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DOI: 10.5102/uri.v14i1.

3638 A concepção de regimes na política


internacional à luz das teorias de relações
internacionais*

The conception of regimes in the


international politics in light of international
relations theories

Deisiane da Conceição Resumo


Viana de Santana Valdevino1 O artigo realiza um estudo da concepção de regime internacional
baseado nas teorias neorrealista, institucionalista neoliberal e construti-
vista de relações internacionais. O objetivo é refletir as teorias de relações
internacionais nos regimes internacionais vigentes. Dois regimes, em es-
pecial, os de direitos humanos e segurança são abordados. A reflexão é
construída a partir das questões conceituais de regimes internacionais.
Em seguida, verifica-se a abordagem das teorias de relações internacio-
nais sobre regimes e se estabelece uma breve comparação entre tais teo-
rias. Por conseguinte, demonstra-se o papel das abordagens teóricas de
relações internacionais nos regimes internacionais de direitos humanos
e segurança. As teorias de relações internacionais servem de direciona-
mento para refletir sobre os regimes de direitos humanos e de segurança,
tratados no artigo como duas importantes áreas de conhecimento dos
processos políticos internacionais.
Palavras-chave: Teoria de relações internacionais. Regimes Internacionais.
Teoria de Regimes.

Abstract
The article presents a study of the international regime conception
based on neorealist, neoliberal institutionalist and constructivist theories
of international relations. The objective is to reflect the theories of inter-
national relations in the existing international regimes, two regimes in
particular, human rights and security are addressed. The reflection begins
from the conceptual questions of international regime. Then, there is the
approach to international relations theories about regimes and settles a
brief comparison between these theories. After that, demonstrates the
role of theoretical approaches in human rights and security international
regimes. Theories of international relations serve as guidance to reflect
on the human rights and security regimes, treated in the article as two
*
Recebido em: 09/10/2015. important areas of knowledge of international political processes.
Aprovado em: 15/02/2016.
Keywords: International Relations Theory. International Regimes. Theory of
1
Mestranda em Relações Internacionais e gradu-
ada em Relações Internacionais pela Universi- Regimes.
dade Estadual da Paraíba. E-mail: deisianevs@
yahoo.com.
Deisiane da Conceição Viana de Santana Valdevino

