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Direito Penal – Parte

Especial

Professores:

Pedro Franco
e
Vinicius Rios

Curso Carreiras Jurídicas

2014
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.................................................................................... 5
1.1 Conceitos .................................................................................... 5
1.2 Sujeitos do Crime ....................................................................... 5
1.3 Conduta criminosa ..................................................................... 7
2. CRIMES CONTRA A VIDA ................................................................. 10
2.1 Homicídio ................................................................................. 10
2.1.1Conceito de Homicídio .......................................................... 10
2.1.2 Objeto Jurídico ................................................................... 10
2.1.3 Sujeitos do Crime ................................................................ 10
2.1.4 Modalidades ........................................................................ 10
2.1.5 Conduta Criminosa ............................................................. 20
2.1.6 Elemento Subjetivo ............................................................. 20
2.1.7 Consumação e Tentativa ..................................................... 21
2.2 Participação em suicídio ........................................................... 21
2.2.1 Conceito de Suicídio ................ Error! Bookmark not defined.
2.2.2 Conceito do crime ................... Error! Bookmark not defined.
2.2.3 Objetividade Jurídica .......................................................... 22
2.2.4 Sujeitos do Crime ................................................................ 22
2.2.5 Condutas criminosas .......................................................... 22
2.2.6 Elemento Subjetivo ............................................................. 22
2.2.6 Consumação e Tentativa ..................................................... 22
2.2.7 Figuras Agravadas .............................................................. 23
2.3 Infanticídio ............................................................................... 23
2.3.1 Conceito.................................. Error! Bookmark not defined.
2.3.2 Objetividade jurídica ........................................................... 24
2.3.3 Sujeitos do crime ................................................................ 24
2.3.4 Conduta criminosa.............................................................. 24
2.3.5 Elemento Subjetivo ............................................................. 25
2.3.6 Consumação e Tentativa ..................................................... 25
2.3.7 Participação de terceiro ....................................................... 25
2.4 Aborto ...................................................................................... 26
2.4.1 Conceito de Aborto .................. Error! Bookmark not defined.
2.4.2 Objetividade Jurídica .............. Error! Bookmark not defined.
2.4.3 Sujeitos do Crime ................................................................ 27
2.4.4 Conduta .............................................................................. 27
2.4.5 Consumação e Tentativa ..................................................... 27
2.4.6 Espécies de Aborto .............................................................. 27
1. INTRODUÇÃO

Esse primeiro idem, trata-se de um roteiro de estudos que pode ser utilizado para
qualquer tipo penal (Direito Penal parte Especial e Legislação Penal Especial).

1.1 Conceitos

A- Conceito do Crime: é definido pela própria lei (previsão legal). Assim, o conceito
está sempre no texto da lei, isto é, a lei penal quando descreve a conduta criminosa ao
mesmo tempo está conceituando o crime nela contida. Porém, às vezes é preciso
resumir ou aprimorar tal conceito com ajuda da doutrina, por exemplo.

B- Objetividade Jurídica: Estudar a objetividade é identificar e entender o bem


jurídico tutelado. Basta localizar onde o crime está inserido (título e capítulo).

Exemplo: furto (bem jurídico: patrimônio); homicídio (bem jurídico: vida).

Porque é preciso compreender isso? Porque não há crime sem ofensa ou perigo de
ofensa a um bem juridicamente tutelado pelo direito penal. A inexistência do bem
jurídico faz desaparecer a conduta criminosa.

Exemplo: não se mata cadáver, porque este não detém vida.

C- Objeto material: É a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta delituosa. No


crime de furto, por exemplo, é o bem que foi subtraído da vítima (o veículo, o dinheiro
etc.).
1.2 Sujeitos do Crime

Sujeitos do crime são os protagonistas do fato criminoso (sujeito ativo e sujeito


passivo).

A- Sujeito ativo: é a pessoa que realiza a ação típica, individualmente ou atrelado a


alguém (coautor ou partícipe), ou ainda a pessoa Jurídica só pode ser sujeito ativo de
crime na Lei ambiental (Lei 9.605/98).

Dependendo do sujeito ativo do crime, o crime pode ser classificado em:

 Crime comum: é aquele que tem como sujeito ativo qualquer pessoa (a lei não
impõe nenhuma condição especial para alguém ser sujeito ativo do delito).

 Crime próprio: é aquele que não pode ser praticado por qualquer pessoa (a lei
exige requisito especial para ser sujeito ativo).

Exemplo: peculato (que só pode ser cometido por funcionário público).

 Crime comum: o tipo penal não exige qualidade ou condição especial do agente.
Nestes crimes são admitidas coautoria e participação.
 Crime próprio: o tipo penal exige qualidade/ condição especial do agente. Apesar
de o tipo exigir qualidade ou condição especial não impedi a coautoria e a
participação.

Exemplo: Art. 312 do CP “Apropriar-se o funcionário público de dinheiro, valor ou


qualquer outro bem móvel, público ou particular, de que tem a posse em razão do
cargo, ou desviá-lo, em proveito próprio ou alheio: Pena - reclusão, de dois a doze
anos, e multa”.

 Crime de mão própria: o tipo penal exige qualidade/ condição especial do agente,
porem não admite coautoria, somente admite participação pois é um crime de
conduta infungível.

 Exemplo: Art. 342 do CP “Fazer afirmação falsa, ou negar ou calar a verdade


como testemunha, perito, contador, tradutor ou intérprete em processo judicial, ou
administrativo, inquérito policial, ou em juízo arbitral: Pena - reclusão, de 2 (dois)
a 4 (quatro) anos, e multa”.

 Crime de dupla subjetividade passiva: são os crimes que tem obrigatoriamente


pluralidade de vítimas.

 Exemplos: violação de correspondência (remetente e destinatário da carta).

Art. 151 do CP “Devassar indevidamente o conteúdo de correspondência fechada,


dirigida a outrem: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa”.

 Morto pode ser vítima de crime? Não sendo titular de direitos, não e sujeito
passivo de crimes. No entanto existe previsão legal dos crimes cometidos contra os
mortos, onde a vítima e coletividade.

B- Sujeito passivo: é a pessoa (física ou jurídica) contra quem a ação típica é realizada.
O sujeito passivo do crime é aquele que sofre a ação típica do sujeito ativo, vindo a
atingir o bem jurídico tutelado. Portanto, o sujeito passivo é o titular do bem jurídico
violado (titular da objetividade jurídica).

Atenção: O Estado sempre é o sujeito passivo de todos os crimes, sem nenhuma


exceção. Isso porque, o Estado é a sociedade politicamente organizada, sendo que essa
organização é feita por meio das leis, as quais são elaboradas pelo poder político-maior
“Poder Legislativo”.

 Sujeito passivo constante (mediato, formal, geral ou genérico): é o Estado


(interessado na manutenção da paz pública e da ordem social).
 Sujeito passivo eventual (imediato, material, particular ou acidental): é o titular
do interesse penalmente protegido.

 Comum: o tipo não exige condição especial do ofendido;

 Próprio: quando o tipo exige condição especial do ofendido. Como por exemplo, o
Infanticídio, onde o sujeito necessariamente deve ser neonato ou nascente.

1.3 Conduta criminosa

Condutas Criminosas são as ações nucleares ou físicas prevista no tipo penal, em outras
palavras é a conduta criminosa, ou seja, é a postura do sujeito ativo na prática do crime.

A doutrina designa esse item de “análise do núcleo do tipo penal”, que nada mais é do
que a identificação e interpretação do verbo do tipo penal, como por exemplo, no
homicídio, que a ação nuclear é “matar alguém”.

Quando o crime tem mais de um núcleo (conduta/verbo) chama-se crime de ação


múltipla ou de conteúdo variado, como por exemplo, no art. 122 do CP, que está
previsto induzir, instigar ou auxiliar.

Atenção: a regra geral é a de que ainda que o sujeito ativo realize mais de uma conduta
descrita em crime de ação múltipla, ele responde por um único crime.

A depender do verbo, o crime pode ser classificado:

 Crime de forma livre: é aquele que a lei não indica como deve ser realizada a
conduta criminosa, ou seja, a conduta pode ser executada de qualquer maneira.

 Crime de forma vinculada: é aquele que a lei impõe a maneira de realização da


conduta.

Exemplo: Art. 284 do CP “Exercer o curandeirismo: I - prescrevendo, ministrando ou


aplicando, habitualmente, qualquer substância; II - usando gestos, palavras ou
qualquer outro meio; III - fazendo diagnósticos: Pena - detenção, de seis meses a dois
anos”.

F- Elemento Subjetivo: é o dolo ou a culpa. O crime é imputado ao sujeito ativo, como


regra, sempre a título de dolo. Assim, o crime somente será imputado a título de culpa
se houver previsão legal (art. 18, § único do CP).

Art. 18, § único do CP “Salvo os casos expressos em lei, ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente”.

 Dolo: é a vontade livre e consciente de praticar ato que se sabe contrário ao direito
(art. 18, inciso I do CP).
Art. 18, inciso I do CP “Diz-se o crime: doloso, quando o agente quis o resultado ou
assumiu o risco de produzi-lo”.

 Culpa: é o ato voluntário que produz um resultado antijurídico não desejado, mas
previsível de acontecer.

Em outras palavras, é o ato dotado de impudência (agir sem as devidas cautelas em uma
determinada situação), negligência (é o não agir quando deveria ter feito em
determinada circunstância) e imperícia (é a imprudência ou a negligência vinculada a
uma atividade profissional).

Art. 18, inciso II do CP “Diz-se o crime: culposo, quando o agente deu causa ao
resultado por imprudência, negligência ou imperícia”.

 Consumação e Tentativa: o conceito de consumação e tentativa está previsto no


art. 14 do CP.
 Consumação:

Art. 14, inciso I do CP “Diz-se o crime: consumado, quando nele se reúnem todos os
elementos de sua definição legal”.

 Tentativa:

Art. 14, inciso II do CP “Diz-se o crime: tentado, quando, iniciada a execução, não se
consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Parágrafo único - Salvo
disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime
consumado, diminuída de um a dois terços”.

Atenção: Nos crimes culposos não é admitido à modalidade culposa, assim como nos
crimes unissubsistente etc.

Observação: Todos os crimes materiais admitem tentativa, porém, tento todos os


crimes formais admitir a tentativa.

1.4 Iter criminis

Iter criminis é o caminho do crime, que é o caminho que percorre o agente para a
consumação do delito.

 Cogitação: quando a pessoa idealizada na esfera de pensamento a conduta


criminosa.

A fase da cogitação tem relevância para o direito penal? Não, porque sequer põe em
risco o bem jurídico tutelado.

 Preparação: onde o agente materializa atos voltados à realização da conduta.

A fase da preparação tem relevância para o direito penal? Depende. Haverá


relevância quando, por si só, caracterizar crime ou contravenção penal.
 Execução: esta execução se refere à conduta criminosa (para existir conduta
criminosa é necessário que o agente inicie a prática do verbo posto na lei).

Quando ocorre início da execução e fim de ato preparatório? Terminam-se os atos


preparatórios e tem início a execução do crime no exato instante em que o bem jurídico
tutelado passa a sofrer risco efetivo de ser atingido.
2. CRIMES CONTRA A VIDA

2.1 Homicídio
2.1.1Conceito de Homicídio

Na expressão latina “hominis excidium”, ou seja, matar alguém. O homicídio consiste


na eliminação da vida humana extrauterina praticada por outra pessoa (é por fim a vida
humana alheia).

