Você está na página 1de 7

RELATÓRIO EXPERIMENTAL

Experimento nº 01 – EQUILÍBRIO QUÍMICO

1 – Introdução teórica

O Equilíbrio Químico ocorre quando se tem uma reação reversível que atingiu o ponto em
que as reações direta e inversa ocorrem com a mesma velocidade. De acordo com
CASTELLAN (1986) “transformações irreversíveis são transformações reais, naturais ou
espontâneas”.

Em vez de continuar até que os reagentes acabem e a reação cesse determinadas reações
químicas são reversíveis, ou seja, ocorrem em dois sentidos simultâneos, em que os
reagentes são transformados em produtos e os produtos são transformados em reagentes
ao mesmo tempo.

Se essas reações simultâneas ocorrerem com a mesma taxa de desenvolvimento, isto é,


com a mesma velocidade, temos então um equilíbrio químico. Pelo princípio de Le châtelier
quando ocorre uma perturbação no sistema, o sentido que ele avança de volta para
reestabelecer o equilíbrio é aquele que permite que a perturbação seja parcialmente
restaurada.

Esse equilíbrio químico não é estático, mas sim dinâmico. Apesar de macroscopicamente
não ocorrerem alterações e parecer que está estabilizado em certo estado, na realidade as
trocas ou compensações entre as partes do sistema ou entre o sistema e a sua vizinhança
continuam acontecendo microscopicamente. Cada reação reversível possui uma constante
de equilíbrio característica e que depende somente da temperatura.

Uma reação é favorecida no sentido dos produtos quando é negativo, e ocorre


desprendimento de gás, ou quando é positivo. Caso seja negativo e positivo, a reação é
claramente desfavorecida. (HARRIS, 2012).

HARRIS (2012) diz que quando se tem e (ou, e +) o que definira a reação como favorecida
ou não, é a variação Energia Livre de Gibbs.

Quando ∆G° é negativo tem-se que a reação é favorecida, ou seja, espontânea, isto
significa que a influência favorável de ∆H°e maior que a influência desfavorável de ∆S°. De
forma equivalente quando ∆G° é positivo, tem-se que a reação não e espontânea. Obtêm-se
um equilíbrio quando ∆G=0.

O estudo do equilíbrio químico tem uma importância econômica e biológica considerável.


Por exemplo, a regulação desse equilíbrio afeta o rendimento dos produtos fabricados nas
indústrias químicas e também afeta o funcionamento do organismo humano e dos animais,
como no sistema-tampão que o sangue apresenta, mantendo o seu PH estável.

Uma constante de equilíbrio, K, pode ser obtida para a equação geral, aplicando a lei da
ação das massas, sendo assim, de acordo com CASTELLAN (1986), a constante de
equilíbrio é dada por:

Além disso, sabe-se que a energia livre de Gibbs para sistemas em equilíbrio, mantidos a
temperatura e pressão constantes, é igual a zero. A energia livre de reação é a diferença
entre as energias livres molares de produtos e reagentes.
Através da constante de equilíbrio é, portanto, possível calcular a energia livre de reação:

É importante notar, segundo HARRIS (2012), que uma reação com rG° negativa pode
ocorrer espontaneamente, mas não significa que esta reação acontecerá com uma
velocidade perceptível, uma vez que a velocidade da reação depende da energia livre de
ativação.

2 – Materiais e reagentes

1 Bureta de 50 mL
1 Termômetro
7 Erlenmeyers de 100 mL
Pipeta graduada 5, 2 e1 mL
Ácido Clorídrico 3,0 mol.L-1
Hidróxido de Sódio 1,0 mol.L-1
Fenolftaleína
Acetato de etila
Ácido acético glacial
Álcool etílico

3 – Procedimento experimental

Primeira parte:
- Pipetou-se as quantidades indicadas em frascos de 100 mL com tampa.
- Mediu-se e anotou-se a temperatura.
- Tampou-se os erlenmeyers a fim de evitar a evaporação.
- As soluções ficaram em equilíbrio durante uma semana em temperatura ambiente,
agitando de vez em quando durante quatro dias.