1 Introdução mudança para um novo regime ou o fim do regime vigen-


te de determinada área das relações internacionais.
Desde a década de 1970, liberais e realistas têm se Outras definições de regimes são dadas por
preocupado com a concepção do termo regimes inter- Keohane e Nye (1977, p. 19) que definem os regimes como
nacionais e com o reflexo dessas novas configurações no “conjuntos de arranjos de governança” que incluem redes
sistema internacional. Na década de 1980, a discussão so- de regras, normas e procedimentos que regulam o com-
bre organizações internacionais perpassa dois estudos: os portamento dos atores e controlam os seus efeitos. Bull
estudos sobre integração regional e os estudos de regimes (1977, p. 54) ao fazer referência à importância das regras
internacionais (LACERDA, 2013, p. 87). Neste sentido, e instituições na sociedade internacional trata as regras
a evolução do campo de estudo das instituições interna- como “princípios gerais imperativos que requerem ou au-
cionais levou a ampliação dos estudos sobre o conceito torizam os Estados a comportar-se de maneiras prescri-
de regimes internacionais (RUGGIE; KRATOCHWILL, tas”. Neste sentido, as instituições favorecem a adesão dos
1986, p. 341-342). O artigo se baseia nos estudos sobre atores às regras por meio da interpretação, legitimação
regimes que oferecem novas reflexões ao comportamento e adaptação dessas regras institucionais (BULL, 1977, p.
dos atores no sistema internacional. 54). Além disso, os regimes também são abordados como
Como um ponto de partida, Ruggie (1975, p. instituições de caráter não hierárquico nas quais as ex-
570-571) conceituou regimes como “conjuntos de ex- pectativas dos atores convergem. Deste modo, os regimes
pectativas mútuas, regras e regulações, planos, energias são construídos pelos Estados com o propósito de mitigar
organizacionais e comprometimentos financeiros que são o caráter de autoajuda das relações internacionais, ao de-
aceitos por um grupo de Estados”. Sete anos depois, os monstrar aos Estados a possibilidade de obter ganhos por
regimes têm sido amplamente conceituados por Krasner meio da cooperação (HASENCLEVER et al, 2000, p. 3).
(1982, p. 186) como sendo “princípios, normas e regras Observa-se que um abrangente debate se estru-
implícitos ou explícitos e procedimentos de tomada de tura em torno da concepção de regimes internacionais.
decisões de determinada área das relações internacionais Devido ao fato de sua definição não ser clara, as frontei-
em torno dos quais convergem as expectativas dos ato- ras entre este conceito e outras categorias utilizadas pelos
res”. Semelhante definição se encontra em Haas (1980, p. teóricos das relações internacionais são frágeis. Debates
553) ao considerar que os regimes englobam um conjun- teóricos sobre instituições, organizações internacionais e
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to mutuamente coerente de procedimentos, regras e nor- governança global são categorias que corroboram com a
mas. Ademais, cabe salientar que: concepção dos regimes internacionais. Neste sentido, ini-
[...] os princípios são crenças em fatos, causas cialmente cabe ao artigo realizar uma releitura das prin-
e questões morais. As normas são padrões de cipais correntes teóricas de relações internacionais que
comportamento definidos em termos de direi-
tos e obrigações. As regras são prescrições ou
tratam de regimes, onde é feita uma breve abordagem
proscrições específicas. Os procedimentos para comparativa entre as concepções de regimes para neor-
tomada de decisões são as práticas predomi- realistas, institucionalistas neoliberais e construtivistas,
nantes para se executar uma decisão coletiva.
(KRASNER, 1982, p. 186) com o propósito de demonstrar as diferenças e as apro-
ximações entre as teorias. Por conseguinte, em especial,
A partir da definição de regimes de Krasner
abordar os regimes internacionais de direitos humanos e
(1982), ressalta-se o papel dos mecanismos institucionais
de segurança a fim de refletir a percepção teórica de rela-
moldados por princípios, normas, regras e procedimen-
ções internacionais em duas importantes áreas da política
tos que interferem na transformação para um novo regi-
internacional.
me ou que conduzem ao fim de um regime. Neste senti-
do, mudanças em regras e procedimentos de tomada de
2 Abordagens teóricas: neorrealista, institucio-
decisão são mudanças internas aos regimes, desde que os
nalista neoliberal e construtivista
princípios e as normas não sejam alterados; enquanto as
mudanças em princípios e normas são mudanças do pró-
A princípio, a conceptualização de regimes inter-
prio regime (KRASNER, 1982, p. 187-188). Deste modo,
nacionais ocorreu no contexto do neorrealismo e neo-
quando normas e princípios são alterados ocorre ou uma
62 liberalismo (debate neo-neo), o qual contribuiu para o
A concepção de regimes na política internacional à luz das teorias de relações internacionais

desenvolvimento teórico de regimes nas análises neor- its disproportionate gain to implement a policy
intended to damage or destroy the other. Even
realistas e institucionalistas neoliberais. Na teoria neor-
the prospect of large absolute gains for both par-
realista, as relações de poder são a variável central que faz ties does not elicit their cooperation as long as
com que os atores se articulem em prol dos ganhos relati- each fears how the other will use its increased
capabilities. Notice that the impediments to col-
vos. Por outro lado, na teoria institucionalista neoliberal laboration may not lie in the character and the
a variável central se baseia nos interesses que faz com que immediate intention of either party. Instead, the
a preocupação dos atores seja com a maximização dos condition of insecurity - at the least, the uncer-
tainty of each about the other’s future intentions
ganhos absolutos. A forma de compreender os regimes and actions - works against their cooperation.
internacionais passa a ser questionada com a ascensão de (WALTZ, 1979, p. 105).
uma teoria baseada no cognitivismo: o construtivismo. Neste sentido, os neorrealistas tratam as institui-
Deste modo, os regimes internacionais de forma simpli- ções, enquanto formas sociais, como reflexo da distribui-
ficada são abordados em três principais teorias: neorrea- ção de poder. As instituições importam, mas porque elas
lista, neoliberal e construtivista (HASENCLEAVER et al, facilitam o equilíbrio de poder, pois, se com o elemento
2000, p. 5). Adiante, em especial, as três principais teorias de poder a cooperação é difícil de se estabelecer, no en-
serão abordadas. tanto, sem o equilíbrio de poder, a cooperação se torna
Primeiro, a abordagem neorrealista que conside- impossível (HASENCLEVER et al., 2004, p. 57).
ra os Estados os principais atores na política mundial e Em segundo lugar, a teoria institucionalista neo-
se comportam com base na percepção de seus próprios liberal que considera os Estados maximizadores de utili-
interesses. Logo, as variáveis causais básicas que levam à dade na concepção de seus interesses. Esta teoria aborda
criação dos regimes são o poder e o interesse, e os atores os regimes como uma via para facilitar a cooperação in-
básicos são os Estados. As capacidades relativas e o equi- ternacional. As instituições permitem que os atores ra-
líbrio de poder são importantes a fim de que os Estados cionais identifiquem interesses comuns e contribuam na
assegurem maiores ganhos nos possíveis processos de cooperação porque os regimes aumentam a transparência
cooperação. das relações entre os atores internacionais. Ademais, re-
De acordo com os neorrealistas, as relações de po- duz as incertezas e diminui o medo de trapaça nos pro-
der entre os atores fortemente afetam as perspectivas da cessos de cooperação.
eficácia dos regimes estabelecidos em determinada área Institucionalismo neoliberal ou teorias de regi-

