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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE MINAS GERAIS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA AMBIENTAL


Administração e Controle da Qualidade
Ambiental

Ensaios de Toxicidade

Março de 2018
Sumário
1. Introdução......................................................................................................................... 1
2. Ensaios de toxicidade....................................................................................................... 1
3. Efeito agudo e efeito crônico ............................................................................................ 2
3.1. Testes de Toxicidade Aguda ..................................................................................... 3
3.2. Testes de Toxicidade Crônica ................................................................................... 3
4. Organismos indicadores ................................................................................................... 4
4.1. A bactéria marinha Vibrio Fischeri ............................................................................ 5
4.1.1. Ensaio de toxicidade aguda com a bactéria Vibrio Fischeri ............................... 5
4.2. Microcrustáceos Daphnia similis e Ceriodaphnia dubia ............................................ 6
4.2.1. O Ensaio de Toxicidade aguda com o microcrustáceo Daphnia similis ............. 6
4.2.2. O Ensaio de Toxicidade crônica com o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia .... 6
4.3. Principais organismos indicadores ............................................................................ 7
5. Requisitos Legais ............................................................................................................. 7
5.1. Resolução CONAMA nº430/2011 ............................................................................. 7
5.2. Lei Federal de Recursos Hídricos nº 9433 de 1997 .................................................. 9
5.3. Constituição Federal e Legislação pertinente ........................................................... 9
5.3.1. Estado de São Paulo ....................................................................................... 10
5.3.2. Estado do Paraná ............................................................................................ 10
5.3.3. Estado do Rio Grande do Sul .......................................................................... 10
5.3.4. Estado de Minas Gerais ................................................................................... 11
5.3.5. Estado de Santa Catarina ................................................................................ 11
6. Limitações dos métodos ................................................................................................. 12
7. Conclusão....................................................................................................................... 12
8. Referências .................................................................................................................... 13
1. Introdução

Frente às crescentes demandas relacionadas à água e as suas variadas utilizações,


a avaliação de seus parâmetros toxicológicos faz-se necessária para uma maior
compreensão da sua composição e os possíveis danos à saúde de quem a utiliza.
Toxicidade tem como conceito básico,e amplo, a capacidade de uma substância,
produto ou conjunto de substâncias em causarem danos aos organismos com os
quais entra em contato,ou seja, podendo causar anomalias comportamentais, de
crescimento e reprodução ou até a morte desses organismos. No âmbito dos
efluentes, a toxicologia representa a capacidade de um efluente causar impactos ao
corpo receptor.

Ao se observar o conceito supracitado, é de fácil verificação que os ensaios de


ecotoxicidade são de uma importância enorme para que se entenda em um estudo,
limitado à testes laboratoriais, a representatividade e efeitos dos componentes de
um efluente sobre as diversas relações e interações entre os organismos e possíveis
alterações decorrentes do seu lançamento nos corpos receptores.

2. Ensaios de toxicidade

Tendo em vista a necessidade de se controlar a qualidade hídrica da água e de seus


efluentes aquosos, têm-se duas formas diferentes de analisá-los: através dos
parâmetros físico-químicos (pH, DBO, DQO, etc), e através da análise biológica.
Esta última é realizada através de bioensaios de toxicidade que determinam o grau
ou o efeito biológico de uma substância desconhecida ou de uma substância-teste
(como drogas, hormônio, químicos, etc).

A aplicação dos bioensaios de toxicidade tem por finalidade descobrir e determinar a


intensidade dos efeitos das substâncias químicas, isoladas ou em forma de misturas,
presentes nos efluentes, nocivas à saúde humana e/ou ao meio ambiente. Desta
forma, é possível determinar a quantidade e condições ideais para uso de um
produto químico necessário, de forma a ser o menos prejudicial possível.

