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DISCIPLINA: EDUCAÇÃO E MOVIMENTOS SOCIAIS

DOCENTE: NEITON DOS REIS GOULARTH


DISCENTES: ADMA APARECIDA TEIXEIRA DE LELIS
ANA LAURA MARÇAL GONÇALVES
CURSO: PEDAGOGIA 4º PERÍODO - NOTURNO (PedN16)

ENSAIO

É SEGURO SER MULHER?


O ano é 2020, algumas pessoas da mesma família estão reunidas em uma tarde
conversando, quando surge o assunto: Assédio.
E alguém diz: “se ela for estrupada seria merecido, a culpa é dela por estar com
essas roupas”.
O ano é 2022, e a desigualdade de gêneros no país está aí: firme e forte. Sim,
tivemos avanços diversos e significativos que foram conquistados através da luta de
muitas mulheres que se uniram para tal ato. Porém, ainda vemos em todos os
lugares a desigualdade entre gêneros de uma maneira gritante, diria ridícula, pois no
lugar e tempo que estamos na história da humanidade, já não é mais concebível ver
tanto machismo e tanto preconceito contra a mulher pelo simples fato dela ser
mulher.
Os homens colocados em maioria nos cargos de chefia, enquanto as
mulheres precisam trabalhar dobrado para conseguir chegar perto desses cargos.
Muitas vezes não somos consideradas de confiança para assumir certos cargos e/
ou profissões. Perda lamentável! Óbvio, a mulher para muitos (não digo todos), mas
inclusive para muitas mulheres, deveria estar em casa cuidando dos filhos, da casa
e do marido... Afinal a mulher nasce com instinto maternal e o dom que lhe foi
concedido é cuidar de todos os seus. Entretanto, não seria esse instinto maternal
adquirido e aprendido na sua infância ao ganhar suas bonecas para aprender a
cuidar, digo “brincar”, ainda que subliminarmente. Enquanto o menino brinca de
carrinho, se esparrama na lama, no futebol, nos rios e lagos, a menina brinca de
boneca, perninhas fechadas, fala baixo, serve chazinho para amiguinha no seu
brincar de casinha.
Como se não bastasse os empecilhos causados pela desigualdade, a mulher
sendo ela criança, jovem ou idosa sofre com a violência, o assédio moral e sexual,
muitas vezes lutando sozinha, passando por dificuldades desnecessárias que não
precisariam nunca existir. Saímos à rua, vamos à balada, à faculdade, ao trabalho...
E seja onde for, há sempre um olhar malicioso, desrespeitoso, um toque não
consentido, um abuso.
Os registros de estupro e estupro de vulnerável de vítimas do sexo feminino
apresentaram crescimento de 12,5% no primeiro semestre de 2022 em relação ao
primeiro semestre de 2021, totalizando 29.285 vítimas. Isso significa que entre
janeiro e junho deste ano ocorreu um estupro de menina ou mulher a cada 9
minutos de acordo com a pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública..
Ouvimos frases tais como: “Você é tão feia que não merece ser estuprada por
mim. Vagabunda!” Sabemos bem quem foi que falou essa frase tão conhecida, não
é mesmo, Jair?
“Se eu fosse você não me exporia denunciando, porque vai ficar conhecida como
aquela que foi abusada ninguém vai te querer depois. Vai ser apontada por todos na
rua.”
Vivemos nessa sociedade que ensina as mulheres como evitar o abuso, mas
não ensinam aos homens a não abusar. Em vez de vítimas, somos colocadas como
culpadas. Para aqueles que acreditam que as roupas ou o corpo cheio de curvas à
mostra daquela mulher, foi o que incentivou o abusador, lembre-se que de burca ou
de short, criança ou idosa não há parâmetros para se tornar a vítima de um
abusador.
É uma sociedade desigual para as mulheres, nós sabemos. Mas se nos
atentarmos também a outros contextos como etnia, nível social, orientação sexual e
etc. daria uma longa discussão que só evidenciaria nossa grande e precária
sociedade, onde infelizmente tememos pela nossa própria vida ao sair, ao ficar, ao
estar, ao lutar, ao nos resignarmos...
Quantas e quantas vezes temos nossos direitos tomados de nós? E quantas
vezes questionamos e somos caladas? Quantas vezes nos tornamos culpadas pelas
atitudes que são desferidas contra nós? O desrespeito diário contra a mulher nos
coloca em um lugar de inferioridade e impotência, quando muitos pensam que
queremos ser mais, nós apenas queremos ser iguais!
Temos que ser aceitas em nossa totalidade como mulher, estamos em todos
os lugares, sobrevivemos e vivemos a tantas coisas, isso é fato. Porém, o machismo
veio no decorrer dos anos e até os dias de hoje se dá o direito de tomar nossos
direitos, seja ele de ir e vir ou até mesmo de existir... As mulheres devem se unir
cada dia mais para lutar pela igualdade e isso envolve persistência coragem e
empatia principalmente empatia.
Infelizmente, não podemos dizer que o machismo foi erradicado da nossa
sociedade, visto que diariamente diversas mulheres sentem isso na pele, seja em
casa, no trabalho, em uma saída com os amigos etc. muitas das vezes, nenhum
lugar é seguro ou confortável para se estar. E acaba que se torna cansativo o ato de
sempre se policiar para checar se seu vestido não subiu demais, ou se você deixou
seu copo sozinho por muito tempo, é cansativo sempre ter que reforçar que não, as
roupas de uma mulher não são um convite, e também que assédio não é paquera.
A luta contra o machismo é diária, já que ele tem consequências sérias que
podem ser físicas ou emocionais. Faz-se necessária a criação de políticas públicas
que combatam os atos provenientes do machismo, mas também é importante que
as leis já vigentes funcionem a favorecer as vítimas e a penalizar de forma justa os
abusadores. Há muito a se fazer, para que tenhamos segurança para sobreviver de
forma física, moral e psicológica, mas ate este dia chegar, devemos sim nos atentar
em todos os lugares e não podemos de forma alguma nos sentir culpadas, porque a
culpa não é nossa, nós sobrevivemos todas as coisas ruins que já nos aconteceu
até o dia de hoje. Nós podemos e devemos denunciar e por mais clichê que pareça,
não podemos nos esquecer que não é não.
REFERÊNCIAS

In: FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA. Anuário Brasileiro de Segurança


Pública: 2022. São Paulo: FBSP, 2022. Disponível em:
https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/violencia-contra-meninas-e-mulheres-no-
1o-semestre-de-2022/2006).

Lei nº 11.340 de 7 de agosto – Lei Maria da Penha. Brasília: DF. Disponível em


http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato20042006/2006/lei/l11340.htm

Projeto de Lei do Senado – PLS nº 292 – Altera o Código Penal, para inserir o feminicídio
como circunstância qualificadora do crime de homicídio. Brasília, DF. Disponível em
https://www25.senado.leg.br/web/atividade/materias/-/materia/113728

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