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AULA: DA REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS

1. CONCEITO
Dá-se a redução das disposições testamentárias quando excederem a quota disponível do testador.
Vide art 1967 CC
1.1 Redução nas doações inoficiosas
Vide art. 549 CC – NULA a parte que extravasar tal limite e não toda a doação. Carlos Roberto Gonçalves
Flávio Tartuce – nula toda a doação
1.2 REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
Nos próprios autos do inventário, mas nada impede que se intente ação autônoma de redução das disposições
testamentárias.
1.3 DAS REGRAS GERAIS DE REDUÇÃO DAS DISPOSIÇÕES TESTAMENTÁRIAS
Art. 1967 CC
a) Devem ser reduzidas as quotas deixadas aos herdeiros proporcionalmente ao quinhão de cada um. Ex: Se
o testador tiver um filho e deixar 60% da herança a uma sobrinha, caberá a redução em 10% para resguardar a
legítima.
b) Se a redução dos herdeiros não for suficiente, devem-se reduzir os legados.
EXEMPLO 1: A redução da herança sendo suficiente
Joana, testadora, mãe de Isabela, deixa seus bens ao seu amigo João (conta bancária de R$ 20.000,00) e um imóvel
legado em favor do sobrinho José (no valor de R$ 10.000,00), sendo certo que o total de seu patrimônio é de R$
30.000,00. João é herdeiro testamentário e José legatário. Note-se que Isabela (herdeira necessária) nada receberia
em razão do testamento.
PATRIMÔNIO TOTAL_____LEGÍTIMA 50%_______REDUÇÃO NECESSÁRIA
R$30.000,00 R$15.000,00 R$ 15.000,00
EXEMPLO 2: A redução da herança não é suficiente
Joana, testadora, mãe de Isabela, deixa seus bens ao seu amigo João (conta bancária de R$ 20.000,00) e um imóvel
legado em favor do sobrinho José (no valor de R$ 50.000,00), sendo certo que o total de seu patrimônio é de R$
70.000,00. João é herdeiro testamentário e José legatário. Note-se que Isabela (herdeira necessária) nada receberia
em razão do testamento.
PATRIMÔNIO TOTAL_____LEGÍTIMA 50%_______REDUÇÃO NECESSÁRIA
R$70.000,00 R$35.000,00 R$ 35.000,00
1.4 DAS REGRAS DE REDUÇÃO EM SE TRATANDO DE BEM IMÓVEL
Art. 1968 CC
a) Se o imóvel for divisível (ex: um terreno), far-se-á a divisão de maneira a respeitar a legítima.
b) Em caso de imóvel indivisível (ex: uma casa), são as possíveis consequências da redução:
1 – Caso o excesso seja superior a ¼ do valor do bem, o herdeiro necessário ficará com a propriedade e o legatário
beneficiado com o prédio só terá direito de exigir deste o valor da parte disponível.
Exemplo: O único bem do testador é um imóvel no valor de R$ 100.000,00, e é deixado em testamento a uma
sobrinha, e sua filha, nada recebe, realiza-se o calculo e conclui-se:
O imóvel ficará com o herdeiro necessário e o legatário terá direito a exigir o pagamento de R$ 50.000,00 em
dinheiro.
2 – Se o excesso não for superior a ¼ do valor do bem, o herdeiro não ficará com a propriedade, que pertencerá ao
legatário, que deverá pagar ao herdeiro necessário o valor correspondente à legítima.
Exemplo: o testador deixa um imóvel no valor de R$100.000,00 à sobrinha Ana e a importância de
R$60.000,00 a filha Maria. CONCLUSÃO:
O imóvel ficará com o legatário e o filho terá direito de exigir o pagamento de R$ 20.000,00 em dinheiro.

AULA: DO ROMPIMENTO DO TESTAMENTO


O rompimento é também chamado revogação legal e verifica-se quando ocorre a superveniência de descendente
sucessível do testador que este desconhecia quando testou, ou porque o reconheceu, nasceu ou adotou
posteriormente à elaboração do testamento.
ROMPIMENTO = total desconsideração do conteúdo do testamento, como se nunca tivesse existido.
Obs: o nascimento de um filho, neto ou bisneto é suficiente para romper o testamento.
