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GOVERNO DO ESTADO DO CEARÁ

CAMILO Sobreira de SANTANA


GOVERNADOR DO ESTADO DO CEARÁ

SECRETARIA DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL - SSPDS

ANDRÉ Santos COSTA


SECRETÁRIO DA SSPDS

POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ - PMCE

Ronaldo Mota VIANA – Cel PM Cmt Gr


COMANDANTE-GERAL DA PMCE

ACADEMIA ESTADUAL DE SEGURANÇA PÚBLICA DO CEARÁ – AESP|CE

JUAREZ Gomes Nunes Júnior


DIRETOR-GERAL DA AESP|CE

Manuel Ozair Santos Júnior


SECRETÁRIO EXECUTIVO DA AESP|CE

NARTAN da Costa Andrade


COORDENADOR DE ENSINO E INSTRUÇÃO DA AESP|CE

Antônio CLAIRTON Alves de Abreu


COORDENADOR PEDAGÓGICO DA AESP|CE

Francisca ADEIRLA Freitas da Silva


SECRETÁRIA ACADÊMICA DA AESP|CE

CURSO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL PARA A CARREIRA DE PRAÇAS


POLICIAIS MILITARES DO CEARÁ – CFPCPM

DISCIPLINA
Fundamentos de Direito Administrativo

CONTEUDISTAS
ARLINDO da Cunha Medina Neto - Ten Cel QOPM
Eric BARROS Menezes - Cap QOPM

REVISÃO DE COERÊNCIA DIDÁTICA


José Walter de Andrade Junior
Francisco MATIAS Filho
Leandro Gomes PIRES

FORMATAÇÃO
JOELSON Pimentel da Silva
• 2017•
SUMÁRIO

1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS .....................................................................................................................................6


1.1 Direito Administrativo: .......................................................................................................................................6
1.2 Fontes do Direito Administrativo: ......................................................................................................................6
2 FUNÇÕES DO ESTADO................................................................................................................................................6
2.1 Função Legislativa (Normativa): .........................................................................................................................6
2.2 Função Judiciária: ...............................................................................................................................................6
2.3 Função Administrativa: .......................................................................................................................................6
3 PRINCÍPIOS.................................................................................................................................................................7
3.1 Princípios Constitucionais da Administração Pública: ........................................................................................7
3.2 Princípios implícitos da Administração Pública: .................................................................................................8
4 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO .................................................................................................................................9
4.1 Características: ...................................................................................................................................................9
4.2 Poderes Administrativos:....................................................................................................................................9
4.3 Abuso de Poder (ou Abuso de Autoridade): .....................................................................................................10
5 ATO ADMINISTRATIVO.............................................................................................................................................10
5.1 Conceito: ...........................................................................................................................................................10
5.2 Requisitos para Validade: .................................................................................................................................11
5.3 Atributos: ..........................................................................................................................................................11
5.4 Classificação:.....................................................................................................................................................11
5.5 O Ato Administrativo e o Direito dos Administrados: ......................................................................................12
6 PROCESSO ADMINISTRATIVO ..................................................................................................................................13
6.1 Procedimento Administrativo: .........................................................................................................................13
6.2 Princípios do Processo Administrativo .............................................................................................................13
6.3 Fases do Processo Administrativo: ................................................................................................................... 14
6.4 Modalidades de Processo: ................................................................................................................................14
6.5 Processo Administrativo Disciplinar: ................................................................................................................ 14
6.6 Sindicância: .......................................................................................................................................................14
7 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA ............................................................................................................14
7.1 Forma ................................................................................................................................................................14
7.2 Órgãos Públicos ................................................................................................................................................14
8 AGENTE PÚBLICO .....................................................................................................................................................15
8.1 Conceito: ...........................................................................................................................................................15
8.2 Espécies: ...........................................................................................................................................................15
8.3 Servidor Público: ...............................................................................................................................................16
9 CARGO PÚBLICO: .....................................................................................................................................................16
9.1 Classificação:.....................................................................................................................................................16
9.2 Provimento: ......................................................................................................................................................17
9.3 Formas de Vacância: .........................................................................................................................................17
9.4 Condições de Ingresso: .....................................................................................................................................18
9.5 Estabilidade: .....................................................................................................................................................19
9.6 Sistema Remuneratório: ...................................................................................................................................19
10 SERVIÇO PÚBLICO ..................................................................................................................................................20
10.1 Conceito: .........................................................................................................................................................20
10.2 Classificação:...................................................................................................................................................20
10.3 Modalidade:....................................................................................................................................................20
11 BENS E DOMÍNIO PÚBLICOS ..................................................................................................................................20
11.1 Espécies: .........................................................................................................................................................20
11.2 Características dos Bens Públicos: ..................................................................................................................21
12 RESPONSABILIDADE DO ESTADO ........................................................................................................................... 21
12.1 Responsabilidade Objetiva: ............................................................................................................................21
12.2 Responsabilidade Subjetiva: ...........................................................................................................................21
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:..................................................................................................................................22
ANEXO A .....................................................................................................................................................................23
ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL DO CEARÁ. .........................................................................................23
ANEXO B .....................................................................................................................................................................25
EXEMPLOS PRÁTICOS DE ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVO ................................................................................25
ANEXO C......................................................................................................................................................................27
ESQUEMA DE FORMAS DE PROVIMENTO NO SERVIÇO PÚBLICO ..............................................................................27
ANEXO D .....................................................................................................................................................................29
JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE ORDEM ILEGAL NO ÂMBITO DA POLÍCIA MILITAR ................................................29
ANEXO E ......................................................................................................................................................................30
QUESTÕES ETÁRIAS NA HIERARQUIA PM...................................................................................................................30
ANEXO F ......................................................................................................................................................................31
ABORDAGEM POLICIAL ...............................................................................................................................................31
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Praças Policiais Militares – CFPCP/PM
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1 CONCEITOS FUNDAMENTAIS tripartição concebida por Montesquieu são:


Legislativo, Executivo e Judiciário.
1.1 Direito Administrativo:
2 FUNÇÕES DO ESTADO
É o ramo do direito que regula a função
administrativa do Estado, independentemente de ser 2.1 Função Legislativa (Normativa):
exercida ou não pelo Poder Executivo. Trata das
relações entre a administração pública (entidades, Elaboração das leis: produz normas gerais, não
órgãos e agentes) e os seus administrados. concretas e produz inovações primárias no mundo
jurídico.
1.2 Fontes do Direito Administrativo:
2.2 Função Judiciária:
As fontes do Direito Administrativo são: a lei, a
jurisprudência, a doutrina e os costumes. Aplicação coativa da lei: estabelece regras
concretas (julga em concreto, não produz inovações
a) Lei: Como fonte primária, principal, tem-se a primárias, função indireta (deve ser provocado) e
lei, que inclui, além da CF/1988, as leis ordinárias, propicia situação de intangibilidade jurídica (coisa
complementares, delegadas, medidas provisórias, atos julgada).
normativos com força de lei, e alguns decretos-lei
ainda vigentes no país, etc. Em geral, é ela abstrata e 2.3 Função Administrativa:
impessoal.
b) Jurisprudência: É o conjunto de decisões do Aplica a lei diante do caso individual e concreto,
Poder Judiciário na mesma linha e julgamentos no estabelecendo regras concretas e não produzindo
mesmo sentido. inovações primárias. A Função Administrativa é direta
c) Doutrina: É a teoria desenvolvida pelos (não precisa ser solicitada) e é passível de revisão pelo
estudiosos do Direito, materializada em livros, artigos, Poder Judiciário.
pareceres, congressos, etc. Assim, como a É toda atividade desenvolvida pela
jurisprudência, a doutrina também é fonte secundária Administração representando os interesses da
e influencia no surgimento de novas leis e na solução coletividade.
de dúvidas no cotidiano administrativo, além de
complementar a legislação existente, que muitas vezes
é falha e de difícil interpretação.
d) Costumes: É a reiteração uniforme de
determinado comportamento. Em face do Principio da
Legalidade, que exige obediência dos administradores
aos comandos legais, os costumes hoje em dia têm
pouca utilidade prática. Ex. Cheque pós-datado.
1.3 Estado: É a pessoa jurídica territorial
soberana, formada pelos elementos povo, território e FIGURA 1 - Congresso Nacional (Função Legislativa)
governo soberano. É um ente personalizado
apresentando-se nas relações internacionais, no
convívio com Estados soberanos, bem como
internamente, capaz de adquirir direitos e contrair
obrigações na ordem jurídica.
1.4 Administração Pública: É o conjunto de
agentes, órgãos e pessoas jurídicas destinado à
execução das atividades administrativas. Corresponde
a todo o aparelhamento de que dispõe o Estado para a
prestação dos serviços públicos, para a gestão dos bens FIGURA 2 - Supremo Tribunal Federal (Função Judiciária)
públicos e dos interesses da comunidade.
1.5. Poderes do Estado: O Estado é composto de
Poderes, que representam uma divisão estrutural
interna, destinada à execução de certas funções
estatais. Esses Poderes do Estado segundo a clássica

6
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

3.1.2 Impessoalidade (ou Isonomia): É tratar os


iguais de forma igual e os desiguais de forma desigual,
na medida de suas desigualdades, ou seja, dentro das
mesmas condições, todos devem ser tratados de modo
igual.
A impessoalidade da atuação administrativa
impede, portanto, que o ato administrativo seja
praticado visando a interesses do agente ou de
terceiros, devendo ater-se à vontade da lei. Esse
FIGURA 3 - Palácio do Planalto (Função Executiva)
princípio impede perseguições ou favorecimentos,
discriminações benéficas ou prejudiciais aos
3 PRINCÍPIOS
administrados.
Qualquer ato praticado em razão de objetivo
Os princípios são as ideias centrais de um
diverso da tutela do interesse da coletividade será
sistema, estabelecendo suas diretrizes e conferindo a
inválido por desvio de finalidade.
ele um sentido lógico, harmonioso e racional, o que
Ex: A exigência de concurso público para
possibilita uma adequada compreensão de seu modo
ingresso em cargo ou emprego público (oportunidades
de organizar-se. Os princípios surgem como parâmetro
iguais para todos), a exigência de licitações públicas,
para a interpretação das regras de um determinado
etc.
ordenamento jurídico.
3.1.3 Moralidade: Por este principio é exigido
juridicamente que os agentes administrativos tenham
3.1 Princípios Constitucionais da Administração
uma atuação ética. A denominada moral administrativa
Pública:
difere da moral comum, justamente por ser jurídica e
pela possibilidade de invalidação de atos
Os Princípios Constitucionais que informam o
administrativos que sejam praticados com
Direito Administrativo e regem a Administração Pública
inobservância deste princípio.
são expressos no caput do art. 37 da CF/881, são cinco,
Neste caso não basta ao administrador o estrito
a saber:
cumprimento da legalidade, deverá ele, no exercício de
sua função, respeitar os princípios éticos de
3.1.1 Legalidade: É a base de todos os Estados
razoabilidade e justiça3.
de Direito, constituindo, em verdade, sua própria
qualificação2.
Ex: Comete ato imoral o Prefeito Municipal que
No caso traduz a ideia de que a Administração
empregar a sua verba de representação em negócios
no exercício de suas funções, somente poderá agir
alheios à sua condição de Administrador Público.
conforme o estabelecido por lei.
3.1.4 Publicidade: A exigência de publicação
Um administrador de empresa particular pratica oficial dos atos externos da Administração não é um
tudo aquilo que a lei não proíbe. Já o administrador requisito de validade dos atos administrativos, mas sim
público, que deve o interesse da coletividade que pressuposto de sua eficácia. Assim, enquanto não
representa, é obrigado ao estrito cumprimento da lei e verificada a publicação o ato não estará apto a
dos regulamentos, e assim, só pode praticar o que a lei produzir efeitos perante seus destinatários externos ou
permite. É a lei que distribui competências aos terceiros. A regra é que a publicidade somente poderá
administradores. ser excepcionada quando o interesse público assim
determinar.
A publicidade deve ter objetivo educativo,
informativo e de interesse social, não podendo ser
1
Caput do art. 37 da CF/1988: “A administração pública utilizados símbolos, imagens, etc, que caracterizem a
direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do promoção pessoal do agente público.
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência e,
Ex: Publicação do Edital do Concurso para
também, ao seguinte:”. Soldado da carreira de Praças da PMCE.
2
A formulação mais genérica deste princípio encontra-se
no inciso II do art. 5º da CF, artigo este em que se insculpem os
3
direitos e garantias fundamentais de nosso ordenamento. Lemos, A CF/1988 considera as hipóteses de imoralidade =
no dispositivo, que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de improbidade como crime, portanto, é ato ilegal e está sujeito ao
fazer alguma coisa senão em virtude de lei”. controle judicial.

