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DA
MEDICINA
TIBETANA
Volume II
1
FUNDAMENTOS
DA
MEDICINA
TIBETANA
de acordo com a obra rGyud-bzi
Volume II
Elizabeth Finckh
Traduzido por:
Williams Ribeiro de Farias
e Dra. Yeda Ribeiro de Farias
Editora Chakpori
2
Título original: Foundations of Tibetan Medicine Vol. II
© 1978, Robinson and Watkins Books Ltd.
3
PREFÁCIO
DALAI LAMA
6 de Março de 1972
5
ÍNDICE
PREFÁCIO ..................................................................................................................... 4
INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS ............................................................................... 7
CAPÍTULO UM O SISTEMA DA MEDICINA TIBETANA ............................ 11
ANATOMIA ................................................................................................................ 19
FISIOLOGIA ................................................................................................................ 23
PATOLOGIA ............................................................................................................... 28
CAPÍTULO DOIS DIAGNÓSTICO ................................................................. 32
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 32
A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 36
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 38
C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 39
D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 44
E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS ...................................................................................... 51
1. Observação ..................................................................................................... 54
2. Palpação.......................................................................................................... 60
3. Questionamento (Anamnese) ........................................................................... 72
CAPÍTULO TRÊS TERAPÊUTICA................................................................. 77
INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 77
A) BLOCO DE IMPRESSÃO ........................................................................................... 81
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO ................................................................................. 83
C) TRADUÇÃO DO TEXTO............................................................................................ 84
D) APRESENTAÇÃO .................................................................................................... 91
E) MÉTODOS DE TRATAMENTO ................................................................................. 105
1. Nutrição......................................................................................................... 105
2. Comportamento.............................................................................................. 110
3. Medicamentos ................................................................................................ 115
4. Tratamentos ................................................................................................... 128
CAPÍTULO QUATRO TIPOS CONSTITUCIONAIS ..................................... 145
1. Natureza e temperamento em geral ................................................................. 146
2. Condições que geralmente dão origem às doenças .......................................... 147
3. As Características do Sistema......................................................................... 147
CAPÍTULO CINCO O LIVRO RGYUD-BZHI................................................ 149
CAPÍTULO SEIS PESQUISA NA MEDICINA TIBETANA ....................... 155
TÍTULOS DOS TRABALHOS ........................................................................................ 161
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 164
6
INTRODUÇÃO E AGRADECIMENTOS
7
Por esta razão, demos início no Volume 1 à
compilação de alguns fundamentos da medicina
tibetana. O estudo destes fundamentos, um capítulo
sobre os autores, sobre importantes trabalhos médicos e
um esboço do conteúdo do tratado padrão sobre
medicina tibetana, o rGyud bzi (Quatro Tratados), traz
ao leitor do Volume 1, através da transliteração, da
tradução e da apresentação dos textos, a organização
do sistema da medicina tibetana o qual consiste de três
raízes: a organização das partes do corpo, o diagnóstico
e a terapêutica. Através da tradução dos textos, foi
possível chegar à terminologia médica e descobrir o
princípio da medicina tibetana – uma consistente divisão
em três partes – e o fato de que a medicina tibetana é
uma doutrina de constituição.
O objetivo deste volume é expandir a terminologia
médica, tomando novamente textos do rGyud bzi como
base. No Volume 1, os 88 termos da Raiz A =
Organismo Doente e Saudável foram deduzidos (rGyud
bzi, Parte I, Capítulo 3). Neste Volume, devemos nos
concentrar nos textos referentes às duas outras raízes,
Diagnóstico = Raiz B e Terapêutica = Raiz C. Os blocos
de impressão serão trabalhados da mesma forma que
no Volume 1 (transliteração, tradução e apresentação)
de modo a analisar por completo a terminologia médica
derivada dos textos e englobando as nove disciplinas da
medicina tibetana. Ao todo, devemos então definir 283
termos: 3 raízes, 9 troncos, 47 ramos e 224 folhas.
Para esquematizarmos a apresentação das nove
disciplinas devemos utilizar o sistema da medicina
tibetana como guia porque com seu auxílio, é possível
ver claramente a estrutura da medicina tibetana.
O seguinte material será utilizado para breves
descrições das nove disciplinas:
8
1. Os trabalhos relacionados no apêndice Título dos
Trabalhos.
2. P.A. Badmaev Glavnoe rukovodstovo po vracebnoj
nauke Tibeta Zud si v novom perevode P. A.
Badmaeva s ego vvedeniem, raz‟jasnjajuscim osnovy
tibetskoj vracebnoj nauki. St. Petersburg, 1903.
Conseguimos uma tradução alemã deste trabalho
russo que é uma tradução parcialmente resumida das
Partes 1 e 2 do rGyud bzi.
3. Csoma de Körös Analysis of a Tibetan Work (em:
Journal of the Asiatic Society of Bengal, 4, 1835, págs.
1-20)
4. Instrução oral e material escrito, as muitas tabelas dos
médicos tibetanos – pelas quais devo agradecer ao
meu professor tibetano, Yeshe Donden, e seus
alunos, Jhampa Kelsang e Barry Clark.
5. Agradeço ao Prof. R. E. Emmerick pela gentileza de
permitir que eu utilizasse sua tradução inglesa de
vários capítulos do rGyud bzi ainda não publicada.
Utilizei os capítulos 4 e 5 (rGyud bzi, Parte 1) quase
que palavra por palavra de sua tradução porque seria
presunçoso e, além disso, quase impossível para mim
tentar fazer minha própria tradução destes textos
extremamente difíceis considerando meu atual
conhecimento da língua tibetana que, apesar de ter
melhorado, é ainda insuficiente. Gostaria de expressar
meus agradecimentos ao Sr. Andrew Craston que
traduziu grande parte deste Volume.
Apesar de não estar dentro da abrangência deste
trabalho descrever a prática da medicina tibetana – este
assunto será desenvolvido no Volume 3 – será
necessário discutirmos brevemente alguns métodos
diagnósticos e tratamentos externos. Gostaria de
enfatizar que os métodos diagnósticos e terapêuticos
9
podem ser aplicados satisfatoriamente apenas depois
que os princípios teóricos forem estudados em detalhes
e sob a completa supervisão de médicos tibetanos.
A medicina tibetana não é uma técnica qualquer
que possa ser aprendida em um curso relâmpago. Uma
aplicação prematura e sem críticas de certos métodos
poderia resultar em um aniquilamento da medicina
tibetana, transformando-a em um outro tipo de medicina
alternativa. Minha intenção ao escrever este livro é
tornar claro que a medicina tibetana, com todos seus
fascinantes e valiosos discernimentos, deve ser
cuidadosamente estudada e examinada, podendo desta
forma ser preservada.
10
Capítulo Um O SISTEMA DA MEDICINA
TIBETANA
14
O SISTEMA
15
RAIZ A
3 ramos 9 ramos
25 folhas 63 folhas
I II
16
17
RAIZ A
Tronco I = Organismo saudável
rnam par ma gyur pa
Ramos Folhas
nad 15
lus zungs 7
dri ma 3
3 25
18
ANATOMIA
20
2) O sistema de canais e suas conexões 4
a) Canais de concepção (chag pa‟i rtsa). Estes canais ou
veias possuem um caráter embrionário. Três canais
originam-se do umbigo: o primeiro canal expande-se
de forma ascendente e o cérebro se desenvolve a
partir daí; o segundo penetra no meio do corpo e o
canal vital desenvolve-se a partir daí; o terceiro canal
expande-se de forma descendente e os genitais
desenvolvem-se a partir daí.
b) Canais da existência (srid pa‟i rtsa): O tibetanos
fazem diferença entre quatro grandes canais. O canal
que forma os órgãos sensoriais está no cérebro e está
circundado por 500 pequenos canais. O canal que
sustenta a memória e a consciência está no coração e
é circundado por 500 pequenos canais. O canal que
forma os elementos do corpo está no umbigo e é
circundado por 500 pequenos canais. O canal que
executa a reprodução está na região dos genitais e é
circundado por 500 pequenos canais.
c) Canais de conexão („brel ba‟i rtsa): Na cabeça, o
canal vital escuro divide-se em 24 canais que suprem
os músculos e o sangue. Oito canais ocultos originam-
se das partes inferiores do canal vital e suprem os
órgãos sólidos e ocos. Há 16 canais visíveis que
suprem as articulações e 77 canais para circulação
sangüínea. Há também 112 pontos vitais, 189
pequenos canais de características variáveis, dos
quais 120 canais menores se originam. São
destinados às áreas mediana e interna do corpo.
Estes canais, por sua vez, dividem-se em 360 canais
menores ainda, que se dividem em 700 canais muito
finos que cobrem toda a superfície do corpo.
Assim como estes canais escuros, há um segundo
grupo de caráter branco ou claro. Os 19 chamados
21
canais de sustentação-água, dos quais 13 são
conectados com os órgãos sólidos e ocos, originam-
se no cérebro e são canais ocultos. Seis canais
visíveis são conectados com as articulações e deles
se originam os 16 canais de sustentação-água
menores.
d) Canais vitais (tshe yi rtsa): O primeiro canal passa
através da cabeça e de todo o corpo. O segundo
canal está conectado com a respiração. O terceiro
canal é o canal principal e mantém o crescimento
corporal.
3) Pontos vitais
Os pontos vitais ou pontos críticos são assim
denominados porque se um destes pontos for
prejudicado as consequências podem ser fatais. Há 302
pontos vitais dos quais 96 são tão perigosos que a pode
ocorrer a morte se um deles for atingido. Dentre os
demais, 49 são perigosos também, mas médicos
experientes podem curar tais distúrbios. As lesões nos
157 pontos restantes podem ser curadas. Faz-se uma
distinção entre 7 tipos de pontos vitais: (1) carne = 45,
(2) gordura = 8, (3) ossos = 32, (4) tendões e (5) fibras =
14, (6) órgãos sólidos e ocos = 13, (7) vasos = 190.
