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DIREITO DAS

SOCIEDADES COMERCIAIS
2012

ARMANDO TRIUNFANTE

Assistente na Universidade Católica


Mestre em Direito Comercial
CERTIFICADO DE ADMISSIBILIDADE DE FIRMA

• PRESENCIALMENTE (próprio, advogado, notário ou solicitador) DE FORMA


VERBAL
• REQUERIMENTO POR ESCRITO
• ATRAVÉS DE SÍTIO NA INTERNET
• POR CORREIO EM FORMULÁRIO PRÓPRIO

• Informação sobre a viabilidade da firma (art. 47.º) – já não é permitida qualquer


reserva por 48 horas (foi revogado o anterior art. 48.º)

• Data e hora no pedido de certificado para estabelecer prioridade (art. 50.º)

• O CERTIFICADO DE ADMISSIBILIDADE DE FIRMA tem validade de 3 meses e não


pode ser revalidado nenhuma vez (art. 53.º). Apenas é disponibilizado de forma
electronica (art. 51.º n. 1)
FIRMA OU DENOMINAÇÃO

• FIRMA-NOME – nome dos sócios


• FIRMA-DENOMINAÇÃO – siglas, expressões de fantasia, normalmente relacionadas com o
objecto social
• MISTA

• VERDADE (art. 31.º RRNPC) – não induzir em erro sobre identificação, natureza, actividade,
caracterização jurídica do titular
-- não podem sugerir actividade diferente do objecto social

• LICITUDE – impedidas: expressões proibidas por lei, contra a moral ou bons costumes;
expressões incompatíveis com liberdade política, religiosa, ideológica; vocábulos de uso corrente
topónimos (arts. 32.º e 33.º RRNPC e 10.º CSC)

• EXCLUSIVIDADE – não pode haver confusão com outras firmas, estabelecimentos e marcas já
existentes (arts. 33.º e 35.º RRNPC e art. 10 CSC)
– exclusividade em todo o território nacional para as sociedades (art. 37.º n. 2
RRNPC)
TUTELA DA FIRMA

• PREVENTIVO – certificado de admissibilidade de firma (mera presunção


de exclusividade (art. 35.º n. 2 RRNPC)

• REPRESSIVO – declaração de nulidade, anulação ou revogação por


declaração judicial (art. 35.º n. 4 RRNPC)

– perda do direito de uso, a decidir pelo RNPC (art. 60.º


RRNPC)

– o uso ilegal de firma pode originar pedido de proibição,


indemnização por danos e possível responsabilidade criminal (art. 62.º
RRNPC)
CONTRATO DE SOCIEDADE

• ART. 7.º CSC – “O contrato de sociedade deve ser reduzido a escrito e as


assinaturas dos seus subscritores devem ser reconhecidas
presencialmente, salvo se forma mais solene for exigida para a transmissão
dos bens com que os sócios entram para a sociedade, devendo, neste
caso, o contrato revestir essa forma, sem prejuízo do disposto em lei
especial” = art. 80.º n. 2, al. c) Cod. Notariado

• Pode ser seguido um formalismo mais intenso se essa for a vontade dos
sócios

• O reconhecimento das assinaturas pode ser efectuado por: advogados,


notários, solicitadores, câmaras de comércio e industria, conservadores e
oficiais de registo – art. 38.º n. 1 DL 76-A/2006, de 29 de Março.
REGISTO

• O registo é obrigatório e é feito por transcrição – art. 3.º n. 1, al. a) e


15.º n. 1, 53.º-A n. 5 (a contrario) CRCom

• Prazo de 2 meses – art. 15.º n. 2 CRCom

• Registo constitutivo, pois atribui personalidade jurídica à sociedade


– art. 5.º CSC

• A partir de 1 de Janeiro de 2007 estão revogadas as competências


territoriais das conservatórias de registo comercial
PUBLICAÇÕES
• A publicação da constituição de sociedade é obrigatória [art. 166.º CSC e
art. 70.º n. 1, al. a) CRCom]

• As publicações são feitas oficiosamente e imediatamente pela


conservatória (art. 71.º CRCom)

• As publicações são feitas a expensas da sociedade (art. 167.º n. 1 CSC)

• As publicações são efectuadas em sítio da Internet de acesso público,


regulado por portaria do Ministério da Justiça (art. 167.º CSC)

• Portaria n. 590-A/2005, de 14 de Julho

• www.mj.gov.pt/publicacoes
REGISTO PRÉVIO

• Quando não haja entradas em espécie ou aquisições de bens pela


sociedade (art. 18.º n. 1 CSC)

• Quando não seja uma sociedade anónima com apelo subscrição


pública (art. 18.º n. 4 CSC)

• É previamente registado um projecto completo de contrato de


sociedade (art. 18.º n. 1 in fine CSC)

• O registo prévio é provisório por natureza [art. 64.º n. 1, al. a)


CRCom]

• Caduca se não for convertido em registo definitivo no prazo de um


ano (art. 65.º n. 1 CRCom)
REGISTO PRÉVIO

• O contrato de sociedade deve ser redigido nos precisos termos do


projecto previamente registado (art. 18.º n 2 CSC)

• Após celebração do contrato de sociedade, deve ser registado no


prazo de 15 dias (art. 18.º n. 3 CSC)

• Vantagens: reduz em grande percentagem a possibilidade de


recusa de registo definitivo; reduz o tempo de paralisação do
dinheiro das entradas nas contas bancárias (só se podem, em
regra, mexer após registo definitivo – arts. 202.º n. 3 e 277.º n. 3
CSC)
SOCIEDADES ANÓNIMAS COM APELO A
SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
• Nos termos do art. 279.º n. 1, este tipo de processo pode ser implementado
por um ou mais promotores.

• PROMOTORES - PROJECTO COMPLETO DE CONTRATO DE


SOCIEDADE (art. 279.º n. 3 CSC)

• PROMOTORES - REGISTO PROVISÓRIO [provisório por natureza – art.


64.º n. 1, al. c) CRCom – caduca num ano se não convertido em definitivo –
art. 65.º n. 1 CRCom], não se confunde com o registo prévio do art. 18.º

• PROMOTORES - PROGRAMA DE OFERTA DE ACÇÕES DESTINADAS


À SUBSCRIÇÃO PÚBLICA (art. 279.º n. 5 e n. 6 CSC)

• As acções subscritas pelos promotores devem, pelo menos, somar o


capital mínimo exigido por lei para as sociedades anónimas (50.000 Euros
– art. 276.º n. 3 CSC); essas acções não podem ser alienadas durante dois
anos a contar do registo definitivo da sociedade (art. 279.º n. 2 CSC)
SOCIEDADES ANÓNIMAS COM APELO A
SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
• Este tipo de constituição de sociedade configura uma oferta pública
nos termos do art. 109.º CVM.

• Esta oferta pública de subscrição está sujeita a aprovação e registo


junto da CMVM (art. 168.º CVM).

• Devem ser apresentados certos documentos:


Identificação dos promotores
Documento comprovativo da subscrição do capital mínimo pelos
promotores (única vez onde este comprovativo é realmente exigido)
Cópia do projecto do contrato de sociedade
Certidão do registo comercial provisório
Documentos do art. 115.º CVM
SOCIEDADES ANÓNIMAS COM APELO A
SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
• Os promotores devem durante todo o processo de oferta pública ter
assistência de um intermediário financeiro (art. 337.º CVM)

• Com o mesmo ou com outro intermediário financeiro deve ser


celebrado um destes contratos:

• Contrato de colocação simples: o intermediário faz o melhor que


puder para colocar os valores mobiliários (art. 338.º CVM)

• Contrato de colocação com garantia: o intermediário obriga-se a


adquirir para si ou para outrem os valores que não tenham sido
subscritos (art. 340.º CVM)

• Contrato de tomada firme: o intermediário financeiro adquire para si


os valores mobiliários e obriga-se a colocá-los por sua conta e risco
tal como acordado com o emitente (art. 339.º CVM)
SOCIEDADES ANÓNIMAS COM APELO A
SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
• Subscrição completa - pode seguir o processo

• Subscrição incompleta - só seguirá o processo se reunidos três requisitos


cumulativos: essa possibilidade estar prevista no programa de oferta de acções;
subscrição de, pelo menos três quartos das acções destinadas ao público;
deliberação na assembleia constitutiva pela constituição da sociedade (art. 280.º n. 3
CSC) – excepção à regra geral do art. 165.º CVM

• ASSEMBLEIA CONSTITUTIVA - REUNIÃO DE PROMOTORES E


SUBSCRITORES: CADA SÓCIO TEM UM VOTO E SÓ POR VOTAÇÃO UNÂNIME
É POSSIVEL ALTERAR O CONTRATO DE SOCIEDADE (art. 281.º n. 4 e art. 281.º
n. 8 CSC)

• 2 PROMOTORES (se não for apenas 1) E SUBSCRITORES QUE ENTREM COM


BENS EM ESPÉCIE – CELEBRAÇÃO DO CONTRATO DE SOCIEDADE (art. 283.º
CSC)

• CONVERSÃO DO REGISTO PROVISÓRIO EM REGISTO DEFINITIVO

• PUBLICAÇÕES
SOCIEDADES ANÓNIMAS COM APELO A
SUBSCRIÇÃO PÚBLICA
• Os promotores têm algumas responsabilidades com
este processo. Devem nomeadamente assumir os seus
custos se a sociedade não vier a ser constituída (art.
280.º n. 4 CSC).

• Em contrapartida podem ser previstas “vantagens do


fundador”, dentro dos limites previstos na lei: não podem
corresponder a mais de um décimo dos lucros de
exercício durante o máximo de 5 anos (ou um terço da
duração da sociedade se for inferior) – art. 279.º n. 8.
estas vantagens devem estar no contrato de sociedade
(art. 16.º CSC) e no projecto submetido à oferta pública
[art. 279.º n. 6, al. b) CSC].
EMPRESA NA HORA
DL n. 111/2005, de 8 de Julho
EMPRESA NA HORA
DL n. 111/2005, de 8 de Julho

• Não é aplicável às sociedades anónimas europeias (art. 2.º). O impedimento às


sociedades cuja constituição dependa de autorização especial e às sociedades cujo
capital seja realizado com recurso a entradas em espécie foi retirado pelo DL n. 247-
B/2008, de 30 de Dezembro.

• Só se aplica a sociedades comerciais e civis sob forma comercial do tipo por quotas
e anónima (art. 1.º)

• O procedimento em causa pode ser efectuado nas conservatórias do registo


comercial ou no posto de atendimento de registo comercial junto dos CEF (centro de
formalidades de empresas) (art. 4.º) – genericamente designados por “postos de
atendimento empresa na hora”. Se entrada em espécie só alguns dos serviços
admitem essa possibilidade.

• O procedimento deve ser iniciado e finalizado no mesmo dia (art. 5.º), a não
conclusão neste prazo determina a caducidade do direito ao uso da firma (art. 11.º)
EMPRESA NA HORA
DL n. 111/2005, de 8 de Julho
• Deve ser escolhida uma firma:
- uma da lista de firmas de fantasia criadas e reservadas a favor do Estado (com ou sem
marca previamente registada em favor do Estado) – acrescenta-se a terminação legal e pode ser
acrescentada uma referência ao objecto da sociedade [art. 3.º, al. a) e art. 10.º]
- certificado de admissibilidade de firma emitido pelo RNPC [art. 3.º, al. a), na redacção
introduzida pelo DL n. 125/2006, de 29 de Junho]
- aprovação da firma no posto de atendimento (novidade introduzida pelo DL n. 247-
B/2008, de 30 de Dezembro).

• Deve ser escolhido um modelo de pacto aprovado pelo Director-Geral dos Registos e Notariado
[art. 3.º, al. b)]: dois modelos de SQ; um modelo de SQU; dois modelos de SA.

• Se entradas em espécie é preciso marcação prévia (por via electrónica, telefone ou ao balcão –
art. 2 da Portaria 3/2009, de 2 de Janeiro), para realização do negócio jurídico (art. 4.º-A), mas no
prazo máximo de cinco dias úteis (art. 3 da referida Portaria) e só se o bem estiver
definitivamente registado a favor do futuro sócio [art. 3.º n. 1, al. b)]. Se bens imóveis são
precisos ainda os documentos do art. 7.º n. 4 (ex. situação matricial, licença de utilização ou
construção conforme os casos, ficha técnica do prédio, etc.)
EMPRESA NA HORA
DL n. 111/2005, de 8 de Julho
• Documentos comprovativos de identidade (BI e cartão de contribuinte) e
poderes de representação para o acto (também autorizações especiais se
for o caso).

