Você está na página 1de 14

Geografia

Economia Brasileira

Professor Luciano Teixeira

www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia

ECONOMIA BRASILEIRA 6528

Introdução

Embora esteja passando por um momento de crise, provocada principalmente por problemas
políticos, o Brasil ainda apresenta uma economia forte e sólida. O país é um grande produtor e
exportador de mercadorias de diversos tipos, principalmente commodities minerais, agrícolas
e manufaturados. As áreas de agricultura, indústria e serviços são bem desenvolvidas e
encontram-se, atualmente, em bom momento de expansão. Considerado um país emergente,
o Brasil ocupa o 7º lugar no ranking das maiores economias do mundo (em volume de PIB de
2014). O Brasil possui uma economia aberta e inserida no processo de globalização.
Informações, índices e dados da economia brasileira
PIB de 2014 (Produto Interno Bruto): R$ 5,52 trilhões ou US$ 1,73 trilhão* taxa de câmbio
usada US$ 1,00 = R$ 3,19 (em 27/03/2015)
Renda per capita de 2014 (PIB per capita): R$ 27.230 ou US$ 8.536 * taxa de câmbio usada US$
1,00 = R$ 3,19 (em 27/03/2015)
Coeficiente de Gini: 0,495 (2013) alto
Evolução do PIB nos últimos anos: 1,3% (2001); 3,1% (2002); 1,2% (2003); 5,7% (2004); 3,1%
(2005); 4% (2006); 6% (2007); 5% (2008); - 0,2% (2009); 7,6% (2010); 3,9% (2011); 1% (2012);
2,5% (2013); 0,1% (2014).
Desempenho do PIB no ano de 2015 (de janeiro a setembro): -3,2%
Taxa de investimentos: 17,7% do PIB (1º trimestre de 2014)
Taxa de poupança: 12,7% do PIB (1º trimestre de 2014)
Força de trabalho: 107,4 milhões (estimativa janeiro de 2014)
Inflação: 6,41% (IPCA de 2014) | 1,01% (IPCA de novembro de 2015) | 9,62% (acumulado de
janeiro a novembro de 2015).
Taxa de desemprego: 7,5% da população economicamente ativa (novembro de 2015) e 4,8%
(taxa média anual de 2014).
Taxa básica de Juros do Banco Central (Selic): 14,25% ao ano (referência: 26 de novembro de
2015).

www.acasadoconcurseiro.com.br 3
Salário Mínimo Nacional: R$ 724,00 (a partir de 1º de janeiro de 2014).
Dívida externa: US$ 318 bilhões (US$ 83 bilhões do setor público e US$ 235 bilhões do setor
privado) - dados relativos a março de 2013.
Dívida pública (porcentagem do PIB): 65,21% (em 2014)
Déficit público: US$ 146,5 bilhões (em 2014)
Produção industrial: -3,2% em 2014 (IBGE)
Comércio exterior:
Exportações: US$ 225,1 bilhões (2014) - queda de 6,2% em relação ao ano anterior.
Importações: US$ 229 bilhões (2014) - queda de 3% em relação ao ano anterior.
Saldo da balança comercial (2014): Déficit de US$ 3,930 bilhões - Queda em relação ao ano de
2013: 155%
Países dos quais o Brasil mais importou (2014): Estados Unidos, China, Argentina e Alemanha
Países para os quais o Brasil mais exportou (2014): China, Estados Unidos, Argentina, Holanda
e Japão
Principais produtos exportados pelo Brasil (2014): minério de ferro, ferro fundido e aço; óleos
brutos de petróleo; soja e derivados; automóveis; açúcar de cana; aviões; carne bovina; café e
carne de frango.
Principais produtos importados pelo Brasil (2014): petróleo bruto; circuitos eletrônicos;
transmissores/receptores; peças para veículos, medicamentos; automóveis, óleos combustíveis;
gás natural, equipamentos elétricos e motores para aviação.
Organizações comerciais que o Brasil pertence: Mercosul, Unasul e Organização Mundial de
Comércio (OMC)
Tipos de energia consumida no Brasil (dados de 2014):
•• Petróleo e derivados: 37,6%
•• Hidráulica: 14,4%
•• Gás natural: 10,1%
•• Carvão Mineral: 5%
•• Biomassa: 21,3%
•• Lenha: 9,5%
•• Nuclear: 1,4%
•• Eólica: 0,6%
Principais produtos agrícolas produzidos: café, laranja, cana-de-açúcar (produção de açúcar e
álcool), soja, tabaco, milho, mate.
Principais produtos da pecuária: carne bovina, carne de frango, carne suína
Principais minérios produzidos: ferro, alumínio, manganês, magnesita e estanho.

