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LINS/SP
2019
GABRIEL AUGUSTO SANCHES OLIVEIRA
LINS/SP
2019
Sanches Oliveira, Gabriel Augusto;
P49g Gestão de recursos humanos / Carlos de Almeida Pereira;
NOME DO(A)
Marina Souza; Heitor Gimenes ALUNO(A)
– – Lins, 2019.
76p. il. 31cm.
Janaina Paschoal
Ruy Barbosa
RESUMO
The present work aims at the presentation of the Constitutional Hermeneutics and
Judicial Activism of the Federal Supreme Court. Within this proposal, as regards
hermeneutics in the juridical field, as a theory of interpretation, the complexity of the
interpretative process faced by the justristas in relation to the indetermination
deriving from the recognition of the normative force of the principles, of the direct
application of the Constitution and of the singularity of each concrete case, as well as
the result of the interpretation coming from how the interpreters perceive reality and
law. In this sense, the methods of interpretation of the law and their importance at the
moment of creation and application of the law are analyzed, thus evidencing the
organizing principle of the state of separation of powers as a system of checks and
balances necessary to limit power and, consequently, of possible tyrannies and
preservation of democracy. It also demonstrates the complexity and legal and social
relevance of the problem, which lies in the attempt of legal norms to accompany,
reconcile and adapt social dynamics in order to achieve the purpose of the right to
produce justice, social harmony and guarantee of fundamental rights .In this context,
the function and decisions of the Federal Supreme Court are presented, as a
guardian and constitutional interpreter in a way to exemplify acts considered as
judicial activism in the attempt to reconcile the norms to concrete cases of the society
whose nature (political, moral, legal ) strengthens and raises questions of legitimacy
in the work of the Judiciary and its limits, as well as the duty to decide, to base, to
observe the legal and judicial precedents essential to the maintenance of legal
security.
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 9
5 CONCLUSÃO ........................................................................................................ 70
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 72
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1 INTRODUÇÃO
Com efeito, interpretar não é, apenas, aquilo que o intérprete diz a partir de
sua própria circunstância de vida, pois, nesse caso, interpretar seria dar uma
opinião. Nem tampouco e, apenas, esclarecer o significado de algo a partir das
circunstâncias externas nas quais o intérprete se vê emaranhado, pois, nesse caso,
interpretar implicaria em castrar por completo a autonomia de vontade dele.
“Interpretar, portanto, é colocar na fronteira que separa/une a nossa subjetividade da
objetividade da coisa a ser interpretada”. (SOUZA, 2007 p.235).
Eis que se tem o problema: a interpretação, visto que ela se encontra em uma
zona de tensão, em uma fronteira que separa, mas que também une essas duas
línguas, bem como compreende toda a complexidade do objeto a ser interpretado,
qual seja a realidade que, com a utilização de um parâmetro que são as normas
jurídicas, chega as leis e a atividade judicial à medida que traz determinações a
respeito daquela e busca termos claros, precisos, que não deixem margem a
dúvidas e, assim, são postos socialmente como direções para ação e o
comportamento; como regras de conduta a serem seguidas como adequadas. Cabe,
agora, então, o problema do processo de interpretação.
Não se trata de uma arte para simples deleite intelectual, para o gozo das
pesquisas e o passatempo de analisar, comparar e explicar os textos;
assume, antes, as proporções de uma disciplina eminentemente prática, útil
na atividade diária, auxiliar e guia dos realizadores esclarecidos, preocupados
em promover o progresso, dentro da ordem; bem como dos que ventilam nos
pretórios os casos controvertidos, e dos que decidem os litígios e
reestabelecem o Direito postergado (MAXIMILIANO, 2017, p.22).
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Ademais, os textos por mais claros que possam parecer de início, revelam
ambiguidades, insuficiências e contradições, mormente no cotejo sistemático do
ordenamento. Assim, a aplicação da regra de direito, como tal geral e abstrata, exige
que da passagem desse estado de concretização, isto é, a uma situação de fato,
ocorra a etapa da interpretação, pela própria lei, pelas autoridades administrativas,
por meio do costume, jurisprudência e principalmente pelo juiz, ou árbitro, se for o
caso. É esse o campo da interpretação, sempre colocado paralelamente à aplicação
do Direito em conjunto com todos fatores que influenciam uma decisão final.
(VENOSA, 2016).
