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ferramentas/homens-contra-violencia
2
Como conversar
com homens
sobre violência
contra meninas
e mulheres
Uma edição atualizada e ampliada do livro-ferramenta “Como
conversar com homens sobre violência contra as mulheres”,
elaborado em parceria com o Instituto Avon (2019).
2023
Produzido por
Viabilizado por
3
Sumário
Prefácio
Como usar este livro 6
1 2
Homens
O que os homens pelo fim da
precisam
1. O que os homensentender violência:
sobre violência
precisam entender guia prático
contra meninas
sobre violência contra para
violência: guia se tornar
prático
e mulheres?
meninas e mulheres?
10 um aliado
para se tornar um aliado 29
Lista de palavras
Como conscientizar outros
explicadas 106
homens sobre violência contra
meninas e mulheres? 71 Links e sugestões
de aprimoramento 113
Como conversar com homens
que cometeram violências 75 Referências 116
Mapeamento de grupos
para homens 92
+
em uma organização? 96
5
Prefácio
Eu, homem, sou parte desse problema
e também parte da solução
G U I L H E R M E VA L A D A R E S
Fundador e Diretor de Pesquisa do
Instituto PDH e Papodehomem
6
de 14 anos. Nesse grupo, 80% das violências foram cometidas por
familiares ou conhecidos. Em 58% dos casos, o crime aconteceu
em casa. O autor do abuso muitas vezes é um homem comum, uma
pessoa como eu e vocês. A vítima mais comum é uma menina de
até treze anos, abusada em sua casa por um parente ou conhecido.
Todos esses dados podem ser encontrados no site do
Instituto Patrícia Galvão.
— Ah, mas é foda isso, parece que só as mulheres é que sofrem abuso!
Por que a gente não fala dos homens também?
7
— Mas o que eu posso fazer então, na prática?
8
Como usar SEGUNDO
este livro?
DADOS
9
1
O que os homens
precisam entender
sobre violência
contra meninas
e mulheres?
10
O que é assédio,
abuso e violência?
E como essas
ações acontecem
no dia a dia?
Vamos começar explicando o que entendemos
como violência e algumas das formas mais frequentes
no cotidiano. Consulte a nossa Lista de Palavras
Explicadas (na página 106) se você encontrar alguma
palavra ou termo que não conheça. Nessa parte,
incluímos algumas explicações breves e detalhadas.
11
Violência também que as violências comecem a aparecer numa
de gênero relação com ações difíceis de identificar, mas que vão
É quando o motivo ficando mais frequentes e intensas ao longo do tempo.
da violência tem a
Enfrentar a violência contra meninas e mulheres começa
ver com os padrões
por rever nossos comportamentos como homens e a
e expectativas
de masculinidade aprender que todas as formas de violência, das mais
ou feminilidade. sutis às mais graves, têm consequências negativas
Alguns exemplos: para as pessoas envolvidas e para a sociedade.
ofender uma mulher --> Leia a página 30 para saber mais
porque a roupa sobre o ciclo da violência.
dela é muito curta;
agredir um homem
por ele ser gay. Para refletir: quem determina o
tamanho de uma violência?
Violência
Podemos dizer que algumas violências são pequenas
psicológica quando elas passam quase despercebidas no cotidiano.
-> Interromper, falar De certa forma algumas violências vêm disfarçadas,
por cima ou levantar como uma opinião “sincera” numa conversa, ou como
a voz quando você um “conselho”. Por mais que esses atos cotidianos não
não concorda com pareçam um problema, quando eles são constantes na
outra pessoa: “Não vida das mulheres, as consequências podem ser tão
interessa o que você profundas quanto as de uma agressão física: essa mulher
acha, você tá errada”. deixa de acreditar em si mesma, de priorizar o seu bem
estar, passa a ter medo de sair de uma relação, entre
-> Invalidar ou outras possíveis consequências. Você já falou alguma
diminuir a outra dessas frases? Antes de dizer, já parou para pensar nas
pessoa para consequências que elas têm em quem as recebe?
valorizar a si mesmo:
“Ela não trabalha, As violências acontecem dentro das relações
ele que bota
dinheiro em casa”. Muitas vezes temos a impressão de que os perigos
estão nas ruas, em becos escuros, em pessoas
-> Desconsiderar desconhecidas. Mas a maioria das violências contra
a capacidade de meninas e mulheres acontece dentro de casa ou parte
outras pessoas de pessoas que conhecemos e amamos: familiares,
com base nos seus pais, filhos, amigos, parceiros e parceiras românticas.
pré-julgamentos:
7 a cada 10
“Você não vai
dar conta de se
manter sozinha”.
estupros acontecem em casa.
12
Pensando em violências contra meninas
e mulheres, podemos listar 5 tipos principais.
Cada um desses tipos de violência pode acontecer em menor ou maior
expressão de agressividade podendo, inclusive, resultar em feminicídio:
MENOR MAIOR
DEMONSTRAÇÃO DEMONSTRAÇÃO
13
A percepção dos
homens e jovens
sobre o problema
92%
das pessoas disseram
que existe muito ou bastante
machismo no Brasil,
só 8% disseram que
é pouco ou não existe.
14
O estudo “Violência contra a mulher: Segundo a pesquisa, “O papel
o jovem está ligado?”, realizado dos homens na desconstrução do
por Data Popular/Instituto Avon machismo” (2016):
em 2014, analisa a opinião de mais
de mil jovens de 16 a 24 anos:
84% acreditam que todos
deveriam lutar por um
85% mundo menos machista
dos jovens consideram Ainda segundo a pesquisa,
inaceitável que suas parceiras
fiquem muito alcoolizadas.
o diálogo seria
69%
não concordam que elas saiam com
o principal
amigos homens sem sua companhia.
caminho para
46%
consideram inaceitável que
uma mudança
suas companheiras usem
roupas justas e decotadas.
de atitude:
29%
34%
dos homens afirmam que deixaram de
praticar algum tipo de atitude violenta
deles apontam que “o homem só contra a mulher nos últimos tempos.
bate porque a mulher provoca”.
54%
dos homens afirmam que o principal
Para 23% motivo para essa mudança de
dos jovens, “tem mulher que só
atitude foi ter uma conversa aberta
para de falar se levar um tapa”.
e sincera com pessoas próximas
15
Dados que todo
mundo precisa
saber sobre a
violência contra
meninas e mulheres
A V IO LÊ N CI A CO NTR A AS M U LH E R ES N ÃO É COI SA DO PAS SA DO:
1 a cada
15 mulheres Cerca de 8 mulheres
foi agredida fisicamente com são agredidas a
tapas, socos ou chutes em 2020. cada minuto.
16
61,4% de todos os
estupros cometidos
são contra menores
de 13 anos.
-> Distribuição das vítimas de estupro e estupro de vulnerável por idade %*
até 4 anos: 1 0 , 4 %
de 5 a 9 anos: 1 7, 7 %
de 10 a 13 anos: 3 3 , 2 %
de 14 a 17 anos: 1 6 %
+18 anos: 2 2 , 6 %
88+12 82+18
Residência: 6 8 , 3 %
Escola: 2 , 2 %
Área rural: 3 , 2 %
● Feminino ● Vítima conhecia o autor
● Masculino ● Vítima não conhecia o autor Outros: 1 6 %
17
A VIOLÊNCIA DE GÊNERO NO BRASIL
Em 10 anos o número
de feminicídio de
mulheres negras
aumentou em
54,2% enquanto
entre mulheres
brancas, caiu 9,8%.
O Mapa da Violência, 2015
19
Por que os homens precisam
conhecer esses dados?
Pode parecer que a violência contra as mulheres é algo do passado, que acontece
pouco, em situações extremas e, na maior parte das vezes, com pessoas que
não conhecemos. Com um olhar atento e um pouco de estudo, aprendemos a
identificar como essas situações estão acontecendo todos os dias, inclusive
com pessoas muito próximas a nós. Convidamos você a se tornar um aliado para
enfrentar as violências contra meninas e mulheres. Vamos juntos? Um passo inicial
é conhecer mais sobre o assunto, os dados e entender o contexto do problema.
Muitas vezes temos a impressão de que os perigos estão nas ruas, em becos
escuros, em pessoas desconhecidas. Mas a maioria das violências contra meninas
e mulheres acontece dentro de casa ou partindo de pessoas que conhecemos e
amamos: familiares, pais, filhos, amigos, parceiros e parceiras românticas.
Futebol de quarta
Exercício
“Mão na
Zé
massa”:
Cara, eu tava vendo uns dados
em um livro hoje e fiquei
impressionado. Vou mandar o
link aqui. Vocês sabiam que 27%
Compartilhe esses das pessoas acreditam que, em
dados com seus amigos alguns casos, a mulher também
do grupo do futebol, do tem culpa por ter sido estuprada?
churrasco, do WhatsApp E que 61% das vítimas de estupro
ou até mesmo da família. no Brasil tem menos de 13 anos?
Conversem sobre como
esses números impactam Pedro
vocês e se conhecem Ih… lá vem o mimimi!
meninas ou mulheres
que já passaram por
L. Souza
alguma situação de
Caramba! Nunca tinha ouvido
assédio ou violência.
falar nesses dados!
Miltinho
É… às vezes a gente não entende
o que as minas falam porque não
temos noção dessa realidade.
20
E as mulheres O jogo não está nada justo no dia a dia
que estão no As mulheres ainda ganham, em média, 20,5% menos
que os homens que atuam no mesmo setor de
poder? Elas não atividade, com o mesmo nível de escolaridade e
82+18
cuidados, mas só metade da humanidade cuida?!
82% das mulheres As mulheres gastam, em média, 21,4 horas
brasileiras na política semanais com o cuidado de pessoas e/ou
já sofreram violência
atividades domésticas, enquanto os homens
psicológica.
dedicam metade desse tempo (IBGE, 2021).
Quando meninas e mulheres ficam responsáveis
75+25
pela casa, pela comida, pelo cuidado com
25% sofreram violência
as crianças, elas têm menos tempo para
física dentro de
espaços parlamentares. os estudos e para o trabalho. Isso faz com
que tenham menos oportunidades, menos
independência e que fiquem em situação de
80+20
vulnerabilidade para terem relações abusivas.
20% vivenciaram
constrangimento
sexual. A humanidade não vai avançar
enquanto mais da metade da
população ficar para trás. Precisamos
21
Protegidas
atrás da tela?
Entendendo as
violências online
No mundo virtual, assédios e agressões O QUE SÃO FORMAS
repetem a mesma lógica das violências DE VIOLÊNCIA E
físicas, mas em outros formatos. A S S É D I O D I G I TA L ?
22
O Instituto Avon se uniu à O assédio representa 1 a cada
Decode para realizar uma 3 casos de violência sofrida por
pesquisa sobre as violências mulheres e meninas no digital.
praticadas na internet
(Muito além do cyberbullying: Em 50% dos casos de assédio, meninas
A violência real do mundo e mulheres recebem, sem consentir,
virtual). Foram analisados mais mensagens com conteúdo sexual.
de 286 mil vídeos, 164 mil
notícias e 154 mil menções, O vazamento de imagens íntimas é
comentários e reações em forma a segunda violência mais comum no
de curtidas, compartilhamentos online, representando 24% dos casos.
e repercussões que aconteceram
em ambientes digitais Ex-companheiros estão relacionados
para investigar a violência a 84% dos relatos de stalking ou
de gênero na internet. perseguição praticada nos meios digitais.
23
Violência sexual:
os meninos e
homens também
sofrem com isso?
Vítimas de estupro e estupro de vulnerável, por sexo Brasil – 2022 (em %)
8 8 . 7 % – Feminino 1 1 . 3 % – Masculino
A faixa etária dos Os dados apontam que as meninas são as principais vítimas
de violência sexual e que os homens são os principais
meninos autores de agressão. Mas isso significa que meninos e
de 5 aos 9 anos homens nunca são vítimas de violências sexuais?
Como muitos casos nunca chegam a ser denunciados,
é a que está mais não sabemos ao certo o tamanho do problema no Brasil,
vulnerável a sofrer mas temos evidências preocupantes da violência sexual
violência sexual. que também acontece contra meninos e homens.
