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FUNDAMENTOS

DA

MEDICINA

TIBETANA

Volume II

1
FUNDAMENTOS
DA
MEDICINA
TIBETANA
de acordo com a obra rGyud-bzi

Volume II

Elizabeth Finckh

Traduzido por:
Williams Ribeiro de Farias
e Dra. Yeda Ribeiro de Farias

Editora Chakpori

2
Título original: Foundations of Tibetan Medicine Vol. II
© 1978, Robinson and Watkins Books Ltd.

Direitos autorais adquiridos pela


Editora Chakpori

3
PREFÁCIO

Durante toda sua história o Ocidente tem mostrado


uma saudável curiosidade e um vivo interesse na
sabedoria e na filosofia do Oriente. O Tibete foi,
especialmente, objeto de intensa especulação e sua
posição extremamente isolada, aliada à política de
desencorajamento aos estrangeiros, seduziu
imensamente a imaginação e o romantismo.
Mas foram também as pessoas no Ocidente,
estudantes, cientistas, escritores, historiadores e
médicos quem manifestaram uma qualidade admirável
de seriedade em suas tentativas de compreender o
mundo asiático. Estes esforços pioneiros para descobrir,
interpretar e avaliar o tesouro cultural do Tibete têm
crescido enormemente desde 1959, quando o país foi
invadido e ocupado pela China.
É no campo da medicina tibetana que os cientistas
Ocidentais têm realizado, recentemente, numerosos
projetos, envolvendo a tradução e a interpretação dos
textos e tratados médicos. Esta iniciativa deu origem à
a maiores possibilidades de contato e comunicação do
que o existente anteriormente no Tibete. Foi causado
também por um desejo de conservar e preservar a
medicina tibetana como parte de uma rica herança
cultural que está sendo atualmente influenciada pela
China.
A Dra. Finckh é talvez a primeira médica Ocidental
a traduzir e interpretar os principais textos da medicina
4
tibetana para uma língua Ocidental. Ela tem o mérito de
haver estudado na Tibetan Medical School em
Dharamsala sob a experiente orientação de médicos
tibetanos em 1962. Foi com o auxílio destes médicos
que os principais textos foram traduzidos e explicados.
A medicina tibetana hoje goza de um rápido e
crescente interesse e reputação entre os médicos
Ocidentais. A ciência da medicina tibetana e sua
praticabilidade está agora sendo reconhecida.
Congratulo a autora pelos seus esforços diligentes
e louváveis para propagar a medicina tibetana e desejo-
lhe todo sucesso e bem-aventurança em seu nobre
empreendimento.

DALAI LAMA
6 de Março de 1972

5
ÍNDICE

PREFÁCIO ..................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS ............................................................................... 7
CAPÍTULO UM O SISTEMA DA MEDICINA TIBETANA ............................ 11
ANATOMIA ................................................................................................................ 19
FISIOLOGIA ................................................................................................................ 23
PATOLOGIA ............................................................................................................... 28
CAPÍTULO DOIS DIAGNÓSTICO ................................................................. 32
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 32
A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 36
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 38
C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 39
D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 44
E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS ...................................................................................... 51
1. Observação ..................................................................................................... 54
2. Palpação.......................................................................................................... 60
3. Questionamento (Anamnese) ........................................................................... 72
CAPÍTULO TRÊS TERAPÊUTICA................................................................. 77
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 77
A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 81
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 83
C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 84
D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 91
E) MÉTODOS DE TRATAMENTO ................................................................................. 105
1. Nutrição......................................................................................................... 105
2. Comportamento.............................................................................................. 110
3. Medicamentos ................................................................................................ 115
4. Tratamentos ................................................................................................... 128
CAPÍTULO QUATRO TIPOS CONSTITUCIONAIS ..................................... 145
1. Natureza e temperamento em geral ................................................................. 146
2. Condições que geralmente dão origem às doenças .......................................... 147
3. As Características do Sistema......................................................................... 147
CAPÍTULO CINCO O LIVRO RGYUD-BZHI................................................ 149
CAPÍTULO SEIS PESQUISA NA MEDICINA TIBETANA ....................... 155
TÍTULOS DOS TRABALHOS ........................................................................................ 161
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 164

6
INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS

Não há dúvidas sobre o fato da medicina tibetana


ter despertado grande interesse no Ocidente. No
entanto, precisamente por esta razão, seria muito
perigoso, particularmente em uma época como a nossa
na qual estamos prontamente dispostos a experimentar
as práticas Orientais e “drogas milagrosas”, adotar sem
críticas, fragmentos separados do significativo Sistema
de Medicina Tibetana ou levantar, precocemente, a
questão de sua aplicabilidade. Primeiramente, é de
primordial importância que os fundamentos teóricos da
medicina tibetana e sua circunstância filosófica seja
cuidadosamente estudada.
Nos Fundamentos da Medicina Tibetana, Volume
1, apontamos para o fato de que, quando a acupuntura,
um outro método de tratamento asiático que tem
adquirido reconhecimento acadêmico em universidades
e que está sendo colocada em prática, foi introduzida no
Ocidente, diversos erros foram cometidos: o auxílio de
Sinologistas na tradução dos mais importantes trabalhos
médicos chineses foi solicitado tarde demais; este
método de tratamento foi colocado em prática cedo
demais; muito tempo foi gasto com desnecessárias
especulações filosóficas e, finalmente, não havia desde
o início qualquer terminologia médica adequada. Estes
erros não devem ser repetidos com a medicina tibetana.
Portanto, nosso primeiro passo deve ser estabelecer
uma terminologia médica realizada a partir das fontes
disponíveis e tornada clara com o auxílio e
aconselhamento de médicos tibetanos e tibetologistas.

7
Por esta razão, demos início no Volume 1 à
compilação de alguns fundamentos da medicina
tibetana. O estudo destes fundamentos, um capítulo
sobre os autores, sobre importantes trabalhos médicos e
um esboço do conteúdo do tratado padrão sobre
medicina tibetana, o rGyud bzi (Quatro Tratados), traz
ao leitor do Volume 1, através da transliteração, da
tradução e da apresentação dos textos, a organização
do sistema da medicina tibetana o qual consiste de três
raízes: a organização das partes do corpo, o diagnóstico
e a terapêutica. Através da tradução dos textos, foi
possível chegar à terminologia médica e descobrir o
princípio da medicina tibetana – uma consistente divisão
em três partes – e o fato de que a medicina tibetana é
uma doutrina de constituição.
O objetivo deste volume é expandir a terminologia
médica, tomando novamente textos do rGyud bzi como
base. No Volume 1, os 88 termos da Raiz A =
Organismo Doente e Saudável foram deduzidos (rGyud
bzi, Parte I, Capítulo 3). Neste Volume, devemos nos
concentrar nos textos referentes às duas outras raízes,
Diagnóstico = Raiz B e Terapêutica = Raiz C. Os blocos
de impressão serão trabalhados da mesma forma que
no Volume 1 (transliteração, tradução e apresentação)
de modo a analisar por completo a terminologia médica
derivada dos textos e englobando as nove disciplinas da
medicina tibetana. Ao todo, devemos então definir 283
termos: 3 raízes, 9 troncos, 47 ramos e 224 folhas.
Para esquematizarmos a apresentação das nove
disciplinas devemos utilizar o sistema da medicina
tibetana como guia porque com seu auxílio, é possível
ver claramente a estrutura da medicina tibetana.
O seguinte material será utilizado para breves
descrições das nove disciplinas:
8
1. Os trabalhos relacionados no apêndice Título dos
Trabalhos.
2. P.A. Badmaev Glavnoe rukovodstovo po vracebnoj
nauke Tibeta Zud si v novom perevode P. A.
Badmaeva s ego vvedeniem, raz‟jasnjajuscim osnovy
tibetskoj vracebnoj nauki. St. Petersburg, 1903.
Conseguimos uma tradução alemã deste trabalho
russo que é uma tradução parcialmente resumida das
Partes 1 e 2 do rGyud bzi.
3. Csoma de Körös Analysis of a Tibetan Work (em:
Journal of the Asiatic Society of Bengal, 4, 1835, págs.
1-20)
4. Instrução oral e material escrito, as muitas tabelas dos
médicos tibetanos – pelas quais devo agradecer ao
meu professor tibetano, Yeshe Donden, e seus
alunos, Jhampa Kelsang e Barry Clark.
5. Agradeço ao Prof. R. E. Emmerick pela gentileza de
permitir que eu utilizasse sua tradução inglesa de
vários capítulos do rGyud bzi ainda não publicada.
Utilizei os capítulos 4 e 5 (rGyud bzi, Parte 1) quase
que palavra por palavra de sua tradução porque seria
presunçoso e, além disso, quase impossível para mim
tentar fazer minha própria tradução destes textos
extremamente difíceis considerando meu atual
conhecimento da língua tibetana que, apesar de ter
melhorado, é ainda insuficiente. Gostaria de expressar
meus agradecimentos ao Sr. Andrew Craston que
traduziu grande parte deste Volume.
Apesar de não estar dentro da abrangência deste
trabalho descrever a prática da medicina tibetana – este
assunto será desenvolvido no Volume 3 – será
necessário discutirmos brevemente alguns métodos
diagnósticos e tratamentos externos. Gostaria de
enfatizar que os métodos diagnósticos e terapêuticos
9
podem ser aplicados satisfatoriamente apenas depois
que os princípios teóricos forem estudados em detalhes
e sob a completa supervisão de médicos tibetanos.
A medicina tibetana não é uma técnica qualquer
que possa ser aprendida em um curso relâmpago. Uma
aplicação prematura e sem críticas de certos métodos
poderia resultar em um aniquilamento da medicina
tibetana, transformando-a em um outro tipo de medicina
alternativa. Minha intenção ao escrever este livro é
tornar claro que a medicina tibetana, com todos seus
fascinantes e valiosos discernimentos, deve ser
cuidadosamente estudada e examinada, podendo desta
forma ser preservada.

10
Capítulo Um O SISTEMA DA MEDICINA
TIBETANA

Os tibetanos desenvolveram seu próprio sistema


de medicina, individual e único, pois nenhum outro
sistema de medicina é organizado desta maneira.
Quando observamos especificamente os números
associados a este sistema, devemos nos lembrar do fato
de que ele possui muitas e variadas influências, algumas
particularmente fortes, como a indiana, a chinesa e a
budista. O caráter especial da medicina tibetana tornar-
se-ia apenas aparente se as influências acima
mencionadas, que também podem ter afetado os
números do sistema, forem descritos em detalhes. No
entanto, como mencionado no volume 1, teremos que
nos ocupar com este tópico em um próximo volume.
A medicina tibetana e os ensinamentos budistas
estão intimamente relacionados. Por esta razão,
planejamos inicialmente relacionar os já conhecidos
conceitos budistas aos números do sistema. A
interpretação das muitas ocorrências desta correlação
seria na verdade fácil porque a correlação é bastante
óbvia. No entanto, nem todos os números podem ser
explicados tão facilmente desta maneira. As seguintes
considerações induziram-me a abandonar o plano
original: aventurar-nos em qualquer um deles nos
desviaria do assunto principal deste livro ou, se a
descrição fosse inadequada, não teríamos feito justiça à
tremenda influência do budismo.
Entretanto, é possível explicar e esclarecer a
estrutura do sistema, seus números, o caráter especial e
a colorida diversidade da medicina tibetana, a qual está
11
também profundamente enraizada na crença popular do
Tibete (crença em espíritos prejudiciais, consulta a
oráculos, rituais mágicos, amuletos, métodos de
proteção contra espíritos prejudiciais, etc.) através da
discussão da antiga religião Bon do Tibete, do
Xamanismo e das tradições do Na-khi.
O sistema da medicina tibetana é retratada em
analogia com uma árvore. Nove troncos crescem das
três raízes da árvore – dois, três e quatro troncos,
respectivamente, um fato que aponta para a religião Bon
com seu número sagrado nove. A crença e o medo de
espíritos prejudiciais, as nove esferas do paraíso, os
nove degraus da escada-dmu do paraíso para a
montanha Yol ba, o banimento dos espíritos prejudiciais
pelos monges Bon através de poderes mágicos, o fato
da menção das 404 doenças, os rituais da morte,
conhecido como Bardo e sempre o número sagrado
nove: todos estes aspectos podem ter representado um
papel no desenvolvimento do sistema da medicina
tibetana.
O Xamanismo assim como a religião Bom serão
apenas mencionados neste trabalho, embora tenham
influenciado o desenvolvimento do sistema. Sobre este
aspecto, podem-se citar os nove filhos xamãs, o jejum
de nove dias, a colocação de nove árvores de faia, nove
postes e nove tijelas de oferendas, as nove
circumambulações da iniciação do xamã na qual ele
escala a vidoeira, a cerimônia de nove dias de duração,
os nove ninhos da árvore xamã e os nove pássaros que
podem ser vistos. Esta grande e sagrada árvore xamã
com seus nove entalhes e o topo que alcança o nono
paraíso poderia ter influenciado a divisão em nove
partes do sistema de medicina tibetana, que é da
mesma forma representado como uma árvore.
12
Os Na-khi1, uma tribo dos antigos Ch‟iang, viviam
como nômades em suas pastagens no noroeste do
Tibete. Suas tradições são bastante singulares. Eles
veneravam três paraísos, três terras e três zimbros. Um
altar era construído para o “sacrifício ao paraíso”; um
zimbro era colocado no centro com um carvalho à direita
(paraíso) e outro carvalho à esquerda (terra). Um ramo
de carvalho com duas bifurcações horizontais era
colocado à esquerda de cada árvore, e à direita, um
ramo de carvalho com dois entalhes horizontais. Uma
vara de álamo com quatro bifurcações no topo era
afixada atrás da árvore central. Uma pedra branca era
colocada na frente de cada árvore. Assim, em frente dos
nove, 3 vezes 3 árvores, três tigelas de arroz eram
oferecidas sobre o altar, em frente das quais estavam as
três pedras brancas. Há, portanto, uma grande
semelhança entre este exótico “sacrifício ao paraíso”,
uma cerimônia envolvendo a disposição de nove
árvores, duas das quais também revelam uma divisão
de duas e de quatro partes, respectivamente, e a árvore
do sistema tibetano.
É uma pena que tenha sido necessário condensar
esta parte do livro e que tenha sido possível apenas
mencionar aqui os pontos importantes. Um trabalho
mais detalhado dos aspectos mencionados
preencheriam um livro completo e auxiliaria a
demonstrar mais claramente a fascinante variedade da
medicina tibetana e tornar mais fácil a explicação do
sistema.
O sistema da medicina tibetana é particularmente
importante por numerosas razões. A típica divisão em
três partes, uma característica da medicina tibetana, é
óbvia e reconhecível por todo o sistema. As relações
das várias disciplinas umas com as outras podem ser
13
vistas; por exemplo, o número de folhas para os
medicamentos é dado como cinqüenta, o que
certamente corresponde à grande importância desta
disciplina na prática da medicina tibetana. Aprendemos
através do sistema que todos os detalhes referem-se
aos três tipos constitucionais. Finalmente, este sistema
nos possibilita apresentar a medicina tibetana de uma
maneira sistemática porque os nove troncos
correspondem às nove disciplinas.
Gostaria de explicar agora o esquema que deverei
utilizar para a pesquisa das nove disciplinas. Na tabela
seguinte, o sistema completo está representado com
raízes, troncos, ramos e folhas por meio dos quais os
termos empregados para descrever alguns dos troncos
são apenas equivalentes e não traduções literais 2. As
ilustrações (A, B e C) foram incluídas para que o leitor
possa visualizar as raízes. Antes da apresentação de
cada disciplina, foi incluída uma ilustração do tronco
correspondente (Ilustrações I-IX). Neste Volume, as
ilustrações foram incluídas em escala real de forma que
alguns nomes tibetanos escritos sobre as folhas podem
ser claramente reconhecidos e podem ser decifrados por
tibetologistas. Aos não-tibetologistas, estas ilustrações
oferecem uma boa elucidação do sistema. Incluí
também uma breve descrição das duas disciplinas,
Troncos I e II, os quais não são, na verdade, o objeto de
estudo deste Volume3, de forma que a estrutura da
medicina tibetana como um todo será evidente, ainda
que apenas de forma condensada. Portanto, podemos
observar que as disciplinas da medicina tibetana
correspondem àquelas da medicina Ocidental e que a
medicina tibetana está organizada de uma maneira
bastante sistemática.

14
O SISTEMA

Raízes Troncos Ramos Folhas


Raiz A = Organização das partes do corpo e as bases das
doenças
Organismo saudável I 3 25
Organismo doente II 9 63
rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 3 12 88
Raiz B = Diagnóstico
Observação III 2 6
Palpação IV 3 3
Questionamento V 3 29
rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 4 8 38
Raiz C = Terapia
Nutrição VI 6 35
Comportamento VII 3 6
Medicamentos VIII 15 50
Tratamentos IX 3 7
rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 5 27 98
47 224

15
RAIZ A

Organização das partes do corpo e


as bases das doenças

Organismo saudável Organismo doente

3 ramos 9 ramos
25 folhas 63 folhas

I II

16
17
RAIZ A
Tronco I = Organismo saudável
rnam par ma gyur pa

Ramos Folhas
nad 15
lus zungs 7
dri ma 3
3 25

18
ANATOMIA

Na visão da maneira pela qual os sepultamentos


eram conduzidos, os médicos tibetanos tiveram
certamente a oportunidade de realizar estudos
anatômicos detalhados. No entanto, nenhuma tentativa
parece ter sido feita para descobrir a verdadeira
estrutura anatômica do corpo. A anatomia tibetana
apresenta certas características típicas porque é
principalmente orientada para as funções e não para o
substrato material. Esta é a razão pela qual, na
apresentação da anatomia tibetana, um diagrama do
corpo descrevendo todas as funções parece ser mais
importante do que a exata descrição dos órgãos porque,
desta forma, as funções podem ser determinadas para
partes do diagrama. Este aspecto torna-se mais óbvio
quando observamos as ilustrações anatômicas. Além
disso, os tibetanos afirmam que existem áreas
intercorporais que são mais sutis que nosso substrato
Ocidental; são “campos de força” que formam canais de
energia os quais, em nossa maneira de pensar
Ocidental, são irreais. Termos como “canais vitais”, “fogo
digestivo” e muitos outros aspectos mostram claramente
que não podemos igualar estes “órgãos” com outros da
ciência anatômica Ocidental. Esta é também a razão
pela qual torna-se quase impossível definir estes
conceitos nos termos da medicina Ocidental. Podemos
apenas observar que os médicos tibetanos
desenvolveram, de maneira bastante consistente, uma
ciência da anatomia que não podemos comparar com a
nossa anatomia Ocidental. Uma observação mais
cuidadosa na anatomia tibetana, no entanto, ensina-nos
19
que esta abordagem, que enfatiza as funções, é de
grande utilidade prática.
É possível fazer apenas uma breve menção à
embriologia, que apesar de suas semelhanças com a
embriologia indiana, difere desta última em vários
pontos. A principal diferença é que, de acordo com a
embriologia tibetana, os órgãos sólidos (don) são
formados na 12a semana e os órgãos ocos (snod), na
13a. A embriologia tibetana também estabelece que o
sêmen do pai forma os ossos, o cérebro e a medula
espinhal enquanto que o sangue da mãe forma os
músculos, sangue, órgãos sólidos e órgãos ocos.
A anatomia é dividida nas seguintes quatro partes:

1) A organização das partes do corpo


a) As quantidades: rLung (vento), mKris pa (bile) e Bad
kan (fleuma) e todos as partes componentes do corpo
podem ser relacionados uns com os outros de uma
maneira específica, por exemplo, a quantidade de
rLung (vento) deve preencher a bexiga, a quantidade
de mKris pa (bile) preenche o saco escrotal e a
quantidade de Bad kan (fleuma) equivale a três vezes
as duas mãos cheias.
b) As partes do corpo: O corpo humano é formado por
360 ossos, que são de 23 tipos diferentes, 12
articulações grandes, 210 articulações pequenas, 16
tendões, 900 fibras, 21.000 fios de cabelos e 11
milhões de poros. Os tibetanos diferenciam os órgãos
em 5 órgãos sólidos (don) – coração, pulmões, baço e
rins – e 6 órgãos ocos (snod) – intestino grosso,
vesícula biliar, intestino delgado, estômago, bexiga e
bsam se‟u. Existem também as nove entradas.

20
2) O sistema de canais e suas conexões 4
a) Canais de concepção (chag pa‟i rtsa). Estes canais ou
veias possuem um caráter embrionário. Três canais
originam-se do umbigo: o primeiro canal expande-se
de forma ascendente e o cérebro se desenvolve a
partir daí; o segundo penetra no meio do corpo e o
canal vital desenvolve-se a partir daí; o terceiro canal
expande-se de forma descendente e os genitais
desenvolvem-se a partir daí.
b) Canais da existência (srid pa‟i rtsa): O tibetanos
fazem diferença entre quatro grandes canais. O canal
que forma os órgãos sensoriais está no cérebro e está
circundado por 500 pequenos canais. O canal que
sustenta a memória e a consciência está no coração e
é circundado por 500 pequenos canais. O canal que
forma os elementos do corpo está no umbigo e é
circundado por 500 pequenos canais. O canal que
executa a reprodução está na região dos genitais e é
circundado por 500 pequenos canais.
c) Canais de conexão („brel ba‟i rtsa): Na cabeça, o
canal vital escuro divide-se em 24 canais que suprem
os músculos e o sangue. Oito canais ocultos originam-
se das partes inferiores do canal vital e suprem os
órgãos sólidos e ocos. Há 16 canais visíveis que
suprem as articulações e 77 canais para circulação
sangüínea. Há também 112 pontos vitais, 189
pequenos canais de características variáveis, dos
quais 120 canais menores se originam. São
destinados às áreas mediana e interna do corpo.
Estes canais, por sua vez, dividem-se em 360 canais
menores ainda, que se dividem em 700 canais muito
finos que cobrem toda a superfície do corpo.
Assim como estes canais escuros, há um segundo
grupo de caráter branco ou claro. Os 19 chamados
21
canais de sustentação-água, dos quais 13 são
conectados com os órgãos sólidos e ocos, originam-
se no cérebro e são canais ocultos. Seis canais
visíveis são conectados com as articulações e deles
se originam os 16 canais de sustentação-água
menores.
d) Canais vitais (tshe yi rtsa): O primeiro canal passa
através da cabeça e de todo o corpo. O segundo
canal está conectado com a respiração. O terceiro
canal é o canal principal e mantém o crescimento
corporal.

3) Pontos vitais
Os pontos vitais ou pontos críticos são assim
denominados porque se um destes pontos for
prejudicado as consequências podem ser fatais. Há 302
pontos vitais dos quais 96 são tão perigosos que a pode
ocorrer a morte se um deles for atingido. Dentre os
demais, 49 são perigosos também, mas médicos
experientes podem curar tais distúrbios. As lesões nos
157 pontos restantes podem ser curadas. Faz-se uma
distinção entre 7 tipos de pontos vitais: (1) carne = 45,
(2) gordura = 8, (3) ossos = 32, (4) tendões e (5) fibras =
14, (6) órgãos sólidos e ocos = 13, (7) vasos = 190.
Estes pontos vitais estão espalhados pelo corpo inteiro
da seguinte maneira: cabeça = 62, pescoço = 33, tronco
= 95 e membros = 112. Se estes pontos vitais são
lesados, podem ocasionar vários distúrbios mais graves
ou menos graves. O tipo mais perigoso de lesão ocorre
nos vasos, na gordura, nos órgãos sólidos e ocos; se
estas partes do corpo são prejudicadas, as
conseqüências são fatais. Na opinião dos médicos
tibetanos, é extremamente importante que sejam
tomados cuidados especiais com os pontos vitais,
22
particularmente com os vasos – isto significa que o
método terapêutico da sangria deve levar em
consideração os pontos vitais dos vasos. Tenho
observado freqüentemente como os pacientes tibetanos
oferecem resistência quando uma amostra de sangue é
retirada da veia na dobra do braço, quando feita da
maneira ocidental, que normalmente utiliza esta veia
para tais amostras ou para injeções. A razão para tal
resistência é que este é um ponto que corresponde
exatamente a um ponto vital.

4) Entradas
Há uma diferença entre dois tipos de entradas dos
caminhos de circulação: entradas internas e externas.
As aberturas internas são: os constituintes do corpo (7),
as impurezas (3), rLung da sustentação da vida (1) e o
alimento (1) = 13 aberturas internas. As aberturas
externas são: narinas (2), ouvidos (2), olhos(2), boca (1),
ânus (1), totalizando 12 aberturas.
As doenças ocorrem como consequência de erros
de comportamento ou de nutrição porque os canais
naturais do organismo estão bloqueados.

FISIOLOGIA

1) Partes do corpo que podem ser lesadas

Constituintes do corpo: o quilo (1) faz com que os


outros seis constituintes desenvolvam-se e é
transformado em sangue; o sangue (2) umedece o
corpo, mantém a vida e é transformado em carne; a
carne (3) recobre o corpo e transforma-se em gordura; a
gordura (4) torna o corpo lubrificado e é transformado
23
em osso; o osso (5) sustenta o corpo e desenvolve-se
em medula óssea; a medula óssea (6) é importante para
a nutrição e é transformada em sêmen; o sêmen (7)
realiza a fertilização e preserva a vida.
As impurezas são as fezes e a urina, resultantes
da digestão do alimento, e o suor que amacia a pele.
O crescimento do corpo depende do suporte
mútuo dos constituintes corporais, das impurezas e das
bases das doenças. O calor combinado gerado por
estes três fatores formam o chamado calor do fogo
digestivo o qual, por sua vez, produz saúde, vitalidade e
energia. Este fogo digestivo forma a base da digestão na
qual, acima de tudo, a vesícula biliar representa parte
ativa.
Durante o processo digestivo, os alimentos e as
bebidas são partidos em partes menores e decompostos
no trato digestivo com o auxílio de rLung, mKris pa e
Bad kan, os quais realizam várias funções. O processo
digestivo é influenciado pelas qualidades do sabor.
Finalmente, a porção sólida do alimento transforma-se
em fezes e a porção líquida transforma-se em urina. O
quilo é transformado em muco no estômago, sangue é
transformado em bile na vesícula biliar, carne é
transformada em impurezas, gordura em oleosidade,
ossos em unhas, cabelos e dentes, e a medula óssea
em pele e fezes. O complexo processamento digestivo
demora seis dias para completar-se.

