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17 falhas comuns em instalações hidráulicas

Por Ane Denise Piccinini de Maldonado


Nesta série de dois posts sobre patologias hidrossanitárias vamos apresentar 17 falhas e vícios
comuns em instalações hidráulicas, que são consequências de erros e/ou omissões derivadas
do projeto hidrossanitário. Começamos com 17 inconformidades relacionadas à água potável e
suas principais causas por:
De onde vêm as inconformidades em instalações para água potável?

1. Tampas de acesso às câmaras do reservatório elevado

A principal causa de problema das tampas de acesso em instalações hidráulicas é a falta de


compatibilização de projeto entre a arquitetura e as áreas estrutural e hidrossanitária. Dando
pouco valor ao detalhamento correto das tampas – às vezes o projeto de arquitetura nem
contempla a locação desses itens – há risco de execução e instalação incorreta, com
possibilidade de admissão de água contaminada em seu interior.

2. Reservatório elevado e/ou cisterna

A principal falha nesta etapa do projeto é a previsão de apenas uma câmara para reservatórios
e cisternas, sem septo separador. Isso provoca sérios problemas na edificação, como a
dificuldade de manutenção, caso ocorra vazamento, ou quando são necessários reparos nas
boias ou limpeza.

3. Ramais de distribuição de água fria e quente

Uma das principais falhas nas instalações hidráulicas é a execução dos ramais de distribuição
com sifão formando um “U” invertido. Isso causa um fluxo desfavorável, que forma vácuo e
bolhas de ar, fazendo com que a água saia com fluxo descontínuo nos pontos terminais de
torneiras e chuveiros . Às vezes, essa falha pode provocar a queima da resistência do chuveiro
por falta de escoamento de água durante alguns instantes.

4. Tubulações plásticas expostas ao tempo

Os tubos de PVC, usados comumente em instalações hidráulicas, sofrem desordens químicas


ao longo do tempo, pela exposição ao sol e às diferentes temperaturas ao longo do dia. A
superfície externa desses materiais apresenta descoloração e ressecamento, provocando
perda de resistência e colapso de seu material, pois os tubos seguem sendo exigidos sem
dispor da resistência original.

5. Válvulas de descarga

Muitas vezes o projetista especifica erroneamente em seu projeto o diâmetro da válvula,


desconsiderando as pressões e levando em consideração somente o critério dos pesos, o que
acaba gerando um problema pontual nestas válvulas. A recomendação é: nas edificações
elevadas, válvulas com DN 1 ¼” em pavimentos mais baixos, onde a pressão de serviço é mais
elevada. Nos pavimentos mais elevados, aconselha-se o uso de válvulas de descarga com DN
de 1 ½”.
6. Irregularidades na central redutora de pressão

Nos detalhamentos das instalações hidráulicas é comum que sejam esquecidos os meios para
drenagem, exiguidade de espaço para instalação de filtros tipo Y e registros de fechamento.
Porém, de forma simplista, toda edificação que tenha uma altura de coluna de água que
ultrapasse 40 m de altura, deve dispor de uma estação redutora de pressão. O projetista
deverá fazer, portanto, o dimensionamento correto de quando a estação será necessária e
onde ela ficará localizada.

7. Localização do barrilete

A localização do barrilete deve ser considerada para que a equipe de manutenção predial
possa fazer as manobras de fechamento e abertura de registros de forma segura e acessível.
Uma falha recorrente é o barrilete dividir o mesmo espaço físico com a casa de máquinas de
elevadores, o que impede o acesso rápido, quando necessário.

8. Ausência ou insuficiência de folga das paredes laterais da cisterna

Este é um sério problema nos projetos, devido à não compatibilização entre os projetos
arquitetônico e hidrossanitário. Geralmente, projeto de arquitetura estima uma área para
abrigar as cisternas, sem conhecer profundamente a real necessidade de volumetria em
função do consumo diário de água. Assim, muitas vezes a dimensão é insuficiente.

