Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TCC2011FUNDACOES EM ESTACAS Vitor PDF
TCC2011FUNDACOES EM ESTACAS Vitor PDF
São Carlos
2011
DEDICATÓRIA
ESTA GRADUAÇÃO.
À REPÚBLICA QUASE DEZ DA CIDADE DE SÃO CARLOS-SP E AOS AMIGOS QUE POR
AQUI FIZ, ESPECIALMENTE AO BUDA, MONO, FIO, BOLA, GPS, PREDA, FHC, CALADO,
SIMPLE RICK, SUVACO, SORRISO, CHILENO, CHILENÃO, GÁ, GALÃ, DAVIDS, JUNIN, SUDOKU
E POR ULTIMO, PORÉM NÃO MENOS IMPORTANTE, À NOSSA SECRETÁRIA DO LAR MIRTES, COM
ABSTRACT
It is a work descriptive of the current state of technology and science in the field of
foundations on piles, especially those produced in concrete. The introductory chapter reflects
on the foundations and definitions of types of cuttings available to run in Brazil. The second
chapter was destined for the soil survey by the percussion Standard Penetration Test (SPT),
describing the concepts, techniques, procedures and equipment used. Following through
chapter three, the theoretical methods have been exposed to sand and clay, and
semiempirical methods of Aoki and Velloso (1975), Décourt-Quaresma (1978) and Teixeira
(1996), used for calculation of foundations. The fourth chapter describes aspects and factors
that result in differential settlements that cause diseases.
1. APRESENTAÇÃO DO PROBLEMA
Será objeto de análise principal deste trabalho a interação solo/estacas, bem como
os aspectos técnicos e condições físicas impostas pelo solo, com a finalidade de melhor
compressão e previsão de como este conjunto trabalhará quando for executada a obra.
1.2 OBJETIVOS
Este trabalho tem como principal objetivo a produção de um texto com a finalidade
ilustrativa de como pode ser escolhido o tipo de estaca de acordo com o solo no qual será
realizada a construção da edificação.
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 METODOLOGIA
2. FUNDAÇÕES
Este tipo de estaca destaca-se pelo baixo custo de aquisição, relativa agilidade no
transporte e manuseio, assim como a facilidade para corte e emenda e ótima durabilidade
sob o nível d’água.
5
Contudo, o seu alto custo de aquisição restringe o seu uso e diminui a frequência de
utilização deste tipo de estaca. Outro indicador desfavorável à sua utilização é o fato de
perder qualidade de desempenho e durabilidade quando expostas à águas agressivas e
6
solos corrosivos, como por exemplo pântanos e solos contaminados. Em argilas moles,
durante sua execução através da cravação das estacas, se existirem pedregulhos graúdos
ou seixos, a manutenção da verticalidade torna-se difícil, por isso para este tipo de solo as
estacas metálicas não são a melhor opção.
Pode-se dizer que este tipo de estaca seja um tipo de estaca paradoxal, pelo motivo
de que alguns fatores que favorecem a sua utilização serem os mesmos que torne onerosa
e dificultem sua execução; Como sua produção não ocorre no local onde será implantada é
necessário que seja prevista em cálculo armaduras para transporte e suspensão. Suas
dimensões, seção transversal e comprimento, têm limitações devido à relação que seu peso
próprio tem com o transporte e implantação das estacas, isso porque estacas muito pesadas
inviabilizariam o transporte, que representa alto custo operacional, e no Brasil, em geral, os
guindastes disponíveis não suportariam estacas com peso muito elevado. Outro fator
paradoxal é a compactação de solos não coesivos através da cravação, pois com o
aumento da compacidade do solo a dificuldade de cravação de estacas sucessoras também
aumenta, gerando vibrações de alta magnitude.
Este tipo de estaca apresenta boa qualidade de execução e permite o controle desta
execução. Por ser uma estaca de concreto armado possui alta capacidade de carga e o
processo de cravação compacta solos coesivos. O fechamento do tubo, citado
anteriormente, exclui a influência do nível d’água do lençol freático e o seu comprimento
pode ser ajustado de acordo com a variação do nível da camada resistente.