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tema (issue area), especialmente no que diz respeito à mes com base em interesses dos atores (interest-based)
distribuição dos benefícios da cooperação (HASENCLE- são influentes e representam o maistream racionalista
VER et al., 2004, p. 3-4). Todavia, o neorrealismo desme- das teorias de relações internacionais na análise das ins-
rece o conceito de instituições baseado na ideia de que as tituições e regimes. Os institucionalistas neoliberais re-
instituições são o reflexo das relações de poder subjacen- tratam os Estados como egoístas racionais que buscam
tes. Os regimes internacionais para os realistas surgem seus próprios ganhos (absolutos). Modelos da teoria dos
apenas em condições restritas caracterizadas pela falha jogos (game-theoretic models) têm sido aplicados para ca-
na tomada de decisão individual em assegurar os resul- racterizar os interesses que estão inseridos nos diferentes
tados desejados (KRASNER, 1982, p. 201). Destarte, os tipos de regimes e o quanto afetam a probabilidade de
neorrealistas pressupõem um sistema internacional fun- um regime ser criado, transformado ou extinto. Os regi-
cionalmente simétrico de Estados maximizadores de po- mes internacionais são vistos como meios possíveis dos
der em um ambiente anárquico. Diante da possibilidade Estados auto interessados superarem os obstáculos a uma
de cooperação, mesmo para ganhos compartilhados, os cooperação internacional mutuamente vantajosa.
Estados se encontram em uma condição de insegurança
Regimes internacionais executam as funções
e incerteza que dificultam a cooperação. Segundo Waltz: de reduzir os custos das transações legítimas
e reduzir as incertezas. Os regimes não substi-
When faced with the possibility of cooperating
tuem a negociação; na verdade, eles autorizam
for mutual gain, states that feel insecure must ask
certos tipos de negociação para determinados
how the gain will be divided. They are compelled
fins. A função mais importante é facilitar as
to ask not “Will both of us gain?” but “Who will
negociações que levam a acordos mutuamente
gain more?” If an expected gain is to be divided,
benéficos entre os governos (KEOHANE, 1984,
say, in the ratio of two to one, one state may use 63
p. 107).
Deisiane da Conceição Viana de Santana Valdevino