7
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Exceções da CF/1988: o serviço público e satisfatório atendimento das


necessidades da comunidade e de seus membros.
a) Art. 5º, XXXIII - garante o sigilo para segurança Ex: Não basta apenas que uma viatura chegue
da sociedade e do Estado4; num local de ocorrência para qual foi acionada, mas
“Todos têm direito a receber dos órgãos que chegue num tempo possível de impedir ou
públicos informações de seu interesse obstaculizar a ação delituosa.
particular, ou de interesse coletivo ou geral,
que serão prestadas no prazo da lei, sob pena 3.2 Princípios implícitos da Administração
de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
Pública:
sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado”.
b) Art. 5º, X - direito à intimidade5; 3.2.1 Supremacia do Interesse Público:
“São invioláveis a intimidade, a vida privada, a Possibilita que, nas relações jurídicas nas quais o
honra e a imagem das pessoas, assegurado o Estado figure como representante da sociedade, seus
direito a indenização pelo dano material ou interesses, na medida em que os interesses públicos
moral decorrente de sua violação são atendidos, prevaleçam contra os interesses
c) Art. 5º LX - ações que devem correr em particulares.
segredo de justiça6.
“A lei só poderá restringir a publicidade dos 3.2.2 Razoabilidade e Proporcionalidade: Os
atos processuais quando a defesa da poderes concedidos à Administração devem ser
intimidade ou o interesse social o exigirem”. exercidos na medida necessária ao atendimento do
interesse coletivo, sem exageros.
A publicidade dos atos administrativos é feita O administrador tem que aferir a
tanto na esfera federal (através do Diário Oficial da compatibilidade entre os meios e os fins de um ato
União - DOU) como na estadual (através do Diário administrativo, sendo vedados os excessos. Exige-se
Oficial Estadual - DOE) ou municipal (através do Diário proporcionalidade entre os meios de que se utilize a
Oficial do Município - DOM). Nos Municípios, se não Administração Pública e os fins que ela tem que
houver o DOM, a publicidade poderá ser feita através alcançar.
dos jornais de grande circulação ou afixada em locais
conhecidos e determinados pela Administração. O administrador deve agir com lógica, razão e
Na PMCE, em regra, a publicidade dos atos é ponderação nos atos discricionários.
feita através do Boletim do Comando Geral (BCG)7 ou
dos boletins e aditivos das diversas Organizações
3.3.3 Da Autotutela: A Administração tem o
Policiais Militares - OPMs, conforme a sua origem e
dever de zelar pela legalidade e eficiência dos seus
abrangência, como também, pela afixação em
próprios atos. É por isso que se reconhece à
flanelógrafos ou similares.
Administração Pública o poder e dever de anular ou
declarar a nulidade dos seus próprios atos praticados
3.1.5 Eficiência: Este é o mais novo princípio com infração à lei. Nada mais é que um autocontrole
constitucional expresso relativo ao Direito sobre seus próprios atos. Ex. deixar, por erro da
Administrativo, que foi acrescentado aos quatro Administração de promover um policial militar, nesse
anteriores pela Emenda Constitucional (EC) nº caso não precisa recorrer ao judiciário.
19/1998, e objetiva assegurar que os serviços públicos 3.3.4 Da Indisponibilidade: Os bens e interesses
sejam prestados com adequação às necessidades da públicos não podem ser dispostos ao bel prazer dos
sociedade que os custeia. agentes públicos, eles devem ser geridos em prol da
Por esse princípio é imposto a todo agente coletividade. O administrador não pode confundir seus
público a obrigação de realizar suas atribuições com interesses pessoais com os interesses públicos.
presteza, perfeição e rendimento funcional. Não basta
mais que a função administrativa seja desempenhada 3.3.5 Da Continuidade do Serviço Público: O
com legalidade, mas é exigido resultados positivos para serviço público destina-se a atender necessidades
sociais, e por serem prestados no interesse da
4
coletividade não podem sofrer interrupções.
Art. 5º, XXXIII, da CF/1988. Ex: No contrato administrativo não pode ser
5
Art. 5º, X, da CF/1988.
6
Art. 5º, LX, da CF/1988. invocado pelo particular a exceção do contrato não
7
Há uma ressalva para determinados atos administrativos
que devem ser publicados no DOE do Estado do Ceará.

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FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

cumprido pela Administração, pois os serviços públicos - É a liberdade do - É a atuação do


não podem parar! administrador para atuar, administrador além (fora)
para agir dentro dos dos limites da lei.
limites da lei. - É sempre ilegítimo e
4 PODERES DA ADMINISTRAÇÃO - É legítimo e válido. inválido.

Os poderes administrativos representam 4.2.3 Poder Hierárquico: É o meio de que dispõe


instrumentos que, utilizados isolada ou a Administração Pública para distribuir e escalonar as
conjuntamente, permitem à Administração Pública funções dos seus órgãos públicos, estabelecer a
cumprir suas finalidades, sendo, por isso, entendidos relação de subordinação e atuação entre seus agentes,
como poderes instrumentais. estabelecendo uma relação de hierarquia e de
Diferem-se dos Poderes Políticos - Legislativo, subordinação.
Judiciário e Executivo - que são poderes estruturais A hierarquia caracteriza-se pela existência de
hauridos diretamente da Constituição Federal. graus de subordinação entre os diversos órgãos e
agentes do Executivo.
4.1 Características: Na PMCE temos esses graus de subordinação
entre seus integrantes estabelecidos através dos
a) É um dever, é obrigatório; postos e graduações9 - que foram reorganizados pela
b) É irrenunciável; Lei n° 15.797, de 25/05/15, em Oficiais: a) Coronel; b)
c) Cabe responsabilização que pode ser: Tenente-Coronel; c) Major; d) Capitão; e) Primeiro-
• Quando o administrador se utiliza dos poderes Tenente; f) Segundo Tenente. Praças: a) Subtenente; b)
além dos limites permitidos por lei (ação); Primeiro-Sargento; c) Segundo Sargento; d) Terceiro
• Quando ele não utiliza dos poderes quando Sargento e) Cabo; f) Soldado. Praças especiais: a)
deveria ter se utilizado (omissão)8. Aluno-Oficial; b) Aluno do Curso de Formação de
d) Deve obedecer aos limites das regras de Soldados - e entre seus órgãos.
competência, sob pena de inconstitucionalidade. O Art. 21 da Lei 15.797/15, estabelece a
promoção de Coronel Comandante Geral, que é um
4.2 Poderes Administrativos: posto específico.
O Art. 30 da Lei n° 13.729, de 11/01/06,
Os principais poderes administrativos estabelece que:
comumente descritos pela doutrina são: “Os círculos hierárquicos e a escala hierárquica
nas Corporações Militares Estaduais são
4.2.1 Poder Vinculado: Quando a lei confere à fixados nos esquemas e parágrafos seguintes:
Administração Pública poder para a prática de § 1º Posto é o grau hierárquico do Oficial,
determinado ato, estipulando todos os requisitos e conferido pelo Governador do Estado,
elementos necessários à sua validade, não deixando correspondendo cada posto a um cargo. § 2º
nenhuma liberdade ao administrador para um juízo de Graduação é o grau hierárquico da Praça,
conferido pelo Comandante-Geral,
conveniência e oportunidade.
correspondendo cada graduação a um cargo”
O ato que deixar de atender a qualquer dado
expresso na lei será nulo, por desvinculado do seu tipo
4.2.4 Poder Disciplinar: É o poder que dispõe à
padrão, podendo ser declarado pela Administração ou
Administração para apurar infrações e aplicar
pelo Judiciário, ou seja, cumprir expressamente o que
penalidades funcionais a seus agentes e demais
lei a lei determina.
pessoas sujeitas à disciplina administrativa, como é o
caso das que por ela são contratados.
4.2.2 Poder Discricionário: Quando a lei concede
Está relacionado com o poder hierárquico e tem
à Administração, de modo explícito ou implícito, poder
por objetivo garantir a normalidade da atividade
para prática de determinado ato com liberdade de
funcional dos órgãos. O Estado a par de outros
escolha de sua conveniência e oportunidade.
cuidados, adota normas disciplinares para obrigar os
servidores a cumprirem os seus deveres. Se o
Discricionariedade Arbitrariedade funcionário infringe algum dos seus deveres, será
responsabilizado disciplinarmente, sofrendo uma
8
Legislação: Lei nº 4.898/65 (Abuso de Poder) e Lei nº
9
8.429/92 (Improbidade Administrativa). Art. 30 da Lei n° 13.729, de 11/01/06.

9
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

punição de cuja natureza depende da gravidade da até o emprego da força pública para seu normal
falta cometida. cumprimento, quando houver resistência por parte do
Ressalta-se também que uma infração penal administrado.
pode também ensejar uma punição administrativa.
4.3 Abuso de Poder (ou Abuso de Autoridade):
4.2.5 Poder Regulamentar (ou Normativo):
Embora a atividade normativa seja típica do Ocorre sempre que uma autoridade ou um
Legislativo, o Executivo atipicamente pode expedir agente público, embora competente para a prática de
regulamentos e outros atos normativos de caráter um ato, ultrapassa os limites das suas atribuições ou se
geral e de efeitos externos para melhor se estruturar e desvia das finalidades administrativas.
funcionar e oferecer fiel execução à lei. O abuso de poder (ou abuso de autoridade)
como todo ilícito, reveste as formas mais diversas. Ora
4.2.6 Poder de Polícia: É a atividade da se apresenta ostensivo como a truculência, às vezes
Administração Pública que, limitando ou disciplinando dissimulado como o estelionato, e não raro encoberto
direitos, interesses ou liberdades individuais dos na aparência ilusória dos atos legais. Em qualquer
particulares, regula a prática do ato ou abstenção de desses aspectos - flagrante ou disfarçado - o abuso do
fato, em razão do interesse da coletividade. poder é sempre uma ilegalidade que invalida o ato que
A Administração exerce o poder de polícia sobre o contém.
todas as atividades que possam, direta ou
indiretamente, afetar os interesses da coletividade. O
O uso do poder é lícito, o abuso é sempre ilícito.
poder de polícia é exercido por todas as esferas da
Federação.
É o mecanismo de frenagem de que dispõe a O abuso de poder reparte-se em duas espécies:
Administração para coibir os abusos do direito o excesso de poder e o desvio de finalidade.
individual. a) Excesso de Poder: Ocorre quando a
A extensão do poder de polícia é hoje muito autoridade, embora competente para praticar o ato,
ampla, abrangendo desde a proteção à moral e aos vai além do permitido e exorbita no uso de suas
bons costumes, a preservação da saúde pública, a faculdades administrativas. Excede, portanto, sua
censura de espetáculos públicos, a segurança das competência legal e, com isso, invalida o ato, porque
construções e dos transportes, a manutenção da ninguém pode agir em nome da Administração fora do
ordem pública em geral. que a lei lhe permite. O excesso de poder torna o ato
arbitrário, ilícito e nulo, pois retira a legitimidade da
4.2.6.1 Limitações do Poder de Polícia: conduta do administrador, colocando-o na ilegalidade
a) Necessidade: O Poder de polícia só deve ser e até mesmo no crime de abuso de autoridade. Ex.
adotado para evitar ameaças reais ou prováveis de Conduzir preso algemado em desacordo com a lei.
perturbações ao interesse público; b) Desvio de Finalidade (ou de Desvio de
b) Proporcionalidade: é a exigência de uma Poder): Verifica-se quando a autoridade, embora
relação entre a limitação ao direito individual e o atuando nos limites de sua competência, pratica o ato
prejuízo a ser evitado; por motivos ou com fins diversos dos objetivados pela
c) Eficácia: A medida deve ser adequada para lei ou exigidos pelo interesse público.
impedir o dano ao interesse público. Ex: Quando a autoridade pública decreta uma
desapropriação alegando utilidade pública, mas
4.2.6.2 Atributos do Poder de Polícia: visando, na realidade, a satisfazer interesse pessoal
a) Discricionariedade: Consiste na livre escolha próprio ou favorecer algum particular com a
pela Administração Pública dos meios adequados para subsequente transferência do bem expropriado.
exercer o poder de polícia, bem como, de empregar os 5 ATO ADMINISTRATIVO
meios conducentes a atingir o fim desejado, que é a
proteção de um interesse público. 5.1 Conceito:
b) Autoexecutoriedade: É a faculdade da É uma espécie de ato jurídico. É toda
Administração de decidir e de executar direta e manifestação unilateral de vontade da Administração
imediatamente seus atos, sem necessidade de Pública, que agindo nessa qualidade, tenha por fim
recorrer, previamente, ao Poder Judiciário. imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar,
c) Coercibilidade: É a imposição imperativa do extinguir e declarar direitos ou impor obrigações aos
ato da Administração a seu destinatário, admitindo-se administrados ou a si própria.

