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JERUSALÉM CELESTE
O assunto que me propus estudar foi uma matéria abordada durante as aulas da
cadeira de História da Arquitectura Portuguesa que me pareceu insuficientemente discu-
tida: as fachadas de duas torres na arquitectura religiosa portuguesa. Pareceu-me ime-
diatamente um óptimo tema para a Prova Final, aliado ao facto de conjugar as minhas
duas paixões, a Arquitectura e a História.
No entanto, tive algumas dúvidas sobre a validade de uma prova de História da Ar-
quitectura num curso que forma arquitectos. Dúvidas rapidamente dissipadas quando me
apercebi que, se o curso forma arquitectos que posteriormente poderão exercer em áreas
tão abrangentes como o urbanismo, design, arquitectura de interiores, etc., e se essas
áreas têm validade, porque não exercer também algo relacionado com a história da arqui-
tectura – reabilitação, por exemplo?
O pouco cepticismo que ainda permanecia no meu espírito desvaneceu-se por
completo quando me lembrei de uma obra do incontornável Siza Vieira, a igreja de Marco
de Canavezes. Siza, nesse projecto, pretendia conceber “uma igreja que parecesse uma
igreja” e isso levou-o a socorrer-se da tradição e seus modelos, reinterpretando-os em
função dos nossos dias. Mas, para aceder a essa memória cultural, houve obrigatoria-
mente que estudá-la, e para isso foi necessário existir investigação.
Comecei a recolher, então, o máximo de informação possível, que me ajudasse a
elaborar a Prova Final. O tema, que inicialmente se centrava nas experiências portugue-
sas com fachadas de duas torres na arquitectura religiosa dos séc. XVI e XVII, cedo se
estendeu do período medieval a Mafra – quando dei por mim, abrangia desde os primór-
dios da arquitectura religiosa até à época contemporânea. Não só inventariei igrejas com
fachadas de duas torres existentes em Portugal, como também nas colónias, desde a Ín-
dia ao Brasil, para não falar na arquitectura de outras regiões, desde a Espanha, passan-
do pela Itália, França, Áustria, Síria e – pasme-se – a Arménia e a Escandinávia, entre
outras.
O passo seguinte foi estruturar o trabalho e aprofundar o estudo dos edifícios que
considerei fundamentais. Como esse trabalho incidiria nas fachadas e seria necessário
comparar imagens (fotografias, plantas, alçados), resolvi a certa altura imprimir todas
elas. Escusado será dizer que fiquei com uma enorme colecção de “cromos” de igrejas...
A análise desta matéria permitiu-me confrontar várias teses, espalhadas por livros e
revistas e sem conexão entre si. Mais importante ainda, possibilitou desenvolver as mi-
nhas próprias hipóteses. É certo que, nalgumas, não é possível proceder de modo a cer-
tificar a sua veracidade, mas ainda que não sejam inteiramente correctas, serviram, pelo
menos, para levantar questões. Aliás, este trabalho pretende apontar direcções sobre
eventuais soluções, quiçá a ser desenvolvidas posteriormente.
Gostaria de agradecer a quem tornou possível, de alguma forma, a elaboração desta Prova
Final, o culminar de todo um percurso escolar que se iniciou há 20 anos atrás:
Primeiro, os meus profundos agradecimentos para o meu orientador, o Dr. Paulo Varela
Gomes, pela honra concedida ao aceitar orientar a minha Prova Final e, sobretudo, pelo muito que
me ensinou. A sua sabedoria, disponibilidade e capacidade de incentivo tornaram imperativo dar
o meu melhor, não apenas para atingir os objectivos a que me propus, mas também para retribuir
a confiança depositada em mim. Com professores assim, dá gosto aprender...
Agradeço também aos professores que, ao longo da minha escolaridade – universitária e
anterior – ensinaram muito do que sei e contribuíram igualmente para a minha formação pessoal.
Dentre os professores que me orgulho de ter sido aluno, e são muitos para mencionar um por um,
existem os que mais profundamente me marcaram, no decurso desta longa caminhada que agora
termina, e gostaria de referir: a senhora professora da primária D. Maria Amélia, que iniciou a mi-
nha formação; o “stôur” do ensino secundário Carlos Morais, alguém que encontra sempre quali-
dades em nós; o arquitecto Pedro Maurício Borges, o professor que me abriu os horizontes e ini-
ciou o gosto pela Arquitectura; e claro, o professor Paulo Varela Gomes, alguém que me fez acre-
ditar que era possível conciliar os meus dois grandes gostos – a Arquitectura e a História.
O agradecimento é extensível ainda aos funcionários do Departamento de Arquitectura da
FCTUC, sobretudo ao Sr. Rodrigues das fotocópias, à D. Lurdes da biblioteca, e à D. Lurdes da
secretaria do DARQ.
Não poderia nunca esquecer os colegas que se tornaram grandes amigos e, com eles, parti-
lhei a aventura de aprender e trocar experiências de vida. São imensos (felizmente) para os referir
todos, mas saberão que me lembro deles: os colegas do Bombarral, os caldenses, o pessoal da
Chanterenne, a caloirada (da qual eu fazia parte), a malta do cafézinho, os boémios da noite, os
caceteiros do futebol, o grupo das pequenitas, e os elementos da BACO – Bombarralensis Aca-
démicus Conímbrigae Organizatum. Jamais vos esquecerei...
Queria ainda agradecer aos meus grandes amigos do coração, aqueles que desde sempre
conheci. Foi com eles que cresci, aprendi a viver, e formei a minha personalidade. O Mário, a Dó-
ris, a Luísa e o Alberto, para além do meu irmão e primos (o grupo do 23 de Dezembro). A vida
sem amigos não presta. Mas a vida, com estes amigos, é digna de ser vivida.
Dedico especiais agradecimentos à minha família, que sempre me apoiou e esteve do meu
lado. Partilharam as minhas alegrias e tristezas, e também fizeram de mim o que sou: as minhas
avós Esmeralda e Guilhermina, os meus tios, o padrinho Albano e a tia Zé, os meus primos Manel,
Joana, Guida e Rosairita, e a minha madrinha Augusta. Relembro ainda os meus avôs Quim e
Manel, e o meu primo Zé, que um dia destes partiram, para sempre...
Por fim, last but not the least, queria deixar os meus agradecimentos mais especiais para
aqueles que me são também mais especiais: os melhores pais e irmão do mundo – os meus!
Tudo o que eu disser será pouco para mencionar tudo o quanto fizeram por mim.
Aos meus pais, sem os quais não estaria aqui (passo a redundância). Tudo o que sou,
devo-o aos meus pais, e sem o seu apoio (incondicional em todas as ocasiões), não teria, literal-
mente, chegado onde agora cheguei. Deram-me o que puderam e não puderam, para que nada
me faltasse, mas sobretudo, deram-me os maiores bens que existem no mundo: amor e a minha
educação... Espero retribuir o que fizeram por mim, realizando todos os meus sonhos – estarei a
alcançar os seus sonhos também!