• Se as entradas em dinheiro ainda não tiverem sido efectuadas devem os


sócios declarar, sob compromisso de honra, no próprio pacto da sociedade,
de que o farão no prazo de 5 dias úteis – art. 7.º n. 2). Se entradas em
espécie deve apresentar-se relatório de ROC independente (art. 7.º n. 3 e
28.º)

• Declaração para início de actividade, com assinatura e aposição de vinheta


por um TOC ou então é escolhido um TOC da Bolsa respectiva (em
alternativa, os interessados são advertidos de que têm um prazo de 15 dias
para entregar aquela declaração na Repartição de Finanças).

• Se se tratar de um sociedade anónima deve também ser apresentada a


declaração de aceitação do ROC (efectivo e suplente)
EMPRESA NA HORA
DL n. 111/2005, de 8 de Julho
• VERIFICAÇÃO DAS IDENTIDADES

• COBRANÇA DOS ENCARGOS (sensivelmente 360 €, imposto de selo 0,4% do capital)

• LIQUIDAÇÃO DE IMT OU DE OUTROS IMPOSTOS QUE SE MOSTREM DEVIDOS

• AFECTAÇÃO DA FIRMA ESCOLHIDA (e do NIPC associado à firma)

• PREENCHIMENTO DO PACTO CONSTITUTIVO POR DOCUMENTO PARTICULAR

• RECONHECIMENTO PRESENCIAL DAS ASSINATURAS

• REGISTO DO CONTRATO DE SOCIEDADE E DE OUTROS FACTOS SUJEITOS A REGISTO (comercial,


predial, de veículos, etc)

• INSCRIÇÃO NO FCPC

• DISPONIBILIZAÇÃO DO CÓDIGO PARA CARTÃO ELECTRÓNICO E COMIUNICAÇÃO DO NÚMERO DA


SOCIEDADE NA SEGURANÇA SOCIAL

• COMPLEMENTO DA DECLARAÇÃO DE INÍCIO DE ACTIVIDADE (eventual)


EMPRESA NA HORA
DL n. 111/2005, de 8 de Julho
• Documentos a entregar à sociedade:
- certidão do pacto e do registo do pacto;
- recibo comprovativo do pagamento dos encargos devidos;
- códigos de acesso à certidão permanente e ao cartão electrónico
(que depois recebe fisicamente);
- documento comprovativo de aquisição do registo da marca, em
modelo aprovado pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (se for
esse o caso).

• O serviço competente no prazo de 24 horas:


- promove as publicações legais;
- remete a declaração de início de actividade ao serviço fiscal
competente;
- trata da comunicação do início de actividade à Inspecção-Geral do
Trabalho e da inscrição oficiosa nos serviços da Segurança Social;
CONSTITUÇÃO DE SOCIEDADES
ON-LINE

DL n. 125/2006, de 29 de Junho
CONSTITUÇÃO DE SOCIEDADES
ON-LINE
DL n. 125/2006, de 29 de Junho
• Não é aplicável às sociedades cujo capital seja realizado com recurso a entradas em
espécie em que, para a transmissão dos bens, seja exigida forma mais solene do
que a forma escrita; também não é aplicável às sociedades anónimas europeias (art.
2.º)

• Só se aplica a sociedades comerciais e civis sob forma comercial do tipo por quotas
e anónima (art. 1.º)

• A competência é do RNPC, independentemente da sede da sociedade a constituir


(art. 3.º)

• A constituição faz-se através do sítio www.empresaonline.pt, mantido pela Direcção-


Geral dos Registos e Notariado (art. 2 da portaria n. 657-C/2006, de 29 de Junho)

• Os interessados têm de ter assinatura electrónica (neste momento apenas


advogados, solicitadores e notários porque têm certificados digitais, que constam na
lista própria da Ordem respectiva – as pessoas individuais devem esperar que lhe
seja facultada essa possibilidade com o novo cartão de cidadão)
CONSTITUÇÃO DE SOCIEDADES
ON-LINE
DL n. 125/2006, de 29 de Junho
• Firma:
- escolha da lista de firmas (associada ou não a uma transmissão de
marca previamente registada a favor do Estado – DL 318/2007, de 26/09 –
pode ser acrescentada uma referência ao objecto da sociedade e deve ser
acrescentada a terminação legal)
- verificação de admissibilidade e obtenção de firma, nos termos do
art. 50.º-A RRNPC (deve ser apreciado no prazo máximo de um dia útil –
art. 6.º n. 3, na redacção do DL n. 247.º-B/2008, de 30 de Dezembro)
- certificado de admissibilidade de firma

• Pacto de sociedade:
- escolha de um modelo pré-fixado aprovado pelo Director-Geral dos
Registos e Notariado (caso em que o serviço competente deve tratar de
todas as formalidades imediatamente)
- envio de pacto elaborado pelos sócios (caso em que os serviços
dispõem de 2 dias para apreciar a licitude das respectivas disposições)
CONSTITUÇÃO DE SOCIEDADES
ON-LINE
DL n. 125/2006, de 29 de Junho
• Preenchimento electrónico dos dados necessários à declaração para início
de actividade

• Se ainda não tiver sido efectuado, os sócios devem declarar, sob sua
responsabilidade de que procederão ao depósito das entradas em dinheiro
no prazo de 5 dias úteis [art. 6.º n. 1, al. e)]

• No caso de entradas em bens, é ainda devido o relatório do ROC, previsto


pelo art. 28.º CSC.
CONSTITUÇÃO DE SOCIEDADES
ON-LINE
DL n. 125/2006, de 29 de Junho
• Confirmação por mensagem electrónica do pedido de constituição de
sociedade

• Registo do pacto constitutivo

• Inscrição no FCPC

• Emissão e envio do cartão de identificação

• Disponibilização de prova gratuita do registo da constituição, nos termos do


art. 75.º CRCom

• Promoção das publicações legais


CONTRATO DE SOCIEDADE

REQUISITOS DE CELEBRAÇÃO
PARTES

• Mínimo 2 sócios (art. 7.º n. 2 CSC)


• Sociedades unipessoais: SUQ (270.º-A CSC); SA (488.º CSC) – neste último caso
constitui-se uma relação de grupo por domínio total e a sociedade que exerce o
domínio só pode ser outra SA, uma SQ ou uma SCA (481.º n. 1 CSC).
• SA – 5 accionistas, excepto quando o Estado ou entidade equiparada detenha a
maioria do capital, podendo ter apenas 2 accionistas (art. 273.º CSC)
• SCA – pelo menos 5 sócios comanditários e um sócio comanditado (479.º CSC)

• Se a sociedade não cumprir o número mínimo de dois sócios, o respectivo contrato é


nulo [42.º n. 1, al. a) CSC], vício não sanável. Declarada a nulidade a sociedade
entra em liquidação
• Se a sociedade tiver pelo menos 2 sócios, mas ainda assim não respeitar o número
de sócios exigido por lei, parece que apenas haverá causa de dissolução se passado
um ano a situação não estiver corrigida [142.º n. 1, al. a) CSC – a este prazo podem
ser acrescentados mais 30 dias prorrogáveis a 90 – art. 9 n.1 e n.2 RJPADLEC].
Alguns defendem a aplicação do art. 42.º, através da sua interpretação correctiva (o
que seria a solução mais justa e adequada).
PARTES

• PESSOAS COLECTIVAS

• SOCIEDADES: a participação em sociedades de responsabilidade


limitada com o mesmo objecto estatutário pode ser livremente
decidida pela órgão de administração (excepto cláusula diferente no
contrato); caso contrário só mediante autorização do contrato da
sociedade participante – art. 11.º n. 4 e n. 5 CSC

• DEMAIS PESSOAS COLECTIVAS: aplicam-se as regras gerais em


matéria de capacidade, nos termos das quais poderão participar
numa sociedade comercial se tal constituir um acto necessário ou
conveniente à prossecução dos seus fins (160 CC).
PARTES

• SÓCIOS INDIVIDUAIS COM CAPACIDADE DE GOZO E EXERCÍCIO

• Menores (arts. 122.º ss CC), interditos (arts. 138.º e ss CC) e inabilitados (arts. 152.º
ss CC) estão impedidos de participar em sociedades comerciais, excepto:

- quando a incapacidade seja suprida (poder paternal, tutor ou curador), mas


no caso de SNC, SCS ou SCA é necessária autorização do tribunal [1889.º n. 1, al.
d) CC] a obter no âmbito do processo especial de jurisdição voluntária previsto nos
artigos 1439.º ss CPC.

- entrada na sociedade com bens que tenham advindo ao património do


incapaz em virtude do seu trabalho (127.º CC – menor com 16 anos, este regime é
aplicável à interdição e inabilitação por força dos artigos 139.º e 156.º CC) – neste
caso o menor não pode ser sócio de responsabilidade ilimitada, e mesmo nos casos
de responsabilidade limitada não pode ter obrigações adicionais.

• A incapacidade é causa de invalidade relativamente ao incapaz, tendo direito a


reaver o que prestou (45.º n. 2, 46.º e 47.º CSC)
PARTES

• COMERCIANTES E NÃO COMERCIANTES (o Estado não pode ser comerciante,


nos termos do art. 17.º CCom, mas pode ser sócio de uma sociedade comercial)

• SÓCIOS CÔNJUGES PODEM PARTICIPAR EM SOCIEDADES DIFERENTES, MAS


SÓ PODEM PARTICIPAR NA MESMA SOCIEDADE SE SÓ UM DELES ASSUMIR
RESPONSABILIDADE ILIMITADA (independentemente do regime de bens que
vigore entre o casal – 8.º CSC).
CONTRATO DE SOCIEDADE

ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS
ART. 9.º CSC

a) IDENTIFICAÇÃO DAS PARTES

b) TIPO DE SOCIEDADE

c) FIRMA DA SOCIEDADE (também art. 10.º CSC)

d) OBJECTO DA SOCIEDADE (também art. 11.º CSC): O objecto não pode ser vago, deve estar
em língua portuguesa (11.º CSC). Podem ser previstas várias actividades, podendo depois os
sócios deliberar em AG qual o objecto efectivamente exercido (11.º n. 2 e n. 3 CSC). Em caso
de divergência prevalece o objecto estatutário sobre o objecto real.

e) SEDE: deve ser estabelecida em local concretamente definido (12.º CSC). A sede pode ser
alterada pelo órgão de administração dentro do território nacional (excepto cláusula diferente
no contrato de sociedade). Alterar a sede para o estrangeiro implica deliberação por, pelo
menos, 75% do capital, podendo os restantes exonerar-se no prazo de 60 dias (3.º n. 5 CSC).
ART. 9.º CSC

f) CAPITAL SOCIAL, salvo nas sociedades em nome colectivo em que todos os sócios
contribuam com a sua indústria (também 178.º n. 1 CSC). Capital mínimo para SA (276.º
CSC) e SQ (201.º CSC)

g) QUOTA DE CAPITAL E A NATUEZA DA ENTRADA DE CADA SÓCIO, BEM COMO OS


PAGAMENTOS EFECTUADOS POR CONTA DA MESMA: pode haver diferimento, quanto às
entradas em dinheiro, nas SA (por cinco anos, até 70% do valor nominal do capital subscrito,
não podendo ser diferido eventual prémio de emissão – 277.º e 285.º CSC) e nas SQ (por
cinco anos, para datas certas ou factos certos, até 100% do valor da entrada – 202.º e 203.º
CSC).

h) DESCRIÇÃO E ESPECIFICAÇÃO DAS ENTRADAS EM ESPÉCIE (deve ser objecto de um


relatório de um ROC sem interesses na sociedade, e por isso não pode assumir quaisquer
funções nessa sociedade durante um prazo de 2 anos – 28.º CSC)

i) DATA DE ENCERRAMENTO DE EXERCÍCIO ANUAL QUANDO ESTE NÃO COINCIDIR


COM O ANO CIVIL (mas o período de tributação para efeitos de IRC será normalmente o ano
civil, de acordo com o art. 8.º do Código de Imposto sobre o Rendimento de Pessoas
Colectivas)
ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS

• SNC (176.º CSC)

a) – espécie e caracterização e valor de cada entrada


b) – o valor atribuído à indústria, para efeitos de divisão de lucros e
perdas (salvo cláusula no contrato não respondem pelas perdas nas
relações externas – 178.º n. 2 CSC
c) – a parte do capital correspondente à entrada com bens de cada
sócio

• SQ (199.º)

a) – montante de cada quota e identificação de cada titular


b) – montante das entradas realizadas e das entradas diferidas
ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS

