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Cálculo Diferencial e Integral II

(Cálculo II – A, MAT 042)

Adriano Pedreira Cattai


http://www.alunospgmat.ufba.br/adrianocattai/
“clicar em ensino”

Universidade Federal da Bahia — UFBA


Semestre 2006.2

Sumário

1 Apresentação 2
1.1 Ementa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.2 Objetivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.3 Metodologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.4 Sugestão Bibliográfica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.5 Conteúdo Programático . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
1.6 Recomendações (Dicas) do Professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

2 Integração 4
2.1 Antidiferenciação: A Integral Indefinida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.1.1 Regras Básicas de Integração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
2.1.2 Propriedades Operatórias da Integral Indefinida . . . . . . . . . . . . . . . 8
2.1.3 Versão simples de Equações Diferenciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
2.1.4 Mudança de Variável na Integral Indefinida: Integração por substituição . 13

3 Técnicas de Integração 18
3.1 Integração por Partes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19
Z Z
Ax + B Ax + B
3.2 Integrais do tipo: 2
dx e √ dx . . . . . . . . . . . . 26
ax + bx + c ax2 + bx + c
3.3 Integrais de Funções Racionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.3.1 Integrais de Funções Racionais Impróprias . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
3.3.2 Integrais de Funções Racionais Próprias: Método da Decomposição em
Frações Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

1
3.4 Integrais de Expressões Racionais Contendo sen(x) e/ou cos(x) . . . . . . . . . . 37
3.5 Integrais de Algumas Funções Irracionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38
3.6 Integração Trigonométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39
3.6.1 Integração de potências do Seno e do Cosseno . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.6.2 Integração de Potências das demais Funções Trigonométricas . . . . . . . 42
3.6.3 Integrais Envolvendo Produtos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.6.4 Integrais por Substituição Trigonométrica . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
1 Apresentação

1.1 Ementa
Noções de primitiva de uma função: Processos gerais de integração: integral definida e
aplicações. Estudo das funções reais de várias variáveis: limite, continuidade, derivadas parciais
e derivada total; aplicações. Integrais duplas.

1.2 Objetivos
Estudo do Cálculo Integral para funções de uma variável real e suas aplicações geométricas
e fı́sicas bem como o estudo do Cálculo Diferencial e Integral para funções reais de 2 variáveis.

1.3 Metodologia
Aulas expositivas

1.4 Sugestão Bibliográfica


1. Cálculo A e Cálculo B. FLEMMING, D. M. e GONÇALVES, M. B.
2. Cálculo com Geometria Analı́tica. Earl W. Swokowski, Volumes 1 e 2
3. Cálculo Diferencial e Integral. Piskunov, Volumes 1 e 2
4. Cálculo - Funções de Mais de Uma Variável. Nilson J. Machado
5. Cálculo. Munem-Foulis, Volumes 1 e 2
6. O Cálculo com Geometria Analı́tica. Louis Leithold, Volumes 1 e 2
7. Um curso de Cálculo. Guidorizi, H., Volumes 1 e 2

1.5 Conteúdo Programático


1. A integral indefinida
Processos elementares de integração: substituição, partes, funções racionais, irra-
cionais e trigonométricas.
2. A integral definida
Definição e propriedades básicas;
Teorema fundamental do cálculo.
3. Aplicações da integral definida
Cálculo de área, volume, comprimento de arco
Algumas aplicações à Fı́sica;
Integrais impróprias;
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4. Funções de duas ou mais variáveis


Definição, domı́nio, curvas de nı́vel e representação gráfica;
Noções sobre limite e continuidade;
Derivadas parciais e suas aplicações;
Diferencial e suas aplicações;
Derivação composta; Derivação implı́cita;
Derivada direcional, gradiente, plano tangente e reta normal a uma superfı́cie;
Derivadas parciais de ordem superior - Teorema de Schwartz.
5. Integrais Duplas
Definição, propriedades básicas e interpretação geométrica;
Cálculo da integral dupla; Aplicações.

1.6 Recomendações (Dicas) do Professor


1a . Evite fazer segunda chamada. Estude logo para se dar bem nas primeiras provas. Evite
também a final, mas saiba que a prova final faz parte do processo de avaliação. Guarde
suas provas, elas garantirão seu conceito.
2a . Estude a teoria e resolva muitos exercı́cios. Não se aprende cálculo fazendo um ou dois
exemplos e nem estudando na véspera de prova. Não faça só os propostos nas listas,
busque mais em livros de cálculo.
3a . Preste bem atenção na aula, meu quadro não é dos mais belos e organizados. Não falte
aula, a presença é indispensável para a compreensão da teoria.
4a . Se acostume com a notação utilizada no cálculo. A matemática possui uma linguagem
própria, por isso, aprenda-a.
5a . As Três Regras de Ouro para se dar bem em Cálculo
R1. Estude a teoria e faça muitos exercı́cios de Cálculo;
R2. Se a regra 1 não for suficiente, estude mais a teoria e faça ainda mais exercı́cios
de Cálculo;
R3. Se as regras 1 e 2 não tiverem o efeito desejado, faça um número monstruosamente
grande de exercı́cios de Cálculo.

Texto composto em LATEX 2ε , APC, Agosto/2006

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2 Integração

O Cálculo Diferencial lida com o problema de se determinar a taxa de variação de uma


quantidade com relação a outra. Iniciaremos o estudo de uma outra parte do cálculo, conhecida
como Cálculo Integral. Aqui estamos interessados precisamente no problema oposto:

Se conhecemos a taxa de variação de uma quantidade em relação a outra, podemos


determinar a relação entre essas quantidades?

A ferramenta principal utilizada no estudo do cálculo integral é a antiderivada de uma


função, e desenvolvemos regras para a antiderivação, ou integração, como é chamado o processo
de encontrar a antiderivada ou integral indefinida. A derivada foi motivada por problemas
de determinação do coeficiente angular de uma reta tangente e definição de velocidade. A
integral definida, como veremos, surge de modo natural quando consideramos o problema da
determinação da área de uma região curvilı́nea. Esta é, entretanto, apenas uma das aplicações.

Veremos que o conceito de integral, que é formado totalmente independente do conceito de


derivada, guarda com este uma relação muito importante. Esta relação entre os dois conceitos
foi estabelecida por Newton e Leibniz no século XVII, sendo hoje conhecida como o Teorema
Fundamental do Cálculo.

Assim, além de introduzirmos técnicas de integração (antidiferenciação), o conceito de in-


tegral e tratarmos das propriedades e de suas relações com a derivada, apresentaremos algumas
aplicações do cálculo de comprimentos, áreas, volumes e equações diferenciáveis com variáveis
separáveis, onde esta última, na versão bem leve, pois equações diferenciáveis será uma unidade
da disciplina Cálculo III.

2.1 Antidiferenciação: A Integral Indefinida

Em estudos anteriores resolvemos problemas do tipo: Dada uma função f , determinar sua
derivada f ′ . Estudaremos agora um problema relacionado: Dada uma função f , achar uma
função F tal que F ′ = f . Ou seja, a operação inversa da derivada.

2.1 Definição. Uma função F será chamada de antiderivada ou primitiva de uma função f
num intervalo I se F ′ (x) = f (x) para todo x no intervalo I.

Exemplo 2.1. Se F for definida por F (x) = x2 , então F ′ (x) = 2x. Assim, se f for a função
definida por f (x) = 2x, então f é a derivada de F e F é uma antiderivada, ou primitiva, de f .

Note que, se G for a função definida por G(x) = x2 + 3 então, G também será uma primitiva

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de f , pois G′ (x) = 2x. Na verdade, há uma infinidade de primitivas para 2x. De modo geral, se
K é uma constante arbitrária, então x2 + K é uma primitiva de 2x, do fato em que a derivada
de uma constante é zero, ou seja

Dx (x2 + K) = 2x + 0 = 2x.

Assim, existe uma famı́lia de antiderivadas de 2x. Resumimos nos seguintes teoremas.

2.2 Teorema. Seja F uma antiderivada de f num intervalo I. Se G é uma outra antiderivada
de f em I, então
G(x) = F (x) + K

para alguma constante arbitrária K e para todo x em I.

Demonstração. Seja H a função definida em I por H(x) = G(x) − F (x). Então, para
todo x em I temos que H ′ (x) = G′ (x)− F ′ (x). Mas, por hipótese, G′ (x) = F ′ (x) para todo x em
I, logo H ′ (x) = 0 para todo x em I. Portanto H é uma função constante, digamos H(x) = K,
assim G(x) = F (x) + K, para todo x em I. 

2.3 Teorema. Seja F uma antiderivada particular de f num intervalo I. Então, toda an-
tiderivada de f em I será da forma
F (x) + K

onde K é uma constante arbitrária e todas as antiderivadas de f em I poderão ser obtidas


atribuindo-se certos valores a K.

Demonstração. Suponha que G represente qualquer antiderivada de f em I, então


G′ (x) = f (x), para todo x em I.
Mas, F é uma antiderivada particular de f em I, então F ′ (x) = f (x) para todo x em I. Segue
portanto que G′ (x) = F ′ (x) para todo x em I. Logo, pelo teorema anterior, existe uma con-
stante K, tal que G(x) = F (x) + K para todo x em I.
Como G representa qualquer antiderivada de f em I, segue que toda antiderivada de f pode ser
obtida de F (x) + K, onde K é uma constante arbitrária. 

2.4 Definição (A Integral Indefinida). O processo de se determinar todas as antiderivadas


Z
de
uma função é chamado de antidiferenciação ou integração. Usamos o sı́mbolo , chamado de
sinal da integral, para indicar que a operação de integração deve ser executada sobre uma função
f . Assim Z
f (x)dx = F (x) + K

nos diz que a integral indefinida de f é a famı́lia de funções dada por F (x)+K, onde F ′ (x) = f (x).
A função f a ser integrada é chamada de integrando, e a constante K é chamada de constante
de integração.

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2.5 Observação. A expressão dx que segue ao integrando f (x) lembra-nos


Z
de que a operação
é executada com respeito a x. Se a variável independente é t, escrevemos f (t)dt. Neste caso,
dizemos que tanto t quanto x são variáveis mudas.

ExemploZ2.2.
(a) 3x2 dx = x3 + K pois (x3 + K)′ = 3x2
Z
(b) cos(t)dt = sen(t) + K pois (sen(t) + K)′ = cos(t)
Z

(c) eu du = eu + K pois (eu + K)′ = eu


Z
1 1
(d) dx = ln (x) + K pois (ln (x) + K)′ =
x x
O seguinte teorema, estabelece que diferenciação e integração indefinida são processos in-
versos porque, de certo modo, um desfaz o outro.
Z 
2.6 Teorema. 
(i) Dx f (x) dx = f (x) + K
Z ‹
(ii) Dx f (x)dx = f (x)

Demonstração. (i) Óbvio!


(ii) Suponha que F é uma antiderivada de f , ou seja, F ′ = f . Assim,
Z ‹    
Dx f (x)dx = Dx F (x) + K = Dx F (x) + 0 = f (x)

2.1.1 Regras Básicas de Integração

Z
Acabamos de ver que f ′ (x)dx = f (x) + K. E isto permite usarmos qualquer fórmula
de derivada para obter uma fórmula correspondente de integral indefinida, que chamamos de
integral imediata, como na tabela a seguir.

Derivada Integral Indefinida


Z
f ′ (x) f ′ (x)dx = f (x) + K
Z
(x)′ = 1 dx = x + K
‚ Œ′ Z
xn+1 xn+1
= xn xn dx = +K
n+1 n+1
Z
1 1
(ln (x))′ = dx = ln |x| + K
x x
Z
1
(ax )′ = ax · ln a ax dx = · ax + K
Z
ln a
(ex )′ = ex ex dx = ex + K

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2.7 Observação. A fórmula dada na 3a linha, é chamada de regra da potência para integral
indefinida, para tanto, é preciso que tenhamos n 6= −1. Como se vê no exemplo a seguir,
frequentemente é preciso modificar a forma de um integrando para aplicar a regra da potência,
ou uma identidade trigonométrica.

Exemplo 2.3.