Salienta-se que um de seus fatores é que ela convive com dois usos de
linguagem: a de uso corrente ou não técnico e a de uso técnico. Na primeira,
emprega-se o significante corrente no sentido comum, ou seja, no sentido
compartilhado pelos usuários da linguagem cotidiana. Por sua vez, no uso técnico,
utiliza-se ou um significante técnico, pertencente a certo dicionário especializado, ou
um significante corriqueiro que foi redefinido, ou seja, um signo trivial com
significado específico. Ambos os usos podem coincidir, mas nem sempre isso
ocorre. Isto é, uma mesma palavra pode ser empregada da mesma maneira pelos
dois diferentes usos que se podem fazer da linguagem. (MONTALVÃO, 2018).
A partir destas circunstâncias, fica claro que estes usos não se encontram
completamente separados, antes se implicam. Assim, o uso técnico da linguagem
toma como ponto de partida o uso cotidiano. E esta relação acarreta a possibilidade
sempre presente de dúvida quanto ao significado deste ou daquele vocábulo
empregado pela norma jurídica.
Nessa linha, Luis Roberto Barroso, faz uma interessante metáfora das
situações que rodeiam a interpretação da música Garota e Ipanema de Tom Jobim e
Vinícius de Moraes fazendo analogia a interpretação do direito e suas nuances:
existência de Deus, como também a própria pergunta sobre ele. Como se percebe,
no âmbito zetético, dentro do qual se encontra a filosofia, a possibilidade de
questionamento é incomensurável, uma vez que é possível questionar o próprio
questionamento. (MONTALVÃO, 2018).
Por sua vez, a teologia, partidária do enfoque dogmático, toma como ponto de
partida inafastável a existência de Deus. Se a teologia em apreço for de orientação
Cristã, a Bíblia é adotada como uma fonte acima de qualquer suspeita. Por
conseguinte, mandamentos que a teologia formula são finitos, pois só podem ser
elaborados dentro de determinados limites previamente estabelecidos. Desse modo,
se é possível afirmar que a filosofia trata reflexivo (especulativo), totalmente
descompromissado em orientar o agir humano, com a teologia se passa ao
contrário, ela tem como principal compromisso oferecer àqueleque a procura a
certeza de que existe um Deus. Assim sendo, prescreve Paulo Nader:
Claro que o estudo do Direito não é tão somente dogmático, uma vez que há
investigações em áreas específicas ou mesmo em certas cadeiras que têm cunho
filosófico ou se apresentam como teoria no sentido zetético.
O mais relevante de tudo que foi dito sobre a investigação científica zetética é
que ela parte de uma evidência, que pode ser mais ou menos confiável. E é
exatamente nesse aspecto que reside a grande diferença entre esse tipo de
investigação e a de índole dogmática. Nas duas investigações, alguma coisa
precisa ser colocada a salvo de qualquer questionamento, para que a investigação
se desenvolva. Enquanto a zetética deixa de duvidar de certas constatações porque
julga que elas encontram-se satisfatoriamente comprovadas e verificadas,a
dogmática, por seu turno, não põem em xeque suas premissas porque elas foram
estabelecidas como inquestionáveis. Ou seja, as constatações da zetética resultam
da crença em uma operação racional, ao passo queas da dogmática derivam da
conveniência em obedecer ao ato de poder que estabeleceu a premissa.
(MONTALVÃO, 2018). Desse modo explica Venosa:
estudo do direito em primeiro plano, mas não se limitam apenas a ele. O que explica
porque essas disciplinas são denominadas como Sociologia do Direito, Filosofia do
Direito, Antropologia do Direito, dentre outras. Ou seja, porque elas são sempre
adjetivadas como jurídicas, apesar de sua substância extrapolar as fronteiras
jurídicas. (MONTALVÃO, 2018).
Por esse ângulo bem explica Rizzato Nunes que “ os princípios dogmáticos
estabelecidos têm um fim previamente definido: a necessidade de obter, de qualquer
jeito, uma decisão que ponha termo aos problemas jurídicos”. (NUNES 2017).
No entanto, não se deve concluir, a partir do que foi dito, que o jurista,
sobretudo no campo teórico e prático, não necessita em nada das contribuições que
a Zetética Jurídica pode oferecer-lhe. Antes o contrário. Não pode desconhecer as
circunstâncias sociais que determinam o aparecimento desse tipo de direito. Não
pode deixar de perguntar-se quais são os valores que legitimam, do ponto de vista
moral, essa espécie de direito. Não desconhecer a importância de que esse direito
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Sendo assim, as normas por si só não são suficientes. Mas por quê? Porque
elas são construídas a partir das palavras, e estas são, invariavelmente, vagas e
ambíguas. Surge, então, a necessidade de um novo tipo de norma, uma norma que
terá por objeto a primeira norma,a norma de interpretação. Isso porque é preciso
saber apontar qual é a norma adequada ao caso, bem como o que ela significa.
não fosse suficiente, seleciona, dentre os diversos sentidos possíveis daquela, qual
deles será aplicável ao caso. Eis o que estuda o conhecimento jurídico dogmático, a
arte de selecionar e descartar de forma contínua, conforme o que determina a norma
imediatamente mais abstrata. O que acarreta uma abstração cada vez maior e até o
infinito. Por conseguinte, a Dogmática Jurídica paga um preço bem alto por proceder
dessa maneira: o afastamento, cada vez maior, do com o que pretende decidir.