10
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Este conceito é do ato administrativo típico, já a) Presunção de legitimidade: Todo ato


que o contrato administrativo constitui o ato administrativo presume-se legítimo, isto é, verdadeiro
administrativo bilateral. e conforme o direito. Não é necessário a administração
que editou o ato provar sua validade (o ônus da prova
5.2 Requisitos para Validade: cabe a quem alega a ilegalidade).
Ex: Execução de Dívida Ativa - cabe ao particular
a) Competência: É a prerrogativa concedida por o ônus de provar que não deve ou que o valor está
lei para praticar o ato administrativo, esfera de errado.
atuação. É vinculado. b) Imperatividade (Coercibilidade):
Possibilidade que tem administração de criar
A competência admite delegação e avocação. obrigações ou impor restrições unilateralmente aos
Esses institutos resultam da hierarquia. seus administrados, independentemente de sua
b) Forma: É a maneira como o ato administrativo concordância.
deve ser praticado, que deve estar de acordo com a Ex: Secretário de Saúde quando dita normas de
previsão legal. higiene - decorre do exercício do Poder de Polícia - pode
Em princípio, exige-se a forma escrita para a impor obrigação para o administrado.
prática do ato, mas, excepcionalmente, admitem-se as c) Auto-Executoriedade: Consiste na
ordens através de sinais ou de voz, como são feitas no possibilidade da administração obrigar o administrado
trânsito. a cumprir o ato administrativo de forma direta e
c) Motivo: É a situação de direito que autoriza imediata, independente de ordem judicial.
ou exige a prática do ato administrativo.
Se o Administrador invoca determinados 5.4 Classificação:
motivos, a validade do ato fica subordinada à efetiva
existência desses motivos invocados para a sua prática. 5.4.1 Espécies:
É a teoria dos Motivos Determinantes10. a) Atos Normativos: São aqueles que contêm
d) Objeto: É o próprio conteúdo do ato comando geral do Poder Executivo, visando à correta
administrativo. É o que o ato decide, opina, certifica, aplicação da lei. Estabelecem regras gerais e abstratas,
dispõe. pois visam a detalhar melhor o que a lei previamente
e) Finalidade: É o bem jurídico objetivado pelo estabeleceu.
ato administrativo. É ao que se compromete o ato Ex: decretos, regulamentos, Regimentos,
administrativo. Resoluções, Deliberações, etc.
A soma do motivo e do objeto nos chamados
atos discricionários caracteriza o que se denomina de b) Atos Ordinatórios: Emanam do Poder
mérito administrativo11. Hierárquico e visam disciplinar o funcionamento da
Administração Pública e a conduta funcional dos seus
5.3 Atributos: agentes.
Ex: instruções, circulares, ordens de serviço,
avisos, ofícios, despachos, etc.
10
Teoria dos motivos determinantes: Essa teoria funda-se
na consideração de que o ato administrativo fica atrelado aos
c) Atos Negociais: São aqueles que contêm uma
motivos expostos para justificar a sua prática. Tais motivos é que declaração de vontade da Administração Pública para
determinam e justificam a realização do ato, e, por isso mesmo, concretizar negócios com particulares, nas condições
deve haver perfeita correspondência entre eles e a realidade. Pela previamente vinculadas por lei.
motivação, o administrador público justifica sua ação Ex: licença, autorização, permissão, aprovação,
administrativa, indicando os fatos (pressupostos de fato) que
ensejam o ato e os preceitos jurídicos (pressupostos de direito) que concessão, apreciação, visto, dispensa, etc.
autorizam sua prática, para ser possível o exame de sua legalidade,
finalidade e moralidade administrativa, e para se ter a certeza de d) Atos Enunciativos: São aqueles que a
que sua execução foi movida apenas por motivos de interesse Administração Pública se limita a certificar ou atestar
público. Havendo desconformidade entre os motivos
determinantes e a realidade, o ato é inválido.
um fato, ou emitir uma opinião sobre determinado
11
Mérito Administrativo: Corresponde à esfera de assunto.
discricionariedade reservada ao administrador que, em princípio, Ex: certidão, atestado, parecer, etc.
não pode ser substituída pela discricionariedade do Juiz. No
entanto, o Poder Judiciário pode examinar os atos administrativos
e) Atos Punitivos: São aqueles que contêm uma
no tocante à legalidade, a forma e competência da edição dos
mesmos, não podendo reapreciar o mérito administrativo. sanção imposta pela Administração Pública que visa a

11
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

punir e reprimir as infrações administrativas ou a concreto, não há margem de liberdade do


conduta irregular dos administrados ou de servidores. administrador.
Pode-se dizer que é a aplicação do Poder de Ex: Reserva remunerada compulsória por idade
Policia e do Poder Disciplinar. do policial militar.
Ex: multa, interdição de atividades, destruição de
coisas, afastamento do cargo, etc. b) Discricionário: Prevê mais de um
comportamento possível a ser tomado pelo
5.4.2 Quanto aos Destinatários: administrador em um caso concreto, há margem de
a) Gerais: Destinam-se a uma parcela grande de liberdade para que ele possa atuar com base em um
sujeitos indeterminados e todos aqueles que se veem juízo de conveniência e oportunidade, porém sempre
abrangidos pelos seus preceitos. dentro dos limites da lei.
Ex: Lei, edital, regulamento, etc. Ex: Permissão de uso para colocação de mesas e
cadeiras nas calçadas públicas, desapropriação de
b) Individuais: Trabalham com uma situação determinado imóvel para construção de via.
concreta e destina-se a uma pessoa em particular ou a
um grupo de pessoas determinadas. Ato Vinculado Ato Discricionário
Ex: Demissão, exoneração, decreto
expropriatório, permissão, licença para edificação, etc. O objeto já está Há uma margem de
predeterminado na lei, liberdade do adminis-
5.4.3 Quanto ao Alcance: não havendo liberdade trador para preencher o
a) Internos: Os destinatários são os órgãos e do Administrador para conteúdo do ato adminis-
agentes da Administração, não se dirigem a terceiros. decidir. trativo.
Assim, não dependem de publicação em órgão oficial,
basta a cientificação direta. 5.4.6 Quanto à Formação:
Ex: Circular, portaria, instrução, etc. a) Simples: É o que resulta de uma manifestação
b) Externos: Alcançam os administrados de de vontade de um órgão da Administração Pública,
modo geral (só entram em vigor depois de publicados). depende de uma única manifestação de vontade.
Ex: Admissão, licença de veículo, etc. Ex: Despacho.

5.4.4 Quanto ao Objeto: b) Composto: É aquele que depende de mais de


a) Ato de Império (ou de Autoridade): É aquele uma manifestação de vontade que devem ser
ato que a Administração pratica usando da sua produzidas dentro de um mesmo órgão.
supremacia sobre o administrado, impondo obrigações Ex: Dispensa de licitação.
de ordem unilateral.
Ex: Desapropriação, interdição, requisição, etc. c) Complexo: É aquele que para se aperfeiçoar
depende de mais de uma manifestação de vontade,
b) Ato de Gestão: É aquele praticado pela porém, essas manifestações devem ser produzidas por
Administração Pública sem valer-se da sua supremacia mais de um órgão.
sobre os destinatários. É fundamentalmente regido Ex: Escolha em lista tríplice; Reserva
pelo direito privado, pois a Administração Pública se Remunerada de policial militar (PMCE e PGE).
afasta de suas prerrogativas, colocando-se em pé de
igualdade com os particulares. Ato Simples Ato Composto Ato Complexo
Ex: Alienação, aquisição de bens, contrato de
locação, etc. Uma única
As manifestações Depende das
manifestação
de vontade manifestações de
c) Ato de Expediente: Destina-se a dar de vontade de
provêm de um vontade de
andamento aos processos e papéis que tramitam nos um único
único órgão. órgãos diversos.
órgãos da Administração Pública. órgão.

5.4.5 Quanto ao Regramento (Grau de 5.5 O Ato Administrativo e o Direito dos


Liberdade): Administrados:
a) Vinculado (ou Regrado): É aquele que
estabelece um único comportamento possível de ser 5.5.1 Extinção dos Atos Administrativos:
adotado pela Administração diante de um caso

12
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Anulação: É a supressão do ato a) Atos Inexistentes: São os que contêm um


administrativo, com efeito retroativo, por razões de comando manifestamente ilegal.
ilegalidade e ilegitimidade. Pode ser examinado pelo Ex: Uma ordem para torturar um preso.
Poder Judiciário (razões de legalidade e legitimidade) e
pela Administração Pública (aspectos legais e no b) Ato nulo: É aquele que nasce com vício
mérito). insanável, com defeito substancial em seus elementos
Possui efeito ex-tunc, que é o efeito retroativo, (requisitos), é ilegal não podendo ser convalidado.
invalida as consequências passadas, presentes e Ex: Prática de um ato por uma pessoa jurídica
futuras. incompetente; Detran conceder autorização para
pilotar aeronave.
b) Revogação: É a extinção de um ato c) Ato anulável: É aquele que representa uma
administrativo legal e perfeito, por razões de violação mais branda à norma. O ato possui um vício,
conveniência e oportunidade, pela Administração, no mas ele é sanável. Assim, caso o vício seja corrigido o
exercício do poder discricionário. O ato revogado ato é convalidado, caso contrário se tornará nulo.
conserva os efeitos produzidos durante o tempo em Ex: Um ato que era de competência do Ministro
que operou. A partir da data da revogação é que cessa e foi praticado por Secretário Geral. Houve violação,
a produção de efeitos do ato até então perfeito e legal. mas não tão grave porque foi praticado dentro do
Só pode ser praticado pela Administração Pública por mesmo órgão.
razões de oportunidade e conveniência. A revogação
não pode atingir os direitos adquiridos. d) Convalidação: É a prática de um ato posterior
Possui efeito ex-nunc, isto é os efeitos do ato até que vai conter todos os requisitos de validade,
a revogação permanecem válidos, não sendo inclusive aquele que não foi observado no ato anterior
retroativo. e determina a sua retroatividade à data de vigência do
ato tido como anulável. Os efeitos passam a contar da
c) Cassação: Embora legítimo na sua origem e data do ato anterior - é editado um novo ato.
formação, torna-se ilegal na sua execução; quando o A convalidação só se verifica quanto à
destinatário descumpre condições pré-estabelecidas. competência e a forma do ato administrativo.
Ex: Alguém obteve uma permissão para explorar
o serviço público, porém descumpriu uma das 6 PROCESSO ADMINISTRATIVO
condições para a prestação desse serviço. Vem o Poder
Público e, como penalidade, procede à cassação da 6.1 Procedimento Administrativo:
permissão.
É o modo pelo qual o processo anda, ou a
d) Caducidade: É a cessação dos efeitos do ato maneira de se encadearem os seus atos - é o rito. E a
em razão de uma lei superveniente, com a qual esse seqüência da documentação e das providências
ato é incompatível. A característica é a necessárias para a obtenção de determinado ato final.
incompatibilidade do ato com a norma subsequente. Pode ser:
a) Vinculado: Quando existe lei determinando a
Espécies Objeto Titular Efeitos sequência dos atos.
Ex: Licitação.
Ex tunc (O ato já
Administração nasceu ilegal, assim
Ilegalidade do e Judiciário os efeitos dele b) Discricionário (ou Livre): Nos casos em que
Anulação
ato (5º, XXXV, da decorrentes, desde não há previsão legal de rito, seguindo apenas a praxe
CF/88) a sua edição são administrativa.
invalidados).
Razões de
Ex nunc (Os efeitos Na esfera administrativa não existe coisa
conveniência e
gerados até a
Revogação
oportunidade (o
Administração revogação do ato
julgada, podendo sempre ser intentada ação judicial,
ato é válido, mesmo após uma decisão administrativa (art. 5º,
são considerados
porém, não mais
conveniente)
válidos). XXXV).