Por outro lado, mesmo que seu comprimento possa ser ajustado, há limitações e por
seu processo de execução ser feito através de cravação há vibração resultante no solo e,
ainda, durante a cravação do revestimento é necessário que se tenha cuidados para que as
estacas adjacentes não sejam danificadas, existe a possibilidade da cravação de uma
estaca provocar o levantamento de estacas adjacentes, sendo que o recomendado é que as
8
Por utilizar equipamento leve esse processo não apresenta vibrações e trepidações
em prédios vizinhos, o que facilita a sua utilização. As possibilidades desse processo
abrangem a execução da estaca com o comprimento de projeto, a verificação durante a
perfuração da presença de corpos estranhos no solo, por exemplo, matacões, permitindo a
mudança de locação da estaca antes da concretagem e evitando custos adicionais gerados
pela produção e execução de uma nova estaca. Permite, ainda, a fiscalização, através de
uma comparação dos dados obtidos pela sondagem do solo com o que está sendo retirado
do maciço. A alta mobilidade do equipamento permite a execução desse tipo de estaca em
terrenos pequenos, situação muito encontrada em grandes cidades onde o solo é muito
valorizado.
9
Alguns fatores positivos a respeito deste tipo de estaca devem ser citados, como por
exemplo, a alta capacidade de carga com recalques reduzidos, possibilidade de execução
em locais de difícil acesso e em direções especiais, e também não há perturbação da
vizinhança por não apresentar vibrações.
Pode-se citar como fatores positivos desse tipo de estaca o seu baixo custo de
produção e execução, a facilidade de executá-la, não sendo necessário o uso de
equipamentos onerosos e mão-de-obra especializada e seu processo de execução não
produz vibração.
Os fatores positivos que merecem destaque para este tipo de estacas consistem na
não provocação de vibrações no solo, sua alta produtividade quando há padronização nos
diâmetros das estacas, ou seja, quando em projeto é previsto estacas de diâmetros iguais e
não há a necessidade de alternância de diâmetros do trado a velocidade de produção
estacas é alta e pode ser utilizada na maioria dos solos, exceto quando há presença de
matacões.
As restrições do uso dessa estaca são a necessidade de que o terreno seja plano, ou
então execução prévia de terraplanagem, devido ao tipo e porte do equipamento, além
disso, por tratar-se de concretagem bombeada e simultânea a cravação da hélice no solo, a
central de produção de concreto deve estar próxima ao equipamento para garantir a
produtividade do processo, assim como o numero de estacas deve ser suficientemente alto
para justificar a mobilização dos equipamentos, que são onerosos.
13
3. SONDAGEM DO SOLO
3.1 GENERALIDADES
3.2.1 DEFINIÇÕES
De acordo com a ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT),
para melhor compreensão do que será exposto e explanado sobre as técnicas envolvidas na
execução e índices obtidos, será definido previamente os termos e expressões que serão
utilizadas.
3.2.2 EQUIPAMENTOS
A ABNT prescreve em documento normativo, NBR 6484/2001, os equipamentos
necessários para realização do ensaio SPT. Os equipamentos utilizados estão listados e
descritos abaixo.
Torre com roldana: torre para auxílio nas manobras com hastes ou tubos de
revestimento.
Tubos de revestimento: devem ser de aço, com diâmetro nominal interno 63,5
mm e externo 76,1 mm com erro associado de 5 mm para mais ou para
menos, podendo ser emendados por luvas, com comprimentos de 1,00 m
e/ou 2,00 m.
3.2.3 PROCEDIMENTOS
A ABNT, através da NBR 8036, explica que as locações dos furos em planta,
dependem do tipo de estrutura, de suas características, das condições impostas pelo
subsolo e que o número de sondagens deve ser suficientemente grande de modo que seja
possível fornecer um quadro que se aproxime o quanto possível da provável variação das
camadas do subsolo do local em estudo. Este número de sondagens é determinado pela
área da projeção em planta do edifício e a proporção entre área e número de furos será
explicitada abaixo conforme o Quadro 1.