De acordo com os neoliberais, a demanda por (autoridades políticas) que fazem uso do poder político
regimes busca maximizar: a ausência de um governo com um propósito social que legitima o comportamen-
supranacional e a incerteza quanto às expectativas dos to internacional institucionalizado (BUENO, 2009, p. 8).
atores. Dentro deste cenário, uma das principais funções Os regimes diferem de outros processos por meio do ele-
dos regimes internacionais é o de facilitar a realização de mento normativo à medida que os atores reproduzem as
acordos mutuamente benéficos entre governos, de modo estruturas normativas e interferem sobre elas de acordo
que a condição estrutural de anarquia não conduza a com suas práticas.
uma “guerra de todos contra todos” (KEOHANE, 1989, O conhecimento desempenha um importante pa-
p. 106). pel para a formação de regimes internacionais por meio
Em terceiro lugar, a teoria construtivista das re- do ordenamento dos objetivos e da busca por estratégias
lações internacionais que se desenvolveu no final da dé- apropriadas (BUENO, 2009, p. 9). O construtivismo de-
cada de 1980 como um contraponto às correntes realista monstra que realizar processos de formação ou mudança
e neoliberal. O construtivismo se baseia nas estruturas de regime permite que novos conhecimentos influenciem
normativas (normative frameworks) e materiais na for- na cooperação, baseada em regras, normas e procedi-
mação das identidades dos atores políticos e na relação mentos institucionais entre os Estados na relação agen-
mútua entre agentes e estruturas. A essência da teoria te-estrutura (HASENCLEVER et al., 2004, p. 139). Por
construtivista se encontra nos conceitos de estrutura e outro lado, os regimes auxiliam no aprofundamento do
identidade. O conceito de estrutura corresponde à inte- conhecimento, o que faz conhecimento e regimes inter-
ração entre agentes, ideias e práticas – chamada de inter- nacionais inter-relacionados.
subjetividade – que é construída socialmente. Enquanto a Nenhuma das três teorias nega os impactos dos
identidade é constituída de acordo com os interesses dos regimes internacionais na política mundial, mas o grau
atores. Wendt (1992, p. 394) considera que o poder é um de “institucionalismo” abordado nestas teorias varia con-
elemento importante, no entanto, não é a única variável sideravelmente (YOUNG, 1989, p. 209).
a moldar o comportamento e as ações dos atores. Logo, […] since in the realist view anarchy justifies
a política de poder é uma resultante da estrutura social e disinterest in the institutional transformation
of identities and interests and thus building sys-
internacional. temic theories in exclusively rationalist terms;
Os construtivistas acrescentam as expectativas its putative causal powers must be challenged
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if process and institutions are not to be subor-


mútuas e convergentes e as crenças compartilhadas dos
dinated to structure. I argue that self-help and
atores como critérios formadores dos regimes internacio- power politics do not follow either logically or
nais. Dado o exposto, a essência ontológica dos regimes causally from anarchy and that if today we find
ourselves in a self-help world, this is due to pro-
é a intersubjetividade. Isto demonstra as propriedades cess, not structure. (WENDT, 1992, p. 394).
fundamentais dos agentes (estatais) e das estruturas do
sistema e permite visualizar agentes e estruturas como Levando-se em consideração esses aspectos, se-
entidades “mutuamente constituídas” (WENDT, 1987, gundo os realistas, a concepção de sistema internacional
p. 339). A abordagem teórica construtivista no estudo anárquico justifica a não inserção de identidades e inte-
dos regimes internacionais enfatiza o papel das normas, resses como fatores importantes no estabelecimento de
ideias e conhecimentos como variáveis explicativas do instituições. No entanto, para os construtivistas como
comportamento dos agentes na política internacional. Wendt (1992, p. 392), a autoajuda e o poder político não
Para os construtivistas a autoajuda e o poder po- seguem a lógica da anarquia, mas de um processo carac-
lítico não são características da anarquia. A anarquia não terístico na dinâmica agente-estrutura que se co-consti-
possui uma única lógica de conflito e competição, mas a tue. Wendt (1992, p. 401) ainda enfatiza que o regime é
anarquia pode interferir nas lógicas de conflito e de coo- eficaz na medida em que atinge determinados objetivos
peração de acordo com o comportamento dos Estados. que superam a lógica do sistema internacional anárquico.
Para Wendt (1992, p. 395), a anarquia é o que os Estados Diante do que foi exposto, o atual debate das teo-
fazem dela à medida que eles formam a estrutura norma- rias de regimes internacionais se baseia nos mecanismos
tiva das instituições. que permitem aos Estados cooperarem em determinada
64 Os regimes são formados a partir dos agentes issue area. Os debates atuais sobre a validade teórica das
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instituições e mais amplamente dos regimes internacio- cimento dos interesses ou dos direitos da humanidade é
nais se tornam significativos na compreensão da política visto como uma luta dispensável. Na perspectiva realista
internacional. Autores realistas têm criticado este argu- é incompreensível que os atores busquem interesses uni-
mento, pois segundo eles, “as instituições internacionais versais, pois segundo eles, os atores buscam legitimar
não são capazes de mitigar os efeitos restritivos da anar- seus próprios interesses (REIS, 2006, p. 34). Deste modo,
quia em matéria de cooperação interestatal” (GRIECO, não há espaço na teoria realista para abordar os interesses
1988, p. 486). A teoria institucionalista neoliberal com- da humanidade, nem inserir a issue area dos direitos hu-
partilha com o realismo que os principais atores da polí- manos como uma preocupação fundamental dos atores.
tica internacional são egoístas racionais (self-interest). No O regime internacional de direitos humanos re-
entanto, os institucionalistas argumentam que a discórdia presenta um momento de inflexão no direito interna-
não resulta apenas do auto interesse, pois cional quando se reconhece a existência do indivíduo
[…] if the egoism monitors each other’s behav- no cenário internacional (REIS, 2006, p. 33). Os princi-
ior and if enough of them are willing to coop- pais documentos considerados marcos fundamentais do
erate on condition that others cooperate as well,
they may be able to adjust their behavior to re- direito internacional dos direitos humanos se baseia na
duce discord. They may even create and main- Carta da ONU (1945) e na Declaração Universal dos Di-
tain principles, norms, rules and procedures –
reitos Humanos (1948).
institutions referred as international regimes...
properly designed institutions can help egoists A ideia de uma instância do direito internacional
to cooperate even in the absence of a hegemonic que tem como base a sociedade civil não se encaixa nos
power (KEOHANE, 1984, p. 83-84).
parâmetros da teria realista. No entanto, a vertente cons-
Deste modo, para os institucionalistas neoliberais, trutivista permite uma análise capaz de integrar os direi-
ainda que o auto interesse seja parte do comportamento tos humanos e a política internacional na construção de
dos atores na concepção de seus interesses, as instituições normas, regras e procedimentos que moldam o regime
e, por extensão, os regimes internacionais incentivam os como parte constitutiva do aperfeiçoamento do proces-
atores a cooperar. Ainda assim, questões relacionadas à so de cooperação. “[...] regimes change states’ preferences
cultura e identidade dos atores envolvidos nos processos away from noncompliance toward cooperation by estab-
institucionais não são esclarecidas pelas teorias dominan- lishing new norms that alter states’ perceptions of what be-
tes do realismo e liberalismo. Hasenclever (1997, p. 182) haviors are acceptable” (GILLIGAN, 2006, p. 940). Para