4 www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Economia Brasileira – Prof. Luciano Teixeira

Principais setores de serviços: telecomunicações, transporte rodoviário, técnico-profissionais


prestados a empresas, transporte de cargas, limpeza predial e domiciliar, informática,
transportes aéreos e alimentação.
Principais setores industriais: alimentos e bebidas, produtos químicos, veículos, combustíveis,
produtos metalúrgicos básicos, máquinas e equipamentos, produtos de plástico e borracha,
eletrônicos e produtos de papel e celulose.

Agricultura

Questões agrárias
Desde suas origens, o Brasil possui uma grande concentração de terras, primeiro no sistema
conhecido por sesmarias, que vigeu até 1822 e que deu origem aos atuais latifúndios. Em 1850
(mesmo ano da lei que proibia o tráfico negreiro), foi promulgada a Lei de Terras, que manteve
o sistema de concentração da terra em latifúndios e que permaneceu até 1964, quando a
ditadura preparou o Estatuto da Terra. O custo elevado da produção agrícola na Colônia e no
Império contribuiu para a formação de latifúndios e no país nunca houve uma grande reforma
agrária, que somente passou a integrar a política oficial e legal do país após a Constituição de
1988. Dos cerca de 31 milhões de brasileiros que vivem na faixa de pobreza, mais da metade
está na zona rural. Nos últimos 25 anos do século XX, cerca de 30 milhões de moradores do
campo abandonaram ou perderam suas terras, criando um déficit de cerca de 4,8 milhões de
famílias sem-terra. Nesse tempo, a grande maioria dos recursos de financiamento foi dirigido
para as oligarquias e os grandes proprietários, atendendo ao modelo de exploração intensiva
das propriedades, formação de grandes monoculturas e áreas de pastagens, que, com o
esgotamento da chamada revolução verde, acabou por revelar uma série de problemas, como
o uso excessivo de agrotóxicos, irrigação e desmatamento descontrolados, agressão à cultura
nativa, entre outros.
Com a redemocratização, o país teve, entre 1985 e 1988, quase 9 mil conflitos sociais no meio
rural, com o assassinato de 1.167 pessoas por questões agrárias. Nesse período, teve início
um confronto que gerou, de um lado, os sindicatos, movimentos sociais e a Igreja Católica (no
país orientada pela chamada “opção preferencial pelos pobres”, com as comissões pastorais)
e, do outro, os grandes proprietários, reunidos na União Democrática Ruralista (UDR), cujo
representante maior era Ronaldo Caiado. A mais famosa vítima desses conflitos foi o sindicalista
Chico Mendes, no Acre, em 1988.
Integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), principal grupo
representante dos trabalhadores sem-terra, durante o encerramento do 5º Congresso do MST
em Brasília, em 2007.
Os conflitos atingiram seu ápice em 1996 com o chamado Massacre de Eldorado dos Carajás,
no Pará, quando o então governador Almir Gabriel ordenou a desocupação de uma estrada
ocupado por sem-terra. A chacina daí decorrente – 19 mortos e 51 feridos – expôs ainda mais o
problema agrário no país e o desrespeito aos direitos humanos vivido.

www.acasadoconcurseiro.com.br 5
Infraestrutura agrícola
Entre os principais itens infraestruturais que demandam atenção pela atividade agrícola, estão
o transporte, os estoques reguladores, a armazenagem, a política de preço mínimo e a defesa
fitossanitária.

