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TV DESTINO

Central Destino de Produção Capítulo 07

MENINAS DO BRASIL
“ACERTO DE CONTAS”

UMA NOVELA DE
RAMON FERNANDES
IDEIA ORIGINAL
RYNALDO NASCIMENTO

ESCRITA POR
Ramon Fernandes

DIREÇÃO DE
Teresa Lampreia e Carlo Milani

DIREÇÃO GERAL
DENISE SARACENI

Personagens deste capítulo


CACAU JULIANO OTÁVIA THÉO
CLARICE LAÍS RAFAEL VICENZO
DOROTÉIA LAURO ROBERTA VIÚVA-NEGRA
FABIANA MANDRAKE RUBRA ZENILDA
FREDERICO MARCELA TECA
HELENA MARINA TELMA

Participação neste capítulo


TRAFICANTE/ PARANINFO/ MADRINHA DE TURMA

Atenção
“Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA. e por conter informações
confidenciais, não poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer
meio, sem o prévio e expresso consentimento da mesma. No caso de violação do sigilo, a parte infratora
estará sujeita às penalidades previstas em lei e/ou contrato.”
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 2

CENA 01. APARTAMENTO DE ZENILDA. SALA. INTERIOR. MANHÃ


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DO CAPÍTULO ANTERIOR. THÉO DECIDIDO
COM A ESTATUETA NA MÃO CONTRA A CABEÇA.
THÉO — Me mato agora. Dou com esta estatueta na cabeça e morro
aqui na sua frente, é só falar de separação de novo.
ZENILDA — (ignora) Tendência suicida á esta altura da vida? Que
coisa ridícula.
ZENILDA VAI SAINDO. THÉO SE JOGA NA SUA FRENTE. FICA DE JOELHOS.
THÉO — (mãos juntas) Não faz isso, meu amor! Volta atrás, não me
deixa. Se você ir embora dessa casa eu não sei o que vai ser
da minha vida.
ZENILDA — Mas eu não vou sair de casa se me separar de você.
THÉO — (animado) Não?
ZENILDA — Não... Quem vai sair é você. Este apartamento é meu.
THÉO COLOCA A MÃO NA BOCA CHOCADO. ZENILDA SAI. THÉO SE JOGA
NO CHÃO CHORANDO.
THÉO — Zenilda eu te amo! Não me deixa!
THÉO CHORA IGUAL CRIANÇA.
CORTA PARA:

CENA 02. ONG MENINAS DO BRASIL. FRENTE. EXTERIOR.


MANHÃ
TAKE PARA LOCALIZAR A ONG. PASSAM CARROS NA RUA EM FRENTE.
ENTRA SONOPLASTIA: “AMNESIA” – KE$HA. ENTRA FALA EM OFF:
FABIANA — [off] Por onde andará a Rubra à esta hora?
CORTA PARA:

CENA 03. ONG MENINAS DO BRASIL. PÁTIO. EXTERIOR. MANHÃ


ALGUMAS MENINAS BRINCAM ALI NO PÁTIO. FABIANA E TELMA TOMAM
UM CAFÉ, ENQUANTO CONVERSAM.
TELMA — Mas ela não tinha nenhum parente a quem recorrer na
cidade?
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 3

FABIANA — A Rubra era igual a maioria das garotas que estão aqui.
Vieram de orfanatos, reformatórios, clínicas de amparo ao
jovem, estas coisas. A Rubra sempre foi uma das nossas
meninas mais rebeldes.
TELMA — Ela sofria algum mau-trato onde vivia?
FABIANA — Não, mas era cheia de hematomas. O dono do
reformatório onde ela estava dizia que ela mesmo se batia nas
crises de abstinência de drogas. Nós podemos conferir isso
aqui mais tarde.
TELMA — Terrível.
FABIANA — Você nem imagina o quanto. (pausa) Bom, mas a Clarice
e a Roberta devem estar voltando amanhã e eu as coloco a
par de tudo o que houve aqui.
TELMA — E falar da minha situação também.
FABIANA — (sorri) É claro. (pausa) Bom, você pode ficar brincando
com as crianças aqui enquanto eu faço o meu serviço lá
dentro?
TELMA — Sim, claro. Vá tranquila, eu adoro crianças,
principalmente as meninas.
TELMA SORRI MELANCÓLICA. FABIANA RETRIBUI E SAI. TELMA OLHA AS
MENINAS. POR ALI BRINCAM TECA E LAÍS. TELMA SE APROXIMA DAS
DUAS. OLHA AS DUAS BRINCANDO. SORRISO GRANDIOSO.
TELMA — Oi, eu posso brincar com vocês?
LAÍS — Mas a senhora é uma adulta já. Tão grande e brincando
com a gente?
TELMA — Eu também sou criança, sabiam?
AS DUAS MENINAS RIEM. TECA OFERECE A SUA MÃO.
TECA — Brinca com a gente, moça.
TELMA DÁ A MÃO PARA TECA. AS DUAS SORRIEM EMOCIONADAS, SEM
EXPLICAREM O PORQUÊ. CLOSES ALTERNADOS DAS DUAS. EM TELMA.
CORTA PARA:

CENA 04. PORTO ALEGRE. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. MANHÃ


ROBERTA SENTADA EM SUA CAMA, LENDO UM LIVRO. CLARICE VEM
ENROLADA EM UMA TOALHA DO BANHEIRO.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 4