2) Partes que lesam o corpo

Se os três humores – rLung, mKris pa e Bad kan –


alteram-se de qualquer forma, por exemplo, quanto à
quantidade ou localização no corpo, as funções
corporais são perturbadas. Se os mesmos não se
24
alteram e permanecem em equilíbrio, o corpo mantém-
se saudável. Os três humores possuem: tipos
específicos, localizações, relações com o fogo digestivo,
efeitos sobre o estômago, funções e características.
rLung (vento): Sustentador da vida, Movimento
ascendente, Penetrante, (acompanha o) Fogo e
Remoção descendente são os cinco tipos. Está
localizado abaixo do coração e do umbigo. Um rLung
forte torna o fogo digestivo irregular. Se rLung é
dominante, o estômago está firme. As funções gerais de
rLung são: movimentar o corpo, influenciar a respiração
para dentro e para fora, manutenção do corpo e
conservação da clareza dos órgãos sensoriais. As
funções específicas dos cinco tipos de rLung são muitas
e variadas e podem, até certo ponto, ser deduzidas a
partir de seus nomes. As características são: áspero,
leve, frio, aguçado, firme e móvel.
mKris pa (bile): Digestivo, Responsável pelo brilho
do quilo, Satisfação dos desejos, Permite a visão e
Clareador a cor da pele são os cinco tipos. Está
localizado entre o coração e o umbigo. O fogo digestivo
torna-se pungente por causa de um mKris pa forte. Se
mKris pa é dominante, o estômago fica macio. As
funções gerais de mKris pa são: atua sobre a digestão,
limpa a pele e produz uma compleição pura, um coração
corajoso e um estado feliz na mente em geral. As
funções específicas são evidenciadas pelos nomes
dados a eles. As características são: oleoso, pungente,
leve, malcheiroso, limpador e úmido.
Bad kan (fleuma): Sustentação, Decomposição,
Responsável pelo paladar, Produtor de satisfação e
Possibilita a flexão são os cinco tipos. Está localizado
acima do coração e do umbigo. Um Bad kan forte torna
o fogo digestivo fraco e reduzido. Se Bad kan é
25
dominante o estômago não se torna nem macio nem
duro. As funções gerais de Bad kan são: fixa e une as
articulações, produz estabilidade ao corpo e à mente e
fornece resistência ao corpo. As funções específicas dos
cinco tipos são evidenciadas pelas suas denominações.
As características são: oleoso, frio, pesado, embotado,
macio, estável e adesivo.

26
RAIZ A
Tronco II = Organismo doente
rnam par gyur pa

ramos folhas
rgyu 3
rkyen 4
„jug sgo 6
gnas 3
lam 15
ldang dus 9
(na so, Yul,
dus)
„bras bu 9
ldog pa‟i rgyu 12
mdo don 2
9 63

27
PATOLOGIA

A doutrina da doença é introduzida por uma


descrição dos quatro precursores da morte. Faz-se uma
diferenciação entre precursores distantes tais como as
mudanças no caráter do paciente, seus sonhos, e os
precursores próximos, incertos e certos da morte.
A patologia em si é dividida de maneira sistemática
em sete seções e estudá-la, Capítulo 3 do rGyud bzhi,
Parte 1, já traduzido, fornece-nos pontos de referências
úteis. Com relação às causas (rgyu), a distinção é feita
entre causas distantes, tais como os três “venenos”, e as
causas próximas. Nesta seção, nós também
encontramos a importante passagem que estabelece
que, dentre os três humores, rLung (vento) é a causa de
todas as doenças por sua influência sobre ambos, o
calor e o frio corporais. Com relação às causas
predisponentes (rkyen), encontramos explicações
bastante longas sobre as influências do tempo, nutrição,
comportamento e demônios (ou estados mentais
prejudiciais). A terceira seção, as formas de entrada („jug
sgo), ensina-nos como, após terem sido lesados os
constituintes corporais e as impurezas, as entradas
finalmente se abrem e a doença toma seu curso. A
quarta seção, localização (gnas), descreve quais partes
do corpo são afetadas. A próxima seção nos informa das
características da doença. A redução e a elevação e,
finalmente, o distúrbio completo dos humores, os
constituintes corporais e as impurezas são descritas
juntamente com os vários sintomas. Aqui, descobrimos
que, ao final, todas as doenças estão relacionadas com
o calor e o frio. Além disso, na sétima seção e na seção
final, antes da classificação das doenças (6), também

28
lemos que as doenças possuem formas individuais e
que há inúmeras formas e tipos de doenças.
A classificação em 4 x 101 doenças é típica da
medicina tibetana. Devo omitir outras divisões dentro da
patologia e mostrar a forma sistemática desta
classificação de maneira a demonstrar a estrutura das
404 doenças, sem mencionar os nomes e os sintomas.

29
Classificação das doenças

A. Três humores
rLung
Tipo 1-20
Localização: pele, carne, vasos, ossos 21-24
órgãos sólidos 25
órgãos ocos 26
órgãos sensoriais 27
Classes particulares: rLung 28-32
rLung + Bad kan 33-37
rLung + mKris pa 38-42
42
mKris pa
Tipo 1-4
Localização: pele, carne, vasos, ossos 5-8
órgãos sólidos 9
órgãos ocos 10
órgãos sensoriais 11
Classes particulares: mKris pa 12-16
mKris pa + rLung 17-21
mKris pa + Bad kan 22-26
26
Bad kan
Tipo (simples) 1-6
Localização: pele, carne, vasos, ossos 7-10
órgãos sólidos 11
órgãos ocos 12
órgãos sensoriais 13
Classes particulares: Bad kan 14-18
Bad kan + rLung 19-23
Bad kan + mKris pa 24-28
Tipo (complexo) 29-33
33
101

30
B. Predominâncias
Simples Elevação e 18
Dois humores predominantes redução de 18
Três humores predominantes humores 38
Superveniente 27
101

C. Localizações
Região superior 18
Região interna 19
Região inferior Corpo 5
Região externa 20
Interna e externa 37
Mente 2
101

D. Variações
Doenças internas 48
Ferimentos 15
Febre e doenças quentes 19
Pústulas 19
101
A. Três humores 101
B. Predominâncias 101
C. Localizações 101
D. Variações 101
Total de doenças 404

31
Capítulo Dois DIAGNÓSTICO

Sumário do Capítulo
Introdução
A) Blocos de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo
4 – fólios 8a, 8b, 9a
B) Transliteração do texto
C) Tradução do texto
D) Apresentação
E) Métodos diagnósticos
1. Observação
2. Palpação
3. Questionamento

INTRODUÇÃO

Na transliteração, a divisão do texto em estrofes


de quatro linhas foi ignorada, como no Volume I. Os
parênteses que foram incluídos na transliteração (8b1-
9a1) mostram os fólios, as páginas e as linhas do bloco
de impressão. Os números que aparecem dentro de
colchetes correspondem aos da tradução; em outras
palavras, os números [5]-[32] foram incluídos na
tradução de forma que os termos correspondentes
possam ser encontrados sem dificuldades. Na tradução
do texto, os termos são marcados por números, com III-
V representando os troncos e 1-38, as folhas. Esta
identificação não foi de fácil realização e em alguns
casos foi possível apenas com o auxílio de comentários.
32
Dificuldades particulares surgiram na classificação do
Tronco V = Questionamento. Felizmente, no entanto, a
informação dos médicos tibetanos foi particularmente
útil. Portanto, foi possível realizar a identificação de
todas as 38 folhas e os 8 ramos de forma que todos os
termos puderam ser definidos.
Na apresentação, foi impossível evitar em algumas
situações o uso de termos retirados do texto original de
uma forma gramatical ligeiramente diferente.
Os troncos da Raiz B = Diagnóstico
Tronco III Observação
Tronco IV Palpação
Tronco V Questionamento
foi assim analisado. Após o bloco de impressão (A), a
transliteração (B), a tradução (C) e a apresentação (D)
vem uma descrição dos métodos diagnósticos (E),
principalmente dedicada ao mais importante método
diagnóstico utilizado pelos médicos tibetanos, o
diagnóstico pelo pulso.

33
RAIZ B

Diagnóstico

Observação Palpação Questionamento


2 ramos 3 ramos 3 ramos
6 folhas 3 folhas 29 folhas
III IV V

34
35
A) BLOCO DE IMPRESSÃO

rGyud bzhi, Parte 1


Capítulo 4
Fólio 8a

36
rGyud bzhi, Parte 1
capítulo 4
Fólio 8b
Fólio 9a

37
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO

de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis „di skad ces gsungs so
kye drang srong chen po nyon cig
nad la blta reg dri bas yongs shes bya [1]
(8b1) mig gis blta ba lce dang chu la brtag [2]
brtag pa „di ni mthong ba yul rig yin [3]
sor mos reg pa brda sbyor „phrin pa rtsa [4]
brtag pa „di ni dpyod pa don rig yin [5]
ngag gis dri ba slong rkyen na lugs zas [6]
brtag pa „di ni thos pa (8b2) sgra rig yin [7]
rlung gi lce ni dmar zhing skam la rtsub [8]
mkhris lce bad kan skya sar mthug pos g-yogs [9]
bad kan skya gleg mdangs med „jam la rlon [10]
rlung gi chu ni chu „dra lbu ba che [11]
mkhris chu dmar ser rlangs che dri ma (8b3) dugs [12]
bad kan chu ni dkar la dri rlangs chung [13]
rlung gi rtsa ni rkyal stong skabs su sdod [14]

38
C) TRADUÇÃO DO TEXTO

Então novamente o sábio Rig pa‟i ye shes falou:


“Oh grande sábio, ouça-me! No caso das doenças,
elas podem ser reconhecidas completamente através da
observação, da sensação (do pulso) e do
questionamento.
Observar com os olhos e o exame da língua (I) e
da urina (II) – estes exames dão o conhecimento do
local, por causa da observação.
Sentir com o dedo o (batimento do ) pulso (III-V)
que transmite a informação – [5] este exame dá o
conhecimento do ponto principal, por causa da
investigação.
Questionar com a voz as causas relacionadas (VI),
as condições da doença (VII) e a alimentação (VIII) –
este exame fornece o conhecimento da fala, por causa
da audição.
A língua de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) rLung é vermelha, seca e áspera (1).
A língua de (uma pessoa que sofre de) mKris pa é
coberta com muco espesso e castanho-amarelado.
[10] A língua de (uma pessoa que sofre de uma
doença de) Bad kan é cinza, grossa, sem brilho, lisa e
úmida (3).
A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) rLung é semelhante à água (e apresenta) bolhas
grandes (4).
A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) mKris pa é amarelo-avermelhada, (apresenta) muito
vapor e (possui) cheiro picante (5).
A urina de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) Bad kan é branca, possui pouco odor e pouco vapor
(6).
39
O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) rLung é flutuante, vazio e interrompido às vezes (7).

40
Mkhris pa‟i rtsa ni mgyogs rgyas grims par „phar [15]
bad kan rtsa ni bying rgud dal ba‟o [16]
dri ba yang la rtsub pa‟i zas spyod kyi [17]
(8b4) rkyen gyis g-yal „dar bya rmyang grang shum byed [18]
dpyi dang rked pa rus tshigs ma lus na [19]
gzer ba nges med „pho zhing stong skyugs byed [20]
dbang po mi gsal shes pa „tshub pa dang [21]
bkres dus na zhing snum bcud phan par nges [22]
rno zhing tsha (8b5) ba‟i zas dang spyod lam gyis [23]
kha kha mgo na sha drod tsha ba dang [24]
stod gzer zhu rjes na zhing bsil ba phan [25]
lci la snum pa‟i zas dang spyod lam gyis [26]
dang ga mi bde kha zas „ju ba dka‟ [27]
skyug cing kha mngal pho ba tshing ste sgreg [28]
(8b6) lus sems lci la phyi nang gnyis ka grang [29]
zos rjes mi bde zas spyod dro na „phrod [30]
de ltar brtag thabs sum cu rtsa brgyad kyis [31]
nad kun „khrul med nges par gtan la „bebs [32]
zhes gsungs so
bdud rtsi snying po yan lag brgyad pa (9a1) gsang ba man ngag gi
rgyud las ngos „jin rtags kyi le‟u ste bzhi pa‟o

41
[15] O pulso de (uma pessoa que sofre de uma
doença de) mKris pa bate rapidamente (e pulsa)
sutilmente (8).
O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) Bad kan é profundo, fraco e lento (9).

(Quanto ao) questionamento, por causa de


alimento e comportamento leve e áspero, (10):
bocejos e tremores (11), espreguiçamento (12), calafrios
(13), dores em todas as articulações da coxa e quadril
(14) [20], dores indefinidas que se movimentam (15),
vômito (de estômago) vazio (16), os órgãos dos sentidos
não têm brilho (17), o conhecimento está embotado (18),
há dor na hora da fome (19).
Alimento oleoso é certamente benéfico (20).

(Condições das doenças) por causa de alimento e


comportamento pungente e quente (21):
gosto amargo (22), cefaléias (23), ondas de calor (24)
[25], dores na região superior (do corpo) (25), dores
após a digestão (26).
(Alimento) frio (27) (é certamente) benéfico.

(Condições das doenças) por causa de alimento e


comportamento pesado e oleoso (28):
falta de apetite (29), dificuldade em digerir o alimento
(30), vômitos (31), (gosto ruim na) boca (32), distensão
abdominal (33), eructações (34), corpo e mente tornam-
se pesados (ambos) (35), sensação de frio dentro e fora
do corpo (36), [30] desconforto após comer (37).
Alimento e comportamento mornos (38) são
certamente benéficos.

42
Portanto, por meio dos 38 métodos de exame,
todas as doenças (podem) ser classificadas sem erro e
com certeza.”

Assim expressou o sábio.


Quarto capítulo sobre o diagnóstico do Tratado
Secreto da Instrução sobre os Oito Ramos da Essência
da Imortalidade.

43
D) APRESENTAÇÃO

RAIZ B
Diagnóstico ngos ‘dzin rtags
Tronco III
Observação blta
Tronco III tem dois ramos:
1º ramo = língua (I) lce
2º ramo = urina (água) (II) chu
2 ramos
Estes dois ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Observação

Do 1º ramo nascem 3 folhas

Língua (I) lce

rLung (1) rlung


vermelha dmar
seca skam
áspera rtsub

Língua (I) lce

mKris pa (2) mkhris pa


coberta com muco grosso e castanho bad kan skya sar
mthug pos g-yogs

Língua (I) lce

Bad kan (3) bad kan


cinza skya
grossa gleg
sem brilho mdangs med
macia „jam
úmida rlon

44
Do 2º ramos nascem 3 folhas

Urina (II) chu

rLung (4) rlung


semelhante à água chu „dra
bolhas grandes lbu ba che

Urina (II) chu

mKris pa (5) mkhris pa


amarelo-avermelhada dmar ser
muito vapor rlangs che
cheiro quente 5 dri ma dugs

Urina (II) chu

Bad kan (6) bad kan


branca dkar
pouco cheiro dri chung
pouco vapor rlangs chung

6 folhas

Estas 6 folhas contém detalhes específicos do


Tronco = Observação

RAIZ B
Tronco III = 2 ramos

Ramo 1 = 3 folhas
Ramo 2 = 3 folhas

6 folhas

45
Raiz B
Diagnóstico ngos ‘dzin rtags
Tronco IV
Sensação (do pulso do vaso) = Palpação reg pa
Tronco IV tem 3 ramos:
1º ramo = rLung (III) rlung
2º ramo = mKris pa (IV) mkhris pa
3º ramo = Bad kan (V) bad kan
3 ramos
Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Sensação (do pulso do vaso) = Palpação

Do 1º ramos nasce 1 folha

rLung (7) rlung


flutuante rkyal
vazio stong
com interrupções skabs su sdod

Do 2º ramo nasce 1 folha

mKris pa (8) mkhris pa


bate rapidamente, difunde-se mgyogs rgyas grims par
(e bate) sutilmente „phar

Do 3º ramo nasce 1 folha

Bad kan (9) bad kan


profundo bying
fraco rgud
lento dal ba

3 folhas

Estas 3 folhas contém detalhes específicos do Tronco =


Sensação (do pulso do vaso) = Palpação

46
RAIZ B
Tronco IV = 3 ramos

Ramo 1 = 1 folha
Ramo 2 = 1 folha
Ramo 3 = 1 folha

3 folhas

RAIZ B
Diagnóstico ngos ‘dzin rtags
Tronco V
Questionamento dri ba
Tronco V tem 3 ramos:

1º ramo = causas produtoras (VI) slong rkyen


2º ramo = condições das doenças (VII) na lugs
3º ramo = alimentação (VIII) zas

3 ramos

Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do


Tronco = Questionamento

Do 1º ramo nascem 3 folhas

Causas produtoras (VI) slong rkyen

rLung (10) rlung


leve yang
áspero rtsub

mKris pa (21) mkhris pa


pungente rno
quente tsha

Bad kan (28) bad kan


47
pesado lci
oleoso snum

Do 2º ramo nascem 23 folhas

Condições das doenças (VII) na lugs

rLung: rlung
1. bocejos e tremores (11) g-yal „dar
1. espreguiçamento (12) bya rmyang
1. calafrios (13) grang shum byed
1. dores em todas as articulações da dpyi dang rked pa
coxa e quadril (14) rus tshigs ma lus na
1. dores indefinidas que se movi- gzer ba nges med
mentam (15) „pho
1. vômito (de estômago) vazio (16) stong skyugs byed
1. os órgãos sensoriais não têm brilho (17) dbang po mi gsal
1. conhecimento está embotado (18) shes pa „tshub pa
1. dor quando tem fome (19) bkres dus na

mKris pa mkhris pa
1. gosto amargo (22) kha kha
1. cefaléias (23) mgo na
1. ondas de calor (=febre) (24) sha drod tsha ba
1. dores na região superior (do corpo) (25) stod gzer
1. dores após a digestão (26) zhu rjes na

Bad kan bad kan


1. falta de apetite dang ga mi bde
1. dificuldade em digerir o alimento (30) kha zas „ju ba dka‟
1. vômitos (31) skyug
1. (gosto ruim na) boca (32) kha mngal
1. distensão abdominal (33) pho ba tshing
1. eructações (34) sgreg
1. corpo e mente tornam-se pesados (35) lus sems lci
1. sensação de frio dentro e fora do phyi nang gnyis ka
corpo (36) grang
1. desconforto após comer (37) zos rjes mi bde

48
Condições das doenças:

rLung 9
mKris pa 5
Bad kan 9
23

Do 3º ramo nascem 3 folhas

Alimentação (VIII) zas

rLung: rlung
oleosa (20) snum

mKris pa: mkhris pa


fria (27) bsil

Bad kan: bad kan


morna (38) dro

29 folhas

Estas 29 folhas contém detalhes específicos do Tronco =


Questionamento

RAIZ B
Tronco V = 3 ramos

Ramo 1 = 3 folhas
Ramo 2 = 23 folhas
Ramo 3 = 3 folhas

29 folhas

49
Os seguintes termos foram retirados do Capítulo 4
(Parte 1) do livro rGyud bzhi:
Raiz do Diagnóstico = ngos „dzin rtags kyi rtsa ba

Tronco III = Observação 2 ramos 6 folhas


Tronco IV = Palpação 3 ramos 3 folhas
Tronco V = Questionamento 29 ramos 29 folhas
8 ramos 38 folhas

50
E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS

Um médico tibetano tenta chegar ao fundo das


causas de uma doença em particular através de um
diagnóstico claro e, ao mesmo tempo, descobrir o tipo
constitucional do paciente. Para diagnosticar os
distúrbios que foram causados por fatores prejudiciais, o
médico começa a realizar os seguintes exames:

um exame geral do corpo


um exame das partes afetadas do corpo
um exame do abdome e da pele
tomada de temperatura do paciente – através do exame
do pulso, etc.

Então, o médico realiza exames mais específicos


com uma observação e exame dos órgãos sensoriais,
das secreções e excreções – fezes, urina, escarro,
sangue e vômitos.
Quando estes exames estiverem completos, os
três métodos diagnósticos que foram analisados em
nosso texto são aplicados: observação, palpação e
questionamento.
Na descrição destes métodos a seguir, será
impossível, evidentemente, denominar todos os
sintomas que são típicos das várias doenças. Melhor
que isso, esperamos que se torne claro que os métodos
diagnósticos são também organizados de uma maneira
sistemática de acordo com os três humores – rLung
(vento), mKris pa (bile) e Bad kan (fleuma). Gostaria de
adicionar também que tive inúmeras oportunidades,
durante minhas visitas aos Himalaias em 1962 e 1967,
de observar médicos tibetanos realizando tais exames.
51
No entanto, uma avaliação exata da precisão dos
diagnósticos foi possível apenas alguns anos depois, em
1970, quando o Dr. Yeshe Donden, meu professor,
passou algum tempo como meu hóspede. Em meu
consultório ele foi apresentado a muitos de meus
pacientes cujas patologias eu mesma já havia
diagnosticado com exatidão. Descobri que Yeshe
Donden era capaz de chegar a um diagnóstico
extremamente preciso sem questionar o paciente sobre
quaisquer aspectos – simplesmente através do exame
do pulso e um exame da urina.

52
RAIZ B
Tronco III = Observação
blta
ramos folhas
lce 3
chu 3
2 6

53
1. Observação

Diagnóstico através do exame da língua

Na medicina chinesa, o exame da língua é o


segundo método mais importante de diagnóstico depois
do exame do pulso. Todas as regiões do corpo estão
relacionadas exatamente com as várias partes da língua
de forma que as funções dos órgãos possam ser
interpretadas. Tal distribuição precisa e metódica dos
órgãos nas várias partes da língua não é encontrada na
medicina tibetana. No entanto, o diagnóstico pelo exame
da língua representa ainda assim um papel importante
na medicina tibetana e seu valor pode ser avaliado pelo
grande número de sintomas, característicos de várias
doenças, relacionados à língua. Apesar disso, este
método não ocupa uma posição central como na
medicina chinesa.
Antes de realizar um exame detalhado, qualquer
tipo de partículas de alimento deve ser removido da
língua. O exame deve, se possível, ser realizado à luz
do dia ou com ótima iluminação. Antes do exame, o
paciente deve ser questionado sobre quais alimentos ou
bebidas ele tenha comido ou bebido.
Dedica-se uma atenção especial às seguintes
características:

1. Coloração da língua.
2. Camada que recobre a língua.
3. Natureza da língua.

54
Nas doenças de rLung (vento), a língua apresenta-se:
vermelha
seca
áspera
Nas doenças de mKris pa (bile), a língua apresenta-se:
coberta com uma grossa camada de muco
castanho-avermelhado.
Nas doenças de Bad kan (fleuma), a língua apresenta-se:
cinza
grossa
sem brilho
macia
úmida

55
Diagnóstico através do exame da urina

Este método diagnóstico é considerado pelos


médicos tibetanos como particularmente importante.
Isso é indicado pelo fato de que no livro rGyud bzhi
(Parte 4, Capítulo 2), as numerosas características das
várias doenças são consideradas de uma maneira
detalhada e bastante exata.6 Este método é também de
grande importância na prática da medicina tibetana.
Quando possível, o paciente a ser examinado
deve estar de estômago vazio ou, pelo menos, não ter
ingerido grande quantidade de alimento. A micção da
manhã é a melhor para o exame da urina – à noite, o
exame deve ser evitado porque a coloração da urina é
afetada pelos gêneros alimentícios que o paciente tenha
ingerido durante o dia. Yeshe Donden utilizou apenas a
urina da manhã para realizar tal diagnóstico nos
pacientes que examinou em meu consultório.
A urina normal é descrita como segue: coloração
amarelo-esbranquiçada, exala quantidade normal de
vapor, não forma muitas bolhas e apresenta um odor
tênue.
Yeshe Donden pediu-me um recipiente em forma
de tigela, pequeno e limpo, para realizar o exame. Os
médicos tibetanos nos Himalaias também enfatizaram
que o recipiente deve ser muito limpo. Em seguida, o
médico requisitou uma vareta de madeira clara. A urina
a ser examinada é despejada dentro do recipiente e
agitada com a vareta de madeira.
Observei que o exame subsequente dura longo
tempo porque as seguintes características devem ser
registradas:
1. Coloração
56
2. Formação de vapor
3. Cheiro
4. Formação de bolhas
5. Sedimentos
Todas essas características são importantes, mas
a formação de bolhas e o sedimento parecem ser
particularmente significativos.
Nas doenças de rLung (vento) são formadas
bolhas grandes e azuis.
Nas doenças de mKris pa (bile) poucas bolhas
aparecem muito rapidamente.
Nas doenças de Bad kan (fleuma) as bolhas são
pequenas e azuladas.
Nas doenças quentes há grande quantidade de
sedimento muito espesso.
Nas doenças frias há pequena quantidade de um
sedimento muito ralo.
Nas doenças de rLung, a urina possui as seguintes
características:
semelhante à água
grandes bolhas.
Nas doenças de mKris pa, a urina apresenta as
seguintes características:
amarelo-avermelhada
cheiro forte.
Nas doenças de Bad kan, a urina apresenta as
seguintes características:
branca
pouco odor
pequena quantidade de vapor.

Yeshe Donden enfatizou particularmente que há


certas características que apontam para a presença de

57
doenças fatais – e que elas também são descritas no
rGyud bzhi como citado a seguir:
– uma doença fatal de rLung está presente quando a
urina é quase azul escura na coloração e apresenta a
superfície ondulada;
– uma febre fatal está presente quando a urina é
vermelho-escura e apresenta odor bolorento, e quando
estes sintomas não desaparecem mesmo após a
prescrição de medicamentos para reduzir a febre;
– uma doença fria fatal está presente quando a urina
não exala qualquer cheiro, apresenta a coloração quase
azul, não há qualquer sedimento nem formação de
bolhas, e ainda se esses sinais não desaparecem após
a prescrição da medicação correspondente.
O diagnóstico feito através do exame da urina, no
qual os médicos tibetanos possuem domínio magistral, e
o qual é realizado apenas com a utilização dos órgãos
sensoriais, deve encorajar-nos, médicos ocidentais, a
desenvolvermos a sensibilidade de nossos órgãos
sensoriais, embotados pela nossa confiança em
instrumentos e equipamentos, de forma a colocar em
prática métodos diagnósticos sensíveis como esse. O
diagnóstico através da urina praticado pelos médicos
tibetanos poderia ser de grande auxílio para nós
também.