Escoamento da produção
O transporte das safras é um dos problemas estruturais enfrentados pela agricultura no Brasil.
Pedro Calmon registrava que, desde o Império, “o escoamento das safras é difícil” e indicava
que “os velhos projetos de estradas de ferro ou caminhos carroçáveis, ligando o litoral às mon-
tanhas centrais (…) a que resistem os estadistas forrados de ceticismo, que repetem Thiers,
quando, em 1841, achava que as vias férreas não convinham à França”. No Brasil, não existe
uma política de armazenamento da safra nas propriedades. A maioria do transporte é feito em
rodovias, a grande parte em más condições de tráfego, por caminhões. O custo do transporte,
que, em geral, recai sobre o produtor, é elevado e não obedece aos princípios de logística.
Na safra 2008/2009, por exemplo, a Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) de-
nunciava o estado precário das estradas da região Centro-Oeste, algumas com problemas des-
de 2005 e, a despeito de solicitações às entidades governamentais, nada havia sido feito.
A despeito disto, o Governo Federal elaborou, em 2006, um Plano Nacional de Logística e Trans-
portes, destinado a proporcionar um melhor escoamento da produção. A falta de investimen-
tos no setor, entretanto, continua a ser o principal problema na logística de escoamento.

Estoques reguladores e preço mínimo


Um bom exemplo da necessidade da formação de estoques reguladores está na produção de
álcool combustível a partir da cana-de-açúcar. A grande variação de preços ao longo do ano-
safra, que variam por razões climáticas e fitossanitárias, justificam a formação de estoques.
Os estoques também visam assegurar estabilidade aos rendimentos dos agricultores, além de impedir
a flutuação de preços entressafras. Até a década de 1980, havia no país a implantação da chamada
Política de Garantia de Preços Mínimos, que perdeu importância na política agrícola a partir dos anos
1990, com a globalização. O principal efeito é a instabilidade de preços dos produtos agrícolas.
A composição de estoques, no plano nacional, compete à Companhia Nacional de Abasteci-
mento (Conab).

Armazenagem
A armazenagem agrícola é uma das etapas da produção da agricultura do país que apresentam
necessidades de investimento e ampliação, a fim de acompanhar o desenvolvimento do setor.
Dentre as ações logísticas da produção, a capacidade de armazenagem brasileira, em 2003, era
de 75% da produção de grãos, quando o ideal é que seja 20% superior à safra.
A produção, por falta de armazéns e silos, precisa ser comercializada rapidamente. Segundo
dados da Conab, apenas 11% dos armazéns estão nas fazendas (enquanto, na Argentina, esse

6 www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Economia Brasileira – Prof. Luciano Teixeira

total é de 40%; na União Europeia, de 50%; no Canadá, chega a 80%). Isso força o agricultor a
servir-se dos serviços de terceiros, para estocar sua produção. Fatores sazonais, como a quebra
de safras e defasagem cambial descapitalizam o produtor, o qual não consegue investir na
construção de silos. Com os silos, pode negociar sua produção em condições mais favoráveis,
e não apenas quando da colheita. A situação brasileira permite dizer que os caminhões se
transformam em “silos sobre rodas”.

Agrotóxicos no Brasil
Existem 4 mil tipos de agrotóxicos, que resultam em cerca de 15 mil formulações distintas, dos
quais 8 mil estão licenciadas no Brasil. São produtos como inseticidas, fungicidas, herbicidas,
vermífugos e ainda solventes e produtos para higienização de instalações rurais, entre outros.
Seu uso indiscriminado provoca o acúmulo dessas substâncias no solo, na água (mananciais,
lençol freático, reservatórios) e no ar – e são largamente utilizados para manter as lavouras
livres de pragas, doenças, espécies invasoras, tornando assim a produção mais rentável.
O Brasil apresenta uma taxa de 3,2 kg de agrotóxicos por hectare – ocupando a 10ª posição
mundial, para alguns estudos, e a 5ª, em outros. O Estado de São Paulo é o maior consumidor
no país, sendo também o maior produtor (com cerca de 80% da produção nacional). Para o
controle dos efeitos danosos ao meio ambiente do uso dessas substâncias, é necessária a
educação do agricultor, a prática do plantio direto, e ainda o esforço de órgãos tecnológicos
como a Embrapa, com o desenvolvimento de espécies mais resistentes, de técnicas que
minimizem a dependência aos produtos, do controle biológico de pragas, entre outros.