WINZER, 2016 e MINAYO e colab., 2022
Dependendo da pesquisa,
de 2 a 35% de meninos
e homens autodeclaram
Estima-se que
que já sofreram algum
tipo de violência sexual.
apenas 1 a cada 10
WINZER, 2016
casos de violência
Focando em homens acima
sexual, no geral,
de 18 anos, a prevalência
da violência foi de 2,5%. sejam denunciados.
MINAYO, 2022 IPEA, 2014
24
A lógica da violência de Quando as vítimas
gênero é sempre a mesma:
uma pessoa tem mais poder
são do gênero
do que a outra. Seja uma masculino, a maioria
diferença de força física, de
autoridade (eu mando e você
dos agressores
obedece), de maturidade ou continua sendo
desenvolvimento cognitivo.
Os autores de agressão se
outros homens.
aproveitam dessa posição de E desses, muitos
poder para cometer o crime.
são heterossexuais.
Pedro
“Se o cara abusa de outro homem,
ele só pode ser gay, né?”
João
Tipo… Quando eu era “A violência sexual não é sobre sexo,
pequeno, meu tio fazia tampouco sobre orientação sexual, é
umas coisas muito sobre poder. Para quem comete o abuso,
estranhas comigo… não interessa se é um homem, se é um
que não se faz com
menino ou se é uma menina. Interessa a
criança, sabe?!
satisfação do desejo sexual exercida por
meio de força e/ou poder sobre a vítima.”
Pedro Denis Ferreira, com base em Azevedo
Cara, eu sinto muito por MAN de, Guerra VN de A, 1989.
isso que você passou,
de verdade. E valeu pela
confiança em se abrir.
Há indicativos que os homens
pretos, especialmente os
João que fazem sexo com homens,
É esquisito. Lembrar
têm mais chances de serem
disso dói muito e eu
fico me perguntando vítimas de violência sexual
se eu que fazia na idade adulta do que
alguma coisa errada. os homens brancos.
25
Por que é tão difícil para os homens
falarem sobre violência sexual?
Na nossa cultura, é esperado que meninos e homens sejam fortes,
heterossexuais e sexualmente dominantes. E, quando ocorre uma violência
sexual, o menino é colocado numa situação de vulnerabilidade e vergonha.
Homens vítimas de
abuso sexual tendem
a falar sobre isso
só 20 anos depois.
ONG Quebrar o silêncio (Portugal, 2017)
26
Qual a responsa-
bilidade dos homens
no enfrentamento
das violências contra
meninas e mulheres?
Seja você um homem que cometeu violência ou quem acha que nunca fez isso
28
2
Homens pelo fim
da violência: guia
prático para se
tornar um aliado
29
Por que ela continua
nessa relação?
Raramente uma agressão acontece apenas uma vez. Geralmente
a violência começa a aparecer numa relação de forma sutil. Esses
atos tendem a se repetir e a evoluir, tornando-se mais frequentes
e graves. Podemos chamar essa dinâmica de ciclo da violência.
Xinga-
mentos Manipulação
e violência
psicológica
Vitima cede
tentando
evitar a
agressão Violência
física e
sexual
Ciclo da
T E N T AT I VA S VIOLÊNCIAS
Mudança
de humor DE CONTROLE violência DIVERSAS
Tentativa
de femi-
nicídio
Ciúmes
Episódios
T E N T AT I VA S cada
DE MANTER vez mais
O VÍNCULO agressivos
Demonstração Promessa de
de carinho e mudança
cuidado
Arrependi-
mento e
pedido de
desculpas
O diagrama é um jeito de entender essa dinâmica, mas o ciclo nem sempre acontece
nessa sequência. As etapas podem se misturar: tentativas de controle podem
acontecer ao mesmo tempo que demonstrações de carinho e arrependimento.
30
Lucas
Lucas
Perdão, amor. É que
você me fez perder
a cabeça… Mas não
vai acontecer de
novo. Prometo!
Julia
Você já falou isso
antes e sempre faz
as mesmas coisas.
Lucas
Eu estou me esforçando
pra melhorar!
Te amo demais,
acredita em mim.
L E N O R E WA L K E R ,
psicóloga, em entrevista para o Instituto Patrícia Galvão
31
Se ela quer continuar com ele é porque aceita
essa situação. É mulher de malandro!
32
Você, homem, já reparou se está
reproduzindo comportamentos
que aprendeu ao longo da vida?
33
A violência usada
como linguagem
para resolver
problemas
Um homem que comete violência é um
PA R A R E F LET I R:
monstro? É uma pessoa que não valoriza a
família, que não ama e que não se esforça Você
pelos outros? Esse tipo de pensamento nem
sempre é verdadeiro, o que nos dificulta
consegue
reconhecer que nós mesmos e as pessoas pensar num
que amamos, sejam eles nossos familiares,
parceiros ou amigos, possam ser agressivos.
momento
que gritou
Temos muitas características positivas e,
mesmo assim, diante de uma frustração ou
ou ameaçou
problema, podemos recorrer a comportamentos alguém
e atitudes violentas (nem sempre físicas),
sem que realmente se tenha a intenção de
para tentar
ser agressivo, como forma de resolver as resolver uma
coisas. Um exemplo é quando “perdemos a
paciência” e falamos mais alto numa discussão
situação que
ou quando ameaçamos uma criança ao sentir não estava te
que nossa autoridade e “controle” estão se
perdendo. Ao não conseguir ouvir ou entender
agradando?
as necessidades da outra pessoa ou lidar
com nossa ira ou frustração, é comum falar
e até mesmo agir de um jeito violento.
34
“Acaba sendo uma forma muito imatura de lidar com
as dificuldades em um relacionamento e a gente sempre
pode amadurecer as relações para não usar violência.”
A D R I A N O B E I R A S – Doutor em Psicologia Social, pesquisador
de grupos de homens e masculinidades
P E R G U N TA S - C H AV E PA R A N ÃO U S A R A V I O L Ê N C I A
C O M O F O R M A D E R E S O LV E R C O N F L I T O S
Meninos e homens
culturalmente são
mais ensinados
a resolver seus
conflitos com
violência
Tentar resolver as
coisas na “marra” é
uma questão cultural
e, entre os meninos e
homens, é ainda mais
forte a ideia equivocada
de que para ser mais
másculo é preciso ser
mais violento. Quando
paramos para observar,
vemos que, desde
pequenos, os meninos
acreditam que precisam
enfrentar ou desafiar os
outros usando força.
35
Esse comportamento PA R A R E F LET I R:
mais agressivo
não é natural “Ninguém me ensinou
do homem? isso. Eu sou assim.”
Não está no sangue, Tem certeza?
Quem nos tornamos está diretamente ligado às relações
nos hormônios?
estabelecidas no decorrer de nossas vidas, com isso,
estamos aprendendo a todo momento como ser, agir e
Tudo isso está bem mais
lidar com o mundo, com as pessoas e situações que nos
conectado à nossa cultura do
cercam. Você consegue lembrar de momentos, ao longo da
que imaginamos. Os fatores
vida, nos quais outra pessoa te desafiou a ter uma postura
biológicos não atuam sozinhos
impositiva ou agressiva para lidar com uma situação difícil?
e têm uma imensa influência do
nosso contexto, da cultura e da
“Não chora!”, “Se defenda!”, “Parte
nossa capacidade de escolha.
pra cima!”, “Tem que impor respeito!”,
A testosterona até pode “Não leve desaforo para casa!”,
dar mais força ao sexo “Seja homem!”
masculino, mas como Saber se defender de ameaças e colocar limites é uma
somos seres racionais, cada habilidade essencial em nossa vida. Afinal, podemos
homem pode escolher como enfrentar situações de grande perigo no dia a dia.
empregá-la. E sabemos que O problema é quando perdemos esse equilíbrio e a busca
isso não precisa ser em atos por autoproteção se transforma em comportamentos de
agressivos ou impulsivos. violência, dominação e controle.
Afinal, quase nunca vemos “Eu sou assim” significa justamente que este
um homem que agrediu seu comportamento faz parte da sua identidade e por isso
chefe, mas quase todo dia foi construído! E se foi construído dessa forma, existe
vemos notícias de agressões a possibilidade de ser desconstruído. Não nascemos
contra meninas e mulheres. violentos. Aprendemos a agir assim ao longo da vida para
Se é possível controlar a lidar com as situações. Reconhecer que a violência não é a
agressão no local de trabalho, única forma de agir, abre espaço para que outras maneiras
por que não seria possível mais saudáveis de agir possam fazer parte da nossa
fazer isso dentro de casa? vivência. E então abre possibilidades para que este ciclo
de violência seja quebrado com a construção de uma nova
dinâmica de relacionamento.
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações de A D R I A N O
B E I R A S - Doutor em Psicologia Social, pesquisador de grupos de homens e masculinidades
36
Como identificar
situações de
violência?
Vamos citar alguns sinais que nos ajudam a ter mais atenção
para interromper situações de violência. É importante lembrar
que eles devem ser considerados em conjunto, levando em conta
o contexto do qual fazem parte, e não de forma separada.
37
Sinais físicos:
Hematomas Quando a Histórias de Acidentes ou
(marcas roxas pessoa foge do machucados quedas que
pelo corpo) e assunto ou evita que não têm uma acontecem
machucados contar como explicação fácil muitas vezes
frequentes se machucou
E EM RELAÇÃO A MENINAS?
Lesões que não fazem Como uma criança quebrou a perna se ela
sentido com a idade ainda não anda? Isso pode ser um sinal
da menina ou com a
história que a pessoa
de que ela foi jogada com força.
responsável conta
38
Sinais psicológicos e emocionais:
Ansiedade, incômodo A pessoa sente uma falta de esperança,
ou medo do futuro as possibilidades de futuro parecem
muito ruins e ela passa a aceitar todo tipo
de sofrimento como se fosse comum.
Disque 100
para denunciar situações de violência contra meninos e meninas.
Você também pode acionar o Conselho Tutelar da sua região.
39
Sinais no comportamento*:
*Gestos, expressões faciais, postura corporal, tom de voz, entre outros.
Demonstrações de Acha que todas as coisas ruins de sua vida são culpa
vergonha, culpa ou dela mesma, que precisa aguentar e lidar sozinha. Se
falta de controle
sobre a própria vida
sente uma péssima pessoa com muita frequência.
Atitudes muito Calcula muito o que dizer, com receio de expor o autor da
cuidadosas agressão. Tem muito medo de errar, pede desculpas sem
motivo, demonstra muita preocupação com horários, com
ordens e com o que o companheiro vai pensar. É um excesso
de cuidado na tentativa de evitar gatilhos de agressões.
40
Estou longe da menina
ou da mulher. Como posso
identificar se ela está em
uma situação de violência?
Mande mensagens frequentes para saber como ela está. Mostre
que você se interessa de verdade em saber dela e ouvi-la.
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações de
J E S S I C A P A U L A D A S I L VA M E N D E S - Mestre em Psicologia, psicóloga da
Defensoria Pública do Estado do Paraná e atuante na sede da Casa da Mulher Brasileira
41
Como acolher uma
mulher em situação
de violência?
Eu sei ou desconfio que uma menina
está passando por uma violência
grave. O que devo fazer?
Para meninas menores de idade, especialmente as menores de 14 anos,
é preciso que pessoas adultas (familiares, professores, assistentes
sociais) se responsabilizem pela proteção e cuidado delas.
8 Q U E S T Õ E S PA R A E L A B O R A R C O M O I N T E R V I R :
1.
A violência está
acontecendo
2.
Você desconfia que uma menina
possa estar em situação de
neste momento? violência, mas isso não está
Caso sim, chame a
acontecendo neste momento?
polícia. Diante de uma O adulto deve se responsabilizar pela
situação de urgência proteção dessa menina e intervir sempre
ou emergência, em pensando no menor prejuízo para ela.
que a violência está Essa intervenção pode envolver uma
acontecendo e não é denúncia aos órgãos de proteção –
possível saber qual como Conselho Tutelar ou pelo Disque
é o risco e a gravidade, 100 – ou uma conversa com os pais ou
devemos tentar pessoas cuidadoras, se essas pessoas se
interromper aquilo que mostrarem abertas a isso. A decisão pela
está acontecendo. melhor forma de agir nesse contexto deve
considerar a condição atual da menina, sua
-> Ligue para a Polícia relação com a pessoa autora da agressão
Militar pelo 190. e os riscos percebidos no momento.
