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ENTREVISTA - PRISCILLA E ARTUR

PERGUNTAS

- Priscila, meu nome é Erika né, to fazendo uma pesquisa sobre as vicissitudes da
interação entre mãe e bebê, com estrabismo e gostaria de pedir tua ajuda né pra
responder umas perguntas...

- Então Priscila, por favor, me conta um pouquinho como é que foi a tua gravidez, como
é o nome do teu filho, qual é a idade dele, me conta um pouquinho como é que foi essa
gravidez...

- Depois me fala um pouquinho como foi durante o trabalho de parto, tu fizesse parto
normal, parto cesáreo, tivesse alguma intercorrencia, me conta se tu conseguiu
amamentar ele...

- Me fala também se ele ta se alimentado só com aleitamento exclusivo ou se ele já ta


comendo alguma alimentação, me diz se tu tivesse alguma dificuldade pra amamentar...

- Queria que tu me falasse um pouquinho do momento em que tu tivesse o diagnostico


do estrabismo. Como é que foi isso? Foi você que percebeu, com que idade tu
percebesse ou foi a médica que percebeu...

- Queria também que você me falasse, qual significado do estrabismo pra você? O que
isso significa pra você?

- Me fala um pouquinho se no momento do diagnostico do estrabismo, qual foi a tua


maior ansiedade, o que é que te preocupava, você se sentiu acolhida pelos profissionais
de saúde, eles responderam as tuas duvidas?

- Me fala um pouquinho de como é tua interação com Arthur, qual é a brincadeira que
ele mais gosta, qual é o brinquedinho que ele mais gosta, como é a rotina de vocês
normalmente, tu fica em casa ou é o teu marido ou é alguém que te ajuda, como é a
rotina dele, geralmente quem é que fica com ele mais tempo?

- Tem algum brinquedo especifico que ele goste mais ou alguma hora do dia que ele
goste mais? Como é que o pai também aceitou esse diagnostico de estrabismo, ele ficou
ansioso, ele ficou estressado, me conta um pouquinho sobre isso...

-Valeu.......... Desculpa ai a chatice, beijo.


RESPOSTAS

- Oi Erika, tudo bem, posso sim participar da sua entrevista com o maior prazer...

- Então, essa foi a minha segunda gestação, eu tenho um filho mais velho, Davi que tem
três anos e essa foi minha segunda gravidez. O meu segundo filho, o nome dele é Arthur
e ele completou seis meses nesse mês que passou agora...

- Minha gestação foi tudo tranqüila, não tive nenhum problema durante ela toda. No
final, a gente descobriu uma diabetes gestacional só pelo exame de sangue sabe, mas eu
só controlei com dieta, as minhas taxas ficaram tudo ok. Ai eu esperei entrar em
trabalho de parto, minha médica queria esperar até no máximo 39 semanas, no máximo
40, por causa da alteração da diabetes. E ai, com 39 semanas e cinco dias mais ou
menos, eu entrei em trabalho de parto, comecei a ter as contrações na madrugada e ai de
manhã eu fui avaliada, minha dilatação era muito pouca, mas a gente continuou
esperando durante a manhã pra vê se eu evoluía, minhas dores começaram a aumentar,
mas minha dilatação não e ai então minha médica achou melhor a gente ir pra cesárea
mesmo e ai eu fiz uma cesárea no final da manhã, meio dia mais ou menos. Que correu
tudo bem, na minha cesárea. Eu não tive nenhum problema assim, tanto na minha
primeira gravidez como na segunda, eu não tive nenhum problema no pós parto, minha
cicatrização, minhas coisas foram tudo ótimas, não tive nenhum problema e a
amamentação também, consegui amamentar, tanto meu primeiro filho como agora o
segundo. Gosto muito de amamentar, acho bem prazeroso e eu não tive nenhum
problema graças a Deus não tive nenhuma lesão na mama, o meu filho pegou direitinho,
Arthur mamou bem direitinho no inicio e ficou tudo certo...

- E ele amamentou super tranqüilo, até mais ou menos cinco meses e meio. Foi quando
também eu voltei a trabalhar muito cedo, assim com dois pra três meses eu voltei
algumas coisas do trabalho, quatro meses eu voltei mais, então eu fiquei tirando muito
leite durante o começo da gestação, pasteurizava no banco de leite do IMIP e com esse
leite pasteurizado eu fiquei congelando, guardando, tirava leite também quando eu
trabalhava e minha mãe que fica com ele, ficava dando esse leite né. E eu ia em casa
dava de mamar, e ai até os cinco meses, a gente conseguiu fazer isso, só tirando o meu
leite e os pasteurizados. Com mais ou menos cinco e meio foi que a gente começou as
frutinhas e ai ele começou as frutinhas ele ta comendo agora, toma o leite e ele come
também as frutinhas né. No lanche da manhã, no lanche da tarde. A aceitação ta sendo
bem tranqüila, ele come bem direitinho e ai agora com seis pra sete meses, a médica na
ultima consulta orientou a gente começar na hora do almoço as papinhas salgadas né, a
comidinha, legumes, verduras, que ai eu vou começar a evoluir essa parte da dieta dele,
pra ele poder se alimentar mais, já que a minha parte do leite, como eu to trabalhando
todo dia, não ta sendo tão grande e ai ele vai ficar comendo um lanche da manhã, um
lanche da tarde e na hora do almoço a parte salgada. E no restante do dia ele toma meu
leite...

