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Energia Eólica

Unidade II
O Vento
Prof. Alexandro Vladno da Rocha

Junho / 2014
Unidade 2
O Recurso Eólico
Conteúdo
v  Introdução;
v  Modelos de circulação do vento;
v  Variações temporais e espaciais do vento;
v  Influência das Radiações Solar e Terrestre;
v  Variação da Velocidade Vertical do Vento;
v  Influência do Terreno no Vento;
v  Potência contida nos Ventos;
Introdução
v  No passado os recursos eólicos eram avaliados apenas do ponto de
vista meteorológico
v  Somente há duas décadas é que as medidas de vento têm sido feitas
em diversos países, considerando:
v  Tipos de terrenos;
v  Rugosidade do solo;
v  Alturas.
v  Projeto de uma central deve se basear em:
v  Mapas e atlas eólicos;
v  Informações de torres anemométricas instaladas no local.
v  As torres anemométricas devem considerar:
v  Dimensão do terreno;
v  Mudanças na topografia;
v  Rugosidade do terreno;
v  Sensores instalados na altura do cubo do aerogerador
v  Período mínimo de 1 ano.
v  A previsão de longo prazo pode ser obtida com o uso de modelos
matemáticos.
Modelos de Circulação do Vento

-  Aquecimento e a
Ventos Movimento das Causas rotação da terra
massas de ar
-  Efeitos térmicos

v  Ventos de Circulação Global:


v  São resultantes das variações de pressão,
temperatura e densidade causadas pelo
aquecimento desigual da terra por meio da
radiação solar, que varia em função da
distribuição geográfica, período do dia e sua
distribuição anual.
Modelos de Circulação do Vento
v  Ventos de Circulação Local:

v  Mar para o continente v  Vale para a montanha


(diurno) v  Montanha para o Vale
v  Continente para o
mar (noturno)
Variações Temporais e Espaciais do Vento

v  Escala Planetária ou Macroescala


v  Longa Duração: 102 – 105 horas
v  Distância: 102 – 105 km
v  Causas:
v mudanças na climatologia local
v Alteração na posição e intensidade da ZCIT
v Movimento sazonal da ZCIT
v  Escala Regional ou Mesoescala
v  Duração: 1 – 100 horas
v  Distância: 1 – 100 km
v  Causas:
v Efeitos de canalização dos ventos
v Gradientes térmicos terra-mar e mar-terra
Variações Temporais e Espaciais do Vento

v  ZCIT (Zona de Convergência Intertropical):


v  Fina zona permanente de baixa pressão compreendida entre as
latitudes 30o N e 30o S. Representa o principal transporte de calor
e umidade que ascende da superfície.
v  Escala local ou Microescala
v  Duração: 1 – 10-3 horas
v  Distância: 1 – 10-3 km
v  Causas:
v Efeitos aerodinâmicos causados por fatores locais , tais como: Forma
de superfície, rugosidade do terreno e fluxo de calor no limite entre as
superfícies de características diferentes. (perfil vertical de velocidade
do vento)
Perfil Variações de
Turbulências
vertical de alta
atmosféricas
velocidade frequência
Variações Temporais e Espaciais do Vento
v  Variações interanuais:
v  São variações lentas na velocidade dos ventos causados por fenômenos
de mesoescala. Ocorrem em escalas de tempo maior que 1 ano.
v  Variações sazonais
v  O aquecimento desigual da Terra durante as estações do ano provocam
variações significativas na velocidade média dos ventos ao longo de um
mês e ao longo de um ano. Também estão associadas a efeitos de
mesoescala.
v  Variações diárias
v  O aquecimento desigual da superfície terrestre, em função da variação
da quantidade de radiação solar incidente ao longo do dia, provoca
alterações na velocidade do vento em regiões de diferentes latitudes e
longitudes.
v  Variações de curta duração
v  Estão associadas a pequenas flutuações (turbulências) como também a
rajadas de vento.
Influência das Radiações Solar e Terrestre
n  Temperatura do sol = 5.600K;
n  Energia recebida pela Terra = 1,39KW/m2;
¨  Quase metade da radiação incidente é absorvida pela terra;
¨  Parte da radiação é armazenada como calor sensível, aquecendo a terra e o ar;
¨  Parte da radiação é difundida pela atmosfera devido à poeira, gotículas de água,
nuvem, etc;
¨  E outra parte é usada em processos foto-químicos das plantas;
n  Comprimento de onda da radiação solar = 0,15 até 4µm;
n  Menos da metade da radiação é absorvida pela terra. (armazenada
com calor, aquecendo a Terra e o ar, parte é usada va evaporação da
água, fotossíntese,...);
n  Parte da radiação é (radiação terrestre). Esta radiação tem
comprimento de onda de 5 a 20 µm, cuja variação depende da
superfície;
Influência das Radiações Solar e Terrestre