Ao meu irmão João, o meu melhor amigo e confidente, a quem devo imenso e que, em ho-
ras difíceis, esteve sempre ao meu lado, prejudicando-se por vezes para me ajudar, mesmo quan-
do eu próprio não fui um bom irmão. É ao meu irmão que eu desejo o melhor do mundo – ele me-
rece-o!
Às pessoas que, de alguma maneira, fazem parte da minha vida, a todos vocês bem-hajam!
Introdução.................................................................................................................17
Capítulo I – Génesis.................................................................................................21
Epílogo....................................................................................................................159
Cronologia...............................................................................................................171
Bibliografia..............................................................................................................181
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presentavam a força militar que intimida os inimigos da fé cristã,
como anunciavam a entrada na Jerusalém Celeste, visto que a fa-
chada de duas torres é ideal do ponto de vista do desenho do pór-
tico, pois permite que as torres sejam tratadas quase como se lhe
pertencessem, tal como na Cidade de Deus.
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pêndio, o modus operandi consistiu na recolha, o mais extensa
possível, de todos os casos que de algum modo pudessem ser
úteis ao processo de investigação levado a cabo. Seguiu-se a
tipificação em grupos, com a subsequente adopção de “cabeças-
de-série”, ou seja, casos primordiais de cada grupo e seus suces-
sores mais significativos. Este ensaio desenvolve-se ao longo de
quatro capítulos, que ilustram períodos distintos do modo de enca-
rar a problemática alvitrada.
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ao corpo do edifício. As experiências processaram-se não só na
Europa, mas igualmente nas suas colónias, com destaque para as
possessões portuguesas de Goa e Brasil, e as espanholas na
América.
O último capítulo é dedicado, quase exclusivamente, à igre-
ja-palácio-convento de Mafra, não por ter sido palco de mais ino-
vações ao nível da fachada, mas porque resulta de um conjunto
de circunstâncias de assinalável interesse. A obra de Mafra foi,
com efeito, a síntese perfeita da resolução de vários contingentes
que ali se conjugaram. Se as soluções não foram todas originais,
não deixam de ser surpreendentes a escala e complexidade des-
sas problemáticas. O modo de articular a fachada do palácio com
a da basílica através das torres, o enquadramento entre estas e o
zimbório, o significado da Sala da Benção situada no segundo
piso entre as duas torres, todos estes problemas e muitos mais fo-
ram aqui experimentados com relativo sucesso.
Por fim, procede-se ao epílogo do estudo, deduzindo-se as
conclusões gerais decorrentes da investigação efectuada e efec-
tuando-se uma breve reflexão acerca da fachada de duas torres
na época contemporânea.
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CAPÍTULO I
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962, imperador do Sacro Império Romano-Germânico. Após te- Fig. 29 – Reconstituição da capela palatina
rem garantido a estabilidade, subjugando a Boémia e leste da do palácio de Carlos Magno, Aquisgran,
segundo “Müller & Vogel, 1985”
Alemanha, o que obrigou eslavos e magiares a fixarem-se, e de-
pois da conquista da Lombardia em 951, com a consequente he-
gemonia tanto sobre a Itália como sobre as instituições papais, os
monarcas otonianos lançaram-se numa vigorosa campanha de
construção religiosa, operando-se aqui as primeiras experiências
pós-carolíngias.
A composição do conjunto de igrejas otonianas continuou a
ser aditiva, como na tradição carolíngia, adoptando-se em larga
escala os corpos ocidentais que, no entanto, se desenvolveram,
expressando a enorme força e independência da arquitectura
germânica, simbolizando deste modo a grandeza do segundo re-
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CAPÍTULO II
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dade, e como tal, também as suas construções são despojadas Fig. 109 – Catedral de Colónia,
iniciada em 1248
de elementos que não fossem estritamente necessários – e isso
Fig. 110 – Catedral de Regensburgo,
incluiu banir as torres. No fundo, depurou-se a arquitectura, ao Séc. XIII
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CAPÍTULO III
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mais alta que as laterais, e por outro lado não suscitasse conota-
ções com o paganismo (Gomes , 1991).
Para resolver o problema, adoptaram-se inúmeras soluções,
mas as melhores foram de Andrea Palladio (considerava a basíli-
ca cristã como legítima sucessora dos templos romanos e, como
tal, utilizou um esquema que consistia numa frente colossal de
templo diante da nave central, e uma ordem menor que sustinha
dois fragmentos de um frontão diante das naves laterais, como na
igreja de S. Giorgio Maggiore em Veneza) e, sobretudo, de Leon
Battista Alberti cerca de cem anos antes, o grande experimenta-
dor em matéria da composição de fachadas, que influenciou toda
a arquitectura classicista. Alberti tenta resolver o problema, pri-
meiramente mediante a introdução de um motivo, o arco do triunfo
romano, sobre a parede da fachada, com o intento de encontrar
uma solução clássica coerente, de que é exemplo a igreja de S.
Francisco de Rimini (1450). Mas existiam condicionantes: o arco
do triunfo só tinha um piso, e nas fachadas das igrejas são neces-
sários, por norma, dois para a nave central, mais elevada que as
laterais. Na igreja de Sta. Maria Novella em Florença
(1458/1478), Alberti combinou duas estruturas clássicas, o arco
do triunfo no piso inferior, e a frente de um templo romano no piso
superior da nave central, centrado sobre o pórtico. Foram ainda
introduzidas inovações na fachada como as aletas laterais ligando
os dois pisos. Este modelo de fachada com dois pisos e aletas de
ligação foi muito popular e seguido na arquitectura posterior.
Em Portugal, o renascimento italiano chegou, primeiro e
Fig. 133 – Igreja de S. Giorgio Maggiore,
Veneza, iniciada em 1565, Andrea Palladio
ainda no séc. XV, através de mecenas que, ao pretenderem se-
Fig. 134 – Igreja de Sta. Maria Novella, guir “a moda antiga”, importaram obras e artistas renascentistas,
Florença, 1458/1478 Leon Battista Alberti
seja directamente de Itália, ou indirectamente através de Espa-
nha, França e Flandres. A avidez cultural pela antiguidade clássi-
ca, fruto do ambiente pré-humanista que marcou o início da se-
gunda dinastia, provinha do espírito de abertura ao conhecimento
e às artes, moldado por intensas relações, sobretudo comerciais.
Com a subida ao trono de D. João II, o Príncipe Perfeito, as rela-
ções com Itália foram incrementadas.
Após um período de reacção a esta corrente renascentista,
mediante o “estilo manuelino” (que, no fundo, nunca a renegou to-
talmente), abriu-se caminho, no final do reinado do Venturoso e,
acima de tudo, com a subida ao trono de D. João III, o Pio, em
1521, ao triunfo do gosto renascentista. Inicialmente, a tipologia
das novas igrejas descendia directamente das igrejas-salão por-
tuguesas ou das igrejas de três naves, sendo a central mais ele-
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cruz grega com cúpula assente sobre um tambor rasgado por vá-
rias janelas, com torres a marcar os cantos e a enquadrar a igreja.