pode acontecer de o solo ser muito fofo e de baixa resistência, e por isso, somente o peso
do martelo seria capaz de causar a penetração dos 45 cm ou mais. Quando isto ocorre o
amostrador-padrão deve ser retirado para colheita do solo para ensaio, caso contrário
prossegue-se a cravação até completar os 45 cm, através de impactos sucessivos e diretos
do martelo, que é suspenso a uma altura padrão de 75 cm, e então, liberado para queda,
sobre a cabeça de bater. Para posterior uso, anota-se o número de golpes necessários à
cravação de cada segmento de 15 cm do amostrador-padrão, contudo, nem sempre é
possível aferir números inteiros de golpes para 15 cm, por isso, quando isto não for possível,
deve-se anotar números de golpes para profundidade imediatamente superiores a 15 cm, e
então, segue-se o mesmo procedimento para completar 30 cm e 45 cm, sendo os resultados
emitidos em forma de fração, por exemplo, 3/17, onde no numerador é colocado o número
de golpes e no denominador a profundidade cravada com os golpes.
Outro critério utilizado que já fora supracitado é quando do avanço da perfuração por
circulação de água forem obtidos avanços inferiores a 50 mm em cada período de 10 min
ou, então, quando, após a realização de quatro ensaios consecutivos, não for alcançada a
profundidade de execução do SPT. Caso haja a necessidade técnica de continuar a
investigação o método implantado para a sondagem a percussão deve ser o método de
perfuração rotativa.
qualidade que satisfaça as expectativas, assim como o bom entendimento dos resultados
obtidos, é primordial que se conheça os aspectos gerais englobados pelas atividades em
questão, pois, quando da atuação do engenheiro civil, geralmente o serviço de sondagem
do solo é terceirizado para laboratórios especializados neste nicho.
25
4. MÉTODOS DE CÁLCULO
R = RL + RP (3.1)
RP = rPAP (3.2)
Cintra e Aoki (2010) enunciam que para os casos especiais de estacas pré-moldadas
com seção vazada, perfis metálicos e estacas Franki, a resistência de ponta é obtida pelo
mesmo produto supracitado, porém fazem algumas observações. Quanto à pré-moldadas
pode-se considerar a área da seção cheia por causa do embuchamento que ocorre na
cravação, quanto as estacas de perfis metálicos pode-se utilizar tanto a área do retângulo
que circunda a seção transversal do perfil quanto a área real, isto irá depender do grau de
aderência solo/estaca, e quanto as estacas Franki a área da ponta (AP) é calculada a partir
do volume da base alargada (V), tida como esférica:
Ф 35 0,18
Ф 40 0,27
Ф 45 0,36
Ф 52 0,45
Ф 60 0,60
RL = UΣ(rLΔL) (3.4)
Cintra e Aoki (2010) enunciam quais perímetros devem ser adotados para os casos
especiais de estacas pré-moldadas com seção vazada, perfis metálicos. Em perfis metálicos
geralmente deve-se usar o perímetro resultante da soma de todas as faces em contato com
o solo, note pode haver situações onde apenas a mesa esteja em contato com o solo e isto
vai depender do solo. Quanto às estacas pré-moldadas de seção vazada o perímetro
utilizado será o resultante do diâmetro externo. Desta forma, considerando ressalvas e
conceitos relativos a características geométricas das estacas, a equação resultante para o
cálculo de capacidade de carga de uma estaca é:
rL = αc (3.6)
Utilizando esse novo conceito da equação (3.6), a equação (3.4) assume a forma:
RL = UΣ(αcΔL) (3.7)
fundações profundas (NC = 9) com a tensão vertical efetiva na cota de apoio da base da
estaca (q). Desta forma a equação (3.2) assume a forma:
RP = (9c+q)AP (3.8)
Para o caso de solos arenosos a tensão de atrito lateral pode ser calculada pelo
produto entre as variáveis de tensão horizontal no segmento de estaca (σH) e o coeficiente
de atrito solo/estaca (tgδ), onde δ é o ângulo de atrito entre o solo e a estaca, e a tensão
horizontal obtida pelo produto entre o coeficiente de empuxo (K) e a tensão vertical (σV):
rL = KσVtgδ (3.9)
Considerando ainda que a tensão vertical (σV) é um produto entre o peso específico
da areia (γ) e a profundidade (z), a equação (3.9) assume a forma:
rL = Kγztgδ (3.10)
Cintra e Aoki (2010) alertam para o fato de que o atrito lateral não cresce
indefinidamente com a profundidade em razão do efeito de arqueamento nas areias,
atingindo um valor crítico (rL*) a profundidades de ordem de 10 ou 20 vezes o diâmetro da
estaca, dependendo, respectivamente, se areia for fofa ou compacta. Sendo assim, o
cálculo é feito através da preposição de que o atrito lateral aumenta linearmente até uma
profundidade igual a 15 vezes o diâmetro, para qualquer que seja a compacidade do solo,
permanecendo constante e igual ao valor crítico para profundidades maiores. Desta modo, a
equação (3.10) assume a forma:
O valor de coeficiente de empuxo (K), assim como o ângulo de atrito (δ), variam de
acordo com o processo executivo da estaca e do material do qual é feita, definindo assim a
tabela abaixo.