CLARICE — Nada me tira da cabeça que ela nos reconheceu e não quis
admitir.
ROBERTA — Vai ver é porque agora ela é uma figura pública e não quer
se envolver com o proletariado.
CLARICE — (ri) Agora é que ela deveria se envolver com “as massas”.
Precisa de voto.
ROBERTA — Viagem perdida. O Lauro e a tia Dorotéia tinham toda a
razão, nós somos umas bobas sentimentalistas que ainda
acreditam em promessas do passado.
CLARICE — E pactos de amizade eterna. De um jeito ou de outro, nós
vamos voltar para São Paulo amanhã mesmo.
ROBERTA — Sem aproveitar a cidade?
CLARICE — Tá louca, Rô? Aproveitar o que nessa cidade? Não tem
praia, não tem ponto turístico quase que nenhum, fala sério
amiga. Vamos voltar para a nossa Sampa que ganhamos
mais.
ROBERTA CONCORDA ABORRECIDA.
CORTA PARA:

CENA 05. APARTAMENTO DE MARINA. SALA. INTERIOR. MANHÃ


FREDERICO ABRE A PORTA E ENTRA. MARINA NA JANELA DO
APARTAMENTO, DISTRAÍDA. FREDERICO SE APROXIMA.
FREDERICO — Ah, meu amor, tá aí? (a beija no rosto) Vim para almoçar,
você sempre reclama que eu nunca apareço pra comer com
você.
MARINA PERMANECE DISTRAÍDA.
FREDERICO — Marina? Hei, meu amor.
MARINA — (desperta) Hã? Oi.
FREDERICO — O que houve?
MARINA — (enérgica) Frederico. Desculpa, mas eu vou ter que sair.
Pede para a Maria servir o seu almoço.
PEGA SUA BOLSA SOBRE O SOFÁ E VAI SAINDO.
FREDERICO — Mas eu vim almoçar contigo.
MARINA — Não me espera para almoçar.
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E SAI RAPIDAMENTE. FREDERICO COM CARA DE TACHO.


CORTA PARA:

CENA 06. SÃO PAULO. EXTERIOR. TARDE


TAKES DE PONTOS DA CIDADE. ROLA SONOPLASTIA: “TUDO
DIFERENTE” – MARIA GADÚ. TERMINAM OS TAKES EM UM SHOPPING DA
CAPITAL PAULISTA.
FUNDE PARA:

CENA 07. SHOPPING. INTERIOR. TARDE


ENQUANTO ROLA A SONOPLASTIA, CAM PEGA AO LONGE RAFAEL E
CACAU ANDANDO POR UMA GALERIA DO SHOPPING, ENQUANTO
CONVERSAM E RIEM. MOVIMENTO COMUM ALI.
CACAU — Caraca. Que filme hein!
RAFAEL — Gostou? Tava louco para ver esse filme.
CACAU — Se gostei. E eu julgava muito mal os filmes nacionais,
sabia? Nunca gostei não, pelo contrário, jogava pedra e tudo
mais. Mas este me conquistou.
RAFAEL — Também tinha preconceito. Mas como diz aquele ditado:
“Preconceito é opinião sem conhecimento”. Fui vendo alguns
e fui gostando. Nossos artistas não têm igual.
CACAU — Sim. Vou passar a olhar os filmes feitos aqui com outros
olhos agora.
RAFAEL PEGA NA MÃO DE CACAU. SONOPLASTIA MAIS FORTE EM CENA.
RAFAEL — Quando se tem boa companhia o filme fica melhor ainda.
CACAU — (sorri) Concordo. O filme fica mais interessante, a história
tem mais sabor.
OS DOIS PARAM E FICAM UM DE FRENTE PARA O OUTRO.
RAFAEL — Os personagens têm mais vida. Os dramas, as comédias...
Os romances.
CACAU — (ri) Os beijos.
RAFAEL — Você acha que em todo filme precisa ter um casal
romântico?
CACAU — É claro. Se não, não teria graça. (pausa) Você concorda?
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RAFAEL APENAS SINALIZA QUE SIM. OS DOIS VÃO SE APROXIMANDO


BEM ROMÂNTICOS E ENCOSTANDO OS ROSTOS. FICAM SE ACARICIANDO
ALGUNS SEGUNDOS ANTES DE DAREM UM DERRADEIRO PRIMEIRO BEIJO.
SONOPLASTIA EXPLODE EM CENA. ALGO BEM ROMÂNTICO. OS DOIS
ENTREGUES TOTALMENTE. NELES. A CAM VAI SAINDO POR CIMA,
PEGANDO AS PESSOAS ANDANDO POR ALI, ENQUANTO O CASAL SE
BEIJA.
CORTA PARA:

CENA 08. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. TARDE


CLARICE E ROBERTA ALMOÇAM EM UMA MESINHA ARRUMADA ALI
MESMO NO QUARTO. ALGUÉM BATE A PORTA.
CLARICE — Quem será?
ROBERTA — (ri) Serviço de quarto? Que clichê!
CLARICE RI E VAI ATENDER A PORTA. ABRE. É MARINA.
CLARICE — (surpresa) Marina?
ROBERTA — Quem?!
MARINA — Eu posso entrar Clarice?
CLARICE OLHA PARA ROBERTA. AS DUAS SURPRESAS. CLOSE EM
MARINA NA PORTA.
CORTA PARA:

1º INTERVALO COMERCIAL

CENA 09. HOTEL. QUARTO. INTERIOR. TARDE


CONTINUAÇÃO IMEDIATA DA CENA ANTERIOR. MARINA PARADA NA
PORTA. ROBERTA VAI VER QUEM É.
ROBERTA — Você?
MARINA — (sorri) Então queridas, vão me deixar plantada nessa porta
apodrecendo?
CLARICE DANDO PASSAGEM.
CLARICE — Entra deputada.
MARINA OLHA TUDO EM VOLTA COM CARA DE NOJO.
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MARINA — Bem simpático o hotel que vocês vieram parar.