Estes pontos vitais estão espalhados pelo corpo inteiro
da seguinte maneira: cabeça = 62, pescoço = 33, tronco
= 95 e membros = 112. Se estes pontos vitais são
lesados, podem ocasionar vários distúrbios mais graves
ou menos graves. O tipo mais perigoso de lesão ocorre
nos vasos, na gordura, nos órgãos sólidos e ocos; se
estas partes do corpo são prejudicadas, as
conseqüências são fatais. Na opinião dos médicos
tibetanos, é extremamente importante que sejam
tomados cuidados especiais com os pontos vitais,
22
particularmente com os vasos – isto significa que o
método terapêutico da sangria deve levar em
consideração os pontos vitais dos vasos. Tenho
observado freqüentemente como os pacientes tibetanos
oferecem resistência quando uma amostra de sangue é
retirada da veia na dobra do braço, quando feita da
maneira ocidental, que normalmente utiliza esta veia
para tais amostras ou para injeções. A razão para tal
resistência é que este é um ponto que corresponde
exatamente a um ponto vital.
4) Entradas
Há uma diferença entre dois tipos de entradas dos
caminhos de circulação: entradas internas e externas.
As aberturas internas são: os constituintes do corpo (7),
as impurezas (3), rLung da sustentação da vida (1) e o
alimento (1) = 13 aberturas internas. As aberturas
externas são: narinas (2), ouvidos (2), olhos(2), boca (1),
ânus (1), totalizando 12 aberturas.
As doenças ocorrem como consequência de erros
de comportamento ou de nutrição porque os canais
naturais do organismo estão bloqueados.
FISIOLOGIA
26
RAIZ A
Tronco II = Organismo doente
rnam par gyur pa
ramos folhas
rgyu 3
rkyen 4
„jug sgo 6
gnas 3
lam 15
ldang dus 9
(na so, Yul,
dus)
„bras bu 9
ldog pa‟i rgyu 12
mdo don 2
9 63
27
PATOLOGIA
28
lemos que as doenças possuem formas individuais e
que há inúmeras formas e tipos de doenças.
A classificação em 4 x 101 doenças é típica da
medicina tibetana. Devo omitir outras divisões dentro da
patologia e mostrar a forma sistemática desta
classificação de maneira a demonstrar a estrutura das
404 doenças, sem mencionar os nomes e os sintomas.
29
Classificação das doenças
A. Três humores
rLung
Tipo 1-20
Localização: pele, carne, vasos, ossos 21-24
órgãos sólidos 25
órgãos ocos 26
órgãos sensoriais 27
Classes particulares: rLung 28-32
rLung + Bad kan 33-37
rLung + mKris pa 38-42
42
mKris pa
Tipo 1-4
Localização: pele, carne, vasos, ossos 5-8
órgãos sólidos 9
órgãos ocos 10
órgãos sensoriais 11
Classes particulares: mKris pa 12-16
mKris pa + rLung 17-21
mKris pa + Bad kan 22-26
26
Bad kan
Tipo (simples) 1-6
Localização: pele, carne, vasos, ossos 7-10
órgãos sólidos 11
órgãos ocos 12
órgãos sensoriais 13
Classes particulares: Bad kan 14-18
Bad kan + rLung 19-23
Bad kan + mKris pa 24-28
Tipo (complexo) 29-33
33
101
30
B. Predominâncias
Simples Elevação e 18
Dois humores predominantes redução de 18
Três humores predominantes humores 38
Superveniente 27
101
C. Localizações
Região superior 18
Região interna 19
Região inferior Corpo 5
Região externa 20
Interna e externa 37
Mente 2
101
D. Variações
Doenças internas 48
Ferimentos 15
Febre e doenças quentes 19
Pústulas 19
101
A. Três humores 101
B. Predominâncias 101
C. Localizações 101
D. Variações 101
Total de doenças 404
31
Capítulo Dois DIAGNÓSTICO
Sumário do Capítulo
Introdução
A) Blocos de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo
4 – fólios 8a, 8b, 9a
B) Transliteração do texto
C) Tradução do texto
D) Apresentação
E) Métodos diagnósticos
1. Observação
2. Palpação
3. Questionamento
INTRODUÇÃO
33
RAIZ B
Diagnóstico
34
35
A) BLOCO DE IMPRESSÃO
36
rGyud bzhi, Parte 1
capítulo 4
Fólio 8b
Fólio 9a
37
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO
de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis „di skad ces gsungs so
kye drang srong chen po nyon cig
nad la blta reg dri bas yongs shes bya [1]
(8b1) mig gis blta ba lce dang chu la brtag [2]
brtag pa „di ni mthong ba yul rig yin [3]
sor mos reg pa brda sbyor „phrin pa rtsa [4]
brtag pa „di ni dpyod pa don rig yin [5]
ngag gis dri ba slong rkyen na lugs zas [6]
brtag pa „di ni thos pa (8b2) sgra rig yin [7]
rlung gi lce ni dmar zhing skam la rtsub [8]
mkhris lce bad kan skya sar mthug pos g-yogs [9]
bad kan skya gleg mdangs med „jam la rlon [10]
rlung gi chu ni chu „dra lbu ba che [11]
mkhris chu dmar ser rlangs che dri ma (8b3) dugs [12]
bad kan chu ni dkar la dri rlangs chung [13]
rlung gi rtsa ni rkyal stong skabs su sdod [14]
38
C) TRADUÇÃO DO TEXTO
40
Mkhris pa‟i rtsa ni mgyogs rgyas grims par „phar [15]
bad kan rtsa ni bying rgud dal ba‟o [16]
dri ba yang la rtsub pa‟i zas spyod kyi [17]
(8b4) rkyen gyis g-yal „dar bya rmyang grang shum byed [18]
dpyi dang rked pa rus tshigs ma lus na [19]
gzer ba nges med „pho zhing stong skyugs byed [20]
dbang po mi gsal shes pa „tshub pa dang [21]
bkres dus na zhing snum bcud phan par nges [22]
rno zhing tsha (8b5) ba‟i zas dang spyod lam gyis [23]
kha kha mgo na sha drod tsha ba dang [24]
stod gzer zhu rjes na zhing bsil ba phan [25]
lci la snum pa‟i zas dang spyod lam gyis [26]
dang ga mi bde kha zas „ju ba dka‟ [27]
skyug cing kha mngal pho ba tshing ste sgreg [28]
(8b6) lus sems lci la phyi nang gnyis ka grang [29]
zos rjes mi bde zas spyod dro na „phrod [30]
de ltar brtag thabs sum cu rtsa brgyad kyis [31]
nad kun „khrul med nges par gtan la „bebs [32]
zhes gsungs so
bdud rtsi snying po yan lag brgyad pa (9a1) gsang ba man ngag gi
rgyud las ngos „jin rtags kyi le‟u ste bzhi pa‟o
41
[15] O pulso de (uma pessoa que sofre de uma
doença de) mKris pa bate rapidamente (e pulsa)
sutilmente (8).
O pulso de (uma pessoa que sofre de uma doença
de) Bad kan é profundo, fraco e lento (9).
42
Portanto, por meio dos 38 métodos de exame,
todas as doenças (podem) ser classificadas sem erro e
com certeza.”
43
D) APRESENTAÇÃO
RAIZ B
Diagnóstico ngos ‘dzin rtags
Tronco III
Observação blta
Tronco III tem dois ramos:
1º ramo = língua (I) lce
2º ramo = urina (água) (II) chu
2 ramos
Estes dois ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Observação
44
Do 2º ramos nascem 3 folhas
6 folhas
RAIZ B
Tronco III = 2 ramos
Ramo 1 = 3 folhas
Ramo 2 = 3 folhas
6 folhas
45
Raiz B
Diagnóstico ngos ‘dzin rtags
Tronco IV
Sensação (do pulso do vaso) = Palpação reg pa
Tronco IV tem 3 ramos:
1º ramo = rLung (III) rlung
2º ramo = mKris pa (IV) mkhris pa
3º ramo = Bad kan (V) bad kan
3 ramos
Estes 3 ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Sensação (do pulso do vaso) = Palpação
3 folhas
46
RAIZ B
Tronco IV = 3 ramos
Ramo 1 = 1 folha
Ramo 2 = 1 folha
Ramo 3 = 1 folha
3 folhas
RAIZ B
Diagnóstico ngos ‘dzin rtags
Tronco V
Questionamento dri ba
Tronco V tem 3 ramos:
3 ramos
rLung: rlung
1. bocejos e tremores (11) g-yal „dar
1. espreguiçamento (12) bya rmyang
1. calafrios (13) grang shum byed
1. dores em todas as articulações da dpyi dang rked pa
coxa e quadril (14) rus tshigs ma lus na
1. dores indefinidas que se movi- gzer ba nges med
mentam (15) „pho
1. vômito (de estômago) vazio (16) stong skyugs byed
1. os órgãos sensoriais não têm brilho (17) dbang po mi gsal
1. conhecimento está embotado (18) shes pa „tshub pa
1. dor quando tem fome (19) bkres dus na
mKris pa mkhris pa
1. gosto amargo (22) kha kha
1. cefaléias (23) mgo na
1. ondas de calor (=febre) (24) sha drod tsha ba
1. dores na região superior (do corpo) (25) stod gzer
1. dores após a digestão (26) zhu rjes na
48
Condições das doenças:
rLung 9
mKris pa 5
Bad kan 9
23
rLung: rlung
oleosa (20) snum
29 folhas
RAIZ B
Tronco V = 3 ramos
Ramo 1 = 3 folhas
Ramo 2 = 23 folhas
Ramo 3 = 3 folhas
29 folhas
49
Os seguintes termos foram retirados do Capítulo 4
(Parte 1) do livro rGyud bzhi:
Raiz do Diagnóstico = ngos „dzin rtags kyi rtsa ba
50
E) MÉTODOS DIAGNÓSTICOS
52
RAIZ B
Tronco III = Observação
blta
ramos folhas
lce 3
chu 3
2 6
53
1. Observação
1. Coloração da língua.
2. Camada que recobre a língua.
3. Natureza da língua.
54
Nas doenças de rLung (vento), a língua apresenta-se:
vermelha
seca
áspera
Nas doenças de mKris pa (bile), a língua apresenta-se:
coberta com uma grossa camada de muco
castanho-avermelhado.