• SA (272.º)

a) – o número da acções e, se existir, o valor nominal (com a entrada em vigor


do DL n.º 49/2010, de 19 de Maio, as acções podem ter valor nominal ou valor de
emissão, embora cada sociedade só possa ter uma das modalidades – art. 276.º n.
2; se tiverem valor nominal, todas as acções da mesma emissão devem ter o mesmo
valor nominal, a partir de 1 cêntimo – 276.º n.º 4)

b) – as condições particulares a que fica sujeita a transmissão das acções


(consentimento da sociedade, preferência dos outros accionistas, submissão a
determinados requisitos que estejam de acordo com o interesse social, sempre
apenas para acções nominativas – 328 e 329.º CSC)

c) – as categorias de acções, com indicação do número de acções e dos


direitos envolvidos (os respectivos titulares reúnem-se em assembleia especial –
389.º CSC – não podem ser derrogados sem consentimento – 24.º n. 6 CSC – em
princípio apenas em direitos patrimoniais, com excepção do direito de voto)
ELEMENTOS OBRIGATÓRIOS

• SA (272.º)

d) – se as acções são nominativas e ao portador e as regras para eventual


conversão (sobre esta ver também as regras dos artigos 53.º e 54.º CVM;
presumem-se nominativas – art. 52.º n. 2 CVM)

e) – capital realizado e prazos para o capital diferido (277.º e 285.º CSC)

f) – autorização, se for dada, para a emissão de obrigações (348.º ss CSC)

g) – estrutura adoptada: conselho de administração e conselho fiscal; conselho


de administração compreendendo uma comissão de auditoria e ROC; conselho de
administração executivo, conselho geral e de supervisão e ROC (278.º CSC) – (o
conselho de administração pode ser substituído por administrador único no caso de
capital não superior a 200.000 €, de acordo com o 390.º n. 2 CSC, e o conselho
fiscal pode ser substituído por um ROC se essa for a vontade dos sócios expressa
no contrato, de acordo com o 413.º n. 1 CSC).
DIREITOS E DEVERES

DOS SÓCIOS
DIREITOS DOS SÓCIOS

• ART.º 21.º CSC - “Todo o sócio tem direito:

a) A quinhoar nos lucros;


b) A participar nas deliberações dos sócios, sem prejuízo das restrições previstas na lei;
c) A obter informações sobre a vida da sociedade, nos termos da lei e do contrato;
d) A ser designado para os órgãos de administração e de fiscalização da sociedade, nos
termos da lei e do contrato.”

• Trata-se de um elenco infeliz, sem explicação coerente sobre a escolha destas faculdades em
detrimento de outras.

• ART.º 55.º n. 3 CVM – “São direitos inerentes aos valores mobiliários, além de outros que
resultem do regime jurídico de cada tipo:

a) Os dividendos, os juros e outros rendimentos;


b) Os direitos de voto;
c) Os direitos à subscrição ou aquisição de valores mobiliários do mesmo ou de diferente
tipo.”
DIREITO AOS LUCROS

• DIREITO AOS LUCROS DE EXERCÍCIO

• DIREITO À QUOTA DE LIQUIDAÇÃO


DIREITO AOS LUCROS DE EXERCÍCIO

• ART. 22.º n. 1 CSC – No caso do contrato ser omisso cada sócio participará
proporcionalmente ao valor proporcional da respectiva participação (e não
relativamente ao valor de emissão que pode ser distinto, nomeadamente se houver
prémio de emissão).

• LUCRO DE EXERCÍCIO: acréscimo patrimonial que se verifica entre o início do


balanço social e o respectivo encerramento (balanço entre as receitas e despesas
registadas)

• LUCRO DISTRIBUÍVEL: resultados positivos da sociedade que, não tendo de ser


destinados à cobertura de prejuízos nem afectos às reservas legais ou estatutárias
possa ser distribuído sem prejudicar o capital social ou as reservas legais já
constituídas
DIREITO AOS LUCROS DE EXERCÍCIO

• ARTIGOS 217.º n. 1 e 294.º n. 1 CSC: estas duas normas impõem que se


distribua, pelo menos, metade dos lucros distribuíveis, salvo se, em
assembleia geral para o efeito convocada, for tomada deliberação por
maioria de três quartos do capital (este regime também pode ser objecto de
alteração por disposição contratual).

• Estas disposições dividem o lucro distribuível em duas parcelas de 50%:


uma delas não pode deixar de ser distribuída aos sócios a não ser que uma
deliberação por maioria qualificada (75% dos votos correspondentes ao
capital social) disponha diversamente; a outra parcela terá o destino que a
maioria dos sócios quiser, assim será distribuída ou não por maioria
absoluta simples
DIREITO AOS LUCROS DE EXERCÍCIO

• A liberdade contratual, nesta matéria, é significativa:

- pode, naturalmente, melhorar-se o direito aos lucros dos sócios.


Várias hipóteses podem ser configuradas: aumento da maioria qualificada
de 75 % (até à unanimidade, pelo menos nas SQ), aumento da parcela do
lucro que está submetida a este regime especial (até a totalidade do lucro
distribuível), etc.

- o direito aos lucros também pode ser prejudicado, mas respeitando


os limites impostos pelo art. 22.º n. 3 CSC que proíbe o pacto leonino [“é
nula a cláusula que exclui um sócio da comunhão nos lucros (…)”]. Deste
modo, será de aceitar a disposição no pacto da sociedade que regule esta
matéria, desde que não depaupere mais o direito individual do que: todo o
lucro distribuível estará dependente de deliberação maioritária.
DIREITO AOS LUCROS DE EXERCÍCIO

• LIMITES LEGAIS DA DISTRIBUIÇÃO DE BENS E LUCROS AOS SÓCIOS

• ART. 32.º CSC – “Não podem ser distribuídos bens da sociedade quando a situação
líquida desta (…) for inferior à soma do capital e das reservas que a lei ou o contrato
não permitam distribuir aos sócios ou se tornasse inferior a essa soma em
consequência da distribuição”

• São protegidas as reservas legais, quer especiais (295.º n. 2 CSC) quer obrigatórias
(217.º e 295.º n. 1 CSC), bem como as reservas estatutárias, porque o capital
constitui a garantia dos credores.

• ART. 33.º CSC – “Não podem ser distribuídos aos sócios os lucros de exercício que
sejam necessários para cobrir prejuízos transitados ou para formar ou reconstituir
reservas impostas por lei ou pelo contrato de sociedade”
DIREITO AOS LUCROS DE EXERCÍCIO

• ARTIGOS 218.º, 295.º e 296.º CSC (RESERVAS LEGAIS) - os artigos 295.º e 296.º
CSC são aplicáveis às SQ por remissão do art. 218.º n. 2 CSC.

- A reserva legal obrigatória constitui-se, gradualmente, à custa dos lucros de


exercício (5% todos os anos), até que represente a quinta parte (20%) do capital
social. A reserva legal de uma SQ, independentemente do seu capital nunca poderá
ser inferior a 2500€ (218.º n. 2 CSC).

- As reservas legais especiais são aquelas que são impostas por lei e se
destinam a assegurar a cobertura de determinadas aplicações da sociedade ou se
constituem através da existência de prémios de emissão.

• As reservas legais são indisponíveis e só podem ser empregues nas hipóteses do


art. 296.º CSC: aumentos de capital e cobertura de prejuízos
DIREITO AOS LUCROS DE EXERCÍCIO

• Nas sociedades anónimas (297.º CSC) é permitido, cumpridos determinados pressupostos,


antecipar a distribuição de lucros.

• Trata-se aqui da antecipação da distribuição de lucros que se esperam receber no final do


prejuízo (e não lucros já apurados mas não distribuídos).

• REQUISITOS:
- autorização no contrato de sociedade
- deliberação do órgão de administração
- consentimento do órgão com funções de fiscalização (conselho fiscal, comissão de
auditoria, conselho geral e de supervisão)
- balanço intercalar (máximo de 30 dias) que comprove ter a sociedade importâncias
disponíveis
- adiantamento máximo de 50% das importâncias distribuíveis
- um só adiantamento por cada exercício

• Nas SQ, na ausência da lei, não parece ser de admitir este adiantamento, nem por analogia, visto
que se tratada de uma norma excepcional (297.º CSC) relativamente à regra do 31.º CSC
DIREITO À QUOTA DE LIQUIDAÇÃO

• Trata-se de uma dimensão do direito aos lucros também tutelada pelo art.
21.º n. 1, al. a) CSC

• Esta dimensão também está fielmente retratada no art. 156.º n. 4 CSC (na
partilha do activo restante deve ser usado o critério de distribuição de
lucros

• Na quota de liquidação também podem existir direitos especiais (veja-se o


art. 302.º CSC, para as SA)
DIREITO A PARTICIPAR NAS DELIBERAÇÕES
DOS SÓCIOS
• Todo o sócio tem o direito a “participar nas deliberações dos sócios, sem prejuízo
das restrições previstas na lei” – art. 21.º n. 1, al. b) CSC

• A parte final do preceito exclui limitações contratuais que não estejam directamente
previstas na lei – serão nulas as cláusulas que ultrapassem estes limites

• DIREITO COMPOSTO: direito de participação: direito de intervenção; direito de voto


(inclui ainda o direito de informação exercido a propósito de uma assembleia geral)

• Normalmente estão relacionados entre si, mas têm autonomia, não apenas no seu
exercício concreto como até no tratamento que recebem nos estatutos: podemos ter
direito de voto sem participação (ex. voto por correspondência); ou participação sem
voto (ex. conflito de interesses)
DIREITO DE VOTO
REGRAS GERAIS

• Nas sociedades por quotas cada voto corresponde a 1 cêntimo de euro do


valor nominal de quota (250.º n. 1 CSC) – isto significa que cada sócio tem
pelo menos 10.000 Votos (na medida em que o valor mínimo admitido para
uma quota é de 100 € (219.º n. 3 CSC), e não podem haver sócios sem
direito de voto

• Nas sociedades anónimas cada acção atribui um direito de voto (384.º n.


1), embora possam haver excepções introduzidas pelo contrato

• Nas sociedades em nome colectivo cada sócio tem um voto,


independentemente do seu capital social, excepto se outra coisa for
referida no contrato (sem que se possa suprimir esse direito) – o sócio de
indústria tem sempre o mesmo número de votos que foram atribuídos ao
sócio de capital com menos votos (190.º CSC).
LIMITAÇÕES ESTATUTÁRIAS

• Nas sociedades anónimas são previstas 2 limitações no art. 384.º n. 2 CSC, a


introduzir no contrato de sociedade (se foram introduzidas em vida da sociedade
talvez se possa aplicar analogicamente o 86.º n. 2 CSC):

a) – “fazer corresponder um só voto a um certo número de acções, contanto


que sejam abrangidas todas as acções emitidas pela sociedade e fique cabendo um
voto, pelo menos, a cada €1000 de capital”
aplicável, sobretudo, às grandes sociedades anónimas para que a
AG se torne governável (é prudente limitar simultaneamente o direito de assistência,
de acordo com o 379.º n. 2 CSC)
limita indirectamente todas as faculdades que dependam do direito
de voto – ex. requerer a declaração de nulidade de deliberações do órgão de
administração pela AG ou pelo próprio conselho (412.º n. 1 CSC).
é possível, ainda assim, aos accionistas que não possuam acções
suficientes agruparem-se e fazer-se representar por um deles para exercer o direito
de voto (379.º n. 5 CSC)
LIMITAÇÕES ESTATUTÁRIAS

b) – “estabelecer que não sejam contados votos acima de um certo número,


quando emitidos por um só accionista, em nome próprio ou também como
representante de outro”
esta limitação pode ser estabelecida para todas as acções ou
apenas para uma ou mais categorias, mas não para accionistas determinados (384.º
n. 3 CSC)
a finalidade tradicional associada a esta disposição legal é a
protecção contra OPA hostil
apesar da proibição abranger o voto individual ou por representação,
existem mecanismos para dar a volta à mesma em que a lei não previu: ex. acordo
parassocial
compreende-se mal esta solução legal, atendendo a que ela
permite, indirectamente, a obtenção do mesmo resultado do voto plural que é
proibido nas sociedades anónimas (384.º n. 5 CSC)
VOTO DUPLO

• Nas sociedades anónimas é proibido o voto plural, excepto se já existiam


antes da entrada em vigor do CSC (384.º n. 5 e 531.º CSC) – não se proíbe
a atribuição de 2 ou 10 votos a uma acção, porque tal é permitido desde
que essa regra seja igual para todas as acções, não pode é haver
desproporção entre elas

• Nas sociedades por quotas será permitido nos termos da lei (250.º n. 2
CSC), ou seja desde que esteja previsto no contrato de sociedade como
direito especial, não ultrapasse os 2 votos por cêntimo e que, no total, não
correspondam a mais de 20% do capital – é admitido o voto duplo, mas não
o voto triplo ou mais
DIREITO DE ASSISTÊNCIA E
INTERVENÇÃO
• Tratam-se de dois direitos fundamentais também assegurados pelo art. 21.º e, nessa
medida, não poderão ser restringidos para além dos casos expressamente previstos
na lei.