42
3.
Você tem alguma
proximidade para
4.
Você não tem tanta
proximidade com ela?
conversar com
Um primeiro passo pode ser avisar algum responsável
essa menina?
pela menina sobre as suas percepções.
Se você for parente,
5.
alguém do convívio,
uma pessoa envolvida
na educação dessa
menina ou que tenha
intimidade para E se a pessoa que tem causado a
conversar com ela, violência for um dos responsáveis
você pode chamá-la
por essa menina?
para uma conversa. E,
sem fazer perguntas Por mais difícil que seja essa realidade, a pessoa
invasivas, diga que ela autora da agressão pode ser o pai, padrasto, avós,
pode te procurar se pessoas que são os principais responsáveis pelo
precisar de algo. Segue cuidado dessa menina. Nesse caso, cabe mais uma
uma sugestão para pergunta: Existe alguma outra pessoa responsável?
começar a conversa: Se existir, ela sabe o que está acontecendo?
43
6.
E se o
responsável
7.
Essa menina vai para um abrigo?
A família vai perder a guarda?
não fizer Não necessariamente. O Conselho vai tentar entender
alguma coisa? a situação e, se necessário, irá recorrer à Justiça para
Infelizmente a garantir o bem-estar da criança ou do adolescente.
violência intrafamiliar Se for entendido que o melhor para ela é permanecer
tende a ser mantida com a família, poderão ser tomadas providências para
sob sigilo por vários o afastamento do autor da violência, por exemplo.
motivos. Alguns Caso se entenda que a família como um todo não tem
deles: negação condições de proteger essa menina, pode ser que ela seja
dos familiares encaminhada para um espaço temporário de acolhimento
em relação ao para crianças e adolescentes em situação de risco.
que aconteceu,
8.
a tentativa de
preservar a
estrutura da família,
a tendência em
relativizar o que é Como acionar o Conselho Tutelar?
dito pela criança,
a naturalização de Pelo fato de cada cidade -> A função do
formas de violências ter o seu Conselho Tutelar, é Conselho Tutelar
no contexto preciso que você busque o da é representar
a sociedade na
doméstico, dentre sua região. Se você não tem o defesa dos direitos
outras. Nesse número de denúncia ou não sabe das crianças e
caso, é possível: onde ele fica, procure ou entre adolescentes, como
em contato com a Secretaria de o direito à vida, à
saúde, à educação,
Acionar o Educação ou de Assistência Social ao lazer, à liberdade,
Conselho Tutelar: da prefeitura do seu município. à cultura e à
É dever da convivência familiar
sociedade cuidar A sua denúncia pode ser e comunitária. Ele
é responsável por
dessa menina e realizada pessoalmente, fiscalizar e intervir
não podemos nos por ligação, e-mail, de forma diretamente em
omitir. Nesse caso, anônima ou até mesmo escrita situações em que
esses direitos estão
é importante acionar à mão.É importante dar o
sendo violados.
o Conselho Tutelar máximo de informações e A sua atuação
da sua cidade detalhes possíveis do ocorrido é municipal e
para que essa ou da sua suspeita, ainda que ocorre em parceria
com escolas,
menina possa ter a não tenha total certeza.
organizações
atenção e o cuidado A função do Conselho Tutelar sociais e serviços
especializado. é justamente verificar. públicos.
44
Eu sei ou desconfio que uma mulher
está passando por uma violência grave.
Devo chamar a polícia?
Para meninas menores de idade, especialmente as menores de 14 anos,
é preciso que pessoas adultas (familiares, professores, assistentes sociais)
se responsabilizem pela proteção e cuidado delas.
A N T E S D E A G I R , L E I A A S N O S S A S P E R G U N TA S E R E S P O S TA S .
Sim.
Diante de uma situação de urgência e emergência, em que
a violência está acontecendo e não é possível saber qual é
o risco e a gravidade, devemos tentar interrompê-la.
S I T U AÇ ÃO / O R I E N TAÇ ÃO
45
A violência está acontecendo
neste momento?
Não.
Se você desconfia que aquela mulher tenha
passado por violências, mas sabe que não está
acontecendo neste momento, não chame a polícia
imediatamente. O melhor é conversar com a
pessoa e entender com ela como pode apoiá-la
-> Na página 58,
para que saia dessa situação por conta própria. listamos algumas
iniciativas que
A denúncia (feita por pessoas que não estejam podem dar
suporte a mulheres
envolvidas ou pela vítima) é um momento em que a
e meninas. A
tensão pode aumentar a vulnerabilidade dessa mulher. recomendação
Quando ela mesma faz a denúncia, em alguma medida, vai ser diferente
essa mulher não será pega totalmente de surpresa de acordo
com o tipo de
pelas situações decorrentes disso. Em muitos casos, acolhimento que
ela vai precisar criar alguma organização para lidar com cada pessoa
a reação do autor de agressão ao saber da denúncia precisar.
(como ir para um abrigo ou para a casa de outra pessoa).
UM EXEMPLO:
Assim que a viatura vai embora, o vizinho supõe que a jovem o denunciou e
começa outra briga, com ameaças ainda mais graves: “Você se acha muito
esperta, né? Agora eu quero ver o que você vai fazer! Porque se você ligar
pra polícia de novo, eles nem vão perder o tempo deles voltando aqui”.
46
Marisa RH
Como posso
oferecer ajuda Rafa
se eu não tenho Oi, Marisa! Acho que
a Bia tá num momento
intimidade com difícil na vida pessoal,
C O M O S A B E R A H O R A D E T O M A R A L G U M A AT I T U D E , S E E S T O U D I S TA N T E ?
47
Ela ainda não quer denunciar.
O que eu posso fazer para ajudá-la
nessa situação?
Infelizmente não existe uma fórmula ou solução que se aplique a todos os casos.
Temos caminhos possíveis e precisamos entender e construir essas possibilidades
com a pessoa que está em uma situação delicada. Ela, mais do que ninguém,
sabe avaliar todos os fatores que fazem parte do contexto de violência.
1.
Pensar nas
necessidades
-> Essa pessoa tem acesso
a trabalho e renda?
2.
cometendo as agressões
para cuidar das
necessidades básicas
dela e dos filhos?
48
3.
Valorizar o repertório pessoal 4.
Identificar os
Essa mulher pode não ter um olhar riscos envolvidos
especializado sobre a Lei Maria da Penha, e os fatores de
mas ela soube sobreviver a essa situação proteção que não
até o momento. É importante considerar estão disponíveis
as estratégias que funcionam para ela.
Algumas perguntas para refletir: Estamos falando dos
riscos à integridade
-> Do que ela consegue dar física e psicológica.
conta nesse momento? Identificar esses fatores
-> De que tipo de suporte ela precisa acaba ajudando bastante
para sair dessa situação? quando pensamos
-> Quais informações você pode dar em estratégias de
para ajudá-la a tomar decisões? intervenção.
49
Fatores de risco X proteção
FAT O R E S D E R I S C O FAT O R E S D E P R O T E Ç Ã O
Aquilo que potencializa Aquilo que tende a atenuar
a vulnerabilidade a vulnerabilidade
DEPENDÊNCIA ACESSO A
FINANCEIRA TRABALHO E RENDA:
E CONDIÇÃO
SOCIOECONÔMICA:
EXISTÊNCIA DE FILHOS
A FA S TA M E N T O ACESSO À
DA ESCOL A EDUCAÇÃO
Mulheres com menor acesso à educação podem ter uma relação de dependência
econômica maior. Mas, principalmente, no caso de meninas em idade escolar, estar fora
da escola é um fator de risco. A escola pode ser um meio de denunciar ou de pedir ajuda
e o afastamento desse ambiente a deixa mais isolada e em situação de vulnerabilidade.
50
RELIGIÃO ACESSO À JUSTIÇA:
Q U E S TÃ O D E S A Ú D E
I D E N T I D A D E D E G Ê N E R O E O R I E N TA Ç Ã O S E X U A L
Pessoas LGBTI+ podem ter uma rede familiar mais distante, assim como também
existe um fator de violência intrafamiliar quando a orientação ou identidade não são
bem aceitas. A situação de vulnerabilidade é imensa para mulheres trans e travestis.
51
6 atitudes para evitar
ao oferecer apoio
1.
Evite decidir pela
4.
Evite expressar sua
pessoa em situação decepção diante das
de violência escolhas da pessoa
Sugira alternativas, Para não fazer com que essa
mas não diga o que menina ou mulher se sinta
ela deve fazer. culpada por não conseguir evitar
a violência que sofreu, mostre
seu respeito por ela e valorize os
pontos positivos na forma como
ela tem enfrentado a situação.
2.
Evite impor que a
pessoa tenha que agir
conforme você espera 5.
Evite se colocar como
Talvez o problema
não seja resolvido tão alguém que nunca passaria
rapidamente. Se isso te pela mesma situação
frustrar, entenda também Ela não está nessa situação porque
que não é culpa da pessoa fez escolhas ruins. Por isso,
que está sendo vítima. reforce o sentimento de que ela
não é culpada e nem merece estar
passando por aquela situação.
3. 6.
Evite falar pelas crianças
Evite oferecer apoio
impondo alguma condição ou impor a elas algum
Ao invés de dizer: “Só vou te ajudar comportamento
se você registrar um boletim de Ao invés de cobrar que a criança
ocorrência”, siga demonstrando denuncie o pai, por exemplo,
sua disposição em apoiá-la escute o que a criança quer te
mesmo que tome decisões dizer, sem falar por ela, e sem
diferentes da sua recomendação. falar o que é certo ou errado.
52
Tem crianças no meio do
conflito entre adultos:
devo tirá-las da casa?
É P R E C I S O T E R C U I D A D O E P E R G U N TA R I S S O
À M U L H E R Q U E E S TÁ N A S I T U A Ç Ã O .
Pode ser muito bom ter parentes e pessoas amigas que se disponham a
cuidar das crianças até para que a pessoa em situação de violência consiga
estar menos sobrecarregada para pensar como quer lidar com a relação.
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações de
J E S S I C A P A U L A D A S I L VA M E N D E S - Mestre em Psicologia, psicóloga da
Defensoria Pública do Estado do Paraná e atuante na sede da Casa da Mulher Brasileira
53
Como lidar com
as dificuldades
para denunciar?
54
“Se eu largar meu “Ele nunca vai querer assinar o divórcio.”
marido, eu posso perder O divórcio de comum acordo é juridicamente mais
a guarda dos meus simples, mas não é a única opção. Um casamento
filhos? Ou ficar muito pode ser dissolvido mesmo quando só uma parte
tempo afastada deles?” quer. E não é preciso apresentar justificativa.
A guarda das crianças
é definida para garantir
o bem delas. A própria
situação de violência
doméstica deve ser “Ele disse que não vai pagar pensão porque
levada em consideração quem escolheu separar fui eu.”
no processo de divórcio O pagamento de pensão é um direito dos filhos. Não
e de definição da guarda. importa quem quis se separar, a pensão é obrigação
O objetivo é garantir os do responsável que não mora com as crianças. Para
direitos das crianças e isso, é preciso entrar com um pedido judicial.
da mãe. Sendo assim, o
fato da mãe ter saído de
casa para se proteger
não vai fazer com que
ela perca a guarda. “Se eu for pra casa da minha mãe, vou ter
que tirar as crianças da escola…”
Caso essa mulher que passou por violência precise
mudar de cidade ou estado e, consequentemente,
tenha que mudar os seus filhos de escola,
eles terão prioridade na fila de vagas.
“Se eu não tenho renda
fixa, quem vai ter a
preferência da guarda
das crianças é ele?” “Não posso pagar
A falta de um trabalho
formal ou uma renda fixa
um advogado.
não é um fator decisivo Onde encontrar
para que a mulher não
tenha o direito à guarda
apoio jurídico?”
regulamentada. E, caso Uma alternativa é buscar núcleos de práticas
a mulher deseje se jurídicas em faculdades de Direito ou fóruns
inserir no mercado da sua região. São serviços-escola prestados
de trabalho, existem por estudantes de Direito supervisionados por
programas que reservam profissionais da educação. Mesmo em fóruns que
vagas de trabalho para não têm Defensoria Pública, geralmente existe um
mulheres em situação de núcleo de professores, professoras e estudantes
violência doméstica. que prestam esse atendimento à população.