n  Índice de absorção (albedo) = radiação refletida / radiação incidente

Tabela 2.1 – Albedos Típicos. Fonte: Custódio, 2007


Superfície Albedo [%]

Neve 70 - 95

Duna 37

Duna úmida 24

Grama molhada, com sol 33 - 37

Grama molhada, sem sol 14 - 26

Grama seca 15 - 25

Floresta 10 - 18

Oceano 2-7
Influência das Radiações Solar e Terrestre

n  Parte da energia recebida é transferida à atmosfera na


forma de calor por:

¨  Condução: na camada superficial de ar (1mm de espessura)


que se adere à superfície da Terra;

¨  Convecção: intercâmbio vertical de massas de ar que pode ser:


n  Livre ou natural: quando a densidade da massa de ar é diferente do seu
circunvizinho e é movida pela força de empuxo
n  Forçada: como pela passagem de ar sobre o solo rugoso.
¨  Normalmente este movimento (convecção) é manifestado como
movimento de discretas massas de ar, ou redemoinhos de
tamanhos variados.
Variação da Velocidade Vertical do Vento
n  A velocidade de um fluído que escoa próximo a uma
superfície é nula, em função do atrito entre o ar e a
superfície do solo.
n  No perfil vertical do fluído (vento) a velocidade passa de
um valor nulo e atinge uma velocidade de escoamento v.
n  A região junto à superfície em que ocorre essa rápida
mudança no valor da velocidade é conhecida como
Camada Limite.
n  No interior da camada limite, normalmente, o ar escoa
com uma certa turbulência, tendo em vista, a influência
dos parâmetros:
¨  Densidade e viscosidade do fluído;
¨  Acabamento da superfície (rugosidade);
¨  Forma da superfície (obstáculos).
Variação da Velocidade Vertical do Vento

- Temperatura
Potência Densidade Altura em
e
do vento Do ar relação ao solo
- Pressão

n  Os ventos turbulentos são causados pela dissipação de


energia cinética em energia térmica por meio da criação e
destruição de pequenas rajadas progressivas.
n  Os ventos são caracterizados também por propriedades
estatísticas, tais como:
¨  Intensidade;
¨  Função de densidade de probabilidade;
¨  Autocorrelação;
¨  Escala integral de tempo;
¨  Função de densidade expectral de tempo.
Variação da Velocidade Vertical do Vento
n  Lei da Potência
¨  Representa o modelo mais simples e é resultado de estudos da
camada limite sobre uma placa plana.

z
! z$0
V (z) = V0 # &
" zr %
Onde,
¨  V(z) = velocidade do vento na altura z
¨  V0 = velocidade do vento na altura de referência zr
¨  z = altura desejada
¨  zr = altura de referência
¨  z0 = Fator de rugosidade do terreno
Variação da Velocidade Vertical do Vento
n  O expoente z0 representa a influência da natureza do terreno no perfil
da velocidade do vento.

Tabela 2.2 – Fator z0 para diferentes tipos de superfícies. Fonte: Fadigas, 2011
Fator z0 Descrição do Terreno

0,10 Superfície lisa, lago ou oceano

0,14 Grama baixa

0,16 Vegetação rasteira (até 0,30m)