• Nas sociedades por quotas, o direito de participação é completamente independente


do direito de voto, pois de acordo com o art. 248.º n. 5 CSC “nenhum sócio pode ser
privado, nem sequer por disposição do contrato, de participar na assembleia, ainda
que esteja impedido de votar”

• Nas sociedades anónimas também existe independência das duas faculdades


individuais, mas ela pode ser excluída por disposição contratual. Assim, apenas se o
contrato o prever pode ser limitada a participação dos accionistas em AG, desde que
se tratem de accionistas sem direito de voto (379.º n. 1 e n. 2 CSC).
DIREITO DE INFORMAÇÃO

• MODALIDADES:

- Consulta de elementos (inspecção dos meios sociais e obtenção de


informações, seja por escrito ou não);
- Informações inerentes à formação das deliberações sociais em AG;
- Inquérito judicial (normalmente quando o direito de informação não é
convenientemente satisfeito de acordo com a lei)

• SQ – o direito de informação pode ser regulamentado e até, com o respeito


por determinados requisitos, ser restringido; é atribuído a qualquer sócio
individual

• SA – parece existir menos liberdade para a autonomia estatutária;


normalmente é exigida uma determinada percentagem do capital (desde
que não se trate de uma das modalidades do direito de informação que
tenham a ver com a AG)
Conteúdo mínimo

• SQ (214.º): Qualquer sócio pode requerer informações sobre a gestão da sociedade


e pode consultar a respectiva escrituração, livros e documentos. A informação será
dada por escrito se tal for solicitado

• SA (288.º): estão disponíveis na sede da sociedade algumas informações e


documentos para qualquer accionista que possua acções correspondentes a, pelo
menos, 1% do capital social, desde que alegue motivo justificado (relatórios de
gestão e documentos de prestação de contas, documentos relativos às AG dos
últimos 3 anos, remunerações pagas aos membros dos órgãos sociais dos últimos 3
anos, remunerações pagas aos funcionários que melhor ganhem). Ao contrário do
que sucede na SQ é preciso motivo justificado (apresentar qual é, não basta apenas
dizer que existe) e não chega ter a qualidade de accionista.
INFORMAÇÕES NA E
PREPARATÓRIAS
DA AG
• SA (289.º): durante os 15 dias anteriores à data da AG devem ser prestadas
determinadas informações aos accionistas para preparar a AG, tal como deve ser
disponibilizada a consulta dos requerimentos de inclusão na ordem do dia. Estes
elementos devem ser enviados no prazo de 8 dias: através de carta aos titulares de,
pelo menos, 1% do capital que o requeiram; por correio electrónico a todos os
accionistas que o solicitem

• SA (290.º, aplicável às SQ por remissão do art. 214.º n. 7): no decurso da AG o


accionista pode requerer que lhe sejam prestadas informações que lhe permitam
formar opinião sobre os assuntos sujeitos a deliberação. Só poderão ser recusadas
se implicar a violação de segredo imposto por lei ou se puder causar grave prejuízo à
sociedade. Em caso de recusa injustificada a deliberação é anulada (290.º n. 3).
Parecem que podem ser pedidas mesmo por quem esteja impedido de votar, desde
que presente na AG.
DIREITO COLECTIVO À INFORMAÇÃO

• SA (291.º): Os accionistas que tenham acções correspondentes a, pelo


menos, 10% do capital social têm o direito de solicitar informações por
escrito sobre assuntos sociais, devendo os órgãos competentes responder-
lhes no prazo de 15 dias, só podendo ser recusada se causar prejuízo à
sociedade ou restantes accionistas ou quando ocasione violação do
segredo imposto por lei (no caso de ser invocado no pedido que se
pretende apurar a responsabilidade de membros do órgão de
administração, a informação só poderá ser recusada se, patentemente, não
for esse o fim visado pelo pedido)

• Este pedido tem de ser efectuado por escrito, embora não pareça ser
necessária qualquer fundamentação do mesmo

• Não se aplica às sociedades por quotas, visto que as informações


genéricas previstas no art. 214.º n. 1 já podem ser prestadas por escrito,
desde que os sócios o solicitem
INSPECÇÃO DE BENS SOCIAIS

• Nas SQ, e somente nestas, a lei atribui aos respectivos sócios o direito de
inspeccionar os bens sociais (214.º n. 5), o que deve ser feito
pessoalmente, embora o sócio se possa fazer acompanhar por um perito
(ROC, advogado, etc).

• Nas SA este direito não existe, o que comprova que nas SA o direito de
informação é mais restrito, mas nada impede que o mesmo seja
consagrado e regulamentado no contrato de sociedade (tal como parece
admitir o art. 21.º CSC)
EXERCÍCIO
DO DIREITO DE INFORMAÇÃO
• O direito de informação deve ser exercido em regra pessoalmente, podendo o sócio
fazer-se acompanhar de um perito (ROC, advogado ou outro) e obter cópias dos
elementos e documentos que considere importantes (o CSC remete para o art. 576.º
CC).

• Nas sociedades anónimas, no que ao direito mínimo à informação diz respeito (288.º
n. 3) existe ainda a possibilidade da consulta de documentos poder ser efectuada por
alguém que pudesse representar o accionista em AG (actualmente não existem
limites, porque o art. 380.º foi alterado)
PROTECÇÃO
DO DIREITO À INFORMAÇÃO
• Se a prestação de informação não for a exigida por lei, a deliberação que esteja por
isso inquinada será anulável [58.º n.1, al. c) e n. 4; 214.º n. 7; 290.º n. 3 CSC)

• Pode haver lugar a responsabilidade civil nos termos gerais (214.º n. 7, 291.º n. 6
CSC) e mesmo exclusão nas SQ (214.º n. 7 CSC)

• A deficiente informação gera responsabilidade penal para o respectivo autor (518.º e


519º. CSC)

• Por vezes a falta, insuficiência ou erro da informação pode permitir que se abra
Inquérito judicial à sociedade, com consequências que não se resumem só à
obtenção da informação em falta ou incompleta

• O accionista que, tendo acesso a uma informação privilegiada que não está
publicada, tira partido da mesma em benefício próprio incorre em “abuso de
informação” e pode ser civil e penalmente responsabilizado (449.º CSC). Sobre
informação privilegiada ver art. 378.º CVM.
INQUÉRITO JUDICIAL

• Pode ser solicitado inquérito judicial à sociedade nos casos previstos nos artigos 31.º n. 3, 67.º,
181.º n. 6, 216.º, 292.º, 450 todos do CSC (apenas nos 2 primeiros não se refere a uma hipótese
de informação falsa, incompleta ou injustificadamente recusada).

• Pode ser requerido inquérito ainda antes de ser pedida a informação se houver motivos para
pensar que esta não será concedida (216.º n. 2 e 292.º n. 6)

• O inquérito judicial é normalmente um direito individual, mesmos nos casos em que tem
subjacente um direito de natureza ou estrutura diversa (ex. 292.º em relação ao 291.º CSC)

• Para além da informação não obtida, este instrumento pode acarretar consequências mais
gravosas como a destituição de membros dos órgãos sociais, a nomeação de administradores, a
dissolução da própria sociedade, etc.

• Deve ser seguido o processo de jurisdição voluntária previsto nos art. 1479.º e segs. CPC,
devendo o interessado alegar os fundamentos do pedido, indicar os pontos que pretende ver
averiguados e requerer as providências que entender por convenientes.
OUTROS DIREITOS INDIVIDUAIS

• Direito a ser designado para os órgãos sociais [21.º al. d) CSC]

• Direito de subscrição preferente (266.º e 458.º CSC)

• Direito de impugnação das deliberações sociais (59.º e 60.º CSC)

• Direito de exoneração (sobretudo SQ, nos termos do art. 240.º CSC)

• Direito à igualdade de tratamento (manifestações ténues nos artigos 321.º


e 344.º n. 2 CSC)
OBRIGAÇÕES

• Obrigação de entrada: dinheiro; espécie; indústria.

• Só em bens susceptíveis de penhora (art. 20)

• Até ao momento da celebração do contrato (art. 26.º n. 1), mas as


entradas em dinheiro podem ser realizadas apenas até ao final do
primeiro exercício económico, nas sociedades por quotas (art. 26.º
n. 2 e art. 202.º n. 6) – alteração introduzida pelo DL n.º 33/2011, de
7 de Março

• São nulos os actos da administração e as deliberações dos sócios


que liberem a obrigação de entrada (art. 27.º n. 1)
ENTRADAS EM DINHEIRO

• Se cumpridas até à celebração do contrato devem os sócios


declarar isso mesmo, sob sua responsabilidade: se nas sociedades
por quotas que procederam à entrega nos cofres da sociedade (art.
202.º n. 4); se nas sociedades anónimas que procederam ao
depósito (art. 277.º n. 4)

• Podem ser diferidas até 70% nas sociedades anónimas e até 100%
nas sociedades por quotas (alteração introduzida pelo DL n.º
33/2011, de 7 de Março). Em ambos os casos até cinco anos (arts.
203.º n. 1, 277.º n. 2 e 285.º n. 1)

• O sócio com entrada diferida não entra logo em mora, mas apenas
após nova interpelação pela sociedade para efectuar pagamento
(arts. 203.º n. 3 e 285.º n. 2)
ENTRADAS EM ESPÉCIE

• Sempre até ao momento da celebração do contrato de sociedade (a


excepção do art. 26.º n. 2 não é aqui aplicável)

• Devem ser objecto de um relatório de ROC (art. 28.º)

• Se existir erro na avaliação o sócio é responsável pela diferença


(art. 25.º n. 2)

• Qualquer aquisição de bens a accionistas que seja efectuada até 2


anos seguintes ao registo do contrato de sociedade estão
submetidas a alguns requisitos especiais (art. 29.º): deliberação dos
sócios (onde o sócio/vendedor não pode votar); relatório de ROC;
contrato de aquisição por escrito
FALTA DE CUMPRIMENTO DA ENTRADA

• Possível exclusão do sócio (arts. 204.º e ss., e 285.º e 286.º)

• Perda de direito de voto enquanto na situação de mora, pelo menos


nas sociedades por quotas (art. 384.º n. 4)

• A falta de realização pontual de uma prestação relativa a entrada


determina o vencimento das demais prestações em dívida, ainda
que respeitantes a outras partes, quotas ou acções (art. 27.º n. 6)

• O contrato de sociedade pode prever outras penalidades para a


falta de cumprimento da obrigação de entrada (art. 27.º n. 3): ex.
cláusula penal
QUOTAS E AÇÕES
QUOTAS

• As quotas são bens imateriais (incorpóreos) – 219.º n. 7

• A transmissibilidade está sujeita a forma escrita simples (as operações sobre a quota em
geral) – 228.º n. 1

• Tem valor mínimo de 100 Euros – 219.º n. 3

• A cada sócio deve valer uma única quota, na constituição da sociedade (219.º n. 1). Se
adquirir uma quota nova, são as 2 independentes, mas pode o sócio unificá-las, desde que
estejam integralmente liberadas e não tenham direitos e obrigações diversos (219.º n. 4)

• Mesmo no caso de aumento de capital ou divisão de quotas (221.º) a cada sócio só pode
caber uma nova quota (em aumentos de capital podem caber tantas quotas como as que já
possuía) – 219.º n. 2

• As quotas podem, em certos casos, ser divisíveis (221.º) ao contrário das acções
CONTITULARIDADE DA QUOTA
• Os direitos inerentes à quota são exercidos por representante comum (222.º n. 1)

• O representante será um dos contitulares ou um dos respectivos cônjuges. Só poderá ser um


terceiro se o contrato de sociedade permitir que os sócios se façam representar por um estranho
nas deliberações sociais (223.º n. 2 e 249.º n. 5).

• A deliberação é tomada por maioria (aplicam-se as regras da compropriedade – 1407.º n. 1 CC).


Se não se conseguir nomear ninguém desde modo, pode haver nomeação pelo tribunal requerida
por qualquer dos contitulares (223.º n. 3).

• A nomeação e destituição devem ser comunicadas por escrito à sociedade (223.º n. 4), até
porque as comunicações desta devem ser dirigidas ao representante comum (222.º n. 2).