55
Programas nacionais de proteção
que você precisa conhecer:
P R O V I TA – P R O G R A M A D E P R O T E Ç Ã O PPCAAM – PROGRAMA
A VÍTIMAS E TESTEMUNHAS DE PROTEÇÃO
Quando a mulher denuncia um crime A CRIANÇAS E
praticado pelo agressor, para além da ADOLESCENTES
própria violência doméstica, poderá ser AMEAÇADOS
incluída como testemunha de um processo DE MORTE
que pode ser iniciado contra ele. A partir A sua principal função é
disso, se necessário, ela pode ser incluída a retirada dessa família
nesse programa, junto aos filhos, e receber do lugar de risco e o
todo o suporte de segurança para não oferecimento de sigilo,
ser encontrada pelo autor da violência. suporte e segurança.
56
Ela decidiu denunciar! Agora
como posso apoiá-la?
FA C I L I TA N D O O D E S L O C A M E N T O D E L A
“Eu posso te levar até lá ou te emprestar o dinheiro do transporte.”
VA L O R I Z A N D O O Q U E E S S A M U L H E R J Á S A B E
Não queira ser a pessoa salvadora da situação. Esteja lá para dar suporte:
“Que bom que você tomou esta decisão por si mesma!
Quer que eu te acompanhe?”.
ACOLHENDO DÚVIDAS:
“Isso não é uma pergunta boba. É importante você ter
certeza e se sentir confiante seja qual for sua decisão.”
R E G I S T R A N D O I N F O R M A Ç Õ E S I M P O R TA N T E S
“Se você quiser, eu vou com você até a advogada ou na
Defensoria Pública. Se estiver nervosa, posso anotar
pontos importantes pra você não esquecer.”
OFERECENDO ACESSO
“Se você não quiser que fique registrado no seu celular, você
pode pesquisar e falar com a advogada pelo meu.”
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações de
J E S S I C A P A U L A D A S I L VA M E N D E S - Mestre em Psicologia, psicóloga da
Defensoria Pública do Estado do Paraná e atuante na sede da Casa da Mulher Brasileira
57
Onde
procurar
ajuda?
Iniciativas de acolhimento e apoio para
mulheres em situação de violência
CEVID –
Chame a COORDENADORIA
Essas unidades
Disque 180 e fale estaduais existem com
o objetivo de fomentar
com a Central políticas institucionais
58
Ela precisa de informações e
de um plano de emergência?
P E N H A S | A P L I C AT I V O ( A P P )
A plataforma ajuda as mulheres a identificar a violência
doméstica e ter informações sobre direitos, além de fornecer
um mapa das delegacias da mulher e serviços de atendimento.
No aplicativo, é possível cadastrar até 5 pessoas de confiança
que serão chamadas em caso de emergência. O aplicativo
fica disfarçado na sua tela, e conta com botão de emergência
que, ao ser acionado, envia um alerta para os contatos
salvos e começa a gravar um áudio de 15 minutos. Essa
ação pode servir como prova numa ocasião de denúncia.
Por Instituto Maria da Penha
Acesse bit.ly/PenhasApp
E S T Á A C O N T E C E N D O | A P L I C AT I V O ( A P P )
O aplicativo tem vários recursos para ajudar em situações
de emergência. Nele é possível cadastrar tanto o endereço
como enviar automaticamente um alerta de localização via
WhatsApp para as pessoas que você cadastrou na sua lista de
contatos de confiança. Com um só clique você pode enviar um
alerta de assédio, ameaça e ajuda em situação de perigo.
Acesse bit.ly/estaacontecendoandroid
59
60
Precisa de serviços
especializados e canais de apoio?
P L ATA F O R M A M U L H E R M A PA D O A C O L H I M E N T O | S I T E
SEGURA | SITE O Mapa do Acolhimento conecta
O site mulhersegura.org ajuda mulheres sobreviventes de violência de gênero
a encontrar diferentes tipos de a advogadas e psicólogas voluntárias.
serviços, como casas de acolhimento, Ele também tem um mapa onde
aplicativos, serviços sociais jurídicos é possível encontrar informações
e de apoio psicológico, juizados e atualizadas sobre o funcionamento e
coordenadorias com informações a localização dos serviços públicos
importantes e de fácil acesso. da rede de enfrentamento à violência
Há opção de busca por estado ou contra a mulher, tais como delegacias,
por serviços. Também é possível centros de referência, defensorias,
checar a data em que a informação serviços de saúde e assistência.
sobre o serviço foi atualizada. Por Mapa do Acolhimento
Por UNFPA Acesse: mulhersegura.org Acesse: mapadoacolhimento.org
61
Miniguia para
profissionais
da Educação
Como identificar sinais de violência em meninas?
-> O foco do nosso livro são as meninas e mulheres. Mas sabemos que
homens – principalmente quando meninos – também podem sofrer
violências. É preciso considerar que meninos e meninas vão viver o
trauma da violência de formas diferentes até pelas expectativas e
pressões de gênero. Mesmo assim, algumas dessas recomendações
podem ser úteis para acolhê-los quando passam por violência.
62
O que é preciso observar para saber se
uma menina está sofrendo violência?
63
A criança ou adolescente Atenção aos
estará sofrendo violência desenhos e histórias
sempre que tiver um Podem ser indicativos de violência
desses comportamentos? sexual: desenhos em que,
espontaneamente a criança
Como diferenciar?
começa a dar destaque para formas
É comum que crianças e fálicas ou genitais, posiciona as
adolescentes tenham alguma personagens deitadas umas em cima
dessas reações diante de um das outras, dá muito destaque
evento estressante, que não em zíper e botões de roupas.
necessariamente é uma situação
de violência. A diferença pode Tente perguntar. “O que está
ser percebida pelo tempo de acontecendo nesse desenho?
permanência desses sinais. A Por que esse bonequinho tá
criança ou adolescente pode com essa cara? O que ele disse
precisar de apoio especializado pra ela?”. Isso ajuda a criança
quando eles se tornam constantes. a verbalizar sua situação e a
revelar um possível abuso.
64
Como acolher meninas
em situação de violência?
Vale lembrar que esses sinais são pontos de partida: alertas que
pedem atenção e investigação especializada. Diante desse alerta,
é preciso ouvir a criança ou adolescente sem julgamentos. Para poder
acolher essa menina, é importante não se desesperar e ponderar
sua reação, criando uma relação de confiança e proteção.
65
O que eu Leis que
posso fazer? recomendamos
conhecer:
1.
Reporte -> Desde de 2019, o
sua suspeita à Coordenação casamento com crianças
pedagógica ou à Direção da e adolescentes menores
escola. A denúncia deve de 16 anos não é mais
ser feita pelos responsáveis permitido em nenhuma
da instituição de ensino. hipótese (Lei 13.811).
2.
-> Desde 2017, a Lei da
Escuta Protegida (Lei 13.431)
estabelece o sistema de
Notifique
garantia de direitos de
por escrito o Conselho Tutelar,
crianças e adolescentes
órgão responsável por zelar
vítimas e testemunhas de
pelos direitos e proteção de
violência. Dessa forma, essas
crianças e adolescentes.
pessoas terão um espaço
3.
adequado com profissionais
capacitados para atuar
em casos de violência.
Encaminhe para o
atendimento de saúde.
Idealmente, a criança deve Acesse metoobrasil.org.
ser acolhida nos Centros de br/preciso-de-ajuda
Atendimento Integrado para
Crianças e Adolescentes Vítimas
de Violência. Ligue para o SAMU
192 ou para a polícia 190 para
saber qual é o mais próximo.
66
3
Como construir
um futuro sem
violência
67
Quero ser um aliado
no enfrentamento
às violências contra
meninas e mulheres.
Por onde eu começo?
68
O Q U E FA Z E R ? UM EXEMPLO
69
O Q U E FA Z E R ? UM EXEMPLO
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações de S É R G I O
B A R B O S A - Facilitador de Grupos Reflexivos para homens autores de violência.
70
Como conscientizar
outros homens
sobre violência
contra meninas
e mulheres?
Ainda vivemos em uma realidade na qual muitos
homens só ouvem outros homens, principalmente
quando estamos falando de machismo e violência.
71
Exercício
“Mão na 12 atitudes que ajudam
massa”: a cultivar boas conversas:
Dê o primeiro passo
e fale sobre as suas
1.
Evite falar difícil.
4.
Evite julgar.
próprias vivências,
questões e reflexões. Prefira palavras que É bem possível que você
– Eu estava pensando são parte do dia a dia ouça coisas com as quais
esses dias em atitudes da pessoa. Foque mais não concorda e que
ruins que eu tive no meu nas ideias e menos em incomodam nesse primeiro
primeiro namoro. Você já aplicar corretamente momento. Se você
parou para pensar nisso? algumas palavras. reprovar logo de cara,
pode ser que esse homem
2.
A MUDANÇA NÃO se feche mais ou se
SERÁ RÁPIDA… recuse a falar novamente
Muitos homens sobre o assunto.
cresceram com o ideal Verifique se é um
de serem os provedores, bom momento para
reprodutores, protetores e
autossuficientes, além de
outras crenças (coisas
o assunto.
Isso é importante para
5.
Evite se colocar
que uma pessoa acredita que todas as pessoas
ser verdade, porque envolvidas estejam como superior.
aprendeu que deveria com disposição de A conversa precisa ser de
ser assim). Isso também ouvir e contar suas igual para igual, dividindo
envolve expectativas de ideias e experiências. acertos e erros, pensando
como a parceira deve “Queria conversar em possibilidades de
agir e como controlar com você, mas vamos melhorias e mudanças.
o relacionamento. fazer isso com calma?
6.
Você tem tempo hoje?”.
É necessário um processo
de mudança pessoal
3. Não coloque a
para mudar a cultura de
machismo e violência. Isso
pode levar tempo e algumas
religião nem como
crenças podem permanecer.
Ouça com atenção vilã, nem como
o que e como a salvadora da
Talvez esse cara ainda pessoa está falando. história.
acredite que precisa ser É importante também Tente pensar em como
o protetor da família. No lembrar sobre o nível os valores da crença
entanto, se ele entender
de confiança que se dele – amor, caridade,
que não precisa controlar
tem para dizer algumas solidariedade, família,
a relação e que pode
respeitar as decisões da
coisas. Você pode respeito – podem
parceira, mesmo quando perceber formas de como ajudar em uma reflexão
elas contrariam sua vontade, continuar essa conversa que o estimule a ser
isso já é muito significativo. em outras oportunidades. um homem melhor.
72
7.
Destaque os pontos
10.
Converse com afeto
positivos da mudança. e compartilhe sua
Você pode fazer isso mostrando como história de vida.
muitas ideias que aprendemos sobre A teoria pode afastar as pessoas
ser homem também o prejudica – e ainda deixar a conversa fria e
impedindo de falar o que sente, fazendo distante. Prefira compartilhar
com que se cuide menos, pressionando exemplos que fazem parte
a ser infalível – assim como a mudança das memórias de infância, dos
também traz coisas boas. tempos de escola, da sua
relação com seu pai e avós.
8.
Elogie pequenas mudanças. 11.
Mudar, ainda que para uma versão Valorize algumas
melhor de nós mesmos, traz inseguranças mudanças sociais.
e nos deixa muito vulneráveis. Se alguém Alguns exemplos: a conquista
diz que estamos no caminho certo, nós dos direitos das mulheres; a
nos sentimos estimulados a seguir. mudança na criação de meninos,
mostrando como isso não tem
9.
nada a ver com a “destruição das
famílias” ou “perda de valores”,
mas com outros conceitos de
Explique de onde vem respeito, dignidade e construção
sua forma de pensar. de uma sociedade melhor.
Dê exemplos reais do dia a dia. Fale
em primeira pessoa sobre momentos
de brigas que você viveu, explicando
quais foram os valores que fizeram
parte daquela experiência.
12.
Partilhe e busque
“Eu acho que é ruim quando conversar sobre o
você discute de cabeça quente. processo de cuidar
Por exemplo,quando minha ex pediu e educar.
o divórcio, eu fiquei desestabilizado. Conte sobre as coisas que você
Aí eu pedi pra gente continuar a gostaria de fazer diferente com
conversa no dia seguinte, porque os seus filhos e filhas, e como
pra mim era importante discutir isso pode fazer a diferença
sobre isso de cabeça fria.” na vida dessas crianças.
