Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
MENINAS DO BRASIL
“ACERTO DE CONTAS”
UMA NOVELA DE
RAMON FERNANDES
IDEIA ORIGINAL
RYNALDO NASCIMENTO
ESCRITA POR
Ramon Fernandes
DIREÇÃO DE
Teresa Lampreia e Carlo Milani
DIREÇÃO GERAL
DENISE SARACENI
Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA. e por conter informações
confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer
meio, sem o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de violação do sigilo, a parte infratora
estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 2
FABIANA — A Rubra era igual a maioria das garotas que estão aqui.
Vieram de orfanatos, reformatórios, clínicas de amparo ao
jovem, estas coisas. A Rubra sempre foi uma das nossas
meninas mais rebeldes.
TELMA — Ela sofria algum mau-trato onde vivia?
FABIANA — Não, mas era cheia de hematomas. O dono do
reformatório onde ela estava dizia que ela mesmo se batia nas
crises de abstinência de drogas. Nós podemos conferir isso
aqui mais tarde.
TELMA — Terrível.
FABIANA — Você nem imagina o quanto. (pausa) Bom, mas a Clarice
e a Roberta devem estar voltando amanhã e eu as coloco a
par de tudo o que houve aqui.
TELMA — E falar da minha situação também.
FABIANA — (sorri) É claro. (pausa) Bom, você pode ficar brincando
com as crianças aqui enquanto eu faço o meu serviço lá
dentro?
TELMA — Sim, claro. Vá tranquila, eu adoro crianças,
principalmente as meninas.
TELMA SORRI MELANCÓLICA. FABIANA RETRIBUI E SAI. TELMA OLHA AS
MENINAS. POR ALI BRINCAM TECA E LAÍS. TELMA SE APROXIMA DAS
DUAS. OLHA AS DUAS BRINCANDO. SORRISO GRANDIOSO.
TELMA — Oi, eu posso brincar com vocês?
LAÍS — Mas a senhora é uma adulta já. Tão grande e brincando
com a gente?
TELMA — Eu também sou criança, sabiam?
AS DUAS MENINAS RIEM. TECA OFERECE A SUA MÃO.
TECA — Brinca com a gente, moça.
TELMA DÁ A MÃO PARA TECA. AS DUAS SORRIEM EMOCIONADAS, SEM
EXPLICAREM O PORQUÊ. CLOSES ALTERNADOS DAS DUAS. EM TELMA.
CORTA PARA:
CLARICE — Nada me tira da cabeça que ela nos reconheceu e não quis
admitir.
ROBERTA — Vai ver é porque agora ela é uma figura pública e não quer
se envolver com o proletariado.
CLARICE — (ri) Agora é que ela deveria se envolver com “as massas”.
Precisa de voto.
ROBERTA — Viagem perdida. O Lauro e a tia Dorotéia tinham toda a
razão, nós somos umas bobas sentimentalistas que ainda
acreditam em promessas do passado.
CLARICE — E pactos de amizade eterna. De um jeito ou de outro, nós
vamos voltar para São Paulo amanhã mesmo.
ROBERTA — Sem aproveitar a cidade?
CLARICE — Tá louca, Rô? Aproveitar o que nessa cidade? Não tem
praia, não tem ponto turístico quase que nenhum, fala sério
amiga. Vamos voltar para a nossa Sampa que ganhamos
mais.
ROBERTA CONCORDA ABORRECIDA.
CORTA PARA:
1º INTERVALO COMERCIAL
MARINA — (ri) Ai, Roberta, você me faz rir com as suas filosofias e
tentativas de frase de efeito. Você não é boa com ironias.
ROBERTA ESTÁ CANSADA, ABALADA COM TODA A CONVERSA E VAI
PARA UM CANTO. COMEÇA A CHORAR BAIXINHO. O CLIMA ENTRE AS
TRÊS ESTÁ INSUSTENTÁVEL.
CLARICE — Eu acho que você não tem mais nada para fazer aqui,
Marina. (pausa) Você foi a maior decepção que eu tive até
hoje.
MARINA — Não se preocupa que eu sou apenas a primeira delas. Tu
há de ter muitas outras.
CLARICE VAI ATÉ A PORTA E A ABRE.
CLARICE — Vai embora, tô te pedindo.
MARINA SORRI, PEGA A BOLSA E SE PREPARA PARA SAIR. DÁ UMA
ÚLTIMA OLHADA EM ROBERTA. PÁRA DE FRENTE PARA CLARICE.
MARINA — Infelizmente eu não pude dar o meu presente de
casamento para você, minha amiga. (pausa) Mas nunca é
tarde.
CLARICE — Não preciso de presente seu.
MARINA — (corta) Mas eu faço questão de desejar os meus mais
sinceros votos de infelicidade. Tomara que você seja muito
infeliz neste resto de casamento que lhe resta, sua idiota!
Tomara que você seja uma corna e nunca saiba. E por último
que a sua filha morra de overdose ou de AIDS em uma fila de
hospital.
CLARICE NÃO SUPORTA E DÁ UM TABEFE NA CARA DE MARINA. EM
CLARICE. ROBERTA REAGE. CLARICE SE CONTROLA. MARINA LHE
ENCARA DURAMENTE COM A MÃO NO ROSTO.
ROBERTA — (firme) Vai Marina!
MARINA ENCARA AS DUAS E SAI DALI APRESSADA. CLARICE FECHA A
PORTA COM FORÇA E CAI NO CHÃO EM PRANTOS. ROBERTA SEGURA O
CHORO E AMPARA A AMIGA.
ROBERTA — Não deixa que ela faça isso contigo, amiga. Não deixa.
CLARICE — (chora) Ela é uma cobra desgraçada, Roberta! Uma
desgraçada!
ROBERTA — Vamos embora daqui hoje mesmo, chega com isso tudo.
CLARICE — Amanhã, Rô.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 12
2º INTERVALO COMERCIAL
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 14
MARINA — Quem disse que eu vou deixar alguma coisa por causa
daquelas... Por elas?!
FREDERICO ABRAÇA MARINA.
FREDERICO — Melhor assim, Marina. Melhor assim.
FREDERICO PREOCUPADO, MAS AMBICIOSO, TENTA CONTROLAR A
ESPOSA. EM UMA MARINA CHEIA DE DÚVIDAS.
FUNDE PARA:
FIM DO CAPÍTULO 07