• As deliberações sobre o exercício dos direitos são tomadas por maioria, excepto em situações
que afectem a situação de sócio ou a própria quota, caso em que é preciso o consentimento de
todos os contitulares (224.º n. 1). No primeiro caso a deliberação não produz efeitos em relação à
sociedade (224.º n. 2)

• Os contitulares respondem solidariamente pelas obrigações inerentes à quota (222.º n. 3)


QUOTA PRÓPRIA

• A sociedade pode adquirir quotas próprias em 3 situações (220.º n. 2):


- título gratuito
- acção executiva
- título oneroso, se dispuser de reservas livres no montante de, pelo menos, o
dobro da contrapartida da aquisição da quota

• A título gratuito não coloca qualquer problema, porque não há lugar a contrapartida

• Em acção executiva, a aquisição é onerosa, mas não está submetida aos mesmos
requisitos porque há o interesse de não permitir a entrada para a sociedade de
alguém estranho

• Em aquisições onerosas é obrigatório ter na sociedade (espécie de reserva legal


especial) um valor igual ao da aquisição da quota – 220.º n. 4 e 324.º n. 1, al. b)

• A sociedade só pode adquirir quotas inteiramente liberadas (220.º n. 1), excepto a


perda da quota a favor da sociedade (204.º)
TRANSMISSÃO DE QUOTAS
ENTRE VIVOS
• Salvo disposição em contrário, é livre em favor de outro sócio, cônjuge, ascendentes
ou descendentes. Nos outros casos, a cessão de quotas dependerá do
consentimento da sociedade (228.º n. 2)

• O contrato pode tornar livre a cessão para todos, ou limitar a cessão mesmo em
relação àqueles para quem a lei permite normalmente realizá-la (229.º n. 3). O
contrato pode mesmo proibir a cessão de quotas, mas os sócios terão, passados 10
anos direito à exoneração (229.º n. 1), podendo sair da sociedade sem estarem
dependentes da existência de comprador.

• A cessão de quotas está sempre sujeita a redução a escrito (228.º n. 1), deve ser
registada [3.º, al. c) CRCom], mas aparentemente não tem de ser publicada

• A transmissão só será eficaz quando for comunicada à sociedade por escrito ou


quando for por ela reconhecida, expressa ou tacitamente (228.º n. 3)
TRANSMISSÃO DE QUOTAS
ENTRE VIVOS
• Se for exigido o consentimento, este pode ser expresso (por deliberação 230.º n. 2)) ou tácito:
quando o cessionário participa numa deliberação e a mesma não é impugnada (230.º n. 6);
quando é dado o consentimento a uma cessão posterior e sucessiva de uma ou mais cessões
não autorizadas (230.º n. 5)

• A possibilidade de consentimento tácito só tem utilidade antes de pedido o consentimento ou


durante 60 dias após o consentimento, pois se a sociedade não tomar a deliberação exigida
neste prazo, a cessão torna-se livre (230.º n. 4).

• O consentimento é condição de eficácia e não de validade

• Se a sociedade recusar o consentimento, deverá fazer ao sócio uma proposta de amortização ou


de aquisição da quota (231.º n. 1)

• Se o sócio não aceitar a proposta no prazo de 15 dias, mantém-se a recusa de consentimento,


mas a proposta fica sem efeito (231.º n. 1)

• A cessão torna-se livre se não houver proposta, se a contrapartida não for igual, se não for por
escrito ou se a proposta não abranger todas as quotas abrangidas pela cessão (231.º n. 2)
TRANSMISSÃO DE QUOTAS
POR MORTE
• Normalmente a quota será adquirida pelos sucessores de acordo com a s regras do
direito sucessório, mas

• O contrato pode estabelecer que a transmissão da quota fique sujeita a certos


requisitos ou nem sequer se transmita, situação em que a sociedade deve: amortiza-
la, adquiri-la ou fazer adquirir por terceiro. Se nada for feito no prazo de 90 dias a
quota transmite-se mesmo (225.º n. 1 e n. 2)

• O contrato pode também atribuir aos sucessores o direito de exigir a amortização de


quota ou submeter a transmissão da mesma à vontade dos sucessores. Se estes
não pretenderem a transmissão devem declará-lo à sociedade que deve promover a
amortização, aquisição própria ou aquisição por terceiro. Se nada for feito os
sucessores podem requerer a dissolução da sociedade por via administrativa (226.º
n. 2)
REGISTO DE FACTOS RELATIVOS A
QUOTAS
• Ao invés de serem registados directamente pelo interessado no registo comercial,
agora tem de solicitar o registo junto da sociedade comercial que, ela sim, irá
promover o registo competente.

• A promoção do registo pela sociedade é efectuada pela sociedade oficiosamente nos


factos em que teve, de alguma forma, qualquer intervenção, ou mediante
requerimento das pessoas a quem a lei atribui legitimidade nos restantes casos
(242.º-B):

a) O transmissário, o transmitente e o sócio exonerado;


b) O usufrutuário e o credor pignoratício.

• Se a sociedade não teve intervenção o registo só pode ser efectuado mediante


solicitação daqueles interessados, mas se a sociedade assumiu qualquer tipo de
tarefa, então parece que o registo tanto pode ser promovido oficiosamente ou a
requerimento de interessado (ex. cessão de quotas onde a sociedade tenha de dar o
seu consentimento, ou a exoneração de sócio).
REGISTO DE FACTOS RELATIVOS A
QUOTAS
• Aparentemente, de acordo com o art. 242.º-B n. 2, esta modalidade de registo
aplica-se apenas: à transmissão de quotas; à exoneração; à constituição de usufruto;
à constituição de penhor.

• Atendendo ao titulo da secção VII “Registo das quotas” e ao título do art. 242.º-A
“Eficácia dos factos relativos a quotas”, parece que podemos alargar esta disciplina a
todos os factos que digam respeito a quotas, incluindo naquele lote situações como a
divisão ou a unificação de quotas.

• Estes interessados devem fazer acompanhar o seu pedido dos documentos que
titulem o facto a registar (242.º-B n. 3, tal como 31.º n. 1 CRCom).
REGISTO DE FACTOS RELATIVOS A
QUOTAS
• A promoção dos registos pela sociedade deve respeitar a ordem dos respectivos
pedidos (242.º-C n. 1), elemento importante uma vez que a data do registo é
precisamente a data da respectiva apresentação (55.º n. 5 CRCom).

• Se na mesma data forem apresentadas várias solicitações de registos relativos


à mesma quota, estes devem ser promovidos pela respectiva ordem de prioridade
(242.º-C n. 2).

• Se os factos relativos à mesma quota tiverem sido titulados na mesma data, o


registo deve ser promovido pela ordem da respectiva dependência (ex. na mesma
data são efectuadas duas cessões de quotas – da A para B e de B para C – a
primeira tem de ser registada primeiro porque a segunda depende dela). Não
resolve, no entanto, o problema da cessão da mesma quota a duas pessoas
diferentes na mesma data. Qual delas deve ser registada?
REGISTO DE FACTOS RELATIVOS A
QUOTAS
• Para que a sociedade possa promover o registo de actos modificativos da
titularidade de quotas e de direitos sobre elas é necessário que neles tenha intervido
o titular registado (242.º-D). A excepção a esta regra será constituída, talvez, pela
situação referida no 230.º n. 5, ou seja o consentimento tácito de cessões anteriores
à cessão consentida expressamente.

• A sociedade deve recusar o registo se o pedido não for viável em face (242.º-F n. 1):

- das disposições legais


- dos documentos apresentados e dos registos anteriores
- da legitimidade dos interessados
- da regularidade formal dos títulos
- validade dos actos contidos nos títulos apresentados

• A sociedade também não deve promover o registo de um acto sujeito a encargos de


natureza fiscal sem que estes se mostrem pagos (242.º-E n. 2)
REGISTO DE FACTOS RELATIVOS A
QUOTAS
• Os documentos que titulam os factos relativos a quotas devem ser arquivados na
sede da sociedade (possível contradição com os artigos 57.º e 59.º CRCom, que
ordena o arquivamento dos documentos em geral na conservatória da sede da
respectiva sociedade)

• A sociedade deve facultar o acesso a estes documentos a quem demonstre ter um


interesse atendível na sua consulta, no prazo de 5 dias a contar da solicitação. Deve
permitir igualmente a emissão de cópias dos mesmos documentos.

• As sociedades respondem pelos danos causados em consequência de qualquer


problema com o registo, salvo se provarem a culpa dos lesados (242.º-F n. 1). São
também solidariamente responsáveis pelo cumprimentos das obrigações fiscais se
promoverem um registo sem que as mesmas se encontrem cumpridas (242.º-F n. 2).
REGISTO DE FACTOS RELATIVOS A
QUOTAS
• O registo deve, posteriormente, ser promovido junto do registo comercial pela
sociedade que é, aparentemente, a única entidade com legitimidade para tal (29.º n.
5 e 29.º-A n. 1 CRCom.

• Se a sociedade não o fizer (não foi previsto qualquer prazo) pode qualquer pessoa
solicitar junto da conservatória que promova o registo, devendo a sociedade ser
notificada para no prazo de 10 dias promover o registo sob pena dele ser efectivado
pela própria conservatória (29.º-A n. 2 CRCom).

• Nesse prazo a sociedade pode também opor-se à concretização do registo,


apresentando as razões pelas quais, no seu entender, não se deve efectuar o registo
do facto sujeito a quotas em causa.
REGISTO DE FACTOS RELATIVOS A
QUOTAS
• 242.º-A “Eficácia dos factos relativos a quotas”
“Os factos relativos a quotas são ineficazes perante a sociedade enquanto não
for solicitada, quando necessária, a promoção do respectivo registo”

• Esta regra parece alterar as regras gerais do registo que fazem depender a eficácia
do acto do respectivo registo (14.º n. 1 CRCom), excepto entre as próprias partes
(13.º n. 1 CRCom).

• Alguns interpretam que o 242.º-A estabelece uma excepção àquelas na medida em


que mesmo tendo sido a sociedade parte no acto a eficácia em relação a ela só
existe depois de solicitado o registo (a razão para tal seria a inexistência de
escritura)

• Parece-nos que não é assim. Existe uma excepção mas no sentido de que a
eficácia perante à sociedade existe ainda antes do registo, mesmo quando ela não
seja parte, a partir do momento em que o interessado solicita a promoção do registo.
A partir desse momento parece que a sociedade é uma “parte” no facto para efeitos
de eficácia.
AÇÕES
• As ações podem ter valor nominal ou valor de emissão. A
sociedade pode escolher em cada momento qual a modalidade que
deseja. Apenas pode haver uma modalidade em cada sociedade,
num determinado momento (276.º n. 2).

• As ações com valor nominal não podem ser emitidas abaixo do par
(298.º). Já o valor de emissão não tem necessariamente de
respeitar o valor anterior, podendo ser superior ou inferior (neste
caso o conselho de administração deve elaborar um relatório sobre
o valor fixado e sobre as consequências da emissão – 298.º n. 3).
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES
• As acções tituladas são aquelas que têm representação
em papel (46.º n. 1 CVM). Os títulos podem representar
uma ou mais acções (98.º)

• As acções escriturais são aquelas cuja representação se


efectiva exclusivamente por registos em conta

• As acções podem ser nominativas ou ao portador


consoante o emitente tenha ou não a possibilidade de
conhecer a todo o tempo a identidade dos titulares (52.º
n. 1)
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES

• As acções tituladas ao portador transmitem-se pela entrega do título


material ao adquirente ou ao depositário por ele indicado (101.º n. 1)

• Se já estiverem depositadas junto do mesmo depositário, a transmissão


efectua-se por registo na conta do adquirente, com efeitos a partir da data
do requerimento do registo (101.º n. 2) – constituto possessório 1264 2 CC

• O depósito é facultativo, excepto se estiverem admitidas à negociação em


mercado regulamentado (depósito em sistema centralizado) ou se toda a
emissão é representada por um só título (depósito em sistema centralizado
ou em intermediário financeiro – 99.º n. 2)

• A titularidade sobre os valores não se transmite para o depositário. Em


caso de insolvência, os interessados podem requerer a separação e
restituição (100)
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES

• As acções tituladas nominativas transmitem-se por endosso, ou


seja declaração contida no próprio título a favor do transmissário,
seguida de registo junto da sociedade emitente ou do intermediário
financeiro que a represente (102.º n. 1).

• A transmissão produz efeitos com a entrada do requerimento de


registo junto do emitente (102.º n. 5). Deve ser necessária
interpretação restritiva, valendo o registo como eficácia junto da
sociedade. Entre partes vale desde negócio subjacente.

• A declaração pode, dependendo do caso, pode ser feita por várias


entidades: depositário; funcionário judicial; transmitente; etc (102.º
n. 2)
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES
• As acções escriturais transmitem-se pelo registo na conta do
adquirente (71.º n. 1 e 80.º n. 1).

• Discute-se se este registo é ou não constitutivo. O registo faz


presumir a titularidade (74.º n.1) e é suficiente para legitimar o
adquirente para o exercício dos direitos associados aos valores
mobiliários (55 a 58).