5.5.2 Atos Inexistentes, Atos Nulos e Atos 6.2 Princípios do Processo Administrativo
Anuláveis:

13
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Legalidade objetiva: Apoia-se em norma legal É a apuração promovida no âmbito da


específica. Administração com o fim de verificar a apuração de
b) Oficialidade: Impulsionado pela transgressão de natureza grave que poderá impor ao
administração, não devendo ficar parado. servidor a aplicação das penalidades de demissão,
c) Informalismo: Devem ser desconsideradas cassação de aposentadoria ou disponibilidade de
pequenas falhas ou faltas formais que não tragam servidor.
prejuízo ao andamento ou as partes.
d) Verdade Real: A Administração Pública deve
tomar decisões com base nos fatos tais como se
apresenta a realidade, não se satisfazendo apenas com
a versão apresentada.
e) Garantia de Defesa: O processo deve
observar o contraditório e a ampla defesa.
f) Publicidade: Os atos devem ser divulgados
pelos meios oficiais. Ex. DOE e BCG.

6.3 Fases do Processo Administrativo:

a) Instauração: Ato da própria administração ou FIGURA 4 - Processo Administrativo Disciplinar (PAD)


por requerimento de interessado, é a abertura do
início do processo. 6.6 Sindicância:
b) Instrução: Colheita de dados, declarações,
documentos e outras provas. É a investigação promovida no âmbito da
c) Defesa: Momento específico nos processos Administração com o objetivo de verificar a ocorrência
em que se formula acusação. de possíveis ou prováveis atos ou fatos irregulares, se
d) Relatório: Exposição das provas colhidas com dá para a apuração de transgressões mais leves.
as conclusões finais.
e) Decisão: Julgamento pela autoridade 7 ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
competente.
7.1 Forma
6.4 Modalidades de Processo:
7.1.1 Direta (Centralizada): Presta sua atividade
a) Mero expediente: São os processos que se diretamente à coletividade, decidindo, administrando
traduzem em conjunto de documentos e expedientes e executando as funções administrativas.
internos de natureza burocrática. Ex: Ministérios, secretarias estaduais, secretarias
b) Internos: São os processos que envolvem municipais.
assuntos da própria Administração Pública.
c) Externos: São os processos que abrangem os 7.1.2 Indireta (Descentralizada): Atua por meio
administrados. de outros entes criados por lei, possuindo
d) De interesse público: São aqueles que personalidade jurídica própria, com finalidades
interessam à coletividade. específicas, autônomos e com capacidade de auto-
e) De interesse particular: São os processos que gestão.
interessam a uma pessoa. Ex: Autarquias, fundações públicas, empresas
f) De outorga: São aqueles em que o poder públicas, sociedades de economia mista.
público autoriza o exercício de direito individual.
g) De controle: São os processos que abrangem 7.2 Órgãos Públicos
atividade sujeita a fiscalização.
h) Disciplinares: Envolve atuação dos servidores. 7.2.1 Conceito: São divisões das entidades
i) Licitatório: São os processos que tratam de estatais (União, Estados e Municípios) ou centros de
licitação. competência instituídos para o desempenho de
funções estatais através de seus agentes, cuja atuação
6.5 Processo Administrativo Disciplinar: é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.

14
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

7.2.2 Características: b) Colegiados: São os que decidem por


• Não tem personalidade jurídica própria, os atos manifestação conjunta da maioria de seus membros.
que praticam são atribuídos ou imputados à entidade Ex: Legislativo, conselhos e tribunais.
estatal a que pertencem.
• Expressa a vontade da entidade a que pertence 8 AGENTE PÚBLICO
(União, Estado, Município).
• É instrumento de ação dessas pessoas 8.1 Conceito:
jurídicas.
• É dotado de competência, que é distribuída por São todas as pessoas, vinculadas ou não ao
seus cargos. Estado, que prestam serviço ao mesmo, de forma
permanente ou ocasional, com ou sem remuneração.
7.2.3 Classificação: O conceito é amplo e abrange todas as pessoas
que de uma maneira ou de outra prestam um serviço
7.2.3.1 Quanto à Posição Estatal: público. Estão abrangidos por esse conceito desde os
a) Independentes: Originam-se da previsão titulares dos Poderes do Estado até pessoas que se
constitucional, não tendo qualquer subordinação vinculam contratualmente com o Poder Público como
hierárquica. é o caso dos concessionários.
Ex: Poder Executivo, Legislativo e Judiciário.
b) Autônomos: São os localizados na cúpula da 8.2 Espécies:
Administração Pública, imediatamente abaixo dos
órgãos independentes e diretamente subordinados a Os agentes públicos desempenham as funções
seus chefes, possuindo ampla autonomia dos órgãos a que estão vinculados e podem ser:
administrativa, financeira e técnica.
Ex: Ministérios, Secretaria de Planejamento, etc. a) Agentes Políticos: São os que ocupam os
c) Superiores: São os que detêm poder de cargos principais na estrutura constitucional, em
direção, controle, decisão e comando, subordinando- situação de representar a vontade política do Estado.
se a um órgão mais alto, contudo não gozam de Ocupam os cargos dos órgãos independentes (que
autonomia administrativa e nem financeira. representam os poderes do Estado) e dos órgãos
Ex: Gabinetes, coordenadorias, secretarias autônomos (que são os auxiliares imediatos dos órgãos
gerais, etc. independentes), exercendo funções e mandatos
d) Subalternos: São os órgãos subordinados temporários.
hierarquicamente a outro órgão superior e realizam Ex: Presidente da República, senadores,
tarefas de rotina administrativa, sendo governadores, deputados, prefeitos, ministros, etc.
predominantemente órgão de execução.
Ex: Repartições, seções de expediente, etc. Os Agentes Políticos não são servidores ou
empregados públicos, exceto para fins penais, caso
7.2.3.2 Quanto à Estrutura: cometam crimes contra a Administração Pública.
a) Simples: São os de apenas um centro de b) Agentes Administrativos: São os agentes
competência, que não têm outros órgãos agregados à públicos em geral, que se vinculam à Administração
sua estrutura. Pública Direta, podendo ser civil ou militar, bem como
Ex: Posto Fiscal, Agência da SRF, etc. temporários, ou às Autarquias por relações
b) Compostos: São os de vários centros de profissionais.
competência, que têm outros órgãos agregados à sua • Servidores: titularizam cargo e, portanto, estão
estrutura, para funções complementares ou submetidos ao regime estatutário;
especializadas. • Empregados: titularizam emprego, sujeitos ao
Ex: Delegacia da Receita Federal, Inspetoria regime celetista.
Fiscal, etc. • Para os Servidores e Empregados Públicos é
exigido concurso público.
7.2.3.3 Quanto à Atuação Funcional: • Temporário: art. 37, IX, da CF/198812 -
a) Singulares: São os que decidem através de um contratado por tempo determinado com dispensa de
único agente.
Ex: Presidência da República, Ministérios,
Coordenadorias, Seccionais, etc.
12
Art. 37, IX, da CF/1988.

15
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

concurso público e só é cabível nas hipóteses de categoria profissional, ou comete individualmente a


excepcional interesse. determinados servidores para a execução de serviços
“IX - a lei estabelecerá os casos de contratação eventuais ou temporários.
por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional
interesse público”.
Os militares abrangem as pessoas físicas que
c) Agentes Honoríficos: São os agentes
prestam serviços às Forças Armadas - Marinha,
convocados ou nomeados para prestarem serviços de
Exército e Aeronáutica e às Polícias Militares e Corpos
natureza transitória, sem vínculo empregatício, e em
de Bombeiros Militares dos Estados, Distrito Federal e
geral, sem remuneração. Constituem os serviços
dos territórios. Os agentes militares eram, na redação
relevantes.
original da CF/1988, considerados como uma espécie
Ex: Jurados, comissários de menores, mesários
de servidores públicos, porém, a partir da EC nº
eleitorais, etc.
18/1998, passaram a constituir uma categoria a parte,
(são militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
Os Agentes Honoríficos, enquanto exercerem a Territórios), sendo que os servidores públicos hoje são
função pública, submetem-se à hierarquia e são apenas civis.
considerados servidores públicos para fins penais.

d) Agentes Delegados: São os particulares que


exercem funções delegadas da Administração Pública,
e que são os serviços concedidos, permitidos e
autorizados.
Ex: Serventuários de cartório, leiloeiros oficiais,
tradutores, permissionários, etc.

8.3 Servidor Público:

São todas as pessoas físicas que mantêm relação


de trabalho com a Administração Pública, direta, FIGURA 5 - Policiais Militares (Agentes Administrativos)
indireta, autárquica e fundacional. Os servidores
Públicos constituem uma espécie de Agentes Públicos. 9 CARGO PÚBLICO:
Os servidores públicos podem ser:
9.1 Classificação:
a) Estatutários (Servidores Públicos): possuem
CARGOS. a) Cargo em Comissão: Aquele ocupado
b) Empregados Públicos (celetistas): possuem transitoriamente com base no critério de confiança.
EMPREGOS. Ex: Chefe de gabinete, diretor de secretaria, etc.
c) Servidores Temporários: possuem FUNÇÃO.
b) Cargo Efetivo: Preenchido em caráter
definitivo, sem transitoriedade. O seu preenchimento
• CARGOS: São as mais simples e indivisíveis
se dá, em regra, por concurso público.
unidades de competência a serem expressas por um
Ex: Oficial e Praça da PMCE, etc.
agente público, previstos em número certo, por
determinação própria e remunerados por pessoas
c) Cargo Vitalício: Também preenchidos em
jurídicas de direito público, devendo ser criados por lei.
caráter definitivo, sendo que seu ocupante só pode ser
desligado por processo judicial ou por processo
• EMPREGOS: São núcleos de encargo de
administrativo, assegurada à ampla defesa.
trabalho a serem preenchidos por agentes contratados
Ex: Magistrados, Promotores, etc.
para desempenhá-los sob uma relação trabalhista
(celetista). Sujeitam-se a uma disciplina jurídica que
d) Cargo de Carreira: Aquele que faz parte de
embora sofra algumas influências, basicamente são
um conjunto de cargos com a mesma denominação,
aquelas aplicadas aos contratos trabalhistas em geral.
escalonados em razão das atribuições e da
responsabilidade.
• FUNÇÃO: É a atribuição ou conjunto de
atribuições que a Administração Pública confere a cada