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações de S É R G I O
B A R B O S A - Facilitador de Grupos Reflexivos para homens autores de violência.
73
Quais as principais dificuldades ao conversar sobre
violência contra as mulheres com pessoas que não
querem ou não se importam em discutir o assunto?
Trazemos alguns
resultados com base na
40,8% 22,7%
"Não acha que a pessoa "Costumo ser
enquete divulgada por
vai prestar atenção ignorada
meio de leitoras e leitores
no que tenho pra falar (ou ignorado)."
do PapodeHomem. A
sobre isso — seja online
pesquisa foi respondida
ou presencialmente."
por 3.500 pessoas, em
novembro de 2019: 11,9%
"Não quero
74
Como conversar
com homens
que cometeram
violências?
75
Conhece alguém que age
ou fala de forma violenta?
Você pode conversar com ele para ajudá-lo a perceber que essas atitudes
não são legais. Mostre que tudo isso tem consequências negativas
para essa mulher ou menina e para ele. Pode ser estratégico falar que
é possível resolver os problemas de outra maneira, e dar exemplos
de alguns caminhos por onde começar essa mudança.
Sugerimos algumas dicas – sem o objetivo de que sejam uma fórmula para
todas as situações. Como a teoria pode ser difícil de encaixar na vida real,
também sugerimos alguns exemplos de como fazer isso na prática. Alguns
desses pontos também podem ser úteis em relações homoafetivas (relações
entre pessoas do mesmo gênero) nas quais há uma situação de violência:
76
4. Reforce a sua preocupação. "E se ela não quiser fazer o que
É importante que você mostre que se tu quer? Como essas brigas vão
preocupa com o bem-estar da relação ou da ficar? Ela também é minha amiga
família. Além disso, reforce que se preocupa e isso vai acabar mal pra vocês
com ele também e que essa situação vai dois. Eu não gostaria de te ver indo
prejudicar todas as pessoas envolvidas. pra cadeia, mas se você encostar
nela, eu não vou ficar do teu lado."
77
9. Diga que violência e "Se você não está contente, talvez
seja a hora de terminar. Mas
controle não são caminhos.
você não vai resolver as coisas e
Essas atitudes não tornam a família mais
segura e, muito menos, feliz. Muito pelo ficar feliz desse jeito, tentando
contrário: só traz brigas e tristeza. forçar ela a fazer o que você
acha melhor pra si mesmo."
78
“Muitas vezes, é preciso dar
sentido à vida desse homem para
conseguir salvar a vida das
mulheres. Se ele não se importar
com a própria vida, ele não vai se
importar com a vida de ninguém”.
S É R G I O B A R B O S A , facilitador de grupos reflexivos e
responsabilizantes de homens autores de violência
Se for necessário
intervir, faça-o.
As dicas acima focam em como a educação
pode prevenir situações de violência física,
psicológica e sexual. Caso você esteja diante de
um caso em que violências estão acontecendo e a
intervenção é urgente, considere os aprendizados
deste livro, o contexto social e necessidades
da pessoa vitimizada e então intervenha.
79
Qual é a diferença
entre grupos de
masculinidades
e grupos
responsabilizantes
para homens autores
de violência?
Grupos reflexivos e
Grupos de
responsabilizantes
masculinidades
para homens autores
O B J E T I V O : refletir de violência
sobre o que é ser homem,
suas várias formas de O B J E T I V O : mediar encontros
expressão, de se conectar em grupo para homens autuados
com as emoções, além de pela Lei Maria da Penha refletirem
pensar em como lidar com sobre o que aconteceu. O foco é
aqueles pensamentos e trazer questões relacionadas
posturas machistas que à socialização de gênero,
aprendemos ao longo da masculinidades, emoções, controle
vida, procurando entender de raiva e manejo de conflitos.
também as questões das Esse tipo de grupo quer reduzir
mulheres e de outros a reincidência de violência,
grupos minorizados. incentivando um processo de
responsabilização transformadora.
A participação é voluntária
e o mediador não precisa, A participação acontece por
necessariamente, ser encaminhamento judicial e a
alguém especializado para pessoa mediadora precisa ter
conduzir um encontro. uma especialização no tema.
80
Se você Sobre grupos obrigatórios
quer estar feitos para homens
diretamente autores de violência:
envolvido no Por que esses caras
processo de frequentariam esses
mudança: grupos?
Você pode ser parte de Em boa parte das vezes, esse cara começa
um espaço coletivo para a frequentar o grupo, ou por ordem de juiz
repensar atitudes individuais ou juíza, ou porque frequentar esse espaço
e organizar ações práticas pode ajudá-lo no processo do qual ele é réu.
de mudança. Você pode Mesmo quando os homens chegam ao grupo,
fazer isso se juntando a um por uma obrigação com a lei, muitos continuam
grupo de masculinidades frequentando, pois passam a entender a
que já existe ou fundar um importância do processo reflexivo.
novo grupo na sua região.
OS GRUPOS PERMITEM
QUAIS TEMAS ESSES QUE ESSES HOMENS:
1.
GRUPOS COSTUMAM
ABORDAR?
-> Divisão de
responsabilidades na
2.
Identifiquem oportunidades de mudança: alguns
criação dos filhos homens podem estar buscando uma oportunidade
de mudar seu comportamento violento. Os grupos
-> A forma de lidar com
reflexivos podem fornecer um ambiente seguro para
as reações emocionais
que eles aprendam novas habilidades e adotem
mais explosivas
comportamentos alternativos aos violentos.
-> Estratégias de
3.
resolução de conflitos
81
Sobre grupos abertos, criados para homens
que querem repensar sua masculinidade:
Como fazer com que os homens se
interessem em participar?
Quando o grupo não é obrigatório – diferente daqueles responsabilizantes de homens
autores de violência – como lidar com o desafio de fazer com que os homens se engajem?
82
“Eu chegava no lugar, num espaço público da
região, como uma associação de amigos do
bairro, onde os homens iam jogar baralho e Esse papo mais
bilhar, e puxava a conversa com leveza e descontraído
em espaços
brincadeira: como boteco ou
pagode não é
EU DIZIA: recomendado para
– Oh, podemos conversar rapidinho? qualquer tipo de
Alguém da roda falava: conversa, como
sobre situações
– O Sérgio tem uma coisa pra falar. Vamos escutar
de violências.
10 minutos.
– Eu trouxe um vídeo pequenininho. Vamos assistir?
E EU DIGO:
– Virar gay?! Como é que vira gay?
– Então vamos lá: pra gente falar isso de virar gay, vamos
entender o que é ser gay? O que é ser lésbica? Que negócio
é esse de viração? Você virou alguma coisa?
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações de
S É R G I O B A R B O S A - Facilitador de Grupos Reflexivos para homens autores de violência.
83
Origens: a história
dos grupos
reflexivos e
responsabilizantes
no Brasil
Até a década de 1990, os esforços para reduzir as violências contra meninas
e mulheres se concentravam em cuidar da pessoa agredida. Eram ações
que incentivavam denúncias e algumas medidas de prevenção. Inspiradas
pelo movimento feminista, chamavam atenção para as consequências
da violência na sociedade, na saúde, na econômia e na política.
Nos anos 2000, Flávio Urra teve contato, pela primeira vez, com um
grupo de mulheres e homens que se reuniram para refletir sobre violência
de gênero, na cidade de Santo André, no estado de São Paulo.
84
Em 2014, surgiu o programa “E agora, José?”, uma parceria entre a Secretaria
de Políticas para as Mulheres com o Tribunal de Justiça da Comarca de
Santo André e a Coordenadoria de Reintegração Social e Cidadania.
Essa iniciativa visava realizar atendimentos semanais para homens
autores de violência e também foi um dos primeiros grupos do Brasil a
formar homens e mulheres como facilitadores para este tipo de grupo.
85
Como os grupos
reflexivos e
responsabilizantes
para homens autores de
violência funcionam?
Ao longo deste livro, vimos que o feminicídio costuma acontecer após um
aumento nos níveis de violência de uma relação que, muitas vezes, começa com
uma violência de menor intensidade, com um grito ou uma ameaça verbal.
Não é bem assim. Quando a agressão é uma violência grave – tentativas de feminicídio,
violências repetidas, violência contra vulnerável – esses homens vão responder pelo
crime e não são encaminhados para esses grupos. Os grupos são recomendados
para casos de violência relacional nas formas menos graves e em casos de medida
protetiva, no qual o autor da violência é afastado ou precisa manter uma distância
mínima estabelecida judicialmente para proteger a pessoa que foi agredida.
Além disso, a violência contra meninas e mulheres é frequente e muito maior do que
o número de denúncias. Os grupos são uma alternativa para lidar com tantos casos,
mudando a cultura e a estrutura.
87
“Participar de um grupo assim vai fazer alguma
diferença ou é perda de tempo?”
Esse texto foi editado pela Equipe PDH a partir de entrevista e orientações
de S É R G I O B A R B O S A - Facilitador de Grupos Reflexivos para homens
autores de violência - e de A D R I A N O B E I R A S - Doutor em Psicologia
Social, pesquisador de grupos de homens e masculinidades.
88
Como criar
um grupo de
homens?
Para responder essa pergunta, conversamos com Sérgio
Barbosa, professor de Filosofia e Sociologia e também
coordenador do projeto Tempo de Despertar. Ele compartilhou
algumas dicas sobre a criação de grupos de homens.
89
O que você precisa para montar
um grupo de homens:
COMECE DO COMEÇO: QUAL DOS DOIS TIPOS
DE GRUPO VOCÊ QUER COMEÇAR?
90
2. Oferecer material educativo
Para os dois grupos, procure conteúdos – textos, filmes, músicas, posts – que
ajudem a puxar conversas sobre os temas e tente trazer perspectivas diferentes
considerando raça, classe, religião, idade e, até mesmo, pontos de vista. Ter
conteúdos criados por homens e/ou para homens (como este livro) ajuda a quebrar
estereótipos de que papos de gênero não servem para o público masculino.
4. Monitorar o andamento
91
Mapeamento
de grupos
para homens
Em 2020, o Grupo Margens, da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), fez um mapeamento nacional de grupos, iniciativas
e programas para homens autores de violência contra mulheres.
92
Acesse o mapeamento de grupos atualizado em
institutopdh.com.br/mapeamento/
Nesse mapa, você encontra grupos de masculinidades que
atuam online para todo o Brasil, outros que têm encontros
presenciais, iniciativas responsabilizantes para homens autores
de violência, institutos de formação metodológica e CEVIDs.
93
Encontre grupos para homens
autores de violência nas
coordenadorias do seu estado:
Todos os estados brasileiros têm uma Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de
Violência Doméstica e Familiar (CEVID). São unidades que existem para dar suporte a políticas
institucionais e públicas que estão focadas em enfrentar a violência contra meninas e mulheres.
Procure a CEVID da sua região para encontrar grupos e alternativas que
estejam no seu estado e que tenham uma certa estrutura e estabilidade.
E S TA D O / U F E-MAIL TELEFONE
94
Minas Gerais (MG) -> comsiv@tjmg.jus.br (31) 3237- 8232
(31) 3237- 8231
(31) 3237- 8233
95
Como enfrentar
a violência
contra meninas
e mulheres em
uma organização?
A Coalizão Empresarial Pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas
tem um trabalho contínuo de enfrentamento às violências de gênero. Ele
acontece tanto em relação a agressões contra meninas e mulheres, como
enfrentando as desigualdades, discriminações e assédio no ambiente
de trabalho, entre outras coisas. A coalizão é uma iniciativa criada pelo
Instituto Avon, pela Fundação Dom Cabral e pela ONU Mulheres.
96
Miniguia para que
profissionais da Educação
e familiares possam
prevenir a violência
Preparamos dicas para te ajudar a prevenir as violências por meio da educação.
Ensinar sobre consentimento é peça fundamental nesse enfrentamento.
97
PA R A C R I A N Ç A S D E 1 A 5 A N O S :
1.
Pedir consentimento
2.