ROBERTA — Marina? Você disse que não nos reconhecia lá na sua casa.
Porque veio nos procurar aqui?
MARINA — Roberta, querida. Eu gosto de encontros em hotéis de meia
estrela bem na hora do rush.
CLARICE E ROBERTA SE ENTREOLHAM SEM REAÇÃO. MARINA DÁ UMA
GARGALHADA.
MARINA — Uma brincadeirinha para descontrair.
CLARICE — Nós estamos almoçando, nobre deputada. Servida?
MARINA — Não, obrigada. (analisa) Eles devem fritar esses bolinhos
de carne em óleo de peixe. (pausa) Enfim, eu vim aqui para
conversar com vocês, já que foram na minha casa pra isso,
não?
ROBERTA PUXA UMA CADEIRA PARA MARINA SENTAR.
ROBERTA — Pode sentar, Marina. Porque você fingiu que não nos
conhecia lá na sua casa?
MARINA — Eu menti de fato para vocês. Não achei que lá era o lugar
mais apropriado para nós conversarmos o que tiver que fosse.
CLARICE — Porque não seria?
MARINA — Meu marido. Tem coisas que eu não consigo falar na
frente do Frederico, meu passado por exemplo.
ROBERTA — O que tem de errado no seu passado que não pode falar na
frente do seu marido? Nós não íamos contar nada, Marina.
MARINA — Não sei, Roberta. Quando eu disse que não conhecia vocês
ali na porta da minha casa, não era de todo uma mentira. Faz
uns 18 anos que não nos vimos, eu não reconheço vocês.
(pausa/ analisa) Mudaram tanto.
MARINA ANALISA AS AMIGAS. CLARICE E ROBERTA COM CERTO
INCÔMODO. PORÉM, CLARICE SORRI.
CLARICE — Você também mudou. Nem parece a mesma Marina que
fazia trabalhos comunitários conosco. Tá fina, elegante...
MARINA — Obrigada. Realmente, uma temporada fora de São Paulo
muda qualquer um, outros tempos, Clarice... O tempo nos
muda muito. Molda-nos de outro jeito.
ROBERTA — Parece que no caráter também.
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MARINA — Vou fingir que não entendi a sua ironia, Roberta.


ROBERTA — Não é ironia não Marina. É verdade. A Marina de outros
tempos tinha os seus defeitos, mas nunca fingiria que não
conhecia suas amigas.
MARINA — E porque não?!
CLARICE — Porque a Marina do passado tinha um coração antes de
tudo, colocava as amigas na frente de tudo.
MARINA — Coisa que você nunca fez Clarice. Você não é ninguém
para falar de amizade, você não foi leal com a nossa amizade.
(pausa) Nós fizemos um pacto./
ROBERTA — (corta) Que você quebrou!
MARINA — Fica na sua, não falei contigo.
CLARICE — (repreende) Hei!
MARINA — Desculpa.
ROBERTA — Marina, você quebrou o nosso pacto no dia em que
terminou a amizade com a Clarice.
CLARICE — Tudo por causa do meu namoro com o Lauro.
MARINA — (alterada) Não foi! Não foi por causa do seu namoro com
o Lauro! Você traiu os nossos sonhos, nossos ideais.
MARINA ENCARA CLARICE E RI, SE LEVANTANDO.
MARINA — Pacto idiota. Nunca serviu para nada, aquilo que nós
prometemos não vale nada. Não se aplica nos dias de hoje.
Éramos crianças da década de 70 querendo salvar uma
geração dos anos 2000. Nunca daria certo.
ROBERTA — Clarice e eu temos uma ONG.
MARINA — (espantada) Tem?!
CLARICE — Temos, Marina. A ONG se chama Meninas do Brasil,
como nós nos intitulávamos anos atrás, aquelas meninas da
década de 70 como você mesma disse.
MARINA — Que bom! Prosperaram então?
ROBERTA — Não montamos uma ONG para prosperar ou subir na vida
e sim para ajudar quem precisa de ajuda.
MARINA CONCORDA COM A CABEÇA ABAIXADA E OLHA PARA ROBERTA.
MARINA — (ri) Deixou de ser virgem?
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ROBERTA — (séria) A muito mais tempo do que você imagina. Quando