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considera que as ferramentas conceituais do mainstream os construtivistas, as ideias e o conhecimento passam a
da análise tradicional de regimes são insuficientes, uma serem variáveis condicionantes do comportamento dos
vez que são incapazes de inserir características impor- atores no plano internacional. Além disso, a demanda
tantes da política internacional, como a complexa teia por regimes internacionais passa a sofrer influência das
de práticas que existe entre os Estados (SMITH, 1987, p. crenças normativas dos atores (MARCONI, 2012, p. 13),
280), as normas culturais compartilhadas internacional- como o regime internacional de refugiados e o regime in-
mente (BRZOSKA, 1991, p. 49) e a internalização de as- ternacional do meio ambiente que surgem da emergência
pectos que reforçam mutuamente as atitudes e premissas dos problemas sociais globais nas dadas issue areas.
de valores morais (DUFFIELD, 1992, p. 844). Diante dis- Neste sentido, a crescente interconexão entre os
so, as abordagens teóricas apresentadas de forma sucinta estados, a emergência de um sistema de governança glo-
servem de direcionamento para refletir sobre os regimes bal, e a explosão de movimentos, grupos, redes e organi-
internacionais de direitos humanos e de segurança que zações engajadas em um debate público global ou trans-
serão abordados a seguir. nacional colocaram em questão a primazia dos Estados
(KALDOR, 2003, p. 583). O Estado mantém a soberania e
3 O regime internacional de direitos humanos o poder político, no entanto, estes se tornam fatores con-
dicionais diante da interferência de outros atores interna-
A perspectiva da irrelevância dos direitos huma- cionais como instituições políticas, indivíduos, empresas,
nos é encontrada na teoria realista, na qual autores como organizações não governamentais e outras entidades.
Carr (2001) e Morgenthau (2003) consideram que a hu- Para o neoliberalismo, tratar do regime interna-
manidade é uma abstração, por isso a busca do reconhe- cional de direitos humanos está diretamente relacionado 65
Deisiane da Conceição Viana de Santana Valdevino