Segunda parte:
-
Titulou-se as misturas em equilíbrio com uma solução de NaOH 1,0 mol.L-1,utilizando com
indicador a fenolftaleína.

Organização:
Foram enumerados sete erlenmeyers com números de 1 a 7. A cada um deles adicionou-se
os seguintes volumes (mL) de soluções mostrados na Tabela 1 que segue:

Tabela 1 – Volume das soluções contidas nos frasco de 1 a 7


Frasco HCl Ácido Etanol Água Destilada Acetato de Etila Total
(3molL-1) Acético
1 5 5 10
2 5 5 10
3 5 1 4 10
4 5 3 2 10
5 5 1 4 10
6 5 1 4 10
7 5 1 4 10
Durante o período de uma semana os frascos foram deixados à temperatura ambiente e
diariamente agitados até que o equilíbrio fosse, assim, atingido.
Após esse período titulou-se cada uma das soluções com uma solução de NaOH 1molL-1
utilizando-se fenolftaleína como indicador, os volumes titulados de NaOH variaram em cada
frasco, como pode-se observar na Tabela 2:

Tabela 2 – volume gasto na titulação


Frasco Volume (mL) NaOH
(1mol L-1)
1 14,95
2 43,05
3 56,75
4 36,30
5 36,56
6 24,88
7 58,29

4 – Resultados e discussão

Através das concentrações de produtos e reagentes é possível calcular a constante de


equilíbrio, sendo o estudo feito para a esterificação entre o ácido acético e etanol, logo sua
constante será:

CH3COOH + C2H5OH ↔ CH3COOC2H5 + H2O

A massa da água em cada frasco é obtida pela soma da água pura adicionada ao sistema à
da água pertencente à solução de ácido clorídrico. Assim, podemos determinar a
concentração de água no equilíbrio. Os dados do ácido clorídrico utilizado são: pureza de
37,25%; densidade de 1,19 (Kg/L); concentração molar de 3 mol/L.

É necessário quantificar a massa de água contida nesse frasco para prosseguir com a
determinação da constante. Cálculos:

Calculando a massa contida em 250 mL de solução:

Sabendo que:

Logo, temos:

A igualdade acima indica proporcionalidade entre massa e volume. Então, sendo 18,177 g a
massa utilizada em 166 mL de solução 3mol/L, temos que:

1 mL -------- 0,443g
x mL-------- 27,375g
x = 61,795 mL
Este é o volume real de ácido contido nos 250 mL de solução 3 mol/L, portanto o volume de
água será a diferença:

Este é o volume total de água presente em 250 mL da solução 3 mol/L utilizada nos frascos
de 1 a 7.

Em cada frasco foi adicionado 5mL de solução de ácido clorídrico. Como em 250 mL de
solução temos 188,205 mL de água, então:

188,205 mL -------- 250 mL


x mL------------------5 mL
x = 3,764 mL de água

Considerando que a densidade da água é 0,9982g/mL, o valor acima corresponde a 3,757g.


Temos então:

Tabela 3 – Massa de água da solução


Frasco Massa (g) H2O
1 8,748 g
2 3,757 g
3 4,755 g
4 6,752 g
5 3,757 g
6 3,757 g
7 3,757 g

Em seguida, foi calculada a concentração de ácido acético nos frascos de 2 a 7. Este valor
será obtido pela diferença do volume de hidróxido de sódio gasto na titulação da solução do
frasco 1 e dos volumes de hidróxido de sódio encontrados nas titulações dos frascos de 2 a
7, já citados na tabela 2.

