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Abscesso Pulmonar | Emerson Casimiro 2017.

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ETIOPATOGENIA

 ASPIRATIVAS
 A partir de material séptico proveniente da boca e/ou vias aéreas
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE – UFCG superiores, esôfago ou estômago:
HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ALCIDES CARNEIRO – HUAC  Gengivites, cáries dentárias, piorreia, sinusites, amigdalites,
PNEUMOLOGIA - TRANSCRIÇÃO corpo estranho.
ABSCESSO PULMONAR  Vômitos ou regurgitação observados em períodos de
inconsciência, como nos alcoólatras, estados epilépticos,
diabéticos, traumas cranioencefálicos, acidentes vasculares
DEFINIÇÃO cerebrais, anestesia geral.
 Doenças do esôfago: megaesôfago, tumores, estenoses,
 Doença infecciosa pulmonar supurativa (produção de secreção), com divertículos, hérnia de hiato, ondas de incoordenação motora
presença de lesão cavitária (com necrose) maior que 2 cm e com nível nos idosos.
líquido contendo pús no interior.  Fatores que interferem na deglutição: distúrbios neurológicos,
 Lesão cavitária menor que 2 cm é considerada pneumonia necrotizante. myasthenia gravis, tumores na orofaringe, laringe e
traqueostomizados.
 É mais frequente em homens do que em mulheres (4:1), acometendo em
uma idade média entre 30-50 anos.
 É mais frequente nas camadas mais pobres em indivíduos expostos à  PÓS PNEUMÔNICOS
higiene bucal precária (com dentes em mau estado de conservação) e ao  Por Klebsiella e Sthaphylococus
alcoolismo.
 Dada essa epidemiologia, o abscesso pulmonar primário é uma condição  OBSTRUTIVAS
rara em crianças e idosos sem dentes.  Tumores endobrônquicos, corpo estranho, tampões mucosos
brônquicos, compressões brônquicas extrínsecas (linfonodos,
aneurisma, cistos).
CLASSIFICAÇÃO
 POR VIA HEMÁTICA
 A partir de septicemias bacterianas, embolia pulmonar com infarto,
 Únicos ou múltiplos
manipulações urológicas e genitais.
 Unilateral ou Bilateral
 Agudo ou Crônico
 POR CONTIGUIDADE
 Primário por aspiração
 A partir da extensão de processo inflamatório infradiafragmático,
 Secundário por obstrução brônquica
como abscesso subfrênico, abscesso amebiano hepático.
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 OUTRAS  Hipocratismo digital.


 Trauma torácico (contusões, hematomas), sequestro pulmonar, cisto
brônquico, cisto hidático, pneumotocele, bolhas.  Exame Físico:
 Dentes em mal estado de conservação ou faltando elementos
dentários.
HISTÓRIA NATURAL
 Estertores creptantes;
 Submacicez à percussão;
 Após broncoaspiração, por exemplo, devido a um rebaixamento do nível  Sopro cavitário.
de consciência, os germes localizados na boca ou vias aéreas superiores
alcançam o pulmão.
DIAGNÓSTICO
 Iniciam-se, então, os primeiros sintomas: tosse, febre, perda ponderal
(pouco intensa no início)...
 Entre 1-2 semanas do início do quadro, estabelece-se a inflamação, com  O diagnóstico é clínico, radiológico e laboratorial.
supuração local e produção de muita secreção.
DIAGNÓSTICO RADIOLÓGICO
 Se o abscesso abrir para um brônquio, a secreção é eliminada sob a forma
de vômica, de odor característico, notadamente fétido e com cheiro de  Observa-se uma grande opacidade acinar contendo cavitação com nível
anaeróbios. hidroaéreo no interior. Deve-se, pois, fazer diagnóstico diferencial com
 Se após 4 semanas o abscesso não for diagnosticado e devidamente tratado Tuberculose. No entanto, na tuberculose há outros pontos disseminados.
ou se ele não abrir para o brônquio, ocorrerá a cronificação do abscesso,  Os locais mais frequentes são os locais de drenagem: geralmente quando
com paredes mais espessas. Nessa fase acentua-se a perda ponderal e ocorre a aspiração o paciente encontra-se deitado, sendo mais provável o
ocorre o desenvolvimento do baqueteamento digital. lado direito, na porção posterior dos lobo superiores ou nas porções
superiores dos lobos inferiores.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

 As principais manifestações clínicas são:


 Febre;
 Calafrios;
 Dor torácica: geralmente os abscesso iniciam-se na periferia, e ao
atingir a pleura, causa dor torácica pleurítica, ventilatório-
dependente.
 Tosse: seca ou secretora (quando ocorre abertura do abscesso para
o brônquio - vômica)
 Emagrecimento;
 Halitose;
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 Pneumonias necrotizantes / Staphylococus : a parede é menor e a


extensão da opacidade também é menor.