às relações de poder e interesses nos mecanismos institu- sistêmico, estatal e individual ou coletivo. De forma geral,
cionais que salvaguardam os direitos humanos. Bobbio a perspectiva da segurança estatal é prioridade nas teorias
(1994, p. 43) traz uma alternativa liberal nesse contexto, realista e liberal.
no qual defende duas ideias: 1) que atualmente a demo- Os neoliberais apontam duas condições para a
cracia é necessária para salvaguardar os direitos funda- segurança coletiva. Primeiro, as afinidades e antagonis-
mentais dos seres humanos que estão na base do Estado mos ideológicos, étnicos e culturais entre os Estados.
liberal; 2) que a salvaguarda desses direitos seja neces- Segundo, o relacionamento entre segurança internacio-
sária para o correto funcionamento do processo demo- nal e políticas nacionais de segurança deve ser acordado
crático. Verifica-se a exigência de que os Estados sejam entre os Estados por meio do comprometimento com a
democráticos para que seja reconhecida sua legitimidade, democracia. Os institucionalistas neoliberais acreditam
no entanto, isso contrasta com o baixo grau de democra- que a segurança coletiva poderá ser “[...] consistente com
tização das próprias instituições internacionais de direi- a premissa de auto interesse dos Estados, caso o maior
tos humanos. Na medida em que as violações de direitos ganho seja a manutenção do regime” (BENNET; LEP-
humanos cometidas por Estados ou mesmo por indiví- GOLD, 1993, p. 221). Logo, o aumento de transparência
duos não são eficientemente combatidas nem reprimidas, e a diminuição dos custos de transação fazem com que as
a preocupação é que a garantia dos direitos humanos se instituições afetem a disposição dos Estados para coope-
torne uma retórica. Todavia, outra preocupação funda- rar em longo prazo.
mental diz respeito ao uso da retórica dos direitos huma- A ideia de segurança coletiva está relacionada os
nos para justificar ações em outras issue areas. Diante da seguintes fatores: 1) as disputas internacionais estão sujei-
ampla variedade de questões que envolvem os regimes tas a resoluções pacíficas; 2) as nações são mais inclinadas
internacionais, torna-se relevante o desenvolvimento de à paz que à guerra; 3) a guerra é resultado de uma ação
reflexões sobre o papel dos direitos humanos na política agressiva de um dos lados envolvidos; 4) todos os Estados
internacional. têm interesse em uma guerra, mesmo que não estejam
envolvidos, deve-se ajudar a suprimi-la (STROMBERG,
4 O regime internacional de segurança 1956, p. 255). Bennett (1993) com base na teoria de re-
gimes das relações internacionais formula duas vertentes
Conforme as teorias de relações internacionais, o para o conceito de segurança coletiva: um que considera
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regime internacional de segurança aqui abordado desta- a segurança coletiva um regime elaborado para manter
ca a ideia de segurança coletiva presente nas instituições um determinado status quo e outro conceito se baseia na
de segurança como o Conselho de Segurança da ONU. A garantia de que os procedimentos de segurança ocorram
segurança coletiva é tratada como parte integrante do re- de forma pacífica e a força seja utilizada apenas como au-
gime internacional de segurança, no entanto, recebe dife- todefesa.
rentes abordagens nas teorias de relações internacionais. Além disso, Haas (1955, p. 43) aponta dois en-
As teorias neorrealista e neoliberal compreendem tendimentos para o conceito de segurança coletiva: as
a anarquia internacional e os Estados como atores cen- obrigações morais universais e o ordenamento entre as
trais, contudo, analisam os efeitos da anarquia de formas grandes potências. As obrigações morais são caracterís-
diferentes. Enquanto os neorrealistas reforçam a dificul- ticas da Liga das Nações que auxiliariam os atores na to-
dade de cooperação, em decorrência do medo e da des- mada de decisão, por meio dos valores democráticos e
confiança inerentes à anarquia, os neoliberais acreditam da autodeterminação dos povos; enquanto no concerto
nas instituições e regimes como possíveis meios ameni- entre as grandes potências, o intermediário na tomada de
zadores que conduzem à cooperação (GRIECO, 1993, p. decisão seria o Conselho de Segurança da ONU (BAC-
117; BALDWIN, 1993, p. 4-5). As duas correntes se utili- CARINI, 2009, p. 112). Com isso, “[...] se os ganhos con-
zam de elementos semelhantes para discutir a segurança, juntos podem ser realizados através de um concerto em
mas produzem diferentes análises. De acordo com Bal- base global, a previsibilidade que isto gera pode fazer com
dwin (1993, p. 10), a abordagem entre as correntes rea- que o comportamento cooperativo se torne mais viável”
listas, liberais e construtivistas são complementares, pois (BENNET; LEPGOLD, 1993, p. 222).
66 elas se concentram em três níveis de análise da segurança: Para os realistas, as grandes potências e a carac-
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terística de autoajuda afetam ou impedem a segurança ção intelectual mais aprofundada em relação às ideias,
coletiva. Jervis (1982, p. 359) demonstra a dificuldade em normas e instituições nos respectivos papéis na política
se vencer o dilema do prisioneiro, por causa do dilema de internacional, pois nenhuma das correntes teóricas está
segurança, em que o aumento da segurança de um Estado inteiramente satisfeita com suas conclusões (FINNEMO-
automaticamente diminui a segurança do outro. Segundo RE; SIKKINK, 1998, p. 917). Portanto, faz-se necessário a
os neorrealistas, os regimes de segurança são valiosos e superação dos debates e discussões puramente metodoló-
difíceis de serem alcançados porque ações com base no gicos. O que em certa medida ocorre no atual desenvolvi-
auto interesse podem ser custosas, pois o medo da viola- mento teórico sobre instituições e regimes internacionais.
ção do que foi acordado é um grande incentivo para que Constata-se a assimilação dos pressupostos racionalistas
os atores abandonem o regime (BACCARI, 2009, p. 115). do realismo e do liberalismo e dos pressupostos reflexi-
A diferença entre questões de segurança e outras áreas, vistas do construtivismo em prol do maior entendimento
como a de direitos humanos se deve à maior competição acerca das concepções e percepções dos regimes interna-
entre os atores nessa área, pois de acordo com os realistas cionais e dos processos que os desencadeiam.
a segurança é o objetivo primordial do Estado. Destarte, A teoria neorrealista assevera que as relações de
os neorrealistas argumentam que os regimes de seguran- poder entre os atores afetam as perspectivas da eficácia
ça, que exigem maiores limitações e restrições mútuas, dos regimes. O neorrealismo desmerece o conceito de
dificilmente atraem os Estados a cooperar. instituições baseado na ideia de que as instituições são
O construtivismo afirma-se como crítica e alter- o reflexo das relações de poder subjacentes, sendo assim,
nativa aos modelos estatocêntricos que marcam a com- os regimes internacionais surgem apenas em condições
preensão da política internacional pelo viés dos regimes restritas caracterizadas pela falha na tomada de decisão
internacionais (DIAS et al., 2011, p. 9). Apesar de não ad- em assegurar os resultados pretendidos.
vogar explicitamente pelo alargamento e aprofundamen- Os institucionalistas neoliberais consideram o
to da política internacional de segurança, o construtivis- impacto das práticas compartilhadas no comportamen-
mo se apresenta como uma abordagem crítica da tradição to dos Estados, as expectativas convergentes e os cons-
realista. O construtivismo traz a abordagem de que não trangimentos e ferramentas institucionais como aspectos
existe um conceito de segurança globalmente aceito. Ou relevantes para o estudo de regimes. O comportamento
seja, construções políticas diferentes das criadas pelo Es- orientado por regras, normas e procedimentos podem se