58
RAIZ B
Tronco IV = Palpação
reg pa
ramos folhas
rlung 1
mkhris pa 1
bad kan 1
3 3

59
2. Palpação

Diagnóstico através do exame do pulso

Para os médicos tibetanos, as funções dos órgãos


parecem ser mais importantes do que o conhecimento
de sua estrutura anatômica fundamental. O diagnóstico
através do pulso é visto como o mais importante método
diagnóstico por causa da informação sobre as funções
dos órgãos obtida dessa maneira. Em outras palavras,
as funções orgânicas – palpáveis em posições no pulso
– tornam-se evidentes aos médicos tibetanos e são,
portanto, uma clara indicação do tipo de terapia a ser
aplicada.
Ao reconhecermos o diagnóstico pelo pulso
utilizado nos métodos de tratamento asiáticos,
cometemos sempre o mesmo erro. Consideramos que
os órgãos da anatomia ocidental são idênticos à
perspectiva funcional dos órgãos na medicina asiática,
em nosso caso, com os “órgãos” don e snod. Estes
termos tibetanos são apenas vagamente relacionados
com os órgãos da anatomia ocidental.

Técnica

Os médicos tibetanos distinguem três posições


nas quais os pulsos devem ser sentidos:
os pulsos superiores (cabeça)
os pulsos medianos (mão)
os pulsos inferiores (pé)
60
No entanto, a palpação na mão, ou seja, os pulsos
medianos, é a mais comumente praticada pelos médicos
tibetanos. O médico utiliza sua mão direita para
examinar os pulsos da mão do paciente que fica do lado
esquerdo do corpo. A palpação é realizada com o dedo
indicador (mtshon), o dedo médio (kan ma) e o dedo
anelar (chag).
O exame real do pulso é realizado da seguinte
maneira. O médico toma a mão do paciente e vira-a de
forma que os sulcos do punho possam ser vistos
facilmente. Então o médico pega a outra mão do
paciente e coloca a falange distal desta mão sobre o
sulco proximal da outra mão. Assim, a posição do pulso
é indicado pela distância entre o relevo da falange do
polegar e o sulco da mão do paciente. O médico coloca
seus três dedos acima relacionados sobre este ponto –
eles devem estar dispostos em linha reta e não devem
tocar uns nos outros. A pressão exercida sobre cada um
dos três dedos é diferente, com o dedo indicador
exercendo a menor pressão.
As posições do pulso parecem-me dispostas
ligeiramente mais para o meio do que as dos chineses.
Normalmente, o exame do pulso não é realizado em
ambas as mãos ao mesmo tempo; nas mulheres o pulso
da mão direita é examinado primeiro, nos homens, o
pulso da mão esquerda. Após, os pulsos de ambas as
mãos são examinados ao mesmo tempo. Alguns
médicos tibetanos – aqueles com grande experiência –
examinam na verdade, desde o início, os pulsos de
ambas as mãos ao mesmo tempo. O tempo gasto para
realizar tal exame varia de acordo com a dificuldade do
diagnóstico no caso em questão. Primeiramente, o
médico compara o pulso do paciente com sua própria
respiração: se 5 pulsações são contadas desde o início
61
da inspiração ao final da expiração, o paciente não
apresenta nenhuma doença séria. No entanto, se mais
ou menos do que 5 pulsações são contadas, o exame
do pulso irá certamente prolongar-se por um certo
tempo, uma vez que esse é um sintoma de distúrbios de
uma natureza mais séria. Geralmente, um diagnóstico
pelo pulso leva entre 5 a 10 minutos, mas algumas
vezes pode demorar-se mais.
A melhor hora do dia para o exame do pulso é pela
manhã. O paciente deve estar em jejum ou, pelo menos,
não deve ter comido ou bebido grande quantidade de
alimento ou bebida. O paciente também deve estar
relaxado, se possível.
Os médicos tibetanos explicam o exame do pulso
de maneira típica também: sobre as extremidades de
seus três dedos palpadores, o médico descreve as seis
posições que são palpadas. Dois órgãos são
relacionados a cada extremidade dos dedos da mão
direita e esquerda.7

Posições profundas e superficiais

Superficial (pressão leve): todos os órgãos sólidos (don)


Profunda (pressão forte): todos os órgãos ocos (snod)

62
Topologia

mão esquerda do paciente mão direita do paciente


mão direita do médico mão esquerda do médico

Mulher

Indicador (mtshon)
don (direito) pulmões (glo ba) coração (snying)
snod I intestino grosso (long ka) intestino delgado (rgyu ma)
(esquerdo)

médio (kan ma)


don (direito) baço (mcher pa) fígado (mchin pa)
snod II estômago (pho ba) vesícula biliar (mkhris pa)
(esquerdo)

anelar (chag)
don (direito) rim esquerdo (mkhal g-yon) rim direito (mkhal g-yas)
snod III bsam se‟u bexiga (lgang pa)
(esquerdo)

Homem

indicador (mtshon)
don (direito) coração (snying) pulmões (glo ba)
snod I intestino delgado (rgyu ma) intestino grosso (long ka)
(esquerdo)

médio (kan ma)


don (direito) baço (mcher pa) fígado (mchin pa)
snod II estômago (pho ba) vesícula biliar (mkhris pa)
(esquerdo)

anelar (chag)
don (direito) rim esquerdo (mkhal g-yon) rim direito (mkhal g-yas)
snod III bsam se‟u bexiga (lgang pa)
(esquerdo)

63
Mão esquerda do paciente
Mão direita do médico

indicador 1
I
mtshon
2
médio 3
II
kan ma
4
anelar 5
III
chag
6

Mulher
1 pulmões glo ba indicador I
2 intestino delgado long ka
3 baço mcher pa médio II
4 estômago pho ba
5 rim esquerdo mkhal g-yon anelar III
6 bsam se‟u bsam se‟u
Homem
1 coração snying indicador I
2 intestino delgado rgyu ma
3 baço mcher pa médio II
4 estômago pho ba
5 rim esquerdo mkhal g-yon anelar III
6 bsam se‟u bsam se‟u

64
Mão direita do paciente
Mão esquerda do médico

1 indicador
I
mtshon
2
3 médio
II
kan ma
4
5 anelar
III
chag
6

Mulher
1 coração snying indicador I
2 intestino delgado rgyu ma
3 fígado mchin pa médio II
4 vesícula biliar mkhris pa
5 rim direito mkhal g-yas anelar III
6 bexiga lgang pa
Homem
1 pulmões glo ba indicador I
2 intestino delgado long ka
3 fígado mchin pa médio II
4 vesícula biliar mkhris pa
5 rim direito mkhal g-yas anelar III
6 bexiga lgang pa

65
Os órgãos na medicina tibetana estão divididos em
dois grupos:

5 órgãos sólidos: coração, fígado, pulmões, baço e rins


6 órgãos ocos: intestino grosso, vesícula biliar, intestino
delgado, estômago, bexiga e bsam se‟u

Esta classificação dos órgãos em grupos é


notável. No Volume 1, descobrimos a distribuição dos
don e snod em rLung (vento), mKris pa (bile) e Bad kan
(fleuma):

rLung mKris pa Bad kan

don coração fígado baço


rins
pulmões

snod intestino grosso vesícula biliar estômago


bsam se‟u intestino delgado bexiga

As relações entre os três humores e os vários órgãos


podem ser claramente observadas no caso do
diagnóstico através do exame do pulso:

 Todos os órgãos sólidos (don) são palpados com o


lado direito da extremidade do dedo;
 Todos os órgãos ocos (snod) são palpados com o
lado esquerdo da extremidade do dedo.

As diferenças entre os pulsos dos homens e das


mulheres são as seguintes:

66
Posição I
Mulheres mão esquerda do paciente e mão direita do médico
= pulmões (glo ba) e intestino delgado (long ka)
mão direita do paciente e mão esquerda do médico
= coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma)
Homens mão esquerda do paciente e mão direita do médico
= coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma)
mão direita do paciente e mão esquerda do médico
= pulmões (glo ba) e intestino grosso (long ka)

Uma comparação entre os pulsos chineses e


tibetanos

Na medicina tradicional chinesa, os seguintes


órgãos são definidos como:

 Os cinco tsang = órgãos sólidos (Yin): fígado,


coração, baço, pulmões, rins (circulação – sexo). Este
grupo de órgãos corresponde aos cinco don descritos
no Volume 1.
 Os seis fu = órgãos ocos (Yang): vesícula biliar,
intestino delgado, estômago, intestino grosso, bexiga,
triplo – aquecedor. Este grupo de órgãos corresponde
aos seis snod como descrito no Volume 1.

A principal diferença:

Todos os grupos são interligados.


Órgãos sólidos tibetanos (don): superficial.
Órgãos ocos tibetanos (snod): profundo.
Órgãos ocos chineses (fu): superficial.
Órgãos sólidos chineses (tsang): profundo.

67
Pulsos chineses
mão esquerda do paciente mão direita do paciente
coração pulmões
intestino delgado I intestino delgado I
fígado baço
vesícula biliar II estômago II
rins circulação – sexo
bexiga III triplo-aquecedor = san chiao III

Chinês Tibetano Chinês Tibetano

mão esquerda do paciente mão direita do paciente


I coração coração pulmões pulmões
intestino delgado intestino delgado intestino grosso intestino grosso
homens homens
pulmões coração
intestino grosso intestino delgado
mulheres mulheres
II fígado baço baço fígado
vesícula biliar estômago estômago vesícula biliar
III rins rim esquerdo Circulação-sexo rim direito
bexiga bsam se‟u triplo-aquecedor = bexiga
mulheres san chiao
rim esquerdo
bsam se‟u
homens

Uma comparação das posições das tomadas de


pulso mostra em quais aspectos o diagnóstico pelo
pulso tibetano e chinês diferem e assemelham-se. Se
considerarmos as posições, encontramos que o
diagnóstico tibetano pelo pulso, até certo ponto, retrata
mais fielmente a estrutura anatômica real do corpo
quando o baço é palpado sobre a mão esquerda,
enquanto o fígado e a vesícula biliar são palpados do
lado direito. Devemos adicionar também que não há
falta de lógica quando os rins, um par de órgãos, são
68
palpados de ambos os lados, tanto na mão esquerda
quanto na direita.
Devemos fazer alguma observação sobre o órgão
“bsam se‟u”. Este termo não aparece no texto onde os
grupos de órgãos, “don” e “snod” são relacionados
(rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo 3, Volume 1). Apesar
disso, os tibetanos relacionam este órgão como um dos
órgãos ocos (snod), o sexto nesse grupo. Bastante
estranho, no entanto, nas tabelas de pulsologia que
examinei enquanto estive com os médicos tibetanos,
este órgão é referido como “bsam se‟u” = vesícula
seminal, na posição correspondente dos pulsos
femininos, o útero (mngal).
O fato de que a divisão dos órgãos em grupos
descrita acima é idêntica na medicina tibetana e chinesa
(tsang – Yin = don, fu – Yang = snod), indica que os
tibetanos muito provavelmente adotaram o diagnóstico
pelo pulso a partir dos chineses. É possível que com o
termo “bsam se‟u”, os tibetanos tenham criado seu
equivalente ao órgão triplo-aquecedor chinês (chin san
chiao).

Notas históricas

Na medicina antiga indiana, há também analogias


entre os três humores e certos órgãos, mas não há uma
estrita divisão como na medicina chinesa. Por outro
lado, a divisão dos órgãos tibetanos em “don” e “snod” é
quase idêntica à dos chineses. Portanto, podemos
afirmar que, uma vez que os tibetanos utilizam esses
grupos de órgãos em seu diagnóstico do pulso, eles o
adotaram dos chineses.
Está registrado que os primeiros livros tibetanos
sobre diagnóstico pelo pulso foram escritos por um
69
médico tibetano, gYu thog pa Yon tan mgon po rnying
ma. Esses livros foram entitulados “mngon shes gnad kyi
„phrul „khar” e “rtsa dpyad rig pa rab gsal sde gsal sde
tshan lnga pa lag len pod chung”.
gYu thog pa Yon tan mgon po rnying ma (o mais
velho), foi contemporâneo do rei Khri srong lde btsan,
que reinou de 755 até 797 D.C. A suposição de W. A.
Unkrig (na Introdução da obra “Die tibetische
Medizinphilosophie” por C. von Korvin-Krasinski, págs.
xxi-xxii, de que o conhecimento sobre o pulso e a
palpação pode ser atribuído a gYu thog pa Yon tan
mgon po gsar pa (o mais novo), que viveu no século 11,
está obviamente incorreta. Pelo fato de gYu thog pa Yon
tan mgon po rnying ma (o mais velho) ter escrito dois
livros altamente respeitados sobre o diagnóstico tibetano
pelo pulso, devemos admitir que o diagnóstico pelo
pulso já devia ser conhecido pelos tibetanos em sua
forma atual desde os meados do século 8. Esta
suposição é também sustentada pelo fato de que a
medicina tibetana floresceu exatamente nessa época.
Um intercâmbio de idéias particularmente ativo entre os
vários sistemas médicos estava em progressão naquela
época, como pode ser demonstrado pelo “Debate de
bSam yas”, ocorrido em 794 D.C., no qual participaram
médicos da China, Índia, Pérsia, Nepal, Sinkiang,
Kashmir e Afeganistão.
No entanto, a data exata das primeiras influências
chinesas nesta esfera pode ser determinada apenas
quando alguns livros – pelo menos vinte e quatro –
sobre diagnóstico chinês pelo pulso tiverem sido
traduzidos pelos Sinologistas. Apenas então será
possível determinar a diferença entre os diagnósticos
pelo pulso tibetano e chinês.8

70
RAIZ B
Tronco V = Questionamento
dri ba
ramos folhas
slong rkyen 3
na lugs 23
zas 3
3 29

71
3. Questionamento (Anamnese)

Um questionamento correto do paciente é


considerado uma maneira clara de reconhecer uma
doença. Primeiramente, o médico pergunta ao
mensageiro que foi enviado pelo paciente:
1) Quais as queixas gerais ou específicas de que sofre o
paciente;
2) A quais tratamento ele já se submeteu;
3) Quando o paciente ficou doente; e
4) Que médico já tratou do paciente.

Quando recebe as respostas a essas questões,


um bom médico já deve ter uma idéia do que está
errado com o paciente.
Quando questiona realmente o paciente, o médico
está interessado em descobrir: que medicamentos ele já
tomou; se já foram realizados sangria ou outros métodos
de tratamento; e finalmente, o que o paciente refere que
está errado consigo e o que comeu ou bebeu. Após
essas questões gerais o médico precisa observar o
sistema prescrito que possibilita diagnosticar tanto o que
está errado com o paciente como o tipo constitucional do
mesmo.

1. Causas Produtoras

Um médico tibetano sabe quais características das


potências dos medicamentos ou alimentos como causas
produtoras podem levar ao aparecimento de certas
condições de doenças. Assim, ele pergunta ao paciente,
primeiramente, se as condições leves e ásperas,

72
pungentes e quentes, pesadas e oleosas se
harmonizam com ele.
Uma doença de rLung está presente se o paciente
responde que condições leves e ásperas não condizem
com ele.
O paciente está sofrendo de uma doença de mKris
pa se ele responde que as condições pungentes e
quentes não condizem com ele.
O paciente sofre de uma doença de Bad kan se
ele responde que as condições pesadas e oleosas não
se harmonizam com ele.
Estas são as três questões sobre as causas
produtoras.

2. Condições das Doenças

Sabedor de que há certas condições que levam às


doenças, as quais estão relacionadas com os três tipos
constitucionais e suas patologias, o médico tibetano
pergunta ao paciente se as seguintes condições estão
presentes:
1) bocejos e tremores,
2) espreguiçamento,
3) calafrios,
4) dores em todas as articulações da coxa e quadril,
5) dores indefinidas que se movimentam,
6) vômito (de estômago) vazio,
7) os órgãos dos sentidos não têm brilho,
8) o conhecimento está embotado,
9) há dor na hora da fome.
Se esses sintomas estiverem presentes, o paciente é
um tipo rLung e está sofrendo de uma doença de rLung.

73
1)
gosto amargo,
2)
cefaléias,
3)
ondas de calor,
4)
dores na região superior (do corpo),
5)
dores após a digestão.
Se esses sintomas estão presentes, o paciente é
um tipo mKris pa e está acometido de uma doença de
mKris pa.

1) falta de apetite,
2) dificuldade em digerir o alimento,
3) vômitos,
4) gosto ruim na boca,
5) distensão abdominal,
6) eructações,
7) corpo e mente tornam-se pesados (ambos),
8) sensação de frio dentro e fora do corpo,
9) desconforto após comer.
Se esses sintomas estiverem presentes, o
paciente é um tipo Bad kan e está acometido de
um distúrbio de Bad kan.

Estas são as 23 questões sobre as condições das


doenças (rLung = 9, mKris pa = 5, Bad kan = 9).

74
3. Alimentação

Sabedor de que alimentos com características


específicas podem acarretar uma melhora nas
condições do paciente, o médico pergunta, finalmente,
ao paciente:
1) Se ele melhora após a ingestão de alimentos
oleosos. Se esse for o caso, o paciente é um tipo
rLung e está acometido de uma doença de rLung.
2) Se ele sente-se melhor após a ingestão de
alimentos que sejam frios. Se esse for o caso, o
paciente é um tipo mKris pa e está acometido de
um distúrbio de mKris pa.
3) Se ele melhora após a ingestão de alimentos que
sejam mornos. Se esse for o caso, o paciente é
um tipo Bad kan e está acometido de um distúrbio
de Bad kan.
Estas são as três questões sobre a alimentação.

Resumo

1. causas produtoras 3 questões


2. condições das doenças 23 questões
3. alimentação 3 questões
29 questões

Estas 29 questões são características típicas da


medicina tibetana e os médicos tibetanos costumam
conduzir o questionamento dessa maneira sistemática.
Pude observar freqüentemente como os médicos nos
Himalaias eram capazes de restringir as possibilidades
de uma doença através destas questões especialmente
direcionadas e determinar também o tipo constitucional
75
do paciente. No entanto, o fato é que existem
relativamente poucas pessoas que sejam definidamente
rLung, mKris pa e Bad kan. A maioria das pessoas são
casos mistos, sendo que as características dominantes
determinam o tipo constitucional do indivíduo. Se, no
entanto, as características forem demasiadamente
mistas de forma a serem igualmente divididas entre
todos os três tipos, são então relacionados em tipos
mistos como “rLung-mKris pa” ou “Bad kan-mKris pa”,
por exemplo. O tipo de tratamento também é
direcionado a tais características.
É difícil imaginar qualquer outra medicina tendo tal
sistema inteligente e sistemático de questionamento
como a medicina tibetana. Certamente, os médicos
tibetanos colocam muita ênfase neste detalhado e exato
método de questionamento. Diz-se que os médicos que
podem diagnosticar uma doença após um grupo de
questões são bem conhecidos e gozam de ótima
reputação.

76
Capítulo Três TERAPÊUTICA

Sumário do Capítulo
Introdução
A) Bloco de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo
5 – fólio 9a, 9b
B) Transliteração do texto
C) Tradução do texto
D) Apresentação
E) Métodos de tratamento
1. Nutrição
2. Comportamento
3. Medicamentos
4. Tratamentos

INTRODUÇÃO
Como no capítulo anterior, os fólios, páginas e
linhas do bloco de impressão foram incluídos na
transliteração (9a2-9b4). Na tradução, os troncos estão
numerados de VI-IX e as folhas de 1-98.
Foi possível também neste caso identificar todas
as 98 folhas e os 27 ramos, de forma que todas as 98
folhas foram enumeradas consecutivamente.
Os 4 troncos da Raiz C = Terapêutica
VI Nutrição
VII Comportamento
VIII Medicamentos
IX Tratamentos
foram, portanto, analisados e apresentados na mesma
ordem como no capítulo anterior: Blocos de impressão
(A), Transliteração (B), Tradução (C) e Apresentação
(D). Os métodos terapêuticos (E) serão então descritos
aqui.
77
Descrições um pouco mais detalhadas estão
incluídas nos métodos terapêuticos que podem ser mais
facilmente aplicados no Ocidente – moxabustão e
sangria.
Evidentemente, será possível trabalhar aqui
apenas com os métodos mencionados no texto em
questão. O repertório completo de métodos de
tratamento é naturalmente muito longo e deverá ser
trabalhado no Volume III. No entanto, esta descrição de
alguns dos métodos torna mais óbvio uma vez que os
métodos em questão referem-se claramente aos tipos
constitucionais.
Deve-se também acrescentar que a cirurgia não foi
mencionada no sistema de medicina tibetana.
Entretanto, uma breve descrição foi incluída neste
volume.

78
79
RAIZ C
Terapêutica

Nutrição Comportamento Medicamentos Tratamentos

6 ramos 3 ramos 15 ramos 3 ramos


35 folhas 6 folhas 50 folhas 7 folhas

VI VII VIII IX

80
A) BLOCO DE IMPRESSÃO

rGyud bzhi, Parte 1


Capítulo 5
Fólio 9a

81
rGyud bzhi, Parte 1
Capítulo 5
Fólio 9b

82
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO

de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis skad ces gsungs so
kye drang srong chen po nyon cig
(9a2) nad la gso bar byed pa‟i gnyen po ni [1]
zas dang spyod lam sman dpyad bzhi yin te [2]
rta bong „phyi ba lo sha sha chen dang [3]
„bru mar lo lar bu ram sgog skya btsong [4]
„o ma lca ba ra mnye zan chang dang [5]
bur chang rus chang rlung nad can gyi (9a3) zas [6]
ba ra‟i zho dar mar gsar ri dvags sha [7]
ra sha skom sha gsar pa chag tshe dang [8]
skyabs dang khur tshod chab tsha chu bsil dang [9]
bskol grangs mkhris pa‟i nad kyi zas su btsad [10]
lug dang g-yag rgod gcan gzan nya yi sha [11]
(9a4) sbrang rtsi skam sa‟i „bru rnying zan dron dang [12]
„bri yi zho dar gar chang chu skol ni [13]
ba kan nad gzhi can gyis bsten par bya [14

83
C) TRADUÇÃO DO TEXTO

Então, novamente, o sábio Rig pa‟i ye shes falou


assim:
“Ouça, oh grande sábio! Para medidas que levem
à cura no caso das doenças, existem quatro: nutrição,
comportamento, medicamentos e tratamentos.
Os alimentos para uma pessoa que sofre de
doenças de rLung (I):
cavalo (1), macaco (2), marmota (3), carne de um idoso (4),
carne humana (5), óleo de gergelim (6), óleo envelhecido
(7), açúcar mascavo (8), alho (9), cebolas (10).
[5] (II): leite (11), sopa de cenoura e alho (12), líquido
extraído do açúcar cru (13), sopa de ossos (14).
A alimentação de uma pessoa que sofre de um
distúrbio de mKris pa (III) é:
iogurtes de leite de vaca e cabra (15), manteiga (16),
manteiga fresca (17), carne de veado (18), carne de
cabrito (19), carne fresca de animais de
desenvolvimento misto (20), cevada fresca (21), ervas
“skyabs” (22), dente-de-leão (23),
(IV): água quente (24), água fria (25),
[10] (água) fervida e fria (26).
(Os seguintes alimentos) devem ser adotados
pelas pessoas afetadas por Bad kan (V) como base da
doença:
carneiro (27), iaque selvagem (28), animais de caça
(29), peixe fresco (30), mel (31), mingau quente de
grãos envelhecidos plantados em solo seco (32),
(VI): iogurtes e manteiga da fêmea do iaque (33),
cerveja forte (34), água fervida (35).

84
rlung la dro sar yid „ong grogs bsten dzing [15]
mkhris pa‟i nad la bsil sar dal bar bsdad [16]
bad (9a5) kan nad la rtsol bcad dro sa bsten [17]
rlung la mngar skyur lan tsha snum lci „jam [18]
mngar kha bska bsil sla rtul mkhris pa‟i sman [19]
tsha skyur bska rno rtsub yang bad kan no [20]
ro nus de la sbyor ba zhi sbyang gnyis [21]
zhi byed rlung la khu ba (9a6) sman mar gnyis [22]
mkhris pa‟i nad la thang dang cur nis bsten [23]
bad kan nad la ril bu tres sam sbyar [24]
lhu ba rus khu bcud bzhi mgo khrol te [25]
sman mar dza ti sgog skya „bras bu gsum [26]
rtsa ba lnga dang sman chen dag la (9b1) sbyar [27]
ma nu sle tres tig ta „bras bu‟i thang [28]
ga bur tsan dan gur gum cu gang phye [29]
btsan dug tshva sna rnams kyi ril bu dang [30]

85
[15] No caso de (um distúrbio de) rLung (VII), o paciente
deve manter-se na companhia de pessoas agradáveis
(36) em local aquecido (37).
No caso de (um distúrbio de) mKris pa (VIII), o
paciente deve sentar-se calmamente (38) em um local
fresco (39).
No caso de (um distúrbio de) Bad kan (IX), o
paciente deve fazer caminhadas enérgicas (40) e
conservar-se em local aquecido (41).
No caso de rLung (X): doce (42), azedo (43) e
salgado (44).
(XI): oleoso (45), pesado (46) e suave (47).
Medicamentos para mKris pa (XII): doce (48),
amargo (49), (e) adstringente (50).
(XIII): frio (51), fraco (52) e embotado (53).
[20] E (no caso de) Bad kan (XIV): pungente (54), azedo
(55) e adstringente (56), (XV): penetrante (57), áspero
(58) (e) leve (59).
Quanto aos sabores (X-XII-XIV) e potências (XI-
XIII-XV) citados, há dois tipos de preparações: (tornar)
calmo e (tornar) limpo.
(Aqueles que) tornam calmo, nos casos de rLung,
são de dois (tipos): sopas (XVI) (e) óleos medicinais.
(XVII) Nos casos de distúrbios de mKris pa o
paciente deve tomar xaropes (XIII) e pós (XIX). Deve-se
preparar pílulas (XX) (e) pastas (XXI) nos casos de
distúrbios de Bad kan.
[25] Sopas: sopa preparada com ossos (60), os
quatro sucos (61), e a (sopa) “mgo khrol” (62).
Óleos medicinais devem ser preparados com
nardo (63), alho (64), as três frutas (65), as três raízes
(66) e os acônitos (67).