Z Z
3 2 x5+1 1
(a) x · x dx = x5 dx = + K = x6 + K
5+1 6
Z Z
1 x−2+1 1
(b) dx = x−2 dx = +K =− +K
x2 −2 + 1 x
Z Z 1

3
1 x 3 +1 3 4
(c) x dx = x 3 dx = 1 + K = x3 + K
3 +1
4
Z Z Z
tg(x) sen(x)
(d) dx = cos(x) · dx = sen(x) dx = −cos(x) + K
sec(x) cos(x)
Z Z
1
(e) du = sec(u) · tgu du = sec(u) + K
cos(u) · cotg(u)

Prosseguindo, como na tabela acima, temos as seguintes integrais imediatas:


Z
Z
xn+1 9. sec(x) · tg(x)dx = sec(x) + K;
1. xn dx = + K, n 6= −1; Z
n+1
Z 10. cossec(x) · cotg(x)dx = −cossec(x) + K;
1
2. dx = ln |x| + K; Z
x dx
Z 11. √ = arcsen(x) + K;
ax 1 − x2
3. ax dx = + K, 0 < a 6= 1;
ln a Z
−dx
Z
12. √ = arccos(x) + K;
4. ex dx = ex + K; 1 − x2
Z
Z dx
5. sen(x)dx = −cos(x) + K; 13. = arctg(x) + K;
1 + x2
Z Z
−dx
6. cos(x)dx = sen(x) + K; 14. = arccotg(x) + K;
1 + x2
Z Z
dx
7. sec2 (x)dx = tg(x) + K; 15. √ = arcsec(x) + K;
Z
x x2 − 1
Z
8. cossec2 (x)dx = −cotg(x) + K; −dx
16. √ = arccossec(x) + K;
x x2 − 1

2.8 Observação. À medida que avançamos, novas integrais imediatas serão apresentadas. Para
tanto, precisaremos de algumas técnicas (ou métodos). Os exemplos (integrais) contendo o
sı́mbolo ⋆, serão chamados de exemplos estrela. Esses exemplos irão completar nossa tabela de
integrais imediatas, mas não na sua totalidade.

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2.1.2 Propriedades Operatórias da Integral Indefinida

Resumimos no seguinte teorema, de fácil verificação.

2.9 Teorema. Sejam f e g duas funções com primitivas num intervalo I e c uma constante
qualquer, então

Z Z
(i) c · f (x) dx = c f (x) dx;
Z   Z Z
(ii) f (x) ± g(x) dx = f (x) dx ± g(x) dx;

Demonstração. (i) Seja F (x) uma primitiva de f (x). Então, c F (x) é uma primitiva de
c f (x), pois
(c F (x))′ = k F ′ (x) = c f (x).

Portanto, Z
c f (x) dx = c F (x) + K
= c F (x) + c K1 , onde K = c K1
= c (F
Z
(x) + K1 )
= c f (x) dx.

(ii) Sejam F (x) e G(x) duas primitivas quaisquer das funções f (x) e g(x), respectivamente.
Então, F (x) + G(x) é uma primitiva da função f (x) + g(x), pois
 ′
F (x) ± G(x) = F ′ (x) ± G′ (x) = f (x) ± g(x).

Portanto,
Z    
f (x) ± g(x) dx = F (x) ± G(x) + K
 
= F (x) ± G(x) + K1 + K2 , onde K = K1 + K2
   
= F (x) + K1 ± G(x) + K2
Z Z

= f (x) dx ± g(x) dx.

Este último teorema estabelece que para determinar uma antiderivada de uma constante
vezes uma função, achamos primeiro uma antiderivada da função, multiplicando-a, em seguida,
pela constante. E, para determinar uma antiderivada da soma (ou subtração) de duas funções,
achamos primeiro a antiderivada de cada uma das funções separadamente e então, somamos (ou
subtraimos) o resultado.

O teorema seguinte, de prova análoga, estende para um número qualquer, finito, de funções.

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2.10 Teorema. Se f1 , f2 , . . ., fn estão definidas num intervalo, então


Z   Z Z Z
c1 f1 (x) ± c2 f2 (x) ± . . . ± cn fn (x) dx = c1 f1 (x)dx ± c2 f2 (x)dx ± . . . ± cn fn (x)dx,

onde c1 , c2 , . . . , cn são constantes.

2.11 Observação. Não há uma propriedade análoga para o produto entre funções, ou seja,
Z Z Z

f (x) · g(x) dx 6= f (x) dx · g(x) dx,

como ilustra o seguinte exemplo.


 
1
Exemplo 2.4. Como Dx (1 + x2 )3 = (1 + x2 )2 · 2x, então
3
Z
€ Š2 1 1 1
1 + x2 · 2xdx = (1 + x2 )3 + K = + x2 + x4 + x6 + K.
3 3 3
Calculando a integral de cada fator, temos:

Z Z
€ Š 2 1
2 2
(i) 1+x dx = (1 + 2x2 + x4 ) dx = x + x3 + x5 + K1
3 5
Z
(ii) 2x dx = x2 + K2 .
Z Z Z
€ Š2 € Š2
E portanto, 1 + x2 · 2x dx 6= 1 + x2 dx · 2x dx, pois o produto entre (i) e (ii) será
um polinômio de grau 7.

Exemplo 2.5. Vejamos algumas integrais indefinidas.

Z Z Z Z Z Z
(a) (5x4 − 8x3 + 9x2 − 2x + 7) dx = 5 x4 dx − 8 x3 dx + 9 x2 dx − 2 x dx + 7 dx

= 5 · 15 x5 − 8 · 14 x4 + 9 · 33 x3 − 2 · 12 x2 + 7x + K

= x5 − 2x4 + 3x3 − x2 + 7x + K
Z Z Z  Z Z
√  1
‹
1 € Š 3

3
(b) x x+ dx = x 2 x + x−1 dx = x 2 + x−1 dx = x 2 dx + x−1 dx
x
5 1
x2 x2 2 √ √
= 5 + 1 + K = x2 x + 2 x + K
2 2
5
Z Z ‚ Œ Z Z Z Z
2x3 + 1 2x3 1 2x3 1
(c) dx = + 2 dx = dx + dx = 2 x dx + x−2 dx
x2 x 2 x x2 x2
1 x−1 1
= 2 · x2 + + K = x2 − + K
2 −1 x
Z Z Z
€ Š
(d) 3sec(x) · tg(x) − 5cossec2 (x) dx = 3 sec(x) · tg(x) dx − 5 cossec2 (x) dx

= 3sec(x) − 5(−cotg(x)) + K = 3sec(x) + 5cotg(x) + K

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Z Z Z
2cotg(x) − 3sen2 (x) 1 sen2 (x)
(e) dx = 2 · cotg(x) dx − 3 dx
sen(x) Z
sen(x) Z
sen(x)
= 2 cossec(x) · cotg(x) dx − 3 sen(x) dx

= 2(−cossec(x)) − 3(−cos(x)) + K = 3cos(x) − 2cossec(x) + K


Z Z  
€ Š
(f ) tg2 (x) + cotg2 (x) + 4 dx = (sec2 − 1) + (cossec2 (x) − 1) + 4 dx
Z Z Z
2 2
= sec dx + cossec (x) dx + 2 dx

= tg(x) − cotg(x) + 2x + K

Note que neste último exemplo, usamos as identidades tg2 (x) + 1 = sec2 (x) e cotg2 (x) +
1 = cossec2 (x). As identidades trigonométricas são frequentemente usadas quando calculamos
integrais envolvendo funções trigonométricas. As oito identidades fundamentais a seguir são
cruciais.

1 1 1 sen(x)
cossec(x) = sec(x) = cotg(x) = tg(x) =
sen(x) cos(x) tg(x) cos(x)

cos(x)
cotg(x) = sen2 (x) + cos2 (x) = 1 tg2 (x) + 1 = sec2 (x) cotg2 (x) + 1 = cossec2 (x)
sen(x)

2.1.3 Versão simples de Equações Diferenciais

Um problema aplicado pode ser enunciado em termos de uma equação diferencial, isto
é, um equação que envolve derivadas de uma função incógnita. Uma função f é solução de
uma equação diferencial se verifica a equação, isto é, se a substituição da função incógnita por
f resulta em uma identidade. Resolver uma equação diferencial significa achar todas as suas
soluções. Em alguns casos, além da equação diferencial, podemos conhecer certos valores de f ,
chamados condições iniciais.

As integrais indefinidas são úteis para a resolução de certas equações diferenciais, porque,
dada uma derivada f ′ (x), podemos integrá-la e usar o Teorema 2.9 para obter uma equação
envolvendo a função incógnita f :
Z

f ′ (x) dx = f (x) + K

Dada uma condição inicial para f , é possı́vel determinar f (x) explicitamente, como no exemplo
a seguir.

Exemplo 2.6. Resolva a equação diferencial

y ′ = 6x2 + x − 5

sujeita à condição inicial y(0) = 2.

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dy dy
Resolução: Notemos primeiro que y ′ = . Assim = 6x2 + x − 5, e escrevemos
dx dx
dy = (6x2 + x − 5)dx

portanto
Z Z
y = dy = (6x2 + x − 5) dx
1
= 2x3 + x2 − 5x + K
2
Fazendo x = 0 e utilizando a condição inicial y(0) = 2, temos y(0) = 0 + 0 − 0 + K = 2. Logo a
solução da equação diferencial dada, com a condição inicial y(0) = 2, é
1
y = 2x3 + x2 − 5x + 2
2
Exemplo 2.7. Em qualquer ponto (x, y) de uma determinada curva, a reta tangente tem uma
inclinação igual a 4x − 5. Se a curva contém o ponto (3, 7), ache sua equação.

Resolução: Como a inclinação da reta tangente e uma curva em qualquer ponto (x, y) é
dy
o valor da derivada nesse ponto, temos = 4x − 5, e então
dx
Z Z

y = dy = (4x − 5) dx
x2
= 4· − 5x + K
2
= 2x2 − 5x + K

A equação y = 2x2 − 5x + K representa uma famı́lia de curvas. Como queremos determinar uma
certa curva dessa famı́lia que contenha o ponto (3, 7), substituı́mos x por 3 e y por 7, obtemos
K = 4, e portanto y = 2x2 − 5x + 4 é a equação da curva pedida.

Exemplo 2.8 (Interpretação Cinética). Do estudo da cinética sabemos que a posição de um


ponto material em movimento, sobre uma curva C (trajetória) conhecida, pode ser determinada,
em cada instante t, através de sua abscissa s, medida sobre a curva C. A expressão que nos dá
s em função de t é s = s(t), e é chamada equação horária.

Sendo dado um instante t0 e sendo t um instante diferente de t0 , chamamos velocidade


média do ponto entre os instantes t0 e t o quociente
s(t) − s(t0 ) ∆s
vm = = ,
t − t0 ∆t
e chama–se velocidade escalar do ponto no instante t0 o limite
s(t) − s(t0 ) ∆s
v(t0 ) = lim vm = lim = lim = s′ (t0 ).
t→t0 t→t0 t − t0 ∆t→0 ∆t

Em outras palavras, a derivada da função s = s(t) no ponto t = t0 é igual à velocidade escalar


do móvel no instante t0 .

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Sabemos ainda que a velocidade v de um ponto material em movimento pode variar de


instante para instante. A equação que nos dá v em função do tempo t é v = v(t), e é chamada
equação da velocidade do ponto. Chama–se a aceleração média do ponto entre os instantes t e
t0 o quociente
v(t) − v(t0 ) ∆v
am = = ,
t − t0 ∆t
e chama–se aceleração escalar do ponto no instante t0 o limite:

v(t) − v(t0 ) ∆v
a(t0 ) = lim am = lim = lim = v ′ (t0 ).
t→t0 t→t0 t − t0 ∆t→0 ∆t

Em outras palavras, a derivada da função v = v(t) no ponto t = t0 é igual à aceleração escalar


do móvel no instante t0 .

Suponha que um ponto percorre uma curva obedecendo à equação horária s = t2 + t − 2


(Unidades SI). No instante t0 = 2 a velocidade é dada pela derivada s′ no ponto 2, ou seja,

s(t) − s(2) (t2 + t − 2) − (22 + 2 − 2)


v(2) = s′ (2) = lim = lim
t→2 t−2 t→2 t−2
2
t +t−6 (t − 2)(t + 3)
= lim = lim = 5 m/s.
t→2 t−2 t→2 t−2

No entanto, podemos, por meio da integração


Z
indefinida, percorrer
Z
o caminho inverso,ou
seja, dada a aceleração a(t), temos v(t) = a(t) dt, e então s(t) = v(t) dt.