Nas doenças de Bad kan (fleuma), a língua apresenta-se:
cinza
grossa
sem brilho
macia
úmida
55
Diagnóstico através do exame da urina
57
doenças fatais – e que elas também são descritas no
rGyud bzhi como citado a seguir:
– uma doença fatal de rLung está presente quando a
urina é quase azul escura na coloração e apresenta a
superfície ondulada;
– uma febre fatal está presente quando a urina é
vermelho-escura e apresenta odor bolorento, e quando
estes sintomas não desaparecem mesmo após a
prescrição de medicamentos para reduzir a febre;
– uma doença fria fatal está presente quando a urina
não exala qualquer cheiro, apresenta a coloração quase
azul, não há qualquer sedimento nem formação de
bolhas, e ainda se esses sinais não desaparecem após
a prescrição da medicação correspondente.
O diagnóstico feito através do exame da urina, no
qual os médicos tibetanos possuem domínio magistral, e
o qual é realizado apenas com a utilização dos órgãos
sensoriais, deve encorajar-nos, médicos ocidentais, a
desenvolvermos a sensibilidade de nossos órgãos
sensoriais, embotados pela nossa confiança em
instrumentos e equipamentos, de forma a colocar em
prática métodos diagnósticos sensíveis como esse. O
diagnóstico através da urina praticado pelos médicos
tibetanos poderia ser de grande auxílio para nós
também.
58
RAIZ B
Tronco IV = Palpação
reg pa
ramos folhas
rlung 1
mkhris pa 1
bad kan 1
3 3
59
2. Palpação
Técnica
62
Topologia
Mulher
Indicador (mtshon)
don (direito) pulmões (glo ba) coração (snying)
snod I intestino grosso (long ka) intestino delgado (rgyu ma)
(esquerdo)
anelar (chag)
don (direito) rim esquerdo (mkhal g-yon) rim direito (mkhal g-yas)
snod III bsam se‟u bexiga (lgang pa)
(esquerdo)
Homem
indicador (mtshon)
don (direito) coração (snying) pulmões (glo ba)
snod I intestino delgado (rgyu ma) intestino grosso (long ka)
(esquerdo)
anelar (chag)
don (direito) rim esquerdo (mkhal g-yon) rim direito (mkhal g-yas)
snod III bsam se‟u bexiga (lgang pa)
(esquerdo)
63
Mão esquerda do paciente
Mão direita do médico
indicador 1
I
mtshon
2
médio 3
II
kan ma
4
anelar 5
III
chag
6
Mulher
1 pulmões glo ba indicador I
2 intestino delgado long ka
3 baço mcher pa médio II
4 estômago pho ba
5 rim esquerdo mkhal g-yon anelar III
6 bsam se‟u bsam se‟u
Homem
1 coração snying indicador I
2 intestino delgado rgyu ma
3 baço mcher pa médio II
4 estômago pho ba
5 rim esquerdo mkhal g-yon anelar III
6 bsam se‟u bsam se‟u
64
Mão direita do paciente
Mão esquerda do médico
1 indicador
I
mtshon
2
3 médio
II
kan ma
4
5 anelar
III
chag
6
Mulher
1 coração snying indicador I
2 intestino delgado rgyu ma
3 fígado mchin pa médio II
4 vesícula biliar mkhris pa
5 rim direito mkhal g-yas anelar III
6 bexiga lgang pa
Homem
1 pulmões glo ba indicador I
2 intestino delgado long ka
3 fígado mchin pa médio II
4 vesícula biliar mkhris pa
5 rim direito mkhal g-yas anelar III
6 bexiga lgang pa
65
Os órgãos na medicina tibetana estão divididos em
dois grupos:
66
Posição I
Mulheres mão esquerda do paciente e mão direita do médico
= pulmões (glo ba) e intestino delgado (long ka)
mão direita do paciente e mão esquerda do médico
= coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma)
Homens mão esquerda do paciente e mão direita do médico
= coração (snying) e intestino delgado (rgyu ma)
mão direita do paciente e mão esquerda do médico
= pulmões (glo ba) e intestino grosso (long ka)
A principal diferença:
67
Pulsos chineses
mão esquerda do paciente mão direita do paciente
coração pulmões
intestino delgado I intestino delgado I
fígado baço
vesícula biliar II estômago II
rins circulação – sexo
bexiga III triplo-aquecedor = san chiao III
Notas históricas
70
RAIZ B
Tronco V = Questionamento
dri ba
ramos folhas
slong rkyen 3
na lugs 23
zas 3
3 29
71
3. Questionamento (Anamnese)
1. Causas Produtoras
72
pungentes e quentes, pesadas e oleosas se
harmonizam com ele.
Uma doença de rLung está presente se o paciente
responde que condições leves e ásperas não condizem
com ele.
O paciente está sofrendo de uma doença de mKris
pa se ele responde que as condições pungentes e
quentes não condizem com ele.
O paciente sofre de uma doença de Bad kan se
ele responde que as condições pesadas e oleosas não
se harmonizam com ele.
Estas são as três questões sobre as causas
produtoras.
73
1)
gosto amargo,
2)
cefaléias,
3)
ondas de calor,
4)
dores na região superior (do corpo),
5)
dores após a digestão.
Se esses sintomas estão presentes, o paciente é
um tipo mKris pa e está acometido de uma doença de
mKris pa.
1) falta de apetite,
2) dificuldade em digerir o alimento,
3) vômitos,
4) gosto ruim na boca,
5) distensão abdominal,
6) eructações,
7) corpo e mente tornam-se pesados (ambos),
8) sensação de frio dentro e fora do corpo,
9) desconforto após comer.
Se esses sintomas estiverem presentes, o
paciente é um tipo Bad kan e está acometido de
um distúrbio de Bad kan.
74
3. Alimentação
Resumo
76
Capítulo Três TERAPÊUTICA
Sumário do Capítulo
Introdução
A) Bloco de impressão do rGyud bzhi, Parte 1, Capítulo
5 – fólio 9a, 9b
B) Transliteração do texto
C) Tradução do texto
D) Apresentação
E) Métodos de tratamento
1. Nutrição
2. Comportamento
3. Medicamentos
4. Tratamentos
INTRODUÇÃO
Como no capítulo anterior, os fólios, páginas e
linhas do bloco de impressão foram incluídos na
transliteração (9a2-9b4). Na tradução, os troncos estão
numerados de VI-IX e as folhas de 1-98.
Foi possível também neste caso identificar todas
as 98 folhas e os 27 ramos, de forma que todas as 98
folhas foram enumeradas consecutivamente.
Os 4 troncos da Raiz C = Terapêutica
VI Nutrição
VII Comportamento
VIII Medicamentos
IX Tratamentos
foram, portanto, analisados e apresentados na mesma
ordem como no capítulo anterior: Blocos de impressão
(A), Transliteração (B), Tradução (C) e Apresentação
(D). Os métodos terapêuticos (E) serão então descritos
aqui.
77
Descrições um pouco mais detalhadas estão
incluídas nos métodos terapêuticos que podem ser mais
facilmente aplicados no Ocidente – moxabustão e
sangria.
Evidentemente, será possível trabalhar aqui
apenas com os métodos mencionados no texto em
questão. O repertório completo de métodos de
tratamento é naturalmente muito longo e deverá ser
trabalhado no Volume III. No entanto, esta descrição de
alguns dos métodos torna mais óbvio uma vez que os
métodos em questão referem-se claramente aos tipos
constitucionais.
Deve-se também acrescentar que a cirurgia não foi
mencionada no sistema de medicina tibetana.
Entretanto, uma breve descrição foi incluída neste
volume.
78
79
RAIZ C
Terapêutica
VI VII VIII IX
80
A) BLOCO DE IMPRESSÃO
81
rGyud bzhi, Parte 1
Capítulo 5
Fólio 9b
82
B) TRANSLITERAÇÃO DO TEXTO
de nas yang drang srong Rig pa‟i ye shes kyis skad ces gsungs so
kye drang srong chen po nyon cig
(9a2) nad la gso bar byed pa‟i gnyen po ni [1]
zas dang spyod lam sman dpyad bzhi yin te [2]
rta bong „phyi ba lo sha sha chen dang [3]
„bru mar lo lar bu ram sgog skya btsong [4]
„o ma lca ba ra mnye zan chang dang [5]
bur chang rus chang rlung nad can gyi (9a3) zas [6]
ba ra‟i zho dar mar gsar ri dvags sha [7]
ra sha skom sha gsar pa chag tshe dang [8]
skyabs dang khur tshod chab tsha chu bsil dang [9]
bskol grangs mkhris pa‟i nad kyi zas su btsad [10]
lug dang g-yag rgod gcan gzan nya yi sha [11]
(9a4) sbrang rtsi skam sa‟i „bru rnying zan dron dang [12]
„bri yi zho dar gar chang chu skol ni [13]
ba kan nad gzhi can gyis bsten par bya [14
83
C) TRADUÇÃO DO TEXTO
84
rlung la dro sar yid „ong grogs bsten dzing [15]
mkhris pa‟i nad la bsil sar dal bar bsdad [16]
bad (9a5) kan nad la rtsol bcad dro sa bsten [17]
rlung la mngar skyur lan tsha snum lci „jam [18]
mngar kha bska bsil sla rtul mkhris pa‟i sman [19]
tsha skyur bska rno rtsub yang bad kan no [20]
ro nus de la sbyor ba zhi sbyang gnyis [21]
zhi byed rlung la khu ba (9a6) sman mar gnyis [22]
mkhris pa‟i nad la thang dang cur nis bsten [23]
bad kan nad la ril bu tres sam sbyar [24]
lhu ba rus khu bcud bzhi mgo khrol te [25]
sman mar dza ti sgog skya „bras bu gsum [26]
rtsa ba lnga dang sman chen dag la (9b1) sbyar [27]
ma nu sle tres tig ta „bras bu‟i thang [28]
ga bur tsan dan gur gum cu gang phye [29]
btsan dug tshva sna rnams kyi ril bu dang [30]
85
[15] No caso de (um distúrbio de) rLung (VII), o paciente
deve manter-se na companhia de pessoas agradáveis
(36) em local aquecido (37).
No caso de (um distúrbio de) mKris pa (VIII), o
paciente deve sentar-se calmamente (38) em um local
fresco (39).
No caso de (um distúrbio de) Bad kan (IX), o
paciente deve fazer caminhadas enérgicas (40) e
conservar-se em local aquecido (41).
No caso de rLung (X): doce (42), azedo (43) e
salgado (44).
(XI): oleoso (45), pesado (46) e suave (47).
Medicamentos para mKris pa (XII): doce (48),
amargo (49), (e) adstringente (50).