RP = (q*Nq*)AP (3.12)
rP = qC/F1 (3.13)
31
rL = fS/ F2 (3.14)
Contudo, este tipo de ensaio CPT não é muito utilizado no Brasil, sendo o ensaio
SPT, conforme supracitado, o mais empregado, desta forma, então, pode-se substituir o
valor da resistência de ponta (qC) por uma correlação com o índice de resistência à
penetração (NSPT):
qC = KNSPT (3.15)
α = fS/qC (3.16)
Desta forma o atrito lateral unitário (fS) pode ser obtido pelo produto entre a razão de
atrito (α), que depende do tipo de solo, e a correlação da resistência de ponta com o NSPT:
fS = αKNSPT (3.17)
rP = [(KNP)/F1] (3.18)
rL = [(αKNL)/F2] (3.19)
Para este método Cintra e Aoki (2010) recomendam que sua formulação geral seja
mantida, porém, deve-se buscar substituir as correlações originais, muito abrangentes, por
correlações regionais, mais coerentes, e que tenham validade comprovada.
RL = rLUL (3.20)
RP = rPAP (3.21)
33
Para o cálculo da resistência de atrito lateral é necessário que seja feita uma
estimativa da tensão de atrito lateral (rL) através do valor médio do índice de resistência à
penetração do SPT ao longo do comprimento do fuste (NL).
rP = CNP (3.23)
Segundo Décourt (1996), para o uso do método para estacas com lama bentonítica,
escavadas em geral, tipo hélice contínua e raiz, e estacas injetadas sob altas pressões
deve-se seguir os valores de α e β apresentados pelas tabelas abaixo, sendo que para as
demais os valores desses fatores são iguais a um.
Sedimento rL (kPa)
Argila fluviolagunar (SFL)* 20 a 30
Argila transicional (AT)** 60 a 80
do solo, que depende do maciço de solo, geometria e tipologia das estacas e a carga
atuante no pilares. No entanto, mesmo que haja uniformidade nos diâmetros e que sejam
utilizados os mesmos tipos de estacas, o comportamento de cada conjunto de elementos de
fundações por estacas serão diferenciados, isso porque o solo não apresenta ao longo de
seu comprimento e profundidade um comportamento homogêneo. Tal constatação indica
que os valores obtidos por modelos matemáticos devem ser tratados de forma que se
garanta a segurança e estabilidade da edificação. Para tratar matematicamente os esforços
e fatores envolvidos que determinam a capacidade de carga dos elementos de fundação por
estacas há duas filosofias de projeto.
A primeira filosofia é desenvolvida a partir da resistência característica, capacidade
de carga de cada estaca, que é reduzida por um fator de minoração (γM) de modo que
sempre seja maior do que os esforços solicitantes (SK), esforços resultantes das cargas da
edificação aumentados por um fator de majoração (γF).