2.1.2 Objeto Jurídico

O bem jurídico tutelado é a vida. A vida é o estado que se encontra o ser humano
animado (dotado de movimentação), seja ele normal ou anormal.

Quando a vida tem início para fins de homicídio e tutela penal? Para o homicídio,
vida só existe após o nascimento com vida. Para o direito, a vida humana tem início
com o fenômeno chamado nidação.

Nidação é o fenômeno em que o óvulo fecundado “zigoto” se alinha na parede uterina


materna. Vale lembrar que o STF autorizou a manipulação de óvulo fecundado in vitro
para efeito científico, uma vez que não existe vida humana.

2.1.3 Sujeitos do Crime

A- Sujeito Passivo: O ser humano vivo, nascido de mulher é o Estado, basta nascer
vivo, ainda que não se tenha preenchido o requisito da vitalidade (ter condições de
progredir vivendo).

B- Sujeito Ativo: é crime comum, podendo ser sujeito ativo qualquer pessoa.

2.1.4 Modalidades

A- Homicídio Simples: é aquele que não é privilegiado, qualificado ou agravado (a


definição é baseada no princípio da exclusão). Contudo, numa única hipótese o
homicídio simples terá conotação de crime hediondo: grupo de extermínio (Art. 1 da
Lei 8.072/90).

B- Homicídio Privilegiado: não é crime autônomo. O Homicídio Privilegiado possui a


natureza jurídica de causa de diminuição de pena por questões de motivação e
emocional.

Art. 121, §1º do CP “Se o agente comete o crime impelido por motivo de relevante
valor social ou moral, ou sob o domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, ou juiz pode reduzir a pena de um sexto a um terço”.

No que consiste esse privilégio? Consiste na diminuição de pena.


Por que a lei concede esse benefício? Em razão do menor “grau de reprovabilidade
da conduta”, em virtude de questões emocionais e motivacionais.

Quais são as motivações que caracterizam a incidência do privilegio? Relevante


valor moral ou social.

 Relevante Valor Moral: é aquele que diz respeito ao interesse do sujeito do crime e
que conta com o apoio médio da sociedade.

Exemplo: eutanásia.

 Relevante Valor Social: é aquele que tem apoio da moral prática, ou seja, é aquele
valor que diz respeito ao interesse da sociedade e também do sujeito do crime,
porque este integra a sociedade.

Exemplo: matar o traidor da pátria.

 Homicídio Emocional: é a emoção violenta decorrente de injusta provocação da


vítima.

 Requisitos para a caracterização do homicídio emocional:

 O sujeito passivo provoca injustamente o sujeito ativo;

 O sujeito ativo em razão da provocação entra em estado emocional;

 O sujeito ativo deve reagir imediatamente após ser provocado pelo sujeito passivo.

Exemplo: Pedro é casado com sua espoja há 30 anos, e que nunca tive nenhuma
desconfiança sobre a fidelidade de sua esposa. Ao chegar do trabalho em sua residência,
constada que sua espoja estava na cama com um vizinho. Pedro vai até seu escritório,
pega seu revolver e desfere seis disparos com sua arma de fogo nos amantes,
ocasionando a morte dos dois.

Qual é a distinção entre paixão e emoção? Emoção é o estado que provoca


momentânea perturbação psíquica no agente do crime. Ao passo que a paixão é emoção
crônica. Por isso e que a paixão pode caracterizar uma qualificadora do crime, mas
nunca um privilégio.

Exemplo: Pedro é casado com sua espoja há 30 anos, e que nunca tive nenhuma
desconfiança sobre a infidelidade de sua esposa. Ao chegar do trabalho em sua
residência, constada que sua espoja estava na cama com um vizinho. Pedro resolve
passar a noite na casa de seu irmão, e pela manha vai até a sua residência, pega seu
revolver e desfere seis disparos com sua arma de fogo em sua esposa.

Atenção: Não confundir o privilégio previsto no art. 121, §1º do CP, com a atenuante
genérica prevista no art. 65, inciso III, alínea “c” do CP. No privilégio, o agente está sob
o domínio de violenta emoção, enquanto na atenuante está sob mera influência. Além
disso, o privilégio tem como requisito a reação imediata, o que não ocorre com a
atenuante.

A redução da pena é facultativa ou obrigatória? Pelo CP, de forma literal, é uma


faculdade. Contudo, de acordo com a doutrina e jurisprudência majoritárias, este “pode”
traduz em poder-dever do juiz. Portanto, é uma redução obrigatória. Órgão judicante
competente para aferir se é privilegiado ou não é o Tribunal do Júri. Esse “poder” se
refere à quantidade de redução da pena.

Atenção: Os motivos que ensejam as razões do privilégio não se comunicam com


eventual coautor ou partícipe, de acordo com o art. 30 do CP (só responde quem tem
vínculo pessoal).

Art. 30 do CP “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,


salvo quando elementares do crime”.

C- Homicídio Qualificado: Quais motivos levaram o legislador a elencar as


qualificadoras do homicídio são as seguintes:

 Revela maior periculosidade ou perversidade do agente do crime;

 Menores condições de defesa do sujeito passivo;

 Grau de reprovabilidade do agente é maior.

 Homicídio qualificado pelo motivo:

Art. 121, § 2°, inciso I do CP “Se o homicídio é cometido: mediante paga ou promessa
de recompensa, ou por outro motivo torpe. Pena - reclusão, de doze a trinta anos”.

 Paga ou promessa de recompensa: Referem-se a aspectos econômicos, de modo


que este homicídio qualificado é chamado de homicídio mercenário, portando
envolve no mínimo a presenta de dois sujeitos ativos, o executor e o sujeito que
“encomendou”.

Segundo o STJ, todos os agentes envolvidos respondem pelo homicídio qualificado,


porque a questão da paga é elementar da modalidade de homicídio qualificado, ainda
que a promessa não tenha sido cumprida, ou a paga não tenha sido efetuada.

Qual a natureza dessa recompensa? Nelson Hungria entendia que a recompensa é


sempre econômica patrimonial. Já o professor Damásio aduz que a lei não distingue (se
a lei não faz distinção, não cabe ao intérprete fazer).

Quais são os exemplos de motivo torpe? Paga ou promessa de recompensa (homicídio


mercenário).

Observação: Na exposição de motivos, no item 38, há o conceito de motivo torpe e


outros exemplos de motivo torpe.

 Motivo torpe é aquele motivo abjeto (que gera indignação, nojo), repugnante etc.
Art. 121, § 2°, inciso II do CP “Se o homicídio é cometido: por motivo fútil. Pena -
reclusão, de doze a trinta anos”.

Segundo o item 38 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal motivo


torpe “é, o motivo que suscita a aversão ou repugnância geral, v.g.: a cupidez, a
luxúria, o despeito da imoralidade contrariada, o prazer do mal, etc”.

 Motivo Fútil: Segundo a exposição de motivos, no item 38, entende-se por fútil
aquilo que detém mínima importância, não sendo causa suficiente para o crime. É a
pequenez, insignificante motivação do crime.

Segundo o item 38 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal Motivo


fútil é aquele que “pela sua mínima importância, não é causa suficiente para o crime”.

Exemplo: matar empregada, porque ela queimou o feijão; discussões de trânsito,


futebol etc.

Atenção: O motivo não pode ser fútil e torpe ao mesmo tempo.

O crime de homicídio sempre é motivado, podendo, no máximo, ser desconhecido.


Salvo, aquele crime praticado por portador de esquizofrenia.

 Homicídio qualificado pelos meios de execução:

Art. 121, § 2°, inciso III do CP “Se o homicídio é cometido: com emprego de veneno,
fogo, explosivo, asfixia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum: Pena - reclusão, de doze a trinta anos”.

 Veneno: é toda e qualquer substância de origem vegetal, animal, mineral que


introduzida no organismo humano pode provocar a morte. Desde que seja
introduzida no organismo da vítima de modo dissimulado, caso contrario,
caracterizaria a tortura.

 Fogo ou explosivo: para está qualificadora o individuo utiliza o fogo para matar sua
vítima.

Exemplo: O sujeito ativo do crime espera sua vítima dormir e coloca fogo na casa do
individuo; Ou coloca uma bomba no veículo de sua vítima.

 Asfixia: em breves palavras é o impedimento (constrição) da função respiratória que


pode se dar de forma mecânica (esganadura, estrangulamento, enforcamento,
sufocação, afogamento, soterramento e imprenssamento ou sufocação indireta “peso
colocado no abdômen”) ou tóxica (confinamento ou uso de gás asfixiante).

 Meio insidioso: dissimulado na sua incidência maléfica;

 Meio Cruel: é aquele meio que impõe ao sujeito passivo um sofrimento


desnecessário.
 Meio que possa resultar perigo comum: é aquele meio que além de resultar o
resultado morte da vítima (dolo de primeiro grau), possa resultar a morte de outras
pessoas (dolo de segundo grau).

 Tortura: é utilizado como da prática do crime.

Atenção: Vale lembrar que a Lei 9.455/97 instituiu a tortura como crime autônomo. A
diferença está no elemento subjetivo do sujeito ativo (dolo do agente). se o agente
emprega a tortura com dolo de matar, há homicídio qualificado pela tortura (homicídio
doloso, crime de competência do júri). se o agente emprega tortura e culposamente
provoca a morte, há crime preterdoloso (dolo na tortura e culpa na morte), que se chama
tortura qualificada pela morte, prevista no art. 1º, §3º da Lei 9.455/97 (competência do
juiz singular).

 Homicídio qualificado modos ou formas de execução:

Art. 121, § 2°, inciso IV do CP “Se o homicídio é cometido: à traição, de emboscada,


ou mediante dissimulação ou outro recurso que dificulte ou torne impossível a defesa
do ofendido: Pena - reclusão, de doze a trinta anos”.

 Traição: existe duas espécies de traição, moral e material.

 Traição moral: é a quebra de confiança.

 Traição material ou física: é aquela que revela ataque abrupto do sujeito ativo
atingindo o sujeito passivo normalmente pelas costas.

 Emboscada: é sinônimo de tocaia (ocultar-se, esconder para surpreender o sujeito


passivo).

 Dissimulação: é o disfarce (esconder do sujeito passivo o desígnio de matar).

 Ou outro recurso que dificulte ou torne impossível à defesa do ofendido:

Exemplo: Sujeito espira alguma coisa nos olhos de sua vítima para facilitar o
cometimento do homicídio.

A surpresa é qualificadora? A surpresa constituirá qualificadora quando figurar como


recurso que torna ou dificulte a defesa do ofendido.

Por que traição, emboscada e dissimulação tornam o homicídio qualificado?


Porque são recursos que dificultam ou tornam impossível a defesa do ofendido.

 Homicídio qualificado pela finalidade:

Art. 121, § 2°, inciso V do CP “Se o homicídio é cometido: para assegurar a execução,
a ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime: Pena - reclusão, de doze a
trinta anos”.
A finalidade é assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro
crime.

Alguns autores chamam essa hipótese de homicídio conexivo, pois haverá conexão
entre o homicídio e outro crime, uma vez que se mata para executar, ocultar, tonar
impune ou obter vantagem de outro crime (não pode ser contravenção).

A finalidade é assegurar a execução, ocultação, impunidade ou vantagem de outro


crime.

Quem pratica crime de homicídio para assegurar algo, não esta agindo de forma
abjeta ou repugnante? Não seria motivação torpe? Sim. Mas então porque há a
previsão do inciso Art. 121, §2º, inciso V do CP? Há duas posições:

1ª Posição: Sustenta que o inciso art. 121, §2º, inciso V do CP configura motivo torpe
e, portanto, este inciso deve ser extinto.