1. Rompe-se o testamento:
a) Art. 1973 CC – superveniência de descente sucessível
b) Art. 1974 CC – surgimento de herdeiros necessários ignorados, depois do testamento.
2. não se rompe o testamento
a) o testador que elabora cláusula dispondo expressamente como ficará sua herança caso surja herdeiro necessário.
b) Caso o testador apenas deixe em testamento a metade de seus bens e não contemple os herdeiros necessários de
cuja existência saiba, ou quando os exclusa dessa parte. (art. 1975 CC)
AULA: DA PENA DE SONEGADOS
1. Conceito
Art. 1992 CC/2002
Sonegados,
Pena dos sonegados –
Elementos
a) objetivo – ocultação dos bens em si
b) subjetivo – ato malicioso de ocultar, a sua intenção de prejudicar, dolo.
3. Sobrepartilha –os bens sonegados ficarão sujeitos a sobrepartilha.
4. sonegador for o próprio inventariante – art. 1993 CC/2002. Remoção
5. PROCEDIMENTOS – próprios autos do inventário
- Ação de sonegados (persistir a recusa) questão de alta indagação.
6. LEGITIMIDADE ATIVA – herdeiros ou credores da herança art 1994 CC/2002
7. Foro – o mesmo do inventário
8. Prescrição – prazo de 10 anos (art. 205 CC/2002) [jurisprudência STJ]
Obs: A sentença que for proferida na ação aproveita os demais interessados. Art. 1994 CC
Obs2: Não sendo possível a restituição dos bens sonegados, pelo sonegador não possuir mais, este
pagará a importância correspondente aos valores que ocultou, mas as perdas e danos. Art. 1995 CC/2002.
9. Momento para arguir a sonegação art. 1996 CC/2002
 Inventariante – após encerrada a descrição dos bens, com a declaração, por ele feita, de não
existirem outros bens por inventariar (em regra, as últimas declarações)
 Herdeiro – depois que esse declare no inventário que não possui tais bens.
AULA: DO PAGAMENTO DAS DÍVIDAS
(Art 642 à 646 NCPC)
1. Herança – art. 1997 CC–
2. Bens protegidos dos herdeiros – bem de família (legal ou convencional) e bens impenhoráveis.
3. Reserva de bens para o pagamento de dívidas – art. 1997 § 1º - quando for requerido no
inventário o pagamento de dívidas constantes em documentos e houver impugnação, que não se
funde na alegação do pagamento, acompanhada de prova valiosa, o juiz mandará reservar, em
poder do inventariante, bens suficientes para a solução do débito, sobre os quais venha a recair
oportunamente execução.
4. Ação de cobrança – APÓS feita a reserva do bens o credor tem 30 dias (decadencial) para iniciar
a ação de cobrança, sob pena de tornar sem efeito a reserva de bens.
5. Despesas funerárias – art. 1998 CC/2002 – saem do monte hereditário.
6. Despesas por sufrágio da alma – só saem do monte hereditário se previsto em testamento ou
codicilo.
7. Dívida entre herdeiros – art. 1999 CC/2002.
8. Discriminação do patrimônio do herdeiro em relação ao patrimônio do falecido art. 2000 CC
9. Herdeiro devedor do espólio – art. 2001 CC/2002
Art. 2.001. Se o herdeiro for devedor ao espólio, sua dívida será partilhada igualmente entre todos,
salvo se a maioria consentir que o débito seja imputado inteiramente no quinhão do devedor.
AULA: DA COLAÇÃO
1. CONCEITO
Uma conferência dos bens da herança com outros transferidos pelo de cujus, em vida, aos seus
descendentes, promovendo o retorno ao monte das liberalidades feitas pelo autor da herança antes de
falecer, para uma equitativa apuração das quotas hereditárias dos sucessores legitimários.
 Código Civil (arts 2002 a 2012)
 NOVO Código de Processo Civil (arts.639 à 641)
Art. 2.002. Os descendentes que concorrerem à sucessão do ascendente comum são obrigados, para
igualar as legítimas, a conferir o valor das doações que dele em vida receberam, sob pena de
sonegação.
Parágrafo único. Para cálculo da legítima, o valor dos bens conferidos será computado na parte
indisponível, sem aumentar a disponível.
