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Farmacocinética:
absorção, distribuição, metabolização e
excreção de fármacos
andresa@feevale.br
Por que Cinética e Dinâmica?
MORFINA X DIGOXINA
• Ambas com janela terapêutica estreita; porém, frequência de administração
diferentes:
• Digoxina: 0,1 – 0,25 mg, 1 única x/dia
• Morfina: 10 – 50 mg até 6 x/dia
• Morfina é eliminada muito rapidamente → deve ser administrada mais
frequentemente para se manter em janela terapêutica
• Digoxina: apenas uma pequena parte é eliminada diariamente (Cinética)
Por que Cinética e Dinâmica?
VARFARINA
• Rápida absorção, gerando ↑ concentrações plasmáticas de início
• Porém, o pico do efeito (prolongamento do tempo de coagulação) ocorre após 2 dias
• IMPORTANTE: considerar este atraso no efeito antes de ajustar doses, a fim de evitar
hemorragia interna (Cinética)
ESTATINAS
• Atorvastatina é rapidamente eliminada
• Redução máxima do colesterol sanguíneo ocorre entre 2 - 3 semanas (devido à baixa
velocidade de renovação do colesterol no organismo)
• IMPORTANTE: aguardar pelo menos 1 mês para ajustar a dose (Dinâmica)
PROCESSOS
• A - Absorção
• D - Distribuição
• M - Metabolização/biotransformação
• E - Excreção/eliminação
Gradiente de concentração
+ -
[fármaco] [fármaco]
lipídica/simples ou lipofílicas
2. Difusão
por poros
(aquaporinas)
3. Difusão carreador
facilitada
Processos
(carreador)
ativos
carreador
4. Pinocitose
(para moléculas maiores,
como insulina na BHE)
hidrofílico hidrofóbico
Processos físicos envolvidos na translocação das
moléculas do fármaco
TRATAMENTO
Bicarbonato de sódio
• i.v.: medir o pH, deve estar em 8,5 para aumentar a excreção
• ácido em meio básico: forma ionizada: fármaco hidrofílico: absorção → eliminação
do ácido acetilsalicílico
ABSORÇÃO
Porém,
Epitélio do estômago: recoberto por uma espessa
camada de muco (= pequena área disponível para
absorção)
Vilosidades intestinais: superfície muito ampla (cerca de
200 m2) para absorção
1. Motilidade gastrointestinal
- enxaqueca, neuropatia diabética, fármacos (bloqueadores muscarínicos): causam
estase gástrica → absorção
- Metoclopramida (Plasil®) (antiemético): motilidade → absorção
- diarreia: comprometimento da absorção
2. Fluxo sanguíneo esplâncnico
- Refeição fluxo: absorção
- Hipovolemia, IC diminuem o fluxo: absorção
3. Fatores físico-químicos
- tetraciclina se liga ao cálcio → alimentos ricos em cálcio absorção
- colestiramina se liga a fármacos como varfarina e tiroxina → absorção
ABSORÇÃO
Preparações com revestimento entérico
VANTAGENS
• irritação estomacal (ácido acetilsalicílico tamponado)
• Proteção contra as secreções ácidas
• Transferência de alguns fármacos aos seus locais de ação no íleo e intestino grosso
• relação utilizada para avaliar segurança e utilidade de determinado fármaco para uma
indicação → segurança razoável: valor > 10
JANELA TERAPÊUTICA
• DL50 e ED50 próximas → fármaco com estreita janela terapêutica → risco de efeito
tóxico na tentativa de atingir um efeito terapêutico
• DL50 e ED50 distantes → ampla janela terapêutica → + seguro
Principais vias de administração de fármacos
VIA ENTERAL
1. Administração oral
VANTAGENS:
• Método + comumente usado
• + seguro, conveniente e econômico
DESVANTAGENS:
• Absorção limitada de alguns fármacos em função de suas características
(hidrossolubilidade reduzida ou permeabilidade baixa das membranas)
• Vômitos causados pela irritação da mucosa GI
• Destruição de alguns fármacos por enzimas digestivas ou pH gástrico
• Alterações na absorção na presença de alimentos ou outros fármacos
• Fármacos podem ser metabolizados por enzimas da flora ou mucosa intestinal ou
do fígado antes de chegar à circulação sistêmica
VIA ENTERAL
2. Administração sublingual
• Efeito rápido (absorção pela mucosa oral)
• Passa diretamente para a circulação sistêmica sem entrar no sistema porta
(drenagem venosa da boca dirige-se à veia cava superior), escapando do
metabolismo pelas enzimas da parede do intestino e do fígado
ADMINISTRAÇÃO TRANSDÉRMICA
• Pele intacta: epiderme representa uma barreira lipídica → somente fármacos +
lipofílicos conseguem passar
• Pele que sofreu abrasão, queimadura, desnudamento, inflamação ( fluxo
sanguíneo cutâneo) → absorção de fármacos
• Pele hidratada é mais permeável que a seca (aplicação de curativo oclusivo
facilita a absorção)
• Cuidar em casos de intoxicação acidental por inseticidas, agrotóxicos, produtos
de limpeza (altamente lipofílicos)
• Temperatura do local de trabalho pode aumentar até 3 x
a velocidade de penetração cutânea de agentes químicos
para cada 10°C de aumento na temperatura
ADMINISTRAÇÃO RETAL
VANTAGENS:
• Biodisponibilidade é mais rápida, ampla e previsível → dose pode ser administrada
com maior precisão
• Tratamento de emergências, quando o paciente está inconsciente, incapacitado de
colaborar
DESVANTAGENS:
• Assepsia deve ser mantida
• Dolorosas
• Auto aplicação é dificultada
VIA PARENTERAL
1. Via intravenosa
MUCOSAS
• Aplicação sobre as mucosas da conjuntiva, nasofaringe, orofaringe, vagina, colo,
uretra e bexiga → efeito local
• Absorção rápida → cuidar possíveis efeitos sistêmicos!
