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Cezar Roberto Bitencourt 


Penas  privativas  de 
liberdade II 
 

Robson Lima Junior  


30 de março de 2018 
 

   

 
Robson Lima Junior  por Cezar Roberto Bitencourt 

Sumário 
 
Sumário 1 
Prisão domiciliar 2 
Progressão e regressão 2 
Progressão 2 
A progressão nos crimes hediondos 3 
Regressão 4 
Detração penal 4 
Remição pelo trabalho e pelo estudo 5 
Trabalho prisional 6 
Autorizações de saída 6 
Permissão de saída 7 
Saída temporária 7 

Outros roteiros: 8 


Robson Lima Junior  por Cezar Roberto Bitencourt 

Prisão domiciliar 
Como já dissemos na ​parte I​ deste tema, o regime aberto subdivide-se em: 

a. prisão-albergue 
b. prisão em estabelecimento adequado 
c. prisão domiciliar1, ​quando presentes os requisitos, que são: 

I - ser o condenado maior de 70 anos, ou 

II - condenado acometido de doença grave, ou 

III - condenada com filho menor ou deficiente físico ou mental, ou 

IV - condenada gestante.2 

O  STF,  porém,  “relativizou”  isso.  Agora,  aceita-se  o  cumprimento  da  pena  em  domicílio 
particular  enquanto  não  houver  vagas  em  casa  de  albergado  ou  estabelecimento  adequado.  É 
inadmissível,  obviamente,  que  o  condenado  cumpra  pena  em  regime  mais  gravoso  pela  falta 
desses estabelecimentos.  

Progressão e regressão 

Progressão 

Para  acontecer  a  progressão,  isto  é,  a  evolução  de  um  regime  mais  rigoroso  para  outro 
menos rigoroso, é necessário3 

1. O ​mérito ​do condenado (bom comportamento)4 


 

É  demonstrado  pelo  “atestado  de  conduta  carcerária”,  para  o  preso que ostente “bom 


comportamento carcerário”. Pois é.  

1
Arts. 33, § 1º, ​c, ​do CP e 117 da LEP 
2
Isso está no art. 117 da LEP 
3
Art. 112 da LEP - A pena privativa de liberdade será executada em forma progressiva com a transferência 
para regime menos rigoroso, a ser determinada pelo juiz, quando o preso tiver cumprido ao menos um 
sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário, comprovado pelo diretor do 
estabelecimento, respeitadas as normas que vedam a progressão. 
4
A ser certificado pelo diretor do estabelecimento penitenciário. Sim, é muito subjetivo e a lei não 
estabelece o que seria esse “bom comportamento” 


Robson Lima Junior  por Cezar Roberto Bitencourt 

2. Ter o condenado cumprido, ao menos, ​um sexto ​da pena ​no regime anterior 
 

Surge  aqui  uma  dúvida.  A  lei  se  refere  a  um  sexto  ​da  pena  total  ​ou  a  um  sexto  do 
restante?  
Está  claro  que,  na  primeira  vez  que  o sujeito progride, a única opção será calcular com 
base no total, mas, a partir da segunda vez, a dúvida surge. 
A interpretação mais favorável é que deverá ser calculada a partir da pena restante.  
 
Imagine  um  sujeito  que  foi condenado a ​10 anos de reclusão ​(120 meses), portanto em 
regime  fechado.  Ele  progride  a  primeira  vez,  pois  o  diretor  do  presídio  entendeu  que 
ele teve bom comportamento, e ele já cumpriu ​20 meses ​(um sexto). Agora ele está em 
regime  semiaberto  (pois  não  pode  progredir  diretamente  para  o  aberto),  com  ​100 
meses  restantes.  A  sua  próxima  progressão  deverá  ser  calculada  com  base  nos  120 
meses  da  pena  total,  ou  dos  100 meses da pena restante? Se for calculada sobre pena 
total,  ele  deverá  cumprir  mais  tempo  do  que  se  fosse calculada sobre a pena restante. 
Portanto, a interpretação mais favorável à liberdade deve prevalecer.  

   
3. Para os casos de crimes contra a administração pública, reparação do dano 
 
O  apenado  não  pode  passar  direto  do  regime  fechado  para  o  aberto,  sem  passar, 
anteriormente,  pelo  regime  semiaberto.  ​Porém​,  o  condenado  que  não  se  adequar  ao  regime 
aberto poderá regredir, diretamente, para o regime fechado.5  

Para  adentrar  o  ​regime  aberto​,  porém,  além  dos  requisitos  anteriores,  deverá  o  agente 
que 

I - ​estiver trabalhando ou comprovar a possibilidade de fazê-lo imediatamente; 

II  - apresentar, pelos seus antecedentes ou pelo resultado dos exames a que foi submetido, 
fundados  ​indícios  de  que  irá  ajustar-se,  com  autodisciplina  e  senso  de  responsabilidade,  ao 
novo regime.6 

A progressão nos crimes hediondos 

Para crimes hediondos, ou equiparados78: 