N. do T.: Nardostachys jatamansi.
86
Xaropes de: rizoma de lírio florentino (68), “sle
tres” (69), Swertia chirata (70) e as frutas (71).
Pós: cânfora (72), sândalo (73), açafrão (74) e
suco resinoso do bambu (75).
[30] Pílulas: de acônito (76) e de vários tipos de sal
(77).

87
tres sam se „bru da lis rgod ma kha [31]
tshva dang cong dzi bsregs pa‟i thal sman no [32]
sbyong byed (9b2) rlung gi nad la „jam rtsi ste [33]
mkhris pa bshal la bad kan skyugs kyis sbyang [34]
„jam rtsi sle „jam bkru „jam bkru ma slen [35]
bshal la spyi bshal sgos bshal drag dang „jam [36]
skyugs la drag skyugs gnyis su sbyar [37]
dpyad du bsku mnye hor gyi me btsa‟ dang [38]
rngul dbyung gtar ga chu yi „phrul „khor dang [39]
dugs dang me btsa‟ rim bzhin dpyad kyis bcos [40]
de ltar gso thabs dgu bcu rtsa brgyad po [41]
(9b4) yengs med gus par brtson pas bsten byas na [42]
nad kyi „dam las myur du grol bar „gyur [43]
zhes gsungs so
bdud rtsi snying po yan la brgyad pa gsang ba man ngag gi rgyud
las gso thabs kyi le‟u ste lnga pa‟o

88
Pastas: romãs (78), rododendros (79), “rgod ma
kha” (80) e medicamentos alcalinos à base de sal
queimado (81) e pedra branca (82).
(Quanto às preparações que) purificam, nos casos
de doenças de rLung (XXII), (utilizam-se) enemas
oleosos.
(Nos casos de) doenças de mKris pa (XXIII):
laxantes.
(Nos casos de) doenças de Bad kan (XXIV), (são
tornadas) purificadas com eméticos.
[35] Enemas oleosos: (preparam-se) enemas
suaves (83), enemas purgativos (84), purgativos que
não são fracos (85).
No caso dos laxantes (preparam-se): laxantes
gerais (86), laxantes especiais (87), laxantes fortes (88)
e fracos (89). No caso dos eméticos: duas (formas):
eméticos fortes (90) e fracos (91).
Quanto aos tratamentos: (rLung) (XXV):
massagem com unção (92) e cauterização do tipo
mongol (93).
(mKris pa) (XVI): produção de suor (94), sangria
(95) e a roda de água mágica (96).
[40] (Bad kan) (XXVII): (tratamento com) calor (97)
e cauterização (98).
(Através desses) tratamentos pode-se curar
(doenças causadas por distúrbios de rLung, mKris pa e
Bad kan) respectivamente.
Portanto, há 98 métodos de cura.
Aquele que confiar nos mesmos atentamente,
respeitosamente e diligentemente será rapidamente
libertado do pântano da doença.”
Assim falou ele.

89
Quinto capítulo sobre os métodos de cura do
Tratado Secreto da Instrução sobre os Oito Ramos da
Essência da Imortalidade.

90
D) APRESENTAÇÃO

RAIZ C
Terapêutica gso thabs
Tronco VI
Nutrição zas
Tronco VI possui 6 ramos:
1º ramo = alimentos para rLung (I) rlung zas
2º ramo = bebidas para rLung (II) rlung skom
3º ramo = alimentos para mKris pa (III) mkhris zas
4º ramo = bebidas para mKris pa (IV) mkhris skom
5º ramo = alimentos para Bad kan (V) bad zas
6º ramo = bebidas para Bad kan (VI) bad skom
6 ramos
Estes 6 ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Nutrição

Do 1º ramo nascem 10 folhas

Alimentos para rLung (I) rlung zas


1. cavalo (1) rta
2. macaco (2) bong
3. marmota (3) „phyi ba
4. carne envelhecida (4) lo sha
5. carne humana (5)9 sha chen
6. óleo de gergelim (6) „bru mar
7. óleo envelhecido (7) lo mar
8. açúcar mascavo (8) bu ram
9. alho (9) sgog skya
10. cebolas (10) btsong

Do 2º ramo nascem 4 folhas

Bebidas para rLung (II) rlung skom


1. leite (11) „o ma
2. sopa de cenoura e alho (12) lca ba ra mnye zan chang
3. líquido (extraído) do açúcar mascavo (13) bur chang

91
4. sopa de ossos (14) rus chang

14 folhas

Do 3º ramo nascem 9 folhas

Alimentos para mKris pa (III) mkhris zas


1. iogurtes de vaca e cabra (15) ba ra‟i zho
2. manteiga (16) dar
3. manteiga fresca (17) mar gsar
4. carne de carneiro (18) ri dvags sha
5. carne de cabra (19) ra sha
6. carne fresca de animais de reprodução skom sha gsar pa
mista (20)
7. cevada fresca (21) chag tshe
8. ervas “skyabs” (22) 10 skyabs
9. dente-de-leão (23) khur tshod

Do 4º ramo nascem 3 folhas

Bebidas para mKris pa (IV) mkhris skom


1. água quente (24) chab tsha
2. água fria (25) chu bsil
3. (água) fervida e fria (26) (chu) bskol grangs

12 folhas

Do 5º ramo nascem 6 folhas

Alimentos para Bad kan (V) bad zas


1. carneiro (27) lug
2. iaque selvagem (28) g-yag rgod
3. animais de caça (29) gcan gzan
4. carne de peixe (30) nya yi sha
5. mel (31) sbrang rtsi
6. mingau quente de grãos velhos skam sa‟i „bru
cultivados em solo seco (32) rnying zan dron

Do 6º ramo nascem 3 folhas


92
Bebidas para Bad kan (VI) bad skom
1. iogurtes e manteiga da fêmea do „bri yi zho dar
iaque (33)
2. cerveja forte (34) gar chang
3. água fervida (35) chu skol

9 folhas

Resumo
rLung mKris pa Bad kan
Alimentos 10 9 6
Bebidas 4 3 3
14 12 9 = 35

Estas 35 folhas contém detalhes específicos do


Tronco = Nutrição

RAIZ C
Tronco VI = 6 ramos

Ramo 1 = 10 folhas
Ramo 2 = 4 folhas
Ramo 3 = 9 folhas
Ramo 4 = 3 folhas
Ramo 5 = 6 folhas
Ramo 6 = 3 folhas

35 folhas

93
RAIZ C
Terapêutica gso thabs
Tronco VII
Comportamento spyod

Tronco VII possui 3 ramos:

1º ramo = conduta para rLung (VII) rlung spyod


2º ramo = conduta para mKris pa (VIII) mkhris pa‟i spyod
3º ramo = conduta para Bad kan (IX) bad kan spyod

3 ramos

Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do


Tronco = Comportamento

Do 1º ramo nascem 2 folhas

Conduta para rLung (VII) rlung spyod


1. conservar-se em companhia yid „on grogs bsten
agradável (36)
2. local morno (37) dro sa

Do 2º ramo nascem 2 folhas

Conduta para mKris pa (VIII) mkhris pa „i spyod


1. sentar-se calmamente (38) dal bar bsdad
2. local frio (39) bsil sa

Do 3º ramo nascem 2 folhas

Conduta para Bad kan (IX) bad kan spyod


1. fazer caminhadas enérgicas (40) rtsol bcag
2. local morno (41) dro sa

6 folhas
Estas 6 folhas contém os detalhes específicos do
Tronco = Comportamento

94
RAIZ C
Tronco VII = 3 ramos

Ramo 1 = 2 folhas
Ramo 2 = 2 folhas
Ramo 3 = 2 folhas

6 folhas

95
RAIZ C
Terapêutica gso thabs
Tronco VIII
Medicamentos sman
Tronco VIII possui 15 ramos:

1º ramo = sabor ro
rLung (X) rlung
2º ramo = potência nus pa
rLung (XI) rlung
3º ramo = sabor ro
mKris pa (XII) mkhris pa
4º ramo = potência nus pa
mKris pa (XIII) mkhris pa
5º ramo = sabor ro
Bad kan (XIV) bad kan
6º ramo = potência nus pa
Bad kan (XV) bad kan
7º ramo = acalmar zhi byed
rLung (XVI) rlung
sopas khu ba
8º ramos = acalmar zhi byed
rLung (XVII) rlung
óleos medicinais sman mar
9º ramo = acalmar zhi byed
mKris pa (XVIII) mkhris pa
xaropes thang
10º ramo = acalmar zhi byed
mKris pa (XIX) mkhris pa
pós cur ni
11º ramo = acalmar zhi byed
Bad kan (XX) bad kan
pílulas ril bu
12º ramo = acalmar zhi byed
Bad kan (XXI) bad kan
pastas tres sam
13º ramo = purificar sbyong byed
rLung (XXII) rlung
enemas oleosos „jam rtsi
14º ramo = purificar sbyong byed
96
mKris pa (XXIII) mkhris pa
laxantes bshal sman
15º ramo = purificar sbyong byed
Bad kan (XXIV) bad kan
eméticos skyugs sman

15 ramos

Estes 15 ramos correspondem aos detalhes gerais do


Tronco = Medicamentos

Do 1º ramo surgem 3 folhas


Sabor ro
rLung (X) rlung
1. doce (42) mngar
2. azedo (43) skyur
3. salgado (44) lan tshva (texto: lan tsha)

Do 2º ramo nascem 3 folhas


Potência nus pa
rLung (XI) rlung
1. oleoso (45) snum
2. pesado (49) lci
3. suave (50) „jam

Do 3º ramo nascem 3 folhas


Sabor ro
mKris pa (XII) mkhris pa
1. doce (48) mngar
2. amargo (49) kha
3. adstringente (50) bska

Do 4º ramo nascem 3 folhas


Potência nus pa
mKris pa (XIII) mkhris pa
1. fria (51) bsil
2. grossa (52) sla
3. embotada (53) rtul

97
Do 5º ramo nascem 3 folhas
Sabor ro
Bad kan (XIV) bad kan
1. pungente (54) tsha
2. azedo (55) skyur
3. adstringente (56) bska

Do 6º ramo nascem 3 folhas


Potência nus pa
Bad kan (XV) bad kan
1. penetrante (57) rno
2. áspero (58) rtsub
3. leve (59) yang

Do 7º ramo nascem 3 folhas


acalmar zhi byed
rLung (XVI) rlung
Sopas khu ba
1. sopa de ossos (60) rus khu
2. os quatro sucos (61) bcud bzhi
3. “mgo khrol” (62)11 mgo khrol

Do 8º ramo nascem 5 folhas


acalmar zhi byed
rLung (XVII) rlung
Óleos medicinais sman mar
1. Nardostachys jatamansi (63) dza ti
2. alho (64) sgog skya
3. as três frutas (65) 12 „bras bu gsum
4. as quatro raízes (66) rtsa ba lnga
5. acônitos (67) sman chen

Do 9º ramo nascem 4 folhas


acalmar zhi byed
mKris pa (XVIII) mkhris pa
Xaropes thang
1. rizoma de lírio florentino (68) ma nu

98
2. Tinospora cordifolia sle tres
3. Swertia chirata (70) tig ta
4. as (três) frutas (71) „bras bu (gsum)

Do 10º ramo nascem 4 folhas


acalmar zhi byed
mKris pa (XIX) mkhris pa
Pós cur ni
1. Cinnamomum camphora (72) ga bur
2. sândalo (73) tsan dan
3. Crocus sativus (74) gur gum
4. Resina do bambu (75) cu gang

Do 11º ramo nascem 2 folhas


acalmar zhi byed
Bad kan (XX) bad kan
Pílulas ril bu
1. acônito (76) btsan dug
2. vários tipos de sal (77) tshva sna rnams

Do 12º ramo nascem 5 folhas


acalmar zhi byed
Bad kan (XXI) bad kan
Pastas tres sam
1. Punica granatum (78) se „bru
2. rododendros (79) da li
3. um medicamento muito quente (80)13 rgod ma kha
4. medicamentos alcalinos à base de tshva bsregs pa‟i
sais14 thal sman
5. pedra branca (82)15 com zhi

Do 13º ramo nascem 3 folhas


purificar sbyong byed
rLung (XXII) rlung
Enemas oleosos „jam rtsi
1. suave (83) sle „jam
2. purgativo (84) bkru „jam


N. do T.: Em “Formulário de Medicina Tibetana” por Bagwan Dash.
99
3. purgativos não suaves (85) bkru ma slen

Do 14º ramo nascem 4 folhas


purificar sbyong byed
mKris pa (XXIII) mkhris pa
Laxantes bshal sman
1. laxantes gerais (86) spyi bshal
2. laxantes especiais (87) sgos bshal
3. laxantes fortes (88) drag bshal
4. laxantes suaves (89) „jam bshal

Do 15º ramo nascem 2 folhas


purificar sbyong byed
Bad kan (XXIV) bad kan
Eméticos skyugs sman
1. eméticos fortes (90) drag skyugs
2. eméticos fracos (91) „jam skyugs

50 folhas

Estas 50 folhas contém detalhes específicos do


Tronco = Medicamentos

100
RAIZ C

Tronco VIII = 15 ramos


Ramo 1 = 3 folhas
Ramo 2 = 3 folhas
Ramo 3 = 3 folhas
Ramo 4 = 3 folhas
Ramo 5 = 3 folhas
Ramo 5 = 3 folhas
Ramo 6 = 3 folhas
Ramo 7 = 3 folhas
Ramo 8 = 5 folhas
Ramo 9 = 4 folhas
Ramo 10 = 4 folhas
Ramo 11 = 2 folhas
Ramo 12 = 5 folhas
Ramo 13 = 3 folhas
Ramo 14 = 4 folhas
Ramo 15 = 2 folhas

= 50 folhas

101
RAIZ C
Terapêutica gso thabs

Tronco IX
Tratamentos (externos) dpyad
Tronco IX possui 3 ramos:

1º ramo = tratamentos (externos) dpyad


rLung (XXV) rlung
2º ramo = tratamentos (externos) dpyad
mKris pa (XXVI) mkhris pa
3º ramo = tratamentos (externos) dpyad
Bad kan (XXVII) bad kan

3 ramos

Estes ramos correspondem aos detalhes gerais do


Tronco = Tratamentos (externos).

Do 1º ramo nascem 2 folhas


tratamentos (externos) dpyad
rLung (XXV) rlung
1. massagem com óleo (92) bsku mnye
2. cauterização tipo mongol (93) hor gyi me btsa‟

Do 2º ramo nascem 3 folhas


tratamentos (externos) dpyad
mKris pa (XXVI) mkhris pa
1. indução da perspiração (94) rngul dbyung
2. sangria (95) gtar ga
3. roda de água mágica (96) chu yi „phrul „khor

Do 3º ramo nascem 2 folhas


tratamentos (externos) dpyad
Bad kan (XXVII) bad kan
1. (terapia) quente (97) dugs
2. cauterização (moxabustão) (98) me btsa‟

7 folhas
102
Estas 7 folhas contém detalhes específicos do
Tronco = Tratamentos (externos)

RAIZ C

Tronco IX = 3 ramos
Ramo 1 = 2 folhas
Ramo 2 = 3 folhas
Ramo 3 = 2 folhas

7 folhas

Os termos a seguir foram retirados do Capítulo 5


(Parte 1) do livro rGyud bzhi:

Raiz do Tratamento = gso byed thabs kyi rtsa ba


Tronco VI = Nutrição 6 ramos 35 folhas
Tronco VII = Comportamento 3 ramos 6 folhas
Tronco VIII = Medicamentos 15 ramos 50 folhas
Tronco IX = Tratamentos (externos) 3 ramos 7 folhas

27 ramos 98 folhas

103
RAIZ C
Tronco VI = Nutrição
zas
ramos folhas
rlung zas 10
rlung skom 4
mkhris pa zas 9
mkhris pa skom 3
bad zas 6
bad skom 3
6 35

104
E) MÉTODOS DE TRATAMENTO
1. Nutrição

Nutrição – Alimentos sólidos

Faz-se distinção entre os seguintes tipos de


alimentos.
Grãos
Grãos sem vagem: cevada, trigo, arroz, milho, trigo
sarraceno etc. Seu sabor é doce e como resultado de
sua ingestão, Bad kan (fleuma) é fortalecido e rLung
(vento) é reduzido.
Grãos com vagem: lentilhas, ervilhas, gergelim,
linhaça etc. À princípio, todo tipo de grão é pesado
quando fresco, mas leve quando seco. Os efeitos de
todos estes diferentes grãos e suas qualidades quanto
ao sabor são descritos em detalhes.

Carne
Animais cuja carne é comestível são divididos em oito
grupos a seguir:
Animais que vivem em solo seco: 1) Pássaros de
montanhas que obtém seu alimento utilizando suas
garras e pequenos pássaros que usam seus bicos. 2)
Animais de caça. 3) Animais de caça de grande porte. A
carne proveniente destes animais é fria, leve e áspera.
Animais que vivem tanto na água quanto em solo
seco: 4) Animais predadores. 5) Pássaros que obtém
seu alimento utilizando sua própria habilidade, por
exemplo, abutres, corvos, etc. 6) Animais domésticos. A
carne proveniente destes animais possui tanto as

105
características dos que vivem em solo seco como em
ambiente úmido.
Animais que vivem em ambiente úmido: 7) Animais
que vivem em esconderijos ou covas. 8) Animais que
vivem na água (gansos, lontras, peixes etc.) A carne
destes animais é oleosa, pesada e quente.
Estes são os oito tipos de animais.
A carne seca e a carne que foi bem cozida são de
fácil digestão.

Óleos comestíveis
Os seguintes tipos de óleos comestíveis são descritos:
óleo de açafrão, óleo de gergelim, gordura de medula
óssea e gordura sólida.
Atribuem-se características específicas aos vários
tipos de óleos. Eles são um importante gênero
alimentício para os tibetanos e são particularmente
benéficos para os idosos, para crianças frágeis e para
todas as doenças de rLung (vento).

Vegetais
Os vários tipos de vegetais, suas características e
efeitos são descritos com grande precisão. Todos os
tipos de vegetais bloqueiam as entradas dos vasos.
Preparações
Dedica-se grande atenção à preparação das variadas
sopas de arroz (rala, grossa e forte), às sopas de grãos
e às sopas de vegetais porque estas preparações são
importantes para muitas doenças quando está muito frio,
particularmente quando são preparadas com gordura.
Nutrição – líquidos

106
Os tibetanos possuem uma apreciação especial por
virtualmente todos os tipos de leite (de vaca, de cabras,
de dri, de ovelhas etc.) assim como pelos vários
derivados do leite, como os queijos, os iogurtes e
manteiga. Todos estes derivados possuem
características particulares, assim como as possuem os
sete tipos de água: água da chuva, água de rios, água
de fontes, água de poço, soda e água que pinga das
árvores. A água proveniente das montanhas altas e a
água que recebeu o brilho do sol são particularmente
benéficas enquanto que a água estagnada e a água
pútrida estimulam o desenvolvimento das doenças.
O álcool é utilizado para aqueles que sofrem de
sono agitado e cura doenças de Bad kan e mKris pa.
Entretanto, o consumo excessivo de álcool não é
considerado benéfico.
Incompatibilidade entre alimentos – dieta prejudicial
Faz-se distinção entre os seguintes dois grupos:
Alimentos tóxicos
Podem ser reconhecidos pela sua coloração, cheiro e
sabor; os sintomas que surgem após a ingestão de tais
alimentos são: boca seca, sudorese, tremores e
agitação.

Alimentos que são indigestos pois não podem ser


ingeridos juntos
Por exemplo, peixe e leite, leite e fruta, ovos e peixe,
aves domésticas e iogurtes, (partes iguais de) mel e
óleo, sopa de ervilhas e açúcar mascavo e iogurtes.


N. do T.: A fêmea do iaque.
107
Outros erros dietéticos também estão incluídos
neste grupo. Por exemplo, não se deve conservar a
manteiga por mais de dez dias em recipiente de bronze
e não se deve ingerir alimento azedo com leite.
Hábitos alimentares sensatos e corretos
A terceira e última seções estão relacionadas com
hábitos alimentares sensatos. A cada ingestão de
alimentos, é vital que a quantidade do mesmo esteja
correta. Se o alimento ingerido for leve, pode-se comer
até que o estômago esteja repleto. No entanto, se o
alimento for pesado, deve-se comer até preencher
metade do estômago. Doenças de rLung surgem se a
ingestão de alimentos é insuficiente. Líquidos ingeridos
após uma refeição são bons para a digestão. À princípio,
considera-se benéfica a ingestão no começo, no meio e
no final de uma refeição. A água fria é considerada
benéfica se o paciente fica inchado após uma refeição.
Consegue-se reduzir a gordura misturando mel e água.
Muitas instruções como estas são fornecidas mas
o mais importante é que o indivíduo deve alimentar-se
moderadamente.

108
RAIZ C
Tronco VII = Comportamento
spyod
ramos folhas
rlung spyod 2
mkhris pa‟i spyod 2
bad kan spyod 2
3 6

109
2. Comportamento

Comportamento diário, contínuo

O primeiro tipo de comportamento diário


mencionado refere-se às medidas que podem prolongar
a vida. As pedras preciosas devem ser usadas como
amuletos e a má utilização do corpo, da mente e da fala
deve ser evitado. A pessoa deve verificar o caminho
pelo qual está indo e a cadeira na qual está se
sentando. São fornecidas instruções com relação ao
sono – dormir durante o dia, por exemplo, piora as
doenças de Bad kan. Vários tipos de conselhos quanto à
atividade sexual são dados, por exemplo, com relação à
freqüência e à época do ano, etc.
Nas pessoas tipo rLung, é benéfico friccioná-los
com óleo, enquanto os tipos Bad kan devem fazer
bastante exercícios e ginástica. Banhos regulares são
considerados saudáveis, mas não se deve lavar a
cabeça com água morna. O banho não está indicado se
a pessoa estiver com problemas digestivos.
O segundo tipo de comportamento diário refere-se
à conduta a favor e contra o seu ambiente. Deve-se
mostrar respeito às pessoas mais velhas, deve-se
apreciar seu vizinho e, em geral, atentar para as boas
maneiras. Regras de conduta severas a serem
observadas na vida cotidiana são mencionadas aqui. O
terceiro e último aspecto do comportamento diário
refere-se, finalmente, com questões relacionadas ao
lado religioso da vida. Aqui, a ênfase é, sobretudo, na
constante manutenção de seu corpo, mente e fala sob
controle.

110
Comportamento sazonal

Os tibetanos consideram seis estações do ano –


começo e final do inverno, primavera, (começo do)
verão, estação chuvosa (final do verão) e outono – cada
uma delas durando 2 meses.
Começo do inverno: Durante este período do ano,
quando não há muito para comer, deve-se ingerir
alimentos doces, azedos e salgados. Deve-se friccionar
o corpo com óleo e ingerir comida gordurosa; deve-se
usar roupas quentes e permanecer próximo ao fogo.
Final do inverno: Se o frio for intenso, as mesmas
medidas acima devem ser adotadas, apenas de forma
mais extrema.
Primavera: Nesta época do ano, desenvolvem-se
doenças de Bad kan e, portanto, deve-se ingerir
alimentos com sabor amargo, penetrante e adstringente.
Deve-se evitar alimentos ásperos, por exemplo, cevada
envelhecida, mel e água fervida. Grande quantidade de
exercícios e massagens são benéficas.
Verão (começo): Em geral, os efeitos do calor
devem ser evitados – em outras palavras, roupas leves
devem ser vestidas, deve-se permanecer na sombra,
banhar-se em água fria etc. Os alimentos não devem ser
salgados, penetrantes ou amargo, mas sim com sabor
doce e leve, oleoso e frio.
Estação chuvosa (final do verão): O fogo digestivo
esfria-se durante a estação chuvosa porque a terra está
saturada de água. Portanto, alimentos que estimulam o
fogo digestivo devem ser ingeridos, ou seja, alimentos
com sabor doce, azedo e salgado e alimentos que sejam
leves, mornos e oleosos. Deve-se beber álcool e
permanecer em locais frios.

111
Outono: Durante a estação chuvosa precedente, o
corpo sofreu resfriamento e podem ocorrer doenças de
mKris pa. Portanto, no outono, devem ser ingeridos
alimentos com sabor doce, amargo e adstringente. As
roupas devem aquecer.
Estes aspectos podem ser resumidos da seguinte
forma:

estação chuvosa e
inverno alimentos e bebidas devem aquecer

primavera alimentos e bebidas devem ser ásperos

verão e outono alimentos e bebidas devem ser frios


outono e
primavera tomar laxativos e eméticos

estação chuvosa enemas oleosos

Comportamento casual

Referimos aqui às necessidades naturais que não


devem ser reprimidas, com o risco de se desenvolverem
doenças.
A repressão da fome natural tem como
conseqüência o surgimento de doenças, as quais podem
ser dominadas com a ingestão de alimentos leves,
oleosos e mornos. As conseqüências da supressão da
sede podem ser combatidas com métodos refrescantes;
a supressão dos vômitos, por jejum; a supressão dos
espirros, por inalação de soluções ácidas e a supressão
do sono, por sopa de carne e bebida alcoólica.
Outros tipos de comportamento ocasional são
relacionados e, finalmente, são fornecidos os seguintes
conselhos gerais. No inverno, acumulam-se doenças de
112
Bad kan (fleuma) e, portanto, sua influência sobre o
corpo deve ser eliminada durante a estação das chuvas
(final do verão). Durante essa estação, acumulam-se as
doenças de mKris pa (bile) e sua influência sobre o
corpo deve ser eliminada no outono.