9. Cisterna enterrada ou semienterrada

Quando o projetista hidrossanitário recebe o projeto arquitetônico, em geral, ele já vem


engessado quanto à solução de cisterna enterrada ou semienterrada. A única solução é
conformar a distribuição das tubulações. O risco disso é que a cisterna pode impedir o
esgotamento totalmente por gravidade.

10. Insuficiência de espaço na casa de bombas de recalque

As pobres bombas também são muitas vezes negligenciadas pelo projeto arquitetônico, e
ganham um local muito pequeno para instalação. Resta ao projetista hidráulico, quando
possível, definir um espaço, pequeno que seja, para fazer as instalações hidráulicas de
registros de fechamento adequados nas tubulações de sucção e recalque das bombas
centrífugas.

11. Localização da casa de bombas

Para uma bomba funcionar bem, é preciso ela estar afogada, ou seja, em cota mais baixa que o
fundo do reservatório. No entanto, isso nem sempre é considerado pela arquitetura ao
planejar um espaço adequado para as bombas. Assim, em alguns projetos, ela fica em cota
superior ao fundo da cisterna, impedindo o afogamento.
12. Falta de tampas estanques

A segurança sanitária da água potável armazenada em reservatórios e cisternas é


fundamental. Para tanto, as tampas que dão acesso às manutenções destas unidades devem
ser estanques em seu fechamento, impedindo a entrada de insetos, roedores e sujeiras que
venham a comprometer a potabilidade da água. Muitas vezes as tampas não são estanques,
possibilitando infiltração e contaminação.

13. Ruídos e vibrações das bombas de recalque

As bombas sempre emitem ruídos e vibrações ao operarem. Para evitar ou minimizar o efeito,
deve-se prever no projeto ou na especificação técnica a localização das bombas e o
assentamento sobre uma plataforma de material, que absorva tais vibrações e ruídos. Com
isso, além de diminuir o barulho nessas instalações hidráulicas, é possível proteger as
tubulações do entorno contra rachaduras e vazamentos nas juntas das conexões.

14. Eletrodutos aparentes dentro da cisterna

Nas paredes de teto da cisterna, sempre há água de evaporação e isso acaba infiltrando nos
eletrodutos, resultando em problemas nas instalações elétricas. Efetuar manutenções nestes
trechos torna-se perigoso, pois água e eletricidade juntas não combinam. Por isso, ao criar o
projeto, nunca atravesse eletrodutos pela cisterna.

15. Zonas de estagnação na cisterna

O formato alongado da cisterna, com zonas de estagnação, dificulta a renovação da água.


Assim, nas instalações hidráulicas, a cisterna ou reservatório deve ter uma forma geométrica e
uma volumetria que favoreça o contínuo fluxo de mistura por igual da água, não permitindo
zonas de estagnação que comprometam o seu equilíbrio de potabilidade.

16. Ramais de distribuição de água quente em contra piso das lajes

Deve-se evitar ao máximo a passagem de qualquer tubulação de água quente pelos


enchimentos de contra piso das lajes. As redes de água quente estão sujeitas à dilatação
térmica de seus materiais. Se estão completamente confinadas em elementos estruturais, sem
espaço para esta dilatação e retração, os pisos podem rachar e as juntas acabam sofrendo
avarias, causando infiltrações.

17. Ausência de lira, cavaletes e/ou juntas de expansão entre trechos longos de ramais de
distribuição de água quente

É sempre bom lembrar que as tubulações de água quente são feitas de materiais que sofrem
dilatação térmica. Devido à dilatação e retração destas tubulações, por variação de
temperatura, deve-se tomar os seguintes cuidados ao fazer a distribuição destas tubulações
em projeto e, em trechos longos e retilíneos: usar cavaletes, liras ou juntas de dilatação
especiais, que permitam a dilatação das tubulações.

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