Transgênicos no Brasil
O país ocupa a terceira posição mundial no uso de sementes transgênicas. As principais culturas
que usam dessa biotecnologia são a soja, o algodão e, desde 2008, o milho.
Diversas ONGs nacionais ou internacionais brasileiras, como o Greenpeace, o MST ou a Contag,
manifestaram-se contrárias ao cultivo de plantas geneticamente modificadas no país, expondo
argumentos como a desvalorização destes no mercado, a possibilidade de impacto ambiental negativo,
a dominação econômica pelos grandes empresários, entre outros. Entidades ligadas ao agronegócio,
entretanto, apresentam resultados de estudos efetuados pela Associação Brasileira de Sementes
e Mudas (Abrasem), nos anos de 2007 e 2008, tendo como resultado “vantagens socioambientais
observadas nos demais países que adotaram a biotecnologia agrícola há mais tempo”.
No país a Justiça Federal decidiu que alimentos que contenham mais de 1% de transgênicos em
sua composição devem, nos seus rótulos, expor a informação em destaque, a fim de informar
o consumidor.

Evolução do agronegócio brasileiro


Durante as duas décadas finais do século XX, o Brasil assistiu a uma brutal evolução na sua
produção agrícola: em uma área praticamente igual à do início dos anos 80, a produção
praticamente dobrou no final do século.

www.acasadoconcurseiro.com.br 7
Em 2010, a OMS aponta o país como o 3º maior exportador agrícola do mundo, atrás apenas
dos Estados Unidos e da União Europeia.
Vários fatores levaram a este resultado, tais como a melhoria dos insumos utilizados (sementes, adu-
bos, máquinas), as políticas públicas de incentivo à exportação, a diminuição da carga tributária (como,
por exemplo, a redução do imposto de circulação, em 1996), a taxa de câmbio real que permitiu esta-
bilidade de preços (a partir de 1999), o aumento da demanda dos países asiáticos, o crescimento da
produtividade das lavouras e outros componentes, como a intercessão governamental junto à OMC
para derrubar barreiras comerciais existentes contra produtos brasileiros em países importadores.
Essa evolução do setor permitiu que a agricultura passasse a representar quase um terço do
PIB nacional. Essa avaliação leva em conta não somente a produção campesina em si mesma,
mas de toda a cadeia econômica envolvida: desde a indústria produtora dos insumos até aque-
la envolvida no seu beneficiamento final, transporte, etc.
Enquanto a agricultura propriamente dita apresentou, no período de 1990 a 2001, uma queda
na oferta de empregos, o setor do agronegócio praticamente triplicou a oferta de empregos (que
saltou de 372 mil para um 1,082 milhão , no interregno). O número de empresas era, em 1994,
de 18 mil, e em 2001 saltou para quase 47 mil. Já a relação emprego/produtividade na agricultura
apresentou um crescimento expressivo, oposto à diminuição do número de trabalhadores.

Perspectivas e limitações
O setor agrícola brasileiro possui possibilidades de ampliar a produção existente. Para tanto,
há que se considerar as áreas em que pode haver expansão da fronteira agrícola, bem como
o incremento daquelas subexploradas. Fatores que limitam essa expansão vão desde o
surgimento de pragas em virtude das monoculturas, problemas infraestruturais (vide a seção
sobre o transporte), problemas ambientais gerados por práticas como o desmatamento, etc.

Balança comercial agrícola


Dentre os produtos do agronegócio a soja é o líder. No período compreendido entre agosto de
2007 e julho de 2008, as exportações agrícolas renderam ao país 68,1 bilhão de dólares, que
fizeram o setor apresentar um superávit (diferença entre o valor importado e o exportado) de
57,3 milhões de dólares, no período.

Mercados externos
No ano de 2008, o maior mercado consumidor dos produtos agrícolas brasileiros foi a União
Europeia. A China, entretanto, foi o país que, individualmente, teve maior participação como
importador, com um montante de 13,2% no total, seguido pelos Países Baixos (com 9,5%) e
pelos Estados Unidos da América (8,7%).

Agronegócio por regiões


As regiões do Brasil possuem ampla diversidade climática e, portanto, apresentam vocação
agrícola e industrial com problemáticas bastante diferenciadas, trazendo, assim, participações
bem distintas no agronegócio.

8 www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Economia Brasileira – Prof. Luciano Teixeira

No ano de 1995, as regiões brasileiras participavam, percentualmente, da seguinte forma no


total do volume do setor: Norte – 4,2%; Nordeste – 13,6%; Centro-Oeste – 10,4%; Sudeste –
41,8%; e Sul – 30,0%, dados esses que revelam a concentração nessas duas últimas regiões de
mais de 70% de todo o montante do agronegócio brasileiro. Esse quadro vem se alterando, com
a pequena e gradual ampliação das regiões Centro-Oeste e Norte.

