Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Santa Maria, RS
2016
2
2016
3
elaborado por
COMISSÃO EXAMINADORA:
(Presidente/Orientador)
Santa Maria,
Março de 2016.
4
RESUMO
ABSTRACT
LISTA DE IMAGENS
Figura 02 – Osterreich – Tisch, 88 x 143 x 425 cm, realizada por Karl Prantl em
1969 em uma edições do Simpósio organizado pelo escultor. Fonte:
http://www.katharinaprantl.at.............................................................................30
Figura 11 – Vista geral da mostra (ex)cultura realizada pelo Grupo Arte Pública no
MASM, agosto de 2009. Acervo pessoal.....................................................50
7
Figura 12 – Público visitando a ExpoGare, uma das ações desenvolvidas pelo Arte
Pública no atelier da Gare. Acervo pessoal...............................................51
Figura 15 – Trabalho no local de permanência das obras que podem ser vistas
ainda em processo. Cañada de Gomez, Argentina. Acervo Pessoal.................54
Figura 33 – Arlindo Arez, Open to Love, 2011, Arenito, 2 x 1,10, 1,20 m, Escultura
realizada durante o I Encontro de Escultores em Santa Maria e instalação em
frente ao Museu de Arte da cidade. Acervo pessoal........................................112
Figura 35 – José Miguel Carcamo, Sem título, 2015, mármore, 1,10 x 0,80 x 0,60
m,. Escultura realizada no III Simpósio Internacional de Santa Maria. Acervo
pessoal.............................................................................................................117
10
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
1 – PRIMEIROS ENCONTROS 18
1.1 O percurso que leva ao encontro 19
1.2 A escultura no espaço público – breves apontamentos 23
1.3 Simpósios de Escultura 28
3 - ESPAÇOS PROVOCADOS 90
3.1 Espaço de estar e de encontrar 91
3.2 O público encontra a arte e o artista 96
3.3 O artista provoca o próprio circuito 103
3.4 A paisagem redesenhada 111
CONSIDERAÇÕES 119
REFERÊNCIAS 126
11
INTRODUÇÃO
Isto significa atuar no limiar entre apenas contar ou realmente propor uma
investigação dos fenômenos narrados, privilegiando a singularidade da
experiência. Conforme MANEN (2003, p.29) “La ciência humana fenomenológica
es el estúdio de los significados vividos o existenciales; pretende describir e
interpretar estos significados hasta um certo grado de profundidad e riqueza”.
Portanto, se não passamos da descrição não encontramos a essência dessa
experiência que, ao ser narrada já está sendo interpretada a partir da perspectiva
singular, mas que em sua natureza se materializa no coletivo. E quando narrada,
é sua essência o ponto de partida para o outro sujeito interpretar, questionar,
analisar, reelaborar, etc. Embora, seja preciso reconhecer o quanto é difícil
desprender-se de uma escrita rigidamente esquematizada, tanto quanto outros
trabalhos nessa linha metodológica.
experiência com o texto próxima à vivenciá-lo como em uma conversa junto aos
participantes. Nesse “convite” a autora traduz a perspectiva metodológica
instaurada na narrativa pessoal, evidenciando os elementos constitutivos de sua
escrita, como imagens e relatos pessoais, propondo, ao leitor um diálogo, ou seja,
uma não-passividade na leitura.
Minha narrativa ainda se desenvolve com uma certa rigidez, como se, a
cada linha escrita uma censura fosse instaurada, talvez pelo temor de tornar a
mesma apenas um relato pessoal. Porém, as imagens que apresento, em grande
parte do texto provenientes de arquivo pessoal, constituem parte dos registros
guardados de todo o meu processo. E devo confessar que, o número de registros
imagéticos supera, de forma inigualável, qualquer outra forma de registro.
Algumas imagens existem no corpo do trabalho acompanhadas de relações
tecidas pela linguagem textual. Outras, compartilham minha memória, talvez de
uma forma muito mais digna do que eu poderia escrever. Certas imagens apenas
apresentam paisagens que, talvez, para o leitor mais formal, não tenham sentido
dentro do texto, porém, fazem parte do meu trajeto e, de alguma forma, me
tocaram. É importante ter ciência de que praticamente toda a escrita se
desenvolve a partir de imagens removidas em uma gaveta de guardados (na
contemporaneidade isso corresponde à um HD externo, já os diários são
tradicionais, manuscritos em diferentes tipos de papel.). Considerando que as
narrativas que as imagens contém “nos permitem a compreensão de processos
relacionados à tessitura de conhecimentos e significações, dentro das múltiplas
redes cotidianas em que estamos atuando e criando, ‘praticando’”. (ALVES, 2009,
p.12 in DE MORAES SILVEIRA, 2015, p. 20).
