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descompassos
Resumo
O presente artigo tem como principal objetivo mostrar a proximidade existente entre o
pensamento de Martin Heidegger e o poeta Alberto Lins Caldas. Com efeito, mostrando de
forma sucinta a apropinquação vigente entre o acenar na concepção heideggeriana e uma nova
perspectiva da história na obra de Caldas.
Palavras-chave: Onírico, característica, trivial, importância, reitera.
Abstract
The present article has as main objective to show the proximity between the thought of Martin
Heidegger and the poet Alberto Lins Caldas. In fact, showing succinctly the current
appropriation between the waving of the Heideggerian conception and a new perspective of
history in the work of Caldas.
O homem é aquilo que fala, sendo uma característica trivial em sua vida.
Reconhecemos ao decorrer do tempo que a partir do surgimento da história, começou
quando o homem proferiu (falar). Em Martin Heidegger, esse caractere denominado
fala é de fundamental importância. No livro A Caminho da Linguagem, Heidegger
reitera:
“O homem fala. Falamos acordados e em sonho’’. (A Caminho da Linguagem,
pág.3)
Na experiência de vigília cotidianamente falamos. Mas a fala em Heidegger
não tem apenas um efeito de comunicação. Porém tem um aspecto de acenar, de
1
Discente do curso de filosofia pela Universidade Federal de Rondônia.
2
Obteve a graduação de História pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, mestrado pela
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e doutorado pela Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul. Hodiernamente é docente na Universidade Federal de Rondônia.
trazer elementos subjetivos, da percepção, da parte mais recôndita existente no ser
humano: o espírito. A poesia vem aí para trazer uma nova percepção, um novo olhar
sobre o que há de mais prosaico na linguagem: a polissemia. A poesia e sua força
consistem em trazer uma nova significação para uma linguagem já existente.
No caso da fala, falamos quando estamos em estado onírico. Às imagens de
um sonho são proferidas, são ditas utilizando-se uma linguagem. Quando estamos
pensando igualmente proferimos e lendo outrossim. Falar é uma necessidade humana
e está intrinsecamente ligada a linguagem.
Ora, de acordo com Heidegger o que difere um homem de uma pedra, é que
o homem é detentor duma linguagem. Porém é importante não olvidarmos que o
pensamento de Heidegger está circunscrito e no epicentro duma tradição filosófica.
Esta tradição filosófica é oriunda da filosofia Grega, da escolástica e do pensamento
bíblico. Por exemplo, peço vênia para mostrar um brocardo da bíblia:
No princípio era o verbo, e o verbo estava com Deus e o verbo era Deus. João
I:I
Essa presença da fala começa com a criação do mundo. Sabemos que para
Heidegger a progênie do mundo advém da palavra. De acordo com Heidegger na obra
Ensaios e Conferências; o caminho do pensamento existe em contiguidade com a
linguagem. Essa vizinhança da linguagem e o pensamento, podemos considerar como
de muita relevância para compreender o delineamento do pensamento heideggeriano.
Ora, sabemos que a linguagem é aquilo de mais essencial para compreender
Heidegger. No introito da obra, Heidegger profere que o autor no caminho do
pensamento tem o propósito de acenar. Entendemos que acenar vai muito além de
comunicar. Não à toa Heidegger estabelece um diálogo com os poetas e também com
os pensadores originários. Contudo, não deixa de manter este diálogo com a tradição
filosófica oriunda dos Gregos, do pensamento medievo e consequentemente da
teologia cristã. Mas içamos a seguinte indagação: O que podemos entender como
acenar para Martin Heidegger? Resposta: Acenar para Heidegger tem como escopo
apontar um caminho para o pensamento. Com isso, não quer dizer ter uma palavra
final que encerra o assunto. Todavia, abrir um caminho a discussão filosófica que
mostre aquilo que existe, mas que não foi pensado.
Como efeito, é necessário lembrar que Heidegger utiliza a palavra “singrem”,
que podemos ora entendermos como navegação, ora entendermos como percorrer.
O caminho do pensamento na visão Heideggeriana de certa forma, afana uma
trajetória daquilo que ainda não foi pensado. Embora aquilo que não foi pensado,
certamente pode ser trivial e simples, mas que ainda não houve uma meditação sobre
tal assunto e por conseguinte pode ser algo inédito.
Conquanto aquilo que é corriqueiro pode ser um objeto da filosofia, como por
exemplo à “técnica’’ ou a ‘’linguagem”. Heidegger estabelece uma distinção entre o
pensador e o sábio; sendo que, aquele que pensa não propriamente pode ser sofóç.
A Sofía é uma estrada que em consonância com o pensamento de Heidegger,
possui uma liberação; sendo esta liberação que abre caminho para aqueles que
pensam, podendo singrar pelo itinerário, abrindo para diversas perspectivas. A
linguagem podendo ser semelhante a um caleidoscópio que, não obstante ter várias
cores, essas várias tonalidades em miscelânea podem trazer a visão de muitas
figuras. Isso é chamado de polissemia; ou seja, a multiplicidade de significados que a
linguagem pode mostrar.
Heidegger redargui:
“*. poema não é poesia ou verso, não é música, harmonia ou melodia, – não é canção,
não é ritmo, cadência ou compasso, – não é tradição, não é costume, – não é língua nem
linguagem” ( Alberto Lins Caldas, pág.1, O poema)