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tado não se pode assegurar que o objetivo seja diretamen- tornar uma variável interveniente. Além disso, o aumento
te a sobrevivência do Estado ou mesmo dos indivíduos de transparência e a diminuição dos custos de transação
em geral. A percepção e o significado do modo como fazem com que as instituições afetem a disposição dos Es-
cada sociedade se organiza e entende a segurança variam tados em cooperar.
em formas de governo, graus de violência e legitimidade Em contrapartida, os construtivistas consideram
das instituições (BUZAN; HANSEN, 2010, p. 200-202). a análise tradicional de regimes como insuficientes, à
Assim, a segurança e a ameaça se projetam como cons- medida que são incapazes de inserir maior ênfase em ca-
truções sociais da realidade (KARACASULU; URGO- racterísticas da política internacional, como as práticas
ZEN, 2007, p. 38; KRAUSE; WILLIAMS, 1996, p. 243). e normas compartilhadas e os parâmetros de cultura e
identidades. Os construtivistas acrescentam que a essên-
5 Considerações finais cia dos regimes é a intersubjetividade, pois os agentes e
a estrutura do sistema são entidades mutuamente cons-
O reflexo das novas configurações do cenário tituídas. Assim sendo, enfatiza-se o papel das normas,
internacional após a década de 1970 possibilitou um ideias e conhecimentos como variáveis explicativas do
abrangente debate em torno da concepção de regimes in- comportamento dos agentes na política internacional.
ternacionais. As teorias de relações internacionais ofere- Em relação ao regime de direitos humanos, a teo-
cem debates teóricos sobre as mais diversas categorias da ria neorrealista não possibilita a inclusão da abordagem
agenda internacional que repercutem na formulação da dos interesses considerados da humanidade, o que faz
concepção dos regimes internacionais. dos estudos do regime internacional de direitos humanos
As diferentes abordagens favorecem uma produ- irrelevantes. No entanto, a teoria construtivista permite 67
Deisiane da Conceição Viana de Santana Valdevino