O texto, portanto, está organizado em três partes. Cada uma destas partes
é inaugurada com uma imagem, compondo um conjunto que diz respeito ao meu
18
processo formativo, dentro de uma cronologia. Estas três partes poderiam muito
bem ser denominadas três fases, relacionando cada espaço do texto com um
espaço de vida. À primeira corresponde aquela que é a experimentação curiosa,
os sabores das descobertas que nos maravilham e que muitas vezes acontecem
por acaso. O trilhar o caminho sem medo, entregando-se, acontece nessa primeira
fase, na qual apresento de onde parti. Um resgate dos primeiros encontros com a
arte referenciado no relato de outros artistas que também buscaram, em suas
origens, ponto de partida para o desenvolvimento de suas pesquisas, em variados
âmbitos e contextos. Além do encontro com a arte, também o encontro com o tema
dos Simpósios, o que sugere a necessidade de uma breve contextualização sobre
os mesmos. São ainda raras as referências bibliográficas que tratam ou analisam
os Simpósios de Escultura em nosso contexto. Desta maneira, os primeiros
passos para a construção deste trabalho consistiram na busca por referenciais
que auxiliassem uma compreensão estrutural e histórica de tais eventos.
Por fim, a terceira trata de uma reflexão a partir dessa experiência narrada.
Busca compreender, dentre os aspectos apontados na narrativa, quais são
pertinentes de discussão, considerando questões que dizem respeito aos
Simpósios de Escultura quanto processos formativos para os artistas, quanto
espaços de relações que afetam ou não o processo criativo de cada participante,
quanto proposta que estabelece uma relação singular entre arte e comunidade.
19
PRIMEIROS ENCONTROS
Na solidão a criança pode acalmar seus sofrimentos. Ali ela se sente filha do cosmos,
quando o mundo humano lhe deixa a paz. E é assim, que nas suas solidões, desde que se torna
dona dos seus devaneios, a criança conhece a ventura de sonhar, que será mais tarde a ventura
dos poetas. (BACHELARD, 2009, p. 94)
1
Fragmento retirado do diário da autora. Diário realizado a partir da participação nos Simpósios de
Escultura.
22
[...] para lugares diferentes. Logo depois da guerra, em 1946, fomos para
o Oeste eu tinha uns oito anos de idade. Foi um período impressionante.
Eu comecei a me envolver na coleta (de fósseis e conchas) naquele
momento. Estava interessado no campo, em coisas naturalistas, à
procura de insetos, pedras e tudo. (SMITHSON,1972)
do contato com a terra, quase como uma necessidade vital, e da mesma forma
buscava desenvolver minhas próprias construções; fossem elas os brinquedos
improvisados, ou mesmo propostas mais ousadas, como as fracassadas
tentativas de construir outros objetos. Para Bachelard:
2 O Grupo Arte Pública é um coletivo formado pelos escultores Catiuscia Dotto, Roberto Chagas e
Andre Marcos os quais vivem na cidade de Santa Maria/RS onde os mesmos dividem um atelier
na antiga Estação Férrea e desenvolvem projetos artísticos e culturais, entre eles o Simpósio
Internacional de Escultores de Santa Maria. No decorrer do texto retomaremos o surgimento e
importância deste coletivo para meu processo formativo, bem como trataremos especificamente
da história deste evento.
24
Escultura são processos de instauração dessa presença, o que vou tratar mais
adiante, é importante entender historicamente as manifestações públicas da
escultura, bem como, pensar nas configurações de financiamento que levam a
arte ao cotidiano das cidades. O que apresento é um recorte deste contexto, com
alguns exemplos de financiamento de arte pública, podendo existir outros
aspectos aqui não citados.
4Pensamos o espaço público como todo o lugar livre para a circulação de público. Tomamos
como definição de Arte Pública aquela arte que não apenas está no espaço público, mas que
está exposta para um público involuntário, conforme ALVES, 2010.
27
6É importante ressaltar que, ao contrário dos monumentos do século XIX, onde os escultores
deveriam realizar um trabalho a partir de um tema comemorativo, essas novas políticas permitem
que obras autorais sejam incorporadas aos espaços públicos.
29
7
Tradução nossa para “a gathering of invited sculptors who live and work together for several weeks to
produce individual finish pieces that are exhibited or permanently installed in a sculptural setting, like a
sculpture park or an art center.”
32
8
Tradução da autora para trecho do site http://www.katharinaprantl.at/bildhauersymposion/index.html
acesso em 28/02/2015.
33
9
“Simpósios de Escultura” é a denominação utilizada quando o evento sugere acontecer anualmente. Para
o mesmo formato também encontramos a denominação Encontro de Escultores, porém, para alguns
artistas esta segunda expressão não remonta ao evento a mesma importância da primeira tendo em vista
que o termo “simpósio”, como vimos, caracteriza a reunião de especialistas em determinado assunto a
reunir-se para discuti-lo enquanto que “encontro” refere-se apenas ao ato de encontrar-se, o que pode ser
casual. ( HOUAISS, dicionário Conciso, 2011). O termo “Bienais de Escultura” refere-se aos eventos que
acontecem em intervalos de dois anos. Geralmente a denominação “Festivais” é utilizada para eventos em
neve, gelo ou fogo Em qualquer das nomenclaturas a estrutura básica do evento permanece. Neste
trabalho usamos o termo Simpósios de Escultura referindo a reunião de escultores em torno da produção
de esculturas em espaço público.