16
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

9.2 Provimento: for anulada administrativamente ou judicialmente,


voltando para o mesmo cargo que ocupava
É o preenchimento do cargo público por uma anteriormente. Dá-se com o ressarcimento de todas as
pessoa designada através de um ato próprio, podendo vantagens que o servidor deixou de receber durante o
ser: período em que esteve afastado.
a) Originário (Inicial): É aquele provimento que
independe de relações anteriores do indivíduo com a 9.2.1.2 Vertical: passagem de um cargo para
Administração Pública. outro, implicando em ascensão funcional:
A única forma de Provimento Originário é a - Promoção: É a elevação de um servidor público
nomeação, que pode ser realizada em caráter efetivo de uma classe para outra dentro de uma mesma
ou para cargos de provimento em comissão. carreira. Com isso, houve a vacância de um cargo
• Dá-se, em regra, por concurso público, com a inferior e consequentemente o provimento do cargo
exceção do cargo em comissão e a contratação por superior.
tempo determinado.
• É ato complexo, por passar por várias etapas: 9.3 Formas de Vacância:
concurso, nomeação, posse.
• Só se aperfeiçoa com o efetivo exercício de A vacância é a abertura de um cargo público
suas funções, após passar por várias etapas. anteriormente preenchido e pode se verificar nas
Ex: Provimento do cargo de Soldado PM. seguintes hipóteses: demissão, exoneração,
aposentadoria, falecimento, remoção e promoção.
b) Derivado: É aquele que se verifica quando
ocorre a titularização de um cargo por um indivíduo 9.3.1 Demissão: Não existe a pedido
que já se encontra na estrutura da Administração (exoneração), diferentemente do celetista.
Pública, não depende de concurso público. • É sempre punição disciplinar por falta grave.
Ex: Provimento do cargo de Cabo PM, pois antes Pressupõe processo administrativo disciplinar no qual
é necessário ser Soldado PM. se assegura a amplitude de defesa.
• Relativamente aos cargos em comissão e às
9.2.1 Modalidades de Provimento Derivado: funções comissionadas o equivalente à demissão é a
destituição de função ou de cargo, quando houver
9.2.1.1 Horizontal: não implica elevação ou cometimento de falta pelo servidor, devendo ser
ascensão funcional, pode ser verificar por alguns observado o devido processo legal (defesa).
instrumentos:
a) Transferência (Remoção): É o deslocamento 9.3.2 Exoneração: Pode ser:
do servidor público de um cargo para outro sem a) A Pedido do Interessado: Não assume caráter
elevação funcional, dentro do mesmo órgão. disciplinar. Se o servidor estiver respondendo a
b) Readaptação: É a passagem do servidor processo administrativo, não poderá ser exonerado a
público de um cargo para outro, sem elevação pedido.
funcional, compatível com a deficiência física que ele
venha a apresentar. b) De Ofício:
c) Reversão: É o retorno ao serviço ativo do • Em relação aos ocupantes de cargos em
servidor público aposentado por invalidez quando comissão: Administração não precisa motivar o ato,
insubsistentes os motivos da aposentadoria - pode pois o mesmo é discricionário:
acontecer para o mesmo cargo se ele ainda estiver • Não aprovação no estágio probatório:
vago ou para outro semelhante. Se não houver cargo Característica de ato vinculado, pois necessita
vago, o servidor que reverter ficará como “excedente”. obedecer ao procedimento estabelecido na lei e
d) Aproveitamento: É o retorno ao serviço ativo apontar os motivos em que se fundamenta.
do servidor público que se encontrava em • Quando o servidor que já tomou posse no
disponibilidade e foi aproveitado - deve realizar-se em cargo público, não entra em exercício no prazo
cargo semelhante àquele anteriormente ocupado. A estabelecido na lei.
Administração Pública deve realizar o aproveitamento
de forma prioritária, antes mesmo de realizar concurso c) Motivada: Quando a exoneração do servidor
para aquele cargo. público foi motivada por ele próprio.
e) Reintegração: É o retorno ao serviço ativo do Ex: Insuficiência de desempenho durante o
servidor público que fora demitido, quando a demissão estágio probatório.

17
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) Dispensa: Ocorre em relação ao admitido Os cargos, empregos e funções públicas são


pelo regime da CLT quando não há justa causa. acessíveis:
• Aos brasileiros (natos e naturalizados)14; e
e) Outras formas de vacância de cargos Públicos: • Aos estrangeiros, na forma da lei (Exceto os
- Aposentadoria (Reserva ou Reforma). cargos privativos de brasileiros natos)15.
- Falecimento.

9.4 Condições de Ingresso13: art. 1º da Lei 14.113, de 12 de maio de 2008). XII – ter
conhecimento da legislação militar, conforme dispuser o
edital do concurso; (Inciso com redação dada pela Lei nº
13
“Art.10. O ingresso na Polícia Militar e no Corpo de 16.010, 05 de maio de 2016.) XIII - ter obtido aprovação em
Bombeiros Militar do Ceará dar-se-á para o preenchimento todas as fases do concurso público, que constará de 3 (três)
de cargos vagos, mediante prévia aprovação em concurso etapas: (Redação dada pelo art. 1º da Lei 14.113, de
público de provas ou de provas e títulos, promovido pela 12/05/2008). a) a primeira etapa constará dos exames
Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social em conjunto intelectuais (provas), de caráter classificatório e eliminatório,
com a Secretaria do Planejamento e Gestão, na forma que e títulos, quando estabelecido nesta Lei, esse último de
dispuser o Edital do concurso, atendidos os seguintes caráter classificatório; (Alínea incluída pelo art. 1º da Lei
requisitos cumulativos, além dos previstos no Edital: 14.113, de 12/05/2008). b) a segunda etapa constará de
(Redação dada pelo art. 1º da Lei 14.113, de 12/05/2008). I - exames médico-odontológico, biométrico e toxicológico, de
ser brasileiro; II – ter, na data de inscrição no curso de caráter eliminatório; (Alínea incluída pelo art. 1º da Lei
formação para o qual convocado, idade igual ou superior a 14.113, de 12/05/2008). c) a terceira etapa constará do
18 (dezoito) anos e, na data de inscrição no concurso: (Inciso Curso de Formação Profissional de caráter classificatório e
com redação dada pela Lei nº 16.010, 05/05/2016.) a) idade eliminatório, durante o qual serão realizadas a avaliação
inferior a 30 (trinta) anos, para as carreiras de praça e oficial psicológica, de capacidade física e a investigação social,
do Quadro de Oficiais Policiais Militares - QOPM, ou Quadro todos de caráter eliminatório; (Alínea incluída pelo art. 1º da
de Oficiais Bombeiros Militares - QOBM; (Alínea com Lei 14.113, de 12/05/2008). XV – ser portador da carteira
redação dada pela Lei nº 16.010, 05/05/2016.) b) idade nacional de habilitação classificada, no mínimo, na categoria
inferior a 35 (trinta e cinco) anos, para a carreira de oficial “B”, na data da matrícula no Curso de Formação Profissional.
do Quadro de Oficiais de Saúde da Polícia Militar - QOSPM, (Inciso com redação dada pela Lei nº 16.010, 05 de maio de
Quadro Complementar Bombeiro Militar - QOCPM/BM e 2016.) CONTEÚDO DO EDITAL DO CONCURSO §1º O Edital do
Quadro de Oficiais Capelães - QOCplPM/BM. (Alínea com concurso público estabelecerá os assuntos a serem
redação dada pela Lei nº 16.010, 05 de maio de 2016.) abordados, as notas e as condições mínimas a serem
NOTA: Quadro de Oficial Complementar foi extinto na PMCE. atingidas para obtenção de aprovação nas diferentes etapas
No Corpo de Bombeiros não existe Quadro de Oficiais do concurso e, quando for o caso, disciplinará os títulos a
Capelães. III - possuir honorabilidade compatível com a serem considerados, os quais terão apenas caráter
situação de futuro militar estadual, tendo, para tanto, boa classificatório. (Redação dada pelo art. 1º da Lei 14.113,
reputação social e não estando respondendo a processo de/05/2008). CONDIÇÕES DE APROVAÇÃO NO CONCURSO
criminal, nem indiciado em inquérito policial; IV - não ser, §2º Somente será aprovado o candidato que atender a todas
nem ter sido, condenado judicialmente por prática exigências de que trata o parágrafo anterior, caso em que
criminosa; V - estar em situação regular com as obrigações figurará entre os classificados e classificáveis. §4º Para
eleitorais e militares; VI - não ter sido isentado do serviço aprovação no Curso de Formação Profissional, a que se
militar por incapacidade definitiva; VII - ter concluído, na refere a alínea “c” do inciso XIII, deste artigo, o candidato
data da posse, o ensino médio para ingresso na Carreira de deverá obter pontuação mínima na Avaliação de Verificação
Praças e curso de nível superior para ingresso na Carreira de de Aprendizagem e na Nota de Avaliação de Conduta,
Oficiais, conforme dispuser o edital, ambos reconhecidos conforme estabelecido no Plano de Ação Educacional – PAE,
pelo Ministério da Educação; (Inciso com redação dada pela do respectivo curso, a cargo da Academia Estadual de
Lei nº 16.010, 05/05/2016) VIII - não ter sido licenciado de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE.” (NR) (Parágrafo com
Corporação Militar ou das Forças Armadas no redação dada pela Lei nº 16.010, de 05/05/2016.)”
comportamento inferior ao “bom”; IX - não ter sido demitido,
14
excluído ou licenciado ex officio “a bem da disciplina”, “a Art. 37, I, da CF/1988: “os cargos, empregos e
bem do serviço público” ou por decisão judicial de qualquer funções públicas são acessíveis aos brasileiros que
órgão público, da administração direta ou indireta, de preencham os requisitos estabelecidos em lei, assim como
Corporação Militar ou das Forças Armadas; X - ter, no aos estrangeiros, na forma da lei;”.
15
mínimo, 1,62 m de altura, se candidato do sexo masculino, e Art. 12, § 3º, da CF/1988: “§ 3º - São privativos de
1,57m, se candidato do sexo feminino; XI - se do sexo brasileiro nato os cargos: I - de Presidente e Vice-Presidente
feminino, não estar grávida, por ocasião da realização do da República; II - de Presidente da Câmara dos Deputados; III
Curso de Formação Profissional, devido à incompatibilidade - de Presidente do Senado Federal; IV - de Ministro do
desse estado com os exercícios exigidos; (Redação dada pelo Supremo Tribunal Federal; V - da carreira diplomática; VI - de