Região Sul
Nos estados do Sul brasileiro (Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná), houve considerável
participação das cooperativismo . Os produtos de maior representatividade no PIB agrícola do
país são a avicultura e o arroz irrigado, que lidera, e os de posições estáveis são o milho e o fei-
jão – havendo perdido as posições que ocupavam no ranking nacional em produtos como soja,
trigo, cebola, batata e outros. Essa região é, ainda, a maior produtora de tabaco no país que,
por sua vez, é o maior exportador mundial.
A vocação agrícola no Sul, incrementada a partir da década de 1930, coincidiu com a integração
com os setores industriais da região. Enquanto nos demais estados as indústrias tenderam, na
atualidade, à importação dos insumos, Santa Catarina mantém um elevado grau de interdepen-
dência do setor industrial com o agrícola.
No Rio Grande do Sul, sobretudo, é importante a participação do chamado agronegócio familiar,
derivado sobretudo do modelo de colonização ali verificado, com expressiva representatividade
no PIB agrícola daquele estado. Outro fator importante é que esse modelo proporciona um eleva-
do grau de fixação do homem no campo, bem como a interação entre os pequenos produtores.
No ano de 2004, a região respondia com 14,4% da produção frutícola, ocupando o terceiro lu-
gar do país.

Região Sudeste
Em 1995, o Sudeste (composto pelos estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e
Espírito Santo), era responsável pela maior participação no montante do agronegócio do país,
mas em tendência de queda face à expansão das fronteiras agrícolas e à instalação de indústrias
noutras regiões.
O Sudeste é o maior produtor nacional de frutas, com 49,8% do total nacional, em dados de
2004. A região concentra 60% das empresas de software voltadas para o agronegócio, segun-
do levantamento efetuado pela Embrapa Informática Agropecuária (situada em Campinas/SP).
Quanto à exportação, o setor do agronegócio ocupava a segunda posição nacional, no período
de 2000 a maio de 2008, ficando atrás da Região Sul; o Sudeste representou 36% do montan-
te exportado de 308 bilhões de dólares – os produtos que mais se destacaram no comércio
exterior na região foram o açúcar (17,27%), café (16,25%), papel e celulose (14,89%), carnes
(11,71%) e hortifrutícolas (com destaque para o suco de laranja) com 10,27%.

Região Nordeste
No Nordeste brasileiro, região formada por nove estados (Bahia, Sergipe, Pernambuco, Alagoas,
Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará, Piauí e Maranhão), 82,9 % da mão de obra do campo
equivale à agricultura familiar.

www.acasadoconcurseiro.com.br 9
A região é a maior produtora nacional de banana, respondendo pelo montante de 34% do
total. Lidera, ainda, a produção da mandioca, com 34,7% do total. É a segunda maior produtora
de arroz, com uma safra estimada para 2008 de um 1,114 milhão de toneladas, em que o
Maranhão tem majoritária participação (com 668 mil toneladas). Também ocupa a segunda
posição na produção frutícola, com 27% da produção nacional.
Um dos grandes problemas da região são as estiagens prolongadas, mais fortes nos anos em
que ocorre o fenômeno climático do El Niño. Isso provoca o êxodo rural e a perda de produção,
minimizados seus efeitos por meio de ações governamentais de emergência, através da construção
de açudes e outras obras paliativas, como a transposição do Rio São Francisco. As piores secas dos
últimos anos foram as de 1993, 1998 e 1999, a primeira considerada a pior em 50 anos.

Região Norte
A região Norte (composta pelos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima
e Tocantins) tem como principal característica a presença do bioma amazônico, em que a
floresta tropical é marcante (e, por sua presença em parte do estado do Maranhão, este é
incluído nas ações de governo nesta região). O grande desafio da região é aliar a rentabilidade e
produtividade com a preservação da floresta.
A região já foi responsável, por um breve período, pela produção do mais importante produto
de exportação brasileiro, no final do século XIX e começo do XX, durante o chamado Ciclo da
Borracha, em que o extrativismo da seringueira gerou o avanço das fronteiras nacionais (conquista
do Acre), até o contrabando da árvore pela Inglaterra e sua aclimatação em países asiáticos.
É a segunda maior produtora nacional de banana, respondendo por 26% do total. Também é a
segunda na produção de mandioca (com 25,9% do total), ficando atrás somente do Nordeste.
Na produção de frutas, ocupa a penúltima posição, responde por 6,1% da produção nacional, à
frente apenas da região Centro-Oeste.