Ter empatia com
antes de tocar a dor do outro
Use frases, como “Maria, vamos Use frases, como: “Eu sei que
perguntar ao João se ele gostaria você queria, mas quando você
de um abraço de despedida?”. bateu no Pedro para pegar o
Se João disser “não”, alegremente brinquedo, você machucou ele,
diga à criança: “Tudo bem, Maria! e ele se sentiu muito triste”.
Vamos dar um tchauzinho de longe!”.
3.
Apoiar umas às outras
4.
“Não” e “Pare” são
diante de problemas palavras importantes
Você pode ensinar que, ao ver outra e devem ser honradas
criança precisando de ajuda, ela pode Assim como devemos sempre
avisar adultos confiáveis. “Tia, acho parar de fazer algo quando
que o Lucas não está bem. Vem ver!” alguém diz “não”, nossos
amigos também devem parar
quando dizemos “não”.
5.
Se não quiser, não precisa
abraçar nem beijar
Nunca force a criança a abraçar, tocar
6.
Consentimento
ou beijar um parente ou um colega, por
nenhuma razão. Sugira alternativas como no banho
"dar um tchauzinho de longe". Frases Sempre peça permissão à
como: “Dá um beijo no tio se não ele vai criança para ajudá-la a se
ficar triste com você” deixam as crianças limpar quando isso envolve
mais vulneráveis a situações de abuso. tocar em seu corpo. “Posso
lavar suas costas agora?
Afinal, se essa criança aprende com os pais E seus pés? Que tal seu
que é preciso agradar os parentes e bumbum?” Se a criança disser
conhecidos, ainda que isso a deixe “não”, então dê a ela o papel,
desconfortável, ela pode achar que os o sabão ou lencinho e diga
pedidos de um abusador fazem parte dessa “Ok! Seu bumbum precisa
mesma categoria de coisas obrigatórias. ficar limpinho. Cuide isso”.
98
7. 8.
Ensine e também fique
Dê a oportunidade de dizer
sim ou não no dia a dia disponível para as
Deixe que as crianças escolham suas dúvidas que surgir
atividades nos horários livres e tenham Ensine as palavras corretas para as
voz sobre o que, com o que e como genitálias e dê espaço para elas falarem
querem brincar. Dessa forma, a criança sobre corpos, sexo, amor, família,
poderá desenvolver a sua autonomia e raça, orientação sexual, capacidade
entender a diferença entre a sua vontade motora ou mental. Se você não souber
e a ordem de uma pessoa adulta. como responder às suas perguntas
do jeito certo, então apenas diga:
9.
Fale sobre instintos
“Estou feliz que você está me
perguntando sobre isso, mas eu tenho
que pesquisar. Podemos falar depois
Às vezes, algumas coisas podem do intervalo?”. Após essa fala, tenha
assustar ou nos deixar com nojo e certeza de cumprir sua palavra.
nós não sabemos o motivo. Pergunte
10.
se isso já aconteceu com elas e ouça
atentamente enquanto explicam.
12.
Estimule a contar quando algo a incomoda
Ajude as crianças a identificarem quem são as pessoas com quem elas se
sentem confortáveis e em quem podem confiar. Incentive que elas procurem
essas pessoas para dizer quando houver algo incomodando.
É importante que essas pessoas não as julguem nem reprimam as dúvidas de uma criança.
Ter esse espaço de confiança ajuda que elas possam contar quando algo abusivo começa
a acontecer. Assim, esses ciclos de violência podem ser quebrados logo no começo.
99
PA R A C R I A N Ç A S D E 6 A 1 2 A N O S :
1.
Refletindo sobre as mudanças
2.
Encoraje as crianças
Ensine que as mudanças do crescimento – falarem sobre o que as
seja a perda dos dentes ou o crescimento
de pelos – podem gerar confusões, mas
faz sentir bem ou mal
“Você gosta de sentir cócegas?”
que também trazem coisas boas. Lembre a
ou “O que te faz sentir mal?”.
criança que tudo pelo que ela está passando
Nos momentos de cuidado ou
é natural, que não é preciso ter vergonha.
atenção individual, deixe espaço
Isso facilita que, quando a criança tenha
para a criança falar sobre qualquer
dúvidas e aflições, ela sinta que pode
coisa que vier à cabeça.
conversar com alguém sobre o assunto.
3.
Ensine as crianças
4.
Incentive a checarem o
a impor limites bem-estar dos colegas
Dizer “não” pode ser parte Fazer uma pausa no meio da
da brincadeira. Então você brincadeira para ter certeza
pode ajudá-las a ter uma de que todo mundo está se
palavra-chave ou uma estratégia sentindo bem é uma estratégia
de negociar limites com os ótima para as crianças
amigos dizendo, por exemplo: desenvolverem uma cultura de
“Eu tô falando sério!”. atenção e cuidado entre si.
100
5.
Não envergonhe
6.
Ensine às
as crianças com crianças sobre as
comentários sobre consequências dos
namoradinhos e seus comportamentos
namoradinhas Peça que observem como as
Os sentimentos de amizade e pessoas respondem quando
carinho são comuns e positivos, alguém faz barulho ou bagunça.
mas não devemos colocar isso na Alguém vai se assustar? Alguma
“caixinha da paixonite” que tem outra pessoa vai ter que limpar a
muito mais a ver com o mundo dos sujeira? Explique às crianças como
adultos do que com o mundo das as escolhas que elas fazem podem
crianças. Você pode fazer perguntas afetar os outros, ajudando-as
mais abertas, como: “Como vai também a identificar quais são
sua amizade com a Maria?” e os momentos e espaços onde é
prepare-se para falar sobre isso. possível fazer barulho e bagunça.
7. 9.
A contarem
Ensine as crianças sobre
as consequências dos quando algo
seus comportamentos as incomoda
Peça que observem como as pessoas Ajude as crianças a
respondem quando alguém faz barulho ou identificar em quem são
bagunça. Alguém vai se assustar? Alguma outra as pessoas com quem
pessoa vai ter que limpar a sujeira? Explique elas se sentem confortáveis
às crianças como as escolhas que elas fazem e em quem podem confiar.
podem afetar os outros, ajudando-as também Incentive que procurem
a identificar quais são os momentos e espaços essas pessoas para dizer
onde é possível fazer barulho e bagunça. quando houver algo
incomodando. É importante
que essas pessoas não
as julguem nem reprimam as
8.
Ajude as crianças a
dúvidas de uma criança.
101
Para crianças atípicas Chantagens
entre
ou com algum tipo de meninos e
deficiência: como falar meninas: uma
estrutura de
de consentimento? violência
As crianças com alguma deficiência ou
crianças atípicas, com Transtorno Espectro Desde a infância
Autista (TEA) ou Transtorno de Déficit de podemos ver as
Atenção e Hiperatividade (TDAH), podem próprias crianças
ter dificuldade com a leitura de expressões usando de chantagens
faciais. Compartilhamos algumas dicas para conseguir algo
que querem do ou
específicas para trabalhar com essas crianças:
da coleguinha. Isso
pode acontecer
de forma simples
e aparentemente
✓ U S E : muitos recursos visuais com imagens inocente, por exemplo,
e repetição. Cartões com expressões faciais um garoto pedindo um
podem ajudar no entendimento das emoções. selinho em troca de
ajudar a colega a
estudar para a prova.
✓ U S E : recursos, como atividades, jogos, vídeos
educativos, de forma repetitiva e estruturada para que elas
Esse comportamento
absorvam a mensagem e treinem para colocar em prática.
tende a se repetir ao
longo da adolescência.
✓ U S E : a partir de exemplos concretos, utilize Podemos ver meninos
informações que fazem parte do mundo daquela criança pedindo por atos
para explicar ao que ela deve estar atenta e o que fazer. sexuais como “prova
de amor” e isso reforça
toda uma estrutura
✗ N Ã O U S E : palavras de duplo sentido, apelidos ou
de controle e poder
metáforas, como “mão boba” podem confundir a criança
baseada em medos
e devem ser evitadas. A comunicação deve ser direta:
e inseguranças da
“Qual é esta parte do corpo?”, “Quem pode tocar aqui?”.
pessoa chantageada.
Para enfrentar a
violência contra
Se a criança Use métodos meninas e mulheres
tem dificuldade variados na sua raiz, é
de falar, Cada criança aprende importante ensinar
foque mais nas de uma forma de acordo que chantagem é
imagens, usando com sua característica. um ato de violência,
bastante o recurso Por isso, devemos usar que um amor e uma
da repetição, e vários caminhos para amizade saudável não
menos palavras. facilitar a aprendizagem. impõe condições.
102
PA R A A D O L E S C E N T E S E J O V E N S A D U LT O S :
1.
A diferença entre “toque
3.
Tenha conversas frequentes
bom e toque ruim” sobre relações e consentimento
Principalmente no Ensino Médio Pergunte coisas, como: “Como você sabe
surgem várias “brincadeiras de toque”. se a pessoa está pronta para te beijar?”,
Bater na bunda, garotos batendo uns “Como saber quem está interessada em
nos genitais dos outros, beliscando você?”. Existem formas legais de pedir
os mamilos. Podemos convidá-los permissão para beijar ou tocar alguém
a compartilhar experiências, e somente “Sim” significa “Sim”.
falando sobre como isso pode ser
desconfortável para quem recebe
o toque e como essas brincadeiras
impactam as outras pessoas. 4.
Incentive transformar
comentários superficiais
2.
Trabalhando a autoestima
em reflexões
Na adolescência, o papo sobre sexualidade
pode reproduzir visões que desumanizam
as outras pessoas. Se ouvir a frase:
dos adolescentes
“Ela tem um bundão gostoso.”, você
O bullying atinge a identidade
pode convidá-los a ir além: “Acho que
dos jovens e, a partir dos 13 anos,
ela é mais do que uma bunda, não é?”.
impacta diretamente a autoestima.
78% das adolescentes brasileiras
5.
de 13 anos utilizam filtros nas fotos
de redes sociais para tentar mudar
ou ocultar pelo menos uma parte ou
característica do seu corpo que Acolha as confusões que surgem
não gostam (Projeto Dove, 2020). dos processos hormonais
É normal sentir raiva, mas o que você
Podemos fortalecer a autoestima vai fazer com isso? A sua raiva não te
lembrando-os de seus talentos, dá o direito de machucar outra pessoa.
habilidades, e também valorizando Os adolescentes precisam ter espaços
pontos de aparência. Reforçar para falar sobre o que sentem, mas vale
o senso de valor de cada lembrá-los de que seus sentimentos, desejos
pessoa é uma forma de cultivar e necessidades precisam ser ponderados
autocuidado e empatia. considerando respeito por todas as pessoas
103
6.
Converse sobre
9.
Dê sempre as
masculinidades informações necessárias
Essa conversa ajuda os meninos Adolescentes com curiosidades acharão um
a entenderem de onde vêm alguns jeito de ter informações sobre sexo. Se não
dos seus comportamentos, for em um espaço de confiança, virá de outro
analisando quais valores são local (que pode ser mais problemático).
importantes para cada um ao cultivar
ou interromper um comportamento. Compartilhe informações de forma
amorosa, honesta e consistente. Isso não
O que eles não gostam sobre esse
é um incentivo a atividades sexuais. É
modelo de “machão do passado”? Dá
um incentivo para que eles decidam de
pra ser diferente? Dá para sair desse
forma mais consciente e responsável.
modelo sem deixar de “ser homem”?
Essas conversas podem encorajar
a construir uma forma não violenta
de masculinidade para o futuro. 10.
A contar quando uma violência,
7.
mesmo que sutil, aconteça
Incentive que jovens procurem pessoas
de confiança para dizerem quando sentem
Mostre os seus limites, que outras pessoas estejam ultrapassando
mas não deixe de dar as seus limites. É importante que essas
informações necessárias pessoas não culpem nem punam esses
Você pode dizer que não os quer jovens pelo que está acontecendo.
bebendo ou usando drogas. Sabendo
que em alguma medida adolescentes F R A S E S C O M O “agora você não vai
podem ou não fazer essas coisas, mais sair de casa com as suas amigas
então, deixe seus alunos informados e nem usar essas roupas” não ajudam
para tomarem próprias decisões e a evitar violência e ainda geram outros
saberem reduzir os danos. Se eles tipos de sofrimento nessa jovem.
beberem, como vão manter a si
mesmos e aos outros seguros? Ter esse espaço de confiança ajuda que elas
possam contar quando algo abusivo começa
a acontecer. Assim, esses ciclos de violência
8.
