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4o PDPETRO, Campinas, SP 4.3.

0301-1
21-24 de Outubro de 2007

TENDÊNCIAS TECNOLÓGICAS E MERCADOLÓGICAS


DOS PRINCIPAIS PRODUTOS
PETROQUÍMICOS BÁSICOS: ETENO E PROPENO

Roberta Alves Pereira1 (UFRJ), Thalita Bezerra Alves (UFRJ), Luciana Ribeiro Furtado (UFRJ),
Adelaide Maria S. Antunes (UFRJ), Luís Guilherme de Sá (Oxiteno)
1
Rua Carlos Palut,510, bl:10,apt:508,Taquara, cep:22710-310
Tel: (21) 9376-3980, robertalves@gmail.com

Resumo: O crescimento econômico atual do Brasil aponta para um aumento considerável na demanda por
poliolefinas, exigindo assim uma elevação na produção de petroquímicos básicos, principalmente eteno e
propeno. Diante deste cenário, surge a necessidade de aumentar consideravelmente as perspectivas de
investimentos nas centrais petroquímicas, nas tecnologias utilizadas pelas refinarias e em fontes alternativas de
matérias-primas, já que a nafta produzida atualmente no território nacional não é suficiente para atender essa
demanda, sendo necessário importar uma parcela considerável. Devido ao custo elevado e a pouca
disponibilidade de matéria-prima petroquímica convencional, não atrativa para investimentos na produção dos
petroquímicos básicos, fazem com que sejam necessários estudos de novas tecnologias e de novas fontes de
matéria - prima. Com isso, o desenvolvimento desses estudos torna viável economicamente e ecologicamente a
obtenção dos produtos petroquímicos básicos: eteno e propeno. Através de projeções de mercado feitas nesse
trabalho, observou-se que ocorrerá um aumento na demanda dos produtos petroquímicos básicos, em especial
eteno e propeno; principais insumos para a produção de resinas termoplásticas como polietileno, polipropileno,
havendo, portanto, necessidade da instalação de novas centrais petroquímicas. Sendo assim, perspectivas de
novos investimentos nas centrais petroquímicas e de alternativas tecnológicas utilizadas pelas refinarias, que só
refinam petróleo leve, estão sendo pesquisados também. Dessa forma, este trabalho tem como objetivo
apresentar alternativas de processos de obtenção de eteno e propeno, assim como mostrar o panorama atual do
mercado e suas perspectivas de crescimento para as matérias –primas nafta e gás natural e para as olefinas leves
eteno e propeno e seus derivados. Esse estudo é de suma importância para o desenvolvimento e crescimento da
indústria petroquímica brasileira.

Palavras- chave: Petróleo, Gás natural, Nafta petroquímica, Tendências tecnológicas, Tendências de mercado.

1. INTRODUÇÃO

O crescimento econômico atual do mundo aponta para um aumento considerável na demanda por
poliolefinas, exigindo assim uma elevação na produção de petroquímicos básicos, principalmente eteno e
propeno. No Brasil, além desse fator, temos também a falta de disponibilidade de matéria-prima a preços
competitivos para a Indústria Petroquímica com a participação crescente de utilização de matéria-prima
importada, criando dificuldades para expansões significativas da capacidade dos pólos existentes.Tem-se ainda
um agravante decorrente das características do petróleo nacional. Devido à sua natureza naftênico-aromática,
geram não só menor rendimento de nafta, como ainda produzem nafta de qualidade inferior. Isto tem levado as
centrais petroquímicas à importação de maior quantidade de nafta. Diante deste cenário, surge a necessidade de
se aumentar consideravelmente às perspectivas de investimentos nas centrais petroquímicas, nas tecnologias
utilizadas pelas refinarias e em fontes alternativas de matérias-primas, já que a nafta produzida atualmente no
território nacional não é suficiente para atender a demanda, sendo necessário importar uma parcela considerável.
Dessa forma, os empreendimentos são direcionados tanto para o gás natural, como para o desenvolvimento de
novas tecnologias tal como produzir petroquímicos básicos a partir de frações pesadas do petróleo. A tabela 1
mostra a comparação entre os óleos nacionais e importados. Magalhães, (2002).

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Tabela 1: Quadro Comparativo de óleos nacionais e importados

Óleo Nacional Importado


Características Marlim Árabe Leve
º API 19,70 33,30
S (%p/p) 0,75 1,63

N (%p/p) 0,45 0,09


Acidez (mg KOH/g) 1,01 0,08
Asfaltenos 2,60 1,10
Ni (ppm) 19,00 3,50
V (ppm) 24 14
Fonte: Adaptado de Magalhães, 2002