2ª posição: Entende que o art. 121, §2º, inciso V do CP deve ser mantido, porque no
inciso art. 121, §2º, inciso I do CP é utilizado o critério da exemplificação, que é
seguido de uma generalização. Quando o legislador, como faz no inciso I, usa o critério
da exemplificação seguido da generalização, é preciso que o motivo da generalização
guarde similitude com aquele simplificado (o que não ocorre no inciso V).

Atenção: No Direito Penal existem duas espécies de conexão no direito penal


teleológica (lógica) ou consequencial (causal), conexão, nada mais é do que um vinculo,
atrelamento ou liame.

 Conexão teleológica ou lógica: pratica-se homicídio para garantir a execução de


outo crime.

Exemplo: matar o marido para estuprar sua esposa.

 Conexão Consequencial ou causal: suprime a vida para garantir a ocultação,


impunidade ou vantagem de crime que já ocorreu. O homicídio é uma causa do
crime anterior para ocultar, tornar impune ou garantir a vantagem.

O homicídio qualificado pela conexão se caracteriza quando o crime é cometido para


garantir:

 Impunidade: matar a testemunha presencial do crime que sabe ocorrido.

 Ocultação: a finalidade é a de que o crime anterior se mantenha na obscuridade.

 Vantagem: partilha de bens decorrente de crime anterior.

Atenção: O homicídio pode ser qualificado por mais de uma circunstância, como por
exemplo, um homicídio qualificado fútil e praticado com o emprego de veneno. Em
havendo mais de uma qualificadora em crime de homicídio, a primeira o qualifica e as
demais servem como causa de aumento.
O homicídio qualificado, consumado ou tentado, é sempre hediondo. As consequências
da hediondez têm maiores contornos processuais e na execução da pena, do que para o
direito penal.

A premeditação torna o homicídio qualificado? A premeditação, por si só, não torna


o homicídio qualificado, uma vez que não há previsão legal. No entanto, a premeditação
pode acarretar duas consequências:

 A premeditação pode ser levada em consideração quando o juiz for verificar as


circunstâncias judiciais de fixação de pena (art. 59 do CP);

 A premeditação impede a caracterização do homicídio doloso privilegiado pela


violenta emoção.

 Feminicídio:

Art. 121, § 2°, inciso VI do CP “Se o homicídio é cometido: contra a mulher por razões
da condição de sexo feminino: Pena - reclusão, de doze a trinta anos”.

O feminicídio (Art. 121, § 2°, inciso VI do CP) foi acrescentado pela Lei 13.104/15 no
Código Penal, assim como o art. 121, § 2o-A do CP, que foi acrescentado para
esclarecer quando a morte da mulher deve ser considerada em razão da condição do
sexo feminino.

Art. 121, § 2o-A do CP “Considera-se que há razões de condição de sexo feminino


quando o crime envolve: I - violência doméstica e familiar; II - menosprezo ou
discriminação à condição de mulher”.

A incidência da qualificadora reclama situação de violência praticada contra a mulher,


em contexto caracterizado por relação de poder e submissão, praticada por homem ou
mulher sobre mulher em situação de vulnerabilidade.

A qualificadora do feminicídio é subjetiva, pressupondo motivação especial, sendo que


nesta hipótese o homicídio deve ser cometido contra a mulher por razões da condição de
sexo feminino.

Vale ressaltar ainda que a Lei 13.104/15 também acrescentou no art. 121, § 7º do CP,
que é uma majorante que eleva de um terço até a metade a pena do feminicídio, quando
o crime for prática nas hipóteses previstas.

O que é uma pessoa transexual? O transexual pode figurar como vítima do


feminicídio? Segundo Nelson Rosenvald o transexual é aquela pessoa que sofre uma
dicotomia físico-psíquica, possuindo um sexo físico, distinto de sua conformação sexual
psicológica. Em relação ao transexual ser sujeito passivo do feminicídio existe duas
correntes. A corrente conservadora entende que o transexual, geneticamente, não é
mulher (apenas passa a ter órgão genital de conformidade feminina), e que, portanto,
descarta, para a hipótese, a proteção especial. A corrente moderna entende que desde
que a pessoa portadora de transexualismo transmute suas características sexuais (por
cirurgia e modo irreversível), deve ser encarada de acordo com sua nova realidade
morfológica.
 Homicídio institucional:

A Lei 13.142/15 acrescentou o inciso VII no art. 121, § 2º do CP com a finalidade de


tentar prevenir ou diminuir crimes contra pessoas que atuam na área de segurança
pública, pessoas que atuam no front no combate à criminalidade.

Atenção: Quando o crime for praticado contra o cônjuge, ascendente, descendente ou


irmão é necessário que o crime tenha sido praticado em razão da ligação familiar
existente com o agente do sistema de segurança pública.

Art. 121, § 2°, inciso VII do CP “Se o homicídio é cometido: contra autoridade ou
agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em
decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até
terceiro grau, em razão dessa condição: Pena - reclusão, de doze a trinta anos”.

Exemplo: Zé Pequeno mata Mévio, por ser ele é filho do policial Nascimento, o qual
havia prendido seu parceiro de crime Cabeleira. Traficante que mata o Policial Neto,
porque identificou ele como policial do BOPE.

Atenção: Para que caracterize a incidência dessa qualificadora é imprescindível que o


crime tenha sido cometido em razão das funções do agente de segurança pública.

É importante destacar que esta circunstância qualificadora tem natureza subjetiva, que é
incompatível com o privilégio.

D- Homicídio doloso com causa de aumento de pena:

 Homicídio praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço


de segurança, ou por grupo de extermínio:

Art. 121, 6o do CP “A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a metade se o crime for
praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou
por grupo de extermínio”.

Art. 288-A do CP “Constituir, organizar, integrar, manter ou custear organização


paramilitar, milícia particular, grupo ou esquadrão com a finalidade de praticar
qualquer dos crimes previstos neste Código”.

É possível o homicídio doloso ser ao mesmo tempo privilegiado e qualificado


(homicídio híbrido)? Há duas correntes.

1ª Posição (posição minoritária): O homicídio doloso não pode ser privilegiado e


qualificado ao mesmo tempo, pois homicídio privilegiado tem natureza jurídica de
causa de diminuição de pena, bem como por sua disposição técnica legislativa, uma vez
que o art. 121, §1º do CP só se dirige ao caput (homicídio simples), não alcançando o
Art. 121, §2º do CP.
2ª posição (posição majoritária): Sim, é possível o homicídio doloso ser qualificado e
privilegiado ao mesmo tempo, desde que a qualificadora do homicídio seja de natureza
objetiva (art. 121, §2º III e IV do CP).

Atenção: Sendo o homicídio híbrido, a redução da pena recai sobre a pena do


homicídio qualificado. O STF entende que é perfeitamente possível a prática de um
crime de homicídio qualificado privilegiado, porem o privilegio é uma qualificadora
subjetiva (torpe ou fútil), que prepondera sobre as qualificadoras objetivas, o que retira
o caráter hediondo do crime.

 Feminicídio praticado em situações que agravam a pena:

Art. 121, § 7o do CP “A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um terço) até a


metade se o crime for praticado: I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses
posteriores ao parto; II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de 60
(sessenta) anos ou com deficiência; III - na presença de descendente ou de ascendente
da vítima”.

E- Homicídio Culposo:

 Homicídio Culposo Simples: consiste em dar causa a morte de alguém por ato de
imprudência, negligência ou imperícia.

Art. 121, §3º do CP “Se o homicídio é culposo: Pena - detenção, de um a três anos”.

 Homicídio Culposo Agravado:

Art. 121, § 4o do CP “No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 (um terço), se
o crime resulta de inobservância de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não procura diminuir as
conseqüências do seu ato, ou foge para evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o
homicídio, a pena é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado contra pessoa
menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 (sessenta) anos”.

 Homicídio culposo decorrente da inobservância de regra técnica ou profissão,


arte ou ofício: A imperícia caracteriza homicídio culposo e a inobservância
aumenta a pena. Já na imperícia o agente não conhece regra que deveria saber,
enquanto que na inobservância o agente sabe da regra, mas não a aplica.

 Se o agente deixa de prestar imediato socorro à vítima: aumenta a pena do


homicídio culposo por desobediência ao dever de geral de solidariedade. Contudo,
caso demonstre que o agente se omitiu na prestação de socorro para preservar a
própria integridade física ou a própria vida, não se aplica essa circunstância de
aumento de pena.

 Se o agente não procura diminuir as consequências do seu ato: o agente não


executa nenhum tipo de auxílio aos familiares da vítima, a fim de minimizar o
“sentimento de perda”.

Exemplo: O autor do crime não realizou uma missa para os familiares.


 Fuga para evitar prisão em flagrante: é possível prisão em flagrante em crime
culposo? Sim, pois havendo fuga, aplica-se uma causa de aumento. Isso porque com
a fuga arrastam-se provas que poderiam ser angariadas. Por fim, caso fique
comprovado que a permanência do agente geraria qualquer violação à integridade
física ou à própria vida, não se aplica essa causa de aumento.

 Perdão Judicial:

Art. 121, § 5º do CP “Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá deixar de aplicar
a pena, se as consequências da infração atingirem o próprio agente de forma tão grave
que a sanção penal se torne desnecessária”.

O perdão judicial é o instituto pelo qual o juiz, na sentença, depois de reconhecer a


existência do crime, deixa de aplicar pena diante de circunstâncias previstas em lei.

O perdão judicial somente pode ser concedido na hipótese de homicídio culposo. No


homicídio culposo é aplicável o perdão judicial (a lei requer desnecessidade da pena),
porque as consequências do crime na pessoa do sujeito ativo foram devastadoras.

O perdão judicial pode ser reconhecido pela seguinte rubrica: “o juiz pode deixar de
aplicar pena; o juiz não aplicará pena”.

Exemplo: art. 140, §1º, CP “O juiz pode deixar de aplicar a pena: I - quando o
ofendido, de forma reprovável, provocou diretamente a injúria; II - no caso de retorsão
imediata, que consista em outra injúria”.

Qual é a natureza jurídica do perdão judicial? Trata-se de uma causa extintiva da


punibilidade (art. 107, inciso IX do CP).

Art. 107, inciso IX do CP “Extingue-se a punibilidade: pelo perdão judicial, nos casos
previstos em lei”.

A sentença concessiva de perdão judicial tem natureza jurídica declaratória de extinção


da punibilidade, sem nenhum efeito condenatório.

Súmula 18 do STJ “A sentença concessiva do perdão judicial e declaratória da


extinção da punibilidade, não subsistindo qualquer efeito condenatorio”.

Atenção: Quando o homicídio culposo for cometido na direção de veículo automotor


caracteriza a incidência do art. 132 do CTB (Código de Transito Brasileiro) em
detrimento no art. 121, §3º do CP, pois se trata de um conflito aparente de normas,
resolvido pelo princípio da especialidade.

Art. 302 do CTB “Praticar homicídio culposo na direção de veículo automotor: Penas
- detenção, de dois a quatro anos, e suspensão ou proibição de se obter a permissão ou
a habilitação para dirigir veículo automotor”.

O perdão judicial pode ser concedido ao sujeito ativo do homicídio culposo


cometido na direção de veículo automotor (art. 132 do CTB)?
1ª corrente: Entende que não é possível aplicar perdão judicial no homicídio culposo
do CTB, pois há falta de previsão legal neste diploma, bem como em razão do art. 291
do CTB (o perdão para o homicídio está na parte especial do CP).

