.675/0001-10, com sede na 04ª Avenida, 420, Centro
Administrativo da Bahia (CAB), CEP 41745-002, Salvador/BA, e contra:

COMPANHIA DO METRO DA BAHIA (CCR METRO DA BAHIA),


pessoa jurídica, inscrita no CNPJ sob o nº 18.891.185/0001- 37, com sede
na Avenida Professor Magalhães Neto, nº 1752, Ed. Lena Empresarial, 16º
e 17º andar, Pituba, Salvador/BA, CEP 41810-012, pelos fatos e
fundamentos a seguir expostos:

DA JUSTIÇA GRATUITA:

Preliminarmente, a parte Autora requer à concessão do benefício da JUSTIÇA


GRATUITA, em virtude de sua situação econômica atual não lhe permitir arcar
com as custas do processo sem prejuízo do sustento próprio ou de sua família,
consoante se depreende do art. 2º e seguintes da Lei Federal 1.060, de 05 de
fevereiro de 1950.

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 2
2
Advocacia & Consultoria Jurídica.

2. DOS FATOS:

A parte autora é consumidor final do contrato de água estabelecido com a 01ª


ré, EMBASA S/A, conforme documentos e recibo de água em anexo.

Ocorre Exa., que no dia 01/04/2015 (quarta-feira), a CCR METRÔ BAHIA,


ora 02ª Ré, danificou a adutora de água que abastece grande parte dos bairros
de Salvador-Ba.

A primeira Ré EMBASA S/A, responsável por reparar as adutoras e fornecer

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
água aos cidadãos, só terminou o reparo no dia 08/04/2015, quando
gradativamente retornou o fornecimento de água para a população. Assim, a
parte autora que reside num dos bairros afetados, ficou 01 (uma) semana sem
água em sua residência, causando grandes transtornos.

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
Ora, a água é um elemento essencial para a vida do cidadão e, a sua falta gera
grandes prejuízos à saúde do consumidor, não só pela questão de ingestão da
água, mas também em razão de sua necessidade para determinados atos de
higiene, como escovar os dentes, lavar as mãos, dar descarga no vaso sanitário,
tomar banho, lavar roupa, limpar a casa, cozinhar, entre outras coisas que se
não forem feitas acaba prejudicando a saúde da pessoa e dos seus familiares,
seja ela de qual classe social for, pois, todos dependem a ÁGUA.

Com a notícia da falta de água, a parte Autora fez o máximo que podia para
economizar, mas já no 2º dia ele já estava sem uma gota de água em sua
residência.

Aproveitando-se disso, vários comércios colocaram preços abusivos nas garrafas


de água e, mesmo assim, conseguiram vender tudo. Até comprar água mineral
foi uma dificuldade, tanto para achar como também em razão dos preços.

O Autor tentou contratar um caminhão pipa para abastecer sua residência, mas
ninguém queria entregar sem uma escolta policial, pois estavam “assaltando”
os caminhões em busca da água.

A EMBASA S/A, só forneceu um caminhão pipa no domingo, para atender todo


o bairro. Foi uma guerra conseguir um balde de água, pois não havia
organização e os vizinhos se digladiavam. Somente para hospitais e postos de
saúde que os caminhões pipa da Ré estavam enchendo os taques, já nos bairros
populares ofendidos, apenas só enchiam baldes.

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 3
3
Advocacia & Consultoria Jurídica.

Vale frisar que o período que ficou sem água foi O DA PÁSCOA, incluindo a
SEXTA-FEIRA SANTA E O DOMINGO DE PÁSCOA.

Em vez de ser um período de descanso, acabou sendo de grande estresse


devido à dificuldade de arranjar água, entre outras coisas. Inclusive, o Autor
havia marcado para reunir a família nesses dois dias para almoçarem e
celebrarem a data comemorativa.

Ninguém se sente bem em ficar sem água em casa devido aos danos que isso
gera tanto fisicamente como psicologicamente. O Autor acostumado com

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
determinados atos de higiene, se viu numa situação de estrema agonia sem
poder lavar as mãos, escovar os dentes ou tomar banho. A falta de água de
forma irresponsável, afeta a dignidade da pessoa humana e a moradia digna.