OLHOS
• Aplicação tópica: colírios → efeito local
• Suspensões e pomadas: sistema de liberação prolongada do fármaco
• Absorção através do epitélio do saco conjuntival; porém, pode haver absorção
sistêmica
• Timolol (betabloqueador): usado para glaucoma, mas pode causar
broncoespasmo em asmáticos
BIODISPONIBILIDADE
Quantidade e velocidade com que o fármaco chega intacto ao
seu local de ação, alcançando a circulação sistêmica
Metabolismo de primeira
passagem:
biodisponibilidade oral
de muitos fármacos
DISTRIBUIÇÃO
Gordura
(20%)
DISTRIBUIÇÃO
O padrão de equilíbrio de distribuição entre os diversos compartimentos depende:
1) fluxo sanguíneo tecidual (órgãos + irrigados → recebem fármaco + rápido)
fígado
rins
pulmão recebem > parte do fármaco
cérebro
coração
órgãos com boa perfusão
músculos
vísceras distribuição + lenta
pele
tecido adiposo
Proteínas transportadoras:
• albumina (4 g/100 mL): principal
carreador de fármacos ácidos
• α1-glicoproteína ácida: liga-se a
fármacos básicos
• globulinas de ligação de hormônios
sexuais
• globulina ligadora de tiroxina
Ligação às proteínas plasmáticas
REDUÇÃO DE ALBUMINA
• Desnutrição → o fármaco fica em > quantidade na sua forma livre, chegando
+ rápido e + concentrado no local de ação → podendo causar efeitos tóxicos
SNC
- acesso limitado pela barreira hematoencefálica (BHE)
- transposição da barreira → células endoteliais (fármacos altamente lipossolúveis), sistemas
especializados de transporte
- alteração da permeabilidade → inflamação, isquemia, hipertensão
Unidade materno-placentário-fetal
- fármacos administrados à mãe atravessam livremente a placenta e chegam à circulação
fetal
Leite materno
- os fármacos atingem o leite materno na dependência de suas propriedades físico-químicas
BIOTRANSFORMAÇÃO ou METABOLIZAÇÃO
As características lipofílicas dos fármacos que promovem sua passagem pelas membranas
biológicas e o acesso subsequente aos locais de ação dificultam sua excreção no organismo
Exemplos
• ampicilina (fármaco) x pivampicilina (pró-fármaco:
< polaridade: > absorção no intestino: convertida em
ampicilina, no sangue)
• dopamina x levodopa (pró-fármaco: atravessa a
BHE: biotransformado no NT dopamina)
• enalapril x enalaprilato
• omeprazol
BIOTRANSFORMAÇÃO ou METABOLIZAÇÃO
ONDE OCORRE?
• Fígado (principal local)
• TGI
• Rins
• Pulmão
• Embora todos os tecidos
Reações de funcionalização tenham alguma atividade
metabólica
Pró-fármaco
Reações de conjugação
complexo hidrossolúvel
Citocromo P450 e CYP (isoenzimas)
FATORES PATOLÓGICOS
• doenças hepáticas (hepatite, cirrose, insuficiência hepática)
• desnutrição
• alcoolismo
= INEFICÁCIA
• da função enzimática
= TOXICIDADE
• Intestino (fezes): fármacos ingeridos por v.o. que não foram absorvidos ou metabólitos
de fármacos excretados na bile ou secretados diretamente no trato intestinal e que não
foram absorvidos
• Outros: saliva, suor, lágrimas (↓ excreção), leite materno (é mais ácido que o plasma,
retendo fármacos básicos)
Excreção renal
1. Filtração glomerular
A velocidade deste processo depende:
- fração livre do fármaco
- taxa de filtração glomerular
- fluxo plasmático renal
Tempo de meia vida (t1/2) → tempo gasto pelo organismo para eliminar
metade da concentração do fármaco administrado
Conceitos importantes
Tempo de meia vida (t1/2)
ROSÁRIO, Beatriz Araújo do; BRUNTON, Laurence L.; CHABNER, Bruce A. (Org.).
As bases farmacológicas da terapêutica de Goodman & Gilman. Porto Alegre,
RS: AMGH, 2012.
RANG, H. P. et al. Rang & Dale: farmacologia. Rio de Janeiro, RJ: Elsevier, c2016.
BISSON, Marcelo Polacow. Farmácia Clínica e Atenção Farmacêutica. 2 ed. Barueri, SP:
Manole, 2007.