34
10
As produções efêmeras geralmente dizem respeito aos trabalhos realizados com neve, gelo, fogo ou
interferências na paisagem ligadas ao conceito de Land Art.
35
esculturas, ao passo que através dos eventos, permite-se ter esculturas de artistas
de diversos países nas ruas. E desta maneira define:
11
Simpósio De Escultura, Disponível em http://www.ccm-valdivia.cl. Acesso em 07 de dezembro de 2014.
38
12
E-mail enviado pelo escultor Gonzalo Tobella a autora em 22 de novembro de 2014. Imagens do mesmo
podem ser vizualizadas em um pequeno vídeo de divulgação no link http://vimeo.com/110748925
40
13
Dados disponíveis em http://www.bienaldelchaco.com/ acesso em 08 de dezembro de 2014.
14
Memória de la piedra, La paz: Museo Nacional de Arte, 2011.
42
15
No ano de 2014 foram mais de 90 escultores participantes, esse número foi crescente a cada edição
segundo os relatórios fornecidos pela organização do evento.
43
No Brasil não existe uma tradição tão forte na realização destes eventos
comparando a países como Chile e Argentina, nos quais, como vimos, acontecem
desde a década de 1980. Destaca-se aqui, de forma sucinta, um pequeno
panorama, que busca evidenciar algumas realizações em nosso país. O mais
antigo do qual se encontra registros foi realizado de 29 de julho a 09 de agosto de
1998 na cidade de São Caetano do Sul (SP). Na ocasião reuniram-se 19 artistas
de 12 países16 para realizar esculturas monumentais em aço inox. Não existem
disponíveis grandes registros sobre este evento, ao que tudo indica, aconteceu
apenas uma vez.
16
http://www.dgabc.com.br/Noticia/134099/sao-caetano-a-cidade-dos-
monumentos?referencia=navegacao-lateral-detalhe-noticia
44
Figura 12: Público visitando a ExpoGare, uma das ações desenvolvidas pelo Arte Pública no
atelier da Gare. Acervo pessoal.
54
“Estar pela primeira vez sozinha, em outro país, outro território, outra
cultura. Ter o desafio com o qual pela primeira vez me deparava; entalhar uma
madeira no período de dez dias, em um espaço público. Uma estrangeira sem
conhecer as pessoas com as quais iria conviver intensamente durante os
próximos dias. Mas assim que sentamos juntos para o primeiro jantar, percebi o
que confirmaria naqueles dias seguintes: eu estava entre os meus. Era como se
já os conhecesse. Naquele dia comecei a descobrir quem eu era, o que eu
realmente queria fazer. Naquele dia encontrei meu lugar.”17
17
Fragmento de diário da autora, 2014.
61
Em nenhum outro momento imaginei que minha motosserra iria falhar. Ao ponto
do desespero, o tempo passa, todos prosseguem e é necessária uma solução. É
preciso se adaptar.
Essa imagem, captada nos últimos dias por um olhar atendo à minha
atenção à escultura, chega após meu retorno. Perturba e faz reviver o medo e
as decisões. Ao ver a madeira que me propuseram trabalhar, deitada ali na praça
no primeiro dia, pensava em cortá-la, não usar toda a sua dimensão. Porém, estar
trabalhando em coletivo é sempre um permear-se pelo outro. Aceito o desafio de
um experiente escultor chileno que me convence, talvez entre uma e outra copa
de vinho naquela primeira noite, a trabalhar toda a dimensão da madeira. Vejo
nele a figura do meu professor de escultura, me encorajando, disso me lembro
bem. Sim, foi uma decisão que me fez sofrer, uma decisão que alterou todo o
percurso do que viria a ser essa escultura, mas uma decisão que apenas tive
realmente sua dimensão ao receber esta imagem.
Volto para trabalhar a madeira. Não volto sozinha pois vai junto meu
companheiro de coletivo. Não volto sozinha pois vou reencontrar velhos/novos
amigos. É também fevereiro, e este é um evento ao qual vou ao encontro
carregada de grandes expectativas. Pelo período em que vem acontecendo, mais
de duas décadas, a curiosidade da gestora era quase maior que a apreensão da
escultora. Incrível como pensar em Valdívia me remete, em um primeiro momento,
65
habré dejado de ser transeunte pero, es verdade, los escultores no podemos envejecer.”
escultor boliviano
julho de 2015
“O deslocamento... esse foi o mais forte que experimentei. Desde que cheguei na
Bolívia, o contraste cultural é percebido de maneira muito forte. Assim que apenas
hoje, quatro dias depois de estar aqui ‘começamos’ o Simpósio. Ontem nos
acomodamos, pois estávamos “acampados”. Tivemos hoje as primeiras rodas de
diálogos sobre escultura. Esses contrastes são tão fortes que o grupo de
escultores bolivianos não tem-se aberto muito ao diálogo. Acabamos por formar
um grupo de brasileiros, argentinos, uruguaios e chilenos. Isso me faz perceber as
feridas latino-americanas que narra Galeano. Esse povo ancestral que talvez
ainda nos veja como estrangeiro.
