Você está na página 1de 2

PRECARIZAÇÃO DA UNIVERSIDADE PÚBLICA:

Um dos marcos de uma nação independente é a autonomia na produção de seu conhecimento,


exemplo disso é que nenhum dos chamados países desenvolvidos abrem mão de seus Cen-
tros de Pesquisa e realizam altos investimentos nos mesmos. Em nosso país, as Universida-
des Públicas são os principais (se não os únicos) centros de pesquisa responsáveis por de-
senvolver estudos e pesquisas de ponta em todas as áreas do conhecimento. No entanto, a
universidade pública brasileira vem passando pelo momento mais difícil de sua historia e
podemos afirmar que desde a ditadura-militar em diante, tem havido o aprofundamento
da precarização e o abandono dos nossos maiores centros de pesquisa, que ano
após ano, são responsáveis por formar milhares de profissionais
de excelente qualidade.
Este projeto de abandono (sucateamento, congelamento nos investimentos e
não financiamentos por parte do Estado etc), é fruto de uma política educacional que visa apenas servir às leis do
mercado e se traduz no aligeiramento dos currículos, na precarização da estrutura das universidades, redução do
quadro de trabalhadores/as (com a não realização de concursos) e a consequente terceirização/privatização das
“atividades-meio” da universidade (segurança, limpeza e manutenção), a piora na estrutura dos Restaurantes Universi-
tários (lembremos dos recentes escândalos com direito a insetos, larvas e pedras nas refeições do nosso R.U), nos Hos-
pitais Universitários, enfim, resultando na transformação destes centros de pesquisa que são as Universidades Públicas,
em meras “prestadoras de serviços” das multinacionais, utilizando assim a mão de obra quase gratuita dos/das estu-
dantes.
Tudo isto aprofundou-se como consequência da crise política, social, econômica e moral do Estado brasileiro,
servo de seus verdadeiros patrões internacionais (Banco Mundial, FMI etc) tem entregado toda a estrutura das univer-
sidades a sucata e com isso, abandonando toda e qualquer possibilida-
de de desenvolvimento autônomo de nosso país. Na lista de universida-
des que já apresentam falência, temos grandes centros de pesquisa co-
mo UNIFESP, UFES, UnB, UFSM, UFPB, UFPEL, UFPR, UFPI, UFRJ, UFAC e
UFMG que já informaram a quase impossibilidade de manter seu fun-
cionamento regular e buscam de todas as formas, reduzir os custos para
chegar até o fim de cada ano.