Suponhamos que uma pedra tenha sido lançada verticalmente para cima de um ponto
situado a 45 m acima do solo e com velocidade inicial de 30 m/s. Desprezando a resistência do
ar, determine (a) a distância da pedra ao solo após t segundos; (b) o intervalo de tempo durante
o qual a pedra sobre; e (c) o instante em que a pedra atinge o solo, e a velocidade nesse instante.
Vejamos como. Primeiramente, notemos que o movimento da pedra pode ser representada por
um ponto numa coordenada vertical com origem no solo e direção positiva para cima.

(a) A distância da pedra ao solo no instante t é s(t) e as condições iniciais são s(0) = 45 e
v(0) = 30. Como a velocidade é decrescente, v ′ (t) < 0, isto é, a aceleração é negativa.
Logo, pelas observações descritas acima, a(t) = v ′ (t) = −9, 8, e então
Z Z
v(t) = a(t) dt = −9, 8 dt = −9, 8t + K1
Z
Como v(0) = 30, temos que K1 = 30, e consequentemente, v(t) = −9, 8 dt = −9, 8t + 30.
Obtemos agora, s(t) da seguinte forma:
Z Z
s(t) = v(t) dt = (−9, 8t + 30) dt = −4, 9t2 + 30t + K2

Como s(0) = 45, temos que K2 = 45. E portanto a distância ao solo no instante t é dado
por s(t) = −4, 9t2 + 30t + 45.

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(b) A pedra subirá até que v(t) até que v(t) = 0, isto é, −9, 8t + 30 = 0, ou t ≈ 3.

(c) A pedra atingirá o solo quando s(t) = 0, isto é, quando −4, 9t2 + 30t + 45 = 0. Donde
t = −1, 24 ou t = 7, 36. Como t é não-negativo, temos que quando t = 7, 36s a pedra
atingirá o solo, sob velocidade v(7, 36) = −9, 8(7, 36) + 30 ≈ −42, 13m/s.

2.1.4 Mudança de Variável na Integral Indefinida: Integração por substituição

As fórmulas para integrais indefinidas que estabelecemos até aqui têm objetivo limitado,
por que não podemos usá-la diretamente para calcular integrais como
Z Z Z

cos(3x) dx, 4x + 1 dx ou tg(x) dx.

Veremos um simples método, mas poderoso, para mudar a variável de integração de modo que
essas integrais (e muitas outras) possam ser calculadas por meio de uma integral imediata. Esta
técnica de integração decorre da regra da cadeia.

Suponhamos que conhecemos uma primitiva, F , para a função f (isto é, F ′ = f ) e que g é
€ Š
uma função derivável. Denotando por h a função composta de F e g, então h(x) = F g(x) e
Z
” —
da fórmula Dx h(x) dx = h(x) + K temos
Z
” € Š— € Š
Dx F g(x) dx = F g(x) + K.

” € Š—
Aplicando a regra da cadeia no integrando Dx F g(x) e do fato que F ′ = f obtemos
” € Š— € Š € Š
Dx F g(x) = F ′ g(x) · g′ (x) = f (x) · g′ (x)

e portanto Z
€ Š € Š
f (x) · g′ (x) dx = F g(x) + K. (1)

Podemos rememorar a fórmula (1) usando o seguinte artifı́cio:

du
Faça u = g(x). Assim = g′ (x) e logo du = g′ (x)dx. Então, podemos reescrever (1) da
dx
seguinte forma: Z
f (u) du = F (u) + K,

e portanto, se conhecemos uma primitiva da função f , conhecemos também uma primitiva para
(f ◦ g) · g′ que é F ◦ g.

Este método de calcular integrais indefinidas é conhecido como Mudança de Variável ou


Método da Substituição, e resumimos da seguinte forma.

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2.12 Teorema (Regra da Cadeia para Antidiferenciação). Se F é uma antiderivada de f ,


então Z
€ Š € Š
f g(x) g′ (x) dx = F g(x) + K.

Se u = g(x) e du = g′ (x)dx, então


Z
f (u) du = F (u) + K.

Exemplo 2.9. Determinaremos as integrais indefinidas exibidas no começo desta seção

Z Z Z

(a) cos(3x) dx (b) 4x + 1 dx (c) (⋆) tg(x) dx

Resolução:

(a) Fazendo a substituição u = 3x e du = 3dx, temos


Z Z Z
du 1 1 1
cos(3x) dx = cos(u) = cos(u) du = sen(u) + K = sen(3x) + K
3 3 3 3
(b) Fazendo a substituição u = 4x + 1 e du = 4dx, temos
Z Z Z 3
√ √ du 1 1 1 u2 1 3 1È
4x + 1 dx = u = u du = 3 + K = u 2 + K =
2 (4x + 1)3 + K
4 4 4 2 6 6

sen(x)
(c) Como tg(x) = , fazendo a mudança de variável u = cos(x) e du = −sen(x) dx, temos
cos(x)
Z Z Z
sen(x) du
tg(x) dx = dx = − = −ln |u| + K = −ln |cos(x)| + K = ln |sec(x)| + K
cos(x) u

2.13 Observação. Analogamente ao item (c) deste último exemplo, temos que
Z

(⋆) cotg(x) dx = ln |sen(x)| + K

cos(x)
De fato, como cotg(x) = , façamos a substituição u = sen(x) e du = cos(x) dx, logo
sen(x)
Z Z Z
cos(x) du
cotg(x) dx = dx = = ln |u| + K = ln |sen(x)| + K.
sen(x) u

2.14 Observação. Nem sempre é fácil decidir a substituição u = g(x) necessária para trans-
formar uma integral indefinida em uma forma que possa ser facilmente calculável. Às vezes é
preciso tentar várias possibilidades diferentes até achar uma substituição adequada. Na maio-
ria dos casos, nenhuma substituição simplificará propriamente o integrando. Vejamos algumas
diretrizes.

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Diretrizes para a substituição da variável:


1. Decidir por uma substituição favorável u = g(x);

2. Calcular du = g′ (x) dx;

3. Com auxı́lio de 1. e 2., transformar a integral em uma forma que envolva apenas a
variável u. Se qualquer parte do integrando resultante ainda contiver a variável x,
usar uma substituição diferente em 1., ou outro método, caso a variável x persista em
aparecer;

4. Calcular a integral obtida em 3., obtendo uma antiderivada envolvendo u;

5. Substituir u por g(x) na antiderivada obtida na diretriz 4. O resultado deve conter


apenas a variável x.

Exemplo 2.10. Calcular, com uma mudança de variável, as seguinte integrais

Z Z
x2 2x + 5
(a) xe dx (b) dx
3x − 1

Resolução: (a) Fazendo u = x2 , temos que du = 2xdx donde 12 du = xdx. Logo


Z Z Z
x2 x2 1 1 u 1 2
xe dx = e x dx = eu du = e + K = ex + K
2 2 2
(b) Fazendo u = 3x − 1, temos que du = 3dx, donde 13 dx, x = u+1
3 e 2x + 5 = 23 (u + 1) + 5.
Logo
Z Z 2 Z
2x + 5 1 3 (u + 1) + 5 1 2u + 17
dx = du + K = du + K
3x − 1 3 u 9 u
Z Z
1 1 17 2 17
= 2 du + du = u + ln |u| + K
9 9 u 9 9
2 17
= (3x − 1) + ln |3x − 1| + K
9 9
2.15 Observação. Na verdade, este último exemplo, é um caso particular de uma situação
mais geral, que fica como exercı́cio a sua verificação. Sejam a, b, c e d números reais, tal que
c 6= 0, então Z  
ax + b a bc − ad
dx = 2 (cx + d) + ln |cx + d| + K.
cx + d c c2
2.16 Teorema. Se f é derivável com antiderivada F e se n 6= −1 é um número racional, então

” —n+1
Z
” —n f (x)
(i) f (x) f ′ (x) dx = +K
n+1
Z
1
(ii) f (ax + b) dx = F (ax + b) + K, a 6= 0
a

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Demonstração. Basta fazer a mudança de variável u = f (x) e du = f ′ (x)dx para (i), e


du
u = ax + b e = dx para (ii). 
a Z
Exemplo 2.11. Calcule tg(x) · sec2 (x)dx por dois métodos: (a) substituição u = tg(x), (b)
substituição u = sec(x), e (c) compare as respostas entre (a) e (b).

Resolução:

(a) Fazendo u = tg(x), temos que du = sec2 (x)dx, logo


Z Z
u2 1
tg(x) · sec2 (x) dx = u du = + K = tg2 (x) + K
2 2
(b) Fazendo u = sec(x), temos que du = sec(x) · tg(x)dx, logo
Z Z Z
2 u2 1
tg(x) · sec (x) dx = sec(x) · sec(x) · tg(x) dx = u du = + K = sec2 (x) + K
2 2
(c) Como sec2 (x) = 1 + tg2 (x), as funções definidas por 12 tg2 (x) e 12 sec2 (x) diferem por uma
constante, e assim sendo cada uma serve como antiderivada de tg(x) · sec2 (x), pois
1 2 1 2
sec (x) + K = (tg (x) + 1) + K
2 2
1 2 1
= tg (x) + + K
2 2
1 2 1
= tg (x) + K1 , onde K1 = + K.
2 2

Algumas vezes é possı́vel obter uma primitiva após efetuarmos a mudança de uma variável,
mesmo não sendo tão explicito como no Teorema 2.12. Vejamos o seguinte exemplo como
ilustração desse fato.
Z

Exemplo 2.12. Calcule x2 1 + x dx

Resolução:

1a Forma. Fazendo u = 1 + x, temos que du = dx e x = u − 1. Assim temos


Z Z Z Z Z
√ 1 5 3 1
x2 1 + x dx = (u − 1)2 u 2 du = u 2 du − 2 u 2 du + u 2 du
7 5 3
u2 u2 u2
= 7 −2· 5 + 3 +K
2 2 2

2 7 4 5 2 3
= (1 + x) 2 − (1 + x) 2 + (1 + x) 2 + K.
7 5 3

2a Forma. Fazendo v = 1 + x, temos que v 2 − 1 = x e 2vdv = dx. Então
Z Z Z Z Z

x2 1 + x dx = (v 2 − 1)2 · v · 2v dv = 2 v 6 dv − 4 v 4 dv + 2 v 2 dv

2 7 4 5 2 3
= v − v + v +K
7 5 3
2 7 4 5 2 3
= (1 + x) 2 − (1 + x) 2 + (1 + x) 2 + K.
7 5 3

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Z Z
Exemplo 2.13 (⋆). Obter fórmulas para (a) sec(x) dx e (b) cossecx dx

Resolução:
(a) Multiplicando o numerador e o denominador por sec(x) + tg(x), temos
Z Z Z
sec(x)(sec(x) + tg(x)) sec2 (x) + sec(x) · tg(x)
sec(x) dx = dx = dx
sec(x) + tg(x) sec(x) + tg(x)
e mudando de variável, u = sec(x)+tg(x), temos du = (sec(x)·tg(x)+sec2 (x))dx obtém-se
Z Z
1
sec(x) dx = du = ln |u| + K
u
= ln |sec(x) + tg(x)| + K

(b) Multiplicando o numerador e o denominador por cossec(x) − cotg(x), temos


Z Z Z
cossec(x)(cossec(x) − cotg(x)) cossec2 (x) − cossec(x) · cotg(x)
cossec(x) dx = dx = dx
cossec(x) − cotg(x) cossec(x) − cotg(x)
e mudando de variável, u = cossec(x) − cotg(x), temos du = (−cossec(x) · cotg(x) +
cossec2 (x))dx obtém-se
Z Z
1
cossec(x) dx = du = ln |u| + K
u
= ln |cossec(x) − cotg(x)| + K

Exemplo 2.14 (⋆). Mostre, por uma mudança de variável, que


Z  ‹ Z È
1 x 1
(a) √ dx = arcsen + K; (d) √ dx = ln x + x2 ± a2 + K;
a2 − x2 a x2 ± a2
Z  ‹ Z
1 1 x 1 1 x − a
(b) dx = arctg + K; (e) dx = ln + K;
2
a +x 2 a a 2
x −a 2 2a x + a
Z  ‹ Z
1 1 x 1 1 x + a
(c) √ dx = arcsec + K; (f ) dx = ln + K.
2
x x −a2 a a 2
a −x 2 2a x − a

Resolução:

Z Z Z
1 1 1 1
(a) Notemos primeiro que √ dx = q € Š dx = q € Š dx.
a − x2
2
a2 1 − x2 a x 2
a2 1− a
x
Fazendo u = , temos que adu = dx e logo
a
Z Z  ‹
1 1 a x
√ dx = √ du = arcsenu + K = arcsen + K.
2
a −x 2 a 1−u 2 a
Z Z Z
1 1 1 1
(b) Como 2 2
dx = €
x 2
Š dx =
2 € Š2 dx,
a +x a2 1 + a2 a 1 + xa
x
fazendo u = , temos que adu = dx e logo
a
Z Z  ‹
1 1 a 1 1 x
2 2
dx = 2 2
du = arctgu + K = arctg + K.
a +x a 1+u a a a

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Z Z Z
1 1 1 1
(c) Como √ dx = q € Š dx = q€ Š ,
2
x x −a 2 2 x 2 a x 2
x a a2 − 1 x a −1
x
fazendo u = , temos que adu = dx, onde x = au, e logo
a
Z Z  ‹
1 1 a 1 1 x
√ dx = √ du = arcsecu + K = arcsec + K.
2
x x −a2 a 2
au u − 1 a a a

Z Z √
1 1 x + x2 ± a2
(d) Como √ dx = √ · √ dx,
x2 ± a2 x2 ± a2 x + x2 ± a2
  √
√ 2x x2 ± a2 + x
2 2
fazendo u = x + x ± a , temos que du = 1 + √ dx = √ dx,
2 x2 ± a2 x2 ± a2
portanto
Z Z È
1 1
√ dx = du = ln |u| + K = ln |x + x2 ± a2 | + K.
x2 ± a2 u
Z Z Z
1 1 1
(e) Como dx = dx = dx,
x2 − a2 (x + a)(x − a) 2
(x − a)
(x + a)
(x + a)
x−a
fazendo u = e pela regra da derivada do quociente, temos que
x+a
1 · (x + a) − 1 · (x − a) 2a du dx
du = 2
dx = dx, donde, =
(x + a) (x + a)2 2a (x + a)2
e portanto
Z Z Z
1 1 du 1 1 1 1 x − a
dx = = du = ln |u| + K = ln + K.
x2 − a2 u 2a 2a u 2a 2a x + a

(f ) Idem (e).

3 Técnicas de Integração

Até aqui, estabelecemos fórmulas para o cálculo de integrais indefinidas a partir da fórmula
Z
” —
Dx f (x) dx = f (x) + K

e pelo método da substituição de variável, que possibilita transformar uma integral em outra
mais simples, que possa ser facilmente calculada.

Desenvolveremos então, outras maneiras de simplificar integrais, entre elas a integração por
partes. Este poderoso dispositivo permite-nos obter integrais indefinidas de ln (x), arctg(x) e
outras expressões transcendentes importantes. Desenvolveremos ainda, técnicas para simplificar
integrais que contenham: potência de funções triogonométricas; radicais; expressões racionais e
√ √ √
a2 − x2 , a2 + x2 e x2 − a2 .

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Às vezes pode ser preferı́vel fazer uso de uma tabela de integrais, em vez de efetuar uma
integração complicada. Tabelas desse tipo pode-se encontrar em quase todos os livros de cálculo.
Algumas vezes é necessário empregar técnica de integração para expressar o integrando na forma
em que ele aparece na tabela, exigindo que reconheça qual técnica a ser empregada numa dada
integral. Quase rodas as fórmulas nas tabelas de integrais, são desenvolvidas a partir das técnicas
de integração, por essa razão, aconselhamos o uso das tabelas de integrais somente depois que
você dominar a integração.

Na prática, não é sempre possı́vel calcular uma integral indefinida, isto é, o integrando não
tem uma antiderivada que possa ser expressa em termos das funções elementares. Um exemplo
de tal integral é Z
2
e−x dx.

3.1 Integração por Partes

Da fórmula da derivada do produto de duas funções obtemos um método de integração


muito útil, chamado Integração por Partes, que é estabelecido da seguinte forma.

Se f e g são duas funções diferenciáveis, então


” —
Dx f (x) · g(x) = f ′ (x) · g(x) + f (x) · g′ (x)

ou equivalentemente
” —
f (x) · g′ (x) = Dx f (x) · g(x) − f ′ (x) · g(x).

Integrando ambos os membros em relação a x, obtemos


Z Z Z
” —
f (x) · g′ (x) dx = Dx f (x) · g(x) dx − f ′ (x) · g(x) dx

e escrevemos esta última equação da seguinte forma:

Z Z

f (x) · g′ (x) dx = f (x) · g(x) − f ′ (x) · g(x) dx (2)

que é chamada de fórmula de Integração por Partes. Esta fórmula pode ser simplificada fazendo

u = f (x) dv = g′ (x)dx
du = f ′ (x)dx v = g(x)

resultando na seguinte versão da fórmula de integração por partes


Z Z
u dv = u · v − v du (3)

Observe, que esta fórmula nos permite expressar uma integral indefinida em termos de outra
que pode ser mais fácil de calcular, escolhendo adequadamente u e dv. O termo por partes é do

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fato que este processo separa o integrando em duas partes. É importante a escolha adequada
de dv, que em geral fazemos representar a parte mais complicada do integrando que possa ser
prontamente integrada, pois v será uma primitiva de dv.

Resumimos este processo de integração da seguinte forma:

Olhamos uma função h que queremos integrar, como o produto de duas funções, uma das
quais é a derivada de uma função já conhecida, isto é,

h(x) = f (x) · g′ (x),

com g sendo uma função conhecida. Como vimos, temos que


Z Z Z

h(x) dx = f (x) · g (x) dx = f (x) · g(x) − g(x) · f ′ (x) dx.

Esperamos, então, que nossa escolha para as funções f e g tenham sido boa de maneira que
conheçamos uma primitiva para g · f ′ .
Usando novas variáveis, u e v, podemos representar a igualdade acima de uma forma mais
simples: fazendo
u = f (x) dv = g′ (x)dx
du = f ′ (x)dx v = g(x)
e, portanto, nessas novas variáveis, a fórmula que obtivemos acima,
Z Z
f (x) · g′ (x) dx = f (x) · g(x) − g(x) · f ′ (x) dx

se reduz a resultando na seguinte versão da fórmula de integração por partes


Z Z
u dv = u · v − v du.

A seguir, exemplos ilustrando este método de integração.


Z
Exemplo 3.1. Calcular xln (x) dx.

Resolução: Para determinar quais as substituições para u e dv, devemos ter em mente
que para encontrar v precisamos saber integrar dv. Isso sugere que u = ln (x) e dv = x dx.
Então,
1 x2
du = dx e v= + K1.
x 2

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Da fórmula (3)
Z ‚ Œ Z ‚ Œ
x2 x2 dx
xln (x) dx = ln (x) + K1 − + K1
2 2 x
Z Z
x2 1 dx
= ln (x) + K1 ln (x) − x dx − K1
2 2 x
x2 x2
= ln (x) + K1 ln (x) − − K1 ln (x) + K2
2 4
x2 x2
= ln (x) − + K2 .
2 4

3.1 Observação. Neste último exemplo, note que a primeira constante de integração K1 ,
não aparece na resposta final. K1 foi usada somente para mostrar
Z
que todas as escolhas de
v da forma 12 x2 + K1 produzem o mesmo resultado para xln (x) dx. Essa situação vale
em geral e provamos isso da seguinte forma:

Escrevendo v + K1 na fórmula (3), temos


Z Z
u dv = u(v + K1 ) − (v + K1 ) du
Z Z
= uv + K1 u − v du − K1 du
Z
= uv + K1 u − v du − K1 u
Z

= uv − v du.

Assim sendo, é desnecessário escrevermos a constante de integração quando calculamos v a


partir de dv.
Z
2
Exemplo 3.2. Calcular x3 ex dx.

2
Resolução: Usando integração por partes, com u = x2 e dv = xex , temos então que
1 x2
du = 2xdx e v= e
2
em que v foi obtido pelo método de mudança de variável. Da fórmula (3) temos
Z  ‹ Z  ‹
3 x2 2 1 x2 1 x2
x e dx = x e − e 2x dx
2 2
Z
1 2 x2 2
= x e − xex dx
2
1 2 x2 1 x2
= x e − e + K.
2 2
Exemplo 3.3. Pelo método de integração por partes, calcule as seguintes integrais.

Z Z
(a) xcos(x) dx (b) (x2 + 3x)sen(x) dx

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Resolução:
(a) Seja u = x e dv = cos(x) dx. Então du = dx e v = sen(x). Pela fórmula (3)
Z Z
xcos(x) dx = xsen(x) − sen(x) dx
= xsen(x) + cos(x) + K.

(b) Fazendo u = x2 + 3x e dv = sen(x) dx, temos du = (2x + 3)dx e v = −cos(x). Portanto,


pela fórmula (3), temos
Z Z
(x2 + 3x)sen(x) dx = −(x2 + 3x)cos(x) − (−cos(x))(2x + 3) dx
Z

= −(x2 + 3x)cos(x) + (2x + 3)cos(x) dx.

A integral do segundo membro é semelhante à primeira integral, exceto que em vez de sen(x)
temos cos(x). Aplicando a integração por partes novamente, sendo

u = 2x + 3 dv = cos(x)

du = 2dx v = sen(x)

teremos
Z  Z 
2 2
(x + 3x)sen(x) dx = −(x + 3x)cos(x) + (2x + 3)sen(x) − 2sen(x) dx
= −(x2 + 3x)cos(x) + (2x + 3)sen(x) + 2cos(x) dx + K
= −(x2 + 3x − 2)cos(x) + (2x + 3)sen(x) + K.

3.2 Observação. De modo geral, as integrais


Z Z

f (x) · cos(x) dx ou f (x) · sen(x) dx

onde f (x) é um polinômio, usamos a integração por partes, tomando


8 8
< <
u = f (x) dv = cos(x) dx u = f (x) dv = sen(x) dx
ou
: :
du = f ′ (x)dx v = sen(x) du = f ′ (x)dx v = −cos(x)

Exemplo 3.4. Pelo método de integração por partes, calcule as seguintes integrais.
Z Z
x
(a) xe dx (b) 2xln (x) dx

Resolução:
8 8 Z Z
<
u = x dv = ex dx < xex dx = xex − ex dx = xex − ex + K
(a) =⇒
: :
du = dx v = ex = (x − 1)ex + K.
8 Z Z
1
8 >
> 2xln (x) dx = x2 ln (x) − x2 dx
< u = ln (x) dv = 2x dx
>
< Z x
(b) 1 =⇒ = x2 ln (x) − x dx
:
du = dx v = x2 >
>
x >
: x2
= x2 ln (x) − + K.
2

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3.3 Observação. De modo geral, nas integrais da forma


Z Z
x
f (x) · a dx ou f (x) · loga (x) dx

onde f (x) é um polinômio e a é uma constante, usamos integração por partes, fazendo
8
8
>
< u = f (x) dv = ax dx < u = loga (x) dv = f (x) dx
ax ou
> : 1
: du = f ′ (x)dx v = du = x log a dx v = primitiva de f (x)
ln (a)

Exemplo 3.5 (⋆). Mostre pelo método de integração por partes as seguintes fórmulas:

(a) ln (x) dx = xln (x) − x + K


Z
1
(b) arctg(x) dx = xarctg(x) − ln (1 + x2 ) + K
2
Z
eax  
(c) eax cos(bx) dx = bsen(bx) + acos(bx) +K
a2 + b2
Z
eax  
(d) eax sen(bx) dx = asen(bx) − bcos(bx) +K
a2 + b2

Resolução: Aplicando o método integração por partes, para (a) e (b) temos:

Z Z Z
1
u = ln (x) dv = dx ln (x) dx = xln (x) − x
dx = xln (x) − dx
(a) 1 =⇒ x
du = dx v = x = xln (x) − x + K.
x
Z Z
x
u = arctg(x) dv = dx arctg(x) dx = xarctg(x) − dx
(b) =⇒ 1 + x2
1 1
du = dx v = x = xarctg(x) − ln (1 + x2 ) + K,
1 + x2 2
Z
x
em que dx foi obtida pela mudança de variável u = 1 + x2 e du = 2xdx.
1 + x2

(c) Pela integração por partes, tem-se

u = eax dv = cos(bx) dx
1
du = aeax dx v = sen(bx)
b
onde Z Z
1 ax a
eax cos(bx) dx = e sen(bx) − eax sen(bx) dx.
b b
Note que no segundo membro temos uma integral semelhante, exceto em vez de cos(bx)
temos sen(bx). Então, aplicando novamente o método de integração por partes, para esta
integral temos

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u = eax dv = sen(bx) dx
1
du = aeax dx v = − cos(bx)
b
onde Z Z
1 a
e sen(bx) dx = − eax cos(bx) +
ax
eax cos(bx) dx.
b b
Substituindo essa expressão na igualdade precedente, temos:
Z  Z ‹
ax 1 ax a 1 a
e cos(bx) dx = e sen(bx) − − eax cos(bx) + eax cos(bx) dx
b b b b
Z
1 ax a ax a2
= e sen(bx) + e cos(bx) − 2 eax cos(bx) dx
b b2 b

Levando ao primeiro membro a integral do segundo membro, obtemos a seguinte igualdade:


‚ ŒZ  ‹
a2 1 a
1+ 2 eax cos(bx) dx = eax sen(bx) + 2 cos(bx) + K
b b b
e portanto, temos que
Z
eax  
eax cos(bx) dx = bsen(bx) + acos(bx) + K.
a2 + b2

(d) Obtém-se de modo análogo ao item (c).