Região Centro-Oeste
Há cerca de 30 anos, a região era quase desconhecida em seu potencial econômico. O principal
bioma é o cerrado, cuja exploração foi possível graças às pesquisas para adaptação de novos
cultivares de vegetais como o algodão, girassol, cevada, trigo, etc. – permitindo que, em 2004,
viesse a ser a responsável pela produção de 46% da soja, milho, arroz e feijão produzidos no país.
Essa é a região onde a fronteira agrícola brasileira teve maior expansão. Nas três últimas
décadas do século XX, sua agricultura teve um crescimento de cerca de 1,5 milhão de toneladas
de grãos por safra, saltando de uma produção de 4,2 milhões para 49,3 milhões de toneladas,
em 2008 – um crescimento superior a 1.100%.
A área cultivada na região, que compreende os estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Goiás e o Distrito Federal, em 2008, era de 15,1 milhões de hectares, tendo avançado nos
primeiros anos do século XXI, sobretudo sobre áreas anteriormente dedicadas à pecuária. Entre
os principais fatores que levaram a esse crescimento, encontra-se a abertura de estradas, que
facilitou o escoamento da produção.
Na fruticultura, a participação da região, em dados de 2004, aponta o último lugar no país, com
2,7% do total produzido.

10 www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Economia Brasileira – Prof. Luciano Teixeira

Principais produtos
Dada a sua grande variedade climática e extensão territorial, o país possui variadas áreas
especializadas em determinados cultivos – por vezes dentro de um mesmo estado da federação,
como, por exemplo, na Bahia, em que se tem o cultivo de soja e algodão, na sua região oeste,
de cacau, no sul, frutas, no Médio São Francisco, feijão em Irecê, etc. O arroz é um produto
agrícola encontrado em áreas distintas no território nacional, que é plantado no Rio Grande do
Sul, no sul do Maranhão e Piauí, em Sergipe e nas regiões Norte e Centro-Oeste.
Alguns produtos, como trigo, arroz e feijão, não têm produção suficiente para atender à de-
manda interna; outros, como a soja, são quase que exclusivamente produzidos para exporta-
ção (a soja é o principal produto exportado pelo agronegócio brasileiro).

Indústrias

Industrialização Brasileira (Processo de Substituição de Importações)

Presidente Setores Prioritários Características


•• CSN
•• Indústria de Base
Getúlio Vargas •• CVRD
•• “Capital Nacional”
•• Petrobrás

•• Energia •• Prioridade ao Sistema


Juscelino Kubitschek •• Infraestrutura de Rodoviário
Transportes •• ABCD Paulista

•• Energia
•• Infraestrutura de
Transportes
Militares •• Obras Faraônicas
•• Bens de Consumo
(Tentativa de
Espacialização)

Década de 1930 e 1960: solidificação nacional


Até a metade do século XX, o Brasil dependeu exclusivamente da economia agrícola. Até então, as
organizações das atividades econômicas eram dispersas e as economias regionais se estruturavam
praticamente de forma totalmente autônoma. Os inícios da industrialização tratados na seção
anterior e a crise do café em cerca de 1929 foram fatores importantes para que o Governo Federal
passasse a promover a integração dos “arquipélagos naturais”. A estrutura da indústria no Brasil
cresceu e solidificou-se consideravelmente a partir da década de 1930. O governo de Getúlio
Vargas (1882 – morto em 1954) encarregou-se dessa tarefa instalando um sistema de transportes
que ligasse os estados brasileiros, o que terminou aumentando o fluxo de mercadorias e pessoas.
Os produtos industriais produzidos sobretudos na região Sudeste alcançaram outras regiões do
Brasil, causando a falência de indústrias que não conseguiam competir, e estabelecendo um forte
centro econômico e industrial em São Paulo e no Rio de Janeiro.