18
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) Concurso público: O concurso deverá ser: de c) Mediante procedimento de avaliação


provas ou de provas e títulos, de acordo com a periódica de desempenho, na forma da lei
natureza e a complexidade do cargo ou emprego e é complementar, assegurada a ampla defesa.
regra geral para: d) Por excesso de quadros16.
• Cargo - regime estatutário (é o que melhor se e) Aposentadoria: É a garantia de inatividade
adequa, mas não é o único). remunerada reconhecida aos servidores que já
• Emprego - regime da CLT (não é idêntico ao da prestaram longos anos de serviço, ou se tornaram
iniciativa privada). incapacitados para suas funções.
• Acumulação: Pela regra geral, não se admite a
b) Cargo em comissão: Livre nomeação e livre acumulação de vencimentos e proventos.
exoneração. • Exceção: Médicos, professores, cargos eletivos
e cargos em comissão é possível acumular desde que o
c) Contratação temporária - art. 37, IX - só é valor não ultrapasse o teto (art. 37, XVI17).
possível para fazer frente a uma excepcional situação
de emergência. “é vedada a acumulação remunerada de
Ex: Pessoal para combate à dengue, cargos públicos, exceto, quando houver
compatibilidade de horários, observado em
recenseadores, etc.
qualquer caso o disposto no inciso XI. a) a de
d) Prazo de validade do concurso: Até dois anos, dois cargos de professor; b) a de um cargo de
admitida uma prorrogação por igual período. professor com outro técnico ou científico; c) a
• A previsão da prorrogação deve constar do de dois cargos ou empregos privativos de
edital. profissionais de saúde, com profissões
• Durante o prazo de validade, a Administração regulamentadas;”.
Pública não está obrigada a contratar, mas o aprovado
tem o direito de não ser preterido frente a novos Lei específica disporá sobre o ingresso, limites de
concursandos. idade, estabilidade, transferência para a inatividade,
direitos e deveres, remuneração, prerrogativas e
9.5 Estabilidade: outras situações dos servidores especiais dos militares
estaduais (Art. 42, § 1º, c/c Art. 142, X, da CF/1988).
É a garantia constitucional oferecida ao servidor
público que, tendo sido nomeado para cargo de 9.6 Sistema Remuneratório:
provimento efetivo, em virtude de concurso público, O Sistema Remuneratório compreende as
que satisfez o estágio probatório de 3 (três) anos. seguintes modalidades:
É por isso que se diz que estabilidade se dá no
Serviço Público e não no cargo - é o direito de 9.6.1 Subsídio: É uma modalidade de
permanência no Serviço Público, mas não é o direito de remuneração, fixada em parcela única, paga
permanência no mesmo cargo para o qual o servidor obrigatoriamente aos detentores de mandato eletivo e
foi nomeado. aos demais agentes políticos (Arts. 39, §4º, 49, VII e
- Diferente de vitaliciedade = é a garantia de VIII, e 73, § º, c/c os Arts. 75, 95, III e 128, § 5º, I, e, da
permanência no cargo, é um acréscimo à estabilidade. CF/1988), bem como aos servidores policiais
integrantes dos órgãos da segurança pública (Art. 144,
9.5.1 Requisitos para se adquirir a estabilidade: § 9º, da CF/1988).
a) Nomeação em caráter efetivo.
b) Que o indivíduo tenha ultrapassado o estágio 9.6.2 Remuneração:
probatório (Exceto para MP e Juiz).
c) Aprovação em prova de conhecimentos ou a) Vencimentos: É espécie de remuneração e
desempenho. corresponde à soma dos vencimentos e das vantagens
9.5.2 Situações em que o servidor público pecuniárias, constituindo a retribuição pecuniária
estável perderá o cargo (Art. 41, § 1º): devida ao servidor pelo exercício do cargo público.
a) Em virtude de sentença judicial transitada em Atualmente os vencimentos dos integrantes da
julgado. PMCE são constituídos pelo soldo18, Gratificação
b) Mediante processo administrativo em que lhe
seja assegurada à ampla defesa. 16
Limite de despesa é de 60 % do que arrecadam os
Estados - art. 169 e LC nº 82/95
17
Art. 37, XVI, da CF/1988.
18
oficial das Forças Armadas”. Art. 4º da Lei n° 11.167, de 07/01/86: “Soldo é a parte

19
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Militar e de Qualificação Policial Militar19, e ainda, c) Gerais: São os prestados à sociedade em


Gratificação de Desempenho Militar20. geral.
b) Salário: Pago aos empregados públicos da Ex: Segurança Pública, Saúde, Educação, etc.
Administração Direta e Indireta regidos pela CLT, d) Específicos (Individualizáveis): São também
titulares de empregos públicos e não de cargos serviços prestados a todos, mas com possibilidade de
públicos. identificação dos beneficiados. Ex. Uso de Energia

10 SERVIÇO PÚBLICO

10.1 Conceito:

É o serviço prestado pela Administração Pública


ou por seus delegados sob normas e controles estatais
para a satisfação dos interesses da coletividade.
• A titularidade está sempre nas mãos da
Administração.

10.2 Classificação:
FIGURA 6 - Serviço Público Geral (Segurança Pública)
a) Direto ou centralizado: Quando estiver sendo
prestado pela Administração Direta do Estado. Ex. 11 BENS E DOMÍNIO PÚBLICOS
Segurança Pública.
b) Indireto ou descentralizado: Ocorre quando São todos os bens que pertencem às pessoas
não estiver sendo prestada pela Administração Direta jurídicas de Direito Público, isto é, União, Estados,
do Estado, esta o transferiu, descentralizou a sua Distrito Federal, Municípios, Autarquias e Fundações
prestação para a Administração Indireta ou terceiros Públicas. O Domínio Público em sentido amplo é o
fora da Administração. Ex. Autarquias. poder de dominação ou de regulamentação que o
Estado exerce sobre os bens do seu patrimônio (bens
10.3 Modalidade: públicos), ou sobre os bens do patrimônio privado
(bens particulares de interesse público), ou sobre as
a) Próprios: São os serviços públicos inerentes à coisas inapropriáveis individualmente, mas de fruição
soberania do Estado. geral da coletividade (res nullius).
Ex: A defesa nacional, a polícia judiciária, a
polícia ostensiva, o judiciário, etc. 11.1 Espécies:
b) Utilidade Pública: São os considerados úteis
ou convenientes. a) Bens de Uso Comum (ou de Domínio
Ex: O transporte coletivo, fornecimento de Público): São os bens que se destinam à utilização
energia, etc. geral pela coletividade.
Ex: Ruas, praças, mares, rios, estradas, etc.
b) Bens de Uso Especial (ou do Patrimônio
Administrativo Indisponível): São os bens destinados à
básica dos vencimentos inerentes ao posto ou graduação do
policial-militar da ativa”. execução dos serviços administrativos e serviços
19
Art. 6º da Lei n° 13.035, de 30/06/00: “Em substituição às públicos em geral.
espécies remuneratórias extintas no artigo anterior, ficam Ex: Prédios das repartições, escolas públicas,
instituídas: I - a Gratificação Militar - GM, nas referências e valores quartéis e viaturas da PMCE, etc.
constantes do Anexo II desta Lei, que será concedida aos policiais
militares e aos bombeiros militares, em razão de sua formação
c) Bens Dominicais (ou do Patrimônio
militar. II - a Gratificação de Qualificação Policial - GQP, nas Disponível): São os bens, que embora constituam o
referências e valores constantes do Anexo II desta Lei, que será patrimônio público, não possuem uma destinação
concedida aos policiais militares, em razão de sua qualificação para pública determinada ou um fim administrativo
o desempenho da atividade de polícia ostensiva e da preservação específico.
da ordem pública”.
20
Art. 1º da Lei nº 15.114, de 16/02/12: “Art. 1º Fica criada Ex: terras devolutas (são terras públicas sem
a Gratificação de Desempenho Militar - GDM, no valor de R$ 920,18 destinação pelo Poder Público e que em nenhum
(novecentos e vinte reais e dezoito centavos), já incluído o momento integraram o patrimônio de um particular,
percentual do índice de revisão geral concedido em janeiro de 2012,
sendo devida a partir de 1º de janeiro de 2012”.

20
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ainda que estejam irregularmente sob sua posse), bens • Resume-se na composição de danos, não se
móveis inservíveis, prédios públicos desativados, etc. trata de responsabilidade penal.
A responsabilidade civil, também dita
11.2 Características dos Bens Públicos: extracontratual, tem como pressuposto o dano e se
a) Inalienabilidade: É característica original do exaure com a indenização. Significa dizer que sem
bem público que restringe de forma efetiva a dano não existe responsabilidade civil.
possibilidade de sua alienação. Esta característica não
se apresenta de modo absoluto, ou seja, pode ser 12.1 Responsabilidade Objetiva:
mudada através de lei.
b) Imprescritibilidade: Decorre como A Administração responde com base no conceito
consequência lógica de sua inalienabilidade originária. de nexo de causalidade, que consiste na relação de
E é fácil demonstrar a assertiva: se os bens públicos causa e efeito existente entre o fato ocorrido e as
são originariamente inalienáveis, segue-se que conseqüências dele resultantes.
ninguém os pode adquirir enquanto guardarem essa Verifica-se numa conduta comissiva (ação)
condição. Daí não ser possível à invocação de praticada pelo agente público.
usucapião sobre eles. Ex: Tiro de um policial que acerta um particular.
c) Impenhorabilidade: Os bens públicos não Conforme art. 37, § 6º, da CF/198821, no caso de
estão sujeitos a serem utilizados para satisfação do culpa ou dolo do agente público, a Administração
credor na hipótese de não-cumprimento da obrigação Pública poderá cobrar do mesmo a indenização que foi
por parte do Poder Público. Decorre de preceito obrigado a pagar (direito de regresso).
constitucional que dispõe sobre a forma pela qual
serão executadas as sentenças judiciárias contra a 12.2 Responsabilidade Subjetiva:
Fazenda Pública, sem permitir a penhora de seus bens.
Admite, entretanto, o sequestro da quantia necessária Diante de uma omissão do Estado a
à satisfação do débito, desde que ocorram certas responsabilidade deixa de ser objetiva e passa a ser
condições processuais através de precatório. subjetiva.
d) Não-oneração: É a impossibilidade dos bens Verifica-se de uma conduta omissiva (omissão)
públicos serem gravados com direito real de garantia do Estado.
em favor de terceiros. Os bens públicos não podem ser Ex: Casa alagada em decorrência de enchentes
objeto de Hipoteca. causadas por fortes chuvas, demonstrado o dolo ou a
culpa do Estado em não limpar os bueiros para facilitar
o escoamento das águas.

FIGURA 7 - Bens de Uso Especial (Quartel do CPC, em


Fortaleza/CE, e viaturas da PMCE)

12 RESPONSABILIDADE DO ESTADO

É a obrigação imposta ao Poder Público de


21
compor os danos ocasionados a terceiros, por atos Art. 37, § 6º, da CF/1988: “As pessoas jurídicas de direito
praticados pelos seus agentes públicos, no exercício público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos
responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade,
das suas atribuições, ou omissão.
causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o
responsável nos casos de dolo ou culpa”.

21
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

• BRASIL, Constituição da República Federativa do


Brasil. Brasília, 1988.
• CARVALHO FILHO, José dos Santos. Manual de
Direito Administrativo. 14ª ed. Rio de Janeiro,
Lúmen Júris, 2005.
• CEARÁ, Constituição do Estado do Ceará. Fortaleza,
1989.
• ______, Lei nº 13.407, de 21/11/03, com as
alterações das Leis nº 14.933, de 08/06/11, 13.407,
de 21/11/03, 13.768, de 04/05/06, e 15.051, de
06/12/11 (Código Disciplinar PM/BM).
• ______, Lei nº 13.729, de 11/01/06, com as
alterações das Leis nº 14.113, de 12/05/08, e
14.930, de 02/06/11 (Estatuto dos Militares do
Estado do Ceará).
• ______, Lei nº 11.167, de 07/01/86 (Código de
Vencimentos da PMCE).
• ______, Lei nº 13.035, de 30/07/00 (Reestrutura a
carreira dos Militares Estaduais e altera sua
Estrutura Remuneratória).
• ______, Lei nº 15.114, de 16/02/12 (Cria a
Gratificação de Desempenho Militar - GDM, e
extingue a Gratificação de Policiamento Ostensivo
- GPO).
• _______, Lei n° 15.797, de 25/05/15, (Promoções
dos Militares do Estado do Ceará).
• DI PIETRO, Maria Silva Zanella. Direito
Administrativo. 19ª ed. Atlas. São Paulo, 2006.
• GASPARINI, Diógenes. Direito Administrativo. 4ª
ed. São Paulo: Saraiva,1995.
• MEIRELLES, Hely Lopes. Direito Administrativo
Brasileiro. 25ª ed atualizada por Eurico de Andrade
Azevedo, Délcio Balestero Aleixo e José Emmanuel
Burle Filho. São Paulo: Malheiros, 2005.
• MELLO. Celso Antonio Bandeira. Curso de Direito
Administrativo. 16ª ed. São Paulo: Malheiros, 2001.
• PAULO, Marcelo Alexandrino Vicente. Direito
Administrativo Descomplicado. 14ª ed. Rio de
Janeiro: Revista Atualizada, 2007.