Amplia-se, então,o risco de que ocorra uma injustiça. (FERRAZ JR. 2007, p.49).
Ademais, se o texto legal admite diferentes interpretações, ele não tolera todo
e qualquer tipo de interpretação. E por quê? Porque uma interpretação só se torna
aceitável quando ela é justificada por uma argumentação desenvolvida de acordo
com os padrões recomendados pela dogmática jurídica determinados conforme os
métodos desenvolvidos durante a história consoante uma consciência jurídica da
coletividade, visto que esta predomina mas não é exclusiva, pois não se pode perder
de vista o ensejo de novas circunstâncias que autorizem a uma interpretação
plausível que supere a dogmática vigente, pautando sempre pela fundamentação,
razoabilidade, coerência e consciência de dúvida. Ou seja, em harmonia com aquilo
que recomenda a doutrina e com entendimento consolidado perante a jurisprudência
dos tribunais. (FERRAZ JR., 2007).
Sendo assim, a partir de tudo quanto foi aqui dito, fica fácil concluir que o
direito, enquanto objeto de estudo, deve ser compreendido de forma diversa e
complementativa levando em consideração as diversas perspectivas segundo a qual
ele é observado, se é Zetética ou Dogmática.Feitos tais
esclarecimentos,necessáriose faz deixar claro que o fenômeno jurídico, por ser tão
complexo (por implicar maior número de possibilidades de ação do que as que
podem ser realizadas em conformidade com ele), deve e pode ser estudado por dois
diferentes pontos de vista, o zetético e o dogmático.
conformar a realidade ao Direito, o ser ao dever ser. É nesse momento que a norma
jurídica se transforma em decisão. (BARROSO, 2010).
Nesse caminho, há os que alegam que a norma jurídica é produzida por conta
da pressão que o comportamento humano exerce sobre o legislado e logo o sistema
jurídico produzido; os que dizem que a norma tem caráter educador juntamente com
outros sistemas sociais de educação; os que atestam que simplesmente, a norma
jurídica é superestrutura de manutenção do status quo; os que veem na norma o
instrumento de controle político e social; enfim, é possível detectar tantas variações
das implicações existentes entre o sistema jurídico e sociedade que, na realidade,
por mais que as normas jurídicas (os legisladores) queiram, elas não conseguem
acompanhar a dinâmica de transformações da realidade. E, até ao contrário, a
norma tem entre suas funções a de ser estabilizadora da sociedade, o que contrasta
com movimentos contínuos de mudança. (NUNES, 2017).
Dessa forma, haverá casos que não foram previstos pelas normas jurídicas, e
nessa hipótese pode-se falar que se esta diante de vazios ou lacunas nas normas
jurídicas. Entretanto, no que diz respeito a isso, deve ser utilizado pelo intérprete a
integração das normas, os métodos hermenêuticos submetidos ao princípio
dogmático de que o direito tem o dever de dar respostas e apresentar soluções com
base no ordenamento jurídico vigente.
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legal suficiente ou razoável e, por vezes, tem se confundido e produzido uma tensão
no que tange as competências de julgar e legislar.
Além disso, acontece que as circunstâncias sociais para as quais a norma foi
criada se alteram com o passar do tempo, em função do dinamismo social, sem que
os legisladores possam prever tais alterações. E a norma, estando em vigor, deve
ser analisada em função das mudanças sociais ocorridas.
Conclui-se, pois, quanto é difícil orientar-se pela solução dos problemas, bem
como pela busca de coerência com o sistema pois as disposições deste, por vezes,
são insuficientes e não apresentam correspondência aos fatos em virtude de sua
permanente mutação.
Desse modo, somente a lei válida poderia impor obrigações aos cidadãos. A
lei e o primado da soberania popular ganham tamanha importância que são alçados
a um patamar de dogma. A lei passa a ser considerada a expressão máxima da
soberania popular. “O povo não poderia ser apenas o autor da Constituição, mas
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tinha de ser o soberano, sem deixar travar pela Constituição” (MENDES, 2007, p.
176-180).