1. o cumprimento da pena iniciará em regime fechado 

5
Art. 118 da LEP 
6
Art. 114 da LEP 
7
Art. 2º, § 2º da Lei dos Crimes Hediondos 
8
Praticados a partir de 29 de março de 2007 


Robson Lima Junior  por Cezar Roberto Bitencourt 

2. a  progressão  nos  crimes  hediondos  ocorrerá  após  o  ​cumprimeiro  de  dois  quintos​,  para 
apenado primário, e ​três quintos​, se for reincidente  
3. em  caso  de  sentença  condenatória,  o  juiz  decidirá  fundamentadamente  se  o  réu poderá 
apelar em liberdade 

Regressão 

É  a  transferência  de  um  regime  para  outro  mais  rigoroso.  Lembrando  que,  no  caso  da 
regressão,  pode  o  condenado  em  regime  aberto  ser  transferido  diretamente para o fechado, ou 
semiaberto, assim como do semiaberto para o fechado.  

Deverá​ ocorrer a regressão, para qualquer dos regimes mais gravosos, quando 

a. o sentenciado pratica fato definido como crime doloso ou falta grave9, ou 
b. sofre  condenação  por  crime  anterior,  cuja  pena,  somada  ao  restante  da  pena  em 
execução, torna incabível o regime atual10 

Se o condenado estiver em regime aberto, poderá ocorrer, também, quando 

a. se o apenado frustra os fins da pena, ou 


b. se, podendo, não paga a multa11 

Detração penal 
Trata-se  do  ​desconto​,  em  pena  ou  medida  de  segurança,  ​do  tempo  que  o  condenado 
cumpriu antes da sentença condenatória. 12 

As hipóteses são: 

a. Prisão provisória, no Brasil ou no estrangeiro 


 

É  a  prisão  processual,  que  pode  ocorrer  durante  a  fase  processual,  antes  da 
condenação  transitar  em  julgado.  As  hipóteses  em  que  isso  pode  ocorrer  são:  prisão 
em  flagrante  delito,  prisão  temporária,  prisão  preventiva,  prisão  decorrente  de 

9
Os atos considerados como falta grave estão elencados no Art. 50 da LEP. São muitos e não caberiam 
aqui (e não vêm ao caso) 
10
Art. 118 da LEP 
11
Art. 36, § 2º, do CP 
12
Art. 42 do Código Penal 


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sentença de pronúncia e prisão decorrente de sentença condenatória recorrível. 

b. Prisão administrativa 
 

Não  tem  natureza  penal,  e  pode  decorrer de infração disciplinar, hierárquica ou menos 


de infrações praticadas contra a Administração Pública. 

c. Internação em casas de saúde 


 

Internação  em  ​hospital  de  custódia  ​e  ​tratamento  psiquiátrico​.  Também  vale  para  as 
internações  em  casas  de  saúde,  com  finalidade  terapêutica,  além  das  interdições 
temporárias de direitos. 

Parte  da  doutrina  e  jurisprudência  também  admite  a  detração  por  prisão  ocorrida  em 
outro processo, sem nexo processual, desde que por crime cometido anteriormente.  
 

Remição pelo trabalho e pelo estudo 


Remir  significa  resgatar,  abater,  descontar,  pelo trabalho ou pelo estudo realizado dentro 
do sistema prisional, parte do tempo de pena a cumprir.  

● Três dias de trabalho → menos um dia de pena 


● 12 horas de frequência escolar13 14 → menos um dia de pena  

Há  muito  mais  o  que  falar,  principalmente  assuntos  concernentes  às  questões 
processuais,  porém,  como  este  arquivo  tem  a  intenção  de  ser  um  resumo  facilitador  para  a 
feitura da prova, acredito não caber aqui. 

13
Ensino fundamental, médio, profissionalizante ou não, superior, ou ainda de requalificação profissional 
14
Deve ser dividida ao menos em três dias. Tanto faz se é 9 horas num dia, 2 horas em outro e 1 hora em 
outro, ou se é dividido igualmente, mas a frequência deve ser dividida, ao menos, em 3 dias.  


Robson Lima Junior  por Cezar Roberto Bitencourt 

Trabalho prisional15 
A  LEP  estabelece  que  o  trabalho  do  condenado,  “como  dever  social  e  condição  de 
dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva”16 

Trata-se de um ​direito-dever ​(portanto obrigatório, exceto para os condenados por crimes 
políticos17 e para os presos provisórios) e será sempre remunerado. 

● A jornada normal de trabalho não pode ser inferior a 6 nem superior a 8 horas diárias; 
● Deve ter repouso aos domingos e feriados; 
● Não poderá ter remuneração inferior a ¾​ ​do salário mínimo; 
● Não está sujeito à CLT; 
● Porém  estão  asseguradas  as  garantias  e  os  benefícios  da  previdência  social,  inclusive  a 
aposentadoria. 