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Os bioensaios são feitos em laboratório através da comparação experimental do
efeito da substância testada com efeitos causados por uma substância conhecida,
em uma cultura de células vivas ou em um organismo-teste. Para maior
confiabilidade nos testes, é recomendado que sejam utilizados diferentes
organismos de diferentes níveis tróficos da cadeia alimentar, de modo a ter
produtores, consumidores primários e consumidores secundários. Isto se dá devido
à biomagnificação, processo no qual a concentração da substância química é
bioacumulada nos organismos devido à cadeia alimentar. Também é recomendado
que os organismos utilizados sejam representantes dos ecossistemas marinhos,
fluviais ou terrestres. Os mais utilizados são microcrustáceos, peixes e algas, por
serem reconhecidos como um grupo sensível a variações de parâmetros ambientais
e representarem diferentes níveis tróficos.

Os ensaios são de fácil execução. O procedimento utilizado é a diluição sucessiva


do efluente, simulando sua diluição no corpo receptor. Assim, os organismos-teste
são expostos a essas várias diluições por períodos de tempo pré-determinados. O
efeito pode ser medido pela taxa de mortalidade, redução da velocidade de
crescimento, menor fecundidade, imobilidade e outros. A análise feita é tanto
qualitativa quanto quantitativa em relação à toxicidade de poluentes químicos sobre
organismos vivos. Os resultados podem ser diversos, sendo capaz de constatar
efeitos carcinogênicos, teratogenia, entre outros.

Os bioensaios diferem principalmente quanto ao tempo de exposição do organismo-


teste ao agente ou substância a ser testado. Ensaios de curta duração (exposições
de 24h até 96h) determinam toxicidade aguda e ensaios de longa duração
determinam toxicidade crônica.

3. Efeito agudo e efeito crônico

Estudos ecotoxicológicos auxiliam no processo de identificação de toxicidade de


uma substância ou efluente, bem como da água e sedimento de um corpo receptor,
pode ter efeitos agudos ou crônicos sobre os organismos. Ambos os efeitos são
determinados por meio de ensaios de ecotoxicidade (também chamados de ensaios

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de toxicidade ou ensaios ecotoxicológicos), nos quais uma quantidade conhecida de
organismos é exposta ao agente estressante por períodos conhecidos de tempo e,
posteriormente, os efeitos são avaliados quanto à sobrevivência ou mortalidade dos
organismos, bem como efeitos comportamentais, morfológicos e fisiológicos. Tais
testes permitem a determinação do tempo e das concentrações necessárias para
que o agente tóxico, potencialmente prejudicial, possa causar efeitos adversos
detectáveis.

3.1. Testes de Toxicidade Aguda

São testes que estimam a manifestação de efeito letal, ou outro efeito produzido em
um curto espaço de tempo. Em geral são testes realizados com peixes e
invertebrados. O efeito agudo é uma resposta severa e rápida dos organismos à
exposição de poluentes por um intervalo de tempo que pode variar de 0 a 96 horas.

Em geral, esse é o primeiro estudo realizado com uma substância, quando não se
tem noção ou somente noções teóricas, muito restritas, sobre a substância a ser
analisada.
Este ensaio também permite estabelecer uma relação entre a dose administrada e a
intensidade de efeitos adversos observados, e também calcular uma dose ou uma
concentração letal (DL50 e CL50) que é a expressão matemática da dose ou
concentração da substância que provoca a morte de 50% da população exposta.

3.2. Testes de Toxicidade Crônica

É o efeito deletério observado quando os organismos são expostos às substâncias


químicas (uma ou mais) por um longo período de tempo. Avalia a ação do poluente,
cujo efeito pode estar relacionado com mudanças de apetite, crescimento,
metabolismo, reprodução, alteração nas fases meióticas das células reprodutoras
e/ou por anomalias no processo de desenvolvimento do embrião ou larva, bem como
mutações ou morte.