Volume de hidróxido de sódio usado na titulação do ácido clorídrico do frasco 1:

VNaOH = 14,95 mL

Tabela 4 – Volume de CH3COOH


Frasco Volume de CH3COOH
2 43,05 mL – 14,95 mL = 28,10 mL
3 56,75 mL – 14,95 mL = 41,80 mL
4 36,30 mL – 14,95 mL = 21,35 mL
5 36,56 mL – 14,95 mL = 21,61 mL
6 24,88 mL – 14,95 mL = 9,93 mL
7 58,29 mL – 14,95 mL = 43,34 mL

Tabela 5 – Concentração e volume do NaOH e CH3COOH


Concentração Volume de Volume de Concentração de
Frasco do NaOH NaOH (mL) CH3COOH (mL) CH3COOH (mol/l)
(mol/L)
2 1 14,95 28,10 0,529
3 1 14,95 41,80 0,626
4 1 14,95 21,35 0,458
5 1 14,95 21,61 0,591
6 1 14,95 9,93 0,285
7 1 14,95 43,34 0,635

Considerando o avanço da reação ξ no equilíbrio, calculou-se as concentrações dos


reagentes e dos produtos.

Tabela 6 – Avanço da reação


CH3COOH C2H5OH CH3COOC2H5 H2O
INÍCIO 1 mol 2 mol 0 0
EQUILIBRIO 1-ξ mol 2-ξ mol ξ mol ξ mol

Cálculo das concentrações no equilíbrio:

 Média das concentrações do ácido acético: 0,520 mol L-1


 Cálculo do avanço da reação no equilíbrio a partir da concentração do ácido acético:

O número de mols de etanol é igual ao número de mols do ácido acético, então, conclui-se
que a concentração deles é a mesma, no equilíbrio:

A partir do avanço pode-se calcular a concentração molar do acetato de etila:

0,99 mol L-1

Tabela 7 – Concentrações no equilíbrio


CONCENTRAÇÕES NO EQUILÍBRIO (mol L-1)
CH3COOH CH3CH2OH CH3COOC2H5
0,51 0,51 0,99

Usando a seguinte equação para se calcular a constante de equilíbrio:


A partir do valor obtido de K, calculou-se a energia de Gibbs padrão, ∆G0 para o processo.
Considerando a temperatura ambiente 30 ºC (303,15 K) e R=8,314 J mol-1 K-1. Têm-se:

= -4,150 KJ mol-1

Problema: Quando 1 mol de ácido acético é misturado com 2 moles de etanol, cerca de 0,85
mol de água é formada no equilíbrio a 100ºC. Qual a constante de equilíbrio nestas
condições e o valor de ∆RG°?

No equilíbrio teremos as seguintes condições:

Tabela 8 – Condições no equilíbrio


CH3COOH C2H5OH CH3COOC2H5 H2O
INICIO 1 mol 2 mols 0 0
EQUILIBRIO 1 - 0,85 2 - 0,85 0,85 0,85
mol mol mol mol

Portanto, tem-se que o valor da constante de equilíbrio é:

Efetuando o cálculo proposto chega-se ao valor de K = 4,19. Quanto ao valor de ∆rG0


calculou-se pela equação:

Considerando a temperatura de 100ºC obteve-se:

∆rG0 = -4.443 J/mol ou 4,443 KJ/mol

5 – Conclusão

Esta experiência realizada no laboratório de Química demonstrou na prática as propriedades


de um sistema fechado em equilíbrio. A reação química estudada é reversível e sendo
assim, os átomos se rearranjam nas duas direções para formarem reagentes e produtos.
Porém, torna-se imperioso analisar a energia livre de Gibbs porque é por meio desta que se
determina a espontaneidade, ou não, da reação. Os cálculos da constante de equilíbrio
mostraram que a concentração dos produtos é maior do que a concentração dos reagentes,
comprovando que a reação ocorre espontaneamente no sentido da formação dos produtos.
Outro detalhe importantíssimo, que confirma a espontaneidade da reação no sentido da
formação dos produtos, é o valor negativo encontrado da Energia Livre de Gibbs (. Na
verdade, isso ocorre em virtude de os átomos da reação terem buscado um rearranjo,
procurando uma diminuição de sua energia potencial química. Por conseguinte, a energia
potencial final da reação tornou-se menor do que a energia inicial.
6 – Referências

HARRIS, DANIEL C. Analise Química Quantitativa, 8° edição, Rio de janeiro, LTC, 2012.

CASTELLAN, GILBERT. Fundamentos de Físico-Química, Livros Técnicos e Científicos,


Rio de Janeiro, 1986.

Você também pode gostar