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
A situação constrangedora que o Autor passou pela falta de água pode ser
facilmente presumida pelo julgador ao se colocar na situação. Cabe destacar
apenas que nesse período o Autor não mudou a sua rotina diária, porem, o fato
da falta de agua atingiu a ele e aos seus dependentes familiares, onde todos
foram submetidos ao ridículo em não ter água encanada na sua residência por
conta exclusiva das rés.

3. DO DIREITO:

3.1. DA RELAÇÃO DE CONSUMO:

O serviço de fornecimento de água prestado pela primeira Ré é, sem dúvida,


caracterizador de uma relação de consumo, considerado fornecedor a Empresa
Ré, na forma do artigo 03º do Código de Defesa do Consumidor, e os seus
usuários são consumidores na forma do Artigo 02º e parágrafo único da norma
consumerista.

Diferentemente da relação jurídica, a relação de consumo é mais simples e se


caracteriza apenas com a demonstração dos sujeitos e do objeto. Nesta
demanda, temos os sujeitos da relação, aqui Autor e Réu, ligados pelo objeto
(fornecimento de serviço de água).

A natureza jurídica da relação do Autor com a segunda Ré também torna-se


uma relação de consumo, pelo que se extrai do parágrafo único do art. 7º c/c o
art. 17, ambos do Código de Defesa do Consumidor, in verbis:

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 4
4
Advocacia & Consultoria Jurídica.

Art. 7° [...] Parágrafo único. Tendo mais de um autor a


ofensa, todos responderão solidariamente pela
reparação dos danos previstos nas normas de consumo.
Art. 17. Para os efeitos desta Seção, equiparam-se aos
consumidores todas as vítimas do evento.

Portanto, demonstrado que a parte Autora consome o serviço de água


fornecido pela, 01ª Ré EMBASA S/A e que sofreu um dano pelo descuido da
02ª Ré, CCR METRÔ DA BAHIA, que esta responsável pela construção do
metrô nesta cidade, então fica caracterizado a relação jurídica entre as partes
que devem reger-se pelo Código de Defesa do Consumidor e serem

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
responsabilizadas causadas a parte autora a toda população de Salvador-Ba e
região metropolitana.

3.2- DA VIOLAÇÃO AO DIREITO À SAÚDE E CONSEQUENTEMENTE

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
A DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA.

Logo em seu artigo 1º, a Constituição Federal estabeleceu os fundamentos da


República Federativa do Brasil e, no seu inciso III, trouxe a dignidade da pessoa
humana. Então, a dignidade da pessoa humana é o direito núcleo de onde vão
derivar os demais direitos fundamentais dos indivíduos. Sendo assim, qualquer
norma ou ato que desrespeite este princípio deve ser combatido, seja o ato
realizado pelo poder público ou pela pessoa.

Para melhor esclarecer sobre o princípio, destacamos as palavras


de LUIZ EDSON FACHIN (2006, p. 179-180):

A dignidade da pessoa é princípio fundamental da República federativa do


Brasil. É o que chama de princípio estruturante, constitutivo e indicativo das
ideias diretivas básicas de toda a ordem constitucional. Tal princípio ganha
concretização por meio de outros princípios e regras constitucionais formando
um sistema interno harmônico, e afasta de pronto, a ideia de predomínio do
individualismo atomista no Direito. Aplica-se como leme a todo o ordenamento
jurídico nacional compondo-lhe o sentido e fulminando de inconstitucionalidade
todo preceito que com ele conflitar.

3.3. DAS OBRIGAÇÕES DAS CONCESSIONARIA DE SERVIÇOS


PÚBLICOS:

Com a vigência da Lei 8.078/90, tivemos grandes conquistas sociais e uma delas
em razão do que ficaram estabelecidos no artigo 22 do CDC, determinando que

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 5
5
Advocacia & Consultoria Jurídica.

os serviços públicos fossem adequados, eficientes, seguros e, quanto aos


essenciais, contínuos. O CDC garante uma melhor qualidade devida ao
indivíduo, ao proteger a dignidade, a saúde, a segurança, a boa prestação do
serviço, entre outras coisas.