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Geralmente, os efeitos crônicos são avaliados quando os testes de toxicidade aguda
não forem suficiente para caracterizar um efeito plausível. Já foi evidenciado que os
organismos testes, em testes realizados em laboratórios ou em meio natural, reagem
de forma diferente para uma mesma substância químico. Desse modo, a utilização
de métodos de ensaios, que se aproximem o máximo possível das condições reais,
podem fornecer respostas mais precisas quanto ao impacto causado no ecossistema

O lançamento de efluente líquidos, mesmo que tratados, de forma contínua no


ambiente aquático, pode causar efeito crônicos, uma vez que os organismos são
expostos a baixa concentração de determinados poluentes durante um grande
período de tempo. Se estes poluentes forem degradáveis, ocorrerá um equilíbrio a
uma certa distância do ponto de lançamento, mas, no trecho ou área onde a
degradação se processa, os organismos poderão enfrentar impedimentos ou
dificuldades para se manter no ambiente, levando alterações na estrutura e
funcionamento do ecossistema aquático.

4. Organismos indicadores

Os organismos indicadores são algumas espécies cultivadas em laboratório e que os


conhecimentos de sua biologia são suficientes para que possam ser utilizadas como
indicadores da toxicidade em efluentes. Tanto a forma de cultivo como as
metodologias de ensaio para tais organismos são definidas em normas técnicas,
permitindo a reprodutibilidade e padronização dos resultados.

Estes organismos devem possuir uma relativa sensibilidade aos diversos compostos
presentes no efluente em questão. Teoricamente, no momento que a toxicidade do
efluente é reduzida, desta forma, não afeta os organismos indicadores, as diferentes
espécies presentes nos corpos receptores ficam protegidas.

A seguir, serão apresentadas algumas espécies de organismos indicadores


utilizados no Brasil.

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4.1. A bactéria marinha Vibrio Fischeri

Hamada (2008) apresenta o Ensaio de Toxicidade aguda com a bactéria marinha


Vibrio Fischeri. Este ensaio foi desenvolvido em 1979 e patenteado comercialmente
em 1982 como Sistema Microtox. Tal sistema vem sendo bastante usado no
monitoramento de substâncias tóxicas ambientais devido à sensibilidade das
bactérias. Destaca-se que, além de ser um teste simples, apresenta um custo
relativamente baixo.

4.1.1. Ensaio de toxicidade aguda com a bactéria Vibrio Fischeri

As Vibrio fischeri são bactérias marinhas luminescentes que vivem no intestino e em


órgãos luminosos de lulas, peixes e outros animais marinhos, estabelecendo uma
relação de simbiose com os mesmos. O Ensaio consiste em re-hidratar a bactéria e
medir a intensidade da luminescência inicial (ainda sem contato com substância
tóxica ou amostra), seguida de leituras da luminescência após a exposição das
bactérias por 15 minutos a uma série de quatro concentrações da amostra mais os
controles. A análise estatística do ensaio é baseado na perda de bioluminescência
em função da concentração da amostra objeto da exposição.

A perda da luminescência dessa bactéria significa que a presença de substâncias


tóxicas do meio interferiu negativamente no sistema enzimático das mesmas, sendo
o processo respiratório o principal alvo de ação. Destaca-se ainda que, dependendo
dos contaminantes, outras estruturas da célula bacteriana podem ser afetadas,
principalmente as de membrana, no caso de exposição a surfactantes. A resposta do
teste é normalmente calculada a partir da redução na quantidade de luz emitida pelo
microrganismo teste após sua exposição ao agente tóxico por um período de 15
minutos em condições padronizadas.

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4.2. Microcrustáceos Daphnia similis e Ceriodaphnia dubia

Estes microcrustáceos são organismos de água doce facilmente encontrados em


corpos d’água continentais. Medem entre 0,5 e 5 mm e são organismos filtradores,
possuindo uma carapaça transparente e um olho evidente sensível a variações
luminosas. Se locomovem para a frente por meio de impulsos de suas longas
antenas.