As pessoas vêm nos trazendo helados, sucos e frutas para regalar. Todavia, não
comecei a trabalhar, a pedra é pequena. Acertado o projeto, com ajuda da Eliana
que o viu de fora.
Escrevo a 1600 metros de altitude, sob sol ardente mas com uma brisa que dribla
os picos das montanhas. A mesma que trazia os cheiros para avisar a
aproximação de inimigos aos povos originários que aqui habitaram, a mesma que
usa o condor andino para planar, estou ao lado da pedra que vou entalhar. O que
deixo e o que levo? É o que me pergunto. Nós estamos a espera da eletricidade,
escuto o som das picaretas dos escultores bolivianos que já começaram,
manualmente, a entalhar a pedra”18
18
Anotação no diário da autora, 2014.
69
Sobre a pedra, entre tantos sentimentos descritos em meu diário, esse não
Ser escultor é não estar sozinho.
registrei ali, mas o tenho guardado em mim: o sorteio. Foi a primeira vez que
participei de um sorteio de pedras. Sob o forte sol que nos queimava, e o vento
que permanecia, sem muito refrescar, existiam vinte e poucas pedras catadas na
beira de rios. Algumas me assombravam por sua monumentalidade, nenhuma era
como eu imaginava, nenhuma despertava tranquilidade ao meu projeto. E o
trabalho foi intenso assim que começado, não havendo tempo pra acompanhar o
desenvolvimento dos demais artistas.
O desafio da pedra não foi o maior. O que ainda sinto até hoje, quando
retomo as memórias desta experiência, são os cheiros doces e azedos de quando
caminhei pelas primeiras quadras de Santa Cruz de la Sierra, e senti que era
distinto. O deslocamento não foi apenas geográfico, mas cultural. O desacomodar
não foi apenas pela matéria a ser trabalhada, sair do meu lugar me fez conhecer
o lugar onde eu vivia. Como todas essas situações afetam o fazer? Talvez eu
consiga desenvolver muitas outras questões a partir da reflexão destas
experiências, e não encontre objetivamente as respostas.
19
Refere-se à IV Bienal Internacional de Escultura en Piedra, realizada na cidade de Samaipata, na Bolívia,
em 2014.
71
eram tantas as novidades, eram tantas as cores para ver, havia tanto que aprender
sobre aquele lugar, que se tornava difícil concentrar, e, como escreve Bourgeois (
2000, p. 217) “A tarefa básica do artista é a concentração – conquistar o silêncio
total e amigo”. Foi preciso me colocar em contato com a pedra e com o espaço de
trabalho, articulado ao tempo restante para decidir como fazer. Foi imprescindível
compreender as distintas formas de organização, e saber que cada lugar possui
sua maneira e suas prioridades, para entender a demora da energia elétrica, para
aceitar as condições de trabalho.
Desta vez, a caminho de Tarija, o caminho que deslumbra. São coisas que
nunca vi; cores, formas; existem outros tons de verde; existem outros sons. Vou
20
Anotações do diário da autora, 2014
72
Após três dias de viagem por terra, chegamos quando o sol entardecia
antecipadamente atrás das montanhas cor de terra. Nós (Roberto e eu) éramos
os únicos escultores estrangeiros, o que, logo deixou de ser. No dia seguinte, após
todas as cerimônias iniciais, participamos do sorteio das pedras, e, do sorteio dos
ajudantes. Tive azar no primeiro, mas muita sorte no segundo.
Segundo sobre a pedra, que não foi minha. Um arenito, duro, duríssimo,
com aproximadamente dois metros de diâmetro e apenas uns quarenta
73
21
Bourgeois se refere à execução de “A vela”, 1988, mármore, 152 x 76 x 177 cm. A escultura possui um
cilindro vazado que atravessa a pedra, para a execução do qual a artista se refere ao uso indispensável de
ferramentas.
74
Acervo pessoal.
22
Diário da autora, 2014.
77
Essa foi uma das experiências que mais levou-me à reflexão. Quem sabe
pelas características do grupo – desenvolvi outros projetos com alguns dos artistas
que estavam nesse momento - as discussões sobre arte e, mesmo sobre a
participação em simpósios foi intensa. Muitas questões ali discutidas permeiam
23
Anotações no diário da autora, 2014.
79
até hoje meus pensamentos. Por qual motivo se trabalha um ano inteiro para
executar em apenas uma semana? Que desafio é este que nos propomos a nós
mesmos de deparar-se com problemas e ter que, de uma forma ou outra,
encontrar soluções? Essa segunda questão já não seria a resposta da primeira,
pensando no que diz Bourgeois (2000) a respeito da escultura ser um desafio?
Esse solucionar problemas leva a um processo intenso de aprendizagem, e ainda,
estar com outras pessoas as quais pode considerar para essa “solução”. A frase
“o simpósio me modifica” está registrada nas páginas do meu diário. Também em
mim.