Com relação à utilização do petróleo nacional pesado, o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro
(COMPERJ) irá proporcionar vantagens significativas à indústria brasileira: a produção, em larga escala, de
matérias-primas petroquímicas; maior processamento do petróleo nacional, especialmente do Campo de Marlim
e a economia de divisas, estimadas em mais de dois bilhões de dólares anuais. Esse ganho será obtido pela
substituição da exportação de petróleo pesado, de menor valor no mercado, pela exportação de produtos de
maior valor agregado a serem produzidos no Complexo. O petróleo pesado brasileiro – produzido pela Petrobrás
– será utilizado como insumo para gerar produtos petroquímicos, em substituição à nafta que ainda é, em parte,
importada.O gás natural e seus constituintes, por possuir preços mais baixos em comparação à nafta, podem ser
utilizados como combustíveis ou como matéria-prima petroquímica. Nesse último caso, o gás seco é usado
principalmente na produção de amônia e metanol e as outras correntes (etano, GLP e gasolina natural) são
usadas na produção de olefinas, particularmente eteno. Porém, a utilização do gás natural requer a instalação de
novas centrais, uma vez que a ampliação das centrais já existentes torna-se difícil quando considerados o
investimento necessário e a logística envolvida para o transporte. A Rio Polímeros é o primeiro pólo
petroquímico do Brasil a utilizar o gás natural em vez de nafta como matéria-prima essencial. Essa alternativa
exigiu investimentos elevados no projeto e na montagem da planta industrial.
Através de projeções de mercado apresentadas nesse trabalho para o ano de 2010, observa-se que ocorrerá
um aumento na demanda dos produtos petroquímicos básicos, em especial do eteno e propeno; principais
insumos para a produção de polietileno e polipropileno, havendo, portanto, necessidade da instalação de novas
centrais petroquímicas e/ou aumento da produção das já existentes. Com isso, é necessário o desenvolvimento de
estudos para que seja viabilizado a produção desses produtos através da busca de alternativas de matérias-primas
e de novos processos para obtenção de eteno e propeno. De acordo com esses fatos, este trabalho tem como
objetivo apresentar alternativas de processos de obtenção de eteno e propeno assim como mostrar o panorama
atual do mercado e sua projeção.

2. REVISÃO DA LITERATURA

O trabalho aqui descrito tem que como objetivo apresentar alternativas de processos de obtenção de eteno e
propeno, assim como mostrar o panorama atual do mercado e sua projeção. Para que isso fosse possível, várias
pesquisas foram realizadas em diversas fontes, tais como: revistas, anuários, anais em congressos da área,
seminários, conferências, teses de mestrado e doutorado, entre outros. A revista Petro & Química de 2006 (nº
288 e 289) foi utilizada, sendo citada por apresentar certos estudos relevantes dentro da área do presente
trabalho. Além disso, o anuário estatístico de petróleo e gás natural também foi de grande importância. Na
literatura também foram encontrados dados da Abiquim, dos anos de 2005 e 2006 muito importantes para
execução do presente trabalho. As teses de doutorado de Antunes, A.M.S e Magalhães, M.N também foram
ferramentas muito importantes encontradas no estado da arte. Além dessas fontes também foram pesquisadas
bases de dados de patente, tanto manualmente através de buscas manuais no INPI, quanto eletronicamente
utilizando sites do USPTO (www.uspto.gov), Espacenet (www.espacenet.com), Delphion (www.delphion.com)
e INPI (www.inpi.gov.br) . Adicionalmente, também foram acessados o science direct (www.sciencedirect.com)

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e o portal da capes (www.portal.capes.gov. br). Além disso, outros sites referentes ao assunto do presente
trabalho também foram acessados, tais como o site da Lurgi (www.lurgi.com), da ANP (www.anp.gov.br), da
Petrobrás (www.petrobras.com.br), da Gasnet (www.gasnet.com.br), da Com Ciência através do site
(www.comciencia.br) e o site do Centro de Ensino e Pesquisa Aplicada (Cepa), (www.cepa.if.usp.br). Algumas
patentes e pedidos de patentes relacionados ao assunto descrito neste presente trabalho foram encontradas no
estado da técnica, tais como: WO 03033439, WO 0162872, PI 8800087-7, EP 0088494, US 5,714,662, US
6,534,692 e US 6,740,791. Também foram feitas pesquisas na biblioteca central da UFRJ, na biblioteca do IMA
(Instituto de Macromoléculas), na biblioteca da Escola de Química e na biblioteca do Planejamento Energético
na Coppe. Em relação às pesquisas de campo também foram feitas buscas no IBP (Instituto Brasileiro do
Petróleo), na Petrobrás e na ANP (Agência Nacional do Petróleo). Dentre as muitas pesquisas realizadas,
também foram trocados e-mails com alguns professores da própria Universidade Federal do Rio de Janeiro.a

3. METODOLOGIA
Esse trabalho foi dividido em duas partes principais: uma referente às tecnologias tradicionais, emergentes e
patentes relacionadas à produção de eteno e propeno, onde é mostrado as tecnologias emergentes para a
produção de eteno e propeno; os detentores das tecnologias existentes e as patentes relacionadas à produção dos
produtos foco do presente estudo. E uma outra parte do traballho referente ao estudo de mercado, onde é focado
o mercado das principais matérias-primas: nafta e gás natural e dos principais produtos petroquímicos básicos:
eteno e propeno e seus principais derivados, no caso as poliolefinas (polietileno e polipropileno) e resinas
termoplásticas, principalmente politereftalato de etila (PET) e policloreto de vinila (PVC)

3.1 Tecnologias tradicionais, emergentes e patentes relacionadas à produção de eteno e propeno

Este parte do trabalho descreve as principais tecnologias tradicionais e emergentes de produção de eteno e
propeno. Como tecnologias tradicionais, destacam-se os processos de Craqueamento a vapor, conhecido também
como Steam Craking e o processo de Craqueamento Catalítico Fluido, também chamado de FCC. Tecnologias
emergentes que serão abordadas neste trabalho são: FCC Petroquímico, Methanol to olefins (MTO),
acoplamento oxidativo de metano, metátese e Methanol to propylene (MTP).