(XIII): frio (51), fraco (52) e embotado (53).
[20] E (no caso de) Bad kan (XIV): pungente (54), azedo
(55) e adstringente (56), (XV): penetrante (57), áspero
(58) (e) leve (59).
Quanto aos sabores (X-XII-XIV) e potências (XI-
XIII-XV) citados, há dois tipos de preparações: (tornar)
calmo e (tornar) limpo.
(Aqueles que) tornam calmo, nos casos de rLung,
são de dois (tipos): sopas (XVI) (e) óleos medicinais.
(XVII) Nos casos de distúrbios de mKris pa o
paciente deve tomar xaropes (XIII) e pós (XIX). Deve-se
preparar pílulas (XX) (e) pastas (XXI) nos casos de
distúrbios de Bad kan.
[25] Sopas: sopa preparada com ossos (60), os
quatro sucos (61), e a (sopa) “mgo khrol” (62).
Óleos medicinais devem ser preparados com
nardo (63), alho (64), as três frutas (65), as três raízes
(66) e os acônitos (67).
N. do T.: Nardostachys jatamansi.
86
Xaropes de: rizoma de lírio florentino (68), “sle
tres” (69), Swertia chirata (70) e as frutas (71).
Pós: cânfora (72), sândalo (73), açafrão (74) e
suco resinoso do bambu (75).
[30] Pílulas: de acônito (76) e de vários tipos de sal
(77).
87
tres sam se „bru da lis rgod ma kha [31]
tshva dang cong dzi bsregs pa‟i thal sman no [32]
sbyong byed (9b2) rlung gi nad la „jam rtsi ste [33]
mkhris pa bshal la bad kan skyugs kyis sbyang [34]
„jam rtsi sle „jam bkru „jam bkru ma slen [35]
bshal la spyi bshal sgos bshal drag dang „jam [36]
skyugs la drag skyugs gnyis su sbyar [37]
dpyad du bsku mnye hor gyi me btsa‟ dang [38]
rngul dbyung gtar ga chu yi „phrul „khor dang [39]
dugs dang me btsa‟ rim bzhin dpyad kyis bcos [40]
de ltar gso thabs dgu bcu rtsa brgyad po [41]
(9b4) yengs med gus par brtson pas bsten byas na [42]
nad kyi „dam las myur du grol bar „gyur [43]
zhes gsungs so
bdud rtsi snying po yan la brgyad pa gsang ba man ngag gi rgyud
las gso thabs kyi le‟u ste lnga pa‟o
88
Pastas: romãs (78), rododendros (79), “rgod ma
kha” (80) e medicamentos alcalinos à base de sal
queimado (81) e pedra branca (82).
(Quanto às preparações que) purificam, nos casos
de doenças de rLung (XXII), (utilizam-se) enemas
oleosos.
(Nos casos de) doenças de mKris pa (XXIII):
laxantes.
(Nos casos de) doenças de Bad kan (XXIV), (são
tornadas) purificadas com eméticos.
[35] Enemas oleosos: (preparam-se) enemas
suaves (83), enemas purgativos (84), purgativos que
não são fracos (85).
No caso dos laxantes (preparam-se): laxantes
gerais (86), laxantes especiais (87), laxantes fortes (88)
e fracos (89). No caso dos eméticos: duas (formas):
eméticos fortes (90) e fracos (91).
Quanto aos tratamentos: (rLung) (XXV):
massagem com unção (92) e cauterização do tipo
mongol (93).
(mKris pa) (XVI): produção de suor (94), sangria
(95) e a roda de água mágica (96).
[40] (Bad kan) (XXVII): (tratamento com) calor (97)
e cauterização (98).
(Através desses) tratamentos pode-se curar
(doenças causadas por distúrbios de rLung, mKris pa e
Bad kan) respectivamente.
Portanto, há 98 métodos de cura.
Aquele que confiar nos mesmos atentamente,
respeitosamente e diligentemente será rapidamente
libertado do pântano da doença.”
Assim falou ele.
89
Quinto capítulo sobre os métodos de cura do
Tratado Secreto da Instrução sobre os Oito Ramos da
Essência da Imortalidade.
90
D) APRESENTAÇÃO
RAIZ C
Terapêutica gso thabs
Tronco VI
Nutrição zas
Tronco VI possui 6 ramos:
1º ramo = alimentos para rLung (I) rlung zas
2º ramo = bebidas para rLung (II) rlung skom
3º ramo = alimentos para mKris pa (III) mkhris zas
4º ramo = bebidas para mKris pa (IV) mkhris skom
5º ramo = alimentos para Bad kan (V) bad zas
6º ramo = bebidas para Bad kan (VI) bad skom
6 ramos
Estes 6 ramos correspondem aos detalhes gerais do
Tronco = Nutrição
91
4. sopa de ossos (14) rus chang
14 folhas
12 folhas
9 folhas
Resumo
rLung mKris pa Bad kan
Alimentos 10 9 6
Bebidas 4 3 3
14 12 9 = 35
RAIZ C
Tronco VI = 6 ramos
Ramo 1 = 10 folhas
Ramo 2 = 4 folhas
Ramo 3 = 9 folhas
Ramo 4 = 3 folhas
Ramo 5 = 6 folhas
Ramo 6 = 3 folhas
35 folhas
93
RAIZ C
Terapêutica gso thabs
Tronco VII
Comportamento spyod
3 ramos
6 folhas
Estas 6 folhas contém os detalhes específicos do
Tronco = Comportamento
94
RAIZ C
Tronco VII = 3 ramos
Ramo 1 = 2 folhas
Ramo 2 = 2 folhas
Ramo 3 = 2 folhas
6 folhas
95
RAIZ C
Terapêutica gso thabs
Tronco VIII
Medicamentos sman
Tronco VIII possui 15 ramos:
1º ramo = sabor ro
rLung (X) rlung
2º ramo = potência nus pa
rLung (XI) rlung
3º ramo = sabor ro
mKris pa (XII) mkhris pa
4º ramo = potência nus pa
mKris pa (XIII) mkhris pa
5º ramo = sabor ro
Bad kan (XIV) bad kan
6º ramo = potência nus pa
Bad kan (XV) bad kan
7º ramo = acalmar zhi byed
rLung (XVI) rlung
sopas khu ba
8º ramos = acalmar zhi byed
rLung (XVII) rlung
óleos medicinais sman mar
9º ramo = acalmar zhi byed
mKris pa (XVIII) mkhris pa
xaropes thang
10º ramo = acalmar zhi byed
mKris pa (XIX) mkhris pa
pós cur ni
11º ramo = acalmar zhi byed
Bad kan (XX) bad kan
pílulas ril bu
12º ramo = acalmar zhi byed
Bad kan (XXI) bad kan
pastas tres sam
13º ramo = purificar sbyong byed
rLung (XXII) rlung
enemas oleosos „jam rtsi
14º ramo = purificar sbyong byed
96
mKris pa (XXIII) mkhris pa
laxantes bshal sman
15º ramo = purificar sbyong byed
Bad kan (XXIV) bad kan
eméticos skyugs sman
15 ramos
97
Do 5º ramo nascem 3 folhas
Sabor ro
Bad kan (XIV) bad kan
1. pungente (54) tsha
2. azedo (55) skyur
3. adstringente (56) bska
98
2. Tinospora cordifolia sle tres
3. Swertia chirata (70) tig ta
4. as (três) frutas (71) „bras bu (gsum)
N. do T.: Em “Formulário de Medicina Tibetana” por Bagwan Dash.
99
3. purgativos não suaves (85) bkru ma slen
50 folhas
100
RAIZ C
= 50 folhas
101
RAIZ C
Terapêutica gso thabs
Tronco IX
Tratamentos (externos) dpyad
Tronco IX possui 3 ramos:
3 ramos
7 folhas
102
Estas 7 folhas contém detalhes específicos do
Tronco = Tratamentos (externos)
RAIZ C
Tronco IX = 3 ramos
Ramo 1 = 2 folhas
Ramo 2 = 3 folhas
Ramo 3 = 2 folhas
7 folhas
27 ramos 98 folhas
103
RAIZ C
Tronco VI = Nutrição
zas
ramos folhas
rlung zas 10
rlung skom 4
mkhris pa zas 9
mkhris pa skom 3
bad zas 6
bad skom 3
6 35
104
E) MÉTODOS DE TRATAMENTO
1. Nutrição
Carne
Animais cuja carne é comestível são divididos em oito
grupos a seguir:
Animais que vivem em solo seco: 1) Pássaros de
montanhas que obtém seu alimento utilizando suas
garras e pequenos pássaros que usam seus bicos. 2)
Animais de caça. 3) Animais de caça de grande porte. A
carne proveniente destes animais é fria, leve e áspera.
Animais que vivem tanto na água quanto em solo
seco: 4) Animais predadores. 5) Pássaros que obtém
seu alimento utilizando sua própria habilidade, por
exemplo, abutres, corvos, etc. 6) Animais domésticos. A
carne proveniente destes animais possui tanto as
105
características dos que vivem em solo seco como em
ambiente úmido.
Animais que vivem em ambiente úmido: 7) Animais
que vivem em esconderijos ou covas. 8) Animais que
vivem na água (gansos, lontras, peixes etc.) A carne
destes animais é oleosa, pesada e quente.
Estes são os oito tipos de animais.
A carne seca e a carne que foi bem cozida são de
fácil digestão.
Óleos comestíveis
Os seguintes tipos de óleos comestíveis são descritos:
óleo de açafrão, óleo de gergelim, gordura de medula
óssea e gordura sólida.
Atribuem-se características específicas aos vários
tipos de óleos. Eles são um importante gênero
alimentício para os tibetanos e são particularmente
benéficos para os idosos, para crianças frágeis e para
todas as doenças de rLung (vento).
Vegetais
Os vários tipos de vegetais, suas características e
efeitos são descritos com grande precisão. Todos os
tipos de vegetais bloqueiam as entradas dos vasos.
Preparações
Dedica-se grande atenção à preparação das variadas
sopas de arroz (rala, grossa e forte), às sopas de grãos
e às sopas de vegetais porque estas preparações são
importantes para muitas doenças quando está muito frio,
particularmente quando são preparadas com gordura.