0,20 Arbustos, árvores ocasionais

0,22 – 0,24 Árvores, construções ocasionais

0,28 – 0,40 Áreas residenciais


Variação da Velocidade Vertical do Vento
n  Cuidados devem ser tomados com a lei da potência quando
existirem:
¨  Locais com orografia (terrenos com depressões e elevação)
¨  Valores de H maiores que 50m

n  Lei Logarítma


¨  Usada para conhecimento do perfil vertical do vento, é mais complexo e
realístico, pois considera que o escoamento na atmosfera é altamente
turbulento
V0 ! z $
V (z) = ln # &
K C " z0 %
Onde,
¨  V(z) = velocidade do vento na altura z
¨  V0 = velocidade de atrito relacionada com a tensão de cisalhamento na superfície τ
e a massa específica do ar ρ pela expressão: τ = ρ . (V0)2
¨  z0 = comprimento da rugosidade
¨  KC = Constante de Von Kárman (KC = 0,4)
Variação da Velocidade Vertical do Vento
n  No caso de velocidades moderadas, o perfil vertical do vento se
desvia do perfil logarítmico quando z é superior a algumas dezenas
de metros devido às forças de empuxo da turbulência.
n  Assim, deve-se acrescentar à rugosidade os parâmetros necessários
para descrever o fluxo de calor na superfície. Para perfis verticais
genéricos, utiliza-se a expressão:
V0 ( " z % " z %+
V (z) = *ln $ − ' − ψ $ '-
K C ) # z0 & # L &,
Onde,
¨  V(z) = velocidade do vento na altura z
¨  V0 = velocidade de atrito relacionada com a tensão de cisalhamento na superfície τ
e a massa específica do ar ρ pela expressão: τ = ρ . (V0)2
¨  z0 = comprimento da rugosidade
¨  KC = Constante de Von Kárman (KC = 0,4)
¨  Ψ = função densidade da estabilidade, positiva para condições instáveis e negativa
para condições estáveis
¨  L = parâmetro de mistura
Variação da Velocidade Vertical do Vento
n  L é definido por: 3
T0 C p v0
L=
Onde,
KC g H 0
¨  T0 = temperatura absoluta
¨  H0 = fluxo de calor na superfície
¨  Cp = calor específico do ar à pressão constante
¨  g = aceleração da gravidade

n  Quando se deseja usar a lei logarítmica para estimar a velocidade do


vento de uma altura de referência Zr para um outro nível de altura (Z),
a seguinte equação é utilizada
!z$
ln # &
V ( z) " z0 %
=
V ( zr ) ! zr $
ln # &
" z0 %
Variação da Velocidade Vertical do Vento
Tabela 2.3 – Valores de comprimento de rugosidade para diferentes terrenos. Fonte: Fadigas, 2011
Descrição do Terreno Z0(mm)
Liso, gelo, lama 0,01
Mar aberto e calmo 0,20
Mar agitado 0,50
Neve 3,00
Gramado 8,00
Pasto acidentado 10,00
Campo em declive 30,00
Cultivado 50,00
Poucas árvores 100,00
Muitas árvores, poucos edfícios cercas 250,00
Florestas 500,00
Subúrbios 1.500,00
Zonas urbanas com edifícios altos 3.000,00
Influência do Terreno no Vento
n  Os terrenos são comumente classificados como lisos ou planos e
acidentados.
¨  Planos: pequenas irregularidades que não interferem significativamente no
fluxo de vento da área (gramados, áreas cultivadas, árvores e poucas
edificações).
¨  Acidentados: presença de elevações e depressões (colinas, vales,
montanhas, etc).
n  A alteração no fluxo de vento em função das características do terreno
podem influenciar significativamente na geração de energia de uma
turbina.
Influência do Terreno no Vento

n  As principais características dos terrenos para estudo do


vento são:
¨  Rugosidade
Influência do Terreno no Vento
n  As principais características dos terrenos para estudo do
vento são:
¨  Obstáculos naturais e superfíciais

Efeitos do Vento em Obstáculos


(Vista Superior) Efeitos do Vento em Edificação
(Vista de Perfil)

Produção de Energia em Ambiente Urbano


Influência do Terreno no Vento
n  As principais características dos terrenos para estudo do
vento são:
¨  Orografia

Influência do Relevo no vento


Bibliografia
CUSTÓDIO, Ronaldo S. C. Energia Eólica para produção de energia
elétrica, Ed. Eletrobrás, Rio de Janeiro, 2009.
FADIGA, Eliane A. F. A. Energia Eólica. Barueri, SP, Ed. Manole, São
Paulo, 2011.
PINTO, Milton. Fundamentos de Energia Eólica. LTC, São Paulo,
2013.

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