uma análise capaz de integrar os direitos humanos na po- theoretischer Ansatze. Politische Vierteljahresschrift,
lítica internacional por meio da construção de normas, Berlim, v. 32, p. 24- 55, mar., 1991.
regras e procedimentos que moldam o regime e possibili-
BUENO, Adriana M. C. Perspectivas contemporâneas
tam a cooperação entre os atores envolvidos na proteção sobre regimes internacionais: a abordagem construtivista.
dos direitos humanos. Para os neoliberais, ressalta-se o Santo André: Centro Universitário Fundação Santo
papel da democracia como regra de conduta nas insti- André, 2009.
tuições em defesa dos direitos humanos, uma vez que se BULL, Hedley. The anarchical society: a study of order in
verifica a exigência de que os Estados sejam democráticos world politics. New York: Columbia University, 1977.
para que se reconheça sua legitimidade e facilite a reali-
zação de acordos mutuamente benéficos entre os Estados. BUZAN, Barry; HANSEN, Lene. The evolution of
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O regime internacional de segurança abordado University Press, 2010.
teve como base a concepção de segurança coletiva. En-
quanto os neorrealistas reforçam as barreiras do medo e CARR, Edward. Vinte anos de crise: 1919-1939. São Paulo:
Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais, 2001.
da desconfiança para os Estados cooperarem, os neolibe-
rais acreditam que as instituições e os regimes são meios DIAS, Vanda A.; MOTA, Sarah C.; RANITO, Jovana J.
que amenizam a desconfiança e favorecem a cooperação. Retrospectiva do conceito de segurança: alargamento
Em contrapartida, os construtivistas determinam que e aprofundamento da agenda securitária no pós-guerra
fria. Univ. Rel. Int., Brasília, v. 9, n. 2, p. 1-23, jul./dez.
não se pode assegurar que o objetivo seja diretamente a
2011.
sobrevivência do Estado ou mesmo dos indivíduos em
geral. Para os construtivistas, as percepções de seguran- DUFFIELD, John. International regimes and alliance
ça e ameaça são construções sociais, isto significa que a behavior: explaining NATO conventional force levels.
International Organization, Cambridge: MIT Press, v. 46,
percepção do modo como cada sociedade se organiza e
p. 819-955, autumn, 1992.
entende a segurança varia nos aspectos de graus de vio-
lência, legitimidade das instituições e formas de governo. FINNEMORE, M.; SIKKINK, K. International
Destarte, o artigo teve como base os estudos sobre norm dynamics and political change. International
Organization, Cambridge: MIT Press, v. 52, n. 4, p. 887-
regimes internacionais que oferecem novas reflexões ao 917, autumn, 1998.
comportamento dos atores na política internacional. As
Universitas Relações Internacionais, Brasília, v. 14, n. 1, p. 61-69, jan./jun. 2016

abordagens teóricas de relações internacionais servem de GILLIGAN, Michael. Is enforcement necessary for
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direcionamento para refletir sobre os regimes de direitos
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