3.1.1 Tecnologias tradicionais

Atualmente os dois processos tradicionais de produção de eteno e propeno são: o craqueamento a vapor
(Steam Cracker) e o craqueamento catalítico fluido (FCC). O Steam Cracker craqueamento a vapor de
hidorcarbonetos é a principal rota para produção de olefinas leves, especialmente eteno. As cargas de
alimentação para as unidades de craqueamento a vapor são principalmente a nafta petroquímica, gasóleos e
condensados. As reações de craqueamento envolvem a quebra de ligação, e uma substancial quantidade de
energia é necessária para conduzir a reação para produção de olefinas. Um típico craqueador de etano tem
diversos fornos de pirólise idênticos onde o etano é craqueado com vapor como um diluente. A temperatura de
craqueamento está na faixa de 800ºC. O efluente do forno é enviado a um trocador de calor e resfriado por uma
corrente de água, onde o vapor é condensado e reciclado para o forno de pirólise. Depois o gás craqueado é
tratado para remover gases ácidos. O hidrogênio e metano são separados dos produtos de pirólise no
dematanizador. O efluente é então tratado para remover acetileno, e o etileno é separado do etano. A fração de
fundo é separada no deetanizador em etano e C3+. O etano é então reciclado ao forno de pirólise. Uma planta de
olefinas que usa carga líquida, como a nafta, requer um forno adicional de pirólise, um trocador de calor para o
efluente e um fracionador primário para separação do óleo combustível . Chauvel, (1994).
Já em relação ao FCC (Fluid Catalytc Cracking) pode-se dizer que hoje é um processo largamente difundido
em todo o mundo, devido principalmente a dois fatores. O primeiro deles consiste no fato de contribuir
eficazmente com a refinaria no sentido de ajustar sua produção às reais necessidades do mercado consumidor
local devido à sua grande flexibilidade operacional. O segundo fator que tornou consagrado o processo está
ligado ao aspecto econômico. Transformando frações residuais, de baixo valor comercial, em derivados nobres
de alto valor, tais como gasolina, GLP e petroquímicos básicos, eteno e propeno, o craqueamento catalítico
aumenta em muito os lucros da refinaria, devido à sua extraordinária rentabilidade. O processo consiste na
quebra de moléculas pesadas presentes nos gasóleos e resíduos, por ação de um catalisador, à base de alumino-
silicatos, em altas temperaturas. A ruptura das ligações possibilita o aparecimento de moléculas leves,
principalmente compostos de 3 a 12 átomos de carbono (propeno, GLP e gasolina), devido à seletividade do
catalisador usado. As reações provocam também a formação, em menor escala, de gases leves (C1 e C2), gasóleos
leve e pesado, e coque, o qual se deposita na superfície do catalisador. A deposição de coque provoca a
desativação do catalisador, devido à considerável redução da área disponível aos reagentes (hidrocarbonetos).
Com o objetivo de restaurar-se a atividade, o catalisador inativado pelo coque é continuamente retirado do vaso
de reação e enviado a um vaso de regeneração onde, por intermédio de uma injeção de ar e por ação da alta

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temperatura, o coque é queimado, restabelecendo a atividade catalítica. O conjunto reator-regenerador é


denominado conversor. Os gases de craqueamento efluentes do reator são encaminhados à seção de
fracionamento, onde, por intermédio de uma torre de destilação, se obtêm uma separação primária dos cortes
produzidos. Pelo fundo da torre produz-se um óleo pesado bastante denso, denominado Resíduo de
Craqueamento. Esta corrente também é conhecida como óleo decantado ou óleo clarificado. A fracionadora
produz, como corte lateral, um óleo leve de faixa de ebulição semelhante ao diesel conhecido como óleo leve de
reciclo (Light Cycle Oil – LCO) ou diesel de craqueamento. Pelo topo da torre sai uma corrente gasosa composta
de nafta (gasolina) de craqueamento e de hidrocarbonetos mais leves que, uma vez resfriada e condensada
parcialmente, gera no tambor de acúmulo duas correntes. A corrente gasosa é composta de hidrocarbonetos leves
(C1, C2, C3, e C4), enquanto a fração líquida é constituída de nafta instabilizada (grande quantidade de gases leves
dissolvidos). Ambas as correntes são enviadas à seção de recuperação de gases. A finalidade da seção de
recuperação de gases é, através de operações de compressão, absorção, retificação e destilação em várias etapas,
processar as correntes de gases e de nafta instabilizada, e dela separar três frações distintas, o gás Combustível
(C1 e C2), o gás Liquefeito (C3 e C4) e a nafta de craqueamento (C5 e C12). As correntes mencionadas
anteriormente são enviadas em seguida à seção de tratamento onde, por intermédio de produtos químicos, tais
frações têm seus respectivos teores de enxofre consideravelmente reduzidos. Os processos utilizados são:
Tratamento com di-etanol-amina (DEA) para remoção do H2S do Gás Combustível e do Gás Liquefeito, e o
Tratamento Cáustico Regenerativo (Merox), que remove mercaptans do GLP e da nafta de craqueamento
(gasolina). Após essas operações as frações são destinadas à estocagem. Abadie,(2003)