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
 Hemograma: evidencia leucocitose
 Pesquisa do Bacilo de Koch (BK), fungos e células neoplásicas é
imprescindível
 Pesquisa gram: Quando na pesquisa gram ou cultura ocorrer flora mista, é
indicativo de abscesso, visto que os anaeróbios, principais agentes no
abscesso pulmonar, não crescem nas culturas normais que são em
aerobiose.
 Cultura de escarro tem pouco valor na prática clínica
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL  Hemocultura: reservadas para abscessos graves e por não respondedores.
À direita, neoplasia BRONCOSCOPIA
pulmonar. À
 É o exame de endoscopia respiratória.
esquerda, TB
pulmonar.  Quase sempre se utiliza no abscesso pulmonar: nos abscessos menos
graves, indíviduos jovens, não fumantes pode-se abrir mão.
 Afasta outros diagnósticos
 Coleta de material para a análise bacteriológica ou citologia oncótica.
 Retirada de debris, aspiração do material necrótico e ajuda na drenagem
do abscesso: muitas vezes os abscessos não estão abertos para o
brônquio, com paredes resistentes, podendo causar broncoestenose, não
sendo possível drenar ou tratar por antibiótico (não consegue penetrar).
 Broncoestenose.
 Corpo estranho: ocorre principalmente em crianças.
 Deve-se fazer diagnostico diferencial para:
 Carcinoma brônquico cavitado: principalmente em grandes COMPLICAÇÕES
tabagistas
 Tuberculose pulmonar  Êmbolos sépticos para o cérebro ou outras regiões: condição rara
 Cisto congênito  Fístula broncopleural: podendo desenvolver um empiema pleural
 Bolha pulmonar infectada: ocorre nos indivíduos enfisematosos,  Empiema
com DPOC.  Piopneumotórax: derramamento simultâneo de pus e ar na pleura.
 Granulomatose Wegner ou outras: podem causar cavitações.  Hemoptise: lise de vasos
 Micoses pulmonares
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 Inundação da árvore traqueobrônquica: pela lise dos vasos, sendo  Também pode ser feita a drenagem por via broncoscópica, em que é
necessário, em muitos casos, tratamento cirúrgico. colocado o cateter fogarty no abcesso através do nariz ou da parede
torácica.
 Em casos piores pode ser feita a intervenção cirúrgica com retirada do
TRATAMENTO
abcesso ou até do lobo inteiro (pneumostomia – retirada de um lobo
inteiro acometido).
 Após avaliação clínica e radiológica deve-se iniciar o tratamento empírico. TRATAMENTO CIRÚRGICO
 O curso terapêutico deve ser longo: dura mais do que o tratamento das
pneumonias normais devido aos aspectos da parede (mais resistente),
durando 14-21 dias.  O tratamento cirúrgico pode ser desde uma simples drenagem torácica
 Fisioterapia respiratória. até uma toracotomia para pneumostomia.
 Drenagem postural: ajudar a expectorar.  Alguns achados tem valor preditivo negativo para o tratamento clínico,
 O tratamento é geralmente ambulatorial. tendo que fazer a intervenção cirúrgica. Esses achados são:
 Tempo de evolução maior que 6 semanas.
 Espessamento da parede mais de 6 cm.
 Evidência de broncoestenose, que não consegue desfazer pela
broncoscopia.
 Cavidades necróticas gigantes.
 Germes multirresistente que não respondem ao tratamento
medicamentoso.
 Hemoptise recorrente e significativa com risco de morte.

 O mais utilizado é a Clindamicina. Antes dela era muito utilizada a


Penicilina G cristalina
FRACASSO TERAPÊUTICO

 Ocorre em 11 a 21% dos casos, geralmente porque o abcesso ficou


crônico.
 Nesses casos algumas técnicas podem ser usadas. Uma delas drenagem
percutânea por tomografia computadorizada ou ultrassom.

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