Exemplo 3.6 (⋆ Integração de Potência de Funções Trigonométricas: Fórmula de Redução).


A integração por partes pode às vezes ser usada para obter fórmulas de redução para integrais.
Utilizamos tais fórmulas para escrever uma integral que envolve potências de uma expressão,
em termos de integrais que envolvem potências inferiores da mesma expressão. Veremos como
estabelecer uma fórmula de redução para as integrais de potências de funções trigonométricas,
dos tipos:
Z Z Z Z Z Z
senn (x)dx, cosn (x)dx, tgn (x)dx, cotgn (x)dx, secn (x)dx, cossecn (x)dx

que são:

Z Z
1 n−1
(a) sen x dx = − cos(x) · senn−1 x +
n
senn−2 x dx
n n
Z Z
1 n−1
(b) cos x dx = sen(x) · cosn−1 x +
n
cosn−2 x dx
n n
Z Z
n 1
(c) tg x dx = tgn−1 x − tgn−2 x dx
n−1
Z Z
n 1
(d) cotg x dx = − cotgn−1 x − cotgn−2 x dx
n−1
Z Z
1 n−2
(e) secn x dx = secn−2 x · tg(x) + secn−2 x dx
n−1 n−1
Z Z
1 n−2
(f ) cossecn x dx = − cossecn−2 x · cotg(x) + cossecn−2 x dx
n−1 n−1

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Detalharemos somente o item (a), uma vez que os demais são análogos.

(a) Pela integração por partes, fazemos

u = senn−1 x dv = sen(x) dx
du = (n − 1)senn−2 x · cos(x) dx v = −cos(x)
e integrando, temos
Z Z
n
sen x dx = −cos(x) · sen n−1
x + (n − 1) senn−2 x · cos2 (x) dx

como cos2 (x) = 1 − sen2 (x), escrevemos


Z Z

senn x dx = −cos(x) · senn−1 x + (n − 1) senn−2 x · (1 − sen2 (x)) dx


Z Z
n−1 n−2
= −cos(x) · sen x + (n − 1) sen x dx − (n − 1) senn x dx,

consequentemente
Z Z Z

senn x dx + (n − 1) senn x dx = −cos(x) · senn−1 x + (n − 1) senn−2 x dx


Z

onde o membro esquerdo se reduz a n senn x dx, e dividindo ambos os membros por n,
obtemos Z Z
1 n−1
sen (x) dx = − cos(x) · senn−1 x +
n
senn−2 x dx. (4)
n n
Z
É evidente que, mediante aplicações reiteradas da fórmula (4), calculamos senn x dx para
Z

qualquer inteiro positivo n, pois essas reduções sucessivas terminam em sen(x) dx ou


Z
dx, ambas imediatamente integráveis.

Suponhamos, por exemplo, que n = 4, então


Z Z
1 3
sen4 (x) dx = − cos(x) · sen3 x + sen2 x dx.
4 4

Aplicando a fórmula (4), como n = 2, para a integral à direita, temos


Z Z
1 1
sen2 (x) dx = − cos(x) · sen(x) + dx
2 2
1 1
= − cos(x) · sen(x) + x + K,
2 2
e consequentemente,
Z Z
1 3
sen4 x dx = − cos(x) · sen3 x + sen2 x dx
4 4
• ˜
1 3 1 1
= − cos(x) · sen3 x + − cos(x) · sen(x) + x + K
4 4 2 2
1 3 3
= − cos(x) · sen3 x − cos(x) · sen(x) + x + K1
4 8 8
3
onde K1 = K.
4

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3.4 Observação. Mais adiante, com auxı́lio das identidades trigonométricas fundamentais,
desenvolveremos outro método para integrais envolvendo
Z
potências de funções trigonométricas,
de uma forma mais geral, como por exemplo cosn x · senm x dx, onde n e m são inteiros
quaisquer.

Z Z
Ax + B Ax + B
3.2 Integrais do tipo: dx e √ dx
ax2 + bx + c ax2 + bx + c

Faremos a discussão em 4 casos, que são:


Z Z
1 1
Caso 1. dx Caso 3. √ dx
ax2 + bx + c 2
ax + bx + c
Z Z
Ax + B Ax + B
Caso 2. dx Caso 4. √ dx
ax2 + bx + c ax2 + bx + c

Caso 1

Z
1
Considere a integral dx.
ax2 + bx + c
Transformamos, primeiramente, o denominador pondo-o sob a forma de uma soma ou de
uma diferença de quadrados, completando quadrado, da seguinte forma:

 
2 b c 2
ax + bx + c = a x + x +
a a
–     ™
2 b b 2 b 2 c
= a x +2· x+ − +
2a 2a 2a a
– 2 ™
b b2 − 4ac
= a x+ −
2a 4a2
– 2 ™
b −∆
= a x+ + 2 , onde ∆ = b2 − 4ac
2a 4a

Temos que 4a2 é sempre maior do que zero, no entanto precisamos olhar para ∆ = b2 − 4ac.
Então


(i) Se ∆ < 0, então −∆ > 0, fazendo k2 = − temos
4a2
Z Z Z
1 1 1 1
dx = h€ Š2 i dx = € Š dx.
2
ax + bx + c b a b 2
a x+ 2a + k2 x+ 2a + k2

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b
Pela mudança de variável u = x + 2a e du = dx, e pelo Exemplo (⋆) 2.14(b) temos
Z Z  ‹
1 1 1 1 1 u
2
dx = 2 2
du = · · arctg + C.
ax + bx + c a u +k a k k


(ii) Se ∆ > 0, então −∆ < 0, fazendo k2 = temos
4a2
Z Z Z
1 1 1 1
dx = h€ Š2 i dx = € Š dx.
2
ax + bx + c b a b 2
a x+ 2a − k2 x+ 2a − k2

b
Pela mudança de variável u = x + 2a e du = dx, e pelo Exemplo (⋆) 2.14(e) temos
Z Z
1 1 1 1 1 u − k
dx = du = · · ln + C.
ax2 + bx + c a 2
u −k 2 a 2k u + k

(iii) Se ∆ = 0, então

Z Z
1 1 1
dx = € Š dx,
ax2 + bx + c a b 2
x+ 2a
b
e pela mudança de variável u = x + 2a e du = dx, temos
Z Z
1 1 1 1
dx = du = − + C.
ax2 + bx + c a u2 au

Z
1
Exemplo 3.7. Calcular
2x2 + 8x + 20

Resolução: Notemos primeiramente que 2x2 + 8x + 20 = 2(x2 + 4x + 10). Assim

x2 + 4x + 10 = (x2 + 4x + 4) + 10 − 4 = (x + 2)2 + 6,

e então Z Z
1 1 1
dx = .
2x2 + 8x + 10 2 (x + 2)2 + 6

Pela mudança de variável u = x + 2 e du = dx temos


Z Z
1 1 1
dx = du
2x2 + 8x + 20 2 u2 + 6 
1 1 u
= √ arctg √ +K
2 6 6
 
1 x+2
= √ arctg √ + K.
2 6 6

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Caso 2

Z
Ax + B
Considere um tipo de integral mais geral: dx
ax2 + bx + c
Como
Z Z Z
Ax + B x 1
dx = A dx + B dx
ax2 + bx + c 2
ax + bx + c ax2 + bx + c
precisamos calcular apenas a primeira integral do lado direito, visto que, acabamos de resolver
integral do tipo da segunda.

Observe, que se u = ax2 + bx + c então du = (2ax + b)dx. Assim


Z Z
x 1 2ax + b − b
2
dx = dx
ax + bx + c 2a ax2 + bx + c
Z Z
1 2ax + b b 1
= 2
dx − 2
dx.
2a ax + bx + c 2a ax + bx + c

A primeira integral do segundo membro, é facilmente calculada pela mudança de variável


u = ax2 + bx + c e du = (2ax + b)dx, deste modo
Z Z
2ax + b 1
2
dx = du = ln |u| + K1
ax + bx + c u
= ln |ax2 + bx + c| + K1 .

Voltando à integral precedente, temos


Z Z Z
Ax + B x 1
dx = A dx + B dx
ax2 + bx + c ax2 + bx + c ax2 + bx + c
• Z ˜ Z
A 1 1
= ln |ax2 + bx + c| + K1 − b 2
dx + B 2
2a ax + bx + c ax + bx + c
 Z
A Ab 1
= ln |ax2 + bx + c| + B − dx + K,
2a 2a ax2 + bx + c
A
onde, K = 2a K1 .

Z
x+3
Exemplo 3.8. Calcule a seguinte integral dx.
x2 − 2x − 5

Resolução: Como
Z Z Z
x+3 x 1
dx = dx + 3 dx,
x2 − 2x − 5 x2 − 2x − 5 x2 − 2x − 5
resolvendo a primeira integral do lado direito, temos
Z Z
x 1 2x − 2 + 2
dx = dx
x2 − 2x − 5 2 x2 − 2x − 5
Z Z
1 2x − 2 1 2
= 2
dx + 2
dx
2 x − 2x − 5 2 x − 2x − 5
Z
1 1
= ln |x2 − 2x − 5| + 2
dx + K1 .
2 x − 2x − 5

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Agora, como
Z Z Z
1 1 1
2
dx = 2
dx = dx
x − 2x − 5 (x − 2x + 1) − 1 − 5 (x − 1)2 − 6



1 (x − 1) − 6
= √ ln √ + K2 ,
2 6 (x − 1) + 6
temos finalmente
Z Z Z
x+3 x 1
2
dx = 2
dx + 3 dx
x − 2x − 5 x − 2x − 5 − 2x − 5 x2
Z
1 1
= ln |x2 − 2x − 5| + K1 + 4 2
2 x − 2x − 5



1 4 (x − 1) − 6
= 2
ln |x − 2x − 5| + K1 + √ ln √ + 4K2
2 2 6 (x − 1) + 6
√ √
1 2 6 x − (1 + 6)
= ln |x − 2x − 5| + ln √ + K,
2 3 x−1+ 6
onde K = K1 + 4K2 .

Caso 3

Z
1
Considere o tipo de integral √ dx.
ax2 + bx + c
Com ajuda da mudança de variável indicada no Caso 1, essa integral reduz a uma integral
do tipo:
Z Z
1 1
√ du, se a > 0 ou √ du, se a < 0
u ± k2
2 k2 − u2

que são facilmente calculadas com auxı́lio das fórmulas dadas no Exemplo(⋆) 2.14(a) e (d).

Z
1
Exemplo 3.9. Calcule a seguinte integral È dx.
x ln 2x + 2ln (x) + 5

dx
Resolução: Pela mudança de variável u = ln (x) e du = , temos
x
Z Z Z
1 1 1
È dx = √ du = È du.
2x 2
u + 2u + 5
x ln + 2ln (x) + 5 (u + 1)2 + 4

Novamente, mudando variável, agora, t = u + 1 e dt = du, temos


Z Z
1 1
È du = √ dt
2
t +4
(u + 1)2 + 4
È

= ln t + t2 + 4 + K
È

= ln (u + 1) + (u + 1)2 + 4 + K
È

= ln ln (x) + 1 + (ln (x) + 1)2 + 4 + K.