2ª corrente: Entende que pode, conforme o art. 291 do CTB, pois o instituto jurídico do
perdão está inserido nas normas gerais (causa extintiva da punibilidade), bem como a
norma do art. 302 do CTB é considerada crime remetido. Pois o conceito de homicídio
culposo remete o Código Penal, e no CP é aplicado no perdão judicial.

Art. 291 do CTB “Aos crimes cometidos na direção de veículos automotores, previstos
neste Código, aplicam-se as normas gerais do Código Penal e do Código de Processo
Penal, se este Capítulo não dispuser de modo diverso, bem como a Lei nº 9.099, de 26
de setembro de 1995, no que couber. § 1o Aplica-se aos crimes de trânsito de lesão
corporal culposa o disposto nos arts. 74, 76 e 88 da Lei no 9.099, de 26 de setembro de
1995, exceto se o agente estiver: I - sob a influência de álcool ou qualquer outra
substância psicoativa que determine dependência; II - participando, em via pública, de
corrida, disputa ou competição automobilística, de exibição ou demonstração de
perícia em manobra de veículo automotor, não autorizada pela autoridade
competente; III - transitando em velocidade superior à máxima permitida para a via em
50 km/h (cinqüenta quilômetros por hora). § 2o Nas hipóteses previstas no § 1o deste
artigo, deverá ser instaurado inquérito policial para a investigação da infração penal”.

2.1.5 Conduta Criminosa

A conduta criminosa consiste em “matar”, que é o ato de por fim a vida humana alheia.
Trata-se de crime de forma livre, porque pode ser executado de qualquer maneira (por
ação ou omissão). Quando o crime de homicídio é comissivo (ação), pode ser praticado
por:

 Meios Diretos: são aqueles que atingem a estrutura da pessoa, ceifando sua vida;

 Meios Indiretos: são aqueles que depois de utilizados produzem a morte;

Exemplo: afogamento.

 Patogênicos: por meio de transmissão de moléstia.

2.1.6 Elemento Subjetivo

No homicídio doloso, o elemento subjetivo é o dolo, que consiste na vontade livre e


consciente do sujeito ativo por fim à vida humana alheia (animus necandi). O dolo se
demonstra no estudo da análise das circunstâncias do fato.

O dolo pode ser direto (quando se quer o resultado) ou indireto (quando assume o risco
de produzir o resultado).
2.1.7 Consumação e Tentativa

 Consumação: O momento consumativo ocorre com a morte do sujeito passivo. O


que é morte? Morte, para fins de consumação do crime de homicídio, é a
constatação da impossibilidade absoluta de retorno à vida autônoma com a
paralisação das atividades cerebrais, conforme dispõe o art. 3º da Lei 9.434/97.

Art. 3º da Lei 9.434/97A “A retirada post mortem de tecidos, órgãos ou partes do


corpo humano destinados a transplante ou tratamento deverá ser precedida de
diagnóstico de morte encefálica, constatada e registrada por dois médicos não
participantes das equipes de remoção e transplante, mediante a utilização de critérios
clínicos e tecnológicos definidos por resolução do Conselho Federal de Medicina”.

De acordo com o art. 3º da Lei 9.434/97, para efeitos jurídicos, constata-se a morte com
a ocorrência da morte encefálica (morte cerebral).

 Tentativa: O crime de homicídio comporta tentativa, pois é crime material.

2.2 Participação em suicídio

Art. 122 do CP “Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para


que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão,
de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
Parágrafo único - A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de
resistência”.

Suicídio é matar a si próprio; por fim a própria existência humana. O suicídio e sua
tentativa não é crime.

Por que não se pune a tentativa? Para não gerar um aumento do desgosto pela vida de
quem quer se matar.

Portanto, suicídio é a supressão voluntária e direta da própria vida. Em que pese não
seja criminoso, o suicídio é considerado ato ilícito, conforme se depreende do art. 146,
§3º, II do CP bem como art. 798 do CC/02. É bom notar que nos aspectos religiosos
também o suicídio se mostra ilícito, como por exemplo, os judeus e católicos.

Art. 146, §3º, II do CP “Não se compreendem na disposição deste artigo: a coação


exercida para impedir suicídio”.

Art. 798 do CC/02 “O beneficiário não tem direito ao capital estipulado quando o
segurado se suicida nos primeiros dois anos de vigência inicial do contrato, ou da sua
recondução depois de suspenso, observado o disposto no parágrafo único do artigo
antecedente”.

O art. 122 do CP pune a participação em suicídio, é um titulo sugerido pela doutrina,


para simplificar o nome jurídico que foi dado pelo legislado, de modo que o tipo penal
abrange as condutas de induzir, instigar ou auxiliar alguém ao suicídio.
B- Objetividade Jurídica:

O art. 122 do CP tem como objetividade jurídica tutelar a vida.

C- Sujeitos do Crime:

 Sujeito ativo: qualquer pessoa (crime comum);

 Sujeito passivo: também qualquer pessoa, desde que tenha capacidade para
entender o ato de suicídio e possa ser levado a ele, sob pena de cometer crime de
homicídio.

D- Condutas criminosas: A participação em suicídio é um crime de ação múltipla ou


de conteúdo variado, ou seja, a pratica de mais de uma conduta caracteriza crime único.

 Induzir: é incutir (criar) no pensamento de alguém uma ideia ainda não existente.

 Instigar: é apoiar, reforçar, encorajar ou estimular ideia já existente no pensamento


de alguém.

Segunda a doutrina, nessas duas primeiras condutas (induzir e instigar) existe um


concurso de ordem moral entre sujeito ativo e sujeito passivo.

 Auxiliar: é ajudar materialmente o suicida, nesta hipótese existe um concurso de


ordem física entre sujeito ativo e sujeito passivo.

Agora, para que a conduta auxiliar possa configurar o art. 122 do CP é preciso que o
auxílio (ajuda) seja anterior ao ato de execução do suicídio, uma vez que o auxílio
prestado em ato de execução do suicídio, gera a responsabilidade ao agente pelo crime
de homicídio.
E- Elemento Subjetivo: O elemento subjetivo do suicídio é a vontade livre e
consciente de participar de suicídio alheio.

F- Consumação e Tentativa: O momento consumativo do crime de participação em


suicídio é duplo, ou seja, em duas circunstâncias a participação em suicídio pode se
consumar com a morte do suicida ou se da tentativa do suicídio sofre lesão grave.

Porém, não havendo morte nem lesão corporal grave e, portanto, se dá participação
resulta lesão leve, o fato é atípico.

É possível tentativa de participação em suicídio? É uma questão polêmica.


Magalhães Noronha entende que o crime de participação em suicídio é formado três
condutas (induzir, instigar ou auxiliar). Contudo, somente na conduta auxiliar é que se
pode vislumbrar a figura da tentativa, enquanto que nas outras hipóteses não cabe.

Por outro lado, Paulo José da Costa Júnior, que orienta a posição majoritária, entende
que não há tentativa no crime do art. 122 do CP. Isso porque o momento consumativo é
duplo, bem como não existe previsão de punição de crime tentado no preceito
secundário.

G- Figuras Agravadas:

Art. 122, § único do CP “- A pena é duplicada: I - se o crime é praticado por motivo


egoístico; II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade
de resistência”.

Art. 122 do CP “Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou prestar-lhe auxílio para


que o faça: Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se consuma; ou reclusão,
de um a três anos, se da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave”.

 Motivo egoístico: é aquele que revela desprezo pela vida humana alheia quando se
quer impor interesse próprio sobre interesse de terceiro. Normalmente ocorre
quando há concorrência entre pessoas.

Exemplo: Mévio monta uma barraquinha de cachorro quente em frente ao Damásio, e


ali vende seu produto por dois reais, passados seis meses, Caio, abre uma barraquinha
igual à de Mévio, vendendo o mesmo produzo por um prezo de um real e oitenta
centavos. No entanto Mévio, continua vendendo mais do que Caio, em razão do
cachorro quente ser melhor. Caio durante uma conversa diz que está passando por
dificuldades e que não está conseguindo pagar suas contas, Mévio se aproveitando na
situação diz que Caio deveria cometer suicídio.

 Condições do Suicida: são condições pessoais do sujeito passivo.

 Se a vítima é menor: Segundo a doutrina o suicida, para a caracterização dessa


agravante deve ter idade igual ou maior de 14 e menor de 18 anos.

Atenção: No entanto, esse critério deve ser casuisticamente analisado, pois em algumas
hipóteses a vítima pode ter um desenvolvimento psicológico avançado.

 Se o suicida em diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência:


ainda que seja maior de idade, como por exemplo, na hipótese do semi-imputável e
(art. 26, § único, CP).

Art. 26, § único do CP “A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em
virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou
retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento”.
2.3 Infanticídio

A- Conceito:

Art. 123 do CP “Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o
parto ou logo após: Pena - detenção, de dois a seis anos”.
O infanticídio é modalidade de homicídio privilegiado. Configura homicídio, porque é
matar alguém. Considera-se privilegiado por ter tratamento penal mais benevolente,
bem como levam-se em conta as condições pessoais do sujeito ativo.

Item 40 da Exposição de Motivos da Parte Especial do Código Penal “O infanticídio é


considerado um “delictum exceptum” quando praticado pela parturiente sob a
influência do estado puerperal. Esta cláusula, como é óbvio, não quer significar que o
puerpério acarrete sempre uma perturbação psíquica: é preciso que fique averiguado
ter esta realmente sobrevindo em consequência daquele, de modo a diminuir a
capacidade de entendimento ou de auto-inibição da parturiente. Fora daí, não há por
que distinguir entre infanticídio e homicídio. Ainda quando ocorra a honoris causa
(considerada pela lei vigente como razão de especial abrandamento da pena), a pena
aplicável é a de homicídio”.

Infanticídio é a morte do nascente (está nascendo) ou do neonato (recém-nascido)


provocada pela própria mãe sob a influência do estado puerperal.

B- Objetividade jurídica:

O art. 123 do CP, o qual é nomeado de infanticídio tem como objetividade jurídica a
vida humana do nascente ou neonato.

C- Sujeitos do crime:

 Sujeito ativo: É a mãe que está sob a influência do estado puerperal.

 Sujeito passivo: é o filho na condição de nascente ou neonato.

Atenção: O infanticídio é classificado como crime próprio, porque a lei exige requisito
especial do sujeito, que nesta hipótese é “matar o próprio filho”.

D- Conduta criminosa: A conduta criminosa deste tipo penal é matar (semelhante ao


crime de homicídio), desde que a mãe esteja envolvida pelo estado puerperal.

Estado puerperal significa a loucura emotiva da parturiente (é o conjunto de sintomas


físicos e psíquicos pelo qual passa toda mulher em razão do parto). Toda mulher, sem
exceção, pela ocasião do parto passa pelo estado puerperal.

Tanto é verdade que o estado puerperal existe em toda mulher em trabalho de parto,
pois há decisões jurisprudenciais no sentido de se reconhecer o estado puerperal como
uma presunção.

Atenção: esse estado não retira a capacidade psíquica do sujeito ativo, mas apenas a
diminui.

Qual a diferença entre estado puerperal x psicose x depressão? Psicose puerperal é a


doença mental, que leva a inimputabilidade penal (art. 26 do CP). Ao passo que a
depressão pós-parto configura crime de homicídio.
A conduta matar pode ser durante o parto ou logo após. O parto começa com a ruptura
do saco amniótico e termina com a retirada da placenta. Portanto, para que configure o
crime de infanticídio, é preciso o efetivo início do desprendimento do feto da concepção
uterina.