ANEXOS:

• ANEXO A - Estrutura da Administração Estadual


• ANEXO B - Exemplos Práticos de Espécies de
Ato Administrativo
• ANEXO C - Formas de Provimento
• ANEXO D - Jurisprudência do STF sobre ordem
ilegal no âmbito da Polícia Militar
• ANEXO E - Questões Etárias na Hierarquia PM
• ANEXO F - Abordagem Policial

22
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
Curso de Formação Profissional para a Carreira de Praças Policiais Militares – CFPCP/PM
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANEXO A 3.12. Secretaria do Desenvolvimento Agrário;


3.13. Secretaria dos Recursos Hídricos;
ESTRUTURA DA ADMINISTRAÇÃO ESTADUAL DO 3.14. Secretaria da Infraestrutura;
CEARÁ. 3.15. Secretaria das Cidades;
(Extraída da Lei nº 13.875, de 07/02/07, 3.16. Secretaria Especial da Copa 2014; (Redação
publicada no DOE nº 027, de 07/02/07) dada pela Lei n.º 14.869, de 25.01.11)
3.17. Secretaria da Pesca e Aquicultura.
Art. 6º O Poder Executivo do Estado do Ceará (Redação dada pela Lei n.º 14.869, de 25.01.11)
terá a seguinte estrutura organizacional básica:
(Redação dada pela Lei nº 14.306, de 02.03.09) 4. DEFENSORIA PÚBLICA GERAL:

1 - ADMINISTRAÇÃO DIRETA: 5. CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA DOS


ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA
1. GOVERNADORIA: PENITENCIÁRIO (Redação dada pela Lei Complementar
1.1. Gabinete do Governador; n.º 98, de 13.06.11)
1.2. Casa Civil;
1.3. Casa Militar; II - ADMINISTRAÇÃO INDIRETA: (Redação dada
1.4. Procuradoria-Geral do Estado; pela Lei n° 14.005, de 09.11.07)
1.5. Controladoria e Ouvidoria Geral do Estado;
1.6. Conselho Estadual de Educação; 1. AUTARQUIAS:
1.7. Conselho Estadual de Desenvolvimento
Econômico; 1.1. Vinculada à Procuradoria-Geral do Estado:
1.8. Conselho de Políticas e Gestão do Meio 1.1.1. Agência Reguladora de Serviços Públicos
Ambiente; Delegados do Estado do Ceará - ARCE;
1.2. Vinculada ao Conselho de Políticas e Gestão
2. VICE-GOVERNADORIA: do Meio Ambiente:
1.2.1. Superintendência Estadual do Meio
2.1. Gabinete do Vice-Governador; Ambiente - SEMACE;
1.3. Vinculada à Secretaria da Fazenda:
3. SECRETARIAS DE ESTADO: (Redação dada 1.3.1. Junta Comercial do Estado do Ceará -
pela Lei nº. 14.335, de 20.04.09.) JUCEC;
3.1. Secretaria da Fazenda; 1.4. Vinculada à Secretaria do Planejamento e
3.2. Secretaria do Planejamento e Gestão; Gestão:
3.2.1. Escola de Gestão Pública do Estado do 1.4.1. Instituto de Saúde dos Servidores do
Ceará; Estado do Ceará - ISSEC;
3.3. Secretaria da Educação; 1.4.2. Instituto de Pesquisa e Estratégia
3.4. Secretaria da Justiça e Cidadania; Econômica do Ceará - IPECE;
3.5. Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento 1.5. Vinculada à Secretaria da Saúde:
Social; 1.5.1. Escola de Saúde Pública - ESP/CE;
3.6. Secretaria da Saúde; 1.6. Vinculada à Secretaria do Desenvolvimento
3.7. Secretaria da Segurança Pública e Defesa Agrário:
Social; 1.6.1. Instituto do Desenvolvimento Agrário do
3.7.1. Superintendência da Polícia Civil; Ceará - IDACE;
3.7.2. Polícia Militar do Ceará; 1.6.2. Agência de Defesa Agropecuária do Estado
3.7.3. Corpo de Bombeiros Militar do Estado do do Ceará - ADAGRI;
Ceará; 1.7. Vinculada à Secretaria de Recursos Hídricos:
3.7.4. Perícia Forense do Estado do Ceará 1.7.1. Superintendência de Obras Hidráulicas -
3.7.5. Academia Estadual de Segurança Pública; SOHIDRA;
(Redação dada pela Lei n.º 14.869, de 25.01.11) 1.8. Vinculada à Secretaria da Infra-Estrutura:
3.8. Secretaria da Cultura; 1.8.1. Departamento Estadual de Rodovias -
3.9. Secretaria do Esporte; DER; (Redação dada pela Lei n.º 14.919, de 24.05.11)
3.10. Secretaria da Ciência, Tecnologia e 1.8.2. Departamento Estadual de Trânsito -
Educação Superior; DETRAN;
3.11. Secretaria do Turismo;

23
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1.8.3. Departamento de Arquitetura e 4.3.1. Companhia de Integração Portuária do


Engenharia - DAE; (Redação dada pela Lei n.º 14.869, Ceará - CEARÁPORTOS;
de 25.01.11) 4.3.2. Companhia Cearense de Transportes
1.9. Vinculada à Secretaria das Cidades: Metropolitanos - METROFOR;
(Redação dada pela Lei n.º 14.869, de 25.01.11) 4.3.3. Companhia de Gás do Ceará - CEGÁS;
1.9.1. Instituto de Desenvolvimento Institucional 4.4. Vinculada à Secretaria das Cidades:
das Cidades do Ceará - IDECI. (Redação dada pela Lei 4.4.1. Companhia de Água e Esgoto do Ceará -
n.º 14.869, de 25.01.11) CAGECE.
4.5. Vinculada ao Conselho Estadual de
2. FUNDAÇÕES: Desenvolvimento Econômico: (Redação dada pela Lei
n.º 14.869, de 25.01.11)
2.1. Vinculada à Casa Civil: (Redação dada pela 4.5.1. Agência de Desenvolvimento do Ceará S/A
Lei n° 14.052, de 07.01.08) - ADECE;
2.1.1. Fundação de Teleducação do Ceará - 4.5.2. Empresa Adm. da Zona de Processamento
FUNTELC; (Redação dada pela Lei n° 14.052, de de Exportação de Pecém S/A - EMAZP.
07.01.08) CEARÁ, Lei nº 13.875, de 07 de fevereiro de
2.2. Vinculada à Secretaria da Ciência, 2007. Disponível em: <http://www2.al.ce.gov.br/
Tecnologia e Educação Superior: legislativo/legislacao5/leis2007/13875.htm>. Acesso
2.2.1. Fundação Cearense de Meteorologia - em: 30 mar. 2012.
FUNCEME;
2.2.2. Fundação Cearense de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico - FUNCAP;
2.2.3. Fundação Universidade Estadual Vale do
Acaraú - UVA;
2.2.4. Fundação Universidade Regional do Cariri
- URCA;
2.2.5. Fundação Universidade Estadual do Ceará
- FUNECE;
2.2.6. Fundação Núcleo de Tecnologia Industrial
do Ceará -NUTEC;

3. EMPRESAS PÚBLICAS:

3.1. Vinculada à Secretaria do Planejamento e


Gestão:
3.1.1. Empresa de Tecnologia da Informação do
Ceará - ETICE;
3.2. Vinculada à Secretaria do Desenvolvimento
Agrário:
3.2.1. Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural do Ceará - EMATERCE;

4. SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA:

4.1. Vinculada à Secretaria do Desenvolvimento


Agrário:
4.1.1. Centrais de Abastecimento do Ceará S.A.-
CEASA;
4.2. Vinculada à Secretaria dos Recursos
Hídricos:
4.2.1. Companhia da Gestão de Recursos
Hídricos do Estado do Ceará - COGERH;
4.3. Vinculada à Secretaria da Infra-Estrutura:

24
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANEXO B c) Exemplo de Ato Negocial:

EXEMPLOS PRÁTICOS DE ESPÉCIES DE ATOS Nota nº. 0026/2011-GC*.


ADMINISTRATIVO (Publicada no BCG nº. 001, de 02/01/01)
Aviso de resultado de Licitação - Carta Convite.
a) Exemplo de Ato Normativo: O PRESIDENTE DA COMISSÃO DE LICITAÇÃO DA
POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ - PMCE torna público,
Nota nº. 309/2011 - SEC/CPP. para conhecimento dos interessados e nos termos da
(Publicada no BCG nº. 235, de 12/12/11) Lei Federal nº8.666, de 21/06/1993 e alterações
Prorrogação de Prazo Calendário de Inspeção posteriores, que o certame na modalidade
de Saúde. supracitada cujo objeto é a reforma dos instrumentos
musicais da Banda de Música da Polícia Militar do
O Cel PM Comandante Geral Ceará, teve como vencedora a empresa LULA
Adjunto/Presidente da CPP, no uso de suas CARDOSO DE FARIAS ME, CNPJ nº12.345.678/0001-90
atribuições legais, com base no Decreto nº. (LOTE ÚNICO), pelo valor de R$6.840,00 (seis mil
30.478/2011, e considerando ainda, a análise de oitocentos e quarenta reais). COMISSÃO DE
recurso administrativo pela Comissão de Promoção LICITAÇÃO DA POLÍCIA MILITAR DO CEARÁ, em
de Praças, no dia 12.12.2011(segunda-feira), Fortaleza, 11 de dezembro de 2006. Antonio
conforme estabelece o art. 153, da Lei nº. Walberto Gadelha – Ten Cel. QOPM - PRESIDENTE DA
13.729/2006, RESOLVE prorrogar os prazos para COMISSÃO DE LICITAÇÃO DA PMCE. SECRETÁRIO
apresentação dos Exames das Praças na COPEM de EXECUTIVO DA SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA
06/12 para 14/12/2011 e o prazo para Remessa das SOCIAL. (Transc. do Aviso de Resultado de Licitação -
Atas, de 07/12 para 15/12/2011, publicado na Nota Carta Convite nº 42537/2006-PMCE, publicado no
p/Boletim nº 281/2011-SEC/CPP, através do BCG nº Diário Oficial do Estado n.º 238, datado de
223, de 24.11.2011. Quartel em Fortaleza-CE, 12 de 15/12/2006).
dezembro de 2011. *** *** ***
*** *** *** (*) Os dados do vencedor foram alterados para
preserva-lhe a identidade.
b) Exemplo de Ato Ordinatório:
d) Exemplo de Ato Enunciativo:
Nota nº. 0026/2011-GC.
(Publicada no BCG nº 013, de 19/01/11) Nota nº. 27/2011 - Secretaria Executiva.
Otimização do uso de viaturas - consumo de (Publicada no BCG nº. 56, de 23.03/11)
combustíveis. O Coronel QOPM, LAURO CARLOS DE ARAÚJO
O Comandante-Geral da PMCE, no uso das PRADO, Secretário Executivo da PMCE, no uso de suas
atribuições legais, considerando o teor do Ofício nº atribuições legais e, considerando que houve a
50/2011-DAL/1, de 06/01/2011, acerca da orientação mudança da denominação de COORDENADORIA GERAL
da SEPLAG para um maior controle do consumo dos DE ADMINISTRAÇÃO - CGA para SECRETARIA
itens do contrato de combustível, recomenda ao EXECUTIVA DA PMCE, bem como do endereço
escalão subordinado da Corporação que otimize a eletrônico (e mail) desta Secretaria Executiva, RESOLVE
utilização das viaturas sob seu comando, regulando TORNAR PÚBLICO o novo e mail a seguir:
assim o consumo de combustível, com o intuito de se sec.executiva@pm.ce.gov.br Fortaleza, 22 de março de
alinhar às metas do Executivo cearense para o 2011.
exercício de 2011. Fortaleza, 10 de janeiro de 2011. *** *** ***
*** *** ***

25
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

e) Exemplo de Ato Punitivo:

Portaria nº202/2012*.
(Publicada no DOE nº. 043, de 02/03/12 e
transcrita no BCG nº. 044, de 05/03/12)
Punição de Praça.
O CONTROLADOR-GERAL DE DISCIPLINA, no uso
das atribuições que lhe confere o art.5º, I, da Lei
Complementar nº98, de 13 de junho de 2011 c/c
Art.32, I da Lei nº13.407, de 21 de novembro de 2003
e, CONSIDERANDO os fatos constantes na Sindicância
SPU nº11789180-0, visando apurar a responsabilidade
disciplinar do SD PM FULANO DE TAL DOS ANZÓIS
PEREIRA, por ter chegado atrasado ao expediente da
CGD, nos dias 07, 08 e 10 de novembro, onde passou
pouco tempo indo embora logo em seguida, sem
autorização e ter faltado o serviço no dia 11 de
novembro. CONSIDERANDO que o acusado, nas
alegações de defesa, não apresentou tese com força
suficiente para demover os fatos que depõem contra
si; CONSIDERANDO o relatório do Sindicante às fls.
43/44, cujo entendimento pautado nos princípios que
regem o devido processo legal, foi sugerir a aplicação
de sanção disciplinar, RESOLVE: Punir com 02 (dois)
dias de PERMANÊNCIA DISCIPLINAR ao SD PM FULANO
DE TAL DOS ANZÓIS PEREIRA - matrícula funcional
nº123.456-7-8, de acordo com o art.42, III da Lei
nº13.407/03, e ingressará no comportamento ÓTIMO,
pelos atos contrários aos valores e deveres militares,
bem como terem infringido as regras contidas no
art.7º, III, IV, V e VII, no art.8º, VIII, X, XIII, XIV, XV, XVIII
e XXXVI, bem como as transgressões disciplinares
previstas no Art.13, §1º, XLIII, §2º, XVIII, XX e XXV, e
§3º, X e XI, todos do Código Disciplinar da Polícia
Militar. PUBLIQUE-SE. REGISTRE-SE E CUMPRA-SE.
CONTROLADORIA GERAL DE DISCIPLINA - CGD, em
Fortaleza, 14 de fevereiro de 2012. Servilho Silva de
Paiva - CONTROLADOR GERAL DE DISCIPLINA DOS
ÓRGÃOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E SISTEMA
PENITENCIÁRIO.
*** *** ***
(*) Os dados do PM sancionado foram alterados
para preserva-lhe a identidade.

26
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
Curso de Formação Profissional Para Ingresso no Cargo de Soldado PM da Carreira de Praças
Policiais Militares da Polícia Militar do Ceará - CFPCSPMCPPM / Turma III
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ANEXO C

ESQUEMA DE FORMAS DE PROVIMENTO NO SERVIÇO PÚBLICO

Disponível em:
<http://entendeudireito.blogspot.com.br/2012/03/formas-de-provimento direito.html>. Acesso em: 30
mar. 2012.

27
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
Curso de Formação Profissional Para Ingresso no Cargo de Soldado PM da Carreira de Praças
Policiais Militares da Polícia Militar do Ceará - CFPCSPMCPPM / Turma III
FUNDAMENTOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO

28
Academia Estadual de Segurança Pública do Ceará – AESP/CE
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ANEXO D

JURISPRUDÊNCIA DO STF SOBRE ORDEM ILEGAL NO ÂMBITO DA POLÍCIA MILITAR

“(…) reputo não haver que se falar em manifesta ilegalidade em ato emanado de superior hierárquico
consistente em determinar a subordinado que se dirija à cadeia pública, a fim de reforçar a guarda do local. Por
outro lado, tenho para mim que a obediência reflete um dos grandes deveres do militar, não cabendo ao
subalterno recusar a obediência devida ao superior, sobretudo levando-se em conta os primados da hierarquia e
da disciplina. Ademais, inviável delimitar, de forma peremptória, o que seria, dentro da organização militar,
ordem legal, ilegal ou manifestamente ilegal, uma vez que não há rol taxativo a determinar as diversas atividades
inerentes à função policial militar. Observo ainda que, levando-se em conta a quadra atual a envolver os presídios
brasileiros, com a problemática da superpopulação carcerária em contraste com a escassez de mão de obra,
entendo razoável a participação da Polícia Militar em serviços de custódia e guarda de presos, sobretudo a fim
manter a ordem nos estabelecimentos prisionais. Por fim, emerge dos documentos acostados aos autos que a
ordem foi dada no sentido de reforçar a guarda, temporariamente, em serviços inerentes à carceragem, e não
para substituir agentes penitenciários como afirma a defesa.” (HC 101.564, voto do Rel. Min. Gilmar Mendes,
julgamento em 30-11-2010, Segunda Turma, DJE de 15-12-2010.)

Jurisprudência do STF sobre ordem ilegal no âmbito da Polícia Militar. [S.l.] 01 jun. 2011.

Disponível em:
<http://forcapolicial.wordpress.com/2011/06/01/jurisprudencia-do-stf-sobre-ordem-ilegal-no-ambito-da-
policia-militar/>. Acesso em: 30 mar. 2012.

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ANEXO E

QUESTÕES ETÁRIAS NA HIERARQUIA PM


Autor: Victor Fonseca

Em diferentes instituições militares, geralmente com frequência anual, há a formatura de aspirantes a


oficial, os quais são distribuídos em unidades para exercerem as funções para as quais foram formados, porém
nem sempre esse processo que se inicia transcorre de forma pacífica, muitas vezes por conta de questões etárias.
Naturalmente, compreende-se que seja até instintiva a resistência à subordinação por parte de um militar
que, por exemplo, já conte com 30 anos de serviço, mais de 50 anos de idade, larga experiência combativa
acumulada, e se vê sob comando de alguém com apenas 21 anos. Mas, desde sempre, não é essa a regra? Por
mais “desagradável” que possa parecer, é preciso cumprir o que a legislação estabelece.
No Judiciário, pode existir um juiz que aos 28 anos está investido numa função que lhe confere poderes
suficientes para privar pessoas de sua liberdade, confiscar bens, fechar estabelecimentos, entre outras medidas
legais. Poderá um ancião de mais de 80 anos desobedecer tal determinação, inspirando-se na sua larga vivência?
Na Bahia, atualmente, o secretário de segurança pública tem 33 anos, ao tempo em que alguns coronéis contam
com quase 60, mas nem por isso estão dispensados de acatar as diretrizes emanadas.
De volta ao cerne da questão militar, o que se propõe como cenário ideal é a humildade do recém-
formado, assimilando a sabedoria da experiência acumulada por policiais mais antigos, sem deixar de cumprir
com as devidas obrigações, sejam elas relativas à missão de fiscalizar e supervisionar ações, ou ainda de transferir
os conhecimentos técnicos e teóricos que traz da recente formação.
Igualmente é necessário que o policial subordinado dê conselhos, sugestões, participe ativamente de
situações e diligências em busca do melhor encaminhamento e desfecho, em vez de permitir o “vexame” a que
todos estão expostos ao risco, sobretudo no início da carreira.
Não há o que se questionar da investidura no poder para, por exemplo, apurar feitos. A organização da
sociedade não é tribal baseada na liderança do mais velho, mas sim a partir da capacitação obtida e da função
assumida. Cabe a cada parte cumprir a missão, sem espaço para vaidades, em busca da melhor prestação de
serviço. Superada essa barreira, muitos problemas são evitados e o benefício vem para todas as partes.

FONSECA, Victor. Questões Etárias na Hierarquia PM. [S.l.] 26 mar. 2012. Disponível em:
<http://abordagempolicial.com/2011/03/questoes-etarias-na-hierarquia-pm/>. Acesso em: 30 mar. 2012.

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ANEXO F

ABORDAGEM POLICIAL

Vídeo* da Série Nota 10 Segurança Pública (Episódio 1)

Duração: 8’20’’

“O primeiro episódio da Série Nota 10 Segurança Pública trata de abordagem policial. A abordagem policial
costuma ser a situação mais delicada, e também a mais emblemática, da relação entre polícia e população. Nesse
momento, o cidadão comum, fora da situação de crime, tem uma experiência pessoal com a polícia. Para o
policial, é o momento em que ele tem que estar preparado para todas as possibilidades; para o abordado, é o
momento em que ele se descobre percebido como suspeito. Por que um procedimento tão corriqueiro e previsto
por lei, tornou-se tão polêmico?
A série Nota 10 Segurança Pública apresentará um painel dos principais temas debatidos hoje no campo da
segurança pública: a relação entre civis e policiais, a identidade das nossas polícias, o trabalho realizado por elas,
sua eficiência, o protagonismo da juventude nas questões relacionadas à violência, a participação cidadã. Num
passeio por esses assuntos, conheceremos experiências bem sucedidas de combate a violência e ouviremos todas
as vozes interessadas na produção de políticas segurança pública”. (Texto original do site).
Produtora: Pindorama.
Consultoria: Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
(*) Vídeo extraído do You tube, que foi enviado por canal Futura em 14/08/09.
Série Nota 10 Segurança Pública (Episódio 1). Canal Futura, 2009. Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=xEkCi2wRbk4&feature=plcp&context=C4005f1fVDvjVQa1PpcFPaQ_aTKl1Gt
DB6j11MJBGW2Fln9hRYcYE=> Acesso em: 30 mar. 2012.

ATIVIDADE PROPOSTA:

Após assistir o vídeo sugerido responda:

1) Quais dos poderes administrativos é exercido mais notoriamente na abordagem policial e quais são o
seus atributos?
2) Como qualquer outro ato administrativo, o de polícia deve conter alguns requisitos. Quais são os
requisitos da abordagem policial?
3) Quais são as limitações desse poder?

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RESPOSTAS:

1) O Poder de Polícia.

Os atributos do Poder de Polícia:

a) Discricionariedade: A polícia decide realizar buscas em áreas e horários com acentuado índice de
criminalidade em pessoas que se encontram em atitude suspeita, utilizando-se de efetivo, viaturas, armamento e
materiais que julga adequados.
b) Autoexecutoriedade: A decisão de realizar a busca é direta e imediata do policial que se depara com
alguém em atividade suspeita, sem necessidade de participação do Poder Judiciário.
c) Coercibilidade: Caso o administrado apresente resistência a ser revistado, o policial poderá empregar a
força necessária para o normal cumprimento da busca.

2) Requisitos da Abordagem Policial:

a) Competência: A Constituição Federal estabeleceu que às Polícias Militares são competentes para adoção
de iniciativas que garantam a preservação da Ordem Pública, dentre elas se pode citar a abordagem policial. O
exercício do Poder de Polícia não é facultado à nenhum particular.
b) Forma: É o aviso, através de sinais ou de voz, e a atuação do policial para a realização da abordagem.
c) Motivo: Nada mais é do que o pressuposto do ato em si, no caso a abordagem é resultante da realidade
fática em que se verificou: atitude suspeita, fundada suspeita, flagrante delito, ordem de serviço ou mandado
judicial.
d) Objeto (conteúdo): É a materialização da decisão do policial em realizar a abordagem policial. É a própria
abordagem.
e) Finalidade: O ato não pode ter outro interesse que não o coletivo, quando se limita o direito de ir e vir
do cidadão que é abordado.

3) Limitações do Poder de Polícia:

a) Necessidade: A abordagem policial é necessária para evitar ameaças reais ou prováveis de perturbações
ao interesse público, em face do autor de um delito, durante uma prisão em flagrante, no contexto da repressão
imediata, nesse caso caracterizada como busca pessoal processual, ou por iniciativa policial, mesmo sem
mandado judicial, baseada em “fundada suspeita”, tratando-se de busca mediante seleção de quem será
revistado, fundamentada no Código de Processo Penal (CPP).
b) Proporcionalidade: Somente pelo tempo necessário a realização da abordagem o administrado tem
limitado o seu direito individual, a fim de se evitar que pessoas circulem com armas, drogas, objetos furtados e
materiais que ponham em risco a coletividade.
c) Eficácia: Em razão da versatilidade do emprego da abordagem policial, ela é considerada atualmente o
principal procedimento operacional das polícias militares, trazendo resultados expressivos e contabilizáveis como
prisões, apreensões de drogas e armas, recuperação de veículos e libertação de reféns de sequestros relâmpagos.

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