Art. 03º. A saúde tem como fatores determinantes e condicionantes, entre


outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o
trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e
serviços essenciais; os níveis de saúde da população expressam a organização
social e econômica do País. (grifos nossos).

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do
disposto no artigo anterior, se destinam a garantir às pessoas e à coletividade
condições de bem-estar físico, mental e social.

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
Então a saúde do indivíduo não está relacionada apenas com a medicina ou a
estrutura hospitalar do país, mas também a outros fatores básicos como
alimentação, saneamento básico, lazer e acesso a bens e serviços essenciais,
para garantir condições de bem-estar físico, mental e social, ou seja, é a
proteção da integridade física e psíquica do indivíduo.

Podemos dizer que esses fatores básicos de saúde (alimentação, saneamento


básico, lazer, etc.) estão diretamente relacionados, principalmente, com o
fornecimento de água. O simples ato de lavar as mãos previne uma série de
doenças, segundo campanha do Ministério da Saúde.

3.4 - DA NECESSIDADE DA ÁGUA NA VIDA DO CIDADÃO:

O bem mais precioso para a vida de uma pessoa é a água, já que cerca de 70%
do corpo humano é constituído por este elemento. É uma substância
fundamental em uma série de reações químicas que são responsáveis por
manter vivo o indivíduo. O indivíduo pode sobreviver vários dias sem comer,
mas sem água só aguenta até 05 dias.

A Constituição Federal garante ao cidadão o direito de uma vida digna e sadia.


Cabe aqui incluir o direito a moradia, previsto no artigo 06º da Constituição
Federal de 1988, que com alicerce na dignidade humana, deve ser protegido a
moradia digna, que tenha serviços básicos como água, energia elétrica, ligação
com esgoto, segurança entre outros serviços públicos.

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 6
6
Advocacia & Consultoria Jurídica.

3.5- DA RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA DA RÉS:

Considerando tratar-se de uma relação de consumo, o CDC estabelece que a


responsabilidade dos fornecedores são objetivas, ou seja, independe de culpa.

Portanto, não cabe aqui discussão de qual das Rés é culpada ou responsável, ou
se houve um erro de cálculo que gerou dano na adutora. Todas essas questões
devem ser discutidas na devida ação de regresso que por ela devem ser
proposta uma conta a outra.

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
Como a questão é regida pelo CDC, os danos sofridos pelo consumidor/parte
autora devem ser reparados sem que haja discussão de culpa. É o que se extrai
do art. 14 do CDC, in verbis:

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
Art. 14. O fornecedor de serviços responde,
independentemente da existência de culpa, pela reparação
dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos
à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Ensina ainda CAVALIERI FILHO:

“Em outras palavras: quem se dispõe a exercer alguma


atividade perigosa terá que fazê-lo com segurança, de modo
a não causar dano a outrem, sob pena de ter que por ele
responder independentemente de culpa.” (pág. 158 -
Programa de Responsabilidade Civil).

3.6. A JURISPRUDÊNCIA SOBRE O ASSUNTO DECIDIU QUE:

Ademais, a jurisprudência atualizada já se posicionou em favor do consumidor em


casos semelhantes, senão vejamos:

“PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO REGIMENTAL


NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II,
DO CPC. INEXISTÊNCIA.

FORNECIMENTO DE ÁGUA. ROMPIMENTO DE ADUTORA. NEXO


DE CAUSALIDADE RECONHECIDO PELA INSTÂNCIA ORDINÁRIA.
DANOS MATERIAIS E MORAIS. (...).

2. A INSTÂNCIA ORDINÁRIA CONCLUIU, CONSIDERANDO OS


ELEMENTOS PROBANTES EXISTENTES DOS AUTOS, PELA REUNIÃO
DAS CONDIÇÕES NECESSÁRIAS PARA A CARACTERIZAÇÃO DO
NEXO DE CAUSALIDADE ENTRE O ROMPIMENTO DE ADUTORA E

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 7
7
Advocacia & Consultoria Jurídica.

AS PERDAS POR ELA CAUSADAS. POR CONSEGUINTE, ENTENDEU


DEVIDA A INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E MATERIAIS, BEM
COMO RAZOÁVEL O VALOR FIXADO PARA ALUDIDA REPARAÇÃO.
(...).