www.acasadoconcurseiro.com.br 11
Plataforma petrolífera P-51 da Petrobras, a primeira 100% brasileira.
No surto industrial da década de 1930, houve indicadores crescentes no consumo de cimento e
aço e importantes substituições de importações decorrentes da maturação dos investimentos
com aquisições de bens de capital da indústria têxtil que haviam sido feitos entre 1921 e 1928,
e com o controle cambial instaurado em 1931 e que perdurou até 1937. Esse crescimento foi
interrompido pelo aumento das exportações de tecido. O declínio verificado após o último surto
só teria um breve período de recuperação durante o biênio 1943-1944, com os investimentos
públicos para a instalação da primeira siderúrgica no Brasil. O governo demonstrou preocupação
com a atividade industrial e criou a Carteira de Crédito Agrícola e Industrial do Banco do Brasil,
mas que apenas a partir de 1941 possibilitou financiamentos importantes.
O presidente Vargas, que representava os conceitos e anseios da Revolução de 1930, passou a
investir fortemente na criação da infraestrutura industrial – indústria de base e energia –, e criou
diversas companhias e instituições decisivas para a industrialização, como o Conselho Nacional
do Petróleo (1938), a Companhia Siderúrgica Nacional (1941, energia elétrica para as indústrias
e para a população), a Companhia Vale do Rio Doce (1943, exploração do minério de ferro) e
a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (1945), que foram as primeiras grandes empresas
industriais do país. Somadas a essas, ocorreu a criação da Petrobras, em 1953, que contribuiu para
o aceleramento do crescimento industrial. O governo de Vargas também criou leis trabalhistas
que satisfizeram os trabalhadores e que terminaram preparando o país para a organização no
crescimento das indústrias, como foi o caso da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Companhia Siderúrgica Nacional (Volta redonda, RJ)

Depois de Vargas, o governo de Juscelino Kubitschek (1956–1961) também trouxe projetos


governamentais em relação ao crescimento industrial, que ganhou maior dimensão com a
criação de medidas alfandegárias, propiciando, assim, a vinda de empresas internacionais para
o Brasil. Seu Plano de Metas incentivou a produção industrial, que crescia aceleradamente,
e o governo de Kubitschek concentrou atenções em investimentos na área de energia e de

12 www.acasadoconcurseiro.com.br
Geografia – Economia Brasileira – Prof. Luciano Teixeira

transportes. Na época, diversas empresas multinacionais investiram no Brasil, entre elas


notavelmente a montadora de automóveis Volkswagen, entre outras. Dessa forma, pode-se
dizer que, com medidas políticas, a indústria no Brasil experimentou momentos de grande
crescimento, organização e prosperidade.

Atualidade
Nos anos 1970, 1980 e 1990, a indústria no Brasil continuou a crescer, embora tenha estagna-
do em certos momentos de crise econômica. A década de 1980, por exemplo, ficou conhecida
como a “década perdida” para a economia brasileira devido à retração econômica da indústria.
O cenário mudou e, estabilizada, a base industrial atual do país produziu diversos produtos:
automóveis, máquinas, roupas, aviões, equipamentos, produtos alimentícios industrializados,
eletrodomésticos e muitos outros. Embora seja autossuficiente na maioria dos setores, a indús-
tria brasileira ainda é dependente de tecnologia externa em campos como a informática. Além
disso, o parque industrial brasileiro continua concentrado sobretudo nos estados do Centro-
-Sul e nas regiões metropolitanas, embora venha ocorrendo a dispersão da infraestrutura de
transportes, energia e comunicação especialmente nas últimas décadas para diversas outras
regiões, inclusive no interior dos estados.
Os esforços do passado criaram uma intensificação na indústria brasileira que possui um enor-
me e variado parque industrial produzindo bens de consumo e até mesmo tecnologia de ponta.
Após diversas crises econômicas, o país é hoje um dos mais industrializados do mundo e ocupa o
15º lugar em escala global nesse segmento. Na primeira década do século XXI, a privatização de
empresas estatais nas áreas de mineração, bancária e de telecomunicações foi uma característica
marcante na economia brasileira. A industrialização brasileira ainda não ocorre de maneira homo-
gênea, portanto certas regiões são densamente industrializadas, enquanto outras são totalmente
desprovidas desse tipo de atividade econômica. Apesar de diversos problemas sociais, costumei-
ramente relacionados à maneira da industrialização no país, o Brasil vem ocupando um lugar de
destaque no cenário econômico e industrial internacional.