O estado puerperal avança logo após o parto? Até quanto pode durar o referido
estado? O estado puerperal avança logo após o parto, mas não se sabe o tempo de
duração, que pode variar de mulher para mulher.

Porém, podemos afirmar que está encerrado o crime de infanticídio quando surge o
estado de bonança, que é o estado maternal em que a mulher demonstra os primeiros
sinais de afetividade para com o filho. Após o estado de bonança, qualquer prática
delituosa tendente a suprimir a vida configurará crime de homicídio.
E- Elemento Subjetivo: Trata-se de crime doloso, que consistente na vontade livre e
consciente de matar o próprio filho durante ou logo após o estado puerperal.

O elemento volitivo (dolo) é compatível com o crime em estudo, pois somente há


diminuição da capacidade de entendimento da parturiente.

Atenção: Não existe infanticídio culposo, porque não há previsão em lei.


F- Consumação e Tentativa: O momento consumativo do crime de infanticídio é a
morte encefálica do sujeito passivo (nascente ou neonato), em decorrência do estado
puerperal.

Assim como no homicídio doloso, da mesma forma cabe tentativa no crime de


infanticídio.
G- Participação de terceiro: Terceira pessoa, juntamente com a mãe, que está em
estado puerperal, concorre para a morte do sujeito passivo. Nessas circunstâncias há três
orientações:

 A mãe responderá por infanticídio, assim como o terceiro, conforme o art. 30 do CP


(por ser circunstância pessoal e elementar do crime).

Art. 30 do CP “Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal,


salvo quando elementares do crime”.

 A mãe responde por infanticídio e o terceiro por homicídio, pois o infanticídio é


crime próprio e personalíssimo, a ele não podendo aplicar a norma do art. 30 do CP,
porque o estado puerperal é condição personalíssima da gestante.

 A mãe responde por infanticídio e o terceiro responde também pelo art. 123 do CP,
se não concorreu na pratica dos atos de execução da morte do sujeito passivo.

Exemplo: Terceiro induz a morte do nascente ou neonato.


Se um terceiro juntamente com a genitora em estado puerperal concorrer na prática de
atos de execução da morte do sujeito passivo ele responderá por homicídio e a genitora
por infanticídio.

Qual é a melhor posição? É a primeira, porque é embasada no art. 30 do CP.

Matar o filho de outrem, sob o estado puerperal, configura crime de infanticídio?


Eventualmente pode caracterizar sim, na hipótese de ter cometido erro quanto à pessoa,
nesta situação o sujeito ativo responde pelo crime como se tivesse matado o próprio
filho.

Matar o próprio filho, não recém-nascido, em estado puerperal, configura crime


de infanticídio? Eventualmente pode sim, mas na qualidade de infanticídio putativo.
2.4 Aborto
2.4.1 Introdução

A- Conceito: A doutrina faz uma crítica à denominação do crime, porque não deveria
chamar aborto, mas abortamento, uma vez que aborto é produto do abortamento. Ocorre
que a crítica não prosperou, porque houve inúmeras reformas no CP sem nenhuma
alteração.

Aborto advém de ab ortus, que significa privação do nascimento. Aborto é a interrupção


da gravidez com a morte do produto da concepção (nem todo aborto é criminoso).

Atenção: O aborto criminoso é o provocado.

Portanto, aborto é a provocação da interrupção de uma gravidez normal, em qualquer de


suas fases, com a morte do produto da concepção, ainda que não ocorra a expulsão, seja
o feto normal ou anormal.

Observação: Gravidez normal é a gravidez uterina (é a gravidez que deve ser normal, e
não o produto dela), porque quando a gravidez é anormal pode ensejar o aborto
necessário.

Quais são as fases da gravidez? Ovo, embrião e feto.

Provocado o aborto, para que ocorra a materialização deste crime há necessidade


de que o organismo expulse o produto da concepção? O entendimento majoritário é
no sentido de que é dispensável a expulsão natural do produto da concepção para
caracterizar a prova material do crime de aborto. Isso porque, pode ocorrer um de dois
fenômenos:

 Reabsorção do produto da concepção pelo próprio organismo da mulher: aborto


provocado na primeira fase (fase do ovo);

 Petrificação ou mumificação do produto da concepção: fase embrionária ou fetal.


B- Elementos Subjetivo: O aborto tem como objetividade jurídica dolo (não existe a
figura culposa).

Atenção: O art. 129, §2º, V do CP prevê a figura da lesão corporal dolosa gravíssima,
cujo resultado é o aborto. Esta modalidade é a única hipótese em que o resultado de um
crime preterdoloso é imputado ao sujeito ativo a título de culpa.

C- Objetividade Jurídica: É a vida humana em formação, cujo início para fins de


aborto ocorre com o fenômeno da nidação.

Observação: Na hipótese do art. 125 do CP, além da vida humana em formação, a


tutela penal também recai sobre a integridade física da gestante.

Art. 125 do CP “Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão,


de três a dez anos”

D- Sujeitos do Crime:

Regra geral, aborto é crime comum (sujeito ativo pode ser qualquer pessoa). Porém, na
hipótese do art. 124 do CP o aborto é classificado como crime próprio.

Art. 124 do CP “Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos”.

O sujeito passivo é o produto da concepção (lembrar que na hipótese do art. 125 do CP


a gestante também aparece como sujeito passivo).
E- Conduta: Provocar é a conduta criminosa básica no crime de aborto, provocar no
sentido de promover, produzir, realizar, dar causa à interrupção de gravidez.

O Aborto é crime de forma livre, isto é, o meio empregado para provocar o aborto deve
ser meio idôneo, porque crendices populares, desde que não haja contato invasivo na
gestante, não são meios idôneos.

A pílula do dia seguinte também não é considerada atividade abortiva, mas meio
anticonceptivo. Os meios empregados para provocar o aborto podem ser: meios físicos
(agulha) e meios químicos (citotec).

É possível aborto por omissão? Sim. Como por exemplo, o médico (apaixonado e
abandonado) detentor do dever de agir para com a gestação, dolosamente deixa de agir,
resultando na morte do feto.
F- Consumação e Tentativa: O momento consumativo é a morte do produto da
concepção (morte intrauterina). Trata-se de crime material e, portanto, cabe tentativa
(inicia-se a prática do aborto, não se consumando por circunstâncias alheias à vontade
do agente).

2.4.2 Modalidades de Aborto:


A- Auto aborto:

Art. 124 do CP “Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Pena - detenção, de um a três anos”.

O auto aborto é a única modalidade de aborto classificada como crime próprio, cujo
sujeito ativo é a gestante ou terceiro.

No auto aborto, é possível a caracterização da coautoria ou só da participação


criminosa? O art. 124 do CP não admite coautoria, mas somente participação
criminosa.

Isso porque, o coautor do art. 124 será autor (sujeito ativo) do art. 125 ou 126 do CP,
dependo da validade do consentimento da gestante (a grávida responderá pelo art. 124
do CP).

Também é a única modalidade de aborto que comporta duas condutas criminosas:


provocar e consentir.

 Provocar: é realizar as manobras abortivas.

 Consentir: é concordar, aquiescer, autorizar que outrem provoque aborto. Esse


consentimento é ato unilateral da gestante, e para que produza efeito jurídico é
preciso que ele seja válido.

Os requisitos do consentimento da gestante estão dispostos no art. 126, parágrafo único,


CP (ao contrário do que lá está escrito): a gestante deve ser maior de 14 anos, não ser
alienada ou débil mental e seu consentimento deve ser livre e espontâneo.

O consentimento pode ser revogado? Sim. Sendo revogado, qual o efeito jurídico?
Depende. Para saber as consequências jurídicas, devemos verificar o momento em que
terceiro poderá responder pelo art. 125 do CP.

Desse modo, a revogação do consentimento para produzir efeito jurídico deve ocorrer
até o momento que antecede a primeira manobra abortiva na pessoa da gestante.

B- Aborto provocado por terceiro:

 Sem o consentimento da gestante:

Art. 125 do CP “Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão,


de três a dez anos”.

 Com o consentimento da gestante:

Art. 126 do CP “Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão,


de um a quatro anos. Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a
gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o
consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência”.
C- Aborto Qualificado:

Art. 127 do CP “As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um
terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a
gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer
dessas causas, lhe sobrevém a morte”.

O que torna o aborto qualificado? É o resultado dele decorrente na pessoa da


gestante, nos termos do art. 127 do CP (resultado morte ou lesão corporal grave).

Qual o alcance do aborto qualificado? Ele é aplicável para todas as modalidades de


aborto? Não, somente se aplicando às modalidades de aborto sem ou com
consentimento da gestante (art. 125 e 126 do CP) – aborto praticado por terceiro. No art.
124 do CP, além da figura da gestante, pode haver a figura do partícipe.

Assim, segundo o prof. Damásio: Caso a gestante venha morrer em consequência do


aborto, o partícipe responderá pela prática do art. 124 do CP em concurso com o art.
121, §3º do CP.

Caso a gestante sofra lesão corporal, o partícipe responderá pela prática do art. 124 do
CP em concurso com o 129, §6º do CP.

Pedro tem um relacionamento extraconjugal com Maria. Maria engravida e comunica


Pedro. Pedro, não conformado, procura uma clinica que realiza tal procedimento e
marca a sua realização. Posteriormente, Maria comparece no local por livre e
espontânea vontade, é João realiza os procedimentos abortivos.

Nesta hipótese, Maria responde pela prática do art. 124 do CP. Pedro como participe da
prática do art.124 do CP e João pela prática do art. do CP 126.

D- Aborto Legal:

 Aborto Legal:

Art. 128, I do CP “Não se pune o aborto praticado por médico: se não há outro meio
de salvar a vida da gestante”.

O aborto terapêutico (aborto necessário) visa preservar a vida da gestante. Nesta


hipótese, a gravidez põe em risco a vida da gestante, necessitando de uma terapia
(interrupção da gestação).

Se há dois bens jurídicos vida (produto da concepção e da gestante), por que o


legislador privilegiou a vida da gestante (parideira)? Isso se deve, porque ela pode
gerar outros filhos.

Mas e se ela não puder mais gerar? Ela pode ter filho antecedente que precise do
cuidado maternal.

E se ela não tem filho? Mesmo que não possa gerar nem ter filho, ela tem o direito de
exercer a maternidade por meio do instituto da adoção.
Essa modalidade de aborto não precisa de autorização (consentimento) da gestante,
porque o aborto é necessário (o juízo de valor é do profissional – médico ou não). Sendo
médico, haverá isenção total de responsabilidade penal. Contudo, caso não seja médico,
a conduta estará acobertada pelo estado de necessidade (art. 24 do CP).

 Aborto humanitário: é realizado quando a gravidez é oriunda de estupro.

Art. 128, II do CP “Não se pune o aborto praticado por médico: se a gravidez resulta
de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de
seu representante legal”.

Quais são as razões pelas quais o legislador tornar permitida essa


prática abortiva?

 Não se pode impor à mulher uma obrigação de carregar uma


gravidez decorrente de crime de estupro, sob pena de impor a ela
grave terror psicológico, podendo desencadear a ocorrência do estado
puerperal.

 Todo estuprador tem, no mínimo, um pequeno desvio de


personalidade. Assim sendo, a fim de impedir que o desvio possa ser
transmitido pela hereditariedade, permite-se a prática abortiva
nessas circunstâncias.

Atenção: O aborto humanitário somente pode ser praticado por médico.


A doutrina entende que o médico deve se certificar que a gravidez
decorre de crime de estupro.