você ainda me considerava sua amiga.
MARINA — Casou?
ROBERTA — Não... Marido não me faz falta.
MARINA — Noivo, namorado, um amante?
ROBERTA NEGA COM A CABEÇA.
MARINA — (ri alterada) Que merda de vida, hein! (p/ Clarice) E você
Clarice? Casou com o Lauro?
CLARICE — Casei. (sorri) Tenho uma filha, Marcela. Vai fazer 18 anos
em Março.
MARINA — É, as minhas previsões falharam. Ele não te abandonou
como eu previ.
CLARICE — Pra você ver. (debochada) O nosso amor resistiu ao “dia-
a-dia”. Você casou pelo que eu sei. Tem filhos?
MARINA NEGA MEIO IRRITADA E ENCARA CLARICE. SORRI DEBOCHADA.
MARINA — Deus não me concedeu a graça da maternidade. Me
poupou de cabelos brancos.
MARINA VAI ACENDER UM CIGARRO.
ROBERTA — Marina, aqui não, por favor.
MARINA SORRI E GUARDA O CIGARRO. CLARICE OLHA PARA MARINA
INTRIGADA.
CLARICE — Não sabia que tinha começado a fumar...
MARINA — Um bom sexo diariamente nos faz adquirir novos hábitos.
Sim, porque o meu marido sabe conduzir uma mulher na
cama. O seu sabe, Clarice? (ri) Hein, me diz se o Lauro é
bom de cama.
CLARICE E ROBERTA INCOMODADAS.
MARINA — Para, não faz a puritana. Eu sei que você gostava daquelas
pernas torneadas, aquele corpo viril. O Lauro sempre teve um
corpaço. Aposto que tem uma pegada de respeito hein. Diz aí,
amiga.
ROBERTA — Marina, para com isso.
MARINA — Você era virgem quase ontem Roberta. Não pode ouvir
papo de mulher casada (ri).
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CLARICE INCOMODADA. MARINA PARA COM AS RISADAS E OLHA MEIO


AMARGA PARA CLARICE.
MARINA — Sabiam que eu vou ser a futura presidente desse país?
Importante, não?! (pausa) Sabia que o Lauro era pra ser meu?
CLARICE — Eu sempre soube que o que você sentia por ele era desejo
e por mim ciúmes, ódio, inveja por ele ter olhado pra mim
primeiro e não ter olhos para outra mulher.
MARINA — (ri) O Lauro era mó galinha.
ROBERTA — Antes de conhecer a Clarice.
CLARICE — (sorri) Você nunca se conformou do Lauro ter ficado
comigo, não é Marina? O seu rancor, essa couraça dura que
você mostra é isso. Estou errada?
MARINA — Cê era a pessoa que eu mais confiava no mundo. Eu
gostava da Roberta, mas você Clarice... Você era a minha
melhor amiga, eu te contava tudo, tudo, porra! E você traiu a
minha amizade por causa de um namoro!
CLARICE — Eu já te expliquei mil vezes e não vou explicar mais uma.
MARINA — Não precisa. Sempre ficou tudo muito claro pra mim o que
você sentia por ele e por mim.
ROBERTA — Sentimentos completamente diferentes.
MARINA — Cala a boca!
ROBERTA SE ALTERA E ENCARA MARINA DE FRENTE.
ROBERTA — (de dedo) Se você me mandar calar a boca mais uma vez
eu te coloco porta a fora. Não duvide disso!
CLARICE VAI ACALMANDO ROBERTA. MARINA SORRI E APLAUDE.
MARINA — Reagiu Robertinha! Eu prefiro você assim, sabe? Ágil,
perspicaz, que não baixa a cabeça. Não gosto do seu tipo
mocinha de novela das seis.
CLARICE — Você mudou muito, Marina.
MARINA — As pessoas mudam, Clarice.
CLARICE — Porque será que as pessoas que dizem isso sempre mudam
pra pior?
ROBERTA — Você se transformou em um poço de veneno, Marina.
(pausa) Estricnina!
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MARINA — (ri) Ai, Roberta, você me faz rir com as suas filosofias e
tentativas de frase de efeito. Você não é boa com ironias.
ROBERTA ESTÁ CANSADA, ABALADA COM TODA A CONVERSA E VAI
PARA UM CANTO. COMEÇA A CHORAR BAIXINHO. O CLIMA ENTRE AS
TRÊS ESTÁ INSUSTENTÁVEL.
CLARICE — Eu acho que você não tem mais nada para fazer aqui,
Marina. (pausa) Você foi a maior decepção que eu tive até
hoje.
MARINA — Não se preocupa que eu sou apenas a primeira delas. Tu
há de ter muitas outras.
CLARICE VAI ATÉ A PORTA E A ABRE.
CLARICE — Vai embora, tô te pedindo.
MARINA SORRI, PEGA A BOLSA E SE PREPARA PARA SAIR. DÁ UMA
ÚLTIMA OLHADA EM ROBERTA. PÁRA DE FRENTE PARA CLARICE.
MARINA — Infelizmente eu não pude dar o meu presente de
casamento para você, minha amiga. (pausa) Mas nunca é
tarde.
CLARICE — Não preciso de presente seu.
MARINA — (corta) Mas eu faço questão de desejar os meus mais
sinceros votos de infelicidade. Tomara que você seja muito
infeliz neste resto de casamento que lhe resta, sua idiota!
Tomara que você seja uma corna e nunca saiba. E por último
que a sua filha morra de overdose ou de AIDS em uma fila de
hospital.
CLARICE NÃO SUPORTA E DÁ UM TABEFE NA CARA DE MARINA. EM
CLARICE. ROBERTA REAGE. CLARICE SE CONTROLA. MARINA LHE
ENCARA DURAMENTE COM A MÃO NO ROSTO.
ROBERTA — (firme) Vai Marina!
MARINA ENCARA AS DUAS E SAI DALI APRESSADA. CLARICE FECHA A
PORTA COM FORÇA E CAI NO CHÃO EM PRANTOS. ROBERTA SEGURA O
CHORO E AMPARA A AMIGA.
ROBERTA — Não deixa que ela faça isso contigo, amiga. Não deixa.
CLARICE — (chora) Ela é uma cobra desgraçada, Roberta! Uma
desgraçada!
ROBERTA — Vamos embora daqui hoje mesmo, chega com isso tudo.
CLARICE — Amanhã, Rô.
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ROBERTA — Hoje, Clarice! Eu vou preparar as nossas malas e fechar a