113
RAIZ C
Tronco VIII = Medicamentos
sman
ramos folhas
rlung sman ro 3
rlung sman nus pa 3
mkhris pa sman ro 3
mkhris pa sman nus pa 3
bad kan gyi sman ro 3
bad kan sman nus pa 3
rlung bzhi byed 3
rlung zhi byed 5
mkhris pa zhi byed 4
mkhris pa zhi byed 4
bad kan zhi byed 2
bad kan zhi byed 5
rlung sbyong byed 3
mkhris pa sbyong byed 4
bad kan sbyong byed 2
15 50

114
3. Medicamentos

Resumo da Seção
Comentários gerais
Classificação
Sabor dos medicamentos
Os grupos de medicamentos e suas funções
O sabor pós digestivo
Potência dos medicamentos
Preparações

Comentários gerais

Uma parte relativamente extensa da literatura


médica tibetana está relacionada com medicamentos,
mas, infelizmente, até hoje nem um único livro foi
traduzido, sendo responsáveis por isso as enormes
dificuldade encontradas na determinação, tão precisa
quanto possível, da terminologia necessária. W.A.
Unkrig16, um dos mais experientes nesta área, afirma
que é extremamente difícil determinar os equivalente
botânicos, latinos, dos medicamentos tibetanos.
No entanto, espera-se que esta terminologia não
permaneça, como foi, um território inexplorado por muito
tempo porque os tibetologistas17 começaram a cuidar
deste assunto. Diversos livros 18 novos estarão
disponíveis em breve para nos fornecer pontos de
referência importantes e definitivos, também.
Nós podemos observar também a diferença
existente entre as plantas e ervas que foram utilizadas
no Tibete e aquelas que estão atualmente disponíveis
aos tibetanos nos países onde estão exilados, nos quais
os médicos tibetanos não podem mais coletar as plantas
115
e ervas que crescem nas montanhas extremamente
altas do Tibete. Este país, rico em plantas e minerais,
importou espécies, tais como o ginseng da Coréia, e
muitas outras, de países vizinhos enquanto exportava
substâncias como o almíscar, o bórax etc.
Os medicamentos eram coletados em grandes ou
pequenas expedições de acordo com regras específicas.
As expedições maiores ocorriam em agosto e setembro
e, durante sua progressão, jovens médicos recebiam
instruções precisas relacionadas com as plantas e os
minerais. Normalmente, as frutas eram colhidas no
outono e as folhas, no verão; os ramos eram cortados
na primavera e as raízes, desenterradas no inverno. A
preparação das plantas ocorria então na “casa da
medicina” (sman khang) = farmácia.
Primeiramente, aplica-se calor moderado para
remover a água e depois as plantas são pulverizadas
antes de serem transformadas em pílulas, pós ou
pastas. As pílulas são, freqüentemente, cobertas com
uma camada feita de várias substâncias. Finalmente, os
medicamentos líquidos são despejados em pequenos
frascos e as pílulas e pós envolvidos em papel e
rotulados de acordo. A substância na qual o
medicamento é ingerido possui um papel importante e é
conhecido como “cavalo do medicamento” (sman rta).
Pode ser água, açúcar ou mel. Os medicamentos
prontos para consumo podem conter até 30 a 40
diferentes componentes e as formas de pílulas e pós
são as mais populares. Quase todo médico tibetano leva
consigo uma pequena farmácia em sua pequena bolsa
de medicamentos (sman khug ou sman rkyal), uma
pequena bolsa de couro, contendo até 50 tipos
diferentes de medicamentos. Os medicamentos são
administrados individualmente, a maioria pela manhã e à
116
noite. A composição dos medicamentos e a preparação
das receitas médicas são tão variadas que sua
enumeração preencheria alguns volumes.
Freqüentemente, torna-se impossível determinar as
quantidades exatas utilizadas na preparação dos
medicamentos – o fator importante é que as proporções
estejam corretas e não a quantidade absoluta de cada
um dos componentes, porque a rica experiência que os
tibetanos possuem permite que eles façam variações na
composição dos medicamentos de acordo com as
necessidades de um indivíduo.
Em qualquer tratamento que utilize medicamentos
tibetanos é possível encontrar algumas dificuldades no
Ocidente. Estes excelentes e sutis medicamentos
tibetanos seriam provavelmente menos eficazes se
forem produzidos por métodos ocidentais; de qualquer
forma, não é possível importar medicamentos tibetanos
genuínos por causa das leis farmacêuticas nos países
ocidentais e, indubitavelmente, com as novas leis 19
implantadas na Europa a produção de medicamentos
tibetanos no Ocidente tornaram-se consideravelmente
mais difíceis. Além disso, deve ser ressaltado que os
medicamentos tibetanos podem ser utilizados
satisfatoriamente apenas se o tipo constitucional do
paciente for conhecido – sem este conhecimento, não é
possível qualquer tratamento. Uma aplicação prematura
destes extremamente preciosos medicamentos tibetanos
poderia ser até mesmo perigosa, considerando-se
especialmente a atual tendência em direção às “drogas
milagrosas” da Ásia que mencionamos no início deste
livro. Um exame cuidadoso e paciente e uma análise
deste rico repertório de medicamentos tibetanos são
necessários para que nós no Ocidente possamos
usufruir de seus benefícios também. Portanto, a
117
apresentação dos medicamentos não deve servir para
anteceder a prática da medicina tibetana, mas antes,
para ampliar seus fundamentos teóricos de uma maneira
sistemática.

Classificação

Os mais importantes livros sobre farmácia foram


escritos por bsTan „dzin phun tshogs. Este autor viveu
cerca de 1800 D.C. e escreveu muitos trabalhos
médicos altamente considerados os quais são também
de particular valor uma vez que foram impressos no
Monastério de sDe dge. Os blocos de impressão deste
monastério são considerados particularmente confiáveis.

1. bdud nad gzhom pa‟i gnyen po rtsi sman gyi nus pa


rkyang bshad gsal ston dri med shel gong. Título
abreviado: dri med shel gong
2. bdud rtsi sman gyi rnam dbye ngo bo nus ming rgyas
par bshad pa dri med shel phreng. Título abreviado:
dri med shel phreng
3. lag len gces bsdus

Evidentemente, seria impossível especificar todos


os tipos de medicamentos mencionados nesta lista. Pelo
contrário, isto confundiria o sistema que gostaríamos de
descrever com clareza. Assim, eventualmente, apenas
alguns tipos de medicamentos são mencionados.

118
I- Pedras preciosas e metais rin po che‟i sman
A. Substâncias preciosas que não mi bzhu ba‟i rin po
podem ser fundidas che „i sman
diamante rdo rje pha lam
turquesa g-yu
rubi pad ma ra ga
B. Substâncias preciosas que podem bzhu ba‟i ri po che‟i
ser fundidas
prata dngul
cobre zangs
II- Rochas e minerais rdo sman
A. Substâncias minerais que podem ser bzhu ba‟i khams kyi
fundidas rdo
magnetita khab len
mercúrio mtshal
B. Substâncias minerais que não mi bzhu ba‟i khams
podem ser fundidas kyi rdo
carvão mineral rdo sol
cobre lig bu mig
casco de tartaruga sbal rgyab
III- Areias medicinais sa sman
A. Terra natural rang byung gi sa
pó de ouro gser bye
chumbo li khri
índigo rams
B. Terra manufaturada bcos pa‟i sa sman
enxofre mu zi
tijolo so phag
cascalho gyo mo
IV- Exudatos e secreções (especiarias) rtsi sman
açafrão gur gum
Nardostachys jatamansi dza ti
almíscar gla rtsi
V- Substâncias medicinais extraídas de shing sman
árvores
A. Frutos e sementes shing sman „bras bu
B. Flores e shing sman me tog
C. Folhas lo ma
D. Ramos yal ga
119
E. Tronco shing sman sdong po
F. Casca shing sman pags pa
G. Resinas e tshi ba thang chu
VI- Medicamentos à base de extratos thang sman
fervidos
VII- Plantas medicinais, ervas e sngo sman
VIII- Medicamentos extraídos de seres srog chags sman
sencientes

Esta breve classificação foi extraída do livro de


„Jam dpal rdo rje, que empregou principalmente o “dri
med shel phreng” e o “dri med shel gong”. (Ver títulos
das obras).
A divisão clássica em 8 partes: rGyud bzhi II,
capítulo 2038-40: rin po che yi sman dang sa rdo‟i
sman/shing sman rtsi sman thang sman sngo sman
dang/srog chags sman dang dbye ba brgyad du bshad//
1) Medicamentos preciosos (rin po che yi sman);
2) areias medicinais (sa yi sman);
3) pedras medicinais (rdo sman);
4) árvores medicinais (shing sman);
5) essências medicinais (rtsi sman);
6) poções medicinais (thang sman);
7) plantas medicinais (sngo sman);
8) medicamentos à base de seres sencientes (srog
chags sman).
Sabor (ro) dos medicamentos
Na preparação de um medicamento, o sabor20 é
de grande importância. Os médicos tibetanos fazem
distinção entre seis tipos de sabor (ro):

1. doce mngar ba
2. azedo skyur ba
3. salgado lan tshva ba
120
4. amargo kha ba
5. penetrante tsha ba
6. adstringente bska ba

Os tipos de sabor resultam dos efeitos dos


elementos – terra, água, fogo, vento e espaço – ou seja,
da interação entre dois dos elementos da seguinte
maneira:

doce = terra e água


azedo = fogo e terra
salgado = água e fogo
amargo = água e vento
penetrante = fogo e vento
adstringente = terra e vento

Eles são classificados quanto à rLung (vento),


mKris pa (bile) e Bad kan (fleuma) conforme segue:

rLung mKris pa Bad kan


doce mngar ba doce mngar penetrante tsha ba
azedo skyur ba amargo kha ba azedo skyur ba
salgado lan tshva ba adstringente bska ba adstringente bska ba

rGyud bzhi Parte 2, Capítulo 19 67-69


mngar skyur lan tsha tsha bas rlung „joms shing//
kha dang mngar dang bska bas mkhris pa sel//
tsha skyur lan tshas bad kan sel bar byed//

Doce, azedo, salgado, penetrante dominam rLung,


amargo e doce e adstringente removem mKris pa,
penetrante, azedo, salgado removem Bad kan.

( Diferenças: textos da Parte 1 e Parte 2 relativos a ro.)

121
Como existem 6 qualidades de sabor, um total de
63 combinações é possível.
As combinações são as seguintes:

1 qualidades de sabor não combinadas 6


2 combinações de 2 qualidades de sabor 15
3 combinações de 3 qualidades de sabor 20
4 combinações de 4 qualidades de sabor 15
5 combinações de 5 qualidades de sabor 6
6 combinação das 6 qualidades de sabor 1
63

Este número, sessenta e três, chama nossa


atenção para certos conceitos dos ensinamentos do
tridosha indiano.21
Os grupos de medicamentos e suas funções

1. O grupo de sabor doce:


mel, açúcar, açafrão, alcaçuz, carne, aspargos
O sabor doce é útil para pessoas idosas e crianças, para
curar ulcerações, para fortalecimento geral do
organismo e prolongar a vida.
2. O grupo de sabor azedo:
manteiga, iogurtes, romã, figo, Emblica officinalis, etc.
O sabor azedo estimula a digestão e o apetite.
3. O grupo de sabor salgado:
soda, sal-gema, alume, sal de chifre, salitre, etc.
O sabor salgado é utilizado quando o corpo está
enrijecido e nos casos de perda de apetite.
4. O grupo de sabor amargo:
uva-espim, figos, genciana, almíscar, etc.

122
O sabor amargo põe fim aos vermes, fortalece a
memória e é benéfica para combater a sede, o
envenenamento e a febre.
5. O grupo de sabor penetrante:
cebolas, alho, gengibre, pimenta preta, etc.
O sabor penetrante é útil nos casos de edemas,
doenças da pele, anasarca e úlceras; estimula a
digestão e age como purgante.
6. O grupo de sabor adstringente:
tamarga, Emblica officinalis, sândalo, Terminalia
chebula, etc.
O sabor adstringente cura ulcerações e limpa a pele.
O sabor pós-digestivo

O sabor pós digestivo dos medicamentos que são


principalmente doces e azedos é doce.
Com medicamentos azedos, há um sabor pós-digestivo
azedo e com os amargos, pungentes e adstringentes, o
sabor pós-digestivo é amargo.
Potência (nus pa) dos medicamentos

No que diz respeito à potência dos medicamentos,


os seguintes tipos são relacionados:
1 oleoso snum pa
2 pesado lci ba
3 suave „jam pa
4 frio bsil ba
5 fino sla ba
6 embotado rtul ba
7 penetrante rno ba
8 áspero rtsub pa
9 leve yang ba
123
Estes tipos são classificados em rLung, mKris pa e
Bad kan como segue:

rLung mKris pa Bad kan


oleoso snum pa frio bsil ba penetrante rno ba
pesado lci pa fino sla ba áspero rtsub pa
suave „jam pa embotado rtul ba leve yang ba

rGyud bzhi Parte 2, Capítulo 20 4-5


nus pa lci snum bsil dang rtul ba dang//
yang rtsub tsha dang rno ba rnam pa brgyad//

Pesado (lci) (1), oleoso (snum) (2), frio (bsil) (3) e


embotado (rtul) (4), leve (yang) (5), áspero (rtsub) (6),
quente (tsha) (7) r penetrante (rno) (8) são os oito (tipos)
de potência.

Na verdade: há oito tipos de potências.


(Diferenças: texto da Parte 1 e Parte 2)

rGyud bzhi Parte 2, Capítulo 20 6-10


dang po bzhi pos rlung dang mkhris pa sel//
„og ma bzhi yis bad kan sel bar byed//
yang rtsub bsil ba gsum gyis rlung skyed cing//
tsha rno snum pa gsum gyis mkhris pa skyed//
lci snum bsil rtul bzhi yis bad kan skyed//

As quatro primeiros removem rLung e mKris pa.


O último dos quatro remove Bad kan.
Leve, áspero, frio: estes três produzem rLung.
Quente, penetrante, oleoso: estes três produzem mKris pa.
Pesado, oleoso, frio, embotado: estes quatro produzem Bad
kan.

124
Preparações

Sopas khu ba
sopas de ossos rus khu
os quatro sucos bcud bzhi
“mgo khrol” mgo khrol

Óleos medicinais sman mar


nardo dza ti
alho sgog skya
as três frutas „bras bu gsum
as quatro raízes rtsa ba lnga
acônitos sman chen

Estas 8 preparações aliviam as doenças de rLung

Xaropes thang
rizoma de lírio florentino ma nu
Tinospora cordifolia sle tres
Swertia chirata tig ta
as três frutas „bras bu gsum

Pós cur ni
cânfora ba bur
sândalo tsan dan
açafrão gur gum
resina de bambu cu gang

Estas 8 preparações aliviam as doenças de mkris pa

Pílulas ril bu
acônito btsan dug
vários tipos de sal tshva sna rnams

Pastas tres sam


romã se „bru
125
rododendros da li
um medicamento muito quente rgod ma kha
medicamentos alcalinos à base de sais tshva bsregs pa‟i thal
sman
pedra branca cong zhi

Estas 7 preparações aliviam as doenças de Bad kan

Enemas oleosos ‘jam rtsi


suave sle „jam
purgativo bkru „jam
purgativos não suaves bkru ma slen pa

Estas 3 preparações eliminam as doenças de rLung

Laxantes bshal sman


laxantes gerais spyi sman
laxantes específicos sgos bshal
laxantes fortes drag bshal
laxantes suaves „jam bshal

Estas 4 preparações eliminam doenças de mKris pa

Eméticos skyugs sman


eméticos fortes drag skyugs
eméticos suaves „jam skyugs

Estas 2 preparações eliminam as doenças de Bad kan

Esta apresentação sistemática indica claramente


que o tratamento é dirigido pelo tipo constitucional do
paciente. Portanto, apesar da natureza bastante
complicada do objeto em questão, um esquema muito
preciso surgiu para a Terapêutica.
126
RAIZ C
Tronco IX = Tratamentos
dpyad
ramos folhas
rlung gi dpyad 2
mkhris pa‟i dpyad 3
bad kan dpyad 2
3 7

127
4. Tratamentos

Resumo da Seção
Tipo-rLung
I- Unção com massagem bsku mnye
II- cauterização mongol hor gyi me btsa‟
Tipo-mKris pa
I- produção de suor rngul dbyung
II- sangria gtar ga
III- a roda mágica de água chu yi „phrul „khor
Tipo-Bad kan
I- calor (tratamento) dugs
II- Cauterização (moxabustão) me btsa‟

Estes são os sete tratamentos que serão descritos


abaixo. No entanto, como não é objetivo deste Volume
descrever a prática da medicina tibetana, mas compilar
uma terminologia médica partindo dos textos e mostrar
claramente que a medicina tibetana é um conhecimento
de constituição, os tratamentos serão descritos
resumidamente. A intenção desta descrição é
demonstrar como certos tratamentos característicos
para os três tipos constitucionais são distribuídos entre
eles. Portanto, a descrição será realizada de acordo com
o acima mencionado sistema. Uma descrição um pouco
mais detalhada será fornecida para aqueles métodos de
tratamento que podem ser aplicados mais facilmente no
Ocidente – sangria e moxabustão.
Os comentários seguintes sobre os métodos de
tratamento são baseados principalmente nas instruções
orais e escritas de meus professores tibetanos. No
entanto, eu recebi informações auxiliares de seus
alunos, e sou particularmente grata ao Dr. Barry Clark,
que está sendo instruído em medicina tibetana em
128
Dharamsala. Ao descrever estes tratamentos, tentei
relatar o menos possível minhas próprias observações e
experiências, e seguir o livro rGyud bzhi tão fielmente
quanto possível.

Tipo-rLung

1. Massagem
Indicações
Em geral, todas as doenças de rLung podem ser
tratadas desta maneira, mas a massagem é
particularmente benéfica na depressão, para peles
ásperas, nas doenças que afetam o idoso, na insônia,
na perda geral de vigor e na anemia.

Contra-indicações
A massagem não pode ser utilizada nos casos de
enrijecimento das pernas, problemas digestivos e perda
de apetite.

Prática
A massagem é realizada friccionando-se as
respectivas partes do corpo, geralmente com
substâncias gordurosas que curam certas doenças. O
óleo de gergelim é empregado na cura da insônia e
doenças de rLung em geral; manteiga clarificada é
empregada para melhorar a memória e a inteligência; a
manteiga envelhecida por um ano, para doenças
mentais; a gordura de cavalo e de macaco é utilizada
para doenças linfáticas e prurido; a gordura de lontra,
nas doenças renais; a gordura de cachorro, para
ferimentos causados por mordidas de cachorro; gordura
de cabra, para as lesões de varíola, especialmente as
129
faciais; gordura de abutre e de porco, para catarata;
almíscar e manteiga, para insônia durante o dia - ou
noite - causada por febre. Um xarope feito de sulfato,
levedura e manteiga cura ferimentos abertos, graves e
recentes. Um xarope à base de cinzas de um certo tipo
de feijão misturado com leite de égua e macaca cura
ferimentos crônicos, infectados. Um xarope feito com as
cinzas de pele de cobra queimada misturada com
gordura de porco cura a deficiência de pigmentos na
pele.
Na fabricação destas misturas, grande número de
substâncias são também mencionadas, extraídas da
chamada “farmácia asquerosa”, ou seja, cinzas de chifre
queimado, excreções de ratos, sujeira de cozinha, etc.
2 - Cauterização mongol
Este é o segundo tipo de tratamento benéfico para
as doenças de rLung. Sementes de Carum carvi e
manteiga (ou qualquer outra gordura) são queimadas e
esta mistura é colocada em uma manta de lã. É então
pressionada sobre a parte indicada do corpo através da
manta de lã. Uma outra versão envolve a colocação de
uma mistura de sementes de Carum carvi e sal em um
pano, depois mergulha-se este pano em manteiga
quente e trata-se as partes indicadas do corpo com esta
espécie de compressa.

Tipo-mKris pa

1- Produção de suor
Este método de tratamento pode ser empregado
para todas as doenças onde a sudorese é considerada
necessária. O método mais popular de induzir a
130
transpiração é envolver todo o corpo do paciente em
muitas peças de tecido aquecido e deixá-lo permanecer
enrolado até que suor suficiente tenha sido produzido.

2- Sangria
Este método de tratamento é também benéfico
para todas as doenças de mKris pa. É um dos métodos
considerados bastante efetivos e pode ser aplicado no
Ocidente. Esta é também a razão porque eu gostaria de
melhor descrever este método, uma vez que os detalhes
extraídos do livro rgyud bzhi foram reproduzidos exata e
completamente.

Indicações
Doenças que afetam os indivíduos tipo-mKris pa,
doenças causadas por febre disseminada, edemas,
gota, úlceras, doenças sangüíneas e linfáticas.

Contra indicações
Gravidez, pacientes frágeis, pacientes suscetíveis
a doenças mentais, crianças com menos de 16 anos e
com mais de 70 anos; é necessário grande cuidado com
veias muitos salientes e agrupadas; à princípio, este
método de tratamento não deve ser utilizado em certas
doenças causadas por Bad kan e doenças que afetam
pacientes do tipo-rLung.

Instrumentos
Um ferreiro muito experiente deve manufaturar os
instrumentos de ferro compacto e resistente. Eles devem
ser pontiagudos o suficiente para atravessar um fio de
cabelo flutuando no ar. Os instrumentos devem possuir
sempre seis dedos (largura do dedo) de comprimento.
131
Prática
Antes de dar início ao tratamento, certas
preparações devem ser realizadas pois o sangue impuro
deve ser separado do sangue puro. Isto é feito da
seguinte maneira: entre três e cinco dias são
administradas decocções feitas com o suco dos três
mirabólanos. Sem estas decocções, a febre e rLung se
elevariam, o sangue puro seria eliminado e o sangue
impuro ficaria retido.
A ligadura apenas pode ser aplicada sobre um
membro quando o paciente tiver sido exposto a um calor
intenso. Um pedaço de cordão fino deve ser utilizado
como ligadura e aplicada em várias partes do corpo. Na
cabeça, o cordão deve ser amarrado em torno do dorso
da cabeça de forma que as veias fiquem salientes. Com
o auxílio de uma pequena vareta, ambas as
extremidades do cordão são puxadas cuidadosamente e
uniformemente. Os cordões empregados diagonalmente
sobre os ombros são usados para as veias do tórax. Um
cordão é amarrado sob o queixo e em torno da laringe
para fazer as veias dos olhos ficarem salientes. Uma
ligadura é aplicada para as veias sobre os ombros por
meio de uma corda amarrada abaixo das axilas. De
maneira similar, um cordão em torno do braço, acima do
punho é usado para as veias dos dedos, um cordão
colocado um dedo acima do joelho é empregado para a
veia mais grossa da perna, e um cordão acima do
tornozelo para as veias dos pés.
As ligaduras devem ser amarradas o suficiente
para deixar a veia saliente, mas não demais que
machuque a pele. Após a aplicação da ligadura, as veias
são massageadas e batidas levemente. Deve-se então
esperar um instante antes que o tratamento possa
132
realmente começar. A veia em questão é empurrada
para o lado com o polegar e o sangue é então extraído
com com a ponta do instrumento mais adequado, três
dedos (largura do dedo) abaixo da veia ligada. Ao todo,
há cinco diferentes tipos de incisão, ou seja, incisão
lateral, incisão direta, incisão ao longo da veia, etc. Cada
um destes métodos referem-se a um tipo de veia em
particular e sua localização. No entanto, o mais
importante aspecto de todas estas medidas conduzidas
muito cuidadosamente, é que a incisão na pele deve ser
justamente tão longo quanto a incisão na veia.
Os médicos tibetanos conhecem exatamente
quando interromper a retirada do sangue. A regra mais
importante é que quando aparecer sangue normal, de
coloração suave, nenhuma única gota pode ser retirada.

Os pontos
O trajeto das veias e a exata posição anatômica
dos vários pontos utilizados na sangria são descritos de
maneira extremamente detalhada. Cada ponto
corresponde a sintomas específicos ou quadros clínicos.
Durante meus períodos de estudo, tive com freqüência a
oportunidade de observar os médicos tibetanos
utilizando o método da sangria. Recebi também
instruções orais e, acima de tudo, mapas muitos bons de
meu professor Yeshe Donden; no entanto, a prática é de
tal modo complicada que seria impossível abranger o
tópico de maneira compreensível neste livro. Portanto,
apenas algumas instruções gerais serão fornecidas aqui.
Nas manchas dolorosas, deve ser utilizada a veia mais
próxima. Nas febres elevadas, primeiro a veia larga e
depois a fina deve ser tratada e vice-versa se a febre
não é muito elevada. Nas doenças muito graves, é

133
aconselhável começar o tratamento com uma veia
principal e não com veias muitos pequenas.
A amostra de sangue é cuidadosamente
examinada e as instruções sobre o diagnóstico são
dadas de acordo com as várias características, tais
como: se o sangue está grosso ou fino e qual a
coloração que tem a amostra. Assim, por exemplo, o
sangue fino e pálido está relacionado com doenças de
Bad kan. A quantidade de sangue retirado também é
importante.

Efeitos colaterais e complicações por erro


Mesmo o menor erro pode trazer sérias
conseqüências e, por esta razão, todo cuidado é
direcionado para observar os possíveis erros. Pode ser
que não possa ser retirado sangue suficiente porque o
corpo do paciente não estava pré-aquecido
corretamente, ou o paciente pode ter ingerido muito
alimento antes do tratamento; o corte pode ter sido
muito pequeno ou a ligadura pode ter sido removida
muito cedo. É possível que não tenha sido retirado
sangue impuro suficiente; o corte pode sangrar
demasiadamente ou podem surgir edemas; a pele pode
ter sido muito lesada, ou o instrumento pode não estar
afiado adequadamente. São mencionadas também
medidas para remediar estes erros.

Medidas pós sangria


Depois de realizada a sangria o paciente é
instruído a repousar. O ponto de onde o sangue foi
removido é massageado e depois coberto com curativo.

