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COLLECÇÃO DOS A U T O R E S C E L E B R E S
DA
L I T T E R A T U R A BRASILEIRA
ALFARRABIOS
CHRONICA DOS TEMPOS COLONIAES
POR
J. DE ALENCAR
II
O ERMITÃO DA GLORIA
III
A ALMA DO LAZARO
LIVRARIA GARNIER
109, Rua do Ouvidor, 109 6, Rue des Saints-Peres, 6
RIO DE JANEIRO PARIS
o
ERMITÃO DA GLORIA
LENDA
I
AO CORSO
Cahia a tarde.
A borrasca, tangida pelo nordeste, desdobra-
va sobre o oceano o manto bronzeado.
Com a sombra, que projectavam os negros cas-
tellos de nuvens, carregava-se o torvo aspecto
da costa.
As ilhas que bordam esse vasto seio de mar,
entre a Ponta dos Búzios e Cabo Frio, confim -
diam-se com a terra firme, e pareciam apenas
saliencias dos rochedos.
Nas aguas da ilha dos Papagaios balouçava-se
um barco de borda rasa e um só mastro, tão
cosido á terra, que o olhar do mais pratico ma-
II 1
2 ALFARRABIOS
A BALANDRA
A CANÔA
II 2
18 ALFARRABIOS
O COMBATE
A ORPHÂ
O BAPTISMO
II 3
34 ALFARRABIOS
A VOLTA
PECADO
II 