conta do hotel. Essa viagem acaba aqui. Chega de
humilhação.
CLARICE — Eu quero esquecer que esta víbora existe.
ROBERTA — Vai ser difícil ainda mais agora com ela toda hora nas
campanhas.
CLARICE VAI LEVANTANDO FURIOSA E SECANDO AS LÁGRIMAS COM A
BLUSA.
CLARICE — Pois eu faço questão de não votar nela e digo mais, fazer
uma verdadeira campanha para que ela perca nas urnas. Uma
mulher destas não merece se eleger em nada. Falsa, cobra,
oca por dentro!
ROBERTA — Talvez por isso nunca tenha tido filhos. (pausa) Idiota...
EM CLARICE QUE CONCORDA AINDA ABALADA.
CORTA PARA:

CENA 10. AVIÃO. INTERIOR. NOITE


CLARICE E ROBERTA SENTADAS UMA AO LADO DA OUTRA NAS
POLTRONAS DO AVIÃO.
ROBERTA — A Fabiana me ligou e disse que a Rubra fugiu da ONG.
CLARICE — Não podia esperar a gente chegar a São Paulo para jogar
mais esta bomba?
ROBERTA — Ela disse que segurou o máximo que pode, mas ficou
pensando na garota o dia inteiro e teve que ligar.
CLARICE — A Fabiana também não segura nada. Tô começando a
pensar seriamente em demiti-la.
ROBERTA — Clarice, não seja tão enérgica. Você está nervosa com tudo
que houve hoje, tenta se acalmar.
CLARICE — (suspira) Você tem razão. Eu vou tentar dormir um pouco
até nós chegarmos em casa.
ROBERTA — Faça isso.
CLARICE SE VIRA PARA TENTAR DORMIR, MAS PERMANECE DE OLHOS
ABERTOS. EM ROBERTA PREOCUPADA COM A AMIGA.
CORTA PARA:
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 13

CENA 11. FAVELA DO URUBU. EXTERIOR. NOITE


MOVIMENTAÇÃO PELAS RUAZINHAS DA FAVELA. SONOPLASTIA: “O
BECK E O CONTRACHEQUE” – TROPA DE ELITE. MORADORES SE
MISTURAM A TRAFICANTES E PROSTITUTAS PERTO DO CABARÉ DE NINA.
LOCAIS VOLTANDO DEPOIS DE UM DIA DE TRABALHO, OUTROS EM
ALGUM BARZINHO QUE HÁ ALI.
CORTA PARA:

CENA 12. BARRACO DE MANDRAKE. QUARTO. INTERIOR. NOITE


PRIMEIRA VEZ EM QUE ESTE AMBIENTE É MOSTRADO. É UM BARRACO
SUJO E SEMPRE DESARRUMADO, QUASE SEM NENHUM MÓVEL. TAMBÉM
É POUCO LUMINOSO, SE DIVEDE ENTRE UMA SALA/COZINHA, UM
QUARTO E UMA “SALA DE REUNIÕES”. NO QUARTO ESTÁ RUBRA JOGADA
EM UM VELHO COLCHÃO. ELA CHEIRA COLA EM UMA LATA. MANDRAKE
ENTRA ALI COM VIÚVA-NEGRA E MAIS UM TRAFICANTE.
MANDRAKE — (ri) E aí princesa, tá tudo certo?
RUBRA OLHA PARA MANDRAKE E APENAS RI.
TRAFICANTE — (ri) Que achado, hein Mandra?!
MANDRAKE DÁ UM SOCO NA BARRIGA DO TRAFICANTE.
MANDRAKE — Mandra é o caralho! Senhor Mandrake pra você e pra
qualquer um aqui, mermão!
VIÚVA RI. MANDRAKE OLHA TORTO PARA ELE.
MANDRAKE — Toma teu rumo, Viúva! Vai trabalhar cara.
VIÚVA-NEGRA — Foi mal, chefia. Vambora.
VIÚVA-NEGRA SAI ACOMPANHADO DO TRAFICANTE. MANDRAKE SE
APROXIMA DE RUBRA COM UM SORRISO MALICIOSO. PASSA A MÃO
PELOS CABELOS DELA. ELA LARGA A LATINHA ALI.
RUBRA — Gostô?
RUBRA PEGA A MÃO DE MANDRAKE E COLOCA EM SEUS PEITOS, POR
CIMA DA BLUSA. OS DOIS RIEM.
CORTA PARA:

2º INTERVALO COMERCIAL
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 14

CENA 13. CASA DE CLARICE. SALA. INTERIOR. NOITE


ESTÃO REUNIDOS NA SALA DA CASA DE CLARICE: ELA, LAURO,
MARCELA, ROBERTA E DOROTÉIA. CONVERSA JÁ INICIADA.
LAURO — As minhas teorias sobre a Marina estava certas o tempo
todo. O que ela tinha com o nosso relacionamento era inveja,
amor.
CLARICE — Ela é muito mais perversa do que eu imaginava, gente.
Uma louca completa.
ROBERTA — Desejar o que ela desejou para a Clarice? Pelo amor de
Deus né, só uma mente muito distorcida...
DOROTÉIA — Uma pessoa com sentimentos ruins, minha filha.
MARCELA — Mas pelo menos vocês tentaram, não é? Foram lá, mesmo
sabendo dos riscos, falaram, discutiram, mas lavaram a alma.
Falaram o que tinham para falar, pronto, acabou.
CLARICE ABRAÇA A FILHA.
CLARICE — Tomara mesmo, minha filha.
CLOSES ALTERNADOS DE TODOS. NO ABRAÇO DE MÃE E FILHA.
CORTA PARA:

CENA 14. CASA DE JULIANO. SALA. INTERIOR. NOITE


JULIANO, VICENZO E OTÁVIA ASSISTEM TELEVISÃO.
JULIANO — Vou dormir garotos.
OTÁVIA — Já, pai? Que cedo!
JULIANO — Seu pai trabalha Otávia. Se eu não trabalhar, quem aqui
trabalha?
VICENZO — O senhor ainda é novo, tem a vida toda pela frente.
Descansa aí velho.
JULIANO — Não vai dar mesmo, Vicenzo. Tô indo.
JULIANO VAI SAIR, MAS HELENA ENTRA COM UMA BOLSA, TIPO DE FEIRA
BEM GRANDE.
HELENA — (p/ Juliano) Aonde você vai?
JULIANO — Dormir.
OLHA PARA A SACOLA.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 15

JULIANO — O que é isso aí?


HELENA — (ri) Uma surpresa para vocês.
VICENZO E OTÁVIA ESTRANHAM. JULIANO PERMANECE ALI, INTRIGADO.
HELENA VAI ATÉ A MESINHA DE CENTRO E VAI TIRANDO DA SACOLA
VÁRIAS BEBIDAS: VODKA, CONHAQUE E OUTROS TIPOS.
OTÁVIA — Quê isso, mãe? Vai traficar bebida alcoólica agora é?
HELENA — (enquanto tira) Não minha filha. Esta tarde eu com a ajuda
da empregada peguei todas as bebidas dessa casa, fiz uma
limpa.
JULIANO — Porque isso Helena?
HELENA — (levanta firme) Estou cumprindo a minha promessa. Estas
bebidas vão para a lata de lixo agora. Estou mostrando a
vocês, comprovando a minha palavra. Não vou mais beber
nada, como eu disse.
HELENA SORRI. VICENZO RETRIBUI APOIANDO A MÃE. JULIANO E
OTÁVIA SE OLHAM MEIO DESCRENTES.
CORTA PARA:

CENA 15. APARTAMENTO DE MARINA. QUARTO DO CASAL.


INTERIOR. NOITE
MARINA DEITADA NA CAMA. PENSAMENTO DISTANTE, ENQUANTO
FOLHEIA UM LIVRO. FREDERICO SAI ENROLADO EM UMA TOALHA, DO
BANHO. VAI PARA O CLOSET. MARINA CONTINUA AÉREA. ALGUNS
SEGUNDOS DEPOIS E FREDERICO VOLTA SÓ DE CUECA. DEITA-SE NA
CAMA COM MARINA.
FREDERICO — O que foi meu amor? Você tá distante.
MARINA — Não é nada, Fred.
MARINA DEITA E SE VIRA CONTRA O MARIDO.
FREDERICO — É mentira. Eu sei que aconteceu alguma coisa. Você não é
de se deixar abater assim por pouca coisa. (pausa) Tá assim
desde aquela hora que saiu sem dizer para onde ia. O que está
acontecendo, Marina?
MARINA SE VIRA PARA ELE E SENTA NA CAMA.
MARINA — Pois bem, eu vou te contar tudo o que está acontecendo.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 16

FREDERICO CONCORDA. MARINA PASSA A MÃO PELOS CABELOS,


NERVOSA.
MARINA — Como você sabe, eu não nasci aqui em Porto Alegre, eu
nasci em São Paulo.
FREDERICO — Sim, estou cansado de saber.
MARINA — (continua) E que eu vim para cá quase obrigada pela
minha mãe. Então, quando eu morava lá eu tinha duas
amigas, nós não desgrudávamos por nada. (pausa) Hoje elas
apareceram aqui em casa afim de “reviver os velhos tempos”.
FREDERICO — Elas vieram de São Paulo só para te ver? E porque eu não
as vi aqui em casa?
MARINA — (suspira) Porque eu as dispensei só que depois eu acabei
me arrependendo e fui ao hotel que elas estão hospedadas.
FREDERICO — Porque isso?
MARINA — Sei lá, Fred, sei lá... Alguma forma de me vingar, de
reviver algo, não sei. Uma delas me magoou muito no
passado, eu fui lá de certa forma acertar as contas com as
duas.
FREDERICO — E...?
MARINA — Nós brigamos e eu levei um baita tabefe na cara.
FREDERICO — (chocado) Como é?
MARINA — Isso mesmo. A Clarice, uma delas, me deu um tapa no
rosto. (pausa) Mas depois de ter lavado a alma, eu não
consigo parar de pensar nelas, no encontro e... Eu fiquei
mexida com isso tudo.
FREDERICO — Isso é bom ou ruim?
MARINA — Para quem?
FREDERICO — Oras... Pra você, pra mim, pra nós, para a sua candidatura!
MARINA NÃO SABE O QUE DIZER.
MARINA — Não sei Frederico. Oras, não sei se isso é bom ou ruim
para ninguém.
FREDERICO ACARICIA O ROSTO DA ESPOSA.
FREDERICO — Olha para mim, meu amor. Você não pode fraquejar
agora. Não seja fraca e deixe-se levar por essas velhas
amigas, não vá deixar todos os seus planos de lado.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 17

