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DE DEPÓSITO
Obs.:
1ª) Nos casos em que não há previsão de remuneração,
nem a guarda é realizada como atividade mercantil, a
entrega de uma gratificação ao depositário não
caracteriza uma bilateralidade do negócio.
2ª) O depósito somente será personalíssimo quando se
tratar de contrato gratuito, pois, sendo oneroso, não há
vinculação intuitu personae.
3ª) O depósito é válido se celebrado por escrito ou
verbalmente, contudo, a comprovação efetiva da existência
do depósito impõe a forma escrita.
Importância da forma escrita:
a) Demonstrar a onerosidade;
b) Fixação de termo para restituição;
c) Para fins de ajuizamento de ação de depósito, pois a
petição inicial deve ser instruída com a prova literal da
relação jurídica (CPC, art. 311, inc. III e p.ú.), ou seja,
contrato ou outro documento escrito que demonstre a
ocorrência da tradição. A ausência do instrumento
escrito retira do depositante o direito de se valer da
tutela de evidência.
Objeto do depósito
O sistema jurídico brasileiro somente admite o
depósito de bens MÓVEIS. CRÍTICA: não há razão
específica para a vedação legal, inclusive há prática
reiterada de nomeação judicial de depositário para
bens de raiz (imóveis) que servem de objeto a uma
execução.
Também podem ser objeto de depósito bens
incorpóreos, materializados, p. ex., em títulos
representativos, como ações de empresas e
apólices.
O depósito convencional deve recair também sobre
bens INFUNGÍVEIS, não obstante,
excepcionalmente, admita-se o depósito de bens
fungíveis, apelidado DEPÓSITO IRREGULAR, que
está submetido à disciplina jurídica do mútuo (art.
645).
Elementos do depósito irregular:
a) Material: transferência do bem fungível para o
consumo do depositário;
b) Anímico ou subjetivo: a intenção de constituir
um benefício, uma vantagem econômica para o
depositário.
Atenção: segundo o STJ, há hipótese de depósito
regular (e não irregular) no caso do armazenador
que comercializa a mesma espécie de bens dos que
mantém em depósito, pelo quê deve conservar
fisicamente em estoque o produto submetido à sua
guarda, do qual não pode dispor sem autorização
expressa do depositante. Disciplina legal própria,
que distingue o depósito regular de bens fungíveis
em estabelecimento cuja destinação social é o
armazenamento de produtos agropecuários do
depósito irregular de coisa fungível, que se
caracteriza pela transferência da propriedade para
o depositário.
Obs.: se o objeto depositado foi entregue
fechado, colado, selado ou lacrado, neste mesmo
estado deve ser mantido e devolvido (art. 630),
em atenção aos deveres de sigilo, lealdade e
respeito. A inexecução do dever de abstenção,
salvo autorização expressa do depositante,
determinará responsabilidade civil, mesmo que
a coisa não venha a sofrer qualquer dano.
ATENÇÃO: não haverá responsabilidade civil se
eventual dano for justificado em nome da
proteção do próprio depositário ou da ordem
pública.
Semelhanças
DEPÓSITO IRREGULAR MÚTUO
Depositário pode Mutuário pode
alienar ou consumir o alienar ou consumir o
que recebeu. que recebeu.
A devolução é de
A devolução é de
coisa de igual gênero,
quantidade e coisa de igual gênero,
qualidade. quantidade e
Exs.: depósito qualidade.
bancário, depósito de Exs.: empréstimo de
grãos e sementes. dinheiro.
Diferenças
DEPÓSITO IRREGULAR MÚTUO
É feito no interesse do É realizado no interesse
depositante. do mutuário.
O depositário não O mutuário tem o seu
poderá incluir os bens patrimônio acrescido
depositados em seu
ativo, pois deverá pelo empréstimo, com a
restituí-los a qualquer obrigação de restituir
tempo, mantendo o no prazo contratado ou
equivalente no termo legal.
permanentemente à
disposição do
depositante.
Local de restituição do bem
O local de restituição do bem (fungível ou
infungível) será o estipulado no contrato;
se nada for dito, será o do depósito.
Consignação em pagamento
Caberá ao DEPOSITANTE as despesas decorrentes
da restituição da coisa. Se se recusar a recebê-la ou
a pagar os custos, caberá CONSIGNAÇÃO EM
PAGAMENTO. Também justifica a consignação a
impossibilidade de manter a guarda e custódia da
coisa, em razão de evento exógeno, superveniente à
contratação (CC, 635) – caso de ONEROSIDADE
EXCESSIVA em face do depositário, acarretando a
resolução antecipada, porém, justificada, da
relação contratual, sem perdas e danos.
Depósito no interesse de terceiro
(CC, 632)
Hipótese de estipulação em favor de terceiros (CC,
436/438).
Permite-se ao depositante efetuar a entrega da
coisa ao depositário no interesse de terceiro e não
em proveito próprio.
Derrogação da relatividade contratual, pois o
depositário assumirá obrigações perante uma
pessoa que não integrou a relação negocial.
Ex.: depositante administrador de bens alheios.
Venda do bem depositado pelo
herdeiro do depositário
Segundo o art. 637, o herdeiro do depositário que, de
boa-fé, vendeu a coisa depositada é obrigado a
assistir (CPC, 119) o depositante na reivindicação e a
restituir ao comprador o preço recebido.
Provada a má-fé do herdeiro será responsabilizado por
perdas e danos tanto ao depositante quanto perante o
adquirente.
Tendo o herdeiro doado a coisa a terceiro, constatada a
sua boa-fé, nada indenizará ao adquirente, pois não se
pode reclamar por evicção em contratos gratuitos (CC,
447).
Se o bem alienado vier a se perder ou inutilizar, sem
culpa do terceiro adquirente, caberá ao herdeiro
indenizar o depositante pelo seu valor.
Profa. Helen Karina Amador Campos – helenk.campos@gmail.com
Este material foi produzido com base em anotações pessoais de
aulas, referências e trechos de doutrinas, informativos de
jurisprudência, enunciados de súmulas, artigos de lei, anotações
oriundas de questões, entre outros.
Atualizado até 05/2018