Benefícios

134
As vantagens deste método são múltiplas: as veias
são limpas, o sangue impuro é removido, a dor é
aliviada, os edemas desaparecem, o paciente obeso
perde peso e o magro ganha peso.
O método de sangria foi desenvolvido a um grau
de perfeição por médicos tibetanos e é uma terapia
muito eficaz. Este método tibetano tem pouquíssima
relação com o termo “sangria” normalmente utilizado.
Geralmente, apenas poucas gotas de sangue, retirados
de pontos específicos, são suficientes para chegar ao
fundo de uma doença. No entanto, as extensas
passagens dedicadas aos possíveis erros e efeitos
colaterais indicam claramente que seja pouco provável
que este método de tratamento venha a ser utilizado no
Ocidente sem instruções exatas de médicos tibetanos. O
conhecimento detalhado dos canais, do curso dos vasos
e suas qualidades também é necessário. Ao todo
existem 77 vasos para “sangria” (21 localizados sobre a
cabeça e pescoço; 34 sobre os ombros, braços, mãos e
dedos; 18 sobre as pernas; 2 na área do estômago e 2
nos genitais masculinos). A “sangria” também é
arriscada nos 302 pontos que os médicos tibetanos
denominam “pontos vitais”, dos quais 190 estão sobre
os vasos e portanto não podem ser utilizados para este
procedimento. A aplicação da “sangria” nestes 190
pontos levaria a sérios desequilíbrios.

3. A Roda de Água Mágica


O terceiro método de tratamento das doenças
causadas por mKris pa não é tão misterioso como soa o
seu nome. Na verdade, trata-se de um tipo de
hidroterapia na qual os pacientes são colocados sob

135
uma cachoeira ou mesmo mergulhados em banheira de
água fria.

Tipo-Bad kan

1. Terapias quentes
Indicações
Problemas digestivos, cólicas estomacais, dor
causada por febre. A princípio, os tratamentos quentes
são benéficos para todas as doenças de Bad kan.

Contra-indicações
Icterícia crônica, envenenamento, obesidade.

Prática
Estes tratamentos quentes em geral são feitos em
forma de compressas. Apesar do termo “dugs” (dugs pa
= tornar quente) referir-se realmente a tratamentos
quentes, outros tipos de compressas são na verdade
mencionados neste contexto os quais não aquecem nem
são quentes. Em certos tipos de febres e processos
dolorosos, as compressas são feitas a partir de
estômagos de animais preenchidos com água fria. Este
método que utiliza o “estômago de animal” parece ser
muito popular e geralmente emprega-se o estômago de
carneiro. Neste caso, o tratamento cura edemas
palpebrais, resultantes de lesões causadas por armas. A
febre acompanhada por cólicas estomacais pode ser
tratada com a aplicação de uma pedra fria retirada das
margens de um rio.
As compressas quentes são administradas como
segue: sal aquecido para cólicas estomacais e
problemas digestivos; excrementos aquecidos de
136
carneiro com cerveja de grãos para edema linfático nas
articulações. Nos casos de retenção urinária (causada
pelos efeitos do frio), aplica-se uma mistura de
excrementos de pombo e o resíduo e sementes
trituradas. A aplicação de tijolos aquecidos é benéfica
nos distúrbios frios. Musgo aquecido e grãos torrados
são indicados para aplicação em forma de compressas
para as doenças do fígado.

2. Cauterização
Há dois instrumentos utilizados neste método de
tratamento – o cautério e a matriz de cauterização. Os
mapas tibetanos informam-nos que estes instrumentos
podem ser feitos de ouro, prata, cobre ou ferro. No
entanto, tenho visto com freqüência os médicos
tibetanos utilizarem apenas instrumentos de forma
simples, feitos de ferro, contrastando com aqueles
retratados nos mapas que são ricamente guarnecidos
com motivos decorativos retirados da medicina indiana.
Geralmente, há três orifícios na matriz de cauterização,
que tem um formato de triângulo, pois a cauterização
não é empregada apenas para tratar ulcerações, mas
também para queimar certos pontos do corpo que
também podem ser tratados por meio de moxabustão.
A técnica utilizada na cauterização é muito
simples. Os pontos a serem tratados são marcados, a
matriz é posicionada sobre a pele no local apropriado e,
finalmente, o cautério, que foi aquecido ao fogo, é
aplicado sobre os orifícios na matriz sobre a pele. A
duração do tratamento depende, evidentemente, da
extensão de pele que deve ser aquecida.
Apesar deste método de tratamento poder ser
bastante conveniente e apropriado para o tratamento de
ulcerações, é pouco provável que os pacientes
137
ocidentais achem a cauterização particularmente
agradável, enquanto que o próximo método de
tratamento, moxabustão, poderia ser muito bem aplicado
no Ocidente.

Moxabustão
Indicações
Problemas digestivos, tumores, edemas linfáticos
que afetem a cabeça e as articulações, edemas,
abcessos, perda de memória, doenças dos “canais”,
doenças linfáticas e diferentes tipos de febres. A
princípio, o moxabustão está indicado para doenças que
afetem os tipos Bad kan e rLung.
Contra-indicações
Todas as doenças do sangue e febres causadas
por distúrbios de bile.
Substância Utilizada
A substância utilizada para moxabustão, a “isca”
(spra ba), é obtida a partir de um tipo de artemísia. A
planta deve ser coletada no oitavo dia do sétimo, oitavo
e nono meses tibetanos. Após ser triturada, a substância
é moldada em pequenas peças cônicas. O tamanho
destes cones varias de acordo com o tipo de doenças
que será tratada. Podem possuir, por exemplo, o
tamanho da extremidade do quinto dedo para pontos da
cabeça, dos membros e da região anterior do corpo, e
pode ter o tamanho da extremidade do dedo indicador
para pontos localizados na coluna vertebral.
Prática
1. Ferver: Mais de 20 moxas são aplicados sobre um
único ponto. O tratamento dura cerca de 30 meses e
está indicado para tratamento de tumores e abcessos.
2. Queimar: Um número menor, apenas 15 moxas são
colocados sobre um único ponto. As doenças de Bad
138
kan, linfa e do coração podem ser tratadas desta
maneira.
3. Aquecer: O ponto em questão é aquecido um pouco
utilizando-se apenas 6 moxas. As verminoses, a
retenção urinária e a constipação podem ser tratadas
desta maneira.
4. Amornar: Nos pacientes ansiosos e especialmente em
crianças pequenas, o moxa deve ser removido
imediatamente após ter sido aplicado uma vez.
Se o tratamento com moxabustão tiver que ser
repetido sobre o mesmo ponto, o próximo moxa é
aplicado e retirado quando dois terços do cone de moxa
já estiver queimado. Este segundo moxa queima mais
rapidamente e o calor deste dura mais tempo. O cone de
moxa queimado não deve ser tocado com a mão, mas
removido com uma agulha após molhar a cinza com
saliva. Se a extremidade do cone explode para fora, é
sinal de que o tratamento foi particularmente benéfico. O
mesmo acontece quando se observa uma pequena
marca redonda com pequenas bolhas. O estágio final do
tratamento envolve a massagem sobre o ponto que está
sendo tratado, após a remoção das cinzas. Os
exercícios são benéficos para o paciente pois estimula a
circulação do sangue. No entanto, o paciente não deve
beber água gelada pois reduziria a eficácia do
tratamento quente.
Os pontos
Os médicos tibetanos diferenciam dois tipos de
pontos:
1. Pontos dolorosos: Há pontos ou locais dolorosos que
são indicados para o distúrbio em si. A dor aumenta
quando se aplica pressão.
2. Pontos específicos: Neste caso também, os médicos
tibetanos conhecem um grande número de pontos
139
específicos, ou seja, pontos que possuem localização
anatomicamente precisa e possuem indicações
específicas. Os mapas que estudei e as instruções
que recebi eram muito mais exatos do que aqueles
relacionados com a sangria. É também muito mais
fácil tornar-se familiarizado com este método de
tratamento do que aprender o método da sangria, pelo
menos para aqueles médicos que já estão habituados
com a acupuntura. Nós temos praticado os métodos
de moxabustão chineses e japoneses há trinta anos e,
portanto, não há qualquer problema em publicarmos
aqui todos os mapas e pontos com suas indicações.
No entanto, isto será assunto do Volume III e, sendo
assim, ultrapassa os objetivos do presente Volume.
Apesar disso, eu gostaria de mencionar os pontos
localizados sobre a coluna vertebral porque é
interessante mostrar um comparação com os pontos
da acupuntura. Quase todos estes pontos relacionam-
se ao órgão sólido e oco correspondente e possuem
nomes, assim como todos os pontos específicos.
Todos os pontos estão localizados – como dizem
os tibetanos – “no topo” da coluna vertebral começando
com a primeira vértebra que pode ser encontrada
quando a cabeça do paciente é curvada para frente e
para baixo.

Ponto 1 = rlung gsang (vento)


Tremores, dormir durante o dia, rigidez no
pescoço, surdez, problemas na fala, dores na
cabeça.
Ponto 2 = mkhris pa gsang (bile)
Doenças frias de mKris pa, dores em facada
na região da vesícula biliar e dos pulmões.
Ponto 3 = bad kan gsang (fleuma)
140
Doenças frias de rLung, dores pesadas no
coração e nos pulmões, cefaléias, distúrbios
na região superior do corpo.
Ponto 4 = glo ma gsang (lobo “posterior” do pulmão =
“parte mãe”)
Ponto 5 = glo bu gsang (lobo “anterior” do pulmão =
“parte filho”)
Em ambos os pontos: dores na região dos
pulmões, tosse contínua especialmente à
noite.
Ponto 6 = srog rtsa gsang (“canais vitais”)
Tremores, distúrbios da fala, delírio,
desmaio, falha da memória, doenças de
rLung e Bad kan.
Ponto 7 = snying gi gsang (coração)
Os mesmos sintomas do Ponto 6.
Ponto 8 = mchin dri (diafragma)
Ponto 9 = mchin pa‟i gsang (fígado)
Para ambos os pontos: tumores do fígado,
dores na região hepática, eructação, vômitos,
soluços, mau funcionamento do fígado.
Ponto 10 = mkhris gsang (vesícula biliar)
Coloração amarela dos olhos associado a
problemas digestivos, refluxo de bile, tumor
da vesícula biliar, cefaléias contínuas, perda
do apetite.
Ponto 11 = mcher gsang (baço)
Sensação de peso no corpo,
esplenomegalia.
Ponto 12 = pho ba‟i gsang (estômago)
Problemas digestivos causados no
estômago, tumores na região do estômago,
formação de massa sólida no estômago,
doenças de bad kan abaixo do esterno.
141
Ponto 13 = bsam se gsang (vesícula seminal; entretanto,
o ponto está relacionado ao “ponto do
ovário”; a referência foi estabelecida antes da
incerteza existente com relação ao
significado do termo bsam se‟u)
Tumores do útero, delírio, doenças mentais,
obstrução uretral causado por aumento do
útero.
Ponto 14 = mkhal ma‟i gsang (rins)
Dores na área da cintura, “frio” nos rins,
dificuldade na eliminação de água,
dificuldades com a espermatogênese.
Ponto 15 = don snod spyi gsang (ponto geral para “don”
e “snod”)
Doenças frias de rLung.
Ponto 16 = long gsang (intestino grosso)
Peristaltismo excessivo no intestino grosso,
tumores, cólicas.
Ponto 17 = rgyu ma‟i gsang (intestino delgado)
Doenças frias de rLung, tumores, excreção
de fezes com muco.
Ponto 18 = lgang pa‟i gsang (bexiga)
Retenção urinária resultante dos efeitos do
frio, particularmente causada por exposição
dos joelhos ao frio.
Ponto 19 = khu ba‟i gsang (sêmen)
Eliminação involuntária de sêmen.
Ponto 20 = thur sel rlung sgo‟i gsang (remoção de rLung
descendente)
Flatulência, eliminação de fezes e muco.
Desta maneira, numerosos pontos sobre todo o
corpo são nomeados e localizados e seus sintomas
relacionados são descritos com exatidão.

142
De acordo com os médicos tibetanos, existem
grandes vantagens no uso de moxabustão como método
de tratamento. Em particular, o sistema digestivo é
estimulado, os edemas são reduzidos, a memória é
melhorada, os abcessos e ulcerações graves são
rapidamente curados e os tumores desaparecem.
O moxabustão é particularmente indicado nas
doenças de Bad kan, mas este método é também
utilizado no tratamento de muitas outras patologias
quando outros métodos não obtém resultados.
Nós podemos estar certos agora de que o
moxabustão é o método de tratamento que pode ser
aplicado com sucesso e sem quaisquer riscos no
Ocidente. No entanto, é necessário também um
completo conhecimento de todos os pontos e seus
sintomas assim como ser iniciado e instruído por
professores tibetanos.
Cirurgia
A cirurgia não é citada no sistema de medicina
tibetana e é mencionada apenas em uma parte
relativamente reduzida do livro rGyud bzhi. No Capítulo
22 da Parte 2 encontramos uma descrição relacionada
principalmente com os instrumentos utilizados em
procedimentos cirúrgicos; as denominadas “doenças
menores” (encurtamento dos tendões, ferimentos
causados por armas de fogo e perfurantes, corpos
estranhos, etc.) toma grande parte da Parte 3 (Capítulos
44-62); os Capítulos 82-86, trata das lesões causadas
por armas de fogo ou ferramentas, lesões na cabeça,
danos na área da garganta, ferimentos localizados no
tronco e lesões nas extremidades inferior e superior do
corpo, estão relacionadas com a cirurgia assim como os

143
métodos cirúrgicos de tratamento na Parte 4 (Capítulo
25).
O relativamente pouco importante papel que a
cirurgia ocupa no livro rGyud bzhi reflete-se na prática
da medicina como um todo: a cirurgia apresenta um
papel subordinado aqui, também; não há evidências de
qualquer conhecimento sobre as chamadas “cirurgias
maiores” tanto na teoria como na prática; e as técnicas
cirúrgicas dos médicos tibetanos não podem ser
consideradas como nada além do primitivo. É fato real
que todas as outras abordagens disponíveis serão
tentadas apenas para evitar a necessidade do uso da
cirurgia. Os médicos tibetanos possuem uma notável
habilidade para criar alternativas possíveis. Isto está
também relacionado com a crença tibetana de que,
basicamente, qualquer cirurgia maior sobre o corpo
humano não é natural. Mesmo as transfusões
sangüíneas são realizadas apenas com relutância e, se
possível, de modo algum – mesmo assim, os tibetanos
conhecem e praticam a auto-hemoterapia.
Mesmo que os médicos tibetanos dificilmente
possam ser considerados experientes no campo das
“cirurgias maiores”, são certamente mestres nas
habilidades das “cirurgias menores”: distorções e
entorces, ulcerações, deslocamentos e sobretudo
fraturas são tratadas precisamente, com os médicos
demonstrando inteligência e tremenda habilidade para
improvisar. Enquanto estive em Dharamsala, fui
freqüentemente surpreendida com sua rica experiência
nestes assuntos.

144
Capítulo Quatro TIPOS CONSTITUCIONAIS

Como mostrei claramente na análise dos capítulos


abrangidos pelo Volume 1, nós nos deparamos, em toda
a medicina tibetana, com uma divisão em três partes.
Em outras palavras, todos os aspectos do sistema
refere-se aos três tipos – rLung (vento), mKris pa (bile) e
Bad kan (fleuma) – sendo, portanto, correto falarmos de
uma doutrina da constituição. A análise dos capítulos
que este volume abrange enriqueceram mais a
terminologia médica e revelou com mais clareza o
caráter individual da medicina tibetana e, portanto, mais
características dos três “humores”. Nem o diagnóstico
nem a terapêutica são possíveis sem o conhecimento
acerca do tipo constitucional do paciente – sem
determiná-lo.
Quando se descreve os três tipos, é praticamente
impossível mencionar todos os aspectos envolvidos mas
pode ser feita uma tentativa de relacionar algumas das
características. Portanto, alguns aspectos típicos como o
aumento e a redução das doenças e as qualidades do
sabor (para mencionar apenas uma ou duas) terão que
ser excluídas, mesmo representando um papel vital na
caracterização.
Os três grupos seguintes foram escolhidos para
relacionar as características dos três “humores” – rLung
(vento), mKris pa (bile) e Bad kan (fleuma):

145
1. Natureza e temperamento em geral

Estas características são descritas na Parte 2,


Capítulo 6 do livro rGyud bzhi:
 rLung: pequeno, gracioso, pele escura, sensível ao
frio, loquaz, vivo, comunicativo, aprecia rir e cantar,
não dorme muito; seu tempo de vida é curto; suas
características são semelhantes às do abutre, do
corvo e da raposa.
 mKris pa: tamanho médio, pele de coloração
amarelada, não suporta a fome ou a sede, possui
sudorese fácil e abundante; talentoso e orgulhoso; seu
tempo de vida é médio; suas características são
semelhantes às do tigre e do macaco.
 bad kan: rechonchudo e alto, pálido, corpo frio,
suporta bem a fome e a sede, dorme profundamente,
disposição amigável e agradável; a duração de sua
vida é longa; suas características são semelhantes às
do leão e do carneiro guia.
Existe, é claro, na medicina tibetana um grande
número de divisões em tipos constitucionais. No entanto,
raramente surgem tipos “puros”, ou seja, quase todos os
indivíduos apresentam características mistas. Os
médicos tibetanos dividem tais “tipos mistos” nos
seguintes sete grupos:

Tipos rLung, mKris pa e Bad kan puros 3


Tipos que exibem características de todos os três 1
Tipos que exibem características pares:
(rLung + mKris pa, rLung + Bad kan, mKris pa + Bad kan) 3
7

146
2. Condições que geralmente dão origem às doenças

Estas características estão descritas na Parte 2,


Capítulo 9, do livro rGyud bzhi.
 rLung: vida desregrada, falta de sono, noites sem
dormir, trabalho intenso, diálogos longos quando com
fome, choro veemente, vômitos freqüentes, perdas de
sangue. Preocupação e tristeza.
 mKris pa: dormir durante a tarde, esforço excessivo
ao levantar objetos pesados, movimentos excessivos
em todos os aspectos – especialmente quando o
tempo está morno. Aborrecimento.
 Bad kan: dormir durante o dia, repouso após as
refeições, permanência em locais úmidos, banhos
demasiadamente demorados, vestimentas muito
leves, comer em demasia e muito rapidamente.

3. As Características do Sistema

Nesta seção, foram relacionadas todas as


características22 relacionadas com o diagnóstico e a
terapia que foram obtidas através da análise dos textos.
Todos os termos são organizados exatamente da
mesma maneira como os encontramos no Sistema, e
aqui eles foram resumidos mais uma vez de forma que
possam ser mais facilmente memorizados.

Dando prosseguimento a este breve mas


importante capítulo no qual o conhecimento da
constituição está sendo apresentado, gostaria de
resumir o assunto que foi abrangido por este volume. No
Volume 1, descobrimos, inter alia, o princípio da
medicina tibetana, ou seja: dependendo dos três
147
aspectos – bases da doença, constituintes corporais e
excreções – estarem inalterados ou alterados, eles
podem fazer com que o corpo permaneça saudável ou
podem destruí-lo.
Com relação a este princípio e em vista do
importante papel desempenhado pelos tipos de sabores,
a potência dos medicamentos e o aumento ou a
diminuição dos três humores (para citar apenas alguns
aspectos), a medicina tibetana não é muito diferente da
medicina indiana. No entanto, através da tradução e da
análise dos textos estudados neste Volume, foi possível
determinar mais dos fundamentos teóricos da medicina
tibetana exibindo características típicas como o
diagnóstico através do exame do pulso, as vinte e nove
questões sobre as causas das doenças (anamnese), a
divisão em 4 X 101 doenças e os métodos de tratamento
tibetanos, para citar apenas alguns. As breves
descrições das nove disciplinas possibilitam-nos
observar agora a medicina tibetana como um todo, pelo
menos face às suas características principais e
estrutura. Esta abordagem sistemática também significa
que, em pesquisa posterior, será possível utilizar os
textos para realizar um estudo mais detalhado destas
disciplinas.
Com a ampliação da terminologia médica e a
descrição das nove disciplinas, damos início à pesquisa
na medicina tibetana. No entanto, há um longo caminho
para seguirmos até que as portas se abram revelando a
essência da medicina tibetana, o “Conhecimento
Óctuplo”.

148
Capítulo Cinco O LIVRO RGYUD-BZHI

A parte final deste livro deve ser dedicada ao


trabalho que assegurou uma posição de destaque na
medicina tibetana, o qual não foi incorporado ao cânone
lamaísta e cuja origem e autoria são desconhecidos – o
livro rGyud-bzhi, que é também o ponto inicial deste
estudo.

A estrutura do livro rGyud

No Volume 1, a estrutura do livro foi descrita como


segue:

Parte 1 rtsa ba‟i rgyud 11 fólios 6 capítulos


Parte 2 btsad pa‟i rgyud 43 fólios 31 capítulos
Parte 3 man ngag gi rgyud 275 fólios 92 capítulos
Parte 4 phyi ma‟i rgyud 67 fólios 27 capítulos
396 fólios 156 capítulos

Assim, este livro é composto de quatro partes.


Levanta-se então a questão se qualquer indicação
quanto à origem do livro pode ser obtida através da
comparação de sua estrutura com a estrutura dos
trabalhos mais importantes da medicina indiana. Caraka,
Susruta e Vagbhata são considerados os mais
eminentes médicos indianos e são também os autores
dos mais importantes trabalhos da medicina indiana,
cuja estrutura será comparada aqui com aquela do livro
rGyud-bzhi.
149
Caraka-Samhita é composto de 8 partes
Susruta-Samhita é composto de 6 partes
Astangahrdayasamhita de Vagbhata é composto de 6 partes

Nenhum dos trabalhos acima mencionados está


organizado da mesma maneira que o livro rGyud-bzhi,
que tem quatro partes. É possível que os tibetanos
escolham esta divisão em quatro partes para chamar a
atenção (através da duplicação) para o “Conhecimento
Óctuplo” (os oito ramos do conhecimento médico) da
medicina tibetana.

O Conhecimento Óctuplo

O título do livro rGyud-bzhi contém as palavras


“Conhecimento Óctuplo” = yan lag brgyad pa, que é na
verdade o âmago de toda a medicina tibetana. Na Parte
1, Capítulo 2 do livro este “Conhecimento Óctuplo” é
definido como
lus dang byis pa mo nad gdon//
mtshon dug rgas dang ro tsa pa//.
Estes termos demonstram o “Conhecimento
Óctuplo”, que é apresentado na seguinte ordem na Parte
3 do livro:
1 lus (corpo) 70 capítulos terapia geral
2 byis pa (criança) 3 capítulos pediatria
3 mo (mulher) 3 capítulos ginecologia
4 gdon (espíritos prejudiciais) 5 capítulos psiquiatria
5 mtshon (lâmina) 5 capítulos cirurgia
6 dug (veneno) 3 capítulos toxicologia
7 rgas (velhice) 1 capítulo rejuvenescimento
8 ro tsa pa ( potência sexual) 2 capítulos virilização
92 capítulos

150
Os três trabalhos indianos estão organizados como
segue:

Caraka-Samhita Susruta-Samhita Vagbhata 23


1 terapia geral 1 cirurgia geral 1 terapia geral
2 cirurgia supraclavicular 2 cirurgia supraclavicular 2 pediatria
3 cirurgia geral 3 terapia geral 3 psiquiatria
4 toxicologia 4 psiquiatria 4 cirurgia supraclavicular
5 psiquiatria 5 pediatria 5 cirurgia geral
6 pediatria 6 toxicologia 6 toxicologia
7 rejuvenescimento 7 rejuvenescimento 7 rejuvenescimento
8 virilização 8 virilização 8 virilização

Estas comparações revelam que a organização do


“Conhecimento Óctuplo” no tratado de Vagbhata é mais
parecido com aquele do livro rGyud-bzhi: das oito
disciplinas, oito ocupam o mesmo lugar em ambos os
livros nesta comparação.
Devemos acrescentar que a disciplina “Doenças
das Mulheres” aparece no livro rGyud-bzhi, mas em
nenhum dos trabalhos indianos mencionados.
Como observamos acima, o “Conhecimento
Óctuplo” é apresentado na Parte 3 do livro rGyud-bzhi,
que é também a parte mais longa (275 fólios, 92
capítulos). O erudito tibetano, Sangs rgya rgyas mtsho,
escreveu comentários sobre todas as partes do livro
rGyud-bzhi em seu trabalho “Bai du rya sngom po”. O
comentário sobre a Parte 3 é particularmente longo (563
fólios). O mesmo autor escreveu também um comentário
(288 fólios) sobre a Parte 3 do livro rGyud-bzhi em seu
livro “lHan thabs”. Portanto, pode-se concluir que esta
terceira parte parecia ser particularmente interessante
ou de difícil compreensão. Mais provavelmente, a Parte
3 é assim importante em razão dos oito ramos. A
medicina Ayurvédica que constitui a base de todo o livro
está apresentada aí. Como a organização do
“Conhecimento Óctuplo” do livro rGyud-bzhi é mais
151
semelhante com aquele existente no tratado de
Vagbhata, podemos admitir que os dois livros estão
relacionados em certa extensão.
Um outro fator sustenta esta suposição. Um
capítulo do “Conhecimento Óctuplo” é trabalhado em
textos paralelos. O Astangahrdayasamhita de Vagbhata
estava, como é de amplo conhecimento, incluído no
bsTan„gyur. O terceiro capítulo da última seção
(uttarasthana) corresponde ao sétimo terceiro capítulo
(Parte 3) do livro rGyud-bzhi. Em 1937, J. Filliozat
traduziu o capítulo correspondente do rGyud-bzhi e
comparou a versão em sânscrito com a versão
tibetana:24
“La concordance générale de ce chapitre avec etudié
plus haut de Vagbhata est evident.”
Evidentemente, um único capítulo não pode provar
qualquer coisa. Finalmente, é tarefa de tibetologistas, e
não minha, resolver o problema da origem e da autoria
do rGyud-bzhi. No entanto, é perfeitamente
compreensível que estas questões sejam levantadas
aqui tendo em vista o fato de que minha pesquisa foi
fundamentada no livro rGyud-bzhi.