3.1.2. Tecnologias Emergentes

Uma das tecnologias emergentes para produção de olefinas são os processos de FCC Petroquímico, nas
diferentes versões disponibilizadas pelos licenciadores, nada mais são que sucedâneos do processo convencional
de FCC, porém com temperatura de reação e circulação de catalisador muito mais altas. Este par de valores, que
configura uma severidade elevada, leva ao craqueamento das frações pesadas e médias, produzindo compostos
leves da faixa do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP) e/ou do gás combustível, o que, associado ao uso de baixa
pressão e de catalisadores adequados, maximizam o rendimento das olefinas leves. As unidades convencionais
de FCC operam com temperaturas de reação entre 490 e 550°C. O aumento da temperatura de reação leva a um
aumento significativo no rendimento de coque, que dimensiona o regenerador, do gás combustível e do GLP,
que dimensionam o compressor de gás. Já as condições operacionais do FCC Petroquímico são muito mais
severas que as de um FCC convencional. A partir de 550°C, a produção de gás inicia uma ascensão exponencial
e o GLP aumenta substancialmente por craqueamento da gasolina formada. Em aproximadamente 600°C, inicia-
se também o craqueamento do GLP formado e o aumento exponencial da produção de eteno. Portanto, a
maximização de propeno exige temperaturas de reação entre 560 e 590°C, enquanto a maximização de eteno
exige temperaturas de reação ainda mais elevadas, acima de 600°C, Pinho (2005). Em condições normais de
operação, o rendimento de eteno é de aproximadamente 0,8%, enquanto em um FCC Petroquímico voltado para
eteno este valor pode ser 20 vezes maior, já que a partir de 600°C o rendimento de eteno ascende
exponencialmente.
Cada um dos principais licenciadores de FCC no mundo (UOP, KBR e Stone & Webster) possui sua própria
proposta para um FCC petroquímico. Algumas já estão em fase de comercialização, enquanto outras ainda
permanecem em fase piloto ou protótipo. Já em relação ao Brasil, a Petrobrás, através do CENPES, tem buscado
constantemente alternativas tecnológicas que propiciam um aumento da oferta de eteno e propeno,
consequentemente das poliolefinas commodites (polietileno e polipropileno), sendo a principal delas, a produção
a partir do processamento de frações pesadas de petróleo com o uso do coqueamento retardado em conjunto com
craqueamento catalítico fluido (FCC), além de modificações operacionais no próprio FCC que visam à
maximização da produção de olefinas. Diante deste cenário, vem trabalhando no empreendimento do novo
Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (COMPERJ), em parceria com o Grupo Ultra e o BNDES, na
implantação de uma nova refinaria denominada Unidade Petroquímica Básica (UPB), onde serão produzidos
produtos de primeira geração. Além disso, a refinaria que apresenta um custo de 8,4 bilhões de dólares (sendo
5,2 bilhões de dólares na UPB e 3,2 bilhões de dólares nas dowstream) integrará o Complexo e produzirá
insumos petroquímicos visando satisfazer o mercado de termoplásticos a partir de matéria-prima de baixo custo:
petróleo pesado nacional do tipo Marlim. A UPB processará 150.000 bpd de petróleo nacional pesado, produzirá
anualmente 1,3 milhões de toneladas de eteno, 900 mil toneladas de propeno, 360 mil toneladas de benzeno e
700 mil toneladas de paraxileno, além de diesel e coque e será a base para o desenvolvimento de empresas de
produção de segunda geração como o polietileno, polipropileno, estireno e etileno-glicol, que constitui o
COMPERJ, totalizando o investimento em cerca de 8,4 bilhões de dólares. Mainenti et al, (2006).
Uma outra tecnologia emergente, mas ainda pouco difundida é o processo de Methanol to Olefins (MTO),
que é uma tecnologia de conversão do gás natural em olefinas, conhecida como Gas to Olefins (GTO) e está
baseada em um processo de conversão de metanol em olefinas, principalmente eteno e propeno e também o

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buteno, conhecido como Methanol to Olefins (MTO). Como insumo o gás natural é primeiramente convertido
em metanol, através da produção dos gases de síntese. No processo MTO, o metanol é convertido de forma
controlada em uma peneira molecular sintética porosa composta por óxidos de silicone, alumínio e fósforo. Estes
materiais são combinados com outros componentes catalisadores para converter o metanol seletivamente em
olefinas leves. Assim, o processo GTO é uma combinação da produção de gás de síntese, produção de metanol e
conversão do metanol em olefinas. O processo MTO apresenta uma eficiência global de 80 %, com base no
metanol utilizado, e permite uma produção de eteno e propeno em proporções que variam de 0,75:1 a 1,5:1,
modificando as condições do reator. Estas características demonstram um processo de elevado rendimento com
suficiente flexibilidade para atender às oscilações de demanda do mercado. Petrobrás, (2004)
As reações de produção de metanol são exotérmicas e favorecidas a altas pressões. A condição padrão de
operação (para sínteses a baixa pressão) é de 50 a 80 bar e temperatura de 210º a 290ºC (reator de entrada/saída),
até 7% em mole de metanol na saída do reator de 3,5 a 7% são reciclados para composição, e a conversão de
monóxido de carbono para alcançar 90% a 97% depende da qualidade de gás da composição e da velocidade de
reciclo.Como de costume, a formulação do catalisador é de principal importância. Para reduzir reações paralelas,
como por exemplo, metanação, (extremamente exotérmica) e a produção de di-metil éter (DME), etanol, álcoois
pesados e cetonas, a temperatura deve ser cuidadosamente controlada e reduzida pela formulação apropriada do
catalisador. Atualmente existe uma planta piloto de eteno que converte metanol à olefinas na Noruega e está
pronta para comercialização, convertendo metanol em olefinas leves (eteno e propeno). A alimentação é o
metano cru (cerca de 20% de água) e a saída é principalmente eteno, propeno, água e buteno. Os três principais
fornecedores de processos MTO são UOP/Hydro, Lurgi e Exxon Móbil, com algumas variações entre elas. Por
exemplo, o processo de Lurgi produz somente uma olefina a partir do metanol: o propeno, então nomeado
methanol-to-propylene (MTP). O processo Methanol to olefins é conhecido, porém ainda não é empregado em
escala industrial e as reações químicas que ocorrem ainda não são muito bem compreendidas e vem sendo
estudadas até hoje. Em 2006, planejou-se construir uma planta de MTO de escala industrial a ser implantada na
Nigéria pela UOP/Hidro e no Iran o processo MTP. A tecnologia MTO é avaliável e aplicável e atualmente
existem duas plantas comercias de MTO na Noruega, de propriedade da Lurgi/Statoil e da UOP/Hidro. A planta
demonstrativa MTO da UOP/Hydro MTO está processando uma tonelada por dia de metanol de elevada pureza.
Além disso, desenvolvimentos estão sendo planejados como a integração de MTO com uma unidade de
craqueamento de olefina (projetada por uma subsidiária TOTAL SA), conduzindo para melhorar o rendimento.
Certamente, embora as reações de MTO sejam completamente seletivas, subprodutos C4 + (butenos) são
produzidos. Alcançar boa avaliação destes subprodutos pode às vezes ser difícil porque os projetos de MTO
podem ser instalados em posições remotas. Através da integração do craqueamento de olefina dentro de um
complexo MTO, o rendimento total na alimentação ao complexo pode ser extremamente aumentado. O
rendimento da alimentação do metanol que forma às olefinas leves (base de carbono) para um complexo de
MTO é aumentado com o craqueamento de olefinas, podendo chegar a 90%. Selim, (2005)
Em relação ao processo de acoplameno oxidativo de metano, estudos anteriores demonstraram que
catalisadores podem converter metano em mistura de hidrocarbonetos C2+ e óxidos de carbono (COx) com mais
alta velocidade e seletividade após caminhos de temperatura alta. Mais tarde, estudos identificaram diversos
tipos de catalisadores consistindo de promotores básicos de óxidos de metais. Posteriormente, estudos cinéticos
sugeriram que radicais metila são gerados nas superfícies. Isso pode ser observado através da reação 1 abaixo:

CH4 + O(s) [ou O -2 (g)] = CH3- + OH (g) [ou O2H (s)] (1)

Onde,
(s) = sítio da superfície

Após, ocorre a desorção seguida de recombinação na fase gasosa, conforme ilustrado na reação (2) abaixo:.

CH3 + CH 3 + M = C2H6 + M* (2)

Evidências espectroscópicas têm confirmado a presença e a natureza reativa de espécies CH3 em fase
gasosa homogênea e acoplamento oxidativo catalítico de metano. Reações homogêneas de metano são iniciadas
pela dissociação térmica ou pela dissociação associada ao oxigênio, conforme as reações 3 e 4, respectivamente.
CH4 = CH3 + H+ (3)

CH4 + O2 = CH3 + O2H+ (4)

As velocidades são mais altas para C2H6 do que para CH4, por causa da mais baixa energia de dissociação de
suas ligações C-H. A presença de catalisadores favorece o início da reação com maior rapidez, seletividade e
para formação preferencialmente de CO2 ao invés de CO. No acoplamento oxidativo de metano, a seletividade

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de C2 decresce quando aumenta a conversão de CH4, um obstáculo para uso eficiente da conversão química.
Selim, (2005). Esta dificuldade inerente na reação de várias espécies estáveis, tais como metano, é aumentada
por causa dos produtos intermediários, por exemplo, (C2H6, C2H4, e C2H2) e freqüentemente são mais reativos do
que reagentes (CH4) e continua a converter produtos termodinamicamente favoráveis. Este efeito termodinâmico
da energia de ligação C-H dos produtos intermediários é uma dificuldade em processos catalítico, ou
homogêneo. Na cinética química descrita na reação 1, somente espécies COx são verdadeiramente produtos
estáveis que não possuem caminhos de reação avaliáveis. Todas as outras espécies (C2H2, C2H4, C2H6) são
produtos intermediários que podem reagir promovendo mais espécies estáveis de COx, através de caminhos de
reação não significativamente diferentes daqueles usados na ativação do metano e no qual lideram a formação
desses produtos intermediários. O consumo competitivo de produtos C2 a COx conduz ao decréscimo na
seletividade de C2.
Uma outra tecnologia emergente para a produção de propeno é denominada metátese. A metátese de
olefinas foi observada pela primeira vez em 1956 por Eleutério, do Departamento de Petroquímica da DuPont. A
passagem de propeno por um catalisador de molibdênio-alumínio fornecia uma mistura de gases composta por
etileno e 1-buteno. Resultado semelhante foi obtido por pesquisadores da Standard Oil Co. em 1960. Em 1964,
pesquisadores da Phillips Petroleum Company buscavam a produção de gasolina de alta octanagem. A intenção
era produzir iso-octano através da reação entre iso-butano e 2-buteno, catalisada por hexacarbonilmolibdênio
suportado em alumina. Entretanto, esta reação forneceu o 2-penteno e o propeno, em uma reação que recebeu o
nome de "desproporcionação de olefinas". Em 1967, pesquisadores da Goodyear Tire and Rubber Company,
após um estudo sistemático com compostos insaturados, sugeriram o nome de metátese de olefinas para a nova
reação descoberta. No sentido químico, a palavra metátese descreve, por tradução direta do grego "troca de
posição", a troca de ligações covalentes entre dois alcenos (ou olefinas) ou entre um alceno e um alcino. Na
química de olefinas, ela se refere a uma redistribuição do esqueleto carbônico, no qual ligações duplas carbono-
carbono são rearranjadas na presença de um complexo metal-carbeno, representando um método catalítico de
quebra e de formação de ligações múltiplas carbono-carbono. Esta reação é conhecida na petroquímica e na
química dos polímeros há mais de 40 anos, mas só na década de noventa, com o advento de novos e eficientes
catalisadores, desenvolvidos principalmente pelos grupos de pesquisa de Schrock e Grubbs, ela emergiu como
uma potente ferramenta na química orgânica acadêmica. E por último, a tecnologia referente ao processo
Methanol to propylene (MTP), correspondente a transformação de metanol à propeno (MTP). Lurgi está na
posição única para licenciar a tecnologia MTP também combinado com outras tecnologias que são propriedades
de Lurgi tais como MegaSyn e MegaMethanol, economizando gastos para o benefício dos clientes. Isto inclui
uma linha única de responsabilidade para todo o complexo na base LSTK se especificada. A tecnologia Lurgi de
transformação de metanol à propeno (MTP), ilustrado na figura 22, é baseado na combinação eficiente de duas
características principais:
 Sistema de reator em camada fixa selecionado como o mais apropriado sistema de reação de um ponto de
vista tecnológico e econômico a respeito desta tarefa específica;
 Alta seletividade e estabilidade do catalisador de zeólita comercialmente manufaturado.
O metanol é cataliticamente convertido em hidrocarbonetos, predominantemente e. não há nenhum produto
de eteno e a gasolina, o GLP, o gás combustível e a água são subprodutos. A alimentação do metanol na planta
de MTP é convertido primeiramente ao DME e água em um pré-reator de DME. Usando um catalisador
altamente seletivo e ativo, o equilíbrio termodinâmico é alcançado, resultando em uma mistura de
metanol/água/DME em condições operacionais apropriadas. A velocidade de conversão de metanol ao DME
excede a 99%, com propeno sendo o composto essencial. Procedimentos de reação adicionais no reator
“downstream” em condições similares de reação e máximo rendimento de propeno, parâmetros de processo são
controlados por “feedingminor” entre os estágios. A mistura de produto que deixa o sistema de reator está em
uma temperatura fria. Isto consiste em produto gasoso, líquido orgânico e água e que precisam ser separados.
Depois da compressão do produto gasoso, traços de água, CO2 e DME são removidos e o gás é processado com
rendimento com pureza típica de mais que 97%. Diversas olefinas são recicladas para aumentar o rendimento de
propeno. Para evitar a acumulação de materiais inertes no reciclo, uma pequena purga é requerida para olefinas
leves e para cortes C4/C5. A água adicional resultante das conversões do metanol também é removida. Essa água
pode ser processada para se transformar em água potável. A ocorrência da formação de certo ‘bolo” na superfície
do catalisador ativo é uma característica crucial e inerente na conversão catalítica das olefinas, devido às reações
laterais indesejáveis. A causa da formação do “bolo’ tem um impacto decisivo na combinação do sistema
reacional e da seleção catalítica. Embora a operação semi-contínua seja necessária, um ou dois sistemas
reacionais estão operando, enquanto o outro ou um terceiro está na regeneração ou no módulo stand-by. Depois
do ciclo de aproximadamente 500-600 horas de operação, o catalisador é regenerado, através da queima desse
“bolo” formado anteriormente, com a mistura de nitrogênio/ar. A regeneração é realizada em temperatura similar
à própria reação.