Temendo uma escultura que não estivesse totalmente pronta para ser
transportada, mudei meu plano de trabalho, na tentativa de apressá-la. Como tinha
uma maquete, fui desenvolvendo a estrutura em ferro ao mesmo tempo em que a
recobria com cimento, diariamente. Os ajudantes que ali estavam, preferiam usar
o aparelho de solda com os artistas que trabalhavam em metal, do que carregar
80
24
Fragmento do diário da autora, 2014
81
Embora nunca tenha, como disse, visitado uma escultura por mim realizada
em um simpósio, penso, também a partir da experiência de Santa Maria, que
essas esculturas vão simbolizar sempre a presença do que aconteceu,
25
Fragmento do diário da autora, 2015.
26
A artista se refere às suas primeiras instalações escultóricas, em entrevista à Trevor Rots, em 1990.
82
representando aqueles que ali estiveram. Muito mais que um monumento público,
essas peças são memoriais da ação. Que por sua vez, para mim seriam um vazio.
É sobre o vazio que sigo falando nas próximas páginas; o vazio que se refere a
não-presença da ação em que consiste a reunião de escultores em um Simpósio
de Esculturas. Esse vazio que diz respeito a relevância dessa ação e da
convivência, do espaço de interação que ela propõem, entre os artistas.
vazio
84
Começo escrevendo pelo fim, pois quando inicio esta etapa da escrita, é
nesta fase em que me encontro. Como em um ciclo, já venho há alguns anos
vivenciando a experiência da expectativa, da euforia e do vazio. A imagem
anterior mostra as esculturas que foram realizadas no I Encontro
Internacional de Escultores, no ano de 2011, em Santa Maria. E vazio é a
sensação de ver as esculturas finalizadas na Gare, à espera de seus locais
permanentes, a cada edição deste evento. A presença das esculturas remete
ao vazio que figura a ausência do que foi vivido, e que não se reestabelece.
Poderão vir outros anos, outros grupos, a experiência sempre será outra,
redesenhada por seus atores. É importante ressaltar que é deste momento
que escrevo, pois certamente as palavras teriam outra euforia se eu
estivesse às vésperas do começo, e quem sabe, nem sairiam se eu
estivesse no meio. O espaço de tempo do qual escrevo vai desabrochar em
mim uma perspectiva, que em outra circunstância seria distinta. Nenhuma
negaria a essência daquilo que vou registrar, mas escrevo a partir do que
sinto agora, e é importante reconhecer que nossa escrita é atravessada por
aquilo que estamos sentindo.
É dezembro de 2011, são aproximadamente 10 horas da manhã do
dia 09. Não temos a dimensão do que estamos começando. A concretização
do I Encontro Internacional de Escultores de Santa Maria não simboliza
apenas a possibilidade de dez dias de intercâmbio que estavam por vir, a
partir da reunião de cinco artistas em torno do entalhe em pedras. Um outro
curso estará se inscrevendo a partir dessa ação. De forma ousada considero
que, para a cena cultural da cidade de Santa Maria; e com toda a certeza
para o grupo Arte Pública e para mim. Existe, em nossa trajetória artística,
um antes e um depois deste pertencer.
85
27
O Simpósio Internacional de Escultores de Santa Maria acontece no Largo da Gare, antiga Estação
Férrea da cidade. Das quatro edições realizadas, a de dezembro de 2013 foi financiada pelo Fundo de
Apoio à Cultura, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, totalizando o valor de R$ 25.000. As demais,
realizadas em dezembro de 2011, janeiro de 2015 e dezembro de 2015 foram financiadas através de
convênio com a Prefeitura Municipal de Santa Maria, respectivamente foram disponibilizados R$ 60.000;
R$ 71.000 e R$ 99.800 reais. Todas as edições tiveram a duração de 10 dias de produção dos artistas. O
financiamento custeia o transporte, alimentação e hospedagem dos artistas convidados, assim como um
pró-labore simbólico; os custos de produção do evento; toda a infraestrutura proposta na Gare, bem
como todos os custos de materiais e insumos para a produção das obras.
86
podemos refletir a partir do que Basbaum afirma, pensando que era essa
direção que tomávamos:
28
Delimito em três instâncias, enquanto Basbaum delimita em duas, pois, quando falo em percepção
financeira, trato exatamente da realidade do contexto que está financiando esse evento, ou seja, se é o
munícipio que vai financiar, que realidade de arrecadação tem esse município? Ou ainda, após a
disponibilização, que valor real existe para a execução do projeto? No caso do Simpósio de Santa Maria, já
o organizamos em “diversas” condições financeiras, e a cada situação, o valor disponível absolutamente
definia o projeto.
88
Entre 2011 e 2015 foram quatro edições do evento em Santa Maria, o que
aponta para uma trajetória consolidada, porém, sempre com um futuro perene 29.
São, como disse, diversas vontades de diversos atores que vão ou não permitir a
continuidade, a cada ano.
