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RBEn/07
NEVES, T.A., CAMARGO, C.A. e COMARÚ M.N. - Alguns aspectos que fundamentam a
assistência de enfermagem a pacientes em tração. Rev. Bras. Enf. ; DF, 29 : 56-63, 1976:
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assistência de enfermagem a pacientes em tração. Rev. Bras. Enf.; DF, 29 : 56-63, 1976.
vável que ela consiga sua indispensável do; a fraca sensação de dor semelhante
cooperação e ajuda durante o tratamen à dor causada por introdução de uma
to. Utilizando-se de sua habilidade de agulha de injeção, não sendo portanto,
comunicação a enfermeira deve procurar indicado o uso de anestésico.
inteirar-se das preocupações do pacien Após proceder à assepsia, o médico ne
te, suas angústias e ansiedade, a dor fí cessitará do seguinte material esterili
sica e às vezes moral, e, na medida do zado: fio de tração e o aparelho próprio
possível, procurar atendê-lo nestas ne para seu uso ; rolha de cortiça ; gaze;
cessidades. Na verdade, muitas vezes ele algodão ortopédiCO e atadura de crepe.
necessita mais de apoio e compreensão O estribo deve adaptar-se não somente
do que de fortes sedativos. Assim atuan ao fio passado mas também à região cor
do a enfermeira estará prestando uma poral submetida ao tratamento.
assistência de enfermagem ao cliente Quando se trata de tração de espara
que segundo Horta (5) é definida como: drapo o material utilizado é esparadrapo
"a ciência e a arte de assistir o ser hu largo, algodão ortopédiCO, atadura de cre
mano (indivíduo, família e comunidade) pe, um pedaço de madeira medindo apro
no atendimento de suas necessidades bá ximadamente 10 cm x 10 cm com orifício
sicas, de torná-lo independente desta as central e cordão de nylon.
sistência quando possível, pelo ensino do Depois do precedimento médico o pa
autocuidado; de recuperar, manter e ciente deve ser acamado.
promover sua saúde em colaboração com
outros profissionais. Assistir, em enfer 3 . Transferência do paciente para o
magem, é : fazer pelo ser humano tudo leito
aquilo que ele não pode fazer por si mes
mo; ajudar ou auxiliar quando parcial A primeira preocupação quando se re
mente impossibilitado de se autocuidar, rebe um paciente com tração, é a esco
orientá-lo ou ensiná-lo, supervisioná-lo e lha da cama; esta deve ser ortopédica
encaminhá-lo a outros profissionais. " ou adaptada com quadro balcânico, con
tendo barras transversais e longitudinais,
2 . Passagem do fio da tração roldanas e trapézio. O estrado deve ser
firme e o colchão macio, permitindo dis
Um paciente que de um momento pa tribuição uniforme do peso do corpo do
ra o outro é transportado para o hos paciente.
pital, nem sempre está em condições hi A transferência do paciente da maca
giênicas adequadas para se submeter a para a cama deve ser feita com o máxi
um tratamento médico, seja em razão dos mo cuidado, de forma a evitar a exacer
seus hábitos higiênicos ou das sujidades bação da dor devido à mobilização da
resultantes do próprio acidente. parte afetada, podendo vir a ocasionar
Remover as sujidades, desde que as complicações de ordem circulatória.
condições do paciente o permitem, é um Nas trações de um dos membros infe
dos primeirOS passos para a prevenção riores e/ou de membros superiores, sim
ou diminuição de possível contaminação. plifica-se o trabalho quando se inicia a
O preparo da pele consta de limpeza com transferência pelo lado não traumati
água e sabão e tricotomia, se necessário, zado. O paciente, quando pode, utiliza-se
da área onde vai ser introduzido o fio de do trapézio da cama, flete o j oelho do
tração ou aplicado o adesivo. membro, não lesado, apoiando parte do
Enquanto se procede ao preparo da pe peso do corpo sobre a perna e o pé e, com
le deve-se explicar ao paciente : no que movimentos coordenados com o servidor
consiste a passagem do fio ou aplicação de enfermagem, " eleva o corpo e movi
do adesivo; como é feita; o material usa- menta-se em direção ao centro da cama.