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4. PATENTES RELACIONADAS ÀS TECNOLOGIAS ATUAIS E TENDÊNCIAS DOS PROCESSOS


DE PRODUÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS PETROQUÍMICOS BÁSICOS

A pesquisa e o desenvolvimento para a elaboração de novos produtos requerem, na maioria das vezes,
grandes investimentos. A proteção desses produtos por meio de uma patente significa prevenir-se de que
competidores copiem e vendam esse produto a um preço mais baixo, uma vez que eles não foram onerados com
os custos da pesquisa e desenvolvimento do produto. A proteção conferida pela patente é, portanto, um valioso e
imprescindível instrumento para que a invenção e a criação industrializável se torne um investimento rentável. A
patente é um título de propriedade temporária sobre uma invenção ou modelo de utilidade, outorgada pelo
Estado aos inventores ou autores ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras de direitos sobre a criação. Em
contrapartida, o inventor se obriga a revelar detalhadamente todo o conteúdo técnico da matéria protegida pela
patente. Pensando nisso, diversos pesquisadores, estudiosos e donos de empresas começaram a patentear as suas
inovações. Logo, para exemplificar as novas tecnologias dos processos de produção dos principais produtos
petroquímicos básicos têm-se diversos documentos que foram encontrados na literatura patentária, os quais
alguns são citados a seguir:
O pedido internacional de patente WO 03033439 depositado em 11/10/02 de titularidade de Exxonmobil
Chemical Patents Inc ;intitulada “A Method For Producing Olefins From Methanol” descreve um método para
produção de olefinas, a partir do metanol em um reator, em que o metanol líquido é evaporado e introduzido
dentro do reator como metanol gasoso para síntese de olefina
A patente depositada no Brasil em 12/01/98, PI 8800087-7, de titularidade de Mobil Oil Corporation (US);
intitulada “Processo para craqueamento catalítico de fluido” descreve um processo e aparelho para craqueamento
catalítico de fluido (FCC) de uma carga de hidrocarboneto.
A patente depositada na Europa em 25/01/83, EP 0088494, de titularidade de Mobil Oil Corporation;
intitulada “Process for converting methanol into olefins” descreve a conversão de metanol à olefinas através da
passagem de catalisador zeólita, com zonas alternadas de refrigeração
A patente americana US 5573990 depositada em 09/08/94 de titularidade de Dalian Institute of Chemical
Physics; intitulada "Process for the conversion of methanol to light olefins and catalyst for such process”
descreve um catalisador zeólita ZSM-5 modificado com fósforo.Tendências de patenteamento - eteno e propeno
Em relação às tendências de patenteamento, a Exxon Móbil é uma das maiores empresas com patentes
depositadas no mundo inteiro e a cada ano o número de patentes depositadas aumenta cada vez mais. A cada
inovação no processo de produção dos principais produtos petroquímicos básicos, tais como mudança de
catalisador para aumentar o rendimento da reação, mudança em determinados parâmetros da reação faz com que
novas patentes sejam depositadas. Além da Exxon, a UOP também é considerada uma das maiores empresas
depositantes de patentes de produção de olefinas leves em todo mundo. Com isso, a UOP também não fica pra
trás no que se refere às novas tecnologias utilizadas para a produção de olefinas leves e de seus derivados, tais
como o polietileno e o polipropileno. Siquim, (2004)