Esses eventos, continuam se construindo a partir da proposta inicial,
idealizada pelo grupo Arte Pública, reformulada pelos diversos fatores que
interferem em sua execução. No decorrer das quatro edições realizadas até o ano
de 2015, o forte investimento do Governo Municipal têm consolidado a ação; o
que da mesma maneira evidencia sua dependência à situação governamental.
É importante ressaltar que foram quatro edições deste evento, que ao total
reuniu quatro distintos grupos de artistas na cidade de Santa Maria30. Tais
encontros resultaram em vinte e nove esculturas instaladas em espaços públicos
da cidade, em distintos materiais: pedra, madeira, cimento, ferro e fibra de vidro.
As esculturas são realizadas a partir da proposta poética de cada artista
convidado31, que possui liberdade na execução de sua proposta. Existe também,
um grande envolvimento da comunidade artística local. Grupos de artistas já
estabelecidos na cidade, assim como um grupo de voluntários, se incorporam
29
Este “futuro perene” diz respeito a ser uma inciativa artista que conta com o apoio da instituição
pública. Desta forma, depende de aprovação em editais de financiamento, ou do apoio direto da
Prefeitura, como vem acontecendo, e que é incerto sempre que uma nova gestão assume.
30
No ano de 2011 participaram: Arlindo Arez (Portugal) Emiliano Gonzalez (Argentina) Silvestre Peciar
(Uruguai), Martin Iribarren (Uruguai) e Jorge Goulart (Brasil). Os trabalhos foram realizados em blocos de
arenito extraídos de uma pedreira na cidade de Santa Cruz do Sul. A segunda edição aconteceu apenas em
dezembro de 2013, reunindo Oscar Umpierrez (Uruguai), José Francisco Goulart e Irineu Garcia (Brasil),
Gonzalo Tobella e Simon Jimenez (Chile) e Laura Marcos (Argentina). Nesta edição foram utilizados
troncos de madeira como material. A terceira edição aconteceu apenas em janeiro de 2015 reunindo
Stefano Sabetta (Itália), Oscar Aguirre (Cuba),Jose Miguel Carcamo (Chile), Douglas Dorneles, Maia e Jorge
Schröder (Brasil), Rodolfo Sória (Argentina), Eliana Pereira (Uruguai). Foram realizadas esculturas em
pedra e em cimento. A quarta edição, realizada em dezembro de 2015 reuniu Lorena Olivares (Chile), Luis
Fernando Chumacero (Bolivia), Andrey Makeev (Rússia), Sergio Olivera e Boris Romero (Uruguai), Renato
Brunello e Valquiria Navarro (Brasil), Xicotencalt Rivero (México), Gabriel Muñoz (Costa Rica) e Eduardo
Waxemberg (Argentina).
31
Os artistas participantes são convidados através de um processo de curadoria. Boa parte dos Simpósios
realizam seleções de projetos a serem executados. No caso de Santa Maria, os escultores organizadores
participam de Simpósios, onde conhecem o trabalhos de outros artistas. A partir desse mapeamento, a
curadoria acontece. Além do trabalho e da trajetória dos artistas, também são consideradas as condições
financeiras do evento, tendo em vista que inclusive custos de transporte são de responsabilidade do
evento. Dessa forma, uma seleção não seria justa, se, ao selecionar a partir de projetos inscritos fosse
necessário levar em conta a possibilidade financeira.
91
32
É importante ressaltar a participação do Grupo da Estação, que, além de oferecer seu espaço físico na
Gare como suporte está sempre presente na equipe de apoio. Ainda a partir da segunda edição, no ano de
2013 contamos com o apoio da Associação Piazito, a qual desenvolveu, naquele ano o documentário “O
nó da Madeira”, com direção de Daniel Paim e Mariangela Scheffer, a partir do Simpósio. Todos os anos
um grupo de estudantes do atelier de escultura da Universidade Federal de Santa Maria participa
auxiliando os artistas e auxiliando na infraestrutura do evento. Essa participação dos estudantes acontece
de forma voluntária, não existindo, embora tenha-se buscado anualmente, um apoio oficial da instituição
de ensino.
33
Embora trato de forma mais específica sobre o assunto na sequência, é importante registrar que,
através do envolvimento de todos esses sujeitos no Simpósio de Escultura realizado em Santa Maria,
diversas outras ações passaram a acontecer. Podemos citar, entre outras, a presença anual de um grupo
de artistas santa-marienses no Encontro de Escultores em Palmar do Uruguai, que acontece em abril; a
92
realização de exposições individuais dos artistas Anita Monoscalco, da Itália; Rodolfo Sória e Lucas Llanos,
da Argentina na cidade de Santa Maria; tais ações constatam que Santa Maria passa a ser vista a partir de
outras perspectivas como uma espécie de polo cultural.
93
ESPAÇOS PROVOCADOS
Umas duas ou três vezes por dia parávamos para o mate. Era esse
estar junto sendo de longe, conhecer o desconhecido que nos fazia
não querer voltar.”