4.2.1. O Ensaio de Toxicidade aguda com o microcrustáceo Daphnia similis

Para o ensaio, coloca-se amostrar de D. similis com idade entre 6 e 24 horas junto
às substâncias de interesse em diferentes concentrações e observando-se o
resultado de tal exposição. A leitura dos ensaios é feita com auxilio de iluminação
artificial para melhor visualização da imobilidade dos organismos expostos, o que
corresponde à impossibilidade do organismo se movimentar na coluna d’água.
(Hamada, 2008)

Similar ao primeiro ensaio, observa-se a reação do organismos após a inserção da


substância estudada.

4.2.2. O Ensaio de Toxicidade crônica com o microcrustáceo Ceriodaphnia dubia

Neste ensaio, é realizada a exposição de uma amostra de organismos jovens por


período suficiente para quantificar a reprodução durante três crias, totalizando de
oito a dez dias de duração do ensaio.

A partir desta reprodução, é analisado o efeito do determinado composto no ciclo


reprodutivo da Ceriodaphnia dubia e os resultados são avaliados em softwares
estatísticos.

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4.3. Principais organismos indicadores

Tipos de Ensaio Organismo Tipo de Organismo Nível Trófico

Agudo Daphnia similis Microcrustáceo Consumidor


Primário

Agudo Daphnia magna Microcrustáceo Consumidor


Primário

Agudo e Crônico Pimephales Peixe Consumidor


promelas Secundário

Agudo e Crônico Danio Rerio Peixe Consumidor


Secundário

Agudo e Crônico Pseudokirchneriella Alga Produtor


subcapitata

Agudo e Crônico Desmodesmus Alga Produtor


subspicatus

Crônico Ceriodaphnia dubia Microcrustáceo Consumidor


Primário

Agudo Vibrio fischeri Bactéria Decompositor

Espécies de organismos usados em ensaios ecotoxicológicos no Brasil.


Fonte: Arenzon et al (2011)

5. Requisitos Legais

5.1. Resolução CONAMA nº430/2011

Segundo o artigo 34 da Resolução CONAMA nº 357/2005, cabe ao Órgão Ambiental


competente estabelecer os critérios de toxicidade dos efluentes de cada Estado.
Entretanto, o Conselho Nacional de Meio Ambiente publicou a Resolução CONAMA
nº 430/2011, que dispõe sobre condições, parâmetros, padrões e diretrizes para a
gestão do lançamento de efluentes em corpos de água receptores, alterando
parcialmente e complementando a Resolução CONAMA nº357/2005. Segundo o
texto da Resolução CONAMA nº 430/2011, ela deverá ser aplicada “quando se
verificar a inexistência de legislação ou normas específicas, de disposições do

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Órgão Ambiental competente e de diretrizes da operadora dos sistemas de coleta e
tratamento de esgoto sanitário”. Portanto, as exigências para o monitoramento dos
efluentes mediante a utilização de ensaios de toxicidade passam a vigorar em todos
os Estados brasileiros. Em relação às condições e padrões de lançamento de
efluentes, a resolução citada descreve:

Art. 16. Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados
diretamente no corpo receptor desde que obedeçam as condições e padrões
previstos neste artigo, resguardadas outras exigências cabíveis.

Art. 18. O efluente não deverá causar ou possuir potencial para causar efeitos
tóxicos aos organismos aquáticos no corpo receptor, de acordo com os critérios
de ecotoxicidade estabelecidos pelo órgão ambiental competente.

§ 1o Os critérios de ecotoxicidade previstos no caput deste artigo


devem se basear em resultados de ensaios ecotoxicológicos aceitos pelo
órgão ambiental, realizados no efluente, utilizando organismos aquáticos de
pelo menos dois níveis tróficos diferentes.

Art. 19. O órgão ambiental competente deverá determinar quais empreendimentos


e atividades deverão realizar os ensaios de ecotoxicidade, considerando as
características dos efluentes gerados e do corpo receptor.

Art. 23. Os efluentes de sistemas de tratamento de esgotos sanitários poderão ser


objeto de teste de ecotoxicidade no caso de interferência de efluentes com
características potencialmente tóxicas ao corpo receptor, a critério do órgão
ambiental competente.