No entanto, não é possível afirmar se o projecto previa este edifí-
cio adossado a um corpo longitudinal, ou se ele próprio era, de al-
guma forma, longitudinal. As torres, de quatro andares, surgem
como elementos quase autónomos do corpo da igreja, e isso
mesmo é visível na medalha de Caradosso, tendo-se conseguido
assim uma hierarquia nas massas de formas geométricas que
compõem o exterior do edifício. Essa autonomia é específica dos
campanile italianos, bem como a sua grande altura. Por outro
lado, a divisão dos pisos nas torres não é característica das torres
italianas tradicionais, parecendo remetê-las para os desenhos no
Códice Magliabechiano de Filarete, com as imponentes torres
marcadamente divididas em andares. No entanto, Filarete pode-
Fig. 142 – Desenho de Antonio Averlino
ria ter-se inspirado nas grandes catedrais góticas da Europa se- Filarete
tentrional, como as de Colónia e Regensburgo, através de contac-
tos com trabalhadores germânicos da catedral de Milão.
No último quartel do séc. XV, encontravam-se na corte de
Francesco Sforza, em Milão, diversos artistas renascentistas mui-
to conhecidos. Com efeito, nessa época estavam ao serviço da
corte milanesa, entre outros, da Vinci, Filarete, Fra Giocondo, Giu-
liano da Sangallo e Bramante. Foi também nessa altura que os
trabalhos de finalização da catedral de Milão estavam em curso,
laborando nas obras muitos estrangeiros, sobretudo franceses e
germânicos (Milão cultivava os vínculos tradicionais com a Europa
cisalpina, e isso incluía a utilização do gótico). É sabido que da
Vinci e, principalmente, Filarete, admiravam a arquitectura gótica,
e tal facto reflectiu-se em parte nalguns desenhos contidos nos
seus escritos. O ambiente cultural vivido na corte dos Sforza, de
permuta de ideias, poderá, de certo modo, ter influenciado Bra-
mante na elaboração do seu projecto para S. Pedro de Roma.
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com duas imponentes torres laterais. Mas mais uma vez, as tor-
res, de quatro andares, encontravam-se afastadas do corpo da
igreja, libertando o pano central da fachada.
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Fig. 153 – Igreja de St. Agnese in Agone, Se até ao Concílio de Trento tinha sido em Itália que se rea-
Roma, 1652/1666, lizaram as únicas experiências com fachadas de duas torres, após
Carlo Rainaldi, Girolamo Rainaldi e Frances-
co Borromini o Concílio estas efectuaram-se quase exclusivamente em Portu-
gal e, em menor escala, na Espanha. Com efeito, em Itália o mo-
delo seguido foi o de S. Pedro de Roma, cujas torres se apresen-
tavam relativamente afastadas em relação à fachada do templo.
O estaleiro da basílica de S. Pedro prolongou-se até quase ao
séc. XVIII, e a polémica sobre a fachada de duas torres acompa-
Fig. 154 e 155 – Igreja de Sta. Maria de nhou-o sempre. Em 1607, o Papa Paulo V decidiu terminar a fa-
Carignano, Génova, 1548/1572
Galeazzo Alessi e Pellegrino Tibaldi chada da igreja e prolongar o seu corpo, transformando a cruz
grega (do projecto de Miguel Angelo) em cruz latina, e realizou um
concurso, ganho por Carlo Maderno. No projecto, a fachada
apresentava uma insólita proporção, mais larga que alta e acen-
tuada pelos dois corpos laterais sobre os quais assentavam as
duas torres, já não eram tão altas como as inicialmente projecta-
das pelos primeiros arquitectos da basílica, pois apenas possuíam
um andar acima da cimalha, de onde arrancavam, e os corpos
onde assentavam faziam parte da fachada. Quando Gianlorenzo
Bernini passou a dirigir as obras, demoliu os extremos da fachada
de Maderno e projectou uma nova com duas torres (nunca cons-
truída), independentizando-as com base própria e tornando-as,
portanto, autónomas da fachada, onde não se integravam.
As igrejas de Sta. Maria di Carignano em Génova
(1548/1572), de Galeazzo Alessi e Pellegrino Tibaldi, e de St. Ag-
nese in Agone, na Piazza Navona em Roma (1652 e 1666), de
Francesco Borromini, foram igrejas que seguiram as fachadas
projectadas para S. Pedro, no modo como as torres estavam co-
locadas face ao corpo da igreja, ou seja, nas extremidades e rela-
tivamente afastadas. Além deste modelo, Giacomo della Porta
desenvolveu outro, que será mencionado mais adiante. Podem
ainda referir-se as igrejas sicilianas com fachadas de duas torres,
inspiradas não só nos tratados de Serlio, mas também nas in-
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cerces foram lançados entre 1556 e 1558, sob o prelado D. Fran- Fig. 171 e 172 – Reconstituição da
Sé da Ribeira Grande, Cabo Verde,
cisco da Cruz, mas as obras foram embargadas pouco depois, segundo Ulisses Cruz, José Delgado,
sob o pretexto de que templo era demasiado grandioso. A Sé só Cláudia Carvalho e Fernando Santos
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a planta se assemelhar mais à Sé de Portalegre, onde a um pano Fig. 211 – Sé de Goa, 1571/1662, Júlio
central correspondiam as três naves, situando-se as torres no se- Simão e António Argueiros
guimento das capelas colaterais, exteriormente nutria maior con- Fig. 212 – Reconstituição da Sé de Goa
formidade com as fachadas jesuítas, não só através da divisão segundo o autor (acrescento da torre caída
no séc. XVIII)
vertical em cinco tramos mediante pilastras, mas também em dois
andares encimados por um corpo central, unido às torres median-
te aletas (sem volutas).
Poderia afirmar-se que a fachada da Sé goesa se situa no
meio-termo entre o tipo catedralício e o jesuíta com torres, mas
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chada. (...) No templo vicentino (...) não ocorre uma mera justa-
posição de blocos, mas antes uma plena integração estrutural
num todo coerente e plasticamente homogéneo, num equilíbrio
perfeito entre a tensão horizontal de um alçado de cinco tramos e
a verticalidade sugerida pelos volumes torreados, apenas acusa-
dos pela duplicação das pilastras nos tramos laterais. (...)» (Soro-
menho, 1955: pp. 380).
O rei D. Filipe I (Filipe II de Espanha) decidiu, após tomar
posse do trono português em 1580, edificar uma nova igreja e
novo mosteiro, destinados a panteão real, sobre a primitiva igreja
românica de S. Vicente de Fora, que fora mandada construir por
D. Afonso Henriques para os cónegos regrantes de Sto. Agostinho
após a tomada de Lisboa em 1147.
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curava-se acima de tudo enriquecer e diversificar as fachadas Fig. 245 e 246 – Igreja de S. Vicente de
para a rua segundo o harmonioso desenho italiano. Isso mesmo Fora, Lisboa, 1582/1629, Filipe Terzi e Balta-
sar Álvares
se pode verificar na obra de Baltasar Álvares, não só em S. Vicen-
Fig. 247 e 248 – Igreja do Santo Nome de
te de Fora, mas também nas igrejas dos colégios jesuítas de Jesus, Coimbra, 1598/1698, Baltasar Álvares
Coimbra e Porto. Enquanto que no Porto existem falsas janelas e Silvestre Jorge
na fachada, por motivos de composição, em Coimbra, para além Fig. 249 – Igreja de S. Francisco da Ponte,
Coimbra, iniciada em 1602,
de falsas janelas, encontra-se igualmente uma termal sobreposta Francisco Fernandes
por janelas palaciais.