Tibetologistas

É bastante natural, no final deste livro, que seja


feita referência às opiniões daqueles tibetologistas que
atentaram particularmente ao assunto da medicina
tibetana. Já foi mencionado no Volume 1 que duas
autoridades sobre este assunto, W. A. Unkrig e C.
Vogel, não duvidam da importância do rGyud-bzhi.
J. Filliozat também afirma que o livro rGyud-bzhi
domina a medicina tibetana e mongól e que existe uma
semelhança entre este livro e o tratado de Vagbhata.
152
“No entanto, não se pode afirmar que o autor do livro
rGyud-bzhi baseou seu trabalho no de Vagbhata – é
perfeitamente possível que, na verdade, seja o inverso.
Talvez possamos aceitar que ambos os textos estejam
baseados, independentemente um do outro, em uma
fonte comum que esteja agora desaparecida. Esta
questão deve ser com certeza levantada mais uma vez.”
(Tradução do francês.)
K. Lange, em seu livro “Die Werkw des Regenten
Sangs rgyas rgya mc‟o” (1653-1705)25, no qual ela
trabalha com a enciclopédia médica deste erudito (Bai
du rya sngon po), também afirma que até agora em toda
a literatura médica tibetana e mongól, o livro rGyud-bzhi
tem sido relacionado como um estudo básico. No
entanto, é incompreensível o motivo pelo qual este
trabalho seja considerado como uma tradução tibetana
de um original Indo-budista que tenha sido
lamentavelmente perdido.
“Nós deveríamos portanto considerar o rGyud-bzhi
– que não pode ser simplesmente compreendido por um
não-iniciado sem os comentários esclarecedores do
Vaidurya sngon po‟i P‟reng ba – na versão escrita
disponível, como um dos textos do século dezessete ou
dezoito escritos quando certas tradições antigas, e
anteriormente apenas orais, foram primeiramente
gravadas e então dogmatizadas.” (Traduzido do alemão)

R. E. Emmerick, indubitavelmente a maior


autoridade sobre este material, tem dedicado particular
atenção a esta questão26. No artigo em questão, ele
chega à conclusão de que permanecem três
possibilidades:
“1. Devem ter existido dois Rin chen bzang po
(14), um que viveu no século 8 e outro no século 11, o
153
primeiro deve ter traduzido o Astangahrdayasamhita de
Vagbhata e o outro, traduzido o comentário de
Candranandana sobre ele. Isto explicaria a tradição
tibetana que torna Rin chen bzangg po contemporâneo a
Jinamitra (15), que colaborou com Danasila no começo
do século 9. Há também a tradição gravada no Blue
Annals (16) colocando Rin chen bzang po anterior a
Danasila na sucessão da transmissão dos ensinamentos
de Ravi-gupta.
2. Deve ter sido Gyu thog pa, o anterior, datado do
século 11, quem utilizou a tradução de Rin chen bzang
po do Astangahrdayasamhita de Vagbhata. A tradição
tibetana pode ter confundido os dois Gyu thog pas.
Candranandana pode ter sido então contemporâneo do
rei Abhimanyu II de Kashmir (que reinou entre 958-972
D.C.) (17)
3. O Gyu thog pa, o posterior, pode ter recebido a
tradução feita por Vairocana do Astangahrdayasamhita
como na tradição tibetana escrita em sua biografia.
Neste caso Rin chen bzang po deve ter tomado conta da
tradução de Vairocana mais ou menos por inteiro. Nada
é conhecido na tradição indiana sobre a tradução de
Vairocana.”

Portanto, gostaria de concluir expressando a espe-


rança de que não apenas os mistérios que circundam o
rGyud bzhi sejam solucionados pelos tibetologistas, mas
também que este livro seja, um dia traduzido por inteiro
por estes estudiosos. Desta forma será possível
voltarmos ao tópico para algo mais que os fundamentos
teóricos que foram descritos neste livro – a prática da
medicina tibetana.

154
Capítulo Seis PESQUISA NA MEDICINA TIBETANA

As seguintes traduções assim como resumos do


livro rGyud bzi estão disponíveis – à parte os trabalhos
em hindi e japonês mencionados na bibliografia que
ainda necessitam ser revisados.

1835 A. Csoma de Körös fez uma importante análise do


livro rGyud bzi em seu trabalho “Análise de um
trabalho médico tibetano”.
1898 P.A. Badmaev trabalhou com a Parte 1 e a Parte 2
da versão mongól. Os nomes tibetanos infeliz-
mente foram traduzidos apenas foneticamente.
1903 O mesmo autor escreveu um trabalho que é um
resumo bastante sucinto da Parte 1 e da Parte 2
do rGyud bzi.
1901 D. Ul‟janov, de acordo com W.A. Unkrig, fez uma
tradução inadequada da Parte 1 do rGyud bzi. (Por
esta razão nós não mencionamos na Bibliografia a
pequena edição alterada de 1903).
1908 A. M. Pozdneev traduziu a Parte 1 e a Parte 2 das
versões mongól e tibetanade forma não reduzida.
1934 W. A. Unkrig traduziu do mongól: “Das Kapitel vom
praktischen Arzt” (Capítulo 31 da Parte 2) e “Zur
Gegenwartsstellung der lamaistischen Heilkund
und über ihr Instrumentarium (Capítulo 22 da Parte
2).
1937 J. Filliozat traduziu o Capítulo 73 da Parte 3:
“Chapitre du traitement des démons des enfants”
(In Documents tibétains do livro Le Kumaratantra
155
de Ravana, páginas 123-142).
1954 J. Filliozat traduziu o Capítulo 3 da Parte 1
(Asiática).

Dos trabalhos listados, a tradução russa (1908) por


A. M. Pozdneev (da Parte 1 e Parte 2 do livro rGyud bzi)
é a mais valiosa. A lista mostra que pouquíssimas
traduções são disponíveis e que uma tradução do livro
rGyud bzi por inteiro não existe. Agora que podemos
entrar em contato com médicos tibetanos no exílio, um
estudo da medicina tibetana a partir das fontes deve ser
tentado novamente (os trabalhos russos datam do
começo do século).
Este estudo deve começar com a terminologia
médica tibetana. Com relação a um outro método
asiático de cura, a acupuntura, que vem adquirindo
reconhecimento acadêmico, temos protelado o trabalho
conjunto com sinologistas para a tradução de trabalhos
fundamentais chineses, e perdido muito tempo com
desnecessárias especulações filosóficas. Não devemos
repetir este erro com a medicina tibetana. Precisamos
ver a medicina tibetana a partir do tratado padrão
tibetano, o rGyud bzi com real auxílio dos tibetologistas
e médicos tibetanos.
O volume 1 começa com uma pesquisa (estudo da
medicina tibetana, história da medicina, autores,
trabalhos médicos, conteúdo do livro rGyud bzi) e então
faz uma introdução a temas mais difíceis. Com a
tradução e apresentação do Capítulo 6 (Sistema) e a
tradução e apresentação do Capítulo 3 (Raiz A =
organismo saudável e doente) fizemos um ponto de
partida na elaboração da terminologia médica. Este
estudo tem sido estabelecido de forma que a medicina

156
tibetana possa continuar a ser sistematicamente
derivada e apresentada a partir das fontes.
A continuação da análise vem a seguir:

Volume 2
Título: Fundamentos da Medicina Tibetana. Diagnóstico
e Terapia de acordo com o livro rGyud bzi. (Título do
trabalho).
Capítulo 4 da Parte 1 do rGyud bzi. Blocos de
impressão, transliteração do texto, análise do
Diagnóstico (Raiz B = Tronco III, IV e V do Sistema).
Capítulo 5 da Parte 1 do rGyud bzi. Blocos de
impressão, transliteração do texto, análise dos Métodos
de Cura (Raiz C = Tronco VI, VII, VIII e IX do Sistema).
Terminologia médica de conceitos específicos,
denominados: 3 Raízes, 9 Troncos, 47 Ramos e 224
Folhas do Sistema de medicina tibetana.
Produção de um índice27 dos termos mencionados,
consistindo de: caracteres tibetanos – transliteração –
transcrição fonética – tradução para o inglês - português.
Desta forma estará disponível uma nomenclatura
derivada das fontes para o estudo da medicina tibetana.
No volume 2 a estrutura28 do livro rGyud bzi e o
conhecimento óctuplo29 será discutido.
A apresentação completa do sistema de medicina
tibetana, que não é encontrado em nenhum trabalho
médico indiano, levantará a questão sobre o motivo pelo
qual os médicos tibetanos criaram um sistema
independente e individual.
A classificação das disciplinas individuais serão
vistas a partir da apresentação das nove seções do
conhecimento médico (Tronco I-IX). Na Terapêutica, por
exemplo, o estudo mais extenso é sobre os

157
medicamentos, o restante trata dos Métodos de
Tratamento (externo).
Os números que aparecem no sistema serão
estudados e relacionados com aqueles utilizados na
filosofia budista. A interpretação dos números é uma
extensa área de estudo; o número 9 em particular será
discutido, pois é de suprema importância30. É possível
que certos números do Sistema apresentem alguma
relação com os conceitos da teoria dos tridoshas
indiana, a saber, com as qualidades dos sabores e a
elevação ou redução dos doshas; este fato pode ser
comprovado com exemplos.
Os termos derivados dos textos serão comparados
com conceitos conhecidos do budismo. Apenas em um
caso foi feita referência aos conceitos budistas (Tronco
II, Ramo 1 = causas desencadeantes). Quando
continuarmos a comparação entre os termos médicos e
os conceitos oriundos do ensinamento budista
poderemos observar quão próxima está a ligação entre
a medicina tibetana e a filosofia budista.
Concluindo, a origem e autoria do livro rGyud bzi
devem ser consideradas. No momento, podemos
apenas arriscar uma possibilidade; pode ser que no
caso da Parte 3 do livro rGyud bzi – o mais
compreensível e comentado (que também contém o
conhecimento óctuplo) – um original em sânscrito tenha
sido perdido em uma época bastante remota, mas
anteriormente traduzido por tibetanos, e as Partes 1, 2 e
4 tenham sido adicionadas depois. Talvez seja possível
neste ponto encontrar detalhes da autoria e origem do
livro rGyud bzi. As opiniões de tibetologistas sobre a
questão também serão citadas.
O Volume 2 conterá, portanto, a base para a
terminologia médica necessária e ao mesmo tempo
158
reunirá com a prática da medicina tibetana, exemplos do
que já foi apresentado no Volume 1.

Volume 3

Título: A prática da Medicina Tibetana.


Uma vez estabelecida a terminologia médica,
tornar-se-á possível a descrição da prática da medicina
tibetana. As diversas tabelas e painéis fornecidos por
Yeshe Donden puderam ser utilizados aqui, juntamente
com experiências reunidas pelos médicos tibetanos nos
Himalaias, para a apresentação da prática da medicina
tibetana – a área específica da autora. Agora é possível
afirmar que a medicina tibetana não possui apenas
interesse teórico mas, como experimentado no caso da
acupuntura, pode ser aplicada com grande sucesso.
No Capítulo 1 são indicadas as influências que
marcaram a medicina tibetana, ou seja: as influências
pré-budistas, o budismo tibetano, a antiga medicina
indiana e a antiga medicina chinesa, para mencionar as
mais importantes.
A medicina tibetana apresenta características
marcantes mas o impacto especial desta arte de curar
pode tornar-se clara apenas quando as influências
mencionadas forem mostradas individualmente.
Portanto, no final desta longa jornada, é possível
dizer:
Esta é a característica especial da medicina
tibetana.

159
Transliteração

As palavras tibetanas não são traduzidas


foneticamente, mas uniformemente transliteradas de
acordo com o Hamburger Transliterationsystem. (Ver M.
Hahn: Lehrbuch der Klassischen Tibetischen
Schriftsprache). Este sistema está baseado em dois
princípios:
1 Os caracteres, que também são encontrados no
alfabeto Devanagari, são transliterados da mesma
forma.
2 A transliteração deve dar uma tradução não
ambígua ao modelo.
Os 30 caracteres básicos são:

160
TÍTULOS DOS TRABALHOS

A. Blocos de impressão
Os seguintes blocos de impressão foram usados
para este trabalho:

1) rGyud bzi (Título abreviado)


bdud rtsi snying po yan lag brgyad pa gsang ba man
ngag gi rgyud
Edição: Lhasa, Chak po ri. Volume: 396 fólios
Tamanho do fólio: 58 x 10 cm. Área impressa: 51 x 7
cm.
Número de linhas: 6
O bloco de impressão no qual o texto está baseado está
em minha posse.

2) Bai du rya sngon po (Título abreviado)


gso ba rig pa‟i bstan bcos sman bla‟i dgongs rgyan rgyud
bzi‟i gsal byed bai dur sngon po‟i malli ka (Parte 1)
Edição: Lhasa, Chak po ri. Volume: 40 fólios
Tamanho do fólio: 58 x 10 cm. Área impressa: 51 x 7
cm.
Número de linhas: 6
Os blocos de impressão foram analisados em
Dharamsala. Nenhuma referência particular a este
trabalho foi feita neste estudo que, no entanto, foi usado
para esclarecer o capítulo traduzido.

3) Glang thabs (Título abreviado)


bdud rtsi snying po yan lag brgyad pa gsang ba man
ngag yon tan rgyud kyi glang thabs zug rnyu‟i tsha gdung
sel ba‟i katpura dus min „chi zhags gcod pa‟i ral gri
Edição: Lhasa, Chak po ri. Volume: 288 fólios
Tamanho do fólio: 46 x 9 cm. Área impressa: 42 x 7 cm.
161
Número de linhas: 6
O bloco de impressão está em meu poder e foi
consultado para esclarecer a terceira parte do rGyud bzi.

B. Reprodução dos Blocos de Impressão

1) cha lag bco brgyad


Bloco de impressão do monastério de Dga‟ ldan phun
tshogs gling.
Reproduzido pelo Professor Lokesh Chandra sob o título
Yuthok‟s Treatise on Tibetan Medicine. International
Academy of Indian Culture, Sata-Pitaka Series, Indo-
Asian Literatures, Vol. 72, New Delhi, 1968.
Capítulo 16 (págs. 368-508): rgyud chung bdud rtsi
snying po (Resumo do livro rGyud bzi) foi utilizado para
elucidar o Sistema.

2a) bdud nad gzhom pa‟i gnyen po rtsi sman gyi nus pa
rkyan bshad gsal ston dri med shel gong
Título abreviado: dri med shel gong
2b) bdud rtsi sman gyi rnam dbye ngo bo nus ming rgyas
par bshad pa dri med shel phreng
Título abreviado: dri med shel phreng
2c) lag len gces bsdus
Estes três trabalhos de bsTan „dzin phun tshogs foram
reproduzidos po Tashi Yangphel Tashigang com o título:
“Principles of Lamaist Pharmacognosy”. Smantrtsis
Shesrig Spendzod Series, Vol. 6, Ladakh, 1970

2) gso byed bdud rtsi‟i „khrul med ngos „dzin bzo rig me
long du rnam par shar pa mdzes mtshar mig rgyan zhes
bya ba bzhugs so
Reproduzido pelo Professor Lokesh Chandra sob o título
An Illustrated Tibeto-Mongolian materia medica of
162
Ayurveda of „Jam dpal rdo rje of Mongolia. Da coleção
de Sua Santidade Z.D. Gomboev, com o Prefácio de E.
Gene Smith. International Academy of Indian Culture,
Sata-Pitaka Series, Indo-Asian Literatures. Vol. 82, New
Delhi, 1971.

Diagrama da Raiz A (fól. 16/17), diagrama da Raiz B (fól.


20/21), diagrama da Raiz C (fól. 26/27,28/29): utilizado
na apresentação do Sitema com a permissão do
Professor Lokesh Chandra.
As reproduções dos blocos de impressão estão em
minha posse.

163
BIBLIOGRAFIA

Vimos na Introdução que pouco da literatura de


importância relevante sobre o assunto da medicina
tibetana está disponível. Não há qualquer livro sobre o
assunto que – baseado em fontes – descreva a
medicina tibetana, nem uma bibliografia, além da de
Rechung Rimpoche: Tibetan Medicine, Wellcome
Institute for the History of Medicine, Londres, 1973.
W. A. Unkrig escreveu em sua Introdução: “Aquele
que deseja orientar-se neste tópico está sujeito a
exaustivas pesquisas em jornais e referências
ocasionais em filmes de viagens e literatura etnológica.”
A compilação de uma bibliografia portanto,
apresenta um grande problema: alguns dos títulos
mencionados foram conseguidos a partir dos seguintes
trabalhos:

1. W. A. Unkrig forneceu algumas informações valiosas,


na acima mencionada Introdução, sobre a literatura
russa e polonesa.
2. H. Laufer reuniu uma grande quantidade de material
até 1900 (Beiträge zur Kenntnis der tibetischen
Medizin).
Esta bibliografia não pretende ser completa; no
entanto, representa um começo.
Os livros que relatam a história e a religião do
Tibete devem ser incorporados em uma bibliografia
própria para um trabalho posterior.
Nesta bibliografia, livros e trabalhos menos
extensos foram listados juntos. Os números marginais
mostram que os trabalhos de mesma autoria são menos
164
abrangentes, mas não menos valiosos ao leitor.
Incluímos uma tradução (entre parênteses) de alguns
títulos estrangeiros; foram adicionadas notas sobre o
conteúdo de algum livro importante após o título.
As primeiras referências à medicina tibetana nos
trabalhos sobre a História da Medicina:
1867 - Th. A. Wise fez a primeira tentativa de esboçar a
medicina tibetana dentro do campo da história
da medicina. Este médico, dedicou um capítulo
para a medicina, e neste – de acordo com H.
Laufer – repete o trabalho de A. Csoma de
Körös Analysis of a Tibetan Medical Work quase
que palavra por palavra, adicionando o uso das
anotações de viagem de Turner e Huc como
suas fontes.
1875 - Uma breve referência é encontrada em H.
Haeser.
1893 - G. A. Liétard dedicou 1-5 colunas à medicina
tibetana;
1906 - M. Neuburger, uma página.
De material recente dificilmente pode-se encontrar
qualquer coisa sobre medicina tibetana na maioria dos
trabalhos sobre História da Medicina.
1. Badaraev B. B.
 Dzejcxar Migczan. Pamjatnik, Tibetskoj Mediciny
(Russo) Novosibirsk, 1985.
2. Badmaev, P.A.
 O sisteme vracebnoj nauki Tibeta. I. St. Petersburg,
1898. (Sobre o sistema da ciência médica no Tibete.)
Tradução das Partes 1 e 2 do rGyud bzi, resumo
abreviado.
 Glavnoe rukovodstvo po vracebnoj nauke Tibeta Zud-
si v novon perevode P.A. Badmaeva s ego vvdeniem,
raz‟ jasnjajuscim osnovy tibetskoj vracebnoj nauki. St.
165
Petersburg, 1903. (O trabalho padrão para o
conhecimento da medicina tibetana, rGyud bzi, em
uma nova tradução por P.A. Badmaev, com uma
introdução do mesmo explicando as bases da
medicina tibetana.) Tradução das Partes 1 e 2 do
rGyud bzi. Em parte, trata-se de um resumo sucinto,
contém desenhos extraídos de originais mongóis e
tibetanos.
2. Badmajeff, W.N.
 Chi-szara-badahan. Warsaw, 1927.
 Tajemnica Zdrowia. Warsaw, 1931. (O Segredo da
Saúde)
 Medycyna tybetanska, jej istota, cele i sposoby
dzialania. Warsaw, 1933. (Medicina tibetana, sua
natureza, cuidados e métodos de prática).
 Na drogach zycia i zdrowia czlowieka. Warsaw, 1935.
(Sobre os caminhos da vida e da saúde do homem).
 Vade mecum-kalendarz leczniczy na rok 1937.
Warsaw, 1935. Calendário médico.
 Lekarz Tybetansky. Warsaw, 1932-1936. (O Médico
Tibetano). Jornal mensal.
 Medycyna Syntetyczna. Warsaw, 1936-1938.
(Síntese Médica). Jornal de publicação trimestral.
3. Beckwith C.
 The introduction of Greek medicine into Tibet in the
seventh and eighth centuries. Journal of the American
Oriental Society 99.2,297-313, 1979.
4. Beigel, H.
 Ein Beitrag zur Medizin des tibestanischen
Buddhaismus. Em: Weiner med. Wochenschrift, 13,
1863, Col. 507-508, 523-524.
5. Bergemann, H.H.

166
 Manramba: Der tibetiche Arzt, seine Ausbildung und
seine Praxis. Em: Zahnärztliche Mitteilungen, 34,
1943, págs. 200-202 e 219-221.
 Heilender Geschmack. Em: Zahnärztliche Praxis, 16,
1963, págg. 192.
 Zahnärztliche Anschauungen und Massnahmen des
Lama-Arztes. Em: Zahnärztliche Mitteilungen, 1,
1964, págs. 25-28.
 Die Mutter des Arztes weilt im Paradies. Em:
Deutsches Ärzteblatt (Geschichte der Medizin), 41,
1966, págs. 2383-2385.
 Die Bedeutung der lamaistischen Heilkunde. Em:
Erfahrungsheilkunde, 10, 1967, págs. 321-328.
 Die Anatomie des Kopfes und der Mundhöle in der
tibetischen Medizin des 17. Jahrhunderts. Em: Blätter
für Zahnheilkunde, 28, 1967, pág. 135.
 Der Krankheitsbegriff in der Lehre des tibetischen
Buddhismus. Em: Erfahrungsheilkunde, 11, 1968,
págs. 418-421.
 A tibete gyógyito tudomány történetéböl. (Da história
da medicina no Tibete). Em: Orvosi hetilap.
Hungarian Medical Weekly Journal, 109, 1968, págs.
1885-1887.
 Die Psychiatrie des Lama-Arztes. Em: Deutsches
Ärzteblatt, 11, 1969, págs. 732-735.
 Aus der tibetischen Heilkunde: maligne Tumoren. Em:
Deutsches Ärzteblatt (Geschichte der Medizin), 49,
1972, págs. 3239-3242.
6. Brodowski, F.
 Badmajeffowie-Medycyna Tybetu w zetknieciu z
cywilizacja zachodu. Warsaw, 1932. (Os Badmajeffs –
A Medicina do Tibete relacionada com a civilização
Ocidental).
167
7. Burang, Th. (pseud.), ver Illion, Th.
8. Cai Jingfreng
 A preliminary study of the early history of Tibetan
medicine. (Chinês). Em: Journal of the History of
Medicine. 10(1), 49-55, 1980.
9. Clark B.
 The wish-fullfilling tree of Tibetan medicine. Em:
Tibetan Review. XIII.12, 19-24, 1978.
10. Clifford T.
 Tibetan buddhist medicine and psychiatry. The Di-
amond Healing. Samuel Weiser, York Beach, 1984.
11. Csoma de Körös, A.
 Analysis of a Tibetan Medical work. Em: Journal of
the Asiatic Society of Bengal, 4, 1835, págs. 1-20.
12. Dakpa Nagwang
 La folie d‟après un commentaire du Rgyud-bzhi, les
quatreTantra. Em: Scientia Orientalis. 16, 31-39,
1979.
13. Dash, Bhagwan
 Ayurveda in Tibet. Em: The Tibet Journal. I.1. Library
of Tibetan Works and Archives, Dharamsala, 1976.
 Tibetan medicine with special reference to Yoga Sa-
taka. Library of Tibetan Works and Archives,
Dharamsala, 1976.
 Saffron in Ayurveda and Tibetan Medicine. Em: The
Tibetan Journal. I.2. Library of Tibetan Works and
Archives, Dharamsala, 1976.
14. Davis S. L.
 Health, Nutrition and Hygiene in Tibetan Settlements.
Em: Tibetan Review. XIII.7, 14-27, 1978.
15. Donden, Yeshe

168
 The Ambrosia Heart Tantra. Library of Tibetan Works
and Archives, Dharamsala, 1977. O Tantra do CO-
ração de Ambrosia, Editora Chakpori, Brasil.
 Health through Balance. Snow Lion Publications,
Ithaca, 1986. Saúde Através do Equilíbrio, Editora
Chakpori, Brasil.
16. Drakton, Jampa Gyaltsen
 Astrology and the Tibetan art of healing. Em: Tibetan
Review. XV. 2/3, 12 págs., 1980.
17. Emmerick R. E.
 A Chapter from the Rgyud-bzhi. Em: Asia Major.
XIX.2, 141-162, 1975.
 Sources of the Rgyud-bzhi. Em: Zeitschrift der
Deutschen Morgenländischen Gesellschaft Suppl.
III.2, 1135-1142, 1975.
 Some lexical items from the Rgyud-bzhi. Proceedings
do Csoma de Körös Memorial Symposium (ed. L.
Ligeti), Budapest, 101-108, 1978.
 Some lexical items from the Siddhasara. Proceedings
do Csoma de Körös Symposium, Viena (ed. E.
Steinkellner e H. Tauscher) 61-68, 1983.
18. Epstein M. e Rapgay L.
 Mind and mental disorders in Tibetan medicine. Em:
Tibetan Review, 7-15, 1982.
19. Filchner, H.
 Kumbum Dschamba Ling. No Capítulo XVIII: “Von der
Heilkunde und den praktischen Lebensregeln des
Lamaismus”. Traduções do rGyud bzi, págs. 362-375,
e Notas, págs. 519-528. Leipzig, 1933.
 Kumbum. No Capítulo: “Dr. Med. In Tibet...”, págs.
209-218. Zurich, 1954.
20. Filliozat, J.

169
 Le Kumaratantra de Ravana et les textes parallèles
indiens, tibétains, chinois, cambodgien et arabe,
págs. 133/142 e 143/145. Paris, 1937.
 Un chapitre du Rgyud bzi sur les bases de la santé et
des maladies. Em: Asiatica. Leipizig, 1954, págs. 93-
102.
21. Finckh, E.
 Die Kosmologischen Beziehungen zwischen
Wundergefässen und Jahreszeiten. Em: Deutsche
Zeitschrift für Akupunktur, 11/12, 1954, págs. 120-
123.
 Tibetan medicine-constitutional types. Em: The Amer-
ican Journal of Chinese Medicine. Vol. XII. 1-4, 44,49.
 Ein Erfahrunsbericht über tibetische Medizin. Em:
Abendländische Therapie und östliche Weisheit,
págs. 118-122. Publicado pelo Prof. Dr. Med. e Filos.
W. Bitter, Stutgart, 1968.
 Tibetische Heilkunde. Em: Akupunktur - Theorie und
Praxis, 3/1975, págs. 193-151.
 Tibetan medicine-theory and practice. Proceedings do
International Seminar on Tibetan Studies, Oxford. (ed.
M. Aris e Aung San Suu Kyi), 103-110, 1979.
22. Gammermann, A. F. e Semicov, B. V.
 Tibetische Arzneistoffe. Em: Fortschritte der Medizin,
52, 10, 1933, págs. 193-196.
 Slovar‟ tibetsko-latino-russkich nazvanij
lekarstvennogo rastitel‟nogo syrja primenjaemogo v
tibetskoj medicine. Ulan-Ude, 1963. (Dicionário
Tibetano-Latino-Russo de descrições de substâncias
de plantas medicinais que são utilizadas na medicina
tibetana).
23. Haeser, H.