4. AGRAVO REGIMENTAL A QUE SE NEGA PROVIMENTO.” (STJ -


AGRG NO ARESP: 348443 RJ 2013/0169120-5, RELATOR:
MINISTRO OG FERNANDES, DATA DE JULGAMENTO: 04/02/2014,
T2 - SEGUNDA TURMA, DATA DE PUBLICAÇÃO: DJE 12/02/2014).
E ainda:
“RECUSO INOMINADO. CORSAN. SUSPENSÃO DO
FORNECIMENTO DE ÁGUA. ALEGAÇÃO DE ACIDENTE E

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
ROMPIMENTO DE ADUTORA. DANOS MATERIAIS AFASTADOS
PORQUE NÃO DEMONSTRADOS. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS (...). RECURSO PROVIDO, EM PARTE.” (RECURSO
CÍVEL Nº 71005136189, SEGUNDA TURMA RECURSAL CÍVEL,
TURMAS RECURSAIS, RELATOR: ROBERTO BEHRENSDORF GOMES
DA SILVA, JULGADO EM 22/10/2014).

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
Por fim:
“EMENTA: RECURSOS INOMINADOS - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO
POR DANOS MORAIS - INTERRUPÇÃO DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA - ROMPIMENTO DA ADUTORA - AUSÊNCIA DE CASO
FORTUITO OU FORÇA MAIOR - DEVER DA RECLAMADA EM
CONSERVAR O EQUIPAMENTO - EVIDENTE FALHA NA PRESTAÇÃO
DO SERVIÇO - SERVIÇO ESSENCIAL – APLICAÇÃO DO ART. 22 DO
CDC – DANO MORAL CONFIGURADO - QUANTUM
INDENIZATÓRIO MANTIDO – SENTENÇA MANTIDA POR SEUS
PRÓPRIOS FUNDAMENTOS.” (TJ-PR - RI:
000117624201281600820 PR 0001176-24.2012.8.16.0082/0
(ACÓRDÃO), RELATOR: LEONARDO SILVA MACHADO, DATA DE
JULGAMENTO: 02/03/2015, 1ª TURMA RECURSAL, DATA DE
PUBLICAÇÃO: 23/03/2015)

3.7. DO DANO MORAL:

O Autor ao verificar que não tinha água em sua residência, um elemento


essencial para viver com mínima dignidade, passou por vários
constrangimentos, estresses, vexames e humilhações. Não se pode dizer que a
suspensão no fornecimento de água por uma semana ocasionou um mero
dissabor ao Autor, seria muita insensibilidade.

Na exegese do ilustre jurista RIZZATO NUNES, Desembargador do Tribunal de


Justiça do Estado de São Paulo, dano moral é:

"Aquele que afeta a paz interior de cada um. Atinge o


sentimento da pessoa, o decoro, o ego, a honra, enfim,
tudo aquilo que não tem valor econômico, mas que lhe
causa dor e sofrimento. É, pois, a dor física e/ou

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 8
8
Advocacia & Consultoria Jurídica.

psicológica sentida pelo indivíduo". (NUNES, Luiz


ANTÔNIO RIZZATO. Curso de Direito do Consumidor. 2.
ed. São Paulo: Saraiva, 2005, p. 307.) (grifos nossos).

Nesse diapasão, institui os artigos 927 do Código Civil:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187),
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.

Em contrapartida, deverá também a indenização servir como punição ao


ofensor, causador do dano, incutindo-lhe um impacto tal, suficiente para

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
dissuadi-lo de um novo atentado. Desta forma, prestará mais atenção as
normas que protegem ao consumidor, modificando a forma que presta seu
serviço e adequando sua conduta ao que estabelece o CDC. Inclusive, um maior
respeito ao Consumidor vai evitar novas demandas no Poder Judiciário.

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
Diante disso, devem o Réu serem condenados a pagarem uma indenização não
inferior a 20 salários mínimos para a parte Autora, para compensar pelos danos
extrapatrimoniais, dando a essa indenização a finalidade compensatória pelo
fato de não ter como mensurar o dano, e pedagógica/inibitório como meio de
coibir a reiteração do ato ilícito.