• Entre a titularidade e a legitimidade prevalece esta, com ressalva da


rectificação do registo (oficiosamente ou por iniciativa dos
interessados), sem prejudicar terceiros de boa fé. O prazo para a
impugnação é de 90 dias após conhecimento, mas nunca mais de 3
anos após registo (79)

• A titularidade parece transmitir-se com o negócio jurídico


subjacente, mas a legitimidade só aparece com o registo em conta.
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES
• Só as acções nominativas podem ser objecto de limitações
estatutárias à respectiva transmissão e apenas nos casos
expressamente admitidos:

• Consentimento da sociedade (regulamentado pelo 329)

• Direito de preferência dos accionistas

• Subordinar a transmissão de acções ou constituição de ónus à


existência de determinados requisitos, objectivos ou subjectivos,
conformes com o interesse social

• As limitações devem ser inscritas nos títulos ou nas contas de


registo das acções e não podem ser invocadas em processo
executivo ou de liquidação de patrimónios (excepto dto preferência
dos accionistas) – 328 n. 4 e n. 5
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES
• As limitações à transmissão de acções obstam à sua negociação
em mercado regulamentado [204.º n. 2, al. a) CVM].

• As limitações só podem ser introduzidas por alteração do contrato


de sociedade com consentimento de todos os accionistas cujas
acções sejam afectadas

• Se nem todos concordarem parece que a deliberação não é


totalmente ineficaz (55), mas apenas ineficaz relativamente a quem
não consentiu (86.º n. 2)

• As limitações podem ser atenuadas ou extintas mediante alteração


normal do contrato de sociedade (328.º n. 3)
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES
• Quando a transmissão ficar dependente do consentimento da
sociedade, sob pena de nulidade, deve o pacto contar o prazo para
a resposta (não mais de 60 dias), a estipulação de que a
transmissão é livre se não for respeitado o prazo e a estipulação de
que a sociedade, recusando a transmissão, deve fazer adquirir as
acções por 3º nas mesmas condições

• O consentimento é decidido pela AG, excepto outro órgão referido


pelo contrato - 329.º n. 1

• O contrato pode delimitar os motivos de recusa. Supletivamente


pode valer qualquer interesse relevante da sociedade. A recusa
deve ser sempre motivada, na própria acta 329.º n. 2
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES
• A violação das limitações não impede a validade da
transmissão, mas se aquelas estiverem inscritas nos
títulos então essa transmissão não será eficaz
relativamente à sociedade (é sempre oponível mesmo
perante 3ºs de boa fé – 328.º n. 4)

• Se for a sociedade responsável pelo registo pode


recusá-lo e o adquirente não pode exercer os direitos.
Se for outra entidade a sociedade parece poder
impugnar o registo (79 CVM)

• Mais complexa é a possibilidade de exercer a acção de


preferência se a preferência dos accionistas não for
respeitada.
TRANSMISSÃO DE ACÇÕES

• O entendimento maioritário defendia essa possibilidade


atendendo a que estariam preenchidos os requisitos do
direito convencional de preferência com eficácia real
(421.º CC): escritura pública; registo; bens móveis
sujeitos a registo;

• Sucede que, agora, a escritura pública é excepção na


constituição de sociedade, pelo que parece afastada a
possibilidade de recurso ao preceito da lei civil.
• SOCIEDADES POR QUOTAS
GERÊNCIA

• A gerência pode e deve praticar os actos necessários e convenientes à realização do


seu objecto social (259.º), podendo também praticar os actos compreendidos no art.
249.º n. 2 se tal estiver estabelecido no contrato de sociedade (ex. aquisição de bens
imóveis).

• A gerência pode ser singular e plural. No primeiro caso não se colocam problemas
particulares uma vez que as competências e a vinculação da sociedade são
exercidas pelo único gerente. Será plural se o contrato o determinar.

• Os gerentes podem ser estranhos à sociedade ou sócios (252.º n. 1). Se a gerência


for atribuída no contrato a todos os sócios, não abrange os sócios que só
posteriormente adquiram essa qualidade (252.º n. 3).

• Os gerentes têm de ser pessoas singulares com capacidade jurídica plena. Ao


contrário das sociedades anónimas, os membros do órgão de administração não
podem ser pessoas colectivas (no entanto, nada impede que se reserve,
contratualmente, a possibilidade da pessoa colectiva que seja sócia de designar
alguém que vá desempenhar o cargo).
GERÊNCIA

• A designação de gerentes pode ser efectuada de quatro modos distintos:

- Nomeação contratual, no início da sociedade (252.º n. 2);


- Eleição pela assembleia geral (252.º n. 2)
- Designação judicial (254.º n. 3 e n.4)
- Outra modalidade de designação prevista no contrato (ex. a designação pela
gerência de um gerente substituto no caso de impedimento definitivo).

• Normalmente o gerente é designado sem prazo (256.º), pelo que podemos ter
gerentes “para sempre” (ao contrário das sociedades anónimas). Nada impede,
todavia, que o mandato seja limitado a um determinado prazo pelo próprio contrato
de sociedade ou no próprio acto de designação.

• Os gerentes não se podem fazer representar no exercício das suas funções (252.º n.
5). Mas podem delegar entre si a prática de determinados actos, tal como podem,
enquanto órgão nomear mandatário (252.º n. 5 e n. 6).
GERÊNCIA

• Na gerência plural é necessária a maioria dos gerentes para as seguintes situações


(261.º):

- deliberação da gerência plural:


- representação e vinculação da sociedade perante terceiros, por exemplo na
execução de uma deliberação social.

• Este é o regime supletivo, mas nada impede que se estabeleça outra coisa no
contrato, como a obrigatoriedade de assinatura de um determinado gerente para a
obrigação da sociedade.

• Os actos dos gerentes vinculam a sociedade, independentemente de eventuais


limitações resultantes do contrato ou de eventuais deliberações dos sócios (260.º n.
1). No entanto, a sociedade pode opor a terceiros as limitações resultantes do seu
objecto contratual se provar que o terceiro sabia (ou não podia ignorar) que o acto
violava essa cláusula, se entretanto a sociedade não assumiu por deliberação
(expressa ou tácita) esse acto (260.º n. 2).
GERÊNCIA

• A gerência é pessoal e intransmissível, não acompanhando a cedência de quota


(252.º n. 4)

• A gerência será remunerada, fixada pelos sócios, excepto se outra coisa for referida
no contrato (255.º n. 1). A remuneração não poderá ser constituída por participação
nos lucros, excepto se o contrato autorizar (255.º n. 3).

• O gerente não pode exercer actividade concorrente com a sociedade, em nome


próprio ou alheio, excepto autorização da sociedade.

• A destituição de gerentes é livre, embora a destituição sem justa causa possa


acarretar indemnização em favor do gerente destituído (para o respectivo cálculo, no
máximo considera-se que o mandato duraria quatro anos – 257.º n. 7). Existindo
justa causa, qualquer sócio pode requerer suspensão e destituição judicial (257.º n.
4)

• Se se tratar do direito especial à gerência (não pode ser alterado sem consentimento
do próprio), só com justa causa e destituição judicial (257.º n. 3).
GERÊNCIA
• A renúncia do gerente é um acto unilateral pelo qual se põe termo à situação jurídica
da gerência. Será possível a todo o tempo.

• Tem de ser comunicada por escrito à sociedade (258º. n.1) e é um acto recipiendo
(sem ter sido recebida pela sociedade não é eficaz perante ela). Tem de ser dirigida
a outro gerente (260.º n. 5).

• Sendo comunicada torna-se efectiva oito dias depois da comunicação (258.º n. 1).

• O prazo de oito dias aplica-se a qualquer situação, mas pode não ser suficiente.
Com efeito, o 258.º n. 2 estabelece que o gerente é obrigado a indemnizar a
sociedade pelos prejuízos causados quando não tem justa causa para a renúncia, a
não ser que tenha avisado com a antecedência conveniente, que, consoante os
casos, pode ser bem superior a oito dias.
FISCALIZAÇÃO

• Não há qualquer obrigatoriedade de prever um mecanismo de fiscalização nas


sociedades por quotas. O contrato é inteiramente livre de o fazer (mediante ROC ou
conselho fiscal) ou não – 262.º n. 1.

• Passa a existir obrigatoriedade de fiscalização (ROC) quando se ultrapassem


durante dois anos consecutivos os seguintes limites (262.º n. 2):

- total de balanço: 1 500 000 euros;


- total das vendas líquidas e outros proveitos: 3 000 000 euros;
- número de trabalhadores empregados em média durante o exercício: 50.

• Deixa de existir essa obrigatoriedade se durante dois anos consecutivos não se


verificarem pelo menos dois dos três requisitos (262.º n. 3). Por aqui se conclui que o
ROC, nas sociedades por quotas, pode não ser um órgão constante.

• A designação e a cessação de funções (por qualquer causa que não seja o mero
decurso do tempo) estão sujeitas a registo [3.º, al. m) CRCom].
ASSEMBLEIA GERAL

• A competência da AG deve ser dividida em duas modalidades diferentes:

- actos necessariamente sujeitos a deliberação dos sócios (246.º n. 1) – estes


actos podem ser aumentados contratualmente;
- actos supletivamente sujeitos a deliberação dos sócios, pois a competência
residirá em AG a não ser que o contrato estabeleça outra coisa (246.º n. 2).

• Parece igualmente, na ausência de uma norma como o 373.º n. 3 para as


sociedades anónimas, que a AG de uma sociedade por quotas pode chamar a si a
deliberação sobre matérias de gestão da sociedade, ou dar instruções nesses
domínios à gerência. Neste sentido, parece concorrer o carácter pessoal que este
tipo de sociedade assume normalmente.
ASSEMBLEIA GERAL
• O art. 248.º n. 1 apresenta uma remissão expressa para a disciplina legal aplicável à
AG das sociedades anónimas, o que coloca problemas delicados. Só caso a caso se
poderá ver o que faz parte da remissão ou não.

• Apesar desta remissão geral há aspectos próprios para as sociedades por quotas,
designadamente tratados no mesmo 248.º:

- qualquer sócio pode solicitar a convocação da assembleia ou solicitar a


inscrição de assuntos na ordem do dia (248.º n. 2):
- cabe a qualquer dos gerentes a convocação da AG, que deve ser feita por
carta registada expedida com a antecedência mínima de 15 dias, a não que o
contrato preveja outra formalidade ou prazo mais longo (248.º n. 3);
- salvo disposição no contrato, a presidência da mesa da AG pertence ao
sócio nela presente que possuir ou representar maior facção do capital (248.º n. 4);
- nenhum sócio pode ser impedido de participar na AG, mesmo que esteja
impedido de exercer o direito de voto (248.º n. 5);
- as actas das AG devem ser assinadas por todos os sócios (248.º n. 6).
ASSEMBLEIA GERAL
• A representação voluntária só pode ser conferida, pelo sócio, ao respectivo cônjuge,
a um descendente ou ascendente, ou então a outro sócio, a não ser que o contrato
de sociedade admita expressamente outra possibilidade (249.º n. 5)

• Não é admitida representação voluntária em deliberações por voto escrito (249.º n.


1)

• Os instrumentos de representação voluntária que não mencionem a duração dos


poderes atribuídos são válidos apenas para o respectivo ano civil (249.º n. 3)

• Para a representação numa determinada AG bastará uma carta dirigida ao


respectivo presidente (249.º n. 4)
ASSEMBLEIA GERAL
• Atribui-se um voto por cada centimo do valor nominal da quota (250.º n. 1). Pode ser
previsto, no entanto, como direito especial, voto duplo por cada centimo, desde que
não se ultrapasse os 20% do capital social (250.º n. 2).

• Existe uma regra geral de impedimento de voto: “O sócio não pode votar nem por si,
nem por representante, nem em representação de outrem, quando, relativamente à
matéria da deliberação, se encontre em situação de conflito de interesses com a
sociedade”.

• Este princípio geral é concretizado nas alíneas do 251.º n. 1 que são meramente
exemplificativas, mas são imperativas (251.º n. 2).

• A jurisprudência tem concretizado a cláusula geral. O sócio pode: tomar parte da sua
eleição como gerente; tomar parte na fixação do seu vencimento na gerência; tomar
parte na aprovação das contas anuais, mesmo sendo sócio-gerente; tomar parte na
amortização da própria quota. O sócio não pode votar a sua própria exclusão.
ASSEMBLEIA GERAL
• As deliberações são tomadas pela maioria dos votos emitidos, não se contanto as
abstenções, salvo disposição diversa da lei ou do contrato (250 n.º 3).

• Se se tratar da alteração do contrato de sociedade, a deliberação só pode ser


tomada por maioria de três quartos dos votos correspondentes ao capital social ou
por um número ainda mais elevado de votos exigido pelo contrato de sociedade
(265.º n. 1).

