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Administração Direta

A administração direta é o conjunto de órgãos que integram os órgãos federativos, aos quais
foi distribuída a competência para o exercício, de forma centralizada as atividades
administrativas do Estado. Em outras palavras, significa que “a Administração publica é, ao
mesmo tempo, a titular e executora do serviço publico”.

A noção envolve alguns aspectos importantes. O primeiro consiste em considerarmos, nesse


caso, o Estado como pessoa administrativa. Depois, é mister lembrar que a administração
direta é consistida por órgãos internos dessas mesmas pessoas; tais órgãos são o verdadeiro
instrumento de ação da administração publica, pois que cada um deles é cometida uma
competência própria, que corresponde a partículas do objetivo global do Estado. Por fim, vale
destacar o objetivo dessa atuação: o desempenho das múltiplas funções administrativas
atribuídas ao poder publico em geral, a centralização é como vimos, inerente á administração
direta do estado e dela indissociável.

1. Natureza da Função: A administração Direta do Estado desempenha atividade centralizada.

A atividade centralizada é aquela exercida pelo estado diretamente. Quando se fala em Estado
aqui, estão sendo consideradas as diversas pessoas politicas que compõe nosso sistema
federativo – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. Tais pessoas exercem por
elas mesmas diversas atividades internas externas para concretizar tal função, valem-se elas
de seus inúmeros órgãos internos, que, constituem os compartimentos ou células integrantes
daquelas pessoas, dotados de competência própria e especifica para melhor distribuição do
trabalho e constituídos por servidores públicos, que representam o elemento humano do
órgão.

Existem numerosas atividades a cargo da administração direta. A função básica de organização


interna, a lotação de órgãos e agentes, sua fiscalização e supervisão, para exemplificar, quase
sempre são desempenhadas diretamente. Por isso, a organização de tais pessoas comporta
tantos componentes internos, como os ministérios, as secretarias, as coordenadorias e etc.

Podemos fixar a orientação de que, quando o estado executa tarefas através de seus órgãos
internos, estamos diante da administração direta estatal no desempenho de suas atividades
centralizadas.

Há certas funções centralizadas que por sua relevância merecem referencia constitucional. O
art. 37, XXII da CF, com redação da EC 42/2003 (reforma tributaria), considerou a
administração tributaria dos entes federativos como atividades essências ao funcionamento
do estado, devendo ser exercidas por servidores de cargos específicos. A essa função
destinados recursos prioritários, exigindo-se que seja integrada a atuação dos entes
federativos, como transmissão reciproca de dados cadastrais e informações fiscais.

2. Abrangência: o estado, como se sabe, tem três poderes políticos estruturais – o Executivo, o
Legislativo e o Judiciário. São eles os seus órgãos diretivos, incumbidos que estão de levar a
cabo as funções que permitem conduzir os destinos do país. Apesar de sua qualidade de
poderes políticos, não se lhes excluir o caráter de órgãos; são os órgãos fundamentais e
independentes, é verdade, mas não deixam de serem órgãos internos das respectivas pessoas
federativas.
O Executivo é o poder incumbido do exercício da atividade administrativa em geral, mas o
legislativo e o judiciário também tem essa incumbência quando precisam organizar-se para
desempenhar as atividades de apoio necessárias as funções típicas a seu cargo – a normativa e
a jurisdiciona. Essas atividades de apoio são de caráter administrativo.
Por outro lado, no sistema interno de organização esses poderes também contem, em sua
estrutura, diversos órgãos e agentes, necessários a execução da função de apoio.
Significa dizer que a administração direta do Estado abrange todos os órgãos dos poderes
políticos das pessoas federativas cuja competência seja a de exercer a atividade
administrativa, e isso porque, embora sejam estruturas autônomas, os Poderes se incluem
nessas pessoas e estão imbuídos da necessidade de atuarem centralizadamente por meio de
seus órgãos e agentes.

3. Composição: Como a Administração Direta é a própria das pessoas politicas da federação


temos que considera-las em conformidade com os níveis componentes da nossa forma de
estado.

Na esfera Federal, temos a Administração Direta da União, no poder Executivo, se compõe de


órgãos de duas classes distintas: a Presidência da Republica e os ministérios. A presidência da
Republica é o órgão superior do Executivo e nele se situa o Presidente da Republica como
chefe da administração (Art.84, II, da CF). Nela se agregam ainda vários órgãos tidos como
essenciais (p.ex. Casa Civil e a Secretária-geral), de assessoramento imediato (p.ex. Assessoria
Especial e o Advogado Geral da União) e de consulta (Conselho da Republica e Conselho de
Defesa Nacional). Os ministérios são os outros órgãos administrativos, todos de grande porte,
cada um deles destinado a determinada área de atuação administrativa, como a saúde, a
justiça, as comunidades, a educação, o desporto e etc. em sua estrutura interna, existem
centenas de órgãos, como as secretarias, os concelhos, as inspetorias, os departamentos e as
coordenadorias, entre outros. Cabe aos ministros auxiliar o Presidente da Republica na direção
da administração, conforme consta no mesmo art. 8, II, da CF.