§ 1o Os testes de ecotoxicidade em efluentes de sistemas de


tratamento de esgotos sanitários têm como objetivo subsidiar ações de
gestão da bacia contribuinte aos referidos sistemas, indicando a necessidade
de controle nas fontes geradoras de efluentes com características
potencialmente tóxicas ao corpo receptor.

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5.2. Lei Federal de Recursos Hídricos nº 9433 de 1997

Em 8 de janeiro de 1997, a Lei nº. 9.433 é publicada e instituída a Política Nacional


de Recursos Hídricos no Brasil. Nos seus artigos 9º e 10º, mais especificamente,
trata do enquadramento dos corpos de águas em classes, ratifica que cabe à
legislação ambiental estabelecer as classes de corpos de água para proceder ao
enquadramento dos recursos hídricos segundo os usos preponderantes. Além disso,
em seu “Art. 21º. Na fixação dos valores a serem cobrados pelo uso dos recursos
hídricos devem ser observados, dentre outros:
I - nas derivações, captações e extrações de água, o volume retirado e seu
regime de variação;
II - nos lançamentos de esgotos e demais resíduos líquidos ou gasosos, o
volume lançado e seu regime de variação e as características físico-químicas,
biológicas e de toxidade do afluente.”

5.3. Constituição Federal e Legislação pertinente

A Constituição Federal de 1988 dá competência legislativa da União, dos Estados e


Municípios, quanto à matéria ambiental. Ela é concorrente, ou seja, a competência
entre União e os Estados e os Municípios para legislar sobre a defesa do meio
ambiente, cabendo à União estabelecer normas gerais e aos Estados e Municípios
suplementa-las. Assim, as regulamentações dos demais entes federativos são
realizadas a partir das Secretarias, Fundações ou Conselhos do Meio Ambiente,
norteadas pelos critérios e ou resoluções nacionais.

As regulamentações em destaque no Brasil são as resoluções dos estados de São


Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná, Minas Gerais que de forma
prática aplicam às diretrizes normativas os conceitos de avaliação ecotoxicológica
como um dos critérios principais da regularização de um efluente industrial para ser
lançado nos corpos hídricos.

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5.3.1. Estado de São Paulo

No Estado de São Paulo, o monitoramento ambiental fica a cargo da Companhia de


Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB). Nesta instituição o controle
ecotoxicológico de efluentes líquidos foi implantado em meados dos anos 90,
embora o Estado realizar o controle de agentes tóxicos nos efluentes líquidos e o
controle de toxicidade mesmo quando não havia exigência legal (DEZOTTI, 2008). A
resolução SMA 03/2000 impulsionou o aperfeiçoamento deste controle e os ensaios
de toxicidade passaram a ser realizados também em casos de mortandade de
peixes, em acidentes ambientais.

5.3.2. Estado do Paraná

No Paraná, os ensaios ecotoxicológicos e monitoramento ambiental são promovidos


pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP). Estes ensaios são utilizados para o
automonitoramento industrial, segundo a portaria IAP nº019 de 10 de fevereiro de
2006; além também da utilização dos ensaios biológicos para o monitoramento da
qualidade das águas superficiais, avaliação integrada da qualidade da água; como
também no monitoramento de acidentes ambientais.

5.3.3. Estado do Rio Grande do Sul

A resolução de nº. 128 de 24 de novembro de 2006 do CONSEMA do Rio Grande do


Sul dispõem sobre a fixação de padrões de emissão de efluentes líquidos para
fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas superficiais no Estado do
Rio Grande do Sul, adotando como princípio a necessidade de preservar a qualidade
ambiental, a saúde pública e dos recursos naturais no Estado.