Em Coimbra encontra-se outro caso semelhante, onde a
termal é coberta, mas cuja resolução se apresenta mais gritante, a
igreja de S. Francisco da Ponte (in. 1602) da autoria do mestre co-
imbrão Francisco Fernandes.
Por último, resta mencionar o remate em balaustrada da
igreja vicentina. O topo horizontal não é original em S. Vicente de
Fora, pois já nas antigas catedrais portuguesas os remates supe-
riores eram horizontais. A horizontalidade remete ainda para as
fachadas dos palácios, mas é na Sé de Miranda do Douro que a
semelhança é maior, pois o remate desta também é horizontal e
com uma balaustrada.
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nuel I, mas a sua frontaria foi construída entre 1523 e 1525, por
Diogo de Castilho e Nicolau Chanterenne. Verifica-se facilmente
ser o frontispício um elemento diferenciado do plano da fachada
estrutural, e essa demarcação é ainda mais evidente no contraste
dos materiais utilizados para a estrutura, de pedra mais escura e
sem motivos decorativos, e para o portal, de pedra de Ançã profu-
samente ornamentada.
É natural que, com a chegada da nova arquitectura classi-
cista, se tenha tentado adaptar os edifícios existentes ao novo
gosto renascentista, e uma das soluções passou por cobrir a fa-
chada com uma novo rosto de influência clássica, sempre dentro
de uma tradição já existente em Portugal e que continuou a ser
praticada.
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existia um nicho) com a altura de mais um andar, ligado lateral- Fig. 258 – Reconstituição da igreja de
Nossa Sra. da Graça, Goa, segundo o
mente às duas torres por intermédio de aletas. Esta parte central autor
estava dividida em três tramos mediante pilastras bastante mar- Fig. 259 – Igreja de Nossa Sra. da
cadas, e cada tramo apresentava no andar inferior uma porta, no Graça, Goa, 1597/1602
intermédio uma janela, e no superior um óculo redondo. As duas
torres que ladeavam a parte central da fachada possuíam cinco
andares, tendo o piso térreo uma falsa janela, os três intermédios
uma janela cada e o superior uma sineira, sendo rematadas por
uma balaustrada com pináculos. Ao corpo central da fachada cor-
respondia interiormente a nave única, enquanto que as torres se
situavam no seguimento das capelas colaterais.
A igreja de Santana de Talaulim, em Goa (1681/1695), foi Fig. 260 – Igreja de Nossa Sra. da
projectada provavelmente pelo padre Francisco do Rego, vincu- Graça, Goa, 1597/1602
lando-se o desenho da fachada declaradamente no modelo inspi-
rado na igreja agostinha de Goa. As diferenças são mínimas:
para além do facto da fachada de Santana ser maior, a divisão
dos tramos na parte central da fachada é feita com duplas pilas-
tras, acentuando o efeito de monumentalidade, o andar térreo das
torres possui também uma janela, e as aletas laterais que unem o
corpo superior às torres são em forma de concha, um elemento
indo-português muito divulgado. Existe ainda uma igreja goesa, a
de Nossa Sra. do Bom Jesus em Goa (1594/1605), projectada por
Domingos Fernandes, que possui o mesmo tipo de fachada, mas
sem torres.
Observando este género de fachada, um aspecto particular
chama a atenção: a sua monumentalidade. Com efeito, em Por-
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reita. O interesse desta igreja reside perante a irmandade para Fig. 311 – Igreja de S. Pedro dos Clérigos,
quem foi construída: S. Pedro dos Clérigos. A mesma irmandade Porto, 1732/1748, Nicolau Nasoni
que, um ano depois, iniciou a construção da igreja de S. Pedro Fig. 312 – Igreja de S. Pedro dos Clérigos,
Rio de Janeiro, 1733/1738
dos Clérigos no Rio de Janeiro. E a mesma que, em 1748, cons-
Fig. 313 – Igreja de S. Pedro dos Clérigos,
truiu a igreja de S. Pedro dos Clérigos em Mariana. Ou seja, po- Mariana, 1748/1764, António Pereira de
demos estabelecer um nexo entre o aparecimento da elipse na Sousa Calheiros
arquitectura portuguesa e a sua expansão para o Brasil. É pena Fig. 314 e 315 – Igreja de Nossa Sra. do
desconhecer-se o autor da igreja do Rio mas, devido ao facto das Rosário dos Pretos, Ouro Preto, 1753/1785.
António Pereira de Sousa Calheiros
obras se terem iniciado quase em paralelo e para um mesmo en-
comendador, talvez estas tivessem sido estudadas em simultâ-
neo, quem sabe se no Porto. A igreja seguinte deste género a ser
edificada no Brasil, fora do Rio de Janeiro, foi a de S. Pedro dos
Clérigos em Mariana – capital de Minas Gerais, da qual o Rio é o
principal porto –, e António Calheiros (a família de Calheiros pro-
vém do Minho), o arquitecto dessa igreja, poderia ter sido influen-
ciado pela igreja carioca. Estabelece-se, desse modo, uma pos-
sível evolução da arquitectura curvilínea de Portugal para o Brasil
e, em especial, para a região mineira. O modelo da igreja de Ma-
riana espalhou-se depois pelo Brasil, mas sobretudo por Minas
Gerais.
Os três casos seguintes situam-se em Ouro Preto: as igrejas
de Nossa Sra. do Rosário dos Pretos (1753/1785), da Ordem Ter-
ceira de Nossa Sra. do Carmo (1766/1778) e da Ordem Terceira
de S. Francisco de Assis (1766/1794). Em relação à primeira, o
nome de António Pereira de Sousa Calheiros surge associado à
autoria do projecto, tal como na igreja de Mariana, daí a sua
enorme semelhança. A fachada desta igreja parece fazer, de al-
gum modo, a síntese entre os Clérigos do Rio e os Clérigos de
Mariana, pois apresenta uma galilé curva antecedendo a entrada
axial na igreja, tal como em Mariana. Por outro lado, o pano cen-
tral curvo é bastante mais acentuado em relação às torres, e estas
apresentam-se redondas e inseridas no corpo da igreja, como no
Rio. O facto das torres serem redondas, forma rara na arquitectu-
ra europeia, é alvo de diversas especulações acerca da sua
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A NOVA ÉPOCA CLÁSSICA
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A NOVA ÉPOCA CLÁSSICA
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CAPÍTULO IV
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A IGREJA / PALÁCIO / CONVENTO DE MAFRA
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A IGREJA / PALÁCIO / CONVENTO DE MAFRA
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O programa
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Fig. 339 e 340 – Escorial, 1562/1582, importância relevante, pois neste era requerido um colégio
Juan Bautista de Toledo e Juan de Herrera monástico e capela, com uma frente de aspecto palacial, a facha-
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Fig. 326 – Maquete de reconstituição do por dois torreões possantes e quadrangulares. O conjunto impõe-
Hospital Real de Todos os Santos, Lisboa, se pelas proporções mas o esplendor artístico concentra-se na
segundo “História da Arte Portuguesa, 1995”
basílica, com uma escadaria precedendo e ajudando a destacar
Fig. 327 – Abadia Nova de Alcobaça, ala
sul construída em 1755
ainda mais esse núcleo principal do conjunto. À sóbria fachada
palacial, sucede a fachada basilical, animada por colunas, nichos,
janelas e rematada por frontão clássico. Esta diferença, por si só,
bastaria para marcar a importância do templo mas o facto de, a
cada lado da igreja se erguerem torres não só equilibra a compo-
sição da fachada com estes elementos verticais, como ainda a
demarca expressivamente.