5. MERCADO: OFERTA E DEMANDA


5.1 Gás natural

Para atender às expectativas de aumento da participação do gás natural na Matriz Energética Brasileira é
crucial garantir o abastecimento do mercado interno. A descoberta tardia de reservas em território nacional fez
do uso de gás natural uma prática bem recente no Brasil. Somente nos últimos 20 anos, a produção e a oferta
interna de gás natural vêm apresentando um crescimento mais significativo, em boa parte, devido à exploração
da Bacia de Campos. No entanto, a natureza das reservas nacionais, em geral associadas às de petróleo, foi
também um empecilho para que o gás fosse mais aproveitado para o consumo final Com vistas a alterar este
quadro histórico desfavorável ao uso do gás natural na matriz energética brasileira, a construção de novos
gasodutos durante os anos 90, em especial o Bolívia-Brasil, representou um marco na expansão da oferta de gás
natural, proporcionando uma integração dos mercados regionais às áreas de produção, tanto nacionais como
internacionais. Adicionalmente, a expansão da rede de abastecimento deve potencializar ainda mais o
aproveitamento da crescente produção nacional e o acesso ao gás importado. A oferta de gás natural, no Brasil,
se dá, em parte pela produção nacional e, em parte, por importações, principalmente da Bolívia. Que
recentemente sofre problemas politicos com o novo governo e vem causando alguns ajustes políticos. A
expansão recente da demanda por gás está relacionada ao aumento de reservas disponíveis e da produção,
sobretudo próximo aos centros consumidores; aos choques internacionais de preços do petróleo, que
viabilizaram economicamente a substituição deste energético por outros alternativos; ao progresso técnico, que
aumentou a eficiência da geração elétrica de usinas baseadas no consumo de gás natural; e até os fatores

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ambientais, devido à crescente pressão de governos e consumidores para o uso de energias mais “limpas”
Análise de mercado da nafta

5.2 Nafta

O consumo das três centrais petroquímicas (PQU, Braskem e Copesul) gira em torno de 10 milhões de
toneladas anuais, com 30 % dessa quantidade sendo suprida por importações. A nafta também é a principal
matéria-prima em três regiões produtoras da Ásia, Europa e América Latina. Ao longo dos últimos anos, as
refinarias aumentaram muito o volume de petróleo processado e o mercado, da nafta, por exemplo, tem
apresentado uma demanda crescente, a diferentes taxas, e atualmente, a produção doméstica desse derivado não
é capaz de suprir toda a necessidade do mercado, gerando uma balança deficitária desse produto. Para atender a
esse crescimento, a demanda por nafta petroquímica deverá atingir cerca de 9,3 milhões de toneladas e com isso
o déficit na oferta interna de nafta em 2015, estimado em 3,4 milhões de toneladas, deverá ser suprido com o
aumento de importações e diversificação de fontes de matérias-primas, como por exemplo, o gás natural A
oferta de nafta, por sua vez, não deverá sofrer grandes mudanças até 2015. Petro&Química, (2006)

5.3 Eteno e polietileno

O eteno é o principal insumo para os polietilenos e outros produtos de segunda geração como as resinas
termoplásticas e ele é obtido pelo processamento da nafta ou correntes de refinaria nas centrais petroquímicas.
Considerando que a demanda de eteno cresça a uma taxa de aproximadamente 10,2 % a.a para um cenário
otimista de crescimento do PIB, e de 7,4% para um cenário conservador, uma projeção da demanda e oferta
desta olefina pode ser realizada, conforme mostra a figura 1 a seguir:

Figura 1: Oferta e demanda de eteno entre os anos de 2010 e 2015


Fonte: Adptado de Petro&Química, (2006)

Observa-se que a oferta de eteno permanecerá constante ao longo dos anos, ao contrário da demanda de
eteno que tende a crescer, logo esse cenário mostra que haverá um défict na balança comercial desse produto. O
cenário para os polietilenos também é promissor, pois o consumo aparente para os polietilenos de alta e de baixa
densidade tende aumentar até 2014.

5.4 Propeno e polipropileno

O mercado de propeno no Brasil, assim como no resto do mundo, é comandado pela forte demanda por
polipropileno. Com maior parque petroquímico da América Latina, o mercado brasileiro prevê o crescimento da
demanda de polipropileno (PP) a uma taxa de crescimento de aproximadamente 6,3% a.a considerando um
cenário otimista de crescimento do PIB, e de 4,6% considerando um cenário conservador. Esse crescimento dos
últimos anos é devido ao fato do polipropileno ser uma resina que apresenta grande versatilidade para inúmeras
aplicações, além da eficiência da planta de produção. A demanda do propeno de 4,3 milhões de toneladas será
atendida, provavelmente, pela utilização de quantidades maiores de matérias-primas proveniente das refinarias.
A figura 2 mostra a oferta e a demanda de propeno de 2010 a 2015, nesse gráfico observa-se que a demanda de
propeno está crescendo, mas a oferta continua constante, com isso há um déficit na balança comercial tendo que
se buscar novas fontes, assim como na projeção de mercado do eteno

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Figura 2: Oferta e demanda de eteno entre os anos de 2010 e 2015


Fonte: Adpatado de Petro&Química, (2006)