• Aparentemente a lei permitiu para as sociedades por quotas o instituto da segunda


convocatória, ou segunda data para a realização da AG (249.º n. 4), mas não se
vislumbra grande utilidade. Para as deliberações “ordinárias” não será necessário
quórum constitutivo (248.º n. 1 e 386.º n. 1) pelo que dificilmente não se fará a AG.
Para as deliberações de alteração do contrato de sociedade, mesmo com uma
segunda data não se poderá baixar o quórum constitutivo porque isso implicaria
redução simultânea do quórum deliberativo o que é inaceitável.
SOCIEDADES ANÓNIMAS
ESTRUTURA – 278.º
• MODELO CLÁSSICO – Conselho de administração e conselho fiscal
• MODELO ANGLÓ-SAXONICO – Conselho de administração,
compreendendo uma comissão de auditoria e revisor oficial de contas
(fiscalização interna)
• MODELO GERMÂNICO – Conselho de administração executivo, conselho
geral e de supervisão e revisor oficial de contas (conselho geral e de
supervisão com poderes alargados, que não apenas de fiscalização)

• Nas sociedades com capital inferior a 200.000 pode haver administrador


único (278.º n. 2 e 390.º n. 2)
• Pode haver fiscal único (ROC), quando a sociedade, não emitente de
valores mobiliários admitidos à negociação em mercado regulamentado,
não ultrapasse em dois anos consecutivos dois dos seguintes limites (278.º
n. 2 e 413.º): balanço de 100.000.000 euros; vendas liquidas e proveitos de
150.000.000 euros; média de 150 trabalhadores durante exercício
ADMINISTRAÇÃO

• A administração gere as actividades da sociedade, devendo subordinar-se às


deliberações dos accionistas ou às intervenções do conselho fiscal e da comissão de
auditoria apenas nos casos determinados por lei ou pelo contrato (art. 405.º n. 1).

• Cabe à administração deliberar sobre qualquer assunto de administração da


sociedade, nomeadamente sobre as matérias elencadas no art. 406.º (a AG tem
competência supletiva nas matérias não atribuídas a outros órgãos – 373.º n. 2)

• Pode existir delegação de certas matérias de administração a um ou mais


administradores, ficando de fora as matérias indicadas nas alíneas a) a m) do 406.º
(407.º n. 1 e n. 2)

• A gestão corrente da sociedade pode ser delegada num ou mais administradores ou


numa comissão executiva, sem que tal exclua necessariamente os poderes e a
responsabilidade dos restantes (407.º n. 3 e n. 8).

• O conselho de administração tem exclusivos e plenos poderes de representação da


sociedade (art. 505.º n. 2)
ADMINISTRAÇÃO

• Os administradores podem ser sócios ou estranhos (390.º n. 3).

• Os administradores devem ser pessoas singulares com capacidade


jurídica plena. Se for designada uma pessoa colectiva deve esta
indicar uma pessoa singular para exercer o cargo em nome próprio
(ambas as pessoas respondem solidariamente – 390.º n. 4)

• O contrato fixa o n. de administradores (390.º n. 1 – esta exigência


não parece compatível com a mera delimitação de balizas, embora
tal prática seja comum)
ADMINISTRAÇÃO

• A designação de administradores pode ser efectuada de seguinte modo:

- Nomeação contratual, no início da sociedade (391.º n. 1);


- Eleição pela assembleia geral (391.º n. 1)
- Substituição, cooptação ou designação pelo conselho fiscalou
comissão de auditoria no caso de falta definitiva de um administrador
(393.º)
- Designação judicial (394.º)
- Regras especiais de eleição a favor de minorias, se previsto no
contrato (392): eleição isolada; designação directa pela minoria que votou
contra a proposta vencedora.

• O administrador é designado pelo prazo previsto no contrato, até 4 anos


(este é também o período supletivo – art. 391.º n. 3).
ADMINISTRAÇÃO

• O conselho de administração é convocado, por escrito, com a antecedência


adequada, pelo seu presidente ou por 2 administradores (art. 410.º n. 1 e n. 3)

• Quórum constitutivo é composto pela maioria dos administradores (presentes ou


representados) e as deliberações são tomadas pela maioria dos votos (art. 410.º n. 4
e n. 7). Não parece possível a abstenção. O presidente pode ter voto de qualidade
(tem, designadamente, nos conselhos com composição par – art. 395.º n. 3)

• São nulas as deliberações (art. 411.º n. 1): tomadas em conselho não convocado
(salvo presença ou representação de todos); cujo conteúdo não esteja sujeito a
deliberação deste órgão; cujo conteúdo seja ofensivo dos bons costumes ou de
normas imperativas.

• São anuláveis as deliberações (art. 411.º n. 2); que violem a lei e não caiba nulidade;
violem o contrato de sociedade

ADMINISTRAÇÃO

• A competência para declarar nulas ou anular deliberações do conselho de


administração reside no próprio órgão ou na AG (art. 412.º n. 1). O prazo é
de 3 anos a contar da deliberação ou de 1 ano a contar do conhecimento
da irregularidade (412.º n. 1). Estes prazos não se aplicam se se tratar da
apreciação pela AG de actos dos administradores.

• Podem solicitar tal apreciação qualquer administrador, membro do


conselho fiscal ou accionista com direito de voto (412.º n. 1). Não será
possível se a AG tiver ratificado a deliberação anulável ou substituído por
uma deliberação sua a deliberação nula (art. 412.º n. 3).

• É discutida na doutrina e jurisprudência a possibilidade destas deliberações


serem impugnáveis judicialmente de modo directo. A lei não esclarece, mas
parece tal faculdade ser de admitir.
ADMINISTRAÇÃO

• Os poderes de representação dos administradores são exercidos


conjuntamente, sendo necessária a intervenção da maioria dos
administradores (ou o numero menor fixado no contrato) para a vinculação
da sociedade (408.º n. 1).

• O contrato pode determinar a vinculação da sociedade com a intervenção


dos administradores-delegados, no limite da delegação (408.º n. 2 e 407.º)

• Mas, os actos dos administradores vinculam a sociedade (se agiram dentro


dos poderes atribuídos por lei), independentemente de eventuais limitações
resultantes do contrato ou de deliberação (409.º n. 1). No entanto, a
sociedade pode opor a terceiros as limitações resultantes do seu objecto
contratual se provar que o terceiro sabia (ou não podia ignorar) que o acto
violava essa cláusula, se entretanto a sociedade não assumiu por
deliberação (expressa ou tácita) esse acto (409.º n. 2).


ADMINISTRAÇÃO

• O administrador não pode exercer actividade concorrente com a sociedade,


em nome próprio ou alheio, excepto autorização da sociedade (art. 398.ºn.
3)

• A suspensão do administrador fica a cargo do conselho fiscal ou comissão


de auditoria nos termos do art. 400.º

• A destituição de administrador é livre, embora a destituição sem justa


causa possa acarretar indemnização em favor do administrador destituído
(403.º n. 1 e n. 5). Existindo justa causa, o(s) accionista (s), com 10%, pode
requerer a destituição judicial (403.º n. 3)

• A destituição, sem justa causa, do administrador designado ao abrigo do


392.º não pode produzir efeitos se tiverem votado contra accionistas com,
pelo menos, 20% do capital (art. 403.º n. 2)
ADMINISTRAÇÃO
• A renúncia do administrador é um acto unilateral pelo qual se põe
termo à situação jurídica da administração. Será possível a todo o
tempo.

• Tem de ser comunicada por carta à sociedade e é um acto


recipiendo (sem ter sido recebida pela sociedade não parece ser
eficaz perante ela). Tem de ser dirigida ao presidente do conselho
ou, no caso de ser este o renunciante, ao conselho fiscal ou à
comissão de auditoria (404.º n. 1).

• A renúncia torna-se efectiva no final do mês seguinte à


comunicação, salvo substituição anterior (404.º n. 2).
FISCALIZAÇÃO

• O órgão com competência de fiscalização é diferente dependendo


do modelo adoptado: conselho fiscal; comissão de auditoria
(constituída por administradores não executivos); conselho geral e
de supervisão (têm um âmbito de funções mais alargado que não
apenas de fiscalização)

• O conselho fiscal pode ser substituído por fiscal único se:


• Não se tratar de sociedade emitente de valores mobiliários admitidos à
negociação em mercados regulamentados;
• Não se tratar de sociedade que ultrapasse em dois anos consecutivos os
seguintes limites: total de balanço: 100 000 000 euros; total das vendas
líquidas e outros proveitos: 150 000 000 euros; número de trabalhadores
empregados em média durante o exercício: 150;
• Mesmo atingindo os requisitos anteriores se for totalmente dominada por
outra sociedade
FISCALIZAÇÃO

• O fiscal único deve ser ROC ou sociedades de ROC’s (414.º n. 1)

• O conselho fiscal deve conter um ROC, excepto nas hipóteses referidas no


art. 413.º n. 1, al. b) e n. 2 (já existe um ROC externo ao órgão). Nesses
casos deve incluir um membro independente, com curso superior adequado
ao exercício de funções (art. 414.º n. 4 e n. 5)

• Todos os restantes membros devem ser pessoas singulares com


capacidade jurídica plena e capacidade e experiencia adequadas (art. 414.º
n. 3). Estão também sujeitos às incompatibilidades do art. 414.º-A.

• As incumbências e poderes do órgão de fiscalização encontram-se


definidas no artigos 420.º, 420.º-A, 421.º.
ASSEMBLEIA GERAL

• A competência da AG obedece a dois princípios (art. 373.º n. 2):

- competência residual – apenas as matérias atribuídas por lei ou pelo


contrato (ex. alteração do contrato, aprovação das contas, eleições para os
órgãos sociais que sejam sua incumbência – ver, respectivamente, 85.º e
378.º);
- competência supletiva – as matérias que não estejam
compreendidas nas atribuições de outros órgãos.

• Nos termos do 373.º n. 3, a AG só poderá deliberar sobre matérias de


gestão a pedido do órgão de administração.

• Os accionistas só deliberam em AG regularmente convocada ou em


assembleia universal (art. 373.º n. 1 e 54.º)
ASSEMBLEIA GERAL
• A convocatória é realizada pelo presidente da mesa da assembleia geral,
mediante publicação (art. 377.º n. 2). Os órgãos de fiscalização e o tribunal
só assumem este poder quando a lei lhes confere (os primeiros apenas se
o presidente da mesa não efectuar a convocatória – 377.º n. 7)

• Accionistas que detenham, pelo menos, 5% do capital podem solicitar a


convocação da AG (ou a introdução de assuntos na ordem do dia – art.
375.º n. 2 e 378.º n. 1). Se não respeitado há lugar à convocação judicial de
uma AG (375.º n. 7 e 378.º n. 4)

• O presidente da mesa preside também aos trabalhos

• Qualquer sócio pode participar e intervir, salvo disposição em contrário


(379.º n. 1 e n. 2).

• A representação de accionista não pode ser impedida (380 n. 1). Basta um


documento escrito, assinado, dirigido ao presidente da mesa.
ASSEMBLEIA GERAL

• Atribui-se um voto por cada acção, salvo disposição nos estatutos (384.º n. 1). Quem
não puder votar pode sempre reunir-se.

• Podem também ser introduzidas, nos estatutos, as limitações do art. 384.º n. 2.

• Os estatutos devem afastar ou regulamentar o voto por correspondência (384.º n. 9)

• É proibido o voto plural (384.º n. 5).

• O impedimento de voto por conflito de interesses está previsto no 384.º n. 6: “O


accionista não pode votar, nem por si, nem por representante, nem em
representação de outrem, quando a lei expressamente o proíba e ainda (…)” nas
hipóteses a seguir referidas. O elenco é taxativo, embora a última alínea seja mais
genérica.
ASSEMBLEIA GERAL
• As deliberações são tomadas pela maioria dos votos emitidos, não se contanto as
abstenções, salvo disposição diversa da lei ou do contrato (386.º n. 1). Não se exige
a presença de um especial quórum constitutivo.

• Se se tratar da alteração do contrato de sociedade, a deliberação só pode ser


tomada, em 1ª data, se presentes 1/3 do capital (383.º n. 2), sendo a deliberação
aprovada por dois terços dos votos emitidos (386.º n. 3)

• Em 2ª data prescinde-se de quórum constitutivo, mantendo-se o quórum deliberativo.