Se a própria gestante realiza o autoaborto, ela pode ser punida pelo art.
124, CP.

Uma mulher de 20 anos que se diz vítima de estupro e venha a


enganar o médico, que realiza nela o aborto. Passado alguns meses,
descobre-se que não houve estupro. Nesta hipótese, qual a
responsabilidade de ambos?

R= O médico não será responsabilizado, pois agiu em estado de erro


(erro exclui o dolo), ao passo que a gestante responderá pelo art. 124,
CP.

O consentimento da gestante é imprescindível no caso de aborto


sentimental para que o médico possa praticar a interrupção da
gravidez. Porém, se a vítima for menor de idade, o consentimento deve
ser feito pelo representante legal.
Uma moça de 13 anos de idade, vítima de estupro. Há divergência
entre os representantes quanto à prática do aborto. O que
prevalece?

R= Entende-se que prevalece a opinião daquele que concorda com o


aborto, pois tal entendimento está em consonância com o disposto em
lei.

Imagine que a mulher estupre um homem. Em razão dessa prática


venha a engravidar. A mulher sujeito ativo do crime de estupro,
que contraia gravidez, pode se beneficiar do art. 128, II, CP?

R= Não, porque o art. 128 do CP foi concebido (criado) em benefício da


mulher vítima de estupro, bem como existe um pensamento jurídico
que ninguém pode se beneficiar da própria torpeza.

Aborto eugênico: É aquele provocado (criminoso) pela absoluta


inviabilidade do produto da concepção.

O aborto eugênico pode ser realizado? Há duas orientações.


Inicialmente, a gestante deve requerer ao juízo a interrupção da
gravidez.
O juiz pode deferir o pedido de interrupção do processo gestacional com
fundamento na excludente de culpabilidade (inexigibilidade de conduta
diversa).

Por outro lado, o juiz negar, pois isso é aborto, em razão de ausência de
pressuposto legal (as decisões que negam a interrupção da gravidez têm
como fundamento na inexistência de amparo legal).

 Aborto do Feto anencefálico: é aquele que é desprovido de cérebro.


O STF, em 2012, decidiu que a interrupção da gravidez cujo feto é
anencefálico é fato atípico, pois este não tem vida humana (feto
anencefálico é “morto cerebral”).

Constatado que o feto é anencefálico, somente o médico pode retirar o


produto da concepção.

Se o agente provocador souber que a gravidez é múltipla, haverá


concurso formal homogênio. se desconhecer de tal situação, será crime
único.

Observação: Se houver manobras abortivas sem dolo, a gestante


responderá por lesão corporal, pois não existe aborto culposo.

É importante ressaltar que o anúncio de meio abortivo caracteriza


contravenção penal (art. 20, LCP).
3. LESÃO CORPORAL

3.1 Introdução

A- Conceito:

Lesão é ofensa à integridade corporal ou à saúde, isto é, todo ou


qualquer dano ocasionado à funcionalidade do corpo humano, quer do
ponto de vista anatômico ou do ponto de visto fisiológico ou mental (é o
dano à estrutura física e psíquica de alguém).

A Lesão Corporal é a ofensa à integridade corporal ou a saúde de


outrem.

Atenção: O crime de lesão corporal sempre deixa vestígio, que podem


ser visíveis ou sensíveis. Ao deixar vestígio, é indispensável exame de
corpo de delito. A lesão corporal, em regra, decorre de ato de
agressividade. Mas é possível alguém praticar ato de agressividade e
não caracterizar lesão.

Exemplo: ato de empurrão.

O ato praticado com agressividade sem lesão, ausente a figura da


tentativa de lesão, caracteriza contravenção penal de viasde fato (art.
21, LCP).

B- Objeto Jurídico: É a integridade física e psicológica (mental) das


pessoas (bens indisponíveis).

C-Objeto Material:

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: crime comum (pode ser praticada por qualquer


pessoa).

 Sujeito Passivo: É o ser humano vivo (pode ser qualquer pessoa).


Nas modalidades lesão corporal do art. 129, §1º, IV do CP e art. 129,
§2º, V do CP, o sujeito passivo só pode ser mulher grávida.

Autolesão (lesionar a si próprio) caracteriza o crime previsto no art.


129 do CP?

Não, uma vez que o dispositivo requer ofensa à integridade corporal ou


a saúde de outrem. No entanto, é importante ressaltar que a auto lesão
praticada com a finalidade obter indevida vantagem (seguro),
caracteriza uma modalidade de Estelionato.

Nem toda lesão corporal é criminosa, porque existem as lesões


corporais permitidas. Quais são as lesões corporais permitidas?

R= A lesão corporal decorrente de forma natural da prática esportiva e


as lesões corporais decorrentes de intervenção cirúrgica ou
odontológica.

F- Elementos do tipo objetivo: É a conduta consubstanciada no verbo


ofender no sentido de provocar, dar causa, ensejar a lesão corporal.
Trata-se de crime de forma livre, pois pode ser praticado por ação ou
omissão.

G- Elementos do tipo subjetivo: A lesão corporal, da mesma forma


que o crime de homicídio, pode ser dolosa ou culposa, porque o Código
Penal faz essa previsão.

H- Consumação e Tentativa: O crime está consumado com a


ocorrência da lesão, ou seja, com a constatação do dano à normalidade
anatômica ou fisiológica do indivíduo.

Existe um pensamento inexpressivo de que não há tentativa de lesão


corporal, porque ela implica na contravenção de vias de fato
consumada. Contudo, a doutrina majoritária entende que é possível
tentativa de lesão corporal, pois há a possibilidade de não se ofender a
integridade física de outrem decorrente de circunstâncias alheias à
vontade do agente.

A chamada tentativa branca ou incruenta de lesão corporal é aquela


que não provoca nenhuma lesão.

Exemplo: disparo de tiros sem qualquer lesão. Trata-se de crime


material que deixa vestígio.

3.2 Modalidades de Lesão

A- Lesão Corporal de Natureza Leve: é aquela que não é grave, ou


seja, e é aquela que não se amolda a nenhuma outra modalidade de
lesão.

O art. 88 da Lei 9.099/95 prevê a ação penal do referido crime e de


ação penal pública condicionada à representação, exigindo, portanto, a
representação do ofendido ou do seu representante legal.
Art. 88 da Lei 9.099/95 “Além das hipóteses do Código Penal e
da legislação especial, dependerá de representação a ação
penal relativa aos crimes de lesões corporais leves e
lesões culposas”.

O STF entende que é possível aplicar o princípio da insignificância ao


crime de lesão corporal de natureza leve. O referido princípio tem a
finalidade de afastar a tipicidade material da conduta do agente, pela
presença dos seguintes requisitos:

 Mínima ofensividade da conduta do agente;

 Nenhuma periculosidade social da ação criminosa;

 Reduzido grau de reprovabilidade da conduta;

 Inexpressiva lesão ao bem jurídico tutelado.

B- Lesão Corporal de Natureza Grave:

O que torna a lesão ser classificada como leve, grave ou


gravíssima? É a consequência dela decorrente na pessoa do sujeito
passivo no delito. Vejamos a lesão de natureza grave.

Art. 129, § 1º do CP “Se resulta: I - Incapacidade para as


ocupações habituais, por mais de trinta dias; II - perigo
de vida; III - debilidade permanente de membro, sentido ou
função; IV - aceleração de parto: Pena - reclusão, de um a
cinco anos”.

 Incapacidade para as ocupações habituais, por mais de trinta


dias: Incapacidade é a impossibilidade de exercer ocupações
habituais. Ocupação habitual é toda atividade costumeira do sujeito
passivo do crime corporal, não se restringindo ao trabalho.

Como se faz a prova da lesão corporal nessa modalidade? Ela é feita


por meio de dois laudos médicos (perícia): Laudo por ocasião da lesão e
o Laudo complementar (art. 168, §2º do CPP). Este laudo deve ser feito
no 31º após o fato criminoso.

Art. 168, §2º do CPP “Se o exame tiver por fim precisar a
classificação do delito no art. 129, § 1o, I, do Código
Penal, deverá ser feito logo que decorra o prazo de 30
dias, contado da data do crime”.

Atenção: É a única das modalidades de lesão corporal que necessita de


dois laudos. A jurisprudência tem admitido uma elasticidade na
realização do laudo complementar (não precisa ser exatamente no 31º
dias após o crime). Porém, quando feito muito após o fato, o laudo se
torna imprestável para a classificação como lesão corporal grave por
incapacidade para as ocupações habituais por mais de 30 dias.

 Perigo de vida: A lei protege a vida (e não a morte). Perigo de vida é


a probabilidade real e concreta do êxito letal.
O perigo de vida não pode ser presumido em nenhuma hipótese, nem
pelos meios utilizados, nem pele sede das lesões na estrutura corpórea
do sujeito passivo. Isso porque, perigo de vida decorre de diagnóstico,
e não de prognóstico (depende de laudo pericial médico descritivo do
perigo de vida).

 Debilidade permanente de membro, sentido ou função:

 Membro: são as partes do corpo humano ligadas ao tronco;

 Sentido: é a forma de percepção das coisas do mundo exterior


(visão, audição, olfato, paladar e tato);

 Função: atividade própria do corpo humano.

 Debilidade permanente: é o enfraquecimento ou redução de


capacidade, que não seja possível estimar o tempo de recuperação.

Observação: Esta modalidade de lesão deve ser estudada em conjunto


com o art. 129, §2º, III do CP (perda ou inutilização de membro, sentido
ou função).

Determinados sentidos ou funções podem ser exercidos por órgãos


duplos. Ocorrendo a inutilização de somente um dos órgãos duplos
(mesmo havendo perda de um e permanecendo o outro íntegro), a lesão
é grave, pois houve debilidade (e não perda ou inutilização).

Exemplo: rim, olho.

 Aceleração de parto: O sujeito passivo só pode ser a mulher


grávida. A doutrina entende que não deveria a lei dizer “aceleração”,
mas antecipação de parto em razão da lesão provocada em
gestante.

Para a sua caracterização é preciso que ocorra a expulsão do feto com


condições de vida extrauterina, sob pena de incidir em crime de aborto.

O sujeito ativo desse crime precisa ter conhecimento da gravidez? Sim,


conforme o art. 19 do CP. É preciso que o sujeito ativo tenha
conhecimento da gravidez, uma vez que não se pode imputar ao agente
se ao menos não praticou o crime culposamente.
Art. 19 do CP “Pelo resultado que agrava especialmente a
pena, só responde o agente que o houver causado ao menos
culposamente”.

C- Lesões corporais “gravíssimas”: A expressão gravíssima decorre da


doutrina, e não da lei.

Art. 129, §2° do CP “Se resulta: I - Incapacidade permanente para o


trabalho; II - enfermidade incurável; III perda ou inutilização do
membro, sentido ou função; IV - deformidade permanente; V - aborto:
Pena - reclusão, de dois a oito anos”.

 Incapacidade permanente para o trabalho: Quanto à incapacidade


e à permanência, elas têm a mesma compreensão do art. 129, §1º, I
do CP. O trabalho é conceituado como o exercício de toda e qualquer
atividade laboral com fim lucrativo.

Para a caracterização dessa modalidade é preciso que a lesão seja


com relação ao trabalho específico do sujeito passivo ou para
qualquer lesão? Há polêmica. Contudo, a corrente majoritária é no
sentido de que a lesão deve ser permanente para qualquer trabalho. O
âmbito de incidência dessa norma é restrito, porque se deve incapacitar
para todo e qualquer TRABALHO.