- O diagnostico da parte do estrabismo, quando ele era menorzinho a gente notava o


olhinho que ficava um pouquinho tronxo, mas ai assim, a gente tava observando porque
a pediatra realmente disse que isso podia ser normal né, que todo bebe pode fazer isso
pra gente ficar observando. E ai nas consultas a gente foi observando que realmente um
olhinho dele sempre era mais tronxinho que o outro assim. E ai a pediatra foi me
dizendo sempre, "ó vai observar, quando ele for pra avaliação da oftalmo, vai fazer os
testes do olhinho e ai vai avaliar, porque a pediatra logo depois que ele nasceu já fez o
fundo de olho e ai eu só ia pra consulta com oftalmo perto de três, quatro meses e ai ela
disse que até lá a gente ficasse observando. Quando chegou perto da consulta que a
gente levou pra oftalmo, ai pra fazer o restante da avaliação, ai a oftalmo disse, que
realmente ele tinha esse grau de estrabismo, que não era um grau muito alto, mas ele
tinha esse grau de estrabismo, que ia começar a acompanhar pra poder fazer o
tratamento né. Que ai ela ia avaliar, pra vê como é que ele ia ficar, mas que tava tudo
certinho, que o olho dele, dentro do olho era tudo certinho, que ele tinha uma visão boa,
mas ele tava com essa alteração do olho que não era considerado mais normal, mas
fisiológico, ele tava com essa alteração do olho que já era considerado a parte do
estrabismo né...

- Assim, em relação ao estrabismo eu nunca tinha pensado né, nunca imaginei que eu
podia ter uma criança que tivesse estrabismo. Então, no inicio quando ela falou, eu
fique, eita e agora? Ele vai ficar zarolhinho né, estrábico pra sempre ou vai ter
tratamento, vai precisar de cirurgia, eu já fiquei pensando nessa parte, porque eu fiquei
achando que se ele ficasse olhando muito zarolhinho, com o olho muito tronxinho ele ia
acabar perdendo a visão de um olho, ficando mais com um olho só, e ai eu me
preocupei em relação a essa parte de ficar vendo ou não, o que as pessoas também iam
ficar, todo mundo que chegava pra mim, olhava pra ele, "eita, ele é zarolhinho né?",
todo mundo que começava a ver ele maiorzinho, começa a me dizer. Ai isso me deixava
meio angustiada...

-Ai sempre que eu conversava com a médica sobre isso, ela dizia, "não, a gente vai
tratar, ele vai melhorar, ele vai conseguir ficar olhando dos dois olhinhos pra enxergar
bem. Mas sempre você fica né, com esse receio, que, ele não vai enxergar e um olho,
vai só ficar enxergando de outro, que ele vai ficar com esse olhinho tronxo pra sempre,
que as pessoas vão ficar falando e ai todo mundo vai ficar dizendo que, "olha o menino
zarolhinho, olha o menino zarolhinho". Esse meu medo era dele ficar né, tanto ele não
ficar enxergando por um e ficar sempre pra vida toda estrábico, como também das
pessoas ficam falando, as pessoas ficam comentando né. E, não sabia se tinha óculos
que ia corrigir ou se ia precisar de cirurgia e ai se precisar de cirurgia, você já fica com
medo né?
- Eu já voltei a trabalhar, meu marido também trabalha. Ele fica um pouco mais em casa
do que eu, assim, porque os horários dele são mais flexíveis e, agora quem fica a maior
parte com ele é minha mãe. Tem uma menina lá em casa também que ajuda a gente,
mas minha mãe fica muito com ele. Ele gosta de todos esses brinquedinhos assim, de
chocalho, mordedor, ele também brinca até com os brinquedos de Davi, que tem uns
brinquedos maioresinhos, dinossauro, uns bonecos, ele também gosta de brincar com os
brinquedos de Davi. Mas Arthur gosta muito desses brinquedinhos que fazem zoada,
coloridinho, que são os mordedores né, ele brinca muito, mexe, pega, faz tudo
direitinho...

- Ai ele brinca durante o dia todo assim, mas geralmente a parte da manhã, é a parte que
ele já ta mais acordadinho pra brincar, no começo da tarde também que ele acorda do
cochilinho. Meu esposo é feito eu assim, ficou me perguntando, como eu sou da área de
saúde né, ele ficou me perguntando tudo que podia acontecer, se ele ia ficar zarolho pra
sempre, se ele ia ter que operar o olho. Ele ficou no começo mais nervoso, mas depois
ele ficou tranqüilo. Ele ficou calmo, a médica acalmou a gente, disse que tinha um
tratamento, que o diagnostico dele era cedo, que primeiro ia fechar até o olhinho, depois
quando ele tivesse maiorzinho, tudo isso...

- Eu e o meu esposo né, a gente ta tranqüilo, Davi que é o mais velho também gosta
que só de brincar com ele, acho que Davi, como ele é menorzinho, ele nem notou, que o
olhinho dele é estrábico, os outros priminhos maiores, ai eles notam e falam, mas Davi
nem fala. E, ele brinca muito com o irmãozinho, ele gosta, ele é bem carinhoso, lá em
casa a gente ama... Todos os nossos filhos né a gente ama do jeito igual. Não é porque
ele tem esse probleminha que a gente, ao contrario a gente até tem mais cuidado com
ele, a gente ta levando ele, vai levar ele mais pra médico ne, da mais atenção. Mas ao
mesmo tempo, a gente não pode esquecer de dar atenção ao mais velho, porque se não
ele vai ficar com ciúme né. Mas, ta tudo direitinho... Ta ficando tudo direitinho e se
Deus quiser, ele vai fazer tratamento, vai ficar melhor e não vai sofrer nada a escola
né... Vai melhorar do olho, as pessoas não vão ficar falando. Nem ele vai ficar sofrendo,
porque as pessoas tão falando dele. Se Deus quiser vai dar tudo certo.

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