Se, contudo, estiver presente metade do capital, a maioria exigida é, somente, de
maioria dos votos emitidos (386.º n. 4)

• Na deliberação sobre designação dos titulares dos órgãos sociais, se várias listas,
vence a mais votada (maioria relativa – 386.º n. 2)

• Qualquer referência ao capital entende-se como capital votante para não paralisar a
sociedade.
SOCIEDADES UNIPESSOAIS
SOCIEDADES UNIPESSOAIS

• Existem duas possibilidades admitidas no CSC:


• Sociedades unipessoais por quotas;
• Sociedades unipessoais anónimas (o sócio único tem de ser outra
sociedade – 488.º)

• A SUQ pode ter como sócio único uma pessoa singular ou colectiva

• Pode ser inicial ou superveniente (pela concentração das quotas num único
sócio, e mediante declaração de transformação desse sócio – 270.º-A n. 2
e n. 3)

• Cada pessoa singular só pode ser titular de uma SUQ e uma SUQ não
pode ter como sócio outra SUQ (270.º-C)
SOCIEDADES UNIPESSOAIS

• O sócio único exerce as competências da AG, podendo, inclusivamente,


nomear gerentes. Tais decisões assumem natureza de deliberação e
devem ser registadas em acta, assinada pelo sócio único (270.º-E).

• Os contratos celebrados entre a SUQ e o seu sócio devem prosseguir


necessariamente o objecto social, devem respeitar, pelo menos, forma
escrita, e devem estar disponíveis para consulta para qualquer interessado,
sob pena de nulidade (270.º-F).

• A SUQ pode modificar-se me SQ com a cessão ou divisão de quota ou


aumento de capital com entrada de novo sócio. O documento que consigne
a divisão, cessão ou aumento de capital é titulo bastante para o registo.
Deve também ser modificada a firma, retirando o elemento que a identifica
como unipessoal (270.º-D).
INVALIDADE DAS DELIBERAÇÕES
INVALIDADE DAS DELIBERAÇÕES

• Nesta matéria existem diferenças sensíveis para o regime de invalidade dos


negócios jurídicos previsto no direito civil, nomeadamente relacionados com a teoria
dos actos sociais em cadeia:

- princípio da conservação dos negócios jurídicos ou das deliberações sociais

- em regra, mesmo no que respeita à contrariedade à lei, a deliberação será


anulável e não nula

- os prazos de arguição podem ser diferentes, normalmente de duração


inferior

- existe o interesse geral de proteger os terceiros de boa fé quando sejam


directamente influenciados pela deliberação inválida ou por actos praticados em
execução da mesma
NULIDADE DAS DELIBERAÇÕES
ART. 56.º CSC

a) “Deliberação tomada em AG não convocada, salvo se todos os sócios tiverem


estado presentes ou representados”

o 56.º n. 2 CSC acrescenta (de forma algo infeliz porque exagerada) o que
deve ser considerado como AG não convocada
- aviso convocatório assinado por quem não tenha competência (presidente da
mesa ou, no seu impedimento, pelo secretário nas SA e por um gerente nas SQ)
- não constem desse aviso o dia, a hora e o local
- reunião em dia, hora ou local diverso dos que constam do aviso

- Não haverá nulidade se todos os sócios tiverem estado presentes ou


representados. Não se exige que todos concordem em deliberar sobre
determinado assunto como sucede no art. 54.º quanto às assembleias universais
(se estiverem todos, mas nem todos concordarem em deliberar sobre esse
assunto, parece que a deliberação é meramente anulável e não nula – obriga a
que os interessados promovam a invalidade num prazo muito mais curto).
NULIDADE DAS DELIBERAÇÕES
ART. 56.º CSC
b) “Deliberação tomada mediante voto escrito sem que todos os sócios com
direito de voto tenham sido convidados a exercer esse direito, a não ser
que todos tenham dado por escrito o seu voto”

c) “Deliberações cujo conteúdo não esteja, por natureza, sujeito a deliberação


dos sócios” (ex. deliberações sobre direitos extra-corporativos dos sócios)

d) “Deliberações cujo conteúdo, directamente ou por actos de outros órgãos


que determine ou permita, seja ofensivo dos bens costumes ou de
preceitos legais que não possam ser derrogados, nem sequer por vontade
unânime dos sócios”

- a legislação societária conhece duas consequências distintas para a


violação de disposições legais. Apenas a violação das mais graves acarreta
a nulidade da deliberação. Tratam-se de normas que tutelam interesses
não disponíveis pelo colectivo de sócios, mas sim de terceiros, como os
sócios futuros ou os credores.
ANULABILIDADE DAS DELIBERAÇÕES
ART. 58.º CSC

a) Deliberações que violem o contrato ou a lei (nos casos em que não caiba
nulidade): Este é o critério geral, a nulidade é uma excepção

b) Deliberações abusivas: prossegue-se um interesse particular em detrimento da


sociedade ou dos restantes sócios (concepção mista, objectiva e subjectiva, e
prova de resistência)

c) Deliberações com falta de elementos mínimos de informação: são os elementos


que devem ser colocados a dispor dos sócios com determinada antecedência e
que dizem respeito ao assunto a discutir (menções exigidas pelo 377.º n. 8 e
informações previstas 289.º - ver art. 58.º n. 4 CSC)

- A sonegação de informação durante a própria assembleia geral também é


causa de anulabilidade (214.º n. 7 e 290.º n. 3 CSC)

- São também anuláveis as deliberações que aprovem contas irregulares,


quando ao caso não couber nulidade (69.º n. 2 CSC)
DELIBERAÇÕES INEFICAZES

• A deliberação é ineficaz quando apresenta todos os requisitos internos de validade,


mas falta-lhe um requisito externo de eficácia, ou seja o consentimento de um ou
mais sócios (ou categoria de accionistas)

• O melhor exemplo desta realidade é o da deliberação que limite ou derrogue direitos


especiais (24.º n. 5 e n. 6). Tal deliberação tomada sem o consentimento dos
interessados é válida, mas ineficaz.

• Os interessados não têm de tomar qualquer providência, a deliberação é


automaticamente ineficaz. Esta ineficácia é absoluta (para todos), mesmo que falte o
acordo de apenas um sócio.

• A lei admite o consentimento expresso e tácito

• Não há prazo de caducidade da deliberação, será porventura conveniente renová-la


se já tiver decorrido um período de tempo razoável.
ACÇÃO DE DECLARAÇÃO DE
NULIDADE
• O órgão de fiscalização (se não houver é substituído pelo gerente – 57.º n. 4 e 60.º
n. 3 CSC) assume poderes nesta matéria: deve dar a conhecer em AG a nulidade de
qualquer deliberação anterior, com o objectivo desta ser renovada ou impugnada –
57.º n. 1 CSC.

• Se não houver renovação ou se a sociedade não for citada para a acção judicial no
prazo de 2 meses, deverá o órgão de fiscalização promover imediatamente a
declaração judicial de nulidade dessa deliberação (deve propor também um sócio
para representar a sociedade) – 57.º n. 2 e n. 3. No caso de acção proposta pelo
órgão de fiscalização será a sociedade a suportar os encargos

• Atendendo a que a lei não atribui qualquer legitimidade activa em especial à


impugnação da deliberação nula, tem sido defendida a aplicação do 289.º CC, de
acordo com o qual a deliberação nula pode ser impugnada por qualquer interessado
(mesmo que não seja sócio) e a todo o tempo.

• A acção é proposta contra a própria sociedade que assume a posição de Ré (60.º n.


1)
ACÇÃO DE ANULAÇÃO
• Pode ser arguida pelo órgão de fiscalização (se não houver é substituído
pelo gerente – 60.º n. 3 CSC – em qualquer dos casos cabe à sociedade
suportar os encargos com a acção – 60.º n. 3) ou qualquer sócio desde que
não tenha votado favoravelmente a deliberação social nem tenha,
posteriormente, aprovado expressa ou tacitamente essa deliberação (votos
contra, abstenções, ausentes) – 59.º n. 1

• Se o voto foi secreto, o sócio deve, na própria assembleia ou perante


notário nos 5 dias seguintes (lavra menção do seu voto em certificado
notarial – art. 163.º Cód. Not.) fazer consignar que votou contra, caso
contrário perde o direito de impugnar a deliberação – 59.º n. 6

• A acção é proposta contra a própria sociedade que assume a posição de


Ré (60.º n. 1)

• O Autor tem um prazo de 30 dias a contar do encerramento da assembleia


ou da data em que o sócio teve conhecimento da deliberação se incidir
sobre assunto que não constava da ordem do dia (59.º n. 3)
EFICÁCIA DO CASO JULGADO

• A sentença que declarar inválida uma deliberação é eficaz para todos os


sócios e órgãos da sociedade, mesmo que não tenham intervido na acção

• A declaração de nulidade ou a anulação não prejudica os direitos


adquiridos por terceiros de boa-fé (o conhecimento da nulidade ou da
anulabilidade exclui a boa-fé), com fundamento em actos praticados em
execução da deliberação
RENOVAÇÃO DE DELIBERAÇÕES
SOCIAIS
• Princípio da conservação das deliberações – sempre que puderem ser renovadas
sem a presença do vício que levou à invalidade. A renovação pode ou não ter
eficácia retroactiva

• Podem ser renováveis todas as deliberações anuláveis, mediante nova deliberação,


desde que a mesma não enferme do vício da precedente (62.º n. 2). O sócio “(…)
que nisso tiver um interesse atendível (…)” pode obter anulação da 1ª deliberação,
relativamente ao período anterior à deliberação renovatória,

• Também algumas deliberações nulas (aquelas cujo vício era de natureza formal –
tomadas em AG não convocada ou por voto escrito sem consulta prévia) podem ser
renovadas, uma vez que o vicio formal é de fácil correcção numa deliberação
posterior. A esta deliberação pode ser atribuída eficácia retroactiva (62.º n. 1).

• Num processo de invalidação de deliberação pode o tribunal conceder um prazo à


Ré (sociedade) a requerimento desta para renovar a deliberação (62.º n. 3).
SUSPENSÃO DE DELIBERAÇÕES
INVÁLIDAS
• Regulado nos artigos 396.º e 397.º CPC, existe um prazo de 10 dias a contar da AG se
convocada, ou do data do conhecimento da deliberação se AG não convocada

• O requerimento deve demonstrar que a execução da deliberação pode causar um dano


apreciável (396.º n. 1 e 381.º n. 1 CPC), e deve ser instruído com uma cópia da acta da AG
relativa à deliberação (396.º n. 2 CPC). A acta deve ser disponibilizada ao sócio no prazo de 24
h, caso contrário a citação da sociedade é feita com a cominação de que a contestação não será
recebida sem o documento em falta.

• Logo a partir da citação não podem os órgãos da sociedade executar a deliberação, até ao
momento em que seja apreciado o pedido de suspensão (397.º n. 3 CPC)

• A providência cautelar pode deixar de ser decretada se o prejuízo resultante da suspensão for
superior ao que pode decorrer da sua execução (397.º n. 2 CPC).

• O procedimento cautelar depende da acção principal pelo que esta deve ser proposta no prazo
de 30 dias [a contar da deliberação se for anulável – já que este prazo não suspende com a
interposição da providencia -, a contar da decisão do procedimento cautelar se for nula – 389.º n.
1, al.a)CPC]. Caso contrário a providência vai caducar - 389.º n. 1, al.a) CPC.
PROCEDIMENTO JUDICIAIS
E REGISTO
• As acções de declaração de nulidade ou anulação de deliberações sociais, bem como os
procedimentos cautelares de suspensão estão sujeitos a registo [9, al. e) CRCom]. Só depois do
registo podem essas medidas judiciais ser apostas a terceiros

• O registo deve ser promovido pelo autor da acção ou pelo requerente da providência, trata-se de
um registo provisório por natureza [64.º n. 1, al. n)], sem prazo de caducidade (65.º n. 3 CRCom)
e efectuado com base em certidão do teor do articulado ou em duplicado deste com nota de
entrada na secretária judicial (43.º CRCom).

• A lei considera que o registo é obrigatório (15.º n. 5 CRCom), uma vez que sem prova da
requisição do registo a acção judicial não pode prosseguir após a fase de articulados e a decisão
do procedimento cautelar não pode ser proferida (168.º n. 5 CSC)

• Se a acção ou suspensão procederem deve o registo ser efectuado no prazo de 2 meses a


contar do transito em julgado da decisão (15.º n. 6 CRCom). Se não procederem há lugar ao
cancelamento do registo provisório, com base em certidão da sentença transitada em julgado
(44.º n. 4 CRCom)
TRIBUNAL COMPETENTE
• A competência para apreciar as deliberações sociais pertence aos Tribunais de
Comércio [arts. 78, al. e) e 89.º Lei de Organização e Funcionamento dos Tribunais
Judiciais]

• A competência destes tribunais está prevista no art. 89.º n. 1 Lei de Organização e


Funcionamento dos Tribunais Judiciais [as acções em causa estão reguladas na
alínea c) e d) do mesmo preceito]. Para as acções judiciais que não estejam neste
artigo continuaram a ser competentes os tribunais civis.

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