Nutrição – líquidos
106
Os tibetanos possuem uma apreciação especial por
virtualmente todos os tipos de leite (de vaca, de cabras,
de dri, de ovelhas etc.) assim como pelos vários
derivados do leite, como os queijos, os iogurtes e
manteiga. Todos estes derivados possuem
características particulares, assim como as possuem os
sete tipos de água: água da chuva, água de rios, água
de fontes, água de poço, soda e água que pinga das
árvores. A água proveniente das montanhas altas e a
água que recebeu o brilho do sol são particularmente
benéficas enquanto que a água estagnada e a água
pútrida estimulam o desenvolvimento das doenças.
O álcool é utilizado para aqueles que sofrem de
sono agitado e cura doenças de Bad kan e mKris pa.
Entretanto, o consumo excessivo de álcool não é
considerado benéfico.
Incompatibilidade entre alimentos – dieta prejudicial
Faz-se distinção entre os seguintes dois grupos:
Alimentos tóxicos
Podem ser reconhecidos pela sua coloração, cheiro e
sabor; os sintomas que surgem após a ingestão de tais
alimentos são: boca seca, sudorese, tremores e
agitação.
N. do T.: A fêmea do iaque.
107
Outros erros dietéticos também estão incluídos
neste grupo. Por exemplo, não se deve conservar a
manteiga por mais de dez dias em recipiente de bronze
e não se deve ingerir alimento azedo com leite.
Hábitos alimentares sensatos e corretos
A terceira e última seções estão relacionadas com
hábitos alimentares sensatos. A cada ingestão de
alimentos, é vital que a quantidade do mesmo esteja
correta. Se o alimento ingerido for leve, pode-se comer
até que o estômago esteja repleto. No entanto, se o
alimento for pesado, deve-se comer até preencher
metade do estômago. Doenças de rLung surgem se a
ingestão de alimentos é insuficiente. Líquidos ingeridos
após uma refeição são bons para a digestão. À princípio,
considera-se benéfica a ingestão no começo, no meio e
no final de uma refeição. A água fria é considerada
benéfica se o paciente fica inchado após uma refeição.
Consegue-se reduzir a gordura misturando mel e água.
Muitas instruções como estas são fornecidas mas
o mais importante é que o indivíduo deve alimentar-se
moderadamente.
108
RAIZ C
Tronco VII = Comportamento
spyod
ramos folhas
rlung spyod 2
mkhris pa‟i spyod 2
bad kan spyod 2
3 6
109
2. Comportamento
110
Comportamento sazonal
111
Outono: Durante a estação chuvosa precedente, o
corpo sofreu resfriamento e podem ocorrer doenças de
mKris pa. Portanto, no outono, devem ser ingeridos
alimentos com sabor doce, amargo e adstringente. As
roupas devem aquecer.
Estes aspectos podem ser resumidos da seguinte
forma:
estação chuvosa e
inverno alimentos e bebidas devem aquecer
Comportamento casual
113
RAIZ C
Tronco VIII = Medicamentos
sman
ramos folhas
rlung sman ro 3
rlung sman nus pa 3
mkhris pa sman ro 3
mkhris pa sman nus pa 3
bad kan gyi sman ro 3
bad kan sman nus pa 3
rlung bzhi byed 3
rlung zhi byed 5
mkhris pa zhi byed 4
mkhris pa zhi byed 4
bad kan zhi byed 2
bad kan zhi byed 5
rlung sbyong byed 3
mkhris pa sbyong byed 4
bad kan sbyong byed 2
15 50
114
3. Medicamentos
Resumo da Seção
Comentários gerais
Classificação
Sabor dos medicamentos
Os grupos de medicamentos e suas funções
O sabor pós digestivo
Potência dos medicamentos
Preparações
Comentários gerais
Classificação
118
I- Pedras preciosas e metais rin po che‟i sman
A. Substâncias preciosas que não mi bzhu ba‟i rin po
podem ser fundidas che „i sman
diamante rdo rje pha lam
turquesa g-yu
rubi pad ma ra ga
B. Substâncias preciosas que podem bzhu ba‟i ri po che‟i
ser fundidas
prata dngul
cobre zangs
II- Rochas e minerais rdo sman
A. Substâncias minerais que podem ser bzhu ba‟i khams kyi
fundidas rdo
magnetita khab len
mercúrio mtshal
B. Substâncias minerais que não mi bzhu ba‟i khams
podem ser fundidas kyi rdo
carvão mineral rdo sol
cobre lig bu mig
casco de tartaruga sbal rgyab
III- Areias medicinais sa sman
A. Terra natural rang byung gi sa
pó de ouro gser bye
chumbo li khri
índigo rams
B. Terra manufaturada bcos pa‟i sa sman
enxofre mu zi
tijolo so phag
cascalho gyo mo
IV- Exudatos e secreções (especiarias) rtsi sman
açafrão gur gum
Nardostachys jatamansi dza ti
almíscar gla rtsi
V- Substâncias medicinais extraídas de shing sman
árvores
A. Frutos e sementes shing sman „bras bu
B. Flores e shing sman me tog
C. Folhas lo ma
D. Ramos yal ga
119
E. Tronco shing sman sdong po
F. Casca shing sman pags pa
G. Resinas e tshi ba thang chu
VI- Medicamentos à base de extratos thang sman
fervidos
VII- Plantas medicinais, ervas e sngo sman
VIII- Medicamentos extraídos de seres srog chags sman
sencientes
1. doce mngar ba
2. azedo skyur ba
3. salgado lan tshva ba
120
4. amargo kha ba
5. penetrante tsha ba
6. adstringente bska ba
121
Como existem 6 qualidades de sabor, um total de
63 combinações é possível.
As combinações são as seguintes:
122
O sabor amargo põe fim aos vermes, fortalece a
memória e é benéfica para combater a sede, o
envenenamento e a febre.
5. O grupo de sabor penetrante:
cebolas, alho, gengibre, pimenta preta, etc.
O sabor penetrante é útil nos casos de edemas,
doenças da pele, anasarca e úlceras; estimula a
digestão e age como purgante.
6. O grupo de sabor adstringente:
tamarga, Emblica officinalis, sândalo, Terminalia
chebula, etc.
O sabor adstringente cura ulcerações e limpa a pele.
O sabor pós-digestivo
124
Preparações
Sopas khu ba
sopas de ossos rus khu
os quatro sucos bcud bzhi
“mgo khrol” mgo khrol
Xaropes thang
rizoma de lírio florentino ma nu
Tinospora cordifolia sle tres
Swertia chirata tig ta
as três frutas „bras bu gsum
Pós cur ni
cânfora ba bur
sândalo tsan dan
açafrão gur gum
resina de bambu cu gang
Pílulas ril bu
acônito btsan dug
vários tipos de sal tshva sna rnams
127
4. Tratamentos
Resumo da Seção
Tipo-rLung
I- Unção com massagem bsku mnye
II- cauterização mongol hor gyi me btsa‟
Tipo-mKris pa
I- produção de suor rngul dbyung
II- sangria gtar ga
III- a roda mágica de água chu yi „phrul „khor
Tipo-Bad kan
I- calor (tratamento) dugs
II- Cauterização (moxabustão) me btsa‟
Tipo-rLung
1. Massagem
Indicações
Em geral, todas as doenças de rLung podem ser
tratadas desta maneira, mas a massagem é
particularmente benéfica na depressão, para peles
ásperas, nas doenças que afetam o idoso, na insônia,
na perda geral de vigor e na anemia.
Contra-indicações
A massagem não pode ser utilizada nos casos de
enrijecimento das pernas, problemas digestivos e perda
de apetite.
Prática
A massagem é realizada friccionando-se as
respectivas partes do corpo, geralmente com
substâncias gordurosas que curam certas doenças. O
óleo de gergelim é empregado na cura da insônia e
doenças de rLung em geral; manteiga clarificada é
empregada para melhorar a memória e a inteligência; a
manteiga envelhecida por um ano, para doenças
mentais; a gordura de cavalo e de macaco é utilizada
para doenças linfáticas e prurido; a gordura de lontra,
nas doenças renais; a gordura de cachorro, para
ferimentos causados por mordidas de cachorro; gordura
de cabra, para as lesões de varíola, especialmente as
129
faciais; gordura de abutre e de porco, para catarata;
almíscar e manteiga, para insônia durante o dia - ou
noite - causada por febre. Um xarope feito de sulfato,
levedura e manteiga cura ferimentos abertos, graves e
recentes. Um xarope à base de cinzas de um certo tipo
de feijão misturado com leite de égua e macaca cura
ferimentos crônicos, infectados. Um xarope feito com as
cinzas de pele de cobra queimada misturada com
gordura de porco cura a deficiência de pigmentos na
pele.
Na fabricação destas misturas, grande número de
substâncias são também mencionadas, extraídas da
chamada “farmácia asquerosa”, ou seja, cinzas de chifre
queimado, excreções de ratos, sujeira de cozinha, etc.
2 - Cauterização mongol
Este é o segundo tipo de tratamento benéfico para
as doenças de rLung. Sementes de Carum carvi e
manteiga (ou qualquer outra gordura) são queimadas e
esta mistura é colocada em uma manta de lã. É então
pressionada sobre a parte indicada do corpo através da
manta de lã. Uma outra versão envolve a colocação de
uma mistura de sementes de Carum carvi e sal em um
pano, depois mergulha-se este pano em manteiga
quente e trata-se as partes indicadas do corpo com esta
espécie de compressa.
Tipo-mKris pa
1- Produção de suor
Este método de tratamento pode ser empregado
para todas as doenças onde a sudorese é considerada
necessária. O método mais popular de induzir a
130
transpiração é envolver todo o corpo do paciente em
muitas peças de tecido aquecido e deixá-lo permanecer
enrolado até que suor suficiente tenha sido produzido.
2- Sangria
Este método de tratamento é também benéfico
para todas as doenças de mKris pa. É um dos métodos
considerados bastante efetivos e pode ser aplicado no
Ocidente. Esta é também a razão porque eu gostaria de
melhor descrever este método, uma vez que os detalhes
extraídos do livro rgyud bzhi foram reproduzidos exata e
completamente.
Indicações
Doenças que afetam os indivíduos tipo-mKris pa,
doenças causadas por febre disseminada, edemas,
gota, úlceras, doenças sangüíneas e linfáticas.