 Enfermidade incurável ou provavelmente incurável: Quanto às


lesões de maior gravidade, também não é o projeto coincidente com a
lei atual, pois que: a) separa, como condições autônomas ou por si
sós suficientes para o reconhecimento da maior gravidade, a
"incapacidade permanente para o trabalho" ou "enfermidade certa ou
provavelmente incurável".

Enfermidade incurável é todo e qualquer processo patológico que não


tem cura ou cuja cura depende de tratamento médico experimental ou
cirurgia de alto risco.

Exemplo: transmissão de AIDS.

 Perda ou inutilização de membro, sentido ou função: A perda


pode ocorrer mediante mutilação (golpes) ou amputação
(procedimento cirúrgico).

Na inutilização, o membro continua ao corpo, porém inútil.

Caracteriza crime de lesão corporal se resultar no homem a


impotência?

R= Seja qual for a impotência (generandi ou coeundi), configura lesão


gravíssima, em razão da atividade funcional sexual masculina. Por
outro lado, a mulher vítima de lesão corporal que resulta no
rompimento de hímen é considerada lesão corporal de natureza leve.

 Deformidade permanente: Deformidade permanente é o defeito


visível em qualquer parte do corpo que provoca vexame ao portador e
desagrado ao observador. Para que isso ocorra são necessários
alguns critérios de apoio em laudo médico.

Observação: A jurisprudência orienta que o laudo descritivo da lesão


venha acompanhado com foto para o juiz avaliar a lesão. As condições
pessoais do sujeito passivo devem ser consideradas para efeito de se
aferir as deformidades.

Exemplo: Lesão no artista.

O uso de prótese, disfarce e submissão à cirurgia plástica


descaracteriza a deformidade permanente?

R= Há polêmica. A maioria da doutrina sustenta que não faz


desaparecer a deformidade no agente. No entanto, prof. Damásio
entende que a deformidade desaparece.

A Tatuagem constitui lesão corporal gravíssima (deformidade


permanente)?

R= A tatuagem é um adorno que a pessoa de forma consciente se


submete. Existe um precedente de que a tatuagem feita em menor de
18 anos, sem consentimento dos responsáveis, configura o art. 129,
§2º, CP.

 Aborto: A única hipótese em que o aborto é imputado a título de


culpa é o resultante de lesão corporal – chamado aborto
preterdoloso.

D- Lesão corporal seguida de morte:

Art. 129, §3º do CP “Se resulta morte e as circunstâncias


evidenciam que o agente não quis o resultado, nem assumiu o
risco de produzi-lo: Pena - reclusão, de quatro a doze
anos”.

A morte não é admitida em nenhuma hipótese pelo sujeito ativo da


lesão (é o grau intermediário entre homicídio culposo e o doloso).

Na hipótese do "homicídio preterintencional", para reconhecer-se um


grau intermédio entre o homicídio doloso e o homicídio culposo; mas tal
denominação, em face do conceito extensivo do dolo, acolhido pelo
projeto do Código Penal, torna-se inadequada: ainda quando o evento
"morte" não tenha sido, propriamente, abrangido pela intenção do
agente, mas este assumiu o risco de produzi-lo, o homicídio é doloso.

A morte, nesta modalidade de crime, é atribuída ao sujeito ativo a título


de culpa.
Qual a diferença entre essa modalidade de crime e o crime de
homicídio culposo?

R= No homicídio culposo, o ato que antecede a morte pode ser


penalmente irrelevante, ao passo que na lesão corporal seguida de
morte, o ato que antecede a morte é um crime doloso.

Atenção: A Lesão Corporal seguida de morte não admite tentativa.

E- Lesão corporal privilegiada:

Art. 129, §4° do CP “Se o agente comete o crime impelido


por motivo de relevante valor social ou moral ou sob o
domínio de violenta emoção, logo em seguida a injusta
provocação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um
sexto a um terço”.

As mesmas condições que tornam o homicídio doloso privilegiado,


também podem tornar a lesão corporal dolosa privilegiada (alcança a
lesão leve, grave, gravíssima e seguida de morte).

O art. 129, §5º do CP é um dispositivo que não é mais aplicável, em


decorrência da previsão do art. 44, §2º, CP, que oferece regramento
mais benéfico ao condenado.

Art. 129, § 5° do CP “O juiz, não sendo graves as lesões,


pode ainda substituir a pena de detenção pela de multa, de
duzentos mil réis a dois contos de réis: I - se ocorre
qualquer das hipóteses do parágrafo anterior; II - se as
lesões são recíprocas”.

F- Lesão corporal culposa:

Art. 129, §4° do CP “Se a lesão é culposa: Pena - detenção,


de dois meses a um ano”.

Caracteriza-se esse crime o ato de ofender a integridade corporal ou a


saúde de outrem em por imprudência, negligência ou imperícia.

Sendo culposa a lesão corporal, independe a gravidade (leve, grave ou


gravíssima) para fins de enquadramento. Nesse caso, a gravidade da
lesão só terá um efeito: fixação de pena.
A lesão corporal culposa é tratada no artigo 129, § 6º do CP. Em
consonância com a lei vigente, não se distingue, aqui, entre a maior ou
menor importância do dano material (gravidade da lesão).

No entanto, a pena é especialmente agravada nas mesmas hipóteses de


incidência dos §§ 4o e 6o do art. 121 do CP.

Art. 121, § 6 do CP “No homicídio culposo, a pena é


aumentada de um terço, se o crime resulta de inobservância
de regra técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o
agente deixa de prestar imediato socorro à vítima, não
procura diminuir as consequências do seu ato, ou foge para
evitar prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a
pena é aumentada de um terço se o crime é praticado contra
pessoa menor de quatorze ou maior de sessenta anos”.

Deve notar-se que o caso de multiplicidade do evento lesivo (várias


lesões corporais, ou várias mortes, ou lesão corporal e morte),
resultante de uma só ação ou omissão culposa, é resolvido segundo a
norma genérica do § 1º do artigo 51 do CP.
Observações

A lesão corporal culposa admite o instituto do perdão judicial (art. 129,


§8º do CP).

Art. 129, §8º do CP “Aplica-se à lesão culposa o disposto


no § 5º do art. 121”.

Atenção: As mesmas circunstâncias que aumentam a pena do


homicídio culposo, também aumentam a pena da lesão corporal
culposa.

G- Lesão Corporal decorrente de Violência Doméstica:

Essa modalidade de lesão corporal decorrente de violência doméstica


não se confunde com a Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha).

Art. 129, §9º do CP “Se a lesão for praticada contra


ascendente, descendente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou
com quem conviva ou tenha convivido, ou, ainda,
prevalecendo-se o agente das relações domésticas, de
coabitação ou de hospitalidade: Pena - detenção, de três
meses a três anos”.

O § 9 do art. 129 tem como objetividade jurídica tutela a integridade


físico-psíquica, tranquilidade e harmonia familiar. É visa proteger a
família decorrente de parentesco (ascendente, descendente, irmão) ou
de coabitação (cônjuge, companheiro) ou conviva ou tenha convivido.
Para caracterizar a lesão corporal decorrente de convivência pretérita é
preciso que a lesão tenha sido motivada pelo fato pretérito.
Art. 129, §10 do CP “Nos casos previstos nos §§ 1 a 3 deste
artigo, se as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste
artigo, aumenta-se a pena em um terço”.

Art. 129, § 11 do CP “Na hipótese do § 9 deste artigo, a


pena será aumentada de um terço se o crime for cometido
contra pessoa portadora de deficiência”.

4. PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE

4.1 Introdução

A- Conceito: crime de perigo é aquele que se reputa consumado


quando a ação ou omissão revela a simples possibilidade de dano ou a
saúde de alguém – não há necessidade de ofensa real à saúde de
outrem.

B- Perigo Individual: é aquele que tem no sujeito passivo pessoa


individualizada de forma correta.

Segundo o Prof. Mirabete “há crime de perigo individual quando


o fato se relaciona a uma ou mais pessoas determinadas”.

 Perigo Concreto: é aquele que a situação de perigo para a vida ou


saúde do sujeito passivo precisa ser demonstrada.

Segundo o Prof. Mirabete crime de perigo concreto “exige a


demonstração de ter o fato causado realmente a situação de
probabilidade de dano”.

 Perigo Abstrato: aquele que a situação de perigo para a vida ou


saúde do sujeito passivo não precisa ser demonstrada, ela decorre do
próprio fato em si.

Segundo o Prof. Mirabete crime de perigo abstrato e aquele que a


“[...] lei presume ser o fato perigoso, independentemente
da comprovação do risco no caso concreto, tendo em vista
que a experiência demonstrou ser ele um fator de criação de
probabilidade de lesão ao bem jurídico”.

B- Perigo comum: é aquele em que o sujeito passivo é identificado.

Os crimes de perigo são considerados SUBSIDIÁRIOS em relação ao


crime de dano, porque só tem autonomia quando não integra ou não faz
parte de crimes mais grave.

O crime é subsidiário quando ao ler o Código Penal no preceito


secundário está descrito “se o fato não constitui crime mais grave”.
O conceito de perigo é extraído da exposição: é aquele que se reputa
consumado quando a ação ou omissão revela a simples possibilidade de
dano ou a saúde de alguém – não há necessidade de ofensa real à saúde
de outrem.

4.2 Crimes em Espécie

4.2.1 Perigo de Contágio Venéreo

A- Conceito:

Art. 130 do CP “Expor alguém, por meio de relações sexuais


ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia venérea,
de que sabe ou deve saber que está contaminado: Pena -
detenção, de três meses a um ano, ou multa”.

B- Objeto Jurídico: é a saúde da pessoa humana.

C-Objeto Material: e a pessoa que mantém a relação com quem está


contaminado.

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: deve ser pessoa contaminada por doença


sexualmente transmissível.

 Sujeito Passivo: qualquer pessoa.

F- Elementos do tipo objetivo: prática de relações sexuais ou de


qualquer ato libidinoso, presume-se o perigo.

G- Elementos do tipo subjetivo: é o dolo, vontade de praticar o ato


sexual, expondo a vítima a perigo.

Observação: Para a caracterização do crime o sujeito ativo tenha


conhecimento da contaminação ou que deva saber que está
contaminado com a moléstia venérea.

H- Consumação e Tentativa: o crime se consuma com a pratica do ato


sexual, independentemente da contaminação.

A tentativa é admissível. Trata-se de crime plurissubsistente é possível


a tentativa desde que haja dolo.

I- Modalidades:

 Simples: e a exposição, pela pratica de relações sexuais ao contagio


de doença venérea.
 Qualificada:

Art. 130, § 1º do CP “Se é intenção do agente transmitir a


moléstia: Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa”.

Segundo Guilherme de Souza Nucci “Se a vontade do agente é


transmitir a doença, caso obtenha sucesso, atingindo formas
mais graves de lesão, deverá responder por lesão grave ou
gravíssima e até por lesão corporal seguida de morte,
conforme o caso”.

J- Ação Penal: trata-se de crime de ação penal pública condicionada a


representação.

4.2.2 Perigo de Contagio de Moléstia Grave

A- Conceito:

Art. 131 do CP “Praticar, com o fim de transmitir a outrem


moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
produzir o contágio: Pena - reclusão, de um a quatro anos,
e multa”.

B- Objeto Jurídico: é a saúde da pessoa humana.

C-Objeto Material: é a pessoa que foi contagiada ou que sofreu o risco


de ser.

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: deve ser pessoa contaminada por doença grave


contagiosa.

 Sujeito Passivo: qualquer pessoa.