Setor industrial brasileiro


Boa parte da grande indústria está concentrada no Sul e no Sudeste. O Nordeste não é tão
industrializado, mas está começando a atrair novos investimentos. O mesmo vem acontecendo
com as demais regiões do Brasil.
O Brasil tem o terceiro setor industrial mais avançado da América. Calculando um terço do PIB,
a indústria brasileira varia de automóveis, aço e petroquímicos para computadores, aeronaves
e bens de consumo duráveis. Com a maior estabilidade econômica prevista pelo Plano Real, as
empresas brasileiras e multinacionais têm investido pesadamente em novos equipamentos e
tecnologia, uma grande parte dos quais foi comprado de empresas dos Estados Unidos.
O Brasil possui uma diversificada e sofisticada indústria de serviços também. Durante a década
de 1990, o sector bancário representou 16% do PIB. Apesar de sofrer uma grande reformula-
ção, a indústria de serviços do Brasil muitos financeiros ofereceram às empresas locais , com
uma vasta gama de produtos e está atraindo inúmeros novos operadores, incluindo empresas
americanas financeira. Em São Paulo e Rio de Janeiro, as bolsas estão passando por uma conso-
lidação e o setor de resseguros está prestes a ser privatizado.

www.acasadoconcurseiro.com.br 13
O governo brasileiro empreendeu um ambicioso programa para reduzir a dependência do
petróleo importado. As importações eram responsáveis por mais de 70% das necessidades de
petróleo do país, mas, em 2006, o Brasil alcançou a autossuficiência de petróleo. O Brasil é
um dos principais produtores mundiais de energia hidrelétrica, com capacidade atual de cerca
de 58.000 megawatts. As hidrelétricas existentes fornecem 92% da eletricidade do país. Dois
grandes projetos hidrelétricos, a 12.600 megawatts de Itaipu, no rio Paraná – a maior represa
do mundo – e da barragem de Tucuruí no Pará, no norte do Brasil, estão em operação. Além
disso, conta com reator nuclear, Angra I, localizado perto do Rio de Janeiro e que está em
operação há mais de 10 anos. Angra II está em construção e, depois de anos de atrasos, está
prestes a entrar na linha. Um Angra III é planejado. Os três reatores teriam uma capacidade
combinada de 3.000 megawatts quando concluído.
Reservas de recursos minerais provadas são extensas. Grandes reservas de ferro e manganês são
importantes fontes de matérias-primas industrial e receitas de exportação. Depósitos de níquel,
estanho, cromita, bauxita, berílio, cobre, chumbo, tungstênio, zinco, ouro e outros minerais são
explorados. Alta qualidade do carvão de coque grau exigido na indústria siderúrgica está em falta.

Importância da indústria no Brasil


A indústria brasileira tem importância crucial no país por ser um microssetor que exige
considerável investimento financeiro, por produzir os bens de maior valor da economia e
empregar milhões de brasileiros. Grande parte dos bens produzidos, ou seja, os manufaturados,
estão diretamente ligados à urbanização do país, como os produtos eletrodomésticos que a
população usa para conforto, trabalho, saúde e bem-estar.
Além disso, as retrações econômicas da indústria, não só no Brasil, provocam uma série de
consequências consideravelmente ruins, como o aumento do desemprego pelo fato da
demissão de trabalhadores; da elevação dos preços de produtos para compensar as perdas
financeiras, que pode ocasionar a inflação; a queda da arrecadação de impostos devido à
diminuição das vendas do comércio; e, também, e sobretudo no Brasil, a redução da capacidade
de funcionamento das três esferas de governos.
Não obstante, a indústria é muito importante para a produção de riquezas do Brasil, mensurada
no Produto Interno Bruto (PIB). Como exemplo, podemos citar o ano de 2009, em que o PIB
brasileiro atingiu cerca de 3,14 trilhões de reais e a indústria havia sido responsável por 25,4%
de todo esse valor. O agronegócio, cuja cadeia começa nas fábricas de tratores, de adubos e de
ração animal, é responsável por cerca de um quarto do PIB nacional. Por fim, as exportações
de produtos industrializados e de produtos básicos ou matérias-primas (commodities) também
influem na riqueza de qualquer nação.

Complexo portuário do Pecem (São Gonçalo do Amarante, Ceará)

14 www.acasadoconcurseiro.com.br

Você também pode gostar