MARINA — Quem disse que eu vou deixar alguma coisa por causa
daquelas... Por elas?!
FREDERICO ABRAÇA MARINA.
FREDERICO — Melhor assim, Marina. Melhor assim.
FREDERICO PREOCUPADO, MAS AMBICIOSO, TENTA CONTROLAR A
ESPOSA. EM UMA MARINA CHEIA DE DÚVIDAS.
FUNDE PARA:

CENA 16. SÃO PAULO. EXTERIOR. DIA


VEMOS A NOITE PAULISTA, DEPOIS O AMANHECER NA CIDADE DE SÃO
PAULO. ROLA SONOPLASTIA: “TUDO VIRA BOSTA” – RITA LEE. TAKES
DOS MAIS VARIADOS, DA PRAÇA DA REPÚBLICA À AVENIDA PAULISTA
MOVIMENTADA.
CORTA PARA:

CENA 17. ONG MENINAS DO BRASIL. PÁTIO. EXTERIOR. MANHÃ


ROBERTA ANDA PELO PÁTIO, ENQUANTO ROLA SONOPLASTIA. TELMA
QUE ESTÁ COM AS CRIANÇAS, É CHAMADA POR UM SINAL DE FABIANA.
TELMA VÊ ROBERTA E FAZ SINAL PARA FABIANA. SORRI, FAZ O SINAL
DA CRUZ E VAI EM DIREÇÃO Á ELA.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 18. ONG MENINAS DO BRASIL. SALA DE ROBERTA E


CLARICE. INTERIOR. MANHÃ
ROBERTA ENTRA NA SALA, LIGA O INTERRUPTOR DE LUZ E VAI ABRIR AS
CORTINAS DA SALA. ALGUÉM BATE NA PORTA. ENCERRA MÚSICA.
ROBERTA — Entra Fabiana.
FABIANA ENTRA COM TELMA. ROBERTA AS OLHA.
FABIANA — Como sabia que era eu?
ROBERTA — De manhã para falar de problemas... (ri) Brincando, fala.
FABIANA — Roberta, ontem esta moça chegou aqui na nossa ONG e
me contou a história de vida dela.
TELMA — (cumprimenta) Telma.
ROBERTA — (sorri) Prazer, Roberta.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 18

FABIANA — Ela pediu um lugar para dormir e para contribuir com a


nossa causa. Eu acolhi, não vi nada demais, mas disse que só
você e a Clarice podiam dar o aval definitivo.
ROBERTA — Telma é isso? (pausa p/ concordância) Então, Telma,
como você deve saber a nossa instituição não visa lucros.
Você não terá um salário aqui.
TELMA — Eu não estou interessada em salário, dona Roberta. Eu só
quero encontrar a minha filha.
ROBERTA — (tocada) Me desculpe. Bom, sendo assim é claro que você
pode ficar. A Fabiana já te colocou em um dormitório?
TELMA — Já sim senhora.
ROBERTA — Vamos parar com isso de senhora, me chame só de
Roberta (ri). É sempre bem-vinda alguém que queira
compartilhar conosco a sua vida.
ROBERTA ESTICA O BRAÇO PARA CUMPRIMENTAR.
ROBERTA — Seja bem-vinda.
TELMA APERTA A MÃO DE ROBERTA. AS DUAS RIEM. SOBE SONOPLASTIA
ANTERIOR. FADE-OUT.
CORTA RAPIDAMENTE PARA:

CENA 19. SÃO PAULO. EXTERIOR. NOITE


FADE-IN. NOVAMENTE MAIS UM STOCK-SHOTS DA CIDADE DURANTE A
NOITE COM A MESMA SONOPLASTIA ANTERIOR. ENTRA LEGENDA: DIAS
DEPOIS.
CORTA PARA:

CENA 20. SÃO PAULO. COLÉGIO. FRENTE. EXTERIOR. NOITE


UMA MÚSICA JOVEM INVADE A CENA E É MOSTRADA A FACHADA DO
GRANDIOSO COLÉGIO ONDE MARCELA ESTUDA. MUITO MOVIMENTO NA
FRENTE DA INSTITUIÇÃO. CARROS E PESSOAS, NA SUA MAIORIA JOVENS
E SEUS PAIS.
FUNDE PARA:

CENA 21. COLÉGIO. ANFITEATRO. INTERIOR. NOITE


MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 19

ABRIMOS NA MOVIMENTAÇÃO DE PAIS E FAMILIARES SE ARRUMANDO


NA PLATÉIA. NO PALCO, OS ÚLTIMOS AJUSTES DE ILUMINAÇÃO PARA A
FORMATURA. A MESA COM OS DIPLOMAS ALI NO CANTO DO PALCO.
ALGUNS PROFESSORES CIRCULAM. ENTRA SONOPLASTIA: “NO WAY” –
LADY GAGA. OS FORMANDOS COMEÇAM A ADENTRAR A PASSARELA
QUE DÁ DIRETAMENTE NO PALCO. BELOS JOVENS, ENTRE ELES ESTÁ
MARCELA, SORRIDENTE. ACENA PARA OS PAIS, LAURO E CLARICE,
EMOCIONADOS NA PLATÉIA. TAMBÉM ESTÃO EM OUTRAS POLTRONAS:
TEREZA E BRUNO, ROBERTA JUNTAMENTE A DOROTÉIA, VICENZO,
OTÁVIA E ELIANA, POR FIM HELENA E JULIANO. TODOS APLAUDEM A
ENTRADA DOS FORMANDOS. CORTES DESCONTÍNUOS DA CERIMÔNIA. O
PARANINFO DA TURMA FALA EM OFF, ALGUNS PROFESSORES
DISCURSAM. CORTA PARA O DISCURSO NARRADO POR MARCELA, QUASE
NO FIM.
MARCELA —Não temos medo do que virá, só sabemos que virá... E que
seja bem-vindo! Parabéns a todos nós aqui presentes por
fazerem parte desse Brasil, da nossa educação.
MARCELA SORRI TRIUNFANTE. TODOS APLAUDEM DE PÉ. CLOSES
ALTERNADOS DE TODOS. SOBE A MESMA MÚSICA. CORTES
DESCONTÍNUOS DA ENTREGA DOS DIPLOMAS. UM ALUNO ENTREGA UMA
BUQUÊ DE FLORES PARA A MADRINHA DA TURMA. OUTRA ALUNA
PRESENTEIA O PARANINFO COM ALGO. CORTA PARA O FINAL DA
FORMATURA, COM OS FORMANDOS CADA QUAL COM SUA FAMÍLIA.
MARCELA SENDO ABRAÇADA PELOS FAMILIARES. COMEMORA COM
ALGUNS AMIGOS. A CAM PEGANDO POR CIMA TODA A FESTA NO
ANFITEATRO.
CORTA PARA:

CENA 22. SÃO PAULO. CLUBE. EXTERIOR. NOITE


EM UM CLUBE FORA DA ESCOLA, ACONTECE A FESTA DE FORMATURA
DE MARCELA. ROLA UMA SONOPLASTIA DANÇANTE. JOVENS NO MEIO
DO SALÃO COMEMORAM, DANÇAM E NAMORAM. MARCELA ENTRE
ENTRES, BEIJANDO ALGUM MENINO ENQUANTO DANÇA. EM ALGUMAS
MESAS EM VOLTA, OS FAMILIARES CONVERSAM, COMEM ALGO. EM UMA
DAS MESAS ESTÃO: LAURO E CLARICE. THÉO E ZENILDA SE APROXIMAM
DELES.
CLARICE — Oi mamãe, pensei que não viesse.
ZENILDA — Pela demora do Théo, quase que eu não venho mesmo.
Parece uma noiva para se arrumar.
MENINAS DO BRASIL CAPÍTULO 07 PÁG.: 20

THÉO — Olha isso, Lauro. As mulheres que demoram em se retocar


e eu que sou o culpado.
LAURO — (ri) Liga não, elas são todas iguais.
CLARICE — Odeio essa cumplicidade masculina.
ZENILDA — (procurando) Cadê minha neta?
CLARICE — No meio dos jovens dançando, mamãe. Onde mais?
THÉO — E porque você e o Lauro não estão dançando com eles?
CLARICE — (ri) A idade chega não é Théo?!
LAURO — Só se for pra você. Eu estou inteiro para desbancar
qualquer pivete nessa pista de dança.
TODOS RIEM. CORTA PARA A MESA DE HELENA. ELA CONVERSA COM
OTÁVIA EM OFF. JULIANO NÃO ESTÁ NA MESA E SIM DE PÉ OLHANDO OS
JOVENS COM UMA TAÇA DE CHAMPANHE NA MÃO. ELIANA CHEGA
SORRATEIRA POR TRÁS DELE, TAMBÉM COM UMA TAÇA.
ELIANA — Gostando da festa sogrinho?
JULIANO — (sorri) Nem vi você chegar.
ELIANA — Eu me aproximo assim mesmo, de mansinho...
JULIANO — De mansinho para dar o bote?
ELIANA — (ri) Mais ou menos isso. Você gosta de mulheres que
chegam de mansinho e dão um bote certeiro ou prefere
aquelas mais “atiradas”?
JULIANO ENCARA ELIANA E SORRI SEDUTOR.
JULIANO — Mulher é boa de qualquer maneira. (pausa) E eu gosto de
todas!
VICENZO SE APROXIMA DELES. CAM PEGAR ELIANA E JULIANO DE
PERFIL. VICENZO NO MEIO DELES. NO TRIO. CONGELA
CORTA PARA:

EFEITO FINAL: OS PERSONAGENS EM QUESTÃO FICAM CINZA,


ENQUANTO O PLANO DE FUNDO É PREENCHIDO COM AS CORES DA
BANDEIRA DO BRASIL.

FIM DO CAPÍTULO 07

Créditos sobem ao som de: “Tudo Vira Bosta – Rita Lee”.

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