A conversa sobre
podem ser quebrados logo no começo.
104
4
Materiais
complementares
105
Lista de palavras
explicadas
Entendendo Travesti
questões de gênero Trata-se de uma pessoa que foi
designada homem quando nasceu,
mas que se entende como pertencente
Sexo e Gênero à identidade feminina. Essa pessoa
Sexo é a biologia do nosso corpo, pode ou não se entender também
que pode ser XX, XY e outras enquanto mulher. Esse termo não
combinações genéticas que existem está ligado a cirurgias de redesignação
na espécie humana. Já o gênero é tudo sexual. Tanto travestis quanto
aquilo que foi construído na história mulheres trans podem ou não
e na sociedade como papel de realizar esses procedimentos.
homem ou de mulher. Resumindo:
o sexo é biológico, já o gênero Pessoa não binária
tem muito a ver com a nossa Não binária é um termo usado para
cultura e expectativas sociais. pessoas que não se identificam nem
com o gênero masculino e nem com
Identidade de gênero o feminino. Assim, essas pessoas
Diz respeito ao gênero com o qual nos sentem que sua identidade de
identificamos independentemente gênero não pode ser definida dentro
do nosso sexo. É como nos das margens dessa binariedade.
compreendemos e nos colocamos no
mundo: seja como homens e mulheres, Machismo
trans ou cis, travestis, pessoas Machismo é um sistema cultural
não binárias ou outros gêneros. com base na crença da superioridade
do masculino sobre o feminino. Isso
Pessoas trans também envolve crenças, atitudes
São as pessoas que não se identificam e práticas com base na divisão
com o gênero que foi inicialmente rígida de papéis entre homens e
dado a elas quando nasceram com mulheres, determinando o que
base em seu sexo biológico. cada um pode ou não fazer.
106
das mulheres ou de qualquer Interseccionalidade
coisa que seja considerada como É uma forma de entender o mundo
comportamento feminino. Dizer analisando o conjunto de fatores da
para um menino não ser uma situação. Por exemplo: quando uma
“mulherzinha”, ou um assédio executiva negra é discriminada, o
moral praticado dentro de uma fato de ela ser mulher é conectado
organização são exemplos de ao fato de ela ser preta. E tudo isso
comportamentos misóginos. também tem a ver com a classe e o
poder que ela tem. Uma perspectiva
Sexismo interseccional deve levar todos
É o preconceito ou discriminação esses fatores em consideração.
com base no sexo ou no gênero de
uma pessoa. O sexismo no Brasil Equidade
afeta, principalmente, mulheres É uma forma de pensar justiça e
cis, mulheres trans e crianças equilíbrio considerando que, para
(meninas e meninos) que têm seus as pessoas terem condições iguais,
corpos colocados como um possível elas podem precisar de ferramentas
objeto de posse dos homens. diferentes. Para que uma pessoa que
usa cadeira de rodas possa estar
Feminismo na mesma sala de reunião que a
É um movimento múltiplo que outra que não usa, é preciso haver
luta pela igualdade entre uma rampa e mesas adequadas,
todas as pessoas, independente por exemplo. São necessidades
de sua identificação de gênero. diferentes que não dão vantagem
Sua pluralidade, inclusive, para ninguém. Apenas permite que
nos faz dizer “feminismos” (no haja condições equivalentes.
plural), porque existem diversas
linhas feministas com demandas Grupo de masculinidades
específicas e diferentes que Grupos de homens que se reúnem
precisam ser enxergadas. voluntariamente para conversar
sobre comportamento, sociedade,
Masculinidades construção das masculinidades
São diferentes maneiras de e outros temas relacionados,
agir e características ligadas como a misoginia e o sexismo.
ao que as pessoas geralmente
consideram ser comportamentos Grupos reflexivos e
de homens. Hoje se entende responsabilizantes para
que não existe apenas uma forma homens autores de violência
de ser homem, ou seja, não São grupos de homens autuados pela
existe apenas uma masculinidade, Lei Maria da Penha. O objetivo dos
mas diversas masculinidades grupos é evitar que esses homens
que formam a nossa cultura sigam agindo de forma agressiva. O
e a nossa sociedade. foco são questões de socialização
1 07
de gênero, relações de poder, acesso, seja através de difamação da
masculinidades, emoções, controle vida pessoal, interrupções frequentes,
de raiva e manejo de conflitos. ameaças ou desvio de verba das
candidaturas femininas, por exemplo.
Esse grupo está previsto na lei 13.984 As mulheres acabam sofrendo esse tipo
de 3 de abril de 2020 que, a partir da de violência quando concorrem a cargos
Lei Maria da Penha, direciona homens políticos ou quando já foram eleitas.
autores de violência para “centro de
educação e de reabilitação e a ter Violência doméstica
acompanhamento psicossocial”. Por definição da lei nº 11.340 de 7 de
agosto de 2006 (Lei Maria da Penha),
Entendendo formas “violência doméstica” é “qualquer ação
de violência ou omissão baseada no gênero que
lhe cause morte, lesão, sofrimento
físico, sexual ou psicológico e dano
Homem autor de violência moral ou patrimonial”. Dizemos que
Falamos em “homem autor de violência” essa violência é doméstica porque
– ao invés de “agressor” – porque, dizer 30% delas acontecem no ambiente
“agressor” é conectar a identidade domiciliar e, em sua maioria das
desse homem à violência. Quando vezes, o autor da agressão é uma
falamos em “autor de violência”, pessoa próxima da vítima.
dizemos que ele agiu de maneira
violenta, entendendo também que é Violência familiar
possível pensar que a pessoa possa se ou intrafamiliar
responsabilizar e mudar de atitude. Por definição da lei nº 11.340 de 7 de
agosto de 2006, um tipo específico
Violências de gênero de violência de gênero ou doméstica
São todas as formas de violência que que acontece quando o autor da
acontecem pela desigualdade de agressão e a pessoa agredida estão
poder relacionada a gênero (masculino unidos por laços familiares.
e feminino). Acontecem também
quando homens tentam controlar Assédio
os comportamentos das mulheres, Assédio é um tipo de violência que
e também as formas de homofobias acontece quando uma pessoa
(são violências que atingem homens é exposta várias vezes ou
e mulheres justamente quando esses constantemente a situações de
indivíduos não atendem a um padrão constrangimento ou humilhação.
esperado de gênero e sexualidade). Situações de assédio costumam
envolver uma diferença nas posições
Violência política de gênero de poder (seja pelo cargo numa
Trata-se de ações com o intuito de empresa, pelo gênero ou raça). O
excluir a mulher dos espaços políticos, assédio pode ser moral ou sexual.
impedir, dificultar ou restringir seu Na lei nº 10.224 de 15 de maio
108
de 2001 o assédio sexual é Violência psicológica
compreendido como “constranger São as ações que têm o objetivo de
alguém com o intuito de obter limitar ou controlar a outra pessoa
vantagem ou favorecimento sexual, com ameaças, constrangimentos,
prevalecendo-se o agente da sua humilhações, chantagens e
condição de superior hierárquico ou outras ações que causem danos
ascendência inerentes ao exercício à autoestima, ao senso de
de emprego, cargo ou função”. Já individualidade e à saúde mental.
o assédio moral é considerado na
Constituição da República que tem Pela lei nº 11.340 de 7 de agosto
como fundamento “a dignidade da de 2006, a violência psicológica é
pessoa humana e o entendida como “qualquer conduta que
valor social do trabalho (art. 1º, III e lhe cause dano emocional e diminuição
IV)”. Além de assegurar “o direito à da autoestima ou que lhe prejudique e
saúde, ao trabalho e à honra (art. 5º, perturbe o pleno desenvolvimento ou que
X, e 6º)”.O artigo 186 do Código Civil vise degradar ou controlar suas ações,
também trata desse assunto: “Aquele comportamentos, crenças e decisões,
que, por ação ou omissão voluntária, mediante ameaça, constrangimento,
negligência ou imprudência, humilhação, manipulação, isolamento,
violar direito e causar dano a vigilância constante, perseguição
outrem, ainda que exclusivamente contumaz, insulto, chantagem, violação
moral, comete ato ilícito”. de sua intimidade, ridicularização,
exploração e limitação do direito
Violência patrimonial de ir e vir ou qualquer outro meio
É quando o autor da violência que lhe cause prejuízo à saúde
prejudica a outra pessoa ao psicológica e à autodeterminação.”
reter, tomar ou destruir algo dela.
Esconder o celular, quebrar o Violência sexual
cartão do banco, reter a cédula de Inclui uma série de formas e
identidade ou o dinheiro de uma condutas em que uma pessoa
pessoa são alguns exemplos. tenta conseguir alguma vantagem
sexual sobre outra sem a autorização
A lei nº 11.340 de 7 de agosto de ou permissão dela
2006 (Lei Maria da Penha) ou usando de coerção*. As violências
define a violência patrimonial como sexuais incluem a importunação
“qualquer conduta que configure sexual, algumas formas de
retenção, subtração, destruição assédio e também o estupro.
parcial ou total de seus objetos,
instrumentos de trabalho, A lei nº 11.340 de 7 de agosto de
documentos pessoais, bens, 2006 define a violência sexual como
valores e direitos ou recursos “qualquer conduta que a constranja
econômicos, incluindo os destinados a presenciar, a manter ou a participar
a satisfazer suas necessidades.” de relação sexual não desejada,
109
mediante intimidação, ameaça, 2018 define importunação sexual como
coação ou uso da força; que a induza “praticar contra alguém e sem a sua
a comercializar ou a utilizar, de anuência ato libidinoso com o objetivo
qualquer modo, a sua sexualidade, de satisfazer a própria lascívia ou a de
que a impeça de usar qualquer terceiro”.
método contraceptivo ou que a force
ao matrimônio, à gravidez, ao aborto Estupro
ou à prostituição, mediante coação, É toda e qualquer violência física feita
chantagem, suborno ou manipulação; por ameaças ou por chantagem com o
ou que limite ou anule o exercício de objetivo de ter algum tipo de “conjunção
seus direitos sexuais e reprodutivos.” carnal” ou ato erótico. Não é preciso ter
penetração para que a ação seja
considerada como estupro. Coagir
* Coerção alguém a toques, como masturbações,
Quando alguém usa de ameaça, também é considerado estupro.
força física, pressão psicológica, ou
outras táticas manipuladoras para Para a lei nº 12.015 de 7 de agosto de
que alguém faça algo contra sua 2009, estupro é “constranger alguém,
vontade ou interesse. mediante violência ou grave ameaça, a
ter conjunção carnal ou a praticar ou
Violência física permitir que com ele se pratique outro
Segundo a lei nº 11.340 de 7 de agosto ato libidinoso.”
de 2006, a violência física é entendida
como “qualquer conduta que ofenda Feminicídio
sua integridade ou saúde corporal”. É quando o assassinato de uma
Portanto, são atos nos quais se faz mulher está relacionado a questões
uso da força física de forma de gênero. Exemplo: quando a
intencional, não acidental, com o motivação para esse crime é o fim de
objetivo de ferir, lesar, provocar dor e um relacionamento ou uma traição.
sofrimento a uma pessoa, deixando, Essas motivações que levam ao
ou não, marcas em seu corpo. feminicídio estão frequentemente
ligadas ao sentimento de perda do
Importunação sexual controle (de poder) sobre as mulheres,
Quando a pessoa faz algo de caráter assim como ao ódio ou ao desprezo.
sexual com objetivo de satisfazer a A lei nº 13.104 de 9 de março de
si próprio, mas o faz na presença e 2015 define o feminicídio como
até invadindo o espaço de outra assasinato de uma mulher “por
pessoa que não autorizou a ação. razões da condição de sexo
Exemplo: uma pessoa se feminino. Considera-se que há
masturbando no transporte público. razões de condição de sexo feminino
Não é preciso ter contato físico na quando o crime envolve violência
importunação sexual. doméstica e familiar; menosprezo ou
A lei nº 13.718 de 24 de setembro de discriminação à condição de mulher.”
110
Violência virtual Cyberbullying
São atos de violência, agressão Trata-se de comportamentos de calúnia,
ou assédio que acontecem pelos perseguição, difamação e humilhação
meios virtuais de comunicação. praticados contra alguém no ambiente
virtual pelas redes sociais, fóruns
Perseguição e stalking online ou aplicativos de mensagem.