Por norma, as igrejas conventuais eram construídas num ex-
tremo do complexo monástico, o que não apresentava problemas
de transição programática ou entre a fachada do templo e a do
mosteiro. A fachada da igreja era encarada como autónoma, e
tratada como tal, praticamente como remate da longa ala conven-
tual, quase como os torreões, grosso modo. Em Portugal, podem-
se encontrar casos onde a igreja surge como elemento autónomo
no centro da fachada, nomeadamente o desaparecido Hospital de
Todos os Santos em Lisboa (embora, neste caso, a igreja se situ-
asse recuada em relação ao plano da fachada, mas no seguimen-
to desta), o colégio dos jesuítas (hoje, Sé Nova) em Coimbra, ou o
mosteiro de Alcobaça. Em Alcobaça, a ala sul foi construída mui-
to posteriormente (1755) ao complexo que se situa a norte, e o
único contacto que tem com a igreja é uma parede que actua
como ligação entre os dois volumes e reforça a acção cenográfica
da fachada, tornando-a unitária.
As fachadas dos mosteiros germânicos já referidos, que por
certo influenciaram a obra de Mafra, também não possuíam uma
articulação clara entre as duas alas laterais através da igreja. O
próprio programa não contemplava partes não religiosas, o que
facilitava a resolução da articulação entre as diversas parcelas,
visto todas elas serem religiosas. De qualquer forma, tal como em
Mafra, a divisão entre a fachada do templo e as laterais é feita
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A Sala da Benção
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real e a capela-mor terem sido tratadas com igual importância. A Fig. 335, 336 e 337 – Igreja de S.
Miguel de Lillo, meados séc. IX
disposição contraposta destes dois elementos, representativos do
sagrado e do áulico, teve correspondência no tratamento da fa-
chada. Com efeito, a disposição da tribuna, como réplica da ca-
beceira, tornou-a um volume independente, semelhante às west-
werks carolíngias, sendo a fachada deste edifício a primeira fa-
chada monumental de uma igreja peninsular, com a respectiva ja-
nela para o exterior, onde o soberano fazia as suas aparições (Al-
caide, 1989).
Quando D. João V mandou edificar o conjunto de Mafra, po- Fig. 338 – Reconstituição da primitiva
planta da igreja do mosteiro de Sta. Cruz
deria ter em mente, inconscientemente, a tradição ibérica dos cor-
em Coimbra
pos ocidentais régios nas igrejas. É possível que o modelo astu-
riano se tenha propagado para Portugal: no campo da especula- Fig. 339 – Primitiva igreja do convento
de S. Vicente de Fora em Lisboa
ção, pode-se supor que as torres-galilé de igrejas, como as primi-
tivas Sta. Cruz de Coimbra e S. Vicente de Fora em Lisboa, te-
nham provindo, não das westwerks germânicas, mas dos corpos
ocidentais das igrejas asturianas, e como tal, tenham servido oca-
sionalmente (ou não) como tribunas régias. Pode-se ainda supor
que as tribunas das primeiras catedrais portuguesas tenham tido
funções análogas às das torres-galilé.
Não terá sido, contudo, esta a principal razão por que Ludo-
vice projectou a Sala da Benção em Mafra. O motivo para a exis-
tência desta sala deve-se ao desejo do monarca, imbuído da am-
bição de irmanar o esplendor das cortes europeias mais ricas,
pretender unir num só elemento os dois símbolos de poder abso-
luto: a janela do quarto do rei Luís XIV em Versalhes (poder tem-
poral) com a Casa de Benedictione da basílica de S. Pedro em
Roma (poder religioso). De facto, no primeiro andar da fachada
do templo de Mafra, abre-se uma janela destinada ao soberano,
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O tipo de torres
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EPÍLOGO
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tava os inimigos da Fé anunciando a entrada na Casa do Senhor,
a Jerusalém Celeste. Esta opção vincula-se a modelos pagãos de
símbolos de autoridade, os pórticos das cidades (hititas, romanas,
bizantinas) ladeados por torres defensivas. Contudo, este tipo de
fachada não teve continuidade, pois o oriente foi tomado pelos
muçulmanos no segundo quartel do séc. VII.
Pelo contrário, na Europa ocidental, após o conturbado perí-
odo sequente às invasões bárbaras e queda do império romano
do ocidente, emergiu a Igreja como símbolo de ordem e estabili-
dade que converteu os germânicos e reorganizou os novos esta-
dos europeus. A época da “Renovatio Romae” carolíngia no virar
do séc. VIII para o IX, iniciou um processo europeu de desenvol-
vimento da fachada de duas torres na Europa, ao coligir coeren-
temente na fachada ocidental dos edifícios religiosos as torres de-
fensivas e de escadas, o simbolismo inerente aos campanile pro-
vindos de Itália e os arquétipos grandiosos das fachadas bizanti-
nas, criando igrejas com corpos ocidentais monumentais ladeados
por torres de escadas, as westwerks, que possuíam funções não
só religiosas, mas eminentemente políticas – por norma, o piso
térreo funcionava como vestíbulo ou baptistério da igreja, enquan-
to os superiores eram tribunas imperiais ou capelas. Por volta de
meados do séc. X, desponta um novo império europeu, o Sacro-
Império Romano-Germânico, que não só adopta o tema da west-
werk, como o desenvolve, acentuando a união de objectivos polí-
ticos e religiosos.
160
germânicas, e a propensão francesa pela profusão de torres. So-
breveio então um tipo de fachada adequado à arquitectura religio-
sa cristã que combina, com coesão, a torre e o princípio da cons-
trução direccional: nártex com entrada axial rematando o corpo
longitudinal da igreja e, flanqueando a fachada, duas enormes tor-
res de planta quadrada, cobertura de quatro águas com pouca
pendente, e vãos decorados. Os cluniacenses, provenientes da
Borgonha, foram os maiores responsáveis pela divulgação da fa-
chada de duas torres, fundando inúmeros mosteiros que procura-
vam seguir a casa-mãe da ordem. Os normandos, influenciados
por eles, contribuíram enormemente para propagar este modelo
de fachada. Com efeito, não só construíram enormes igrejas na
Normandia, como também na Grã-Bretanha, sul de Itália e Sicília.