Os poderes legislativo e judiciário tem sua estrutura organiza definida em seus respectivos
atos de organização administrativa. O legislativo tem o poder constitucional de dispor sobre
sua organização e funcionamento, bem como de elaborar seus regimentos internos.

O judiciário, da mesma forma, tem capacidade auto-organizatoria em relação a cada um de


seus tribunais. Seus atos de organização se encontram nas leis estaduais de divisão e
organização judiciarias em seus regimentos internos.

Na esfera Estadual, temos organização semelhante á esfera Federal, guardando com este certo
grau de simetria. Assim, temos a governadoria do Estado, os órgãos de assessoria ao
Governador e as Secretarias estaduais, com os vários órgãos que as compõem,
correspondentes aos ministérios na área federal. O mesmo se passa com o legislativo e
judiciário estadual.
Por fim, a administração direta na esfera Municipal é composta da Prefeitura, de eventuais
órgãos de assessoria ao Prefeito e de Secretarias Municipais, com seus órgãos internos. O
município não tem judiciário próprio, mas tem legislativo (câmara Municipal), que também
poderá dispor sobre sua organização, a símile do que ocorrem nas demais esferas.

4. Contrato de Gestão: Com vistas a possibilitar a implantação da reforma administrativa na


Administração Publica a Emenda Constitucional nº19/98 contemplou a criação de novo
mecanismo funcional - os contratos de gestão.

Segundo o texto contido no §8º, do Art. 37, introduzido pela referida Emenda, a autonomia
gerencial, orçamentaria e financeira dos órgãos e entidades da administração direta e indireta
poderá ser ampliada mediante contrato a ser firmado entre seus administradores e o poder
publico, tendo por objetivo a fixação de metas de desempenho para o órgão ou entidade.
Trata-se de verdadeiro contrato de gerenciamento, constituindo objeto do ajuste o exercício
de funções diretivas por técnicos especializados, fato que poderá ensejar umas administração
mais eficiente e menos dispendiosa dos órgãos e pessoas da administração.

A norma não se classifica como eficácia plena, pois que é prevista a criação de lei que disponha
sobre a disciplina desse regime, especialmente sobre o prazo de duração do contrato, os
controles e critérios de avaliação de desempenho, direitos, obrigações e responsabilidade dos
dirigentes e a remuneração do pessoal.

O texto suscita algumas duvidas sobre sua aplicação, mas por tudo o que pretendia o governo
implantar para a reforma administrativa do Estado, tais contratos parecem enquadrar-se na
categoria daqueles que tem por objeto a prestação de serviços profissionais especializados. A
intenção governamental foi, sem duvida, a de terceirizar a administração gerencial,
orçamentaria e financeira, que nunca reveliu os resultados esperados pela sociedade
enquanto executada por agentes integrantes dos quadros da própria administração.

A lei nº9. 649/98 previu a hipótese de contratos de gestão a serem celebrados entre
autarquias qualificadas como agencias executivas e o respectivo Ministério supervisor
(art.51,II). Surpreende primeiramente o fato de que a lei se tenha referido á contratação com
Ministério: este se configura, como mero órgão integrante da União Federal; não tem
personalidade jurídica própria e, portanto, não tem aptidão para figurar como contratante.
Pessoa jurídica, sim é a união federal. Desse modo, deve entender-se que o contrato será
celebrado entre a agencia executiva e a União Federal, representada esta pelo Ministério que
supervisiona a agencia.

Causa maior espécies ainda o fato de haver contratação: a uma, porque tais agencias, como
autarquias que são, integram a Administração Indireta da própria União; a duas, porque a
atividade que constitui objeto da gestão já estará necessariamente contemplada na respectiva
lei, e se há previsão na lei desnecessária é a celebração de contrato. A relação, por
conseguinte, não é contratual, mas de vinculação entre entidade descentralizada e a pessoa
federativa á qual se vincula. Alias toda autarquia, a rigor, tem a seu cargo a gestão da atividade
que a lei mencionou como sendo seu objetivo institucional, e ate agora passou longe qualquer
concepção que pudesse relacioná-la à Administração direta, por meio de contrato. Cuida-se,
enfim, de inovação que refoge à técnica organizacional administrativa em geral.

O que a sociedade tem perseguindo atualmente – desapontada com os velhos métodos da


organização administrativa – é a adoção de novas técnicas e modernos instrumentos
formadores da administração gerencial (public management), que não só atende os anseios da
administração como também corresponde ás expectativas do interesse da coletividade.

Bibliografia
Filho, José dos Santos Carvalho. 2009. Manual de Direito Administrativo. 21ª edição. Ed. Rio de
Janeiro: Lúmen Juris

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