A segunda filosofia de projeto recomenda que seja utilizado o valor médio de
capacidade de carga (RMÉD) reduzido ainda por um fator de segurança (FS), sendo assim,
determinado o conceito de carga admissível (PA):
FS = γS γF γM γR (3.27)
PA = (RP/4)+(RL/1,3) (3.29)
E por último, Teixeira (1996) utiliza de modo geral o fator de segurança igual a dois,
exceto em casos de estacas escavadas em céu aberto, para quais introduz fatores de
segurança diferenciados:
PA = (RP/4)+(RL/1,5) (3.30)
Para os casos de solos adensáveis que produzem atrito negativo nas estacas, a
NBR 6122:2010 determina que no cálculo da carga admissível seja descontado tal atrito:
PA = ((RP+RL)/FS)-RL (3.31)
Com as cargas resultantes nos pilares, a carga P citada no início deste capítulo já é
conhecida, a partir disto deve-se determinar a capacidade de carga por três metodologias
diferentes, ou seja, deve ser determinada através de uma carga de catálogo, admitida como
carga admissível, multiplicada por um fator de segurança resultando em uma capacidade de
carga e, posteriormente, calcular o comprimento (L) da estaca para esta capacidade de
carga, ou então por um processo contrário, determinando, inicialmente, o comprimento
máximo da estaca. Outra metodologia alternativa é forçar o apoio da estaca em uma cota
onde haja um NSPT satisfatório.
38
5. PATOLOGIAS
De acordo com Soares (2005), quando uma estaca atravessa uma camada de solo
compressível, podem ocorrer esforços adicionais na mesma (que não constam do desenho
do engenheiro de estruturas), tais como empuxos horizontais devido a cargas unilaterais
nessa camada de solo e atrito negativo, que, no caso de estacas verticais, corresponde a
um acréscimo na carga axial decorrente de um recalque das camadas compressível. Se a
estaca for inclinada existirá também um esforço de flexão decorrente desse recalque.
O atrito negativo pode ocorrer devido a várias causas, dentre elas se destacam:
5.4.1 AMOLGAMENTO
Soares (2005) explica que quando uma estaca é cravada através de uma camada de
argila mole submersa tende a deslocar, lateralmente, parte dessa argila provocando
amolgamento (perda de resistência) da mesma. A região amolgada resultante depende
(além do diâmetro da estaca e do processo de execução) da sensibilidade da argila.
Ainda de acordo com Soares (2005), o valor do atrito negativo, neste caso, é igual ao
peso próprio da argila amolgada, porém a extensão desse amolgamento é um assunto muito
controvertido, visto que algumas argilas recuperam rapidamente uma parcela considerável
de sua resistência poucos dias após a cravação das estacas (fenómeno da "cicatrização")
como é o caso das argilas da Baixada Santista, que, apesar de terem uma alta
sensibilidade, recuperam parte considerável de sua resistência muito rapidamente. Por esta
razão nas argilas da Baixada Santista, não se considera qualquer parcela de atrito negativo
devido à cravação das estacas (a não ser que se executem aterros ou obras que imponham
cargas verticais na argila).
43
Figura 29. Atrito negativo causado por amolgamento. Fonte: SOARES (2005).
Figura 30. Atrito negativo causado por sobrecarga. Fonte: SOARES (2005).
Figura 31. Atrito negativo causado por adensamento do solo. Fonte: SOARES (2005).
Analogamente, quando são executados cortes e aterros, deve-se ter em mente que a
fundação estará sujeita a solos com características diferentes em um curto espaço, pois o
lado que foi aterrado sofrerá, além do assentamento natural do aterro, o solo abaixo tem que
resistir ao carregamento da estrutura e do aterro (pois o aterro se torna carga no solo),
aumentando assim a possibilidade de recalques acentuados e aparecimento de fissuras na
estrutura.
6. CONCLUSÃO
A edificação considerada em sua totalidade é a soma da superestrutura e da
infraestrutura, sendo a primeira parte os elementos estruturais acima da cota do terreno e a
segunda parte os elementos estruturais envoltos pelo maciço de solo, e apesar dessa
segmentação em partes a edificação tem comportamento solidarizado entre tais partes, ou
seja, os esforços solicitantes na superestrutura, resultantes do peso próprio dos elementos
estruturais, das cargas permanentes, das cargas acidentais e da ação do vento, são
transferidos aos elementos de fundações por estacas através de blocos de transferência de
cargas e as fundações, então, transferem tais cargas ao solo.