Na Península Ibérica, a guerra da reconquista contra os mu-
çulmanos e as peregrinações a Santiago de Compostela atraíram
numerosas gentes, na grande maioria provindas da França. Ao
longo das rotas de peregrinação, foram-se construindo bastantes
igrejas, criando um estilo arquitectónico muito próprio, ligado à ar-
quitectura borgonhesa, mas que se foi tornando vernacular. Es-
sas igrejas apresentavam uma grandiosa fachada ocidental com
duas torres flanqueando o pórtico principal axial, necessária, para
além das questões simbólicas inerentes, por uma questão de visi-
bilidade e estatuto.
A diferença fundamental entre estas igrejas e as germânicas
prende-se com o facto da fachada ser uma simples parede ladea-
da pelas torres levando directamente ao interior ou a um pequeno
vestíbulo. A catedral românica de Santiago de Compostela é a
igreja deste tipo mais significativa, tendo influenciado largamente
a arquitectura espanhola e portuguesa, nomeadamente a sua fa-
chada (de duas torres com entrada axial e tribuna sobre esta),
sendo um tipo novo no panorama arquitectónico ibérico. A cate-
dral é sobretudo uma obra ibérica, consequência da adopção e re-
interpretação de influências estrangeiras, evidenciando um gosto
por volumes de contornos definidos, fundos austeros e contraste
luz/sombra.
A fachada de duas torres surgiu em Portugal somente no
início do séc. XII, altura em que o território vivia num permanente
estado de guerra com os muçulmanos e os leoneses, na luta pela
autonomia e alargamento do território. As fortes influências vin-
das do sul de França e Borgonha, através de peregrinos, colonos,
cruzados, clero e nobreza, reflectiram-se na arquitectura portu-
guesa dos primórdios da nacionalidade. Não é pois de estranhar
161
que as grandes catedrais medievais portuguesas apresentem, na
sua maioria, fachada de duas torres aludindo às congéneres eu-
ropeias, ainda que o seu carácter seja menos magnificente, mas
mais austero e defensivo. A primeira grande catedral iniciada em
Portugal foi a de Braga, sede da diocese mais importante do país.
A sé de Braga possuía fachada de duas torres que flanqueavam
um pórtico axial situado no mesmo plano destas e que antecedia
um vestíbulo sobre o qual se encontrava uma tribuna. As torres
possuíam mais um andar que o corpo central, de dois andares, e
estariam rasgadas por frestas e, no último andar, por sineiras.
Sobre o pórtico, situar-se-ia uma rosácea. A fachada de Braga,
para além do sul de França, recebeu fortes influências de Com-
postela devido à sua proximidade. Por sua vez, influenciou as ca-
tedrais portuguesas posteriores, incluindo as que foram erigidas
no início da época gótica.
Porém, quando na maior parte da Europa se assiste ao tri-
unfo das magníficas catedrais góticas com fachadas de duas tor-
res, em que estas se convertem no elemento principal do exterior,
em Portugal, pelo contrário, este tipo de fachada deixou pratica-
mente de ser utilizado, devido principalmente ao facto de que a
maioria das obras religiosas foram edificadas por ordens mendi-
cantes avessas à utilização das torres na sua arquitectura. Ape-
nas na época tardo-gótica – a manuelina –, se construíram algu-
mas igrejas com fachada de duas torres, embora não fossem
construções de raiz mas reconstruções.
162
163
O Concílio de Trento, em meados de Quinhentos, promul-
gou resoluções de cariz arquitectónico destinadas a atrair os cren-
tes – decoração das fachadas, clareza de espaços internos, retor-
no a modelos medievais, símbolos de uma Idade da Fé. Se até
ao Concílio, as únicas experiências com fachadas de duas torres
foram realizadas em Itália, a partir deste efectuaram-se sobretudo
em Portugal e, em menor escala, na Espanha. Em Itália e Espa-
nha, desenvolveu-se um tipo de fachada não existente em Portu-
gal. Este tipo provém da basílica de S. Pedro em Roma, no modo
como as torres se situam face à fachada, relativamente afastadas
do corpo central. Portugal, por outro lado, foi o país que maior
número de modelos de fachadas com duas torres experimentou,
alguns paralelamente a outros países mas, na maioria, oriundos
de Portugal e suas colónias. No total, foram nove os tipos desen-
volvidos:
• Fachada catedralícia – composta por um pano central de
dois andares e entrada axial, ladeado por duas torres de três
andares.
• Fachada com galilé entre torres atarracadas – composta
por um pano central de dois andares, com entrada axial feita
mediante uma galilé ladeada por duas torres atarracadas de
três andares.
• Fachada jesuíta com torres – inspirada no modelo da igre-
ja do Gesú, mas com adição de duas torres.
• Fachada palacial com torres integradas – fachada de ca-
rácter palacial, composta por dois andares, possuindo en-
trada axial feita mediante uma galilé, e com duas torres late-
rais de um andar arrancando da cimalha.
• Fachada retabular entre torres – composta por um pano
central de índole retabular com duas ordens e entrada axial,
sendo ladeado por duas torres de superfície lisa com três
andares.
• Fachada monumental indiana – composta por um pano
central de três andares, rematado por um corpo com aletas
laterais, sendo a parte central da fachada ladeada por duas
torres de cinco andares.
• Fachada franciscana indo-portuguesa com falso zimbório
– fachada de inspiração indiana, com forte demarcação dos
andares, possuindo um zimbório falso entre as torres e en-
cimando o pano central da fachada.
164
165
• Fachada de torres rodadas – composta por um pano cen-
tral de dois andares com entrada axial, sendo ladeado por
duas torres com os eixos rodados 45 graus relativamente ao
plano central.
• Fachada convexa entre torres – composta por um pano
central convexo, que sobressai, em troços curvos ou rectos,
relativamente às torres.
166
ruptura com os modelos do passado, e uma obra mais contempo-
rânea que os retoma, reformulando-os segundo concepções actu-
ais.
A igreja de Nossa Sra. de Fátima (1934/1938), projectada
por Pardal Monteiro, apesar de se englobar na arquitectura mo-
dernista, apresenta-se como um compromisso com o revivalismo.
A actual igreja não possui fachada de duas torres. No entanto,
um dos seus anteprojectos, também da autoria de Pardal Montei-
ro, previa duas torres bem demarcadas ladeando a parte central
da fachada. A questão de fundo para o arquitecto foi como tornar
a igreja num edifício representativo recorrendo para isso ao este-
reótipo formal da arquitectura religiosa tradicional, a fachada de
duas torres. A fachada desse anteprojecto é claramente abarcada
pelo tipo de fachada catedralício, ou seja, segue as premissas dos
protótipos das Sés portuguesas medievais ainda que a estrutura
formal e estilística seja diversa. Com efeito, as torres, que flan-
queiam a parte central da fachada onde se situa o pórtico axial,
possuem apenas mais um andar acima da cimalha. Tais temas
são recorrentes da arquitectura religiosa nacional, apesar da sua
linguagem modernista, não se podendo sequer considerar uma re-
interpretação contemporânea. São elementos que, de certa for-
ma, conferem identidade religiosa ao edifício. Mesmo na igreja
actual é sintomática essa procura de identidade – no fundo, a fa-
chada do edifício existente vem na sequência do anteprojecto, se-
guindo todos os seus formalismos mas, como sucedeu também
com outras igrejas ao longo da história, apenas uma torre foi
construída.