A remuneração tem destinação prevista na LEP18: 

a. Indenização  dos  danos  causados  pelo  crime,  desde  que  determinados  judicialmente  e 
não reparados por outros meios  
b. Assistência à família 
c. Pequenas despesas pessoais 
d. Ressarcimento  do  Estado  pelas  despesas  realizadas  com  a  manutenção  do  condenado, 
proporcionalmente 
e. O  saldo  restante,  se  houver,  deve  ser  depositado  em  caderneta  de  poupança  para 
formação de pecúlio, que será entregue ao condenado quando sair da prisão 

Autorizações de saída19 
A  LEP  fala,  a  partir  de  seu  Art.  120,  sobre  as  ​autorizações  de  saída​,  gênero  cujas  duas 
espécies são a 1) ​permissão de saída ​e a 2) ​saída temporária.  
 

15
Arts. 28-37 da LEP 
16
Art. 28 da LEP 
17
Hm.  
18
Art. 29 da LEP 
19
Bitencourt não fala sobre isso. Portanto, trata-se de uma doutrina originalmente​ robsiana​ (risos) 


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Permissão de saída  

É  um  instituto  garantido  aos  condenados  em  ​regime  fechado  ou  semiaberto  (já  que  no 
regime  aberto não é necessário, pois, em teoria, só seriam recolhidos durante o repouso noturno 
e  os  dias  de  folga),  além  dos  presos  provisórios.  As  permissões  para  sair  do  estabelecimento 
serão  concedidas pelo diretor ou diretora do estabelecimento mediante escolta, e terá a duração 
necessária à finalidade da saída. Poderá ser concedido esse benefício quando houver 

a. falecimento  ou  doença  grave  do  cônjuge,  companheira,  ascendente,  descendente  ou 
irmão, ou  
b. quando houver necessidade de tratamento médico 
i. que  é  quando  o  estabelecimento  penal  não  estiver  aparelhado  para  prover  a 
assistência médica necessária20 

Saída temporária 

É  um  benefício  cujos  titulares  são  os  apenados  em  regime  semiaberto,  que  serão 
autorizados  a  deixar  temporariamente  o  presídio  sem  vigilância  direta.  Será  concedida  por,  no 
máximo,  7  dias,  podendo  ser  renovada  por mais quatro vezes durante o ano. O juiz da execução 
poderá determinar a utilização de monitoração eletrônica. Ocorrerá nos seguintes casos:  

a. visita à família 
i. Nesse  caso,  deverá haver o fornecimento do endereço onde reside a família a ser 
visitada  ou  onde  poderá  ser  encontrado  o  preso, com obrigação de se recolher a 
essa residência no período noturno. 
 
b. frequência  a  curso  supletivo profissionalizante, ensino médio ou superior, na Comarca do 
Juízo da Execução 
i. O tempo de saída deverá ser o necessário para o cumprimento dessas atividades 
 
c. participação em atividades que concorram para o retorno ao convívio social 

A  autorização  deverá  ser  concedida  por  ato  motivado  do  Juiz  da  execução,  ouvidos  os 
Ministério Público e a administração penitenciária. Os requisitos materiais são: 

20
Art. 14 da LEP 


Robson Lima Junior  por Cezar Roberto Bitencourt 

1. comportamento adequado  
2. cumprimento  mínimo  de  ​um  sexto  da  pena  para  condenados  primários  e  ​um  quarto 
para reincidentes 
3. compatibilidade do benefício com os objetivos da pena  

Com  exceção  do  caso  de  frequência  a  cursos  profissionalizantes,  ensino  médio  ou 
superior,  as  “autorizações  de  saída”,  como  o  §  3º  do  Art.  124  chama,  somente  poderão  ser 
concedidas  com  prazo  mínimo  de  45  dias  de  intervalo  entre  uma  e outra. Aqui há um problema. 
Apesar  de  estar  situado  na  subseção referente à espécie ​saída temporária, ​o diploma parece se 
referir  a  esse  prazo  de  forma  assistemática,  indistintamente  entre  a  ​saída  temporária  ​e  a 
permissão  de  saída,  ​pelo  uso  do  termo  genérico  “autorizações  de  saída”,  título  da  Seção  III  da 
qual  fazem  parte  as  duas  subseções  específicas.  Entendemos  dever  ser  feita uma interpretação 
restritiva  para  aplicar  a  necessidade  do  prazo  de  45 dias apenas para as ​saídas temporárias em 
sentido  estrito,  pois  condicioná-lo  também  às  permissões  de  saída,  que  ocorrem  por  fatos 
excepcionalíssimos  e  irregulares,  iria  de  encontro  ao  fim  ressocializador  e  ao  princípio  da 
humanidade da pena21.  

 
Outros roteiros: 
1. Concurso de pessoas​: autoria, participação, teoria do domínio do fato; 
 
2. Penas  privativas  de  liberdade​:  detenção  e  reclusão,  regimes  penais  (fechado, 
semiaberto, aberto) regime inicial; 
 
3. Penas  privativas  de  liberdade  II​:  prisão  domiciliar,  progressão  e  regressão,  detração 
penal, remição, trabalho prisional, autorizações de saída. 

21
Art. 5º, XLIX, CF - “é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral” 

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