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Portanto,
Z È
1
È dx = ln ln (x) + 1 + (ln (x) + 1)2 + 4 + K
x ln 2 x + 2ln (x) + 5

Caso 4

Z
Ax + B
Integral do tipo √ dx.
ax2 + bx + c
Calculamos integrais deste tipo, usando transformações análogas às consideradas no Caso
2, pois:
Z Z Z
Ax + B x 1
√ dx = A √ dx + B √ dx,
ax2 + bx + c 2
ax + bx + c ax2 + bx + c
onde que a segunda integral do lado direito é justamente do caso imediatamente anterior a este.
Então
Z Z
x 1 2ax + b − b
√ dx = √ dx
ax2 + bx + c 2a ax2 + bx + c
Z Z
1 2ax + b b 1
= √ dx − √ dx
2a 2
ax + bx + c 2a 2
ax + bx + c
e assim,
Z Z  Z
Ax + B A 2ax + b b 1
√ dx = √ dx + B − √ dx.
2
ax + bx + c 2a 2
ax + bx + c 2a ax2 + bx + c

Com a mudança de variável u = ax2 + bx + c e du = (2ax + b)dx, calculamos


Z Z
2ax + b 1
√ dx = √ du
2
ax + bx + c u

= 2 u + K1
È
= 2 ax2 + bx + c + K1 .

Portanto,
Z  Z
Ax + B AÈ 2 b 1
√ dx = ax + bx + c + B − √ dx + K,
2
ax + bx + c a 2a 2
ax + bx + c
A
onde K = K1 .
a

Z
sen(2x)
Exemplo 3.10. Calcule È dx.
2 + cos(x) − cos2 (x)

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Resolução: Inicialmente, pela seguinte mudança de variável u = cos(x) e du = −sen(x) dx,


e do fato que sen(2x) = 2sen(x)cos(x), temos
Z Z Z
sen(2x) −2u −2u + 1 − 1
È dx = √ du = √ du
2 + cos(x) − cos2 (x) 2 + u − u2 2 + u − u2
Z Z
−2u + 1 1
= √ du − √ du.
2 + u − u2 2 + u − u2
Para a primeira integral do lado direito, fazemos t = 2 + u − u2 e dt = (−2u + 1)du, onde que
Z Z
−2u + 1 1
√ du = √ dt
2 + u − u2 t
√ È
= 2 t + K1 = 2 2 + u − u2 + K1
È
= 2 2 + cos(x) − cos2 (x) + K1 .

Para a segunda integral, escrevemos


Z Z Z
1 1 1
√ du = È du = È du
2 + u − u2 −(u2 − u − 2) −(u2 −u+ 1
4 − 1
4 − 2)
Z Z
1 1
= É h€ Š i du = q € Š du,
1 2 9 9 1 2
− u− 2 − 4 4 − u− 2

1
fazendo v = u − 2 e dv = du, temos
Z Z  
1 1 v
√ du = È dv = arcsen
+ K2
2 + u − u2 − v2 9 3/2
4
 ‹   ‹‹
2 2 1
= arcsen v + K2 = arcsen u− + K2
3 3 2
 
2cos(x) − 1
= arcsen + K2 .
3

Portanto,
Z Z Z
sen(2x) −2u + 1 1
È dx = √ du − √ du
2 + cos(x) − cos2 (x) 2 + u − u2 2 + u − u2
È  
2cos(x) − 1
= 2 2 + cos(x) − cos2 (x) + K − arcsen + K,
3
onde K = K1 − K2 .

3.3 Integrais de Funções Racionais

3.5 Definição (Função Polinomial). Uma função polinomial é uma função da forma

f (x) = an xn + an−1 xn−1 + . . . + a2 x2 + a1 x + a0

tal que an , an−1 , . . . , a2 , a1 , a0 ∈ R. Se an 6= 0, dizemos que grau de f é n, e denotamos por


gr(f ) = n.

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p(x)
3.6 Definição (Função Racional). Uma função racional é uma função da forma f (x) =
q(x)
em que p(x) e q(x) são funções polinomiais e q(x) 6= 0 para todo x.

As funções racionais podem ser classificadas em próprias ou impróprias. Dizemos que uma
função racional f é própria se gr(p) < gr(q), caso contrário, isto é, se gr(p) ≥ gr(q) dizemos que
f é imprópria.

Exemplo 3.11.

x2 − 1 x−1
(a) São funções racionais próprias: f (x) = 3 2
e g(x) = 2 .
2x − 3x + x − 1 x − 3x + 1
x2 − 1 x3 − 8
(b) São funções racionais impróprias: f (x) = e g(x) = .
1 − x − 3x2 x2 + 1

3.3.1 Integrais de Funções Racionais Impróprias

p(x)
Seja f (x) = uma função racional imprópria. Assim, temos que gr(p) ≥ gr(q), e
q(x)
então podemos dividir p(x) por q(x) e obtermos um quociente Q(x) e um resto R(x), em que
gr(R) < gr(q). Em sı́mbolos, escrevemos:

p(x) = q(x) · Q(x) + R(x).

Desta forma, procedemos da seguinte forma para o cálculo da integral:

Z Z Z
p(x) q(x) · Q(x) + R(x)
f (x)dx = dx = dx
q(x) q(x)
Z Z
q(x) · Q(x) R(x)
= + dx
q(x) q(x)
Z Z
R(x)
= Q(x)dx + dx
q(x)

Como gr(R) < gr(q), observemos o seguinte:

3.7 Observação. Para o cálculo da integral de uma função racional imprópria, dividindo-se
o numerador pelo denominador, escreve-se a função como soma de uma função polinomial e
uma função racional própria.

2x2 + 2x + 1
Exemplo 3.12. Para obter a integral da função f (x) = , dividimos os polinômios
x2 + 1
p(x) = 2x2 + 2x + 1 e q(x) = x2 + 1, e escrevemos

p(x) = 2x2 + 2x + 1 = 2(x2 + 1) + 2x − 1.

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Desta forma,
Z Z
2x2 + 2x + 1 2(x2 + 1) + 2x − 1
dx = dx
x2 + 1 x2 + 1
Z Z
2(x2 + 1) 2x − 1
= 2
+ dx dx
x +1 x2 + 1
Z Z Z
2x 1
= 2dx + dx − dx
x2 + 1 x2 + 1
= 2x + ln (x2 + 1) − arctg(x) + K.

Vimos assim, que o cálculo da integral de funções racionais resume-se em obter integrais
para funções racionais próprias.

3.3.2 Integrais de Funções Racionais Próprias: Método da Decomposição em


Frações Parciais

O Método da Decomposição em Frações Parciais consiste em escrever uma função racional


própria como soma de frações parciais que dependem, principalmente, da fatoração do denomi-
nador da função racional em R.
p(x)
Seja f (x) = uma função racional própria, isto é, gr(p) < gr(q), então
q(x)
p(x)
f (x) = = F1 + F2 + . . . + Fr
q(x)
A Ax + B
em que cada Fk (k = 1, . . . r) tem uma das formas n
ou 2
.
(ax + b) (ax + bx + c)n

p(x)
A soma F1 + F2 + . . . + Fr é a decomposição em frações parciais de f (x) = e Fk é uma
q(x)
fração parcial.

2 2 2
Exemplo 3.13. Se f (x) = podemos expressar 2 como , ou ainda
−1 x2 x −1 (x + 1)(x − 1)
1 1 2
− . A última expressão é a decomposição em frações parciais de 2 .
x−1 x+1 x −1
Z
2
Desta forma, para obter dx, integramos cada uma das frações que constituem a
x2 −1
decomposição, obtendo
Z Z Z
2 1 1 x − 1
dx = dx − dx = ln |x − 1| − ln |x + 1| + K = ln + K.
2
x −1 x−1 x+1 x + 1

Afirmamos que toda função racional possui uma decomposição em frações parciais. Uma
demonstração deste fato, encontra-se no capı́tulo II do livro “Álgebra: Um Curso de Introdução”
de Arnaldo Garcia e Yves Lequain, publicado pelo IMPA.

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Diretrizes para a Decomposição em Frações Parciais

p(x)
Seja f (x) = uma função racional própria. Veremos quatro casos, nos dois primeiros,
q(x)
q(x) é decomposta em fatores lineares; e nos dois últimos, q(x) é decomposta em fatores lineares
e quadráticos.

(1) Os fatores de q(x) são todos lineares e nenhum repetido, isto é,

q(x) = (a1 x + b1 ) · (a2 x + b2 ) · · · · · (an x + bn )

em que não há fatores idênticos. Neste caso escrevemos:

p(x) A1 A2 An
f (x) = = + + ··· + ,
q(x) a1 x + b1 a2 x + b2 an x + bn

em que A1 , A2 , . . . , An são constantes reais a serem determinadas.


Z
x−1
Exemplo 3.14. Seja f (x) = , calcular f (x)dx.
x − x2 − 2x
3

x−1 x−1
Resolução: Fatorando o denominador temos que f (x) = = .
x3 2
− x − 2x x(x − 2)(x + 1)
Desta forma,
x−1 A B C
= + + ⇒ x − 1 = A(x − 2)(x + 1) + Bx(x + 1) + Cx(x − 2).
x(x − 2)(x + 1) x x−2 x+1

1 1 2
Pela igualdade acima entre funções polinomiais temos que A = ,B = e c = − .
2 6 3
Portanto,
Z Z  
x−1 1 2 2
dx = + − dx
x − x2 − 2x
3 2x 6(x − 2) 3(x + 1)
Z Z Z
1 1 1 1 2 1
= dx + dx − dx
2 x 6 x−2 3 x+1
1 1 2
= ln |x| + ln |x − 2| − ln |x + 1| + K
2 6 3

1 x3 (x − 2)
= ln + K.
6 (x + 1)4

Exemplo 3.15. Integrando por frações parciais, mostre que


Z
1 1 x − a
dx = ln + K.
2
x −a 2 2a x + a

Resolução: Escrevendo a fração do integrando como soma de frações parciais, temos:


1 A B
= + .
x2 −a2 x−a x+a

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Ou ainda, temos 1 = A(x + a) + B(x − a) = (A + B)x + Aa − Ba. Da igualdade entre polinômios,


temos o seguinte sistema: 8
<
A+B = 0
:
Aa − Ba = 1
1 1
donde, a = e B = − . Portanto
2a 2a
Z Z Z
1 A B
dx = dx + dx
x − a2
2 x−a x+a
Z Z
1 1 1 1
= dx − dx
2a x−a 2a x+a

1 x − a
= ln + K.
2a x + a
3.8 Observação. Analogamente, mostra-se que
Z
1 1 x + a
dx = ln + K.
2
a −x 2 2a x − a

(2) Os fatores de q(x) são todos lineares e alguns repetidos. Suponha que (ai x + bi )
seja um fator repetido que se repete p vezes. Então, correspondendo a esse fator haverá a
soma de p frações parciais
A1 A2 Ap−1 Ap
+ 2
+ ··· + p−1
+
ai x + bi (ai x + bi ) (ai x + bi ) (ai x + bi )p

em que A1 , A2 , . . . , Ap são constantes reais a serem determinadas.


Z
x3 − 1
Exemplo 3.16. Seja f (x) = 2 , calcular f (x)dx.
x (x − 2)3

Resolução: Note que dois fatores lineares se repetem: x duas vezes, e x − 2 três vezes.
Assim, a fração do integrando pode ser escrita como soma de frações parciais da seguinte forma:
x3 − 1 A2 A1 B3 B2 B1
2 3
= 2 + + 3
+ 2
+ ,
x (x − 2) x x (x − 2) (x − 2) x−2
ou ainda, x3 − 1 = A2 (x − 2)3 + A1 x(x − 2)3 + A3 x2 + B2 x2 (x − 2) + B1 x2 (x − 2)2 . Pela igualdade
entre funções polinomiais temos que:
1 3 7 5 3
A2 = , A1 = , B3 = , B2 = e B1 = − .
8 16 4 4 116
Portanto,
Z Z Z Z Z Z
x3 − 1 1 1 3 1 7 1 5 1 3 1
dx = dx + dx + dx + dx − dx
x2 (x − 2)3 8 x 2 16 x 4 (x − 2) 3 4 (x − 2)2 16 x−2
1 3 7 5 3
= − + ln |x| − − − ln |x − 2| + K
8x 16 8(x − 2)2 4(x − 2) 16

−11x2 + 17x − 4 3

x
= + ln + K.
8x(x − 2)2 16 x − 2

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(3) Os fatores de q(x) são lineares e quadráticos irredutı́veis, e nenhum fator


quadrático é repetido. Correspondendo ao fatos quadráticos ax2 + bx + c no denomi-
nador, temos uma fração parcial da forma:
Ax + b
.
ax2 + bx + c
Z
x2 − 2x − 3
Exemplo 3.17. Seja f (x) = , calcular f (x)dx.
(x − 1)(x2 + 2x + 2)

Resolução: Primeiramente, notemos que o trinômio x2 + 2x + 2 é irredutı́vel. Assim, a


fração do integrando pode ser escrita como soma de frações parciais da seguinte forma:
x2 − 2x − 3 Ax + B C
2
= 2 + ,
(x − 1)(x + 2x + 2) x + 2x + 2 x − 1
ou ainda, x2 − 2x + 3 = (Ax + B)(x − 1) + C(x2 + 2x + 2).