Art. 544 CCA doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento
do que lhes cabe por herança.
2. Obriga também os donatário que não possuírem mais os bens doados art. 2003 CC
3. Descendentes são obrigados a colacionar
3.1 os netos:
Partes na doação Quem recebeu a herança do avô Devem os netos colacionar?
Doação feita pelo Os netos em representação ao pai SIM se o seu pai estivesse vivo teria
avô ao pai pré-morto que colacionar, logo, como
representantes dele deverão
colacionar
Doação feita os netos, por direito próprio, e não SIM os netos deverão colacionar os
diretamente pelo houve representação bens que receberam.
avô aos netos
Doação feita o pai, pois está vivo no momento da NÃO os netos não devem colacionar,
diretamente pelo sucessão do avô pois não são herdeiros de seu avô
avô aos netos (são descendentes de 2º grau)
Doação feita Os netos em representação ao pai NÃO os netos não devem colacionar
diretamente pelo pré-morto os bens, pois, na sucessão, estão
avô aos netos representando o pai falecido.
Flávio Tartuce e José Fernando Simão
4. Colação em substância (a própria coisa) e colação ideal (o valor do bem)
4.1 Colação ideal
Art. 2.004. CC
DIVERGÊNCIA CPC Art. 639.
ENUNCIADO 119 CJF/STJ – “para evitar o enriquecimento sem causa, a colação será efetuada com base
no valor da época da doação, nos termos do caput do art 2004, exclusivamente na hipóteses em que o
bem doado não mais pertença ao patrimônio do donatário. Se, ao contrário, o bem ainda integrar seu
patrimônio, a colação se fará com base no valor do bem na época da abertura da sucessão, nos termos do
art. 1014 do CPC, de modo a preservar a quantia que efetivamente integrará a legítima quando esta se
constituiu, ou seja, na data do óbito (resultado da interpretação sistemática do art. 2004 e seus parágrafos,
juntamente com os arts. 1832 e 884 CC)
E aí? Concordamos ou discordamos?
5. DISPENSA DA COLAÇÃO art. 2005 CC/2002
Art. 2.005. São dispensadas da colação as doações que o doador determinar saiam da parte disponível,
contanto que não a excedam, computado o seu valor ao tempo da doação.
Parágrafo único. Presume-se imputada na parte disponível a liberalidade feita a descendente que, ao
tempo do ato, não seria chamado à sucessão na qualidade de herdeiro necessário.
6. NÃO SE COLACIONA
a) Gastos ordinários do ascendente com o descendente enquanto menor. (poder familiar)
b) Doações remuneratórias
7. Doação feita por ambos os cônjuges art. 2012 CC/2002
No inventário de cada um se conferirá por METADE.
8. REDUÇÃO DAS DOAÇÕES INOFICIOSAS
Obs: Não confundir com colação nem com a redução das doações testamentárias.
Art. 549 CC nula a doação inoficiosa na parte que exceder o que o doador, no momento da liberalidade,
poderia dispor em testamento.
8.1 Prazos
8.2 Excesso
Art. 2.007. São sujeitas à redução as doações em que se apurar excesso quanto ao que o doador poderia
dispor, no momento da liberalidade.
§ 1o O excesso será apurado com base no valor que os bens doados tinham, no momento da liberalidade.
§ 2o A redução da liberalidade far-se-á pela restituição ao monte do excesso assim apurado; a restituição
será em espécie, ou, se não mais existir o bem em poder do donatário, em dinheiro, segundo o seu valor
ao tempo da abertura da sucessão,observadas, no que forem aplicáveis, as regras deste Código sobre a
redução das disposições testamentárias.
§ 3o Sujeita-se a redução, nos termos do parágrafo antecedente, a parte da doação feita a herdeiros
necessários que exceder a legítima e mais a quota disponível.
§ 4o Sendo várias as doações a herdeiros necessários, feitas em diferentes datas, serão elas reduzidas a
partir da última, até a eliminação do excesso.
8.3 Herdeiro que renunciou
Art. 2.008. Aquele que renunciou a herança ou dela foi excluído, deve, não obstante, conferir as doações
recebidas, para o fim de repor o que exceder o disponível.

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