Por essa regra cabe ao intérprete levar em conta a norma jurídica inserida no
contexto maior de ordenamento ou sistema jurídico. Avaliando a norma dentro do
sistema, o intérprete observa todas as concatenações que ela estabelece com as
demais normas do sistema, isto é, aos comandos hierárquicos, à coerência das
combinações entre as normas e à unidade enquanto conjunto normativo global.
(NUNES, 2017).
Logo, da mesma forma que os parágrafos e inciso não devem ser lidos
isoladamente, também os artigos não devem ser lidos sem que leve em
consideração a seção ou o capítulo em que todos estão inseridos.
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Finalmente, cabe tratar das questões de ordem pragmática que deve ser
entendido numa relação de comunicação entre emissores e receptores das
mensagens normativas.
Por outro lado, a interpretação de qualquer artigo não pode desconsiderar tais
fins prescritos pela lei. É preciso levar em consideração, também, o fato de que,
além da finalidade específica de cada norma jurídica, todas elas estão submetidas a
fins maiores e irrenunciáveis. Esses fins são amplos e genéricos, postos como
princípios que norteiam todo o sistema jurídico, tais como o princípio fundamental de
se fazer justiça, respeitar a dignidade do homem, atender o bem comum etc.
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não atinge os objetivos da norma, pois acaba por lhe conferir uma amplitude que
prejudica os interesses, ao invés de protegê-los.(MONTALVÃO, 2018).
Nesse cenário, o problema deixa de ser apenas de fatos sobre o qual incidirá
a norma, para se transformar no fornecedor de parte dos elementos que produzirão
o Direito. Em múltiplas situações, não será possível construir qualquer solução
jurídica sem nela integrar o problema a ser resolvido e testar os sentidos e
resultados possíveis. Esse modo de lidar com o Direito é mais típico dos países da
tradição common law, onde o raciocínio jurídico é estruturado a partir dos fatos,
indutivamente, e não a partir da norma, dedutivamente; tradição jurídica esta,
adotada pela República Federativa do Brasil em seu texto constitucional
(BARROSO, 2010).
como aprende a realidade e os valores sociais que irão embasar suas decisões.
(BARROSO, 2010).
Para alguns dos que se debruçam sobre o tema, os juízes ativistas são
sempre uma ameaça aos valores democráticos e à separação dos poderes,
de modo que o termo acaba servindo como “substituto para excesso judicial”.
Para outros, porém, os juízes e as cortes devem agir de modo mais assertivo
em nome dos direitos da liberdade e igualdade e diante da inércia ou do
abuso de poder por parte de outros atores políticos e instituições. (CAMPOS,
2014, p.92).
cada vez mais distintas. Sem dúvida verifica-se oportunidades formais para a
judicialização da política e o ativismo judicial do STF.
Nesse sentido, todavia, a forma que parece ser a mais clara de se identificar a
manifestação de ativismo judicial, está no exercício expansivo e vigoroso,
estratégico ou não, de autoridade político-normativa no controle dos atos e das
omissões dos demais poderes, seja impondo-lhes obrigações, anulando as
decisões, ou atuando em espaços tradicionalmente ocupados por aqueles. Sendo o
núcleo comportamental do ativismo judicial a expansão de poder decisório que os
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Logo, é fato que quando uma corte constitucional ou suprema corte decide
muito e sobre muitas coisas, relevantes ou pouco importantes, ela acaba tornando-
se personagem especial da vida cotidiana da respectiva sociedade. Nesses casos,
das decisões mais determinantes até as mais rotineiras, a corte constitucional se
apresenta como arena fundamental para o debate sobre os temas. Isso é assim
particularmente em países que adotam constituições abrangentes, que disciplinam
quase toda a vida política e social de seu país. Isso é denominado de judicialização
e é um fenômeno presente no ordenamento constitucional brasileiro.(CAMPOS,
2014).
Por outro lado, a afirmação do papel político das cortes não significa que elas
sejam órgãos puramente políticos, que decidem livremente conforme vontade
ocasionais, sem vínculo aos textos legais e a outras determinantes judiciais, como
os precedentes. Isto é inadmissível e importaria negar os valores caros do Estado
Democrático de Direito. É o raciocínio de Carlos Alexandre de Azevedo:
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Complementa Pereira:
Para tanto, o intérprete deve sim proceder a uma interpretação dos textos
normativos para obter a concretude da norma, considerando o quadro da realidade
social, sem esquecer, contudo que está vinculado a um sistema jurídico codificado, o
que será determinante na produção das normas aplicáveis ao caso concreto.
(NUNES, 2013)
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5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
SOUZA, Elton Luiz Leite de. Filosofia do direito, ética e justiça: filosofia
contemporânea. Porto Alegre: NúriaFabris, 2007, p. 234.