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ZERO HORA PORTO ALEGRE, QUARTA-FEIRA, 4 DE OUTUBRO DE 2000

O FUTURO DOS SECRETÁRIOS PEDETISTAS Acerto de contas


Quem são os cinco líderes do PDT com cargos de primeiro escalão do governo estadual:
ROSANE DE OLIVEIRA
Editora de Política
SERENO CHAISE, vice-presidente do Banrisul O agravamento da crise no PDT
Foi o principal articulador da aliança entre PDT e PT no segundo turno da eleição estava anunciado desde a vitória
para o governo do Estado em 1998. Com o aval de Brizola, conduziu pessoalmente de Alceu Collares na prévia que es-
o acordo com o então candidato Olívio Dutra e os dirigentes do PT. A indicação de colheu o candidato a prefeito de Porto Alegre. No
Sereno para o cargo de vice-presidente do Banrisul foi uma escolha pessoal de momento em que se confirmou o segundo turno,
Olívio. A relação de ambos vai além da política. Quando retornar das férias, será ficou claro que os trabalhistas alinhados com o
convidado a permanecer no cargo. Palácio Piratini teriam de romper com um dos la-
dos. Dilma Roussef, Milton Zuanazzi e Sereno
Chaise tentaram o artifício da licença por seis
meses e, depois de confirmados nos cargos pelo
governador Olívio Dutra, se desfiliaram para evi-
PEDRO RUAS, secretário estadual de Obras tar a expulsão. Sem disposição para brigar com
Nome de confiança do líder Leonel Brizola, foi um dos que articularam a aliança Collares, Pedro Ruas teve de pedir demissão.
estadual com o PT. Detinha a vaga do PDT na coordenação de governo e apoiou Ameaçado de expurgo por ter apoiado o petis-
Vieira da Cunha na prévia para a escolha do candidato a prefeito da Capital, mas ta Valdeci Oliveira em Santa Maria, Renan Kurtz
quando Alceu Collares venceu a disputa interna, se engajou na campanha. Foi o preferiu ganhar tempo e não facilitar as coisas
único pedetista a deixar o cargo no primeiro escalão na crise atual. Foi convidado para o PDT. Se saísse, como Dilma, Zuanazzi e
por Brizola a assumir funções nacionais no partido, mas poderá entrar na disputa Sereno, estaria entregando seu território para
pela presidência regional do PDT, em 2001, enfrentando o próprio Collares – ou
alguém por ele indicado – e o deputado Vieira da Cunha.
João Luiz Vargas, autor do pedido de expulsão e
um dos líderes dos não-alinhados ao governo.
Renan também fica no cargo, pelo menos até a
próxima reforma do secretariado.
Neste momento, convém ao PT não mexer no
MILTON ZUANAZZI, secretário estadual de Turismo tabuleiro do secretariado. Qualquer mudança ti-
raria o foco do segundo turno da eleição, que é a
Sempre esteve próximo do PT. Transformou-se em inimigo de Collares a partir do
prioridade dos líderes do partido – incluindo os
momento em que foi afastado da presidência da CRT pelo então governador
pedetista. Na época, Collares determinou a abertura de sindicância destinada a de tendências que fizeram corpo mole no primei-
investigar denúncias de irregularidades na estatal. Mais tarde, uma comissão da ro turno para dar o troco a Tarso Genro, que em
Assembléia Legislativa declarou Zuanazzi inocente de qualquer ato ilícito na CRT. 1998 só se integrou à campanha de Olívio Dutra
Deve continuar no governo. nos últimos dias antes do primeiro turno.
Além da substituição de Pedro Ruas por um in-
terino, que em janeiro cederia a cadeira para o
prefeito Raul Pont, neste ano só devem ocorrer
mudanças pontuais, motivadas por pedidos de
demissão. Em janeiro, com a posse dos deputa-
DILMA ROUSSEF, secretária estadual de Energia, dos que se elegeram prefeitos, o governo teria o
Minas e Comunicações pretexto para reorganizar a equipe.
Apesar de ter sido secretária de Energia e Minas no governo do PDT (1991-1994), A forma como o PDT deixou o governo facili-
nunca teve bom relacionamento com Collares e, especialmente, com Neuza tou as coisas para o Piratini, que já não tinha
Canabarro, mulher do ex-governador e ex-secretária de Educação. Dilma sempre foi vantagens com a aliança. O PDT foi útil para
considerada um dos quadros mais qualificados do PDT. Também é considerada pelo eleger Olívio no segundo turno. Na votação dos
Palácio Piratini como uma das pessoas mais capacitadas do primeiro escalão do projetos polêmicos do Piratini na Assembléia,
governo. Ficará no cargo. parte da bancada da trabalhista vinha se ali-
nhando com a oposição. Na campanha, os ata-
ques de Collares ao governo Olívio Dutra foram
mais duros que os da tucana Yeda Crusius.
A deputada Luciana Genro, que nunca assimi-
RENAN KURTZ, secretário do Mercosul lou a aliança com o PDT, era uma das mais exul-
Outro desafeto de Collares. Enfrenta uma queda-de-braço com o deputado tantes. Filha de Tarso Genro, Luciana identificou
estadual João Luiz Vargas – ligado ao grupo de Collares – pelo comando do PDT em na atitude do PDT a “comprovação de que assu-
Santa Maria. João Luiz apoiou o candidato a prefeito do PTB, Osvaldo Nascimento, miu sua característica de partido de direita”.
que tinha como vice o pedetista Vicente Paulo Bisogno. Renan apoiou o candidato De expulsão em expulsão, o PDT vai perdendo
do PT, Valdeci Oliveira, que foi o vitorioso na eleição de domingo. Apesar do
rompimento da aliança, Olívio manteve Renan no cargo.
líderes. Em 1998, caiu quem não apoiou o PT.
Em 2000, quem quer continuar aliado ao PT.
rosane.oliveira@zerohora.com.br

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