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Escolhi três edifícios para exemplificar meu trabalho. Eles diferem com respeito às
exigências e às condições do sítio, mas todos são edifícios públicos. Eles podem ser
Por que edifícios ao invés de projetos? Por que trabalho ao invés de discurso
Eu sei que essas palavras podem parecer estranhas hoje em dia. Primeiro, porque
deixem-me dizer, cinquenta anos, muitos arquitetos tem acreditado que a construção
não é digna do esforço que envolve. Para eles, a tarefa foi terminada na prancheta,
que ame a disciplina. Ela perdeu a importância que tinha na sociedade no passado.
Victor Hugo disse que os livros mataram as catedrais; isso não era de todo verdade
então, mas eu vejo que hoje podemos dizer que a comunicação em massa tem
arquitetura, ou pelo menos uma posição mais respeitada. E percebendo isso como
arquitetura pode ser representada simplesmente através de desenhos. Tal visão tem
sido suportada pela dialética entre utopia e realidade. Se os arquitetos não servirem
à realidade, eles ao menos trabalharão para o mundo futuro sonhado em utopia. Tal
minha opinião esses esforços não são intrinsecamente arquitetura –o que não quer
Sabe-se quão importante esse assunto é hoje, mas ao mesmo tempo ele é rejeitado
desenho, não ao edifício. Existem muitos exemplos dessa atitude que eu não
sobre como uma obra será construída. Alguns argumentarão que isso aconteceu no
passado, que algumas obras foram executadas sem serem visitadas por seus
arquitetos, quem confiaram diretamente em desenhos e especificações para a
execução de seus projetos. Mas, claro, todos irão concordar que os arquitetos no
passado tiraram vantagem de uma coerência social que não existe hoje. Um
desenho aceito, antes que ele fosse desenhado, convenções edilícias seguras. Foi
Na outra mão, muitos arquitetos acreditam que a obra de arquitetura deve envolver o
arquitetura como a conclusão física que consolida um processo mental tem tomado
extensão dimensional dos desenhos. Os arquitetos querem manter o sabor dos seus
privado.
Pode a arquitetura ser um mundo privado? Pode ela ser reduzida a uma expressão
pessoal? Arquitetos, tão quanto admiram o reino pessoal no qual outros artistas
parecem trabalhar, não trabalham sob as mesmas condições. Seu trabalho deveria
ser, na minha opinião, compartilhado por outros ou, pelo menos, não deveria ser tão
pessoal como para invadir o domínio público de uma maneira que não mais pertença
público desde o momento específico no qual o processo de projeto começa até o fim
entre os mundos públicos e privados hoje são mais confusos que nunca. Quando
arquitetura é produzida em cidades, ela expressa uma ideia pública. As cidades têm
uma necessidade de uma arquitetura que seja tanto uma ferramenta, no sentido de
social. A noção de uma linguagem compartilhada para produzir o mundo dos objetos
–os diferentes tipos de edifícios nos quais e com os quais nós vivemos– emerge
como dádiva para entender a arquitetura e sua produção. E, portanto, eu não penso
que nós podemos justificar enquanto arquitetura os intentos de alguns artistas que,
intimidade foi uma vez a própria natureza da obra arquitetônica e de alguma forma
deveria ser vista à luz da honrada aceitação das tecnologias construtivas com a
construtivos deveria ser tão completo como para permitir ao arquiteto a invenção
formal que sempre precede o fato da construção mesma. Deveria aparecer como se
como no processo de pensar sobre ela. Isso é algo novo. Os arquitetos no passado
desaparece.
O preço de tal atitude é pago pela arquitetura, visto que muito frequentemente
alguns arquitetos nos apresentam com uma imagem de fragilidade e com um gosto
imediatismo não poderia ser aplicada. Quer estejamos considerando a técnica quer
técnica quanto o programa do edifício. Embora sua arquitetura talvez não tenha sido
sua arquitetura não pode ser caracterizada por seu imediatismo. Logo, a ideia de
arquitetura sempre implicou uma consciência do mundo exterior mais além do poder
das imagens. Mas, hoje em dia, a falta de contato com o mundo exterior trás
pela prancheta.
quase perpetuidade que ela detinha no passado e irá desde agora ser caracterizada
como efêmera. Isso explicaria a condição rarefeita dos nossos edifícios, apesar de
impõe uma questão maior: Já não é a arquitetura atual capaz de perdurar como
era no passado? Existe na arquitetura atual uma sensação de que as obras são
edifício, antigamente, era construído para durar para sempre ou, pelo menos, nós
certamente não esperaríamos que ele desaparecesse. Mas, hoje em dia, as coisas
mudaram. Embora resistamos em manter nossa arquitetura dessa forma, ela está
durar tanto quanto costumava. Mas rejeitamos tais ideias, ainda que as situações
Se a arquitetura uma vez contribuiu para a realidade da ficção, a partir daqui eu irei
contribuir com a ficção da ficção. O orgulho da arquitetura era fazer real a ficção,
entre forma, como invenção mental, e forma construída, de tal maneira que a última
se tornava a única realidade existente. O mundo ideal era transformado num mundo
real, porque o que caracterizava a arquitetura era o fato que ela deveria ser
futuro.
Eu não acho que este seja o momento adequado para discutir tais importantes
envolvidos, suas obras, é uma complexa realidade que inclui muitas presenças; por
arquitetônica. O fato que os arquitetos podem tornar-se cientes das várias maneiras
nas quais seu trabalho é limitado, que ele apresenta limites reais, desde a ideologia
edifícios.
sua iniciação como arquitetos, de estar ao lado deles quando se tornarem criadores
de edifícios. Nós estamos vivendo num mundo discontínuo –em tempos de
sociedade na qual eles trabalham. Portanto, uma vez que o arquiteto tenha adquirido
conhecimento crítico que irá permitir a escolha das coordenadas dentro das quais
sua carreira irá desenvolver-se; essas são as coordenadas para as quais seus
atelier de estilos, mas uma que simplesmente oferece o material para se pensar a
trabalhavam no passado.
Agora, por que eu insisto tanto na convicção que edifícios não são nem o
palavras, por que eu insisto na ideia que edifícios não são propriedades
edifício –artefatos que, quiçá a princípio, podem parecer refletir nossas intenções,
história; mas hoje eu tenho certeza que uma vez que a construção é finalizada, uma
vez que o edifício assume sua própria realidade e seu próprio papel, todas aquelas
momento em que os edifícios não precisam de nenhum tipo de proteção, nem dos
polêmicas, sem mais problemas. Ele adquiriu sua definitiva condição e permanecerá
condição própria, vivendo sua própria vida. Portanto, eu não acredito que arquitetura
próprio ser, que se torna a única e exclusiva preocupação. Essa atitude nos
pode deixar sua marca direta na tela ou na pedra; ele é inextricavelmente atado à
sua obra. Isso não acontece na arquitetura. Na nossa disciplina, uma distância
natural nos separa da nossa obra; essa distância deveria sempre ser mantida,
especialmente quando nossos pensamentos começam a ser materializados em
entre nosso trabalho e nós mesmos, com isso, ao final, a obra permanece
sozinha, autoportante, uma vez que ela tenha adquirido sua física consistência.
pensamento suportado por uma realidade que já não nos pertence. O que é mais,
http://www.archdaily.com.br/26794/a-solidao-dos-edificios-parte-1-rafael-moneo/
http://www.archdaily.com.br/33413/a-solidao-dos-edificios-parte-2-rafael-moneo/