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As pessoas que o atendem nesta oca a enfermeira , deve aplicar seus conheci
sião, devem ter sua atenção voltada pa mentos de anatomia e fisiologia do siste
ra o foco da fratura, mantendo leve tra ma músculo-esquelético e os princípios de
ção na articulação distal; desta forma fisica (lei do equilíbrio e de biomecâni
previne-se a dor, que é decorrente da ca) nos quais se fundamentam o trata
mobilização dos fragmentos ósseos em mento por tração.
contato com as partes moles. Ao se instalar a tração deve-se consi
Caso o paciente não tenha condições derar o conforto do paciente, a liberda
para ajudar, duas ou mais pessoas de de necessária para os cuidados higiêni
verão transferi-lo para o leito, utilizan cos e a manutenção da tração, confor
do para isto lençol da maca. Os movi me a prescrição médica.
mentos deverão ser seguros e coordena Quando se faz uso de goteiras, traves
dos . seiros ou alças de suspensão deve-se ob
Uma vez acamado, a mesa de cabe servar a angulação dos mesmos para que
ceira deverá ser colocada do lado que coincidam com as articulações do pacien
ofereça melhores condições de uso por te. A extensão dos planos inclinado e
parte do paciente. horizontal do aparelho de Brown deve
ser proporcional à extensão do membro
4 . Instalação da tração que sobre eles se apÓia.
Enquanto a tração está sendo instala
Para um atendimento rápidO e eficien da, a enfermeira deve aproveitar este
te é necessário que o material a ser uti momento para conversar com o paciente.
lizado na instalação da tração estej a em Ele está passando por uma adaptação da
condição de uso imediato e em local de imagem corporal primitiva substituída
fácil acesso. pela imagem atual; acrescido de esta.r
num ambiente estranho, afastado de seus
Esse material varia de acordo com a
familiares, sujeito a dor e a incerteza
tração :
quanto à evolução do tratamento e ao
prognóstico. Tudo isto pode levar a al
a) Tração de esparadrapo - material :
terações de comportamento ; portanto ne
- lençol para apoio
cessário se faz estabelecer um meio de
- suporte de peso
comunicação que ofereça segurança ao
- peso.
paciente dando-lhe oportunidade para fa
b) Tração transesquelética - mate lar de si, do acidente, dos problemas,
rial: olvidar e portanto aliviar a preocupa
- cordões de nylon ção.
- pesos e suporte de peso Existe um relato de experiência (4) ,
- goteiras de Brown ou Thomas cuj a autoria é de um paciente, no qual
- faixas de algodãozinho ele finaliza dizendo : "esta foi minha ex
- esparadrapo periênCia e faço um apelo às Marias Isa
- tesoura béis, aos Josés, aos Carlos e às Cristinas,
- algodão ortopédiCO a os "anj os brancos" que passam alguns
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A higiene intima deve ser feita com o A lavagem da cabeça segue a técnica
paciente sobre a comadre; esta é coloca utillzada para paciente acamados.
da com o auxíllo do paciente, que eleva
a bacia através da utilização do trapézio. b ) Ellminações
Teremos assim oportunidade de propor
cionar ao paciente cuidado higiênico mais A colocação da comadre deve seguir o
satisfatório dando-lhe maior . segurança e esquema da elevação da bacia. Utillzan
conforto, ao mesmo tempo que evitamos do-se um travesseiro como apoio na re
que se molhe a cama, o que é muito pre gião dorso-lombar oferece-se mais con
judicial para a sua pele. forto ao paciente.
