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Aula | Exames Complementares em Estética

Olá, bem-vindos à segunda aula do curso! Nós vamos falar agora sobre anemias,
estabelecendo um panorama e compreendendo a necessidade de saber sobre elas na
área da Estética.

O que significa “anemia”? Alguns autores trazem conceitos interessantes:

Resumindo, anemia é a condição em que temos menos hemácias para transportar


oxigênio pelo corpo, ou, ainda, menos hemoglobina do que necessário, podendo até
haver uma quantidade adequada de hemácias para que essa possa transportar
oxigênio.

Vamos entender, primeiro, a dinâmica da formação da hemácia e a sua importância na


condução do oxigênio. Toda a nossa respiração é feita nos pulmões a nível alveolar; ou

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seja, os alvéolos pulmonares absorvem todo o oxigênio que respiramos. Esses alvéolos
pulmonares são amplamente irrigados por sangue, e ali acontece uma troca gasosa do
oxigênio absorvido com o que a hemácia está trazendo (esta, quando está nos pulmões,
geralmente está carregando gás carbônico que ela vai liberar no pulmão). No pulmão, o
oxigênio que respiramos é entregue para as hemácias, e elas o levam para os tecidos. A
oxigenação dos tecidos é importante porque ela mantém o tônus e a vitalidade de todo
o nosso corpo a nível tecidual. Então, precisamos que as hemácias carreguem o
oxigênio. Para conseguir fazer isso, elas carregam dentro de si toda uma engenharia
formada por algumas proteínas, sendo a principal a hemoglobina. No centro da
hemoglobina, há um complexo chamado “complexo HEME”, que carrega uma unidade de
ferro. Por isso, as anemias podem estar associadas à carência de ferro.

Então, anemia é a diminuição da oxigenação dos tecidos devido à diminuição da


quantidade de hemoglobina. As anemias podem ocorrer por diversas causas:
alimentação inadequada, sangramento e produção de células modificadas. Já está
estabelecido na literatura que há valores de referência para considerarmos alguém em
estado de anemia. Todos são separados principalmente por sexo e faixa etária, porque
há diferentes quantidades de elementos sanguíneos dependendo da idade e do sexo.

Os principais sintomas que denotam a presença de anemia são:


- Palidez cutaneomucosa
- Fadiga
- Polipneia (respiração rápida ou ofegante)
- Astenia (perda ou diminuição da força física)
- Dores musculares
- Unhas quebradiças
- Irritabilidade
- Taquicardia aos esforços

Todos os sintomas estão relacionados com a não realização adequada das trocas
gasosas pela hemoglobina, geralmente pela sua própria diminuição. A diminuição da
capacidade de transporte de oxigênio leva a uma hipóxia tecidual. Existem anemias
classificadas como regenerativas, e também há as arregenerativas. Também há a
classificação relacionada à forma e ao tamanho das hemácias.

As anemias regenerativas são aquelas cuja causa é “periférica”; ou seja, quando há


sangramento periférico, hemorragia grave e hiper-hemólise, que diminuem a
quantidade de sangue, o que diminui as condições de fazer oxigenação dos tecidos,
resultando em anemia. Geralmente a medula continua trabalhando normalmente, mas
aumenta a intensidade da execução e da produção de células em até 7x. Isso pode ser
detectado no exame laboratorial chamado hemograma, onde provavelmente irá
aparecer muitas células jovens; ou seja, a medula está trabalhando muito além do que

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deveria, largando muito mais células que não estão, necessariamente, maduras. Uma
das características dessa condição é, por exemplo, o aparecimento de uma quantidade
muito maior de reticulócitos, que são hemácias que perdem o seu núcleo, deixando
resquícios de DNA. Esses resquícios são chamados de reticulócitos. Quando há grande
quantidade dessas células no exame, identifica-se que existe uma produção exagerada
da medula.

As anemias arregenerativas são aquelas que apresentam uma causa central,


geralmente relacionadas a alguma deficiência, como de produção de vitamina B12, de
ácido fólico, ou nutricional, como a ingestão insuficiente de ferro. Tudo isso leva à ideia
de que o corpo consegue produzir menos hemácias, e, ao produzir menos hemácias, o
corpo fica mais abastecido. Nessa condição, a medula aparece sem a produção
exagerada de reticulócitos, porque a medula continua trabalhando normalmente, mas
não consegue produzir todos os componentes que precisa devido à falta de alguns
elementos que fazem parte da multiplicação e da maturação das células.

Temos outra forma de classificação das anemias, que está relacionada ao tamanho e à
forma das células. Quando falamos em tamanho e forma de célula, temos que falar
sobre o VCM (volume corpuscular médio), que é a média do tamanho das hemácias
baseada na medição dos equipamentos hematológicos. O VCM pode ser normal, pode
demonstrar hemácias menores (microcíticas), ou demonstrar hemácias maiores
(macrocíticas). Se o VCM for normal, ele ocorre com uma história clínica de anemias
hemolíticas, às vezes relacionadas a infecções. Quando o VCM está alto, ele pode estar
vinculado a uma desregulação na produção de ácido fólico e vitamina B12. Em caso de
quantidades normais de ácido fólico e B12, temos um distúrbio mieloproliferativo; isto
é, um distúrbio da forma de produção da quantidade das hemácias que estão sendo
produzidas na medula.