Fig. 378 – Igreja de Nossa Sra. de Fátima,
Lisboa, anteprojecto, 1934/1938,
Pardal Monteiro
Fig. 379 e 380 – Igreja de Nossa Sra. de
Fátima, Lisboa, 1934/1938,
Pardal Monteiro
167
A arquitectura modernista e, sobretudo, o Concílio Vaticano
II, tiveram o condão de proceder a alterações de vulto na arquitec-
tura religiosa. O funcionalismo do edifício substituiu o seu simbo-
lismo, tendo-se deixado de pensar na igreja em termos simbóli-
cos, mas sim de organização funcional. Na arquitectura modernis-
ta, a fachada de duas torres deixou praticamente de ser utilizada.
Contudo, na igreja de Sta. Maria no Marco de Canavezes
(1990/1995) surgiram indícios mais visíveis de uma mudança de
atitude por parte da arquitectura contemporânea. Quando Siza
Vieira pretendeu projectar um edifício religioso que transmitisse o
simbolismo e identidade de uma igreja – “uma igreja que pareces-
se uma igreja” –, tentando recuperar os valores da arquitectura re-
ligiosa tradicional, recorreu às formas significantes ancestrais, re-
interpretando-as, ao contrário do movimento precedente, que cri-
ou igrejas laicizadas no sentido em que diminuiu a distância real e
Fig. 381 – Igreja de Sta. Maria, Marco de
Canavezes, esquisso preliminar 1990/1995,
Álvaro Siza Vieira
Fig. 382 e 383 – Igreja de Sta. Maria,
Marco de Canavezes, 1990/1995,
Álvaro Siza Vieira
168
simbólica entre o celebrante e a congregação, e entre os lugares
sagrados e os lugares da assistência. Esse retorno ao edifício
como objecto simbólico representou, de certo modo, um regresso
da fachada de duas torres, como já havia sucedido no longínquo
séc. XVI, e Siza Vieira admitiu a hipótese da “sua” igreja possuir
torres, como consta de um dos seus esquissos preliminares. No
entanto, o facto de acreditar «(...) na capacidade da arquitectura
comunicar volumétrica e espacialmente a sua identidade sem re-
correr, enfaticamente a signos exteriores (...)» (Silva, 1999: pp.
134), levou-o a não elevar verticalmente as “torres” acima da cima-
lha.
A fachada tripartida, com dois corpos laterais salientes flan-
queando a parte central, reentrante, onde se situa o pórtico axial,
é sem dúvida um tema explorado ao longo da história da arquitec-
tura religiosa portuguesa, derivando, analogamente à igreja de
Pardal Monteiro, do tipo de fachada catedralício com duas torres.
Na igreja do Marco não existem torres, pelo menos as torres con-
vencionais. Mas o facto destes corpos laterais se autonomizarem
mediante o seu avanço em relação ao corpo da igreja, enfatizando
a entrada, aliado ao ponto de vista do observador (possuindo um
efeito de perspectiva acelerada), tornam-nos torres, na medida em
que aludem a elas, pela sua memória. Aliás, na arquitectura reli-
giosa nacional existem diversos casos onde as torres não ultra-
passam a altura da parte central das fachadas, continuando a ser
Fig. 384 – Igreja de Caniçal, Madeira,
consideradas torres – o caso mais significativo é a igreja de Nossa esquisso de Pedro Morais Silva
Sra. da Conceição na Atouguia da Baleia (1694/1698). Desse Fig. 385 – Igreja de Caniçal, Madeira,
modo, Siza reabilitou a fachada de duas torres para a arquitectura João Francisco Caires
religiosa contemporânea. Ou, pelo menos, ajudou a reabilitar,
face ao seu mediatismo...
Com efeito, existe um edifício religioso que segue as mes-
mas opções, a igreja do Caniçal, na Madeira, da autoria de João
Francisco Caires. Sensivelmente da mesma altura, a sua menor
visibilidade deve-se à pouca notoriedade do autor relativamente a
Siza. Contudo, tal como sucedeu ao longo das épocas, existiram
sempre edifícios semelhantes nas suas opções arquitectónicas. A
igreja do Caniçal, tal como a do Marco de Canavezes, apresenta a
fachada tripartida com dois corpos laterais salientes que flan-
queiam a parte central onde se situa a entrada bastante marcada,
no entanto, na igreja madeirense, esses corpos assumem-se
como torres, elevando-se acima da cimalha – tal como Siza che-
gou a prever nos seus esquissos preliminares. As afinidades são
ainda mais evidentes nas funções dos volumes/torres: se exte-
169
Fig. 386, 387 e 388 – Igreja de riormente apenas um dos corpos é utilizado como sineira, já inte-
Caniçal, Madeira, João Francisco riormente corresponde a um, o baptistério, e a outro o acesso ao
Caires
coro alto (curiosamente, situados no mesmo lado em ambas as
Fig. 388, 390 e 391 – Igreja de
Santa Maria, Marco de Canavezes, igrejas). As próprias igrejas assentam em embasamentos edifica-
Álvaro Siza Vieira dos, onde se encontram serviços paroquiais.
Estes dois casos indiciam, após uma época de ruptura, o re-
torno aos modelos tradicionais da arquitectura religiosa portugue-
sa, retomando a igreja como símbolo religioso mas, como sempre
se fez, construindo de acordo com os novos tempos.