Perna e pé do membro não tracio Quando o membro tracionado está.
nado serão emergidos na bacia com água. com goteira de Brown deve-se estar
Este aspecto do cuidado é parcialmente atento para as condições higiênicas dlilo
feito pelo paciente, pois dificilmente ele atadura de morim que reveste o apare
conseguirá alcançar suas extremidades; lho, . pois em consequência da proximi
caso não possa realizar esta parte do seu dade com a região genital pOde haver
cuidado deve participar, secando-se. contaminação por urina e fezes.
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ção deve estar voltada também para a no leito pode ocasionar distúrbios diges
posição do outro membro a fim de evi tivos, intestinais e respiratórios. Os dis
tar escaras de calcâneo e deformidade túrbios digestivos e intestinais podem ser
em flexão. evitados oferecendo ao paciente alimen
Outro procedimento preventivo é a tação de fácU digestão, rica em celulose
massagem após o banho, com creme hi e oferecendo-lhe a comadre nos seus ho
dratante nas regiões vulneráveis quais rários habituais de evacuação.
sejam : região do omoplata, cristas llia Problemas respiratórios podem ser pre
cas; região sacra, região do trocanter, venidos através da utilização de frascos
calcâneo . . . para exercícios respiratórios (sifonagem)
Outra complicação conseqüente ao pró ou encher bolas de ar e luvas ou respirar
prio tratamento são as limitações arti profunda e lentamente. A elevação do tó
culares e contraturas musculares que po rax que ajudaria bastante na dinâmica
dem afetar não somente o membro em respiratória só poderá ser feita após per
tração como as demais partes do corpo. missão médica, pois interfere na tração.
Uma das medidas preventivas em tais Outro problema que o paciente em tra
casos é a estimulação do paciente para ção está sujeito é o desenvolvimento de
o autocuidado, pois ao desenvolver estas infecção ao redor do orificio de entrada
atividades estará colocando em movimen e saída do pino de tração. Para prevenir
to os músculos e as articulações. esta infecção deve-se manter cobertos
O controle permanente da posição do estes orifícios tendo o cuidado de remo
paciente n o leito pode evitar deformida vê-lo periodicamente para verificação do
des tais como : pé equino e rotação do local.
membro. O equinismo pode ser evitado
oferecendo apoio plantar fixo ou arti 8 . Preparo para alta
culado abrangendo toda a extensão dos
pés. A permanência do paCiente em repou
Quando o membro está em tração, po so exige menor gasto energético dando
de-se usar malha tubular vestindo pé ao organismo oportunidade de "dimi
(como meia) , fixa a uma das hastes da nuir" suas atividades. Ao lado disto, há
cama. Para movimentar a articulação tí também diminuição das atividades mus
bio-tarsica devemos utilizar um cordão culares e articulares. O paciente estando
com uma das extremidades amarrada a hã algum tempo nestas condições ao le
malha tubular e a outra após passar por vantar-se do leito poderá sofrer lipotí
roldanas deve ficar ao alcance do pacien mia ou dificuldade em manter posição
te. Como os artelhos podem sofrer maior ereta por diminuição de força muscular.
tensão da malha tubular, deve-se acol Para evitar que isto ocorra o paciente
choá-los para evitar os prejuízos que es deve ser levantado lentamente, utilizan
ta tensão pode causar. A rotação do do quando possível a prancha ortostáti
membro, quando inferior, segundo Ca ca, caso não haja prancha, pode-se ini
margo (1) pode ser prevenido com au ciar com travesseiros, aumentando gra
xilio de rolo de lençol. Este lençol deve dativamente a flexão do tórax. Para es
ser dobrado no sentido da extensão e a tar em condições de alta é necessário que
largura da dobra deve corresponder à. o mesmo desempenhe seus cuidados pes
distância entre a crista iliaca e a região soais independentemente.
do planalto tibial de forma que depois A familia deve ser informada sobre as
de enrolado possa impedir a rotação ex limitações de mobllidade do paciente, as
terna da região coxo-femural. sim como das suas 'possibilidades de
Além destes problemas, a imobllidade cuidar-se. Quando é possivel fazer uma
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