Analisando os resultados obtidos pela sondagem do solo utilizando o método de
ensaio Standart Penetration Test que são os índices de resistência à penetração, a
classificação do solo, a presença ou não de matacões e a profundidade do nível do lençol
freático, o profissional responsável pelo projeto de fundações, com os esforços resultantes
nos pilares, pode iniciar a etapa de concepção do projeto.
Durante a etapa de concepção do projeto alguns fatores além do carregamento
devem ser considerados porque não serão somente as cargas resultantes e o tipo de solo
que irão determinar a tipologia do projeto. A somatória do entorno, a vizinhança e
edificações já existentes, os custos inerentes à produção e execução - algumas estacas
exigem equipamentos de custo de locação ou aquisição elevados - e a área disponível em
canteiro devem ser compatibilizados com as cargas e o tipo de solo a fim de otimizar a
relação custo/benefício do projeto.
Atualmente existe uma grande diversidade de estacas passíveis de serem utilizadas
como elementos estruturais de fundações no Brasil, e em geral as estacas, consideradas
fundações profundas, são classificadas de acordo com seus processos fabris e processos
executivos.
Os processos fabris são divididos em três tipos, as estacas podem ser pré-moldadas
em fábrica onde há um grande controle da qualidade do concreto e da precisão das
dimensões previstas em projeto, pré-moldadas in loco que difere da produzida em fábrica
quanto ao controle da qualidade do concreto e as estacas moldadas in loco sobre as quais
não há um grande controle da qualidade do concreto e das dimensões também.
Os processos executivos são divididos basicamente em dois tipos, as estacas podem
ser executadas através de cravação por bate estacas e tem como principal desvantagem a
produção de grandes vibrações no solo, contudo este método é muito utilizado por
consequência do uso maior das estacas que requerem cravação. O outro processo
48
executivo é dado através de escavação do solo, muito indicado para regiões onde há grande
densidade de edificações, pois produzem baixas vibrações, e para solos em que a
profundidade do nível do lençol freático é rasa. Para ambos os processos é desejável que
se evite a execução onde haja matacões.
O método de ensaio do solo apresentado no corpo deste trabalho deve ser
compreendido de forma informativa para que os futuros profissionais saibam de qual modo é
realizada a sondagem do solo e para que a leitura do relatório possa ser feita corretamente,
isto porque normalmente a sondagem do solo é um serviço prestado por terceiros.
É muito importante que se conheça bem o solo onde será executada a obra, porque
a capacidade de carga de cada estaca é definida pela resistência de ponta da estaca e
resistência de atrito lateral do solo com fuste da estaca, ambas as resistências estão
diretamente dependentes do tipo de solo.
Atualmente, devido ao grande interesse recente a respeito de fundações por estacas,
várias hipóteses e modelos físicos e matemáticos têm sido criados e justamente por isso há
dificuldade na definição de um bom modelo teórico que represente com maior acurácia o
comportamento do elemento por fundação em estacas, estimulando, desta forma, a
utilização dos métodos de cálculo semiempíricos, que foram apresentados nesse texto.
Para o caso de fundações por estacas os recalques diferenciais não são desejáveis,
porém como trata-se de fundações profundas o recalque tem escalas menores do que
quando fundações superficiais por exemplo, sendo que os maiores causadores de
patologias em fundações por estacas são o atrito negativo do solo com a estaca, que ocorre
quando o solo que envolve a estaca continua a se compactar mesmo com a estaca apoiada
em uma camada de solo bem resistente ou rocha sã, e o carregamento assimétrico do solo
que provoca solicitações diferenciadas nas estacas havendo também um carregamento
horizontal do solo que tende a flambá-las.
49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AOKI, N.; CINTRA, J. C. A. Fundações por estacas: Projeto Geotécnico. São Paulo:
Oficina de Textos, 2010. 96 p.
DÉCOURT, L. Análise e projeto de fundações profundas: estacas. In: HACHICH et al. (eds.).
Fundações: teoria e prática. São Paulo: Pini, 1996. P. 265-301.