Contra indicações
Gravidez, pacientes frágeis, pacientes suscetíveis
a doenças mentais, crianças com menos de 16 anos e
com mais de 70 anos; é necessário grande cuidado com
veias muitos salientes e agrupadas; à princípio, este
método de tratamento não deve ser utilizado em certas
doenças causadas por Bad kan e doenças que afetam
pacientes do tipo-rLung.
Instrumentos
Um ferreiro muito experiente deve manufaturar os
instrumentos de ferro compacto e resistente. Eles devem
ser pontiagudos o suficiente para atravessar um fio de
cabelo flutuando no ar. Os instrumentos devem possuir
sempre seis dedos (largura do dedo) de comprimento.
131
Prática
Antes de dar início ao tratamento, certas
preparações devem ser realizadas pois o sangue impuro
deve ser separado do sangue puro. Isto é feito da
seguinte maneira: entre três e cinco dias são
administradas decocções feitas com o suco dos três
mirabólanos. Sem estas decocções, a febre e rLung se
elevariam, o sangue puro seria eliminado e o sangue
impuro ficaria retido.
A ligadura apenas pode ser aplicada sobre um
membro quando o paciente tiver sido exposto a um calor
intenso. Um pedaço de cordão fino deve ser utilizado
como ligadura e aplicada em várias partes do corpo. Na
cabeça, o cordão deve ser amarrado em torno do dorso
da cabeça de forma que as veias fiquem salientes. Com
o auxílio de uma pequena vareta, ambas as
extremidades do cordão são puxadas cuidadosamente e
uniformemente. Os cordões empregados diagonalmente
sobre os ombros são usados para as veias do tórax. Um
cordão é amarrado sob o queixo e em torno da laringe
para fazer as veias dos olhos ficarem salientes. Uma
ligadura é aplicada para as veias sobre os ombros por
meio de uma corda amarrada abaixo das axilas. De
maneira similar, um cordão em torno do braço, acima do
punho é usado para as veias dos dedos, um cordão
colocado um dedo acima do joelho é empregado para a
veia mais grossa da perna, e um cordão acima do
tornozelo para as veias dos pés.
As ligaduras devem ser amarradas o suficiente
para deixar a veia saliente, mas não demais que
machuque a pele. Após a aplicação da ligadura, as veias
são massageadas e batidas levemente. Deve-se então
esperar um instante antes que o tratamento possa
132
realmente começar. A veia em questão é empurrada
para o lado com o polegar e o sangue é então extraído
com com a ponta do instrumento mais adequado, três
dedos (largura do dedo) abaixo da veia ligada. Ao todo,
há cinco diferentes tipos de incisão, ou seja, incisão
lateral, incisão direta, incisão ao longo da veia, etc. Cada
um destes métodos referem-se a um tipo de veia em
particular e sua localização. No entanto, o mais
importante aspecto de todas estas medidas conduzidas
muito cuidadosamente, é que a incisão na pele deve ser
justamente tão longo quanto a incisão na veia.
Os médicos tibetanos conhecem exatamente
quando interromper a retirada do sangue. A regra mais
importante é que quando aparecer sangue normal, de
coloração suave, nenhuma única gota pode ser retirada.
Os pontos
O trajeto das veias e a exata posição anatômica
dos vários pontos utilizados na sangria são descritos de
maneira extremamente detalhada. Cada ponto
corresponde a sintomas específicos ou quadros clínicos.
Durante meus períodos de estudo, tive com freqüência a
oportunidade de observar os médicos tibetanos
utilizando o método da sangria. Recebi também
instruções orais e, acima de tudo, mapas muitos bons de
meu professor Yeshe Donden; no entanto, a prática é de
tal modo complicada que seria impossível abranger o
tópico de maneira compreensível neste livro. Portanto,
apenas algumas instruções gerais serão fornecidas aqui.
Nas manchas dolorosas, deve ser utilizada a veia mais
próxima. Nas febres elevadas, primeiro a veia larga e
depois a fina deve ser tratada e vice-versa se a febre
não é muito elevada. Nas doenças muito graves, é
133
aconselhável começar o tratamento com uma veia
principal e não com veias muitos pequenas.
A amostra de sangue é cuidadosamente
examinada e as instruções sobre o diagnóstico são
dadas de acordo com as várias características, tais
como: se o sangue está grosso ou fino e qual a
coloração que tem a amostra. Assim, por exemplo, o
sangue fino e pálido está relacionado com doenças de
Bad kan. A quantidade de sangue retirado também é
importante.
Benefícios
134
As vantagens deste método são múltiplas: as veias
são limpas, o sangue impuro é removido, a dor é
aliviada, os edemas desaparecem, o paciente obeso
perde peso e o magro ganha peso.
O método de sangria foi desenvolvido a um grau
de perfeição por médicos tibetanos e é uma terapia
muito eficaz. Este método tibetano tem pouquíssima
relação com o termo “sangria” normalmente utilizado.
Geralmente, apenas poucas gotas de sangue, retirados
de pontos específicos, são suficientes para chegar ao
fundo de uma doença. No entanto, as extensas
passagens dedicadas aos possíveis erros e efeitos
colaterais indicam claramente que seja pouco provável
que este método de tratamento venha a ser utilizado no
Ocidente sem instruções exatas de médicos tibetanos. O
conhecimento detalhado dos canais, do curso dos vasos
e suas qualidades também é necessário. Ao todo
existem 77 vasos para “sangria” (21 localizados sobre a
cabeça e pescoço; 34 sobre os ombros, braços, mãos e
dedos; 18 sobre as pernas; 2 na área do estômago e 2
nos genitais masculinos). A “sangria” também é
arriscada nos 302 pontos que os médicos tibetanos
denominam “pontos vitais”, dos quais 190 estão sobre
os vasos e portanto não podem ser utilizados para este
procedimento. A aplicação da “sangria” nestes 190
pontos levaria a sérios desequilíbrios.
135
uma cachoeira ou mesmo mergulhados em banheira de
água fria.
Tipo-Bad kan
1. Terapias quentes
Indicações
Problemas digestivos, cólicas estomacais, dor
causada por febre. A princípio, os tratamentos quentes
são benéficos para todas as doenças de Bad kan.
Contra-indicações
Icterícia crônica, envenenamento, obesidade.
Prática
Estes tratamentos quentes em geral são feitos em
forma de compressas. Apesar do termo “dugs” (dugs pa
= tornar quente) referir-se realmente a tratamentos
quentes, outros tipos de compressas são na verdade
mencionados neste contexto os quais não aquecem nem
são quentes. Em certos tipos de febres e processos
dolorosos, as compressas são feitas a partir de
estômagos de animais preenchidos com água fria. Este
método que utiliza o “estômago de animal” parece ser
muito popular e geralmente emprega-se o estômago de
carneiro. Neste caso, o tratamento cura edemas
palpebrais, resultantes de lesões causadas por armas. A
febre acompanhada por cólicas estomacais pode ser
tratada com a aplicação de uma pedra fria retirada das
margens de um rio.
As compressas quentes são administradas como
segue: sal aquecido para cólicas estomacais e
problemas digestivos; excrementos aquecidos de
136
carneiro com cerveja de grãos para edema linfático nas
articulações. Nos casos de retenção urinária (causada
pelos efeitos do frio), aplica-se uma mistura de
excrementos de pombo e o resíduo e sementes
trituradas. A aplicação de tijolos aquecidos é benéfica
nos distúrbios frios. Musgo aquecido e grãos torrados
são indicados para aplicação em forma de compressas
para as doenças do fígado.
2. Cauterização
Há dois instrumentos utilizados neste método de
tratamento – o cautério e a matriz de cauterização. Os
mapas tibetanos informam-nos que estes instrumentos
podem ser feitos de ouro, prata, cobre ou ferro. No
entanto, tenho visto com freqüência os médicos
tibetanos utilizarem apenas instrumentos de forma
simples, feitos de ferro, contrastando com aqueles
retratados nos mapas que são ricamente guarnecidos
com motivos decorativos retirados da medicina indiana.
Geralmente, há três orifícios na matriz de cauterização,
que tem um formato de triângulo, pois a cauterização
não é empregada apenas para tratar ulcerações, mas
também para queimar certos pontos do corpo que
também podem ser tratados por meio de moxabustão.
A técnica utilizada na cauterização é muito
simples. Os pontos a serem tratados são marcados, a
matriz é posicionada sobre a pele no local apropriado e,
finalmente, o cautério, que foi aquecido ao fogo, é
aplicado sobre os orifícios na matriz sobre a pele. A
duração do tratamento depende, evidentemente, da
extensão de pele que deve ser aquecida.
Apesar deste método de tratamento poder ser
bastante conveniente e apropriado para o tratamento de
ulcerações, é pouco provável que os pacientes
137
ocidentais achem a cauterização particularmente
agradável, enquanto que o próximo método de
tratamento, moxabustão, poderia ser muito bem aplicado
no Ocidente.
Moxabustão
Indicações
Problemas digestivos, tumores, edemas linfáticos
que afetem a cabeça e as articulações, edemas,
abcessos, perda de memória, doenças dos “canais”,
doenças linfáticas e diferentes tipos de febres. A
princípio, o moxabustão está indicado para doenças que
afetem os tipos Bad kan e rLung.
Contra-indicações
Todas as doenças do sangue e febres causadas
por distúrbios de bile.
Substância Utilizada
A substância utilizada para moxabustão, a “isca”
(spra ba), é obtida a partir de um tipo de artemísia. A
planta deve ser coletada no oitavo dia do sétimo, oitavo
e nono meses tibetanos. Após ser triturada, a substância
é moldada em pequenas peças cônicas. O tamanho
destes cones varias de acordo com o tipo de doenças
que será tratada. Podem possuir, por exemplo, o
tamanho da extremidade do quinto dedo para pontos da
cabeça, dos membros e da região anterior do corpo, e
pode ter o tamanho da extremidade do dedo indicador
para pontos localizados na coluna vertebral.
Prática
1. Ferver: Mais de 20 moxas são aplicados sobre um
único ponto. O tratamento dura cerca de 30 meses e
está indicado para tratamento de tumores e abcessos.
2. Queimar: Um número menor, apenas 15 moxas são
colocados sobre um único ponto. As doenças de Bad
138
kan, linfa e do coração podem ser tratadas desta
maneira.
3. Aquecer: O ponto em questão é aquecido um pouco
utilizando-se apenas 6 moxas. As verminoses, a
retenção urinária e a constipação podem ser tratadas
desta maneira.