3.8. DO AUTO DE INFRAÇÃO EMITIDO PELA SUCOM DE Nº.


306345/2015-3:

Além do mais, unindo de forma indissolúvel e definitiva a ação e omissão danosas


perpetradas pelas Demandadas, a Secretaria Municipal de Urbanismo –
SUCOM emitiu em 08/04/2015 o Auto de Infração nº 306345/2015-3 contra a
Ré COMPANHIA DO METRÔ DA BAHIA - CCR METRÔ com base na Lei Municipal nº
3.903/88, ante a constatação de que 'as normas de segurança, necessárias para a
autorização da obra, não haviam sido cumpridas pelo consórcio durante a execução
das obras do sistema metroviário da cidade', conforme prova matéria jornalística
amplamente divulgada, e cujo inteiro teor da aludida autuação é a seguir
transcrito:

Auto de Infração nº 306345/2015-3

A SUCOM - SECRETARIA DE URBANISMO no uso de


suas atribuições, resolve, autuar por omissão do
licenciado e do responsável técnico a segurança na

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 9
9
Advocacia & Consultoria Jurídica.

execução da obra civil do sistema metroviário da


cidade do Salvador, Trem 2 Linha 1. Os serviços
realizados pela construtora desobedeceram as
condicionantes expressas no item 1 dos Alvarás de
Autorização nº 8619 e 6805, causando o rompimento
do adutor principal da Embasa, pondo em risco a
segurança e integridade dos operários das
propriedades vizinhas e do público.

Dispositivo infringido: Lei nº 3.903/88, Art.47:

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
Durante a execução das obras o licenciado e o
responsável técnico deverão preservar a segurança e
a integridade dos operários, das propriedades
vizinhas e do público, através das seguintes

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
providências:

4. DOS PEDIDOS:

a) Inicialmente, requer que seja deferido o benefício atinente à


justiça gratuita, tendo em vista que a parte Autora não possui condições
de arcar com as custas do processo sem prejuízo de sua própria mantença;

b) A citação dos Demandados para comparecerem à seção de


conciliação e à audiência de instrução e julgamento a serem designadas
por esse MM. Juízo, nela oferecendo, se quiser, defesa, sob pena de
revelia;

c) Que seja determinada a inversão do ônus da prova em razão da


hipossuficiência e vulnerabilidade do Autor/Consumidor, como determina
o art. 6º, VIII do Código de Defesa do Consumidor;

d) Por fim, requer a condenação dos Réus ao pagamento de uma


indenização não inferior a R$ 30.000,00 (trinta mil reais), ao Autor, para
compensar pelos danos extrapatrimoniais, dando a essa indenização a
finalidade compensatória pelo fato de não ter como mensurar o dano, e
pedagógica/inibitório como meio de coibir a reiteração do ato ilícito; Se
assim não entender, que V. Exª. arbitre um valor que possa compensar a
parte Autora e inibir os Réus de cometer novamente esta conduta.

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.
fls. 10
10
Advocacia & Consultoria Jurídica.

e) A condenação de custa s honorários advocatícios, este a base de


20% (vinte por cento), pelo zelo e dedicação esboçados por este
profissional na elaboração desta peça e na condução deste processo.

Pretende provar o alegado por todos os meios de prova em Direito


admitidos, especialmente documental, testemunhal e depoimento pessoal
das partes.

Dá-se a causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil reais).

Se impresso, para conferência acesse o site http://esaj.tjba.jus.br/esaj, informe o processo 0576096-59.2015.8.05.0001 e o código 1E894EB.
Nestes termos, pede deferimento.

Salvador, 03 de Dezembro de 2015.

Este documento foi assinado digitalmente por JOSE JOAQUIM SOUSA FERREIRA. Protocolado em 03/12/2015 às 14:18:56.
José Sousa
OAB/BA 23.596.
(Assinado eletronicamente)

Rua dos Algibebes, nº. 04, Edf. Silio Pedreira, sala 1005, Comércio, Salvador-Ba.
Tels. (71) 3322-1724, 9948-1880, 8100-5005, 9151-8530.

Você também pode gostar