A Resolução nº. 129 de 24 de novembro de 2006, também do CONSEMA do Rio


Grande do Sul, dispõe sobre a definição de critérios e padrões de emissão para

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toxicidade de efluentes líquidos lançados em águas superficiais do Estado, sendo
portanto, uma forma mais efetiva de aplicar as avaliações de ecotoxicidade com a
qualidade de efluente, distinção de tipos de efluentes, a serem lançados nas águas
superficiais no território. De acordo com Dezotti (2008), essa resolução é
interessante por considerar a vazão de efluente que é descartada e estabelece que
os testes de toxicidade devem ser feitos no mínimo em três níveis tróficos, além da
importância da introdução de testes de genotoxicidade., ou seja, identificação e
estudo da ação de qualquer agente físico, químico ou biológico que produz efeitos
tóxicos e genotóxicos, sobre o material genético.

5.3.4. Estado de Minas Gerais

Em Minas Gerais, a Deliberação Normativa Conjunta COPAM / CERH nº01 de 01 de


maio de 2008, é que dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes
ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e
padrões de lançamento de efluentes. Faz se menção de destaque ao Capítulo V,
artigo 29, parágrafos 1º, 2º; os quais descrevem o emprego de métodos biológicos
para a avaliação de toxicidade de efluentes e que devem ser utilizados ensaios
ecotoxicológicos já padronizados e indicados pelo órgão ambiental competente para
assegurar o correto lançamento de efluentes nos corpos hídricos do estado.

5.3.5. Estado de Santa Catarina

No estado de Santa Catarina, a introdução de análises ecotoxicológicas teve início


em 1997, através da Fundação do Meio Ambiente (FATMA), no âmbito do Projeto
FATMA/GTZ (1997/2003). Mais especificamente, a portaria nº. 017 de 18 de abril de
2002 da FATMA/SC estabelece o limite máximo de toxicidade aguda para efluentes
de diferentes origens, e afirma que as substâncias existentes em um efluente não
poderão causar ou possuir potencial causador de efeitos tóxicos capazes de
provocar alterações no comportamento e fisiologia dos organismos aquáticos
presentes no corpo receptor, além de descrever a necessidade de utilização de
testes ecotoxicológicos padronizados para expressar a toxicidade de um efluente.

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Outro ponto importante é que esta portaria lista uma série de limites máximos de
toxicidade aguda de efluentes de diferentes categorias industriais para com dois
tipos distintos de métodos de ensaio ecotoxicológicos: toxicidade aguda para
Daphnia magna e toxicidade aguda para Vibrio fischeri.

6. Limitações dos métodos

Segundo Dezotti (2008), para o tratamento estatístico dos dados coletados durantes
os testes, é necessário um número mínimo de réplicas nos procedimentos e também
de um número mínimo de organismos por réplica, dando assim maior credibilidade à
análise. Outro fator importante à realização das análises é quanto à amostragem.
Como os efluentes tendem a sofrer variações, recomenda-se a amostragem de
períodos variáveis (concentração do agente químico é variável no meio).

Outras limitações que pode ser citadas são a não utilização dos testes para todas as
espécies existentes o que gera um grau de incerteza na extrapolação dos dados, as
variações dos fatores ambientais (por exemplo, dureza das águas, temperatura, pH,
etc., também torna mais difícil tal extrapolação. (RUBINGER, 2009).

Segundo Arenzon (2011), ensaios de toxicidade são análises cujos resultados são
baseados nas respostas dadas por seres vivos. Desta forma, a qualidade dos
organismos utilizados é fundamental para a maior confiabilidade dos resultados.
Além disso, destaca-se a limitação de alguns organismos de se adequarem somente
à ambientes com propriedades específicas, sendo assim necessário forçar tais
situações, o que pode ser considerado como uma alteração de suas características.
Outro crítica é à sua utilização no monitoramento de ambientes que não os seus
habitats naturais.