F- Elementos do tipo objetivo: é a pratica de qualquer ato capaz de


transmitir a moléstia grave.

G- Elementos do tipo subjetivo: é o dolo na vontade de praticar o ato


capaz de transmitir a moléstia grave (dolo de dano).

H- Consumação e Tentativa: A consumação ocorre com a prática do


ato capaz de transmitir a moléstia, independente do resultado
naturalístico.

4.2.3 Perigo para a vida ou saúde de outrem

A- Conceito:
Art. 132 do CP “Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
direto e iminente: Pena - detenção, de três meses a um ano,
se o fato não constitui crime mais grave”.

B- Objeto Jurídico: é a vida ou saúde de qualquer pessoa, coloca em


risco pela conduta dolosa do agente.

C-Objeto Material: é a pessoa que corre o risco.

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: qualquer pessoa.

 Sujeito Passivo: qualquer pessoa cuja vida ou saúde é posta em


risco pela conduta do agente. Deve ser pessoa ou pessoas
determinadas.

Atenção: A criação de um risco para pessoas indeterminadas pode


constituir o crime de perigo comum.

F- Elementos do tipo objetivo: A conduta típica é criar por qualquer


meio uma situação em que a vida ou saúde de outrem fique exposta a
perigo.

G- Elementos do tipo subjetivo: trata-se de crime doloso, onde o


agente quer o perigo ou assume o risco de produzi-lo.

H- Consumação e Tentativa:

I- Modalidade Majorada:

Art. 132, § único do CP “A pena é aumentada de um sexto a


um terço se a exposição da vida ou da saúde de outrem a
perigo decorre do transporte de pessoas para a prestação de
serviços em estabelecimentos de qualquer natureza, em
desacordo com as normas legais”.

4.2.4 Abandono de Incapaz

A- Conceito:

Art. 133 do CP “Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,


guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer motivo,
incapaz de defender-se dos riscos resultantes do abandono:
Pena - detenção, de seis meses a três anos”.

B- Objeto Jurídico: vida e saúde.


C-Objeto Material: é a pessoa que sofre o abandono. Segundo o Prof.
Mirabete “tem como objetivo zelar pela segurança daqueles
que mais dificuldades têm para se defender”.

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: é aquele que tem o dever de zelar pela vítima. Trata-
se de delito próprio, exigindo-se uma relação de dependência entre o
sujeito ativo e a vítima do abandono.

 Sujeito Passivo: pessoa de qualquer idade, desde que incapaz,


colocada sob resguardo de outrem.

F- Elementos do tipo objetivo: A conduta típica é abandonar, que


significa deixar sem assistência, desamparar e largar.

 Modalidade omissiva: o sujeito passivo deixa de prestar os cuidados


que o incapaz necessita.

 Modalidade comissiva: na hipótese em que a vítima é levada e


abandonada em um lugar, onde é exposta a uma situação de perigo.

G- Elementos do tipo subjetivo: trata-se de crime doloso, consistente


na vontade de abandonar a vítima, ciente de que por ela é responsável e
do perigo que pode correr.

H- Consumação e Tentativa: o crime se consuma com o risco correndo


pelo ofendido. Eventualmente pode configurar a tentativa, na hipótese
do crime ser cometido na modalidade comissiva, porém é controverso.

I- Modalidades:

 Simples: art. 133 “caput” do CP.

 Qualificada:

 Lesão grave:

Art. 133, § 1º do CP “Se do abandono resulta lesão corporal


de natureza grave: Pena - reclusão, de um a cinco anos”.

 Morte:

Art. 133, § 2º do CP “Se resulta a morte: Pena - reclusão,


de quatro a doze anos.

 Majorada:
Art. 133, § 3º do CP “As penas cominadas neste artigo
aumentam-se de um terço: I - se o abandono ocorre em lugar
ermo; II - se o agente é ascendente ou descendente,
cônjuge, irmão, tutor ou curador da vítima. III – se a
vítima é maior de 60 anos”.

4.2.5 Exposição ou Abando de Recém-Nascido

A- Conceito:

Art. 134 – “Expor ou abandonar recém-nascido, para ocultar


desonra própria: Pena - detenção, de seis meses a dois
anos”.

Art. 134, § 1º do CP “Se do fato resulta lesão corporal de


natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos”.

Art. 134, § 2º do CP “Se resulta a morte: Pena - detenção,


de dois a seis anos”.

B- Objeto Jurídico: tem a finalidade de resguardar a vida e a


integridade física psíquica do recém nascido.

C-Objeto Material: é o recém-nascido.

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: trata-se de crime próprio que somente pode ser


cometido pela mãe e pelo pai, para ocultar desonra própria.

 Sujeito Passivo: é o recém nascido.

F- Elementos do tipo objetivo:

 Expor: colocar em perigo, retirando a pessoa do seu lugar habitual


para leva-la a ambiente hostil;

 Abandono: é largar ou deixar de dar assistência pessoal ao recém


nascido.

G- Elementos do tipo subjetivo: trata-se de crime doloso.

H- Consumação e Tentativa: o crime se consuma com a prática do ato


de exposição ou abandono, independente do resultado.

I- Modalidades:

 Simples: art. 134, caput do CP.


 Qualificada:

Art. 134, § 1º do CP “Se do fato resulta lesão corporal de


natureza grave: Pena - detenção, de um a três anos”.

Art. 134, § 2º do CP “Se resulta a morte: Pena - detenção,


de dois a seis anos”.

4.2.6 Omissão de Socorro

A- Conceito: Consiste em deixar de prestar assistência a quem


necessita quando possível fazê-lo sem risco físico à própria pessoa.

Art. 135 do CP “Deixar de prestar assistência, quando


possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou
extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o
socorro da autoridade pública: Pena - detenção, de um a
seis meses, ou multa”.

B- Objeto Jurídico: É a vida ou a saúde da pessoa que está em


situação na qual precisa de auxílio de outra pessoa.

C-Objeto Material: é a pessoa inválida ou ferida em situação de


desamparo ou de perigo.

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: qualquer pessoa.

 Sujeito Passivo: pessoa invalida ou ferida, criança abandonada ou


extraviada.

F- Elementos do tipo objetivo:

 Deixar de prestar assistência: é toda forma de auxílio ou socorro


adequado (deve ser analisado no caso concreto);

 Não pedir socorro à autoridade pública: é caracterizado pela falta


de comunicação.

G- Elementos do tipo subjetivo: é dolo, consistente na vontade de não


prestar assistência, podendo fazê-lo sem risco pessoal, ou na
impossibilidade desta, de não pedir auxilio.

H- Consumação e Tentativa: o crime se consuma quando o agente


deixa de agir. Trata-se de crime omissivo próprio puro. Não há que se
falar em tentativa.
I- Modalidade majorada:

Art. 135, § único do CP “A pena é aumentada de metade, se


da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e
triplicada, se resulta a morte”.

4.2.7 Condicionamento de atendimento médico-hospitalar


emergencial

A- Conceito: É a exigência de qualquer tipo de garantia ou a criação de


entrave burocrático para atendimento de saúde emergencial.

Art. 135-A do CP “Exigir cheque-caução, nota promissória ou


qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de
formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial: Pena - detenção,
de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa”.

O referido crime foi inserido no CP pela Lei 12.653, de 28 de maio de


2012. Constitui modalidade de omissão de socorro imprópria ou
imperfeita, porque não é crime omissivo, mas crime praticado por meio
de ação (comissão) na qualidade de exigir garantia econômica ou
entrave administrativo.

Atenção: essa expressão “condicionamento” pode ser resumida da


seguinte forma: impor condição para prestar socorro a alguém que
necessita (é uma forma de omitir socorro, porque se impõe condições
para se prestar socorro).

B- Objeto Jurídico: É a vida ou a saúde.

C- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: trata-se de crime próprio, porque só pode ser sujeito


ativo a atendente de hospital detentora de competência
administrativa do poder de exigir garantia ou entrave burocrático.

Este estabelecimento hospitalar em que se exige a garantia econômica


deve ser da rede particular, onde a prestação de serviço é feita mediante
contraprestação. Isso porque na rede pública, não se pode exigir
contraprestação, uma vez que o serviço hospitalar é gratuito, sob pena
do funcionário, ao exercer a ação de exigir, incida no crime de
concussão (art. 316 do CP). Porém, caso o funcionário da rede pública
imponha entrave burocrático responderá pelo crime art. 135-A do CP.

 Sujeito Passivo: é a pessoa que necessita de atendimento médico-


hospitalar emergencial.
Diz-se emergencial todo atendimento que exige rápida intervenção
médica ou hospitalar, sob pena de agravar a situação ou estado de
saúde do sujeito passivo.

D- Elementos do tipo objetivo: “Exigir” significa impor, ordenar ou


compelir garantia econômica ou entrave burocrático como condição
para atendimento médico-hospitalar emergencial.

E- Elementos do tipo subjetivo: crime doloso.

F- Consumação e Tentativa: Trata-se de crime formal, consumado


com a simples exigência da garantia ou preenchimento de formulário. A
tentativa em tese é possível, caso a exigência seja por escrito e esta não
chegue ao conhecimento do sujeito passivo em razão de circunstâncias
alheias à sua vontade.

G- Modalidade agravada:

Art. 135-A, § único do CP “A pena é aumentada até o dobro


se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de
natureza grave, e até o triplo se resulta a morte”.

4.2.8 Maus Tratos

A- Conceito:

Art. 136 do CP “Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa sob sua


autoridade, guarda ou vigilância, para fim de educação, ensino,
tratamento ou custódia, quer privando-a de alimentação ou cuidados
indispensáveis, quer sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado,
quer abusando de meios de correção ou disciplina: Pena - detenção, de
dois meses a um ano, ou multa”.

B- Objeto Jurídico: é a incolumidade da pessoa. Tem por objetivo punir


os abusos correcionais e disciplinares de que a expõem a perigo.

C-Objeto Material:

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo: trata-se de crime próprio, deve existir uma relação


jurídica preexistente entre o sujeito passivo e o ativo, como por
exemplo, o titular de guarda ou vigilância.

 Sujeito Passivo: qualquer pessoa que se acha sob autoridade,


guarda ou vigilância do agente, como por exemplo, os filhos,
tutelados, curatelados, alunos, aprendizes ou empregados.
F- Elementos do tipo objetivo: é expor a perigo ou saúde da vítima
pelo abuso voluntário do agente, que deveria exercer sua autoridade ou
poder de correção e disciplina com prudência e moderação.

G- Elementos do tipo subjetivo: é dolo.

H- Consumação e Tentativa: o crime se consuma-se com a criação do


perigo. A tentativa é possível, na forma comissiva, quando o agente é
impedido de praticar o ato.

I- Modalidades:

 Qualificada:

 Lesão grave:

Art. 136, § 1º do CP “Se do fato resulta lesão corporal de


natureza grave: Pena - reclusão, de um a quatro anos.

 Morte:

Art. 136, § 2º do CP “Se resulta a morte: Pena - reclusão,


de quatro a doze anos.

 Majorada:

Art. 136, § 3º do CP “Aumenta-se a pena de um terço, se o


crime é praticado contra pessoa menor de 14 anos”.

5. RIXA

A- Conceito:

B- Objeto Jurídico:

C-Objeto Material:

D- Sujeitos do Crime:

 Sujeito Ativo:

 Sujeito Passivo:

F- Elementos do tipo objetivo:

G- Elementos do tipo subjetivo:

H- Consumação e Tentativa:
I- Modalidades:

 Simples:

 Qualificada:

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