4. Amornar: Nos pacientes ansiosos e especialmente em
crianças pequenas, o moxa deve ser removido
imediatamente após ter sido aplicado uma vez.
Se o tratamento com moxabustão tiver que ser
repetido sobre o mesmo ponto, o próximo moxa é
aplicado e retirado quando dois terços do cone de moxa
já estiver queimado. Este segundo moxa queima mais
rapidamente e o calor deste dura mais tempo. O cone de
moxa queimado não deve ser tocado com a mão, mas
removido com uma agulha após molhar a cinza com
saliva. Se a extremidade do cone explode para fora, é
sinal de que o tratamento foi particularmente benéfico. O
mesmo acontece quando se observa uma pequena
marca redonda com pequenas bolhas. O estágio final do
tratamento envolve a massagem sobre o ponto que está
sendo tratado, após a remoção das cinzas. Os
exercícios são benéficos para o paciente pois estimula a
circulação do sangue. No entanto, o paciente não deve
beber água gelada pois reduziria a eficácia do
tratamento quente.
Os pontos
Os médicos tibetanos diferenciam dois tipos de
pontos:
1. Pontos dolorosos: Há pontos ou locais dolorosos que
são indicados para o distúrbio em si. A dor aumenta
quando se aplica pressão.
2. Pontos específicos: Neste caso também, os médicos
tibetanos conhecem um grande número de pontos
139
específicos, ou seja, pontos que possuem localização
anatomicamente precisa e possuem indicações
específicas. Os mapas que estudei e as instruções
que recebi eram muito mais exatos do que aqueles
relacionados com a sangria. É também muito mais
fácil tornar-se familiarizado com este método de
tratamento do que aprender o método da sangria, pelo
menos para aqueles médicos que já estão habituados
com a acupuntura. Nós temos praticado os métodos
de moxabustão chineses e japoneses há trinta anos e,
portanto, não há qualquer problema em publicarmos
aqui todos os mapas e pontos com suas indicações.
No entanto, isto será assunto do Volume III e, sendo
assim, ultrapassa os objetivos do presente Volume.
Apesar disso, eu gostaria de mencionar os pontos
localizados sobre a coluna vertebral porque é
interessante mostrar um comparação com os pontos
da acupuntura. Quase todos estes pontos relacionam-
se ao órgão sólido e oco correspondente e possuem
nomes, assim como todos os pontos específicos.
Todos os pontos estão localizados – como dizem
os tibetanos – “no topo” da coluna vertebral começando
com a primeira vértebra que pode ser encontrada
quando a cabeça do paciente é curvada para frente e
para baixo.
142
De acordo com os médicos tibetanos, existem
grandes vantagens no uso de moxabustão como método
de tratamento. Em particular, o sistema digestivo é
estimulado, os edemas são reduzidos, a memória é
melhorada, os abcessos e ulcerações graves são
rapidamente curados e os tumores desaparecem.
O moxabustão é particularmente indicado nas
doenças de Bad kan, mas este método é também
utilizado no tratamento de muitas outras patologias
quando outros métodos não obtém resultados.
Nós podemos estar certos agora de que o
moxabustão é o método de tratamento que pode ser
aplicado com sucesso e sem quaisquer riscos no
Ocidente. No entanto, é necessário também um
completo conhecimento de todos os pontos e seus
sintomas assim como ser iniciado e instruído por
professores tibetanos.
Cirurgia
A cirurgia não é citada no sistema de medicina
tibetana e é mencionada apenas em uma parte
relativamente reduzida do livro rGyud bzhi. No Capítulo
22 da Parte 2 encontramos uma descrição relacionada
principalmente com os instrumentos utilizados em
procedimentos cirúrgicos; as denominadas “doenças
menores” (encurtamento dos tendões, ferimentos
causados por armas de fogo e perfurantes, corpos
estranhos, etc.) toma grande parte da Parte 3 (Capítulos
44-62); os Capítulos 82-86, trata das lesões causadas
por armas de fogo ou ferramentas, lesões na cabeça,
danos na área da garganta, ferimentos localizados no
tronco e lesões nas extremidades inferior e superior do
corpo, estão relacionadas com a cirurgia assim como os
143
métodos cirúrgicos de tratamento na Parte 4 (Capítulo
25).
O relativamente pouco importante papel que a
cirurgia ocupa no livro rGyud bzhi reflete-se na prática
da medicina como um todo: a cirurgia apresenta um
papel subordinado aqui, também; não há evidências de
qualquer conhecimento sobre as chamadas “cirurgias
maiores” tanto na teoria como na prática; e as técnicas
cirúrgicas dos médicos tibetanos não podem ser
consideradas como nada além do primitivo. É fato real
que todas as outras abordagens disponíveis serão
tentadas apenas para evitar a necessidade do uso da
cirurgia. Os médicos tibetanos possuem uma notável
habilidade para criar alternativas possíveis. Isto está
também relacionado com a crença tibetana de que,
basicamente, qualquer cirurgia maior sobre o corpo
humano não é natural. Mesmo as transfusões
sangüíneas são realizadas apenas com relutância e, se
possível, de modo algum – mesmo assim, os tibetanos
conhecem e praticam a auto-hemoterapia.
Mesmo que os médicos tibetanos dificilmente
possam ser considerados experientes no campo das
“cirurgias maiores”, são certamente mestres nas
habilidades das “cirurgias menores”: distorções e
entorces, ulcerações, deslocamentos e sobretudo
fraturas são tratadas precisamente, com os médicos
demonstrando inteligência e tremenda habilidade para
improvisar. Enquanto estive em Dharamsala, fui
freqüentemente surpreendida com sua rica experiência
nestes assuntos.
144
Capítulo Quatro TIPOS CONSTITUCIONAIS
145
1. Natureza e temperamento em geral
146
2. Condições que geralmente dão origem às doenças
3. As Características do Sistema
148
Capítulo Cinco O LIVRO RGYUD-BZHI
O Conhecimento Óctuplo
150
Os três trabalhos indianos estão organizados como
segue:
Tibetologistas
154
Capítulo Seis PESQUISA NA MEDICINA TIBETANA
156
tibetana possa continuar a ser sistematicamente
derivada e apresentada a partir das fontes.
A continuação da análise vem a seguir:
Volume 2
Título: Fundamentos da Medicina Tibetana. Diagnóstico
e Terapia de acordo com o livro rGyud bzi. (Título do
trabalho).
Capítulo 4 da Parte 1 do rGyud bzi. Blocos de
impressão, transliteração do texto, análise do
Diagnóstico (Raiz B = Tronco III, IV e V do Sistema).
Capítulo 5 da Parte 1 do rGyud bzi. Blocos de
impressão, transliteração do texto, análise dos Métodos
de Cura (Raiz C = Tronco VI, VII, VIII e IX do Sistema).
Terminologia médica de conceitos específicos,
denominados: 3 Raízes, 9 Troncos, 47 Ramos e 224
Folhas do Sistema de medicina tibetana.
Produção de um índice27 dos termos mencionados,
consistindo de: caracteres tibetanos – transliteração –
transcrição fonética – tradução para o inglês - português.
Desta forma estará disponível uma nomenclatura
derivada das fontes para o estudo da medicina tibetana.
No volume 2 a estrutura28 do livro rGyud bzi e o
conhecimento óctuplo29 será discutido.
A apresentação completa do sistema de medicina
tibetana, que não é encontrado em nenhum trabalho
médico indiano, levantará a questão sobre o motivo pelo
qual os médicos tibetanos criaram um sistema
independente e individual.
A classificação das disciplinas individuais serão
vistas a partir da apresentação das nove seções do
conhecimento médico (Tronco I-IX). Na Terapêutica, por
exemplo, o estudo mais extenso é sobre os
157
medicamentos, o restante trata dos Métodos de
Tratamento (externo).
Os números que aparecem no sistema serão
estudados e relacionados com aqueles utilizados na
filosofia budista. A interpretação dos números é uma
extensa área de estudo; o número 9 em particular será
discutido, pois é de suprema importância30. É possível
que certos números do Sistema apresentem alguma
relação com os conceitos da teoria dos tridoshas
indiana, a saber, com as qualidades dos sabores e a
elevação ou redução dos doshas; este fato pode ser
comprovado com exemplos.
Os termos derivados dos textos serão comparados
com conceitos conhecidos do budismo. Apenas em um
caso foi feita referência aos conceitos budistas (Tronco
II, Ramo 1 = causas desencadeantes). Quando
continuarmos a comparação entre os termos médicos e
os conceitos oriundos do ensinamento budista
poderemos observar quão próxima está a ligação entre
a medicina tibetana e a filosofia budista.
Concluindo, a origem e autoria do livro rGyud bzi
devem ser consideradas. No momento, podemos
apenas arriscar uma possibilidade; pode ser que no
caso da Parte 3 do livro rGyud bzi – o mais
compreensível e comentado (que também contém o
conhecimento óctuplo) – um original em sânscrito tenha
sido perdido em uma época bastante remota, mas
anteriormente traduzido por tibetanos, e as Partes 1, 2 e
4 tenham sido adicionadas depois. Talvez seja possível
neste ponto encontrar detalhes da autoria e origem do
livro rGyud bzi. As opiniões de tibetologistas sobre a
questão também serão citadas.
O Volume 2 conterá, portanto, a base para a
terminologia médica necessária e ao mesmo tempo
158
reunirá com a prática da medicina tibetana, exemplos do
que já foi apresentado no Volume 1.
Volume 3
159
Transliteração
160
TÍTULOS DOS TRABALHOS
A. Blocos de impressão
Os seguintes blocos de impressão foram usados
para este trabalho:
2a) bdud nad gzhom pa‟i gnyen po rtsi sman gyi nus pa
rkyan bshad gsal ston dri med shel gong
Título abreviado: dri med shel gong
2b) bdud rtsi sman gyi rnam dbye ngo bo nus ming rgyas
par bshad pa dri med shel phreng
Título abreviado: dri med shel phreng
2c) lag len gces bsdus
Estes três trabalhos de bsTan „dzin phun tshogs foram
reproduzidos po Tashi Yangphel Tashigang com o título:
“Principles of Lamaist Pharmacognosy”. Smantrtsis
Shesrig Spendzod Series, Vol. 6, Ladakh, 1970
2) gso byed bdud rtsi‟i „khrul med ngos „dzin bzo rig me
long du rnam par shar pa mdzes mtshar mig rgyan zhes
bya ba bzhugs so
Reproduzido pelo Professor Lokesh Chandra sob o título
An Illustrated Tibeto-Mongolian materia medica of
162
Ayurveda of „Jam dpal rdo rje of Mongolia. Da coleção
de Sua Santidade Z.D. Gomboev, com o Prefácio de E.