Nossa universidade, a UFAM, também caminha no mesmo rumo,


ainda que a reitoria busque de toda forma manter um aparente es-
tado de “tranquilidade”, e fazendo sigilo sobre a dificuldade
financeira da instituição. Nos últimos anos a universidade vem redu-
zindo crescentemente os custos com instalações e melhorias na infra-
estrutura, diminuindo a quantidade bolsas de Assistência e Permanência Estudantil e por vezes atrasando repas-
ses às empresas terceirizadas/prestadoras de serviço. A forma utilizada pra encobrir a atual situação são as
“campanhas” como a “UFAM eu Cuido!” e a intensa propaganda em torno de realizações e projetos pouco rele-
vantes, assim como a inauguração de obras que sequer foram concluídas, por exemplo, o HUGV (Hospital Uni-
versitário Getúlio Vagas), as Casas do Estudante no interior, além de silenciar sobre o total abandono das
obras na Casa do Estudante na capital ■
... UM BREVE HISTÓRICO DO DCE E SUAS ‘GESTÕES’ PASSADAS:
O Diretório Central dos Estudantes (DCE), espaço importante de representação da comunidade estudantil, tem uma
historia marcada pela defesa de nossa Universidade e possui desde sua fundação, uma trajetória de manifestações, gre-
ves, ocupações e importantes lutas estudantis no Amazonas, porém, na ultima década, com a ação e aparelhamento das
juventudes de partidos eleitoreiros, o DCE se transformou num mero “trampolim político”, principalmente para grupos como
a UJS (ligada ao PCdoB) e JPSDB (ligado aos tucanos do PSDB) e entre tantas outras. Tal situação (de aparelhamento,
dívidas, oportunismos eleitorais), levou o DCE-UFAM a ser totalmente inexistente e irrelevante na vida da comunidade es-
tudantil em geral, abandonando gradativamente as lutas e reivindicações estudantis, transformando-se num fantasma da
qual os estudantes só conhecem por nome ou quando alguns saem se auto-proclamando “gestão”, “diretoria” ou mesmo
querendo realizar eleições relâmpago (sem, nem mesmo consultar minimamente a imensa comunidade estudantil que te-
mos). De maneira pontual podemos fazer uma retrospectiva dos últimos anos do DCE-UFAM:
2007/2008: A gestão denominada “Na pressão pelas mudanças” vinculada à UJS, foi a gestão que se calou peran-
te os escândalos do “Mensalão” e apoiou as medidas e contrarreformas educacionais impostas pelo governo Lula. Esse
mesmo grupo foi o responsável pelo fim do Festival Universitário de Música (FUM), que se deu com a posterior terceiriza-
ção e privatização do evento.
2008/2009: Nesse período foi realizada pela 2ª vez a votação através de urna eletrônica. A chapa “Um Novo Ru-
mo” venceu a eleição com uma expressiva votação, todavia, um dia após a vitória, um dos líderes do movimento declarou
em entrevista a um dos maiores jornais de Manaus que a gestão era alinhada ao partido DEM. A coisa piora quando o
deputado Pauderney Avelino disse que a “vitória da chapa era a vitória de seu partido”. Isso gerou uma indignação ge-
ral que em seguida levou à expulsão do membro da chapa e metade dos membros da gestão deixaram os cargos nos
primeiros meses de mandato.
2009/2010: A gestão intitulada de “DCE Novo - Nós Podemos” era de membros da JSB/PSB. Essa gestão ficou seis
meses a mais no mandato de forma ilegal e só teve fim porque vários centros acadêmicos decidiram encerrá-la em um
CEB em agosto de 2010. Nesse mesmo ano, foi realizado o XXII CEUFAM graças à articulação dos Centros Acadêmicos.
2011/2012: “Da unidade vai nascer a novidade - SOS DCE-UFAM” foi a gestão que surgiu da aliança entre a UJS
e PSDB, “eleita” graças ao fato de ter introduzido nas urnas votos a mais que a lista de votantes possuía. Essa prática fun-
ciona quando a Comissão Eleitoral (CE) é conivente e auxilia neste tipo de fraude. A gestão buscou ‘se perpetuar’, não
convocando um novo processo eleitoral. Também neste ano foi realizado o XXIII CEUFAM (ultimo a ser realizado) devido a
pressão e articulação dos Centros Acadêmicos.
2014 – Após muitos debates entre os/as estudantes, as eleições se realizam, porém, repleta de irregularidades, co-
mo os membros da UJS ‘se passando’ por diretoria de Centros Acadêmicos. Essa eleição foi vencida pela chapa “Mudar
para avançar” da juventude do PSDB, com apoio de partidos como o DEM.
2015 – Ano de greve das Universidades, as eleições se realizam em meio a grande agitação política, com várias
manobras fraudulentas da Comissão Eleitoral que era controlada por estudantes da UJS, que em acordo com o grupo do
PSDB, efetivaram o processo com base na violência, e desta eleição resultou a vitoria da chapa “A mudança continua” vin-
culada ao grupo do PSDB.
2016 – Novamente, a UJS e grupos de direita como o PSDB, DEM e “EPL” literalmente se unem pra realizar as elei-
ções, mesmos com os estudantes denunciando os problemas e as irregularidades verificadas desde à composição da comis-
são eleitoral. Foi um dos maiores golpes na história do Movimento Estudantil na UFAM. Ainda que tenham sido realizadas
as eleições, os Centros Acadêmicos por decisão unanime anularam o pleito, tornando ilegítima a gestão “Viração – UJS”
que até pouco tempo se auto-proclamava atual gestão do DCE-UFAM.
2017 – Período em que os Centros Acadêmicos que anularam o pleito não reconhecem a gestão e os que legitima-
ram mantiveram-se em completo silencio, entretanto, tomando pra si o nome e o uso da entidade.
2018 – Durante todo este período e até aqui, a auto-proclamada “diretoria” nada fez e agora, poucos meses antes
das eleições gerais no país, decidiram “que era hora” de realizar eleições para o DCE. Não temos dúvidas que o objetivo
destes grupos, é apenas continuar o aparelhamento da entidade e em época de eleições, usar o DCE como palanque
eleitoral e boca de urna nos espaços da Universidade.

O Congresso (CEUFAM) é o único espaço verdadeiramente democrático em que o conjunto dos/das estudantes po-
dem debater os problemas e dificuldades que enfrentam na Universidade, bem como a organização de suas lutas
para enfrentá-los. Para que o Congresso possa ser de fato um espaço coletivo de debates e ação da comunidade es-
tudantil, é fundamental que sua construção seja democrática e participativa. O Congresso que propomos será organi-
zado “pela base”, envolvendo todos e todas em seu debate e construção. Para isso, precisa ser diferente, com uma
comissão organizadora aberta a todas que tenha pauta, temas, metodologia, formato discutidos e definidos por to-
dos/as. Precisamos debater sobre a péssima qualidade das nossas linhas de ônibus e integração, o serviço ruim do
R.U, o corte nas bolsas de Assistência Estudantil e de Permanência, casos de assédio e abuso contra alunas e alunos,
o abandono nas obras da Casa do Estudante, entre tantos outros problemas que jamais serão resolvidos com meras
eleições e continuísmos de grupos políticos que há décadas parasitam o Movimento Estudantil na UFAM. Convida-
mos todas e todos para discutir conosco sobre a ideia do Congresso e fortalecer nesta luta,
avançando na construção de um novo movimento estudantil. Junte-se a nós! #CEUFAM

Você também pode gostar