“O que mais vale de tudo isso são as amizades que tu constrói e o respeito que tu tens
por essas pessoas. Agora ando pelo mundo todo e tu não faz ideia do carinho que encontro.”
Figura 28: Grupo de escultores a partir de Rosana Modernell (de joelhos), em sentido horário,
Stefano Sabetta, Roberto Chagas, Catiuscia Dotto, Luiz Albayay, Gonzalo Tobella, Wicha
Mastronardi, Andres Figueroa, Jaime Lopez, Marco Soto e Carlos Vargas, em horário de almoço,
no XIX Simpósio Internacional de Escultura de Valdívia, 2014, Acervo pessoal
34
Depoimento do artista a autora em 07 de março de 2015, Porto Alegre, RS
95
por levar aos alunos um artista “vivo”. A presença pessoal do artista nos espaços
de relação com o público levam a
ficam na cidade sede do mesmo e são objetos que vão remeter a experiência
vivenciada.
Este encontro do escultor com o público, sugere ao artista uma nova posição,
a de estar produzindo fora das redomas do seu atelier, sob o olhar do público. E
esse olhar curioso passa a ser conhecedor do processo. Esta ação acontece de
forma semelhante a que usa Bourriaud (2009, p. 41) para descrever a
monumentalidade da performance: “Se desenrola no tempo do acontecimento,
para um público chamado pelo artista. Em suma a obra suscita encontros casuais
e fornece pontos de encontro, gerando sua própria temporalidade” E ainda: “eles
expõem e exploram o processo que leva aos objetos e ao sentido. O objeto é
apenas um happyend” (Bourriaud, p. 75).
É importante ressaltar que nem sempre essa interação entre o artista e seu
processo, ou mesmo entre a obra e o público são positivas. Tais encontros podem
provocar tensões que dizem respeito ao distanciamento que existe entre a
compreensão de arte da maioria das pessoas na contemporaneidade e a arte
produzida nesse mesmo período. Segundo Resende (in FERREIRA e COTRIM,
2012, p.360) “A arte está isolada. O acesso à sua linguagem tem sido controlado
pelas instituições (museu, crítica e mercado) e seu discurso se restringe a um
103
Figura 31: Criança interagindo com a obra do escultor italiano Stefano Sabetta, realizada no
III Simpósio Internacional de Escultores de Santa Maria enquanto esta ainda encontrava-se
exposta no Largo da Gare, 2015. Acervo pessoal.
Para Bulhões (1999) essas esculturas vão provocar um novo olhar para a
cidade que oferece cotidianamente uma série de situações visuais sobrepostas,
as quais não permitem espaço para o olhar contemplativo. Dessa maneira refere:
Ser ou não um artista não é algo de que se possa exigir limites rígidos
ou absolutos, revelando-se mais como um trânsito, um certo
deslocamento através das coisas, combinando com a produção de um
espaço particular de problemas [...] esse indivíduo (ou coletivo, é claro)
insere-se [...] numa rede de dinâmicas e num contorno de espacialidade
em que movimenta, deflagrando toda uma economia própria deste
conjunto de operações. (BASBAUM, 2013, p. 68)
35Basbaum apresenta nesse mesmo texto, local definido por “ uma palavra de muitos sentidos,
que se altera de lugar para lugar, de contexto para contexto”, enquanto que global diz respeito à
uma complexa questão contemporânea que envolve aspectos sociais, econômicos e políticos
(BASBAUM, 2013, p. 65)
108
apresenta uma rigidez estrutural. Afinal, e, também pelo fato de que grande parte
destes eventos são gerenciados total ou parcialmente por artistas o que
“desenvolve um modelo mais orgânico e menos burocratizado e hierarquizado”
(BASBAUM, 2013, p. 72)
36
Não considerando como nossa política uma troca de favores, ou seja, convido artistas que organizam
simpósios para ser convidada em seus eventos, o que, pode acontecer em outros contextos.
110
37
FOLETTO e BISOGNIN (2001, p.25) apontam que “A cidade tornou-se polo cultural regional a partir da
segunda metade do século XX, pela existência de grande quantidade de estabelecimentos educacionais,
entre eles a Universidade Federal de Santa Maria”
112
A partir da obra de Arlindo Arez podemos pensar sobre o local onde essas
e as demais esculturas, realizadas nas posteriores edições do Simpósio, habitam
e que diálogo propõem com tais espaços. Ao mesmo tempo, é possível propor
uma reflexão a respeito do destino público das esculturas que resultam de
Simpósios. Em Santa Maria, Arlindo solicitou que sua obra fosse empraçada
circundada por um espelho d’água. O caminho que levaria até a peça deveria ser
coberto por uma calçada realizada com o mesmo tipo de pedra da escultura na
extensão de 7 x 3 m. Tal solicitação nunca pode ser atendida pelos organizadores;
hoje sua peça encontra-se numa área de aproximadamente 16 m² de grama entre
o edifício do Museu e a calçada da Av. Presidente Vargas. Dentre os fatores para
não atender a solicitação do artista, primeiro a indisponibilidade de recursos para
tal execução, segundo a diversidade de interesses na instalação das esculturas.