7. Conclusão

Depois do exposto pela bibliografia consultada conclui-se que a realização dos


bioensaios é muito importante, sendo em sua maioria bastante eficiente para a
caracterização dos efluentes destinados ao corpo hídrico. Porém possuem
limitações ,principalmente, pela não homogeneidade das concentrações de
efluentes ao longo do curso tornando esses ensaios restritos.
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8. Referências

- ARENZON, Alexandre; et al - Manual sobre toxicidade em efluentes


industriais - Porto Alegre, CEP SENAI de Artes Gráficas Henrique D’Ávila
Bertaso, 2011;

- BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF:


Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>

- BRASIL. Lei nº9433, de 8 de janeiro de 1997. Institui a Política Nacional de


Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos
Hídricos, regulamenta o inciso XIX do art. 21 da Constituição Federal, e altera
o art. 1º da Lei nº 8.001, de 13 de março de 1990. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9433.htm>

- CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 430, de 13


de maio de 2011. Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de
efluentes, complementa e altera a Resolução no 357, de 17 de março de
2005.
Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res11/res43011.pdf>

- DEZOTTI, Márcia. Processos e técnicas para o controle ambiental de


efluentes líquidos. Rio de Janeiro: E-papers, 2008. 359 p. 5 v. (Escola Piloto
em Engenharia Química COPPE/UFRJ).

- HAMADA, Natália - ENSAIOS DE TOXICIDADE EMPREGADOS NA


AVALIAÇÃO DE EFEITOS NO SISTEMA DE TRATAMENTO DE ESGOTOS
E EFLUENTES, ETE SUZANO, E SEU ENTORNO, UTILIZANDO
ORGANISMOS AQUÁTICOS - São Paulo, INSTITUTO DE PESQUISAS
ENERGÉTICAS E NUCLEARES - AUTARQUIA ASSOCIADA À UNIVERSIDADE
DE SÃO PAULO, 2008.

13
- MINAS GERAIS, 2008. Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH nº
01 de 01 de maio de 2008. Dispõe sobre a classificação dos corpos de água
e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as
condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências.
Diário Oficial do Estado, Executivo. Publicado em 13 de maio de 2008.

- PARANÁ, 2006. Portaria IAP nº019 de 10 de fevereiro de 2006. Aprova e


determina o cumprimento da Instrução Normativa DIRAM n° 002/2006, que
estabelece o Sistema de Automonitoramento de Atividades Poluidoras no
Paraná. Paraná 10 de fevereiro de 2006.

- RIO GRANDE DO SUL, 2006a. Resolução de nº.128. CONSEMA do Rio


Grande do Sul. Dispõe sobre a fixação de padrões de emissão de efluentes
líquidos para fontes de emissão que lancem seus efluentes em águas
superficiais no Estado do Rio Grande do Sul. Publicada em 24 de novembro
de 2006.

- RIO GRANDE DO SUL, 2006b. Resolução nº.129. CONSEMA do Rio


Grande do Sul. Dispõe sobre a definição de critérios e padrões de emissão
para Toxicidade de Efluentes Líquidos lançados em águas superficiais do
Estado do Rio Grande do Sul. Publicada em 24 de novembro de 2006.

- RUBINGER, Carla Ferreira; LEÃO, Mônica Maria Diniz UNIVERSIDADE


FEDERAL DE MINAS GERAIS. Seleção de métodos biológicos para a
avaliação toxicológica de efluentes industriais. 2009. xiii, 71 f., enc. :
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de
Engenharia.

- SANTA CATARINA, 2002. Portaria Nº 17. Estabelece os Limites Máximos de


Toxidade Aguda para efluentes de diferentes origens e dá outras
providências. Fundação do Meio Ambiente de Santa Catarina – FATMA. 18
de abril de 2002.

14
- SÃO PAULO, 2000. Resolução da Secretaria de Meio Ambiente nº 3.
Implementa o controle ecotoxicológico de efluentes líquidos no Estado de São
Paulo. Publicado no Diário Oficial do Estado. Executivo de 23 de fevereiro de
2000.

- CUNHA, Bruna Muller da. Avaliação Ecotoxicológica de distintos tipos de


efluentes mediante ensaios de toxicidade aguda utilizando Artemia Salina e
Lactuca Sativa. 2011. 79 f. TCC (Graduação) - Curso de Química, Universidade
Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2011. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/32773/000786252.pdf?s
equence=1>. Acesso em: 18 mar. 2018.

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