5.5 Resinas termoplásticas

O desenvolvimento mundial e do Brasil tem refletido muito diretamente no consumo de resinas


termoplásticas. A taxa de consumo de plásticos no Brasil, em torno de 20 Kg/habitante, está longe dos 100 kg
consumidos nos EUA e dos 60 Kg registrados na França; e perde até para países com economias menores, como
a Argentina, que é de 30 Kg consumidos por habitante. Neste contexto, muitos na indústria petroquímica
enxergam com otimismo o potencial do país. Ainda que não atinja padrões de primeiro mundo, a economia
brasileira exigirá alguma resposta do setor nos próximos anos. A demanda por produtos petroquímicos apresenta
forte correlação com crescimento ou estagnação da economia, representado usualmente pelo PIB. Dessa forma,
as projeções de demanda de resinas termoplasticas são, em grande parte, realizadas tendo por base a expectativa
de crescimento do PIB local. Existem diversos estudos em relação ao comportamento de consumo das resinas
termoplásticas fabricadas no país e as estimativas são de que o consumo aparente de PVC, assim como de PET
aumentará em milhões de toneladas nos próximos anos, Moreira et al (2006).

6. CONCLUSÃO

O uso de qualquer uma das matérias-primas mencionadas exigirá que novas unidades (ou as atuais) sejam
projetadas ou adaptadas para o processamento delas. Tendo em conta o preço de oportunidade dessas matérias-
primas, o ideal seria a construção de instalações flexíveis capazes de aproveitar as flutuações do mercado. Sendo
assim, para atender as necessidades futuras de produção de olefinas, o parque petroquímico brasileiro deverá
caminhar para a diversificação de suas fontes de matérias-primas, podendo-se prever que as naftas e os
condensados de gás natural deverão ser as principais fontes a serem utilizadas. Em suma, com este estudo pôde-
se perceber a necessidade de investimentos em fontes alternativas de matérias-primas e da implantação de
tecnologias emergentes, de forma a agregar valor à indústria petroquímica atendendo as necessidades da
demanda de eteno e propeno do nosso país. Além disso, vale ressaltar a importância da contínua parceria dos
Centros de Pesquisa e Universidades na busca incessante de novas descobertas e melhorias do nosso cenário
econômico e tecnológico de nosso país.

6 REFERÊNCIAS

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CHAUVEL,A.;LEFEBVRE,G;CASTEX,L.; Petrochemical process Techinical economic and characteristics-
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GOMES, G.; Petroquímica: um setor de capital intensivo. Seminário petroquímica: desafios e oportunidades,
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MAGALHÃES, M.N., Proposição de análise comparativa no parque de refino brasileiro. Tese de Mestrado.
Escola de Química/UFRJ, Rio de Janeiro, 2002
MAINENTI, M.R.M.; PINHO, A.R., KARAM,J.E.C.; RAMOS,J.G.F.; DUBOIS,A.M.; Panorama da
Integração-Refino-Petroquímica na Petrobrás. Apresentação Rio Oil & Gás Expo and Conference

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setembro 2006
MOREIRA, F. S., SEIDL, P. R., GUIMARAES, J. O. C.; Fontes de matérias-primas e tecnologia de
conversões de frações pesadas para obtenção de petroquímicos. Petro & Química, Edição 288, p. 126 –
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PETROBRÁS, Plano estratégico Petrobrás 2015. Disponível em http://www.petrobras.com.br, (2004)
capturado em 17/01/2007
PINHO, A. R. E RAMOS, J. G. F., Avanços do FCC petroquímico. In: 6º Encontro Sul-americano de
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PETRO & QUÍMICA. Nafta representa 49% da produção de eteno mundial. Edição 289, p.20, São Paulo,
outubro, 2006.
SELIM;N.; TILLMAN;A.M.; Evaluating synthesis gas based biomass to plastics (BTP) technologies.
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university of tecnology, SE- 412 96 GOTEBÖRG. Sweden, 2005.
SIQUIM, F. S., The challenge of improved oil recovery in Brazilian onshore and offsohre fields. Brazil-
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TAVARES, M. E. E., Análise de refino no Brasil: estado e perspectivas – Uma análise “cross- section”. Tese
de doutorado. Programa de Planejmaneto Energético/COPPE/UFRJ. Março, 2005

PAPER TITLE

The current economic growth of Brazil points to a considerable increase in the demand for polyolefines,
thus demanding an increase in the production of basic petrochemicals, mainly ethene and propene. In view of
this situation, there is need to considerably increase the perspectives of investments in petrochemical plants, in
technologies used by refineries and in alternative sources of raw material, since the nafta currently produced in
Brazil is not enough supply this demand, being necessary import a considerable amount. Due to high costs and
short availability of conventional petrochemical raw material, unattractive for investments in the production of
basic petrochemical, efforts directed to development of new technologies and new sources of raw material are
needed. In this way, the development of such studies enables economically and ecologically the production of
basic petrochemical products: ethene and propene. Through market projections presented in this work, it was
observed that an increase in the demand of basic petrochemical products will take place, especially regarding
ethene and propene, main raw materials for production of polyethylene, polypropylene and thermoplastic resins,
having, therefore, the need of installation of new petrochemical plants. Therefore, perspectives of new
investments in petrochemical plants and alternatives technologies used by light oil refineries are being also
studied. This work has as objective to present alternative production processes of ethene and propene, as well as
to show the current market scenario its growth perspectives for nafta and natural gas and for light olefins such as
ethene and propene and its derivatives. This study is extremely important for the development and growth of
Brazilian petrochemical industry.

Keywords: Petroleum, Natural Gas, Petrochemical Naptha, Technological Trends, Market Trends.

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