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Quando o VCM está baixo, provavelmente tem-se envolvimento do ferro e da ferritina.
Em quantidades baixas, temos anemia ferropriva; em quantidades normais, temos
talassemias; e em quantidades altas, temos anemia sideroblástica.

A anemia ferropriva é também conhecida como anemia de ferro. O ferro é um


componente essencial para a nossa alimentação, e é fundamental para a formação das
hemácias. O ferro é um dos elementos constituintes das hemácias e se liga ao grupo
HEME. Então, para que a hemácia possa ser construída, nós precisamos de ferro. Sem
ferro na quantidade adequada, nós não vamos conseguir produzir as hemácias na
quantidade adequada. A carência de ferro ocorre geralmente em três estágios:
- Depleção de ferro (estoque de ferro baixo ou ausente)
- Deficiência de ferro (estoque de ferro baixo ou ausente com concentração sérica de
ferro e saturação de transferrina baixa, além de redução da hemoglobina e do
hematócrito).
- Anemia ferropriva (estoque de ferro baixo ou ausente com concentração sérica de
ferro e saturação de transferrina baixas, além de redução da hemoglobina e do
hematócrito).

A anemia ferropriva é aquela em que está faltando ferro, então, consequentemente, as


hemácias estão ou mal produzidas, ou não conseguem ser produzidas na quantidade
ideal.

Outra anemia que temos é a anemia megaloblástica, que é um distúrbio provocado pela
síntese comprometida do DNA. O nosso corpo é muito hábil em aproveitar o que
ingerimos e para que os elementos sejam aproveitados da melhor forma possível,
colocando para fora do organismo o que não é necessário. A anemia megaloblástica é
provocada por um distúrbio na síntese do DNA. Esse distúrbio geralmente acontece
relacionado à condição da presença de vitamina B12, que é necessária para a síntese
das hemácias. Quando falamos em síntese das hemácias, estamos falando em
maturação de hemácia e multiplicação. Quando a hemácia se torna madura e se
multiplica, ela precisa desses componentes (vitamina B12 e ácido fólico) para fazer o
start no nosso corpo. A deficiência da vitamina B12 ou do folato pode ser uma
característica própria da medula, descrita como megaloblastose, com atraso na
maturação do núcleo, caracterizando essa anemia megaloblástica. Isso pode acontecer
porque, a nível de DNA, pode haver uma má formação desses componentes.

A anemia aplásica é caracterizada pela diminuição da quantidade de células-tronco


hematopoiéticas. Isso significa que, na produção inicial das hemácias na medula, as
células que iniciam essa produção das hemácias são chamadas de células-tronco.
Quando há menor quantidade dessas células, há menor produção de hemácias.

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As anemias hemolíticas são aquelas relacionadas à quebra da hemácia e,
consequentemente, a perda da hemoglobina que está dentro da hemácia, causando a
hemólise. A hemólise é a presença da hemoglobina no sangue e fora da hemácia. A
anemia hemolítica pode ter várias causas, mas é importante dizer que, sempre que
temos anemia hemolítica, nós perdemos hemácia.

Uma forma da hemácia se perder é hereditária e se chama anemia hemolítica


intrínseca. Nela, as hemácias podem ser quebradas e caracterizadas em três classes:
alteração da membrana dos eritrócitos, deficiências enzimáticas e alterações no grupo
HEME. Todas elas levam a uma destruição da hemácia e produção de hemólise. A maior
parte das alterações que acontecem nessas anemias são alterações de membrana,
reduzindo a flexibilidade, dando instabilidade à sua fisiologia, etc.

Outra forma de ter uma anemia hemolítica é através de defeitos enzimáticos,


principalmente porque temos algumas enzimas que são necessárias para a condução
da produção das hemácias. Antes da produção, há outras que fazem parte do start de
uma sequência em cadeia para que as hemácias sejam construídas. As vias
enzimáticas são muito importantes, principalmente as vias glicolíticas, porque elas
geram uma quantidade grande de energia (90% da energia que a hemácia utiliza vem da
glicose). Se houver deficiência da glicose trifosfato ou da enzima piruvato quinase, essa
condição de formação da hemácia não acontece da mesma forma.

Também temos anemias hemolíticas extrínsecas, que são aquelas adquiridas. Alguns
exemplos são as anemias autoimunes ou aquelas induzidas por drogas, ou, ainda, a
hemolítica autoimune. Quando ela é adquirida, alguma ação que o nosso corpo já fazia
naturalmente não é feita, resultando em alteração na produção das hemácias e o
rompimento delas.

Hoje, a patologia clínica está bastante avançada e consegue definir alterações


relacionadas às hemácias. Na Estética, é importante conhecer a condição de saúde das
hemácias dos pacientes porque um paciente anêmico tem menos oxigenação tecidual.
A hipóxia tecidual é um componente muito importante que deve ser avaliado porque,
dependendo do tratamento, pode-se não atingir os resultados esperados, uma vez que
o tecido não está adequadamente oxigenado.

Nos vemos na próxima aula!

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