A definição do local exato onde cada trabalho será colocado permeia a vontade
do artista; a melhor possibilidade visualizada pelos organizadores, nesse caso
116
Outra escultura que podemos citar é Olhos Atentos, 2005, de José Resende
(1945), na Orla do Guaíba, em Porto Alegre. A intenção inicial do artista teve que
ser modificada ainda no projeto. A proposta de que este longo mirante de aço
estivesse sob a água do Guaíba foi extinta pelo risco do mal uso que poderia
evocar ao público, usando-o talvez como trampolim. Logo que inaugurada, a
escultura já sofreu outro uso inadequado. Grupos de pessoas pulavam na
extremidade dos 30 metros de aço suspensos, o que colocava em risco seus
ocupantes devido a oscilação que provocava. Em função disso a escultura
precisou receber reforço na sua base e a diminuição em cinco metros de sua
extensão, alterando-a esteticamente.
117
Em Santa Maria, logo após finalizado o primeiro Simpósio foi criada pela
Câmara de Vereadores a Alameda das Esculturas. Essa consiste em uma praça
da cidade destinada a receber as esculturas do evento. Para tal, nem artistas nem
organização foram consultados durante o processo. Na prática apenas se
modificou o nome de uma praça da cidade, sem prever condições físicas para que
a mesma recebesse as obras. É para este local que devem ser levadas,
temporariamente, as seis esculturas em madeira realizadas na segunda edição do
evento. As únicas que ainda não foram instaladas permanentemente. Novamente
a decisão da colocação das obras no espaço público ocorreu devido a
necessidades e não a intenções estéticas. O que determina a situação também
evidenciada por Laranjo em Portugal:
No caso de Santa Maria o fato de existir na cidade uma Alameda das Esculturas,
que não continha obra alguma, foi um dos principais fatores que levou a sobrepor
a intenção da organização e dos artistas e deixar de ter critérios na escolha do
local de colocação das esculturas.
Essas esculturas no espaço público não são meros objetos ali colocados,
elas passam a fazer parte da cidade, são como palavras inscritas em
uma superfície, traçando leituras poéticas. Elas fazem falar os espaços,
evocam sentimentos e ideias, testemunham o indeterminado, o
inexprimível em sua luta contra a impotência da imaginação. Assim, o
resultado do Simpósio Internacional de Esculturas permanecerá na
malha urbana com os influxos dos vários cruzamentos que foram
oportunizados pela presença dos artistas de diversos espaços do
planeta, com diferentes vivencias culturais. São influências materiais,
concretamente percebidas nas obras que ficaram na cidade, mas são
também elementos mais sutis, sugestões estéticas, fragmentos de
sentido diferenciados que ali se instalaram. (BULHÔES, 2013, p. 1)
Quem sabe este começo, de ter agora vinte e nove esculturas espalhadas
pela cidade de Santa Maria, não seja a origem de uma percepção diferenciada da
arte, e passe a estimular nas pessoas a necessidade de ter esculturas em frente
as suas arquiteturas, ou mesmo em seus espaços privados, sem a necessidade
de uma legislação específica, como vimos existir em outras cidades, que
concretize isso. Pode ser que o simpósio venha dar a conhecer que é possível
buscar o acesso à arte, o que talvez, para muitas pessoas ainda seja algo distante
de suas realidades. Em um processo a longo prazo, a arte instalada no espaço
público pode transformar o transeunte em público da arte, refere às pessoas a
vontade de ir ao encontro da produção artística.
CONSIDERAÇÕES
novas reações na continuidade de seu cenário artístico, seja para indivíduos que
persistem em envolver-se ou para o circuito de um modo geral.
Por fim, atuar nos Simpósios de Escultura significa propor esculturas para o
espaço público, e ainda, propor ações escultóricas ao mesmo. Na
contemporaneidade a arte no espaço público busca sentidos relacionados à
experiência e a presença neste espaço; resignificando-o, discutindo-o,
valorizando-o. Estar artisticamente presente no espaço público sugere uma
necessidade de afetar as pessoas, de levar a poesia para quem não a busca. E
assim, seguem os escultores demarcando territórios com suas esculturas. E
seguem essas esculturas a buscar uma relação na praça, a relação de um espaço,
que antes “era todo público” e que pode permanecer como o espaço de novos
diálogos, o espaço de dimensionar a arte.
129
REFERÊNCIAS
content/uploads/2015/07/Unidad1Texto_Definicao-de-Curadoria.pdf> . Acesso
em: 11 jan. 2016.
GOMES, Paulo (org.) Artes Plásticas no Rio Grande do Sul: uma panorâmica,
Porto Alegre: Lahtu Sensu, 2007.
Web sites
JORNAL DE SANTA
CATARINA,<http://jornaldesantacatarina.clicrbs.com.br/sc/noticia/2014/04/parqu
e-das-esculturas-de-brusque-sera-inaugurado-com-40-obras-4482133.html>.
Acesso em: 10 nov. 2014.