Desenvolvendo, e igualando os polinômios, obtemos:


9 7 4
A= ,B = e C = − .
5 5 5
Portanto,
Z Z Z Z
x2 − 2x − 3 9 x 7 1 4 1
dx = dx + dx − dx
(x − 1)(x2 + 2x + 2) 5 2
x + 2x + 2 5 2
x + 2x + 2 5 x−1

= . . . fazer!

(4) Os fatores de q(x) são lineares e quadráticos irredutı́veis, e alguns dos fatores
quadráticos são repetidos. Se ax2 + bx + c for um fator quadrático no denominador que se
repete p vezes, então correspondendo ao fator (ax2 + bx + c)p , teremos a soma das p frações
parciais:
Ap x + Bp Ap−1 x + Bp−1 A2 x + B2 A1 x + B1
+ + ··· + + ,
(ax2 + bx + c)p (ax2 + bx + c)p−1 (ax2 + bx + c)2 ax2 + bx + c

em que A1 , A2 , . . . , Ap e B1 , B2 , . . . , Bp são constantes reais a serem determinadas.


Z
x−2
Exemplo 3.18. Seja f (x) = , calcular f (x)dx.
x(x − 4x + 5)2
2

Resolução: Como x2 − 4x + 5 é um trinômio irredutı́vel, a fração do integrando pode ser


escrita como soma de frações parciais da seguinte forma:
x−2 C A2 x + B2 A1 + B1
= + 2 + 2 ,
x(x2 − 4x + 5)2 x (x − 4x + 5)2 x − 4x + 5
ou ainda, . . . . . . . . . FAZER !!!

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3.4 Integrais de Expressões Racionais Contendo sen(x) e/ou cos(x)

Se o integrando envolver uma função racional de sen(x)


‹
e/ou cos(x) ele poderá ser reduzido
x
a uma fração racional de w pela substituição w = tg . Com as seguintes identidades
2
sen(2θ) = 2sen(θ) · cos(θ) e cos(2θ) = 2cos2 (θ) − 1

procedemos da seguinte maneira:

 ‹  ‹  ‹
x x x
x

x
‹2sen  cos2‹
x
 ‹
1 2tg
• sen(x) = 2sen cos =2 2  ‹ 2 = 2tg  ‹ = ‹

2 2 x 2 sec2 x x
cos 1 + tg2
2 2 2
 ‹
x

x
‹
2 2 1 − tg2
• cos(x) = 2cos2 −1=  ‹ −1 =  ‹ −1= 2
 ‹.
2 x 2 x x
sec2 1 + tg 1 + tg2
2 2 2
 ‹
x
Como w = tg , temos
2
2w 1 − w2
sen(x) = 2
e cos(x) =
1+w 1 + w2
x 2
Além disso, = arctg(w) e daı́ dx = dw.
2 1 + w2
Resumimos estes resultados no seguinte teorema.

3.9 Teorema. Se um integrando é uma expressão racional em sen(x) e/ou cos(x), obteremos
uma expressão racional em w mediante a seguinte substituição:

2w 1 − w2 2
sen(x) = 2
, cos(x) = 2
, dx = dw
1+w 1+w 1 + w2
 ‹
x
onde w = tg .
2
Z
1
Exemplo 3.19. Calcular dx.
1 + sen(x) + cos(x)
 ‹
x
Resolução: Fazendo w = tg , pelas fórmulas dadas no teorema acima, temos:
2
2
Z Z Z
1 1 + w2 1
dx = 2 dw = 2 dw
1 + sen(x) + cos(x) 2w 1−w 1 + w + 2w + 1 − w2
2
1+ +
1 + w2 1 + w2
Z Z
1 1
= 2 dw = dw
2 + 2w 1 + w
 ‹
x




= ln |1 + w| + K = ln 1 + tg +K
2

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3.10 Observação. O teorema que acabamos de ver, pode ser usado para qualquer integrando
que seja uma expressão racional em sen(x) e/ou cos(x); todavia, é importante considerar sub-
stituições mais simples, como o exemplo a seguir.
Z
cos(x)
Exemplo 3.20. Calcular dx.
1 + sen2 (x)

Resolução: Poderı́amos usar o teorema dado para transformar em uma expressão racional
em w, no entanto, com a seguinte substituição u = sen(x), du = cos(x)dx, temos:
Z Z
cos(x) 1
dx = du = arctg(u) + k = arctg (sen(x)) + K,
1 + sen2 (x) 1 + u2
quem é uma resolução bem mais simples.

3.5 Integrais de Algumas Funções Irracionais

Não há uma regra geral para resolver integrais que envolvam funções irracionais. No entanto,
veremos que muitas delas podem ser resolvidas com auxı́lio de outras técnicas de integração após
termos efetuado uma simples mudança de variável (adequada). Considere o seguinte:

Se o integrando envolver potências fracionárias à variável x, então o integrando pode ser sim-
plificado pela substituição

f (x) = wn e f ′ (x)dx = n · wn−1 dw,

em que n é o menor denominador comum entre os denominadores dos expoentes.

Z √
x
Exemplo 3.21. Calcular √ dx.
1+ 3x

1 1
Resolução: Como os expoentes fracionários são e , logo n = m.m.c(2, 3) = 6. Fazendo
2 3
x = w6 e dx = 6w5 dw, temos:
€ Š
Z √ Z Z
x w3 6w5 w8
√ dx = dw = 6 dw.
1+ 3x 1 + w2 w2 + 1
Note que o integrando é uma fração imprópria, assim dividindo o numerador pelo denominador
teremos:
w8 1
= w6 − w4 + w2 − 1 + 2 .
w2 + 1 w +1
Assim,
Z √ Z Z  ‹
x w8 1
√ dx = 6 dw = 6 w6 − w4 + w2 − 1 + 2 dw
1+ 3x w2 + 1 w +1
 ‹
1 1 1
= 6 w7 − w5 + w3 − w + arctg(w) + K = · · ·
7 5 3

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Z
x3
Exemplo 3.22. Calcular √
3
dx.
x2 + 4

Resolução: Neste caso, n = 3. Assim, fazendo x2 + 4 = w3 , temos que x2 = w3 − 4 e


3
xdx = w2 dw. Logo
2
Z Z Z
x3 x2 w3 − 4 3 2
√ dx = √ xdx = · w dw
3
x2 + 4 3
x2 + 4 w 2
Z  ‹
3 € Š 3 1 5
= w4 − 4w dw = w − 2w2 + K = · · ·
2 2 5
Ê
Z
1 − 2x
Exemplo 3.23. Calcular dx.
1 + 3x

1 − 2x 1 − w2 10w
Resolução: A substituição w2 = conduz a x = e dx = − dw.
1 + 3x 3w2 + 2 (3w2 + 2)2
Logo
Ê
Z Z Z
1 − 2x w2 w2
dx = −10 dw = −10 •  ‹˜2 dw
1 + 3x (3w2 + 2)2 2
3 w2 +
3
Z
10 w
= − w·  ‹2 dw.
9 2
w2 +
3
w
Integrando por partes, em que u = w e dv =  ‹2 dw, . . . “continuar”
2
w2 +
3

3.6 Integração Trigonométrica

Algumas integrais envolvendo funções trigonométricas podem ser resolvidas usando identi-
dades trigonométricas e o método da substituição.

Na seção de Integração por Partes (seção 3.1, página 19), obtivemos fórmulas de redução
para integrais de potências do Seno, Cosseno, Tangente, Cotangente, Secante e Cossecante.
Integrais desse tipo podem ser calculadas sem recorrer à integração por partes e/ou às fórmulas
de redução. Conforme n (a potência inteira) seja par ou ı́mpar podemos usar as identidades
trigonométricas

sen2 (x) + cos2 (x) = 1, tg2 (x) + 1 = sec2 (x), cot2 (x) + 1 = csc2 (x),

1 − cos(2x) 1 + cos(2x)
sen2 (x) = , cos2 (x) =
2 2
e o método de substituição, como veremos.

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3.6.1 Integração de potências do Seno e do Cosseno

Z Z
1o Caso: Consideremos as integrais do tipo senn (x)dx ou cosn (x)dx.

(a) Se n é inteiro positivo ı́mpar escrevemos:


Z Z Z Z
senn (x)dx = senn−1 (x) · sen(x)dx ou cosn (x)dx = cosn−1 (x) · cos(x)dx

Como n−1 é par, podemos utilizar a identidade trigonométrica sen2 (x)+cos2 (x) = 1 e o método
de substituição, para obtermos uma fórmula fácil de integração, tal como nos exemplos abaixo.
Z
Exemplo 3.24. Resolva a integral dada por sen5 (x)dx.

Resolução: De acordo com a sugestão acima, escrevemos


Z Z Z Z
€ Š2 € Š2
5 4 2
sen (x)dx = sen (x)sen(x)dx = sen (x) sen(x)dx = 1 − cos2 (x) sen(x)dx.

Fazendo u = cos(x),du = −sen(x)dx, substituindo na identidade acima temos:


Z Z Z
5 2 2u3 u5
sen (x)dx = − (1 − u) du = − (1 − 2u2 + u4 )du = −u + − + K,
3 5
Z
2cos3 (x) cos5 (x)
e portanto sen5 (x)dx = −cos(x) + − + K.
3 5
Z

Exemplo 3.25. Resolva a integral dada por cos7 (x)dx.

Z Z Z
€ Š3
Resolução: Como cos7 (x)dx = cos6 (x) · cos(x)dx = 1 − sen2 (x) · cos(x)dx, pela
substituição u = sen(x), du = cos(x)dx, temos
Z Z Z
€ Š € Š
7 2 3
cos (x)dx = 1−u du = 1 − 3u2 + 3u4 − u6 du
3u5 u7
= u − u3 + − +K
5 7
3sen5 (x) sen7 (x)
= sen(x) − sen3 (x) + − +K
5 7

(b) Se n é inteiro positivo par, então podemos aplicar a fórmula de ângulo metade para
simplificar a integral, a saber:

1 − cos(2x) 1 + cos(2x)
sen2 (x) = ou cos2 (x) =
2 2
Z
Exemplo 3.26. Calcule cos2 (x)dx.

Z Z Z Z
2 1 + cos(2x) 1 1
Resolução: cos (x)dx = dx = dx + cos(2x)dx = . . .
2 2 2

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Z
Exemplo 3.27. Calcule sen4 (x)dx.

Resolução:
Z Z Z  
€ Š2 1 − cos(2x) 2
sen4 (x)dx = sen2 (x) dx = dx
2
Z Z Z
1 1 1
= dx − 2cos(2x)dx + cos2 (2x)dx
4 4 4
Z Z Z
1 1 1 1 + cos(4x)
= dx − cos(2x)dx + dx
4 2 4 2
= ...

Z
2o Caso: Diretrizes para calcular senm (x)cosn (x)dx.

(a) Se m é ı́mpar, escrevemos


Z Z
senm (x)cosn (x)dx = senm−1 (x)sen(x)cosn (x)dx

e expressamos senm−1 (x) em termos de cos(x) mediante a identidade trigonométrica sen2 (x) =
1 − cos2 (x). E fazemos a substituição u = cos(x), du = −sen(x)dx e calculamos a integral.

(b) Se n é impar, escrevemos


Z Z

senm (x)cosn (x)dx = senm (x)cosn−1 (x)cos(x)dx

e expressamos cosn−1 (x) em termos de sen(x) mediante a identidade trigonométrica cos2 (x) =
1 − sen2 (x). E fazemos a substituição u = sen(x), du = cos(x)dx e calculamos a integral.