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180
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Lokesh Chandra
Os Nove Troncos
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permissão do Professor Lokesh Chandra.
181
NOTAS
1
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a) Studies in Na-khi Literature. Em: B.E.F.E.-O,t XXXVII, 1937.
b) Muan bpö or the Sacrifice to Heaven. Em: Monumenta Serica, Vol.
XIII, 1948.
c) The Na-khi Naga Cult and related ceremonies. Serie Orientale Roma,
Vol. IV, Roma, 1952.
2
O Tronco I apresenta a denominação “organismo saudável”, sendo o
termo tibetano “rnam par ma gyur pa” = inalterado. O termo “organismo
saudável” corresponde a este organismo inalterado e refere-se à
embriologia, à anatomia e à fisiologia da medicina Ocidental.
O Tronco II apresenta a denominação “organismo doente”,
sendo o termo tibetano “rnam par gyur pa” = alterado. O termo
“organismo doente” corresponde a este organismo alterado e está se
referindo à patologia da medicina Ocidental.
O Tronco V apresenta a denominação “questionamento”, sendo
o termo tibetano “dri ba” = questionar. A disciplina Ocidental
correspondente é a anamnese.
Quanto à “nutrição”, poderíamos substituir o termo “dieta”;
“comportamento” corresponde à nossa disciplina “higiene”; a disciplina
“medicamentos” é a “farmacologia” na medicina Ocidental. Estas
traduções simplificadas dos termos tibetanos possibilita-nos
compararmos as disciplinas tibetanas com as nossas Ocidentais.
Nas Apresentações os termos são citados como aparecem
geralmente no texto: sem o sufixo; por exemplo, yang ao invés de yang
ba, snum ao invés de snum pa.
3
Considero importante incluir uma descrição resumida da anatomia
porque, se nada é conhecido sobre os “pontos vitais”, por exemplo, não
estaria óbvio porque este termo é tão importante na terapia da sangria.
4
Nesta passagem do livro rGyud bzhi (Parte 2, Capítulo 4), não
encontramos qualquer informação sobre as significativas “rodas” = „khor
lo (chakras). Outra importante referência a elas: Bai du rya sngon po.
Estes „khor lo são particularmente significativos pois somente através
deles podemos explicar o fenômeno cosmológico correspondente, a
sutileza e as energias da medicina tibetana.
Confesso que a demora na publicação deste livro deveu-se apenas à
grande quantidade de trabalho envolvido em minha prática médica, mas
também deveu-se à pesquisa intensiva e demorada que requisitou o
182
assunto das “rodas”. O resultado desta pesquisa será publicado em
breve.
(Pode-se utilizar como referência um artigo que escrevi na Deutsche
Zeitschrift für Akupunktur, Vol. 5/6, 1956, entitulado “Die Akupunktur im
Spiegel der Chakras”.)
5
No livro Bai du rya sngon po, encontramos o seguinte comentário: dri
ma dugs te dri ma shin tu che ba/. Significa: cheiro quente é um cheiro
muito forte.
6
Diagnóstico através do exame da urina: Neste capítulo, as alterações
na urina são descritas em detalhes – esta descrição detalhada indica a
grande importância do diagnóstico da urina.
7
Acerca das “extremidades dos dedos” ver: Rechung Rimpoche Tibetan
Medicine, Londres, 1973, 93, 94. Yeshe Donden e Jeffrey Hopkins An
Anatomy of Body and Diseases. Ver também: An Introdution to Tibetan
Medicine, ed. Dawa Norbu, A Tibetan Review Publication, New Delhi,
1976, 28, 29.
Nagwang Dagpa, La sphygmologie tibétaine. Em: Les médecines
Traditionelles de l‟Asie, Strasbourg, 1979, 29.
8
Diagnóstico pelo exame do pulso: Detalhes deste método de
diagnóstico são encontrados no livro rGyud-bzhi, parte 4, Capítulo 1.
Uma análise precisa deste longo capítulo é importante, não apenas para
a prática da medicina tibetana visto que, aqui, são descritas todas as
diversas alterações nos pulsos que são típicas das doenças, mas
também porque o conhecimento deste importante capítulo é essencial
para comparar o diagnóstico pelo pulso tibetano e chinês.
9
sha chen: De acordo com os médicos tibetanos de Dharamsala, carne
de um herói que morreu em uma batalha.
10
skyabs: De acordo com os médicos tibetanos de Dharamsala, um tipo
de dente-de-leão.
11
mgo khrol: De acordo com os médicos tibetanos de Dharamsala, sopa
de cabeça de carneiro moída e envelhecida.
12
„bras bu gsum: = os três mirabólanos:
I. a ru ra = mirabólano chebula (Terminalia chebula)
II. ba ru ra = mirabólano belerica (Terminalia bellerica)
III. skyu ru ra = mirabólano emblica (Phyllanthus emblica).
13
rgod ma kha: uma preparação de substâncias ásperas (comunicado
oral: R. E. Emmerick).
14
tshva bsregs pa‟i thal sman: De acordo com os médicos tibetanos de
Dharamsala, cinza medicinal preparada com sal e quartzo.
15
cong zhi: provavelmente CaCO3, um tipo de cal branco e cristalino.
183
16
W. A. Unkrig: Zur Terminologgie der lamaistischen Medizin,
besonders ihrer Arzneien. Em Forschungen und Fortschritte, 12, 20/21,
1936, págs. 265-266.
17
Professor R. E. Emmerick, Hamburg, em particular, está trabalhando
nesta área.
18
Eu vi um livro deste tipo na Inglaterra quando o Dr. T. Y.
Tashigangpa, um médico de Ladakh, estava lendo um texto em uma
conferência. O livro, que foi aparentemente publicado na China,
continha aproximadamente 1.000 ilustrações de plantas providas de
nomes em tibetano, chinês e latim.
19
De acordo com as leis do Conselho Europeu, evidências rígidas são
exigidas com relação à eficácia terapêutica e inocuidade de quaisquer
novos fármacos. Isto é o que dizem as novas leis farmacêuticas. Na
República Federal da Alemanha, a nova Lei Farmacêutica entrou em
vigor em 1 de janeiro de 1978. Um total de vinte países exigem esta
comprovação, onze países aguardam-na e oito deles, não a exigem.
Será difícil obter a necessária comprovação de eficácia com as
preparações herbáceas.
20
A dificuldade encontrada com termos relacionados com “sabor” é
mostrada pelas traduções e comentários contidos em C.Vogel,
Vagbhata‟s Astangahrdayasamhita (pág. 58)
21
No livro Vagbhata‟s Astangahrdayasamhita escrito por L. Hilgenberg e
W. Kirfel, as seguintes passagens são encontradas na discussão sobre
o aumento e a redução dos Doshas (pág. 62): “... Faz-se uma distinção
entre 57 combinações de qualidades do sabor mas, ao todo, existem
63... Há 25 possibilidades se estiverem aumentados desta forma...
Portanto, 62 possíveis diferenças são ensinadas. A 63ª é a causa da
saúde.” No Volume I (Capítulo 3 do livro rGyud-bzhi), foi apontado que o
Tronco “Organismo Saudável” tem 25 folhas e o Tronco “Organismo
Doente”, 63 folhas. O trecho fala basicamente que o vigor do corpo
aumenta se estes 25 items estão em equilíbrio. Se saem deste
equilíbrio, eles prejudicam o corpo e resultam em 63 doenças. Há
notáveis correspondências às figuras no livro de Vagbhata referentes
aos Doshas.
22
Todos os termos foram propositalmente repetidos nesta apresentação
de tal forma que eles poderão ser mais facilmente memorizados. Os
parêntesis foram retirados em alguns termos mas mantidos em outros.
A intenção deste painel é também apresentar ao leitor um tipo de
resumo da terminologia médica. Uma terminologia médica completa
será incluída no próximo Volume, abrangendo não apenas os termos
analisados neste livro mas também os demais termos mencionados
184
anteriormente. Serão organizados como segue: Caracteres tibetanos –
transliteração – transcrição fonética –– tradução portuguesa.
23
C. Vogel: On Buston‟s view of the eight parts of Indian medicine. Em:
Indo-Iranian Journal, 6 (3/4), 1963, pággs. 290-295.
24
J. Filliozat: Chapitre du traitement des démons des enfants. Em: Le
Kumaratantra de Ravana, pággs. 123-142.
25
K. Lange: Die Werke des Regenten Sangs rgyas rgya mtcho (1653-
1705). Akademie-Verlag Berlin, 1976, págs. 141-143.
26
R. E. Emmerick: Sources of the Rgyud-bzhi. Em: Zeitschrift der
Deutschen Morgenländischen Gesellschaft III, 2, 1977, págs. 1135-
1142.
27
No volume 1 a inclusão de um registro da terminologia médica foi
deliberadamente omitida, pois uma terminologia médica completa será
apresentada na Parte 2 do estudo. Um índice dos autores e de
trabalhos médicos foi omitido, pois estes são facilmente distingüíveis
nos seus respectivos capítulos.
28
O rGyud bzi dividido em quatro partes difere em sua estrutura dos
grandes trabalhos indianos dos médicos Caraka, Susruta e Vagbhata:
nenhum dos trabalhos indianos está dividido em quatro seções. Talvez
tenha sido intenção dos tibetanos chamar atenção, com a divisão em
quatro partes (duplicando-a), para o conhecimento em oito partes. Com
relação a esta estrutura os trabalhos indianos foram descritos em
detalhes e comparados com o rGyud bzi.
29
O conhecimento dividido em oito partes – isto já pode ser
determinado – é descrito na terceira parte do livro rGyud bzi (ver
Sumário do livro rGyud bzi e Referências). O conhecimento óctuplo é
claramente definido e difere da organização indiana no qual as doenças
femininas são colocadas em terceiro lugar.
30
O número 9, entre outros, representa um importante papel na religião
nativa Bon.
185