170
CRONOLOGIA
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Fig. 332, 333, 354, 355, 356, 357, 358, 359 – ALCAIDE, Víctor Nieto, Arte Prerrománico
Asturiano, Salinas, 1989
Fig. 85, 92 – ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, “O românico” in História da Arte em Portu-
gal, Lisboa, 1986
Fig. 136, 137, 141, 162, 254, 307, 334, 366, 367, 378 – BENEVOLO, Leonardo, Historia
de la Arquitectura del Renacimiento – La arquitectura clásica (del siglo XV al siglo XVIII), Barce-
lona, 1988
Fig. 229, 231, 303, 304, 305, 306, 310, 311, 312, 316, 318 – BURY, John, Arquitectura e
Arte no Brasil Colonial, S. Paulo, 1991
Fig. 113 – CALDAS, João Vieira & GOMES, Paulo Varela, “Viana do Castelo” in Cidades e Vi-
las de Portugal, Lisboa, 1990
Fig. 7, 21, 26, 31, 32, 35, 36, 38, 39, 40, 41, 44, 47, 53, 54, 55, 57, 58, 59, 60, 61, 62,
64, 65, 66, 67, 68, 69, 72, 74, 75, 77, 78, 79, 331 – CONANT, Kenneth John, Arquitectura
Carolingia y Románica 800/1200, Madrid, 1982
Fig. 171, 172 – CRUZ, Antero Ulisses Rodrigues, 3 tempos, 3 portos, 3 portas... 1 mar urba-
no, Prova Final de Licenciatura em Arquitectura, Coimbra, 2001
Fig. 175, 176 – CUTAJAR, Dominic, Malta – History and works of art of St. John’s Church Va-
lletta, Valletta, Malta, 1988
Fig. 102 – DIAS, Pedro, “O gótico” in História da Arte em Portugal, Lisboa, 1986
Fig. 190, 213, 214, 215, 216, 260, 265, 266, 267, 268, 269 – DIAS, Pedro, “História da
Arte Portuguesa no Mundo (1415-1822) – O espaço Índico” in Grandes Temas da Nossa Histó-
ria, Lisboa, 1998
Fig. 170, 283, 313, 314, 315, 317, 319, 320 – DIAS, Pedro, “História da Arte Portuguesa no
Mundo (1415-1822) – O espaço Atlântico” in Grandes Temas da Nossa História, Lisboa, 1998
Fig. 233, 234, 243, 252 – DÍAZ, José Hernández, GONZÁLEZ, Juan José Martín & ANDRA-
DE, José Manuel Pita, “La Escultura y la arquitectura españolas del siglo XVII” in Summa Artis
– Historia General del Arte, Madrid, 1985
Fig. 33, 42, 44, 45, 63, 70, 71, 73, 76, 99, 101, 109, 110, 144, 149, 161, 177, 242, 321,
337, 338, 342, 373, 384 – FLETCHER, Sir Banister, A History of Architecture, Oxford, 1987
Fig. 110, 259, 262 – FIGUEIREDO, Lúcia, Velha Goa – Guia arquitectónico, Prova Final de
Licenciatura em arquitectura, Coimbra, 2001
Fig. 135, 138, 139, 140, 142, 145 – FILARETE, António Averlino, Tratado de Arquitectura,
Vitoria-Gasteiz, 1990
Fig. 179, 180, 181, 287 – GOMES, Paulo Varela, Igrejas de planta centralizada em Portugal
no séc. XVII – Arquitectura, religião e política, Dissertação de doutoramento em História e Teo-
ria da Arquitectura, Coimbra, 1998
Fig. 132 – GONÇALVES, A. Nogueira, Estudos de História da Arte Medieval, Coimbra, 1980
Fig. 9, 14, 23, 30, 46, 56, 196 – KOSTOF, Spiro, A History of Architecture – Settings and
Rituals, Oxford, 1985
Fig. 4, 5, 8, 10, 11, 12, 13, 16, 17, 18, 19 – KRAUTHEIMER, Richard, Arquitectura paleo-
cristiana y bizantina, Madrid, 1992
Fig. 185, 187, 188, 202, 204, 207, 209, 236, 244, 308 – KUBLER, George, A Arquitectura
Portuguesa Chã entre as especiarias e os diamantes 1521-1706, Lisboa, 1988
Fig. 6, 22, 25, 34, 37, 50, 93, 94, 95, 96, 97, 98, 100, 134, 153, 194, 335, 364, 365,
372, 375, 376, 377 – JANSON, H. W., História da Arte, Lisboa, 1989
Fig. 24, 82, 83, 87, 103, 104 – MIRANDA, Maria Adelaide & SILVA, José Custódio Vieira da,
História da Arte Portuguesa – época medieval, Lisboa, 1995
Fig. 20, 27, 28, 29, 195, 336, 353 – MÜLLER, Werner e VOGEL, Gunther, Atlas de arquitec-
tura 2 – Del románico a la actualidad, Madrid, 1985
Fig. 133, 146, 148, 150, 151, 154, 155, 368, 369 – MURRAY, Peter, Architettura del Ri-
nascimento, Milão, 1995
Fig. 370, 371 – NORBERG-SCHULZ, Christian, Baroque Architecture, Nova Iorque, 19711998
Fig. 165, 169, 278, 284 – PEREIRA, Fernando António Baptista, História da Arte Portuguesa
– época moderna (1500-1800), Lisboa, 1992
Fig. 211, 217, 257, 261, 263 – PEREIRA, José, Baroque Goa, Nova Deli, 1995
Fig. 300 – PEREIRA, José Fernandes, A acção artística do primeiro patriarca de Lisboa, Coim-
bra, 1991
Fig. 347 – PIMENTEL, António Filipe, Arquitectura e Poder – O Real Edifício de Mafra, Coim-
bra, 1992
Fig. 112 – RENDEIRO, João Bernardo S. B. T., CABRAL, Miguel Gomes & NASCIMENTO,
Salomé Galamba, Sta. Maria do Castelo em Pombal – reconstituição, Trabalho da cadeira de
História da Arquitectura I da licenciatura em Arquitectura, Coimbra, 1999
Fig. 400, 401, 402, 403, 404, 405, 411, 412, 413 – SILVA, Cidália Maria Ferreira da, Três
momentos na arquitectura religiosa do século XX em Portugal, Prova Final da licenciatura em
Arquitectura , Coimbra, 1999
Fig. 119, 120, 121, 122 – SILVA, José Custódio Vieira da, O Tardo-Gótico em Portugal – a
arquitectura no Alentejo, Lisboa, 1989
Fig. 322, 323, 324, 325, 344 – STIERLIN, Henry e CHARPENTRAT, Pierre, “Baroque – Italy
and Central Europe” in Architecture of the World, Lausanne, 1987
Fig. 189, 227, 230, 316 – TELLES, Augusto Carlos da Silva, Atlas dos Monumentos Históri-
cos e Artísticos do Brasil, Rio de Janeiro, 1985
Fig. 51, 52 – WILSON, Christopher, The Gothic Cathedral – The architecture of the great
church 1130-1530, Londres, 1992
Fig. 1, 133, 286 – WITTKOWER, Rudolf, Art and Architecture in Italy 1600-1750 , Middlesex,
1973
Fig. 156,157, 158, 159, 339, 340, 341 – ZERNER, Catherine Wilkinson, Juan de Herrera –
Arquitecto de Felipe II , Madrid, 1993
Fig. 91, 114, 124, 126, 127, 164, 166, 186, 192, 197, 203,205, 208, 237, 240, 275, 279,
281, 296, 297, 301, 302 – Site da DGEMN (Direcção-Geral dos Edifício e Monumentos Naci-
onais) – www.Monumentos.pt
Fig. 81, 105, 108, 123, 125, 130, 131, 163, 167, 178, 191, 193, 199, 200, 218, 219,
220, 221, 222, 223, 224, 225, 226, 235, 239, 245, 247, 248, 249, 250, 253, 255, 264,
270, 271, 272, 276, 288, 291, 292, 293, 295, 298, 299, 327, 345, 346, 349, 350, 351,
352, 362, 363, 382, 385, 386, 387, 388, 389, 390, 391, 392, 393, 394, 395, 396, 397,
398, 399 – Joaquim Rodrigues dos Santos
Fig. 212, 258, 273, 274, 289, 290, 309, 374, 380, 381 – João Santos
Fig. 184 – Joana Abrantes