(c) Se pelo menos um dos expoentes for ı́mpar, o procedimento é semelhante aos itens (a) e (b)
acima.

(d) Se m e n são pares utilizamos fórmulas de ângulo metade para sen2 (x) e cos2 (x), que são

1 − cos(2x) 1 + cos(2x)
sen2 (x) = e cos2 (x) =
2 2
para reduzir os expoentes.

Exemplo 3.28.
Z Z
sen3 (x)cos4 (x)dx = sen2 (x) · sen(x) · cos4 (x)dx
Z
€ Š
= 1 − cos2 (x) · sen(x) · cos4 (x)dx
Z Z
4
= sen(x) · cos (x)dx − sen(x) · cos6 (x)dx

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Fazendo u = cos(x), temos du = −sen(x)dx e então


Z Z Z
3 4 4
sen (x)cos (x)dx = sen(x) · cos (x)dx − sen(x) · cos6 (x)dx
Z Z
4 u5 u7
= − u du + u6 du = − +K
5 7
cos5 (x) cos7 (x)
= − +K
5 7
Exemplo 3.29.
Z Z   2
2 4 1 − cos(2x) 1 + cos(2x)
sen (x) · cos (x)dx = dx = ...
2 2

3.6.2 Integração de Potências das demais Funções Trigonométricas

Veremos como resolver algumas integrais de potências da Tangente, da Cotangente, da


Secante e da Cossecante. Primeiramente, relembremos algumas fórmulas envolvendo tangente,
cotangente, secante e cossecante:
Z Z
tg(x)dx = ln |sec(x)| + K cot(x)dx = ln |sen(x)| + K
Z Z
sec(x)dx = ln |sec(x) + tg(x)| + K csc(x)dx = ln | csc(x) − cot(x)| + K
Z Z
sec2 (x)dx = tg(x) + K csc2 (x)dx = − cot(x) + K
Z Z

sec(x)tg(x)dx = sec(x) + K csc(x) cot(x)dx = − csc(x) + K

Com essas fórmulas e as identidades trigonométricas

tg2 (x) + 1 = sec2 (x) ou cot2 (x) + 1 = csc2 (x)

podemos calcular integrais da forma


Z Z
m n
tg (x)sec (x)dx e cotm (x) cscn (x)dx

em que m e n são inteiros não negativos.


Z Z
1o Caso: Consideremos as integrais do tipo tgn (x)dx ou cotn (x)dx

Se n é inteiro positivo escrevemos:


Z Z Z
€ Š
tgn (x)dx = tgn−2 (x) · tg2 (x)dx = tgn−2 (x) · sec2 (x) − 1 dx

e Z Z Z
€ Š
cotn (x)dx = cotn−2 (x) · cot2 (x)dx = cotn−2 (x) · csc2 (x) − 1 dx

e com o método de substituição, obtemos uma fórmula fácil de integração, tal como nos exemplos
abaixo.

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Exemplo 3.30.
Z Z Z
€ Š
3 2
tg (x)dx = tg(x) · tg (x)dx = tg(x) · sec2 (x) − 1 dx
Z Z

= tg(x) · sec2 (x)dx − tg(x)dx


1 2
= tg (x) + ln |cos(x)| + K
2
Exemplo 3.31.
Z Z Z Z
1 1 1 € Š
cot4 (3x)dx = cot4 (u)du = cot2 (u) · cot2 (u)du = cot2 (u) · csc2 (u) − 1 du
3Z 3 Z
3
1 2 2 1 2
= cot (u) · csc (u)du − cot (u)du
3 3
Z
1 1€ Š 1 € 2 Š
= · − cot3 (u) − csc (u) − 1 du
3 3 3
1 1
= − cot3 (3x) + cot(3x) + x + K
9 3

Z Z

2o Caso: Consideremos as integrais do tipo secn (x)dx ou cscn (x)dx

(a) Se n é um inteiro positivo par, escrevemos


Z Z Z
€ Š n−2
secn (x)dx = secn−2 (x) · sec2 (x)dx = sec2 (x) 2
· sec2 (x)dx
Z
€ Š n−2
= tg2 (x) + 1 2
· sec2 (x)dx

e
Z Z Z
€ Š n−2
cscn (x)dx = cscn−2 (x) · csc2 (x)dx = csc2 (x) 2
· csc2 (x)dx
Z
€ Š n−2
= cot2 (x) + 1 2
· csc2 (x)dx.

Com a substituição u = tg(x) (e u = cot(x)) obtemos uma fórmula fácil de integração.

Exemplo 3.32.
Z Z Z
€ Š2 € Š2
6 2 2
csc (x)dx = csc (x) · csc (x)dx = cot2 (x) + 1 · csc2 (x)dx

Pela substituição u = cot(x) e −du = csc2 (x)dx, temos


Z Z
€ Š2
csc6 (x)dx = − u2 + 1 du = ...

(b) Se n é inteiro positivo impar, utilizamos a integração por partes.


Z Z
Exemplo 3.33. Integraremos por partes sec3 (x). Como sec3 (x)dx = sec(x)·sec2 (x)dx,
podemos escolher u = sec(x) e dv = sec2 (x)dx. Assim, du = sec(x) · tg(x)dx e v = tg(x).

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Logo,
Z Z
sec3 (x)dx = sec(x) · tg(x) − sec(x) · tg2 (x)dx
Z
€ Š
= sec(x) · tg(x) − sec(x) · sec2 (x) − 1 dx
Z Z

= sec(x) · tg(x) − sec3 (x)dx + sec(x)dx


Z
= sec(x) · tg(x) + ln |sec(x) + tg(x)| − sec3 (x)dx
Z
Portanto 2 sec3 (x)dx = sec(x) · tg(x) + ln |sec(x) + tg(x)| + 2K, e finalmente:
Z
1 1
sec3 (x)dx = sec(x) · tg(x) + ln |sec(x) + tg(x)| + K.
2 2

Z Z
3o Caso: Consideremos as integrais do tipo tgm (x) · secn (x)dx ou cotm (x) · cscn (x)dx

(a) Se m é ı́mpar, escrevemos a integral como


Z Z

tgm (x) · secn (x)dx = tgm−1 (x) · secn−1 sec(x) · tg(x)dx

e expressamos tgm−1 (x) em termos de sec(x) mediante a identidade trigonométrica tg2 (x) =
sec2 (x) − 1. E fazemos a substituição u = sec(x), du = sec(x) · tg(x)dx e calculamos a
integral.

(b) Se n é ı́mpar, escrevemos a integral como


Z Z
tgm (x)secn (x)dx = tgm (x)secn−2 (x)sec2 (x)dx

e expressamos secn−2 (x) em termos de tg(x) mediante a identidade trigonométrica sec2 (x) =
1 + tg2 (x). E fazemos a substituição u = tg(x), du = sec2 (x)dx e calculamos a integral.

(c) (c) Se m é par e n é impar não há método padrão para o cálculo da integral. Essa pode ser
resolvida por integração por partes.
Z

3.11 Observação. De modo análogo são calculadas as integrais da forma cotm (x) cscn (x)dx
Exemplo 3.34.
Z Z

tg5 (x)sec7 (x)dx = tg4 (x) · sec6 (x) · sec(x) · tg(x)dx


Z
€ Š2
= sec2 (x) − 1 · sec6 (x) · sec(x) · tg(x)dx

Com u = sec(x) temos du = sec(x) · tg(x)dx, e então


Z Z
€ Š2
tg5 (x)sec7 (x)dx = u2 − 1 u6 du = ...

Exemplo 3.35.
Z Z Z Z
€ Š
2 3 2 3 5
tg (x)sec (x)dx = sec (x) − 1 · sec (x)dx = sec (x)dx − sec3 (x)dx

Para calcular essas duas últimas integrais, usa-se integração por partes.

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3.6.3 Integrais Envolvendo Produtos

As integrais trigonométricas que envolvem os produtos

cos(mx) · cos(nx); sen(mx) · sen(nx) ou cos(mx) · sen(nx)

são facilmente resolvidas quando utilizamos as fórmulas de soma-produto, a saber:


8
>
1 
> sen(a)cos(b) = sen(a + b) + sen(a − b)
>
> 2
>
>
>
1 
< cos(a)sen(b) = sen(a + b) − sen(a − b)
2
>
>
1 
>
>
cos(a)cos(b) = cos(a + b) + cos(a − b)
> 2
>
>
: 1 
sen(a)sen(b) = cos(a − b) − cos(a + b)
2
que são facilmente obtidas pelas fórmulas do seno e cosseno da soma,

sen(a + b) = sen(a)cos(b) + cos(a)sen(b)


cos(a + b) = cos(a)cos(b) − sen(a)sen(b)

Exemplo 3.36.
Z Z
1
sen(3x)cos(4x)dx = (sen(3x + 4x) + sen(3x − 4x)) dx
2Z Z
1 1
= sen(7x)dx − sen(x)dx = ...
2 2

3.6.4 Integrais por Substituição Trigonométrica

As substituições trigonométricas nos permitem substituir os binômios a2 − x2 , a2 + x2 e


x2 − a2 pelo quadrado de um único termo e, portanto, transformar várias integrais que contêm
raı́zes quadradas em integrais que podemos calcular diretamente.

As substituições mais comuns são x = a sen(θ), x = a tg(θ) e x = a sec(θ). Elas podem ser
visualizadas nos seguintes triângulos retângulos:


a x2 + a2 x √
x x x2 − a2
θ θ θ
√ a a
a2 − x2

x = a sen(θ) x = a tg(θ) x = a sec(θ)


√ √ √
a2 − x2 = a|cos(θ)| a2 + x2 = a|sec(θ)| x2 − a2 = a|tg(θ)|

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1. Com x = a sen(θ), temos dx = a · cos(θ)dθ e


€ Š
a2 − x2 = a2 − a2 sen2 (θ) = a2 1 − sen2 (θ) = a2 cos2 (θ).

2. Com x = a tg(θ), temos dx = a · sec2 (θ)dθ e


€ Š
a2 + x2 = a2 + a2 tg2 (θ) = a2 1 + tg2 (θ) = a2 sec2 (θ).

3. Com x = a sec(θ), temos dx = a sec(θ)tg(θ)dθ e


€ Š
x2 − a2 = a2 sec2 (θ) − a2 = a2 sec2 (θ) − 1 = a2 tg2 (θ).

Resumimos assim:

Substituição Trigonométrica
1. x = a sen(θ) substitui a2 − x2 por a2 cos2 (θ)

2. x = a tg(θ) substitui a2 + x2 por a2 sec2 (θ)

3. x = a sec(θ) substitui x2 − a2 por a2 tg2 (θ)

Quando fazemos uma substituição, queremos que a mesma seja revertida de maneira que
possamos voltar para a variável original posteriormente. Por exemplo, se x = a sen(θ), queremos
€ Š
x
poder estabelecer que θ = arcsen a após a integração ter ocorrido. Se x = a tg(θ), queremos
€ Š
poder estabelecer que θ = arctg xa no final, o mesmo valendo para x = a sec(θ).

Para a reversibilidade precisamos que θ esteja no contradomı́nio da função trigonométrica


inversa correspondente, vejamos:

Reversibilidade na Substituição Trigonométrica


€ Š π π
1. x = a sen(θ) exige θ = arcsen xa com − ≤ θ ≤ logo cos(θ) ≥ 0
2 2
€ Š π π
x
2. x = a tg(θ) exige θ = arctg a com − ≤ θ ≤ logo sec(θ) ≥ 0
2 2
8 π
€ Š < 0 ≤ θ < , xa ≥ 1
3. x = a sec(θ) exige θ = arcsec a x
com 2 logo tg(θ) ≥ 0
: π
< θ ≤ π, xa ≤ −1
2
√ √
Nestas condições, quando o integrando contiver expressões do tipo a2 − x2 , a2 + x2 ou

x2 − a2 , em que a > 0, em geral é possı́vel efetuar a integração através de uma substituição
trigonométrica. Que levará a uma integral envolvendo funções trigonométricas.

Exemplo 3.37. Calcular as seguintes integras por substituição trigonométrica.


Z √ 2
Z Z È
1 1 Z
(a) √ dx (b) √ dx x − 9 (1 − x2 )3
2 2 2 (c) dx (d) dx
x 16 − x 4+x x x6
Texto composto em LATEX 2ε , APC, Abril/2006

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