170
 Geschichte der Medizin, Volume 1, Terceira Edição,
pág. 9, Jena, 1875.
24. Heissig, W.
 Die Pekinger lamaistischen Blockdrucke in
mongolischer Sprache. Wiesbaden, 1954.
 Mongolenreise zur späten Goethezeit. Verzeichnis
der orientalischen Handschriften in Deutschland.
Suplemento Volume 13. Wiesbaden, 1971.(Entre
outros, notas de viagem pelo médico J. M. A.
Rehmann, que viveu de 1779-1831).
25. Hetényi E.
 A tibeti buddhizmus kozmológiája; Makro-és
mikrokosmosz a lamaizmus szemlétében.
Mitteilungen des Alexander von Körös. Instituts für
Buddhologie. VII.23/24, 26-53, 1978.
26. Hoernle, F.R.
 The Bower Manuscript. Calcutá, 1893 (-1908).
27. Huc, E.R.
 Souvenirs d‟un voyage dans la Tartarie et le Thibet
pendant les années 1844, 1845 et 1846. Paris, 1850.
Edição alemã: Wanderungen durch die Mongolei
nach Thibet zur Haupstadt des Tale Lama. Leipzig,
1855.
 Wanderungen durch die Mongolei nach Tibet, 1844-
1846 (Capítulo 11). Stuttgart, 1966.
28. Hübotter, F.
 Beiträge zur Kenntnis der chinesischen sowie der
tibetisch-mongolischen Pharmakologie. Berlim/Viena,
1913.
 Chinesisch-tibetische Pharmakologie und Rezeptur.
Ulm, 1957.
29. Hummel, S.

171
 Die Leichenbestattung in Tibet. Em: Monumenta
Serica, 1961, págs. 266-281.
 Tibetische Heilkunde. Em: Literaturanzeiger der
Schweiser Tibet-Hilfe. I11. 15 págs.,Luzern, 1975.
30. Huth, G.
 Verzeichnis der im tibetischen Tanjur, Abt. MDo
(Sutra), Volume 117-124, enthaltenen Werke. Em:
Sitzungsberichte der Königlich Preussischen
Akademie der Wissenschaften zu Berlin.
Philosophisch-historische Klasse, 1895, págs, 267-
286.
 Nachträgliche Ergebnisse bezügl. Der
chronologischen Ansetzung der Werke im tibetischen
Tanjur, Abt mDo (Sutra), Volume 117-124. Em:
Zeitschriff der Deutschen Morgenländischen
Gesellschaft, 1895, págs. 279-284.
31. Illion, Th. (Burang, Th.)
 Lamaistische Zaubermedizin. Em: Berliner Illustrierte,
42, 1942, págs. 499-500.
 Tibeter über das Abendland. No Capítulo: “Wie heilt
der Tibeter Krankheiten”, págs. 139-210. Salzburg,
1947.
 Tibetische Heilkunde. Zurich, 1957. (Edição inglesa:
The Tibetan Art of Healing. Londres, 1974).
 Der Arzt in der tibetischen Kultur. Origo Zürich, 1975.
 About cancer. Em: Tibetan Review. X.5/6, 19 págs.,
1975.
32. Jaquot, F.
 La Tartarie et le Tibet. Topographie et Climat.
Hygiène, Médecine. Gaz. Méd. de Paris, 9, 1854,
págs. 607-612, 643-649, 671-676; 10, 1855, págs.
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33. Jolly, J.

172
 Medicin. Grundriss der Indo-Arischen Philologie und
Altertumskunde, 3, 10, parágrafo 16, pág. 17.
Strassburg, 1901.
34. Khundanova L.
 Tibet. Heilpflanzenatlas vom Dach der Welt. Unesco-
Kurie 20, 7, 20-24, 1979.
35. Kirilov, N. V.
 Vestnik obscestvennoj gigieny, sudebnoj i
prakticeskoj mediciny. St. Petersburg, 1892. (O atual
significado da medicina tibetana como uma parte da
doutrina Lamaísta). Em: Bote für Socialhygiene,
gerichtl. und prakt. Medizin, 15, 1892.
36. Koffler-Harth, A.
 Chi-Schara-Badahan. Grundzüge der tibetanischen
Medizin. Pfullingen, (o. J.), Johannes-Baum-Verlag.
 Tibetanische Medizin. Traduzido por W. Badmajeff.
Em: Atlantis, 7, 1935, págs. 45-46.
37. Korvin-Krasisski, C. von
 Die tibetische Medizinphilosophie. Der Mensch als
Mikrokosmos. Com uma Introdução de W. A. Unkrig.
Zurich, 1953; 2a Edição: Zurich, 1964.
38. Kvaerne P.
 Short Reviews: Tibetan medicine by Rechung Rim-
poche. Em: Kailash I11.1, 67-73, Kathmandu, 1975.
39. Lalou, M.
 Texte médical tibétais. Em: Journal Asiatique, 233,
1941-1942, págs. 209-211.
40. Lauf, D.I.
 gYu-thog-pa und Medizingottheiten in Tibet. Em:
Sandoz Bulletin, 23, 1971, págs. 11-24.
41. Laufer, H.
 Beiträge zur Kenntnis der tibetischen Medicin.
Discurso inaugural, Parte 1 e Parte 2, Berlim, 1900.

173
42. Liétard, G.A.
 Médecine, Histoire. Grande Encyclopédie (1-5
colunas), 1893-1904.
43. Masselot, F.
 La médicine thibétaine, vue par le père Huc, prêtre
missionnaire de la congrégation de Saint-Lazare
(1842). Em: Presse Médicale (Paris), 67, 1959, pág.
800.
44. Meyer F.
 Contribution à l‟étude des médicines traditionelles - La
médecine tibétaine. (Disc. inaug.) Strassbourg, 1979.
 Gso-Ba-Rig-Pa, Le système médical tibétain. Centre
National de la Recherche Scientifique, Paris, 1983.
45. Mizutani, K.
 The principles of Tibetan medicine in the Rgyud bschi.
[Japonês, com título em inglês no Índice]. Em: Journal
of Indian and Buddhist Studies, 6, 12, 1958, págs.
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46. Müller, R.F.G.
 Ein Beitrag zur ärztlichen Grapik aus Zentralasien
(Turfan). Em: Archiv für Geschichte der Medizin, 15,
1923, págs. 21-26.
 Über Votive aus Osttibet (Kin-tschwan). Em:
Anthropos, 18/19,1923-1924, págs. 180-188.
 Die Skelettdarstellungen und ihre Verbreitungswege
in Asien. Em: Umschau, 29, 1925, págs. 154-155.
 Die Heilgötter des Lamaismus. Em: Archiv für
Geschichte der Medizin, 19, 1927, págs. 9-26.
 Die Krankheits-und Heilgottheiten des Lamaismus.
Em: Anthropos, 22, 1927, págs. 956-991.
 Grundlagen altindischer Medizin. Halle, 1942.
47. Mukherjee, G.N.

174
 The Tibetan surgical instruments. Em: The Journal of
Ayurveda, págs. 5-15. Calcutá, 1933.
48. Mullin G. H.
 Lobsang Dolma: Tibet‟s Foremost Lady Doctor. Em:
Tibetan Review. XIII.5, 9-15, 1978.
 Doubts about Tibetan medical System. Em: Tibetan
Review. XIII.9, 24-25, 1978.
49. Mullis M. L.
 Metaphysische Medizin im fernen Osten am Beispiel
Tibet. Em: Die Heilkunst 92, Heft 3, 1-8, 1979.
50. Neuburger, M.
 Geschichte der Medizin, págs. 90-91. Stuttgart, 1906.
51. Norbu Dawa
 An Introdution to Tibetan medicine. Em: Tibetan Re-
view - Publication New Delhi, 1976.
52. Obermiller, E.
 History of Buddhism [Chos-„byung] by Bu-ston. 2
Volumes. Heidelberg, 1931/1932.
53. Olschak, B. C.
 The art of healing in ancient Tibet. Em: Ciba
Symposium, 12, 1964, págs. 129-134.
54. Pálos St.
 Tibetisch-Chinesisches Arzneimittelverzeichnis.
Harrassowitz Wiesbaden, 1981.
55. Pecci, G.
 L‟Italia ed i rapporti medici com la Cina ed il Tibet
durante i sec. XVI e XVII. Em: Annali di medicina
navale e coloniale (Roma), 75, 1970, págs. 41-51.
56. Pozdneev, A.M.
 Ucebnik tibetskoj mediciny. I. St. Petersburg, 1908.
(Livro-texto de medicina tibetana). Do mongol e
tibetano. Tradução da Parte 1 e 2 do rGyud bzi.

175
 Ocerki byta buddijskich monasteyrej i buddijskogo
duchovenstva v Mongolii. St. Petersburg, 1887.
(Esboços sobre a vida em monastérios budistas e o
clérigo budista na Mongólia). Análise do livro Glang
thabs, notas sobre a rotina médica.
57. Rechung Rimpoche
 Tibetan Medicine illustrated in original texts. Londres,
1973.
58. Rehmann, J.M.A.
 Beschreibung einer Thibetanischen Handapotheke.
Ein Beytrag zur Kenntniss der Arzneykunde des
Orients. Também no: Journal der practischen
Heilkunde, Volume 32, 1811, págs. 50-92. St.
Petersburg, 1811.
59. Rock, J. F.
 Contributions to the shamanism of the Tibetan-
Chinese borderland. Em: Anthropos, 54, 1959, págs.
796-818.
60. Rowntree, G.
 Surgery in Tibet. Em: Ethnologica Cranmorensis, 3,
1938, págs. 11-13. Chislehurst Ethnological Museum.
61. Sastri, P.
 Pracine Tibbat mem Ayurved ka pracar (Ayurveda no
Tibete antigo). Em: Journal of the Bihar-research So-
ciety, 3, 1954, págs. 266-271; 2, 1955, págs. 217-228;
1, 1956, págs. 47-71.
62. Semikov, B.V.
 Die tibetische Medizin bei den Burjaten. Em: Janus,
39, 1935, págs. 1-36.
63. Stablein W.
 Tantric medicine and ritual blessings. Em: The Tibe-
tan Journal I.3/4, Library of Tibetan Works and
Archives, Dharamsala, 1976.
64. Tarthang Tulku
176
 Kum Nye Relaxation. Part 1 e 2, Dharma Publishing,
Emeryville, 1978.
65. Taube M.
 Tibetische Autoren zur Geschichte der rGyud-bzhi.
Em: Acta orient. Acad. sci. hung. 34, 297-304, 1980.
 Beiträge zur Geschichte der medizinischen Literatur
Tibets. Sankt Augustin, 1981.
66. Tsarong T. J.
 Fundamentals of Tibetan medicine. Tibetan Medical
Centre, Dharamsala, 1981. Fundamentos da
Medicina Tibetana, Editora Chakpori, Brasil.
67. Tsering P.
 Ein enzyklopädischer Text zur Geschichte der
tibetischen Heilkunde. Em: Asiat. Forsch. 71, 107-
120, 1980.
68. Tucci, G.
 To Lhasa and beyond. Diary of the expedition to Tibet
in the year MCMXLVIII with an appendix on Tibetan
medicine and hygiene, by R. Moise. Págs. 98-100 e
163-176. págs. 98-100 e 163-176. Roma, 1956.
69. Ul‟janov, D.
 Podstocnyj perevod l-j casti Tibetskoj Mediciny „Zavi-
dzjud‟. St. Petersburg, 1901. (Tradução inter-linear da
Parte 1 da medicina tibetana „rTsa-bai rGyud‟.)
70. Unkrig, W.A.
 Ein eigenartiges Kapitel mittelasiatischer
Lebensweisheit. Nach mongolischen Quellen. Em:
Braunschweiger G-N-C-Monatsschrift, 15, (9/10),
1928, págs. 364-372.
 Mönche und Mediziner im Kampf. Em: Fortschritte der
Medizin, 52, 1933.
 Zur Gegenwartswertung der lamaistischen Heilkund
und über ihr Instrumentarium. (Capítulo 22, Parte 2 do

177
rGyud bzi). Em: Die Medizinische Welt, 1934, págs.
139-143.
 Das Kapitel vom praktischen Arzt. Eine Übertragung
aus dem Mongolischen. (Capítulo 31, Parte 2 do
rGyud bzi). Em: Fortschritte der Medizin, 52, 16,
1934, págs. 359-363.
 Die Drogen und Arzneien de Tibeter in einheimischer
Klassifikation. Em: Medizinische Mitteilungen (der
Schering-Kahlbaum A. G., Berlim), 7, 7, 1935.
 Zur Terminologie der lamaistischen Medizin,
besonders ihrer Arzneien. Em: Forschungen und
Fortschritte, 12 (20/21), 1936, págs. 265-266.
 Die Tollwut in der Heilkunde des Lamaismus nach
tibetisch-mongolischen Texten. Em: Statens
Etnografiska Museum. Estocolmo, 1942.
 Introdution to Die tibetische Medizinphilosophie pelo
padre Dr. Cyrill von Korvin-Krasinski. Zurich, 1952.
71. Veith, I.
 Medizin in Tibet. Bayer-Leverkusen, Pharm-
Wissenschaftl. Por volta de 1960.
72. Vogel, C.
 On Bu-ston‟s view of the eight parts of Indian medi-
cine. Em: Indo-Iranian Journal, 6 (3/4), 1963, págs.
290-295.
 Vagbhata‟s Astangahrdayasamhita. Wiesbaden,
1965. Astanga Hrdayan, Editora Chakpori, Brasil.
73. Vostrikov,A.I.
 K bibliografii tibetskoj literatury. Leningrado, 1934.
(Sobre a bibliografia da literatura tibetana).
74. Waddell, L.A
 Lhasa and its mysteries. Págs. 140-144 e págs. 366-
379. Londres, 1905.

178
 Ancient Indian anatomical drawings from Tibet. Em:
Journal of the Royal Asiatic Society of Great Britain
and Ireland, 1, 1911, págs. 207-208.
75. Walsh, E.H.C.
 The Tibetan anatomical system. Em: Journal of the
Royal Asiatic Society of Great Britain and Ireland,
1910, págs. 1215-1245.
76. Walter M. L.
 The role of alchemy and medicine in Indo-Tibetan
Tantrism. (Disc. Inaug.) Indiana University, Bloo-
minggton, 1980.
77. Wang Lei
 Outline of ancient Tibetan medicine. (Chinês). Em:
Chin. Journal of the History of medicine. 10, 116-20,
1980.
78. Winder M.
 Modern and traditional medicine: rivals or friends?
Some solutions attempted by India, China, Japan and
Tibetans in exile. Em: Bull. Brit. Ass. Oriental. 11, 35-
9, 1979.
79. Tibetan medicine. Library of Tibetan Works and Arc-
hives, Dharamsala. Series 1-4, 1980. Medicina
Tibetana, Livros 1 a 13, Editora Chakpori, Brasil.
80. Wise, Th. A.
 Review of the history of medicine, 2, 1867, págs. 400-
450. Londres, 1867
81. Yoshimura, S.
 Fragments of Tibetan medical books in the Library of
Ryukoku University [Japonês, com título em inglês no
Índice]. Em: Journal of Indian and Buddhist Studies,
5, 9, 1957, págs. 200-204.

Gramática

179
1. Hahn, M.
 Lehrbuch der klassischen tibetischen Schriftsprache.
Hamburgo, 1971.
2. Jäschke, H.A.
 Tibetan Grammar. New York, 1954.

Léxico

1. Das Sarat Chandra


 A Tibetan-English Dictionary with Sanskrit synonymus.
Calcutá, 1902.
2. Jäschke, H.A.
 A Tibetan-English Dictionary. Londres, 1965.

180
Ilustrações

 P. A. Badmaev
As Três Raízes
Glavnoe rukovodstvo po vracebnoj nauke Tibeta Zud-si v
novon perevode P.A. Badmaeva s ego vvdeniem, raz‟
jasnjajuscim osnovy tibetskoj vracebnoj nauki. St.
Petersburg, 1903.

 Lokesh Chandra
Os Nove Troncos
An illustrated Tibeto-Mongolian materia medica of Ayur-
veda of „Jam-dpal-rdo-rje of Mongolia. International
Academy of Indian Culture, Sata-Pitaka Series, Indo-
Asian Literatures, Vol. 82, New Delhi, 1971. Com a gentil
permissão do Professor Lokesh Chandra.

181
NOTAS

1
Rock, J. F.
a) Studies in Na-khi Literature. Em: B.E.F.E.-O,t XXXVII, 1937.
b) Muan bpö or the Sacrifice to Heaven. Em: Monumenta Serica, Vol.
XIII, 1948.
c) The Na-khi Naga Cult and related ceremonies. Serie Orientale Roma,
Vol. IV, Roma, 1952.
2
O Tronco I apresenta a denominação “organismo saudável”, sendo o
termo tibetano “rnam par ma gyur pa” = inalterado. O termo “organismo
saudável” corresponde a este organismo inalterado e refere-se à
embriologia, à anatomia e à fisiologia da medicina Ocidental.
O Tronco II apresenta a denominação “organismo doente”,
sendo o termo tibetano “rnam par gyur pa” = alterado. O termo
“organismo doente” corresponde a este organismo alterado e está se
referindo à patologia da medicina Ocidental.
O Tronco V apresenta a denominação “questionamento”, sendo
o termo tibetano “dri ba” = questionar. A disciplina Ocidental
correspondente é a anamnese.
Quanto à “nutrição”, poderíamos substituir o termo “dieta”;
“comportamento” corresponde à nossa disciplina “higiene”; a disciplina
“medicamentos” é a “farmacologia” na medicina Ocidental. Estas
traduções simplificadas dos termos tibetanos possibilita-nos
compararmos as disciplinas tibetanas com as nossas Ocidentais.
Nas Apresentações os termos são citados como aparecem
geralmente no texto: sem o sufixo; por exemplo, yang ao invés de yang
ba, snum ao invés de snum pa.
3
Considero importante incluir uma descrição resumida da anatomia
porque, se nada é conhecido sobre os “pontos vitais”, por exemplo, não
estaria óbvio porque este termo é tão importante na terapia da sangria.
4
Nesta passagem do livro rGyud bzhi (Parte 2, Capítulo 4), não
encontramos qualquer informação sobre as significativas “rodas” = „khor
lo (chakras). Outra importante referência a elas: Bai du rya sngon po.
Estes „khor lo são particularmente significativos pois somente através
deles podemos explicar o fenômeno cosmológico correspondente, a
sutileza e as energias da medicina tibetana.
Confesso que a demora na publicação deste livro deveu-se apenas à
grande quantidade de trabalho envolvido em minha prática médica, mas
também deveu-se à pesquisa intensiva e demorada que requisitou o

182
assunto das “rodas”. O resultado desta pesquisa será publicado em
breve.
(Pode-se utilizar como referência um artigo que escrevi na Deutsche
Zeitschrift für Akupunktur, Vol. 5/6, 1956, entitulado “Die Akupunktur im
Spiegel der Chakras”.)
5
No livro Bai du rya sngon po, encontramos o seguinte comentário: dri
ma dugs te dri ma shin tu che ba/. Significa: cheiro quente é um cheiro
muito forte.
6
Diagnóstico através do exame da urina: Neste capítulo, as alterações
na urina são descritas em detalhes – esta descrição detalhada indica a
grande importância do diagnóstico da urina.
7
Acerca das “extremidades dos dedos” ver: Rechung Rimpoche Tibetan
Medicine, Londres, 1973, 93, 94. Yeshe Donden e Jeffrey Hopkins An
Anatomy of Body and Diseases. Ver também: An Introdution to Tibetan
Medicine, ed. Dawa Norbu, A Tibetan Review Publication, New Delhi,
1976, 28, 29.
Nagwang Dagpa, La sphygmologie tibétaine. Em: Les médecines
Traditionelles de l‟Asie, Strasbourg, 1979, 29.
8
Diagnóstico pelo exame do pulso: Detalhes deste método de
diagnóstico são encontrados no livro rGyud-bzhi, parte 4, Capítulo 1.
Uma análise precisa deste longo capítulo é importante, não apenas para
a prática da medicina tibetana visto que, aqui, são descritas todas as
diversas alterações nos pulsos que são típicas das doenças, mas
também porque o conhecimento deste importante capítulo é essencial
para comparar o diagnóstico pelo pulso tibetano e chinês.
9
sha chen: De acordo com os médicos tibetanos de Dharamsala, carne
de um herói que morreu em uma batalha.
10
skyabs: De acordo com os médicos tibetanos de Dharamsala, um tipo
de dente-de-leão.
11
mgo khrol: De acordo com os médicos tibetanos de Dharamsala, sopa
de cabeça de carneiro moída e envelhecida.
12
„bras bu gsum: = os três mirabólanos:
I. a ru ra = mirabólano chebula (Terminalia chebula)
II. ba ru ra = mirabólano belerica (Terminalia bellerica)
III. skyu ru ra = mirabólano emblica (Phyllanthus emblica).
13
rgod ma kha: uma preparação de substâncias ásperas (comunicado
oral: R. E. Emmerick).
14
tshva bsregs pa‟i thal sman: De acordo com os médicos tibetanos de
Dharamsala, cinza medicinal preparada com sal e quartzo.
15
cong zhi: provavelmente CaCO3, um tipo de cal branco e cristalino.

183
16
W. A. Unkrig: Zur Terminologgie der lamaistischen Medizin,
besonders ihrer Arzneien. Em Forschungen und Fortschritte, 12, 20/21,
1936, págs. 265-266.
17
Professor R. E. Emmerick, Hamburg, em particular, está trabalhando
nesta área.
18
Eu vi um livro deste tipo na Inglaterra quando o Dr. T. Y.
Tashigangpa, um médico de Ladakh, estava lendo um texto em uma
conferência. O livro, que foi aparentemente publicado na China,
continha aproximadamente 1.000 ilustrações de plantas providas de
nomes em tibetano, chinês e latim.
19
De acordo com as leis do Conselho Europeu, evidências rígidas são
exigidas com relação à eficácia terapêutica e inocuidade de quaisquer
novos fármacos. Isto é o que dizem as novas leis farmacêuticas. Na
República Federal da Alemanha, a nova Lei Farmacêutica entrou em
vigor em 1 de janeiro de 1978. Um total de vinte países exigem esta
comprovação, onze países aguardam-na e oito deles, não a exigem.
Será difícil obter a necessária comprovação de eficácia com as
preparações herbáceas.
20
A dificuldade encontrada com termos relacionados com “sabor” é
mostrada pelas traduções e comentários contidos em C.Vogel,
Vagbhata‟s Astangahrdayasamhita (pág. 58)
21
No livro Vagbhata‟s Astangahrdayasamhita escrito por L. Hilgenberg e
W. Kirfel, as seguintes passagens são encontradas na discussão sobre
o aumento e a redução dos Doshas (pág. 62): “... Faz-se uma distinção
entre 57 combinações de qualidades do sabor mas, ao todo, existem
63... Há 25 possibilidades se estiverem aumentados desta forma...
Portanto, 62 possíveis diferenças são ensinadas. A 63ª é a causa da
saúde.” No Volume I (Capítulo 3 do livro rGyud-bzhi), foi apontado que o
Tronco “Organismo Saudável” tem 25 folhas e o Tronco “Organismo
Doente”, 63 folhas. O trecho fala basicamente que o vigor do corpo
aumenta se estes 25 items estão em equilíbrio. Se saem deste
equilíbrio, eles prejudicam o corpo e resultam em 63 doenças. Há
notáveis correspondências às figuras no livro de Vagbhata referentes
aos Doshas.
22
Todos os termos foram propositalmente repetidos nesta apresentação
de tal forma que eles poderão ser mais facilmente memorizados. Os
parêntesis foram retirados em alguns termos mas mantidos em outros.
A intenção deste painel é também apresentar ao leitor um tipo de
resumo da terminologia médica. Uma terminologia médica completa
será incluída no próximo Volume, abrangendo não apenas os termos
analisados neste livro mas também os demais termos mencionados

184
anteriormente. Serão organizados como segue: Caracteres tibetanos –
transliteração – transcrição fonética –– tradução portuguesa.
23
C. Vogel: On Buston‟s view of the eight parts of Indian medicine. Em:
Indo-Iranian Journal, 6 (3/4), 1963, pággs. 290-295.
24
J. Filliozat: Chapitre du traitement des démons des enfants. Em: Le
Kumaratantra de Ravana, pággs. 123-142.
25
K. Lange: Die Werke des Regenten Sangs rgyas rgya mtcho (1653-
1705). Akademie-Verlag Berlin, 1976, págs. 141-143.
26
R. E. Emmerick: Sources of the Rgyud-bzhi. Em: Zeitschrift der
Deutschen Morgenländischen Gesellschaft III, 2, 1977, págs. 1135-
1142.
27
No volume 1 a inclusão de um registro da terminologia médica foi
deliberadamente omitida, pois uma terminologia médica completa será
apresentada na Parte 2 do estudo. Um índice dos autores e de
trabalhos médicos foi omitido, pois estes são facilmente distingüíveis
nos seus respectivos capítulos.
28
O rGyud bzi dividido em quatro partes difere em sua estrutura dos
grandes trabalhos indianos dos médicos Caraka, Susruta e Vagbhata:
nenhum dos trabalhos indianos está dividido em quatro seções. Talvez
tenha sido intenção dos tibetanos chamar atenção, com a divisão em
quatro partes (duplicando-a), para o conhecimento em oito partes. Com
relação a esta estrutura os trabalhos indianos foram descritos em
detalhes e comparados com o rGyud bzi.
29
O conhecimento dividido em oito partes – isto já pode ser
determinado – é descrito na terceira parte do livro rGyud bzi (ver
Sumário do livro rGyud bzi e Referências). O conhecimento óctuplo é
claramente definido e difere da organização indiana no qual as doenças
femininas são colocadas em terceiro lugar.
30
O número 9, entre outros, representa um importante papel na religião
nativa Bon.

185

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