A palavra “stalking” vem do
inglês e quer dizer perseguição. É Disseminação de imagens
perseguir alguém, virtualmente e/ou sem autorização
pessoalmente, invadindo sua liberdade, Acontece quando uma pessoa divulga
privacidade e ameaçando a integridade imagens íntimas da outra pessoa, sem
física ou psicológica dessa pessoa. autorização, como forma de retaliação
pelo fim da relação ou rejeição. Esse
Difamação crime é chamado de forma equivocada
Atribuir ações e fatos ofensivos à de “pornografia de vingança”.
imagem ou à reputação de alguém com
objetivo de descredibilizar Gaslighting ou manipulação
essa pessoa socialmente. Na lei, Tipo de abuso psicológico feito
a difamação é considerada um propositalmente para levar a mulher a
crime contra a honra. Com as redes duvidar de seu senso de percepção,
sociais, a difamação pode ganhar raciocínio, memória e sanidade. Um
proporções massivas (alcançar muitas contexto comum para isso acontecer
pessoas) com mais frequência. é quando o homem quer se esquivar
de algum tipo de acusação: seja sobre
Bullying algo tão simples como falta de afeto
Agressões verbais ou físicas (“você está distante e não é mais
que buscam intimidar, carinhoso comigo”, “você tá maluca,
perseguir e ridicularizar outras fica vendo coisa onde não tem”), ou
pessoas com base nas suas até mesmo sobre traições (“Eu não
características físicas, orientação estava falando com ninguém… Você
sexual e comportamentos. inventa. É coisa da sua cabeça”).
A lei nº 13.185/2015, que instituiu o
Programa de Combate ao Bullying, Manterrupting ou
define como: todo ato de violência Interrupções constantes
física ou psicológica, intencional Quando um homem interrompe,
e repetitivo que ocorre sem constantemente, a fala de uma
motivação evidente, praticado por mulher, não permitindo que
indivíduo ou grupo, contra uma ou ela conclua seu raciocínio.
mais pessoas, com o objetivo de Isso atrapalha que essa mulher
intimidá-la ou agredi-la, causando se expresse e exponha suas
dor e angústia à vítima, em uma ideias, podendo gerar consequências
relação de desequilíbrio de poder na autoestima e carreira de
entre as partes envolvidas. meninas e mulheres.
111
Mansplaining Outros termos
Quando um homem explica algo que importantes
aquela mulher muito provavelmente
já sabe, mas ele o faz como uma Nude
forma (intencional ou não) de Geralmente, a palavra é usada
subestimar a capacidade dela ou se para descrever fotos íntimas em
supervalorizar a inteligência dele. que alguém está sem roupas.
Psicoeducativo
Quando alguma ação ou intervenção
educativa é realizada com o suporte
e a orientação de psicólogos e
profissionais de educação.
Maturidade psicossexual
Desenvolvimento psicológico e
emocional que ocorre ao longo da
vida de uma pessoa, especialmente
relacionado à sua sexualidade.
Espera-se que a maturidade
psicossexual seja conquistada ao
longo dos anos em um processo de
desenvolvimento para que as pessoas
sejam maduras na idade adulta.
112
Links e sugestões de
aprimoramento
LIVRO M A PA D E G R U P O S PA R A H O M E N S
Como conversar com Instituto PDH e PapodeHomem - 2023
homens sobre violência Nesse mapa, você encontra grupos de masculinidades
contra meninas e que atuam on-line para todo o Brasil, outros
mulheres - 2023 que têm encontros presenciais, iniciativas
bit.ly/conversar- responsabilizantes para homens autores de violência,
homens-violencia- institutos de formação metodológica e CEVIDs:
nova-edicao institutopdh.com.br/mapeamento
PESQUISA
-> Percepções dos homens
R E L A T Ó R I O S E P E S Q U I S A D O I N S T I T U T O AV O N sobre a violência doméstica
Confira pesquisas realizadas pelo Instituto Avon contra a mulher (2013)
sobre violência contra as mulheres. institutoavon.org.br/ bit.ly/percepcao-
conteudo-violencia-contra-as-mulheres dos-homens
PESQUISAS G U I A D E B O L S O PA R A
-> Violência contra a mulher no RELACIONAMENTOS
ambiente universitário (2015) S A U D ÁV E I S - 2 0 2 3
bit.ly/violencia-ambiente- Este guia traz informações
universitario para garantir que todas e
todos saibam reconhecer os
-> Pesquisa - Percepção sinais das diversas formas
sobre a violência contra de violência e, sobretudo,
mulheres no ambiente que decidam o melhor
universitário (2015) a fazer diante delas.
bit.ly/percepcao-violencia- bit.ly/guia-relacionamentos-
ambiente-universitario saudaveis
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D O C U M E N TÁ R I O D O C U M E N TÁ R I O
O silêncio dos homens (2019) Precisamos falar com
os homens? (2016)
Esse filme realizado pelo Papo de Homem em
parceria com a Natura Homem e Reserva é parte O documentário realizado
de um projeto que ouviu mais de 40 mil pessoas através de uma parceria
em questões a respeito das masculinidades. entre o Papo de Homem
institutopdh.com.br/documentarios e a ONU Mulheres tem
como objetivo mostrar
que a igualdade de
gênero é benéfica para
homens e mulheres.
bit.ly/precisamos-falar-
com-os-homens
A G Ê N C I A P AT R Í C I A G A L VÃ O
Criada em 2009 pelo Instituto Patrícia Galvão,
a Agência Patrícia Galvão produz e divulga
notícias, dados, pesquisas e conteúdos sobre
violência e direitos das mulheres brasileiras.
agenciapatriciagalvao.org.br/
LIVRO
Derrubando muros e
construindo pontes: como
MEMÓRIAS MASCULINAS conversar com quem pensa
Primeira organização especializada muito diferente de nós
em atender homens vítimas de
violência sexual do Brasil. papodehomem.com.br/
memoriasmasculinas.org/ pontes
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INSTITUTO NOOS
As principais atividades do Instituto incluem: atendimento em
terapia familiar, de casal e terapia comunitária, assim como
cursos de facilitação de grupos Reflexivos de Gênero. noos.org.br
Acesse o curso: bit.ly/curso-grupos-reflexivos
L I S T A N A C I O N A L D E 3 1 2 I N I C I AT I VA S ,
programas ou grupos para homens autores de
violência contra mulheres - 2019
Realizada a partir de uma parceria entre o Grupo de Pesquisa
Margens, Departamento de Psicologia da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC) e o COCEVID (Colégio de Coordenadores)
bit.ly/Mapeamento312
E N T R E V I S TA
Entenda o trabalho com homens autores de violência contra mulheres (2020)
Como estes grupos ajudam a reduzir violências contra mulheres e meninas?
É possível fazer online? Onde encontrar? O professor doutor Adriano Beiras,
especialista no tema, fala sobre essas e outras questões.
bit.ly/entrevista-adriano-beiras
LIVRO CARTILHA DE
Grupos para homens PREVENÇÃO
autores de violência AO ASSÉDIO
contra as mulheres no MORAL
Brasil: experiências
e práticas (2022) bit.ly/cartilha-
prevencao-
bit.ly/livro-grupo- assedio-moral
para-homens
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Referências
Bloco 1
17º Anuário de Segurança Pública – 2023 bit.ly/anuario-seguranca-2023
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Atlas da Violência – IPEA – 2018
bit.ly/atlas-violencia-2018
IBGE – 2020
bit.ly/relatorio-IBGE-2020
IBGE – 2021
bit.ly/relatorio-IBGE-2021
1 17
Prevalence, Characteristics, and Factors Associated With Sexual Violence in
Adulthood Among Brazilian MSM - Denis Gonçalves Ferreira e colaboradores –
2022 bit.ly/sexual-violence-2022
Bloco 2
Plataforma Mulher Segura
mulhersegura.org/
Mapa do Acolhimento
www.mapadoacolhimento.org/
Me Too Brasil
metoobrasil.org.br/preciso-de-ajuda
Bloco 3
Domestic Violence Resource Centre
women.novascotia.ca/domestic-violence-resource-centre
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Equipe envolvida
no projeto
PapodeHomem e Instituto PDH
G U I L H E R M E VA L A D A R E S A N D R I O R O B E R T L E C H E TA
Diretor de pesquisa Editor de conteúdo
GABRIELLA FEOLA
Coordenadora de conteúdo
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Especialistas
SÉRGIO BARBOSA
Consultor em Masculinidades e
ADRIANO BEIRAS
Violência de Gênero. Orientador
Psicólogo, psicoterapeuta, terapeuta
e formador de facilitadores
de casais e famílias. Professor adjunto
de grupos reflexivos para
da Universidade Federal de Santa
homens autores de violência.
Catarina (UFSC). Doutor europeu em
Psicologia Social. Pesquisador na
área de violências e masculinidades.
TA I N Á A G U I A R J U N Q U I L H O
Professora de Tecnologia,
Inovação e Direito no IDP. Doutora
DENIS G. FERREIRA
na Universidade de Brasília (em
Psicólogo, doutor em saúde
IA e Direito). Mestra em Direito
coletiva, professor e diretor
UFES. Advogada. Pesquisadora
do Memórias Masculinas.
na área de Inteligência Artificial.
J É S S I C A PA U L A D A
VIVIANA SANTIAGO
S I L VA M E N D E S
Consultora em Diversidade e
Mestre em Psicologia. Psicóloga
Inclusão, colunista na revista
da Defensoria Pública do Estado do
AzMina e Portal Lunetas.
Paraná. Atuante na sede da
Atuou junto à cooperação
Casa da Mulher Brasileira.
internacional e hoje lidera o time
Docente do ensino superior.
de diversidade e inclusão no IMS.
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Parceiros Acessibilidade: revisão do
conteúdo e orientações
Daniela Grelin
para identidade visual
Diretora Executiva
M A R I A I N C L U S I VA
Elza Maria Albuquerque
Renata Rodovalho
Fundadora da Maria Inclusiva,
Gerente de Causas
especialista em acessibilidade digital
Beatriz Accioly
Isabela Fernandes Correia
Coordenadora de Parcerias,
Validadora com deficiência intelectual
Pesquisa e Impacto
Jailma Souza
Giuliana Borges
Especialista em redação para
Coordenadora de Comunicação
experiência da pessoa usuária
Fernanda Puleghini
Juliana Barica Righini
Redatora e Revisora
Consultora, mediadora e especialista
em Linguagem Simples
AGRADECIMENTO
Giovanna Saad
ESPECIAL
Colaboradora Voluntária
Nelson Müzel
Médico, psicanalista
Daiane Regina Sanches
e gestor de conflitos
Colaboradora Voluntária
DESIGN E DIAGRAMAÇÃO
DO LIVRO
Jorge Oliveira (Estúdio Nono)
Diretor de arte
ILUSTRAÇÕES
Gil Tokio
Ilustrador e professor
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Coleção
“Construindo
pontes
e derrubando
muros“:
VOLUME 1
Como conversar com quem pensa
muito diferente de nós? (2019)
VOLUME 2
Como conversar com homens
sobre violência contra as
mulheres, elaborado em parceria
com o Instituto Avon (2019)
VOLUME 3
Como conversar com homens
sobre violência contra meninas
e mulheres (2023)
Conversar com meninas e mulheres sobre empoderamento é a metade
da conversa, a outra metade é conversar com meninos e homens.
As crenças de superioridade masculina são reafirmadas na
escola, em filmes, séries, jogos etc. Meninos e homens estão
recebendo essas mensagens que dizem: Vai lá, seja homem!
E o que costuma significar “ser homem”? Tende a ser: pouco falar, ouvir
ou discutir sobre consentimento, sobre conversar e consultar mulheres,
sobre se expressarem de forma ética e responsável. Quando essas
conversas acontecem, pode ser desconfortável, mas é transformador!
Conversar com meninos e homens é a estratégia mais potente para
enfrentar a violência e construir um mundo melhor para todas as pessoas.
VIVIANA SANTIAGO
Ativista, mulher, negra, nordestina e
mãe de um menino negro. Dedicou
anos de trabalho a defender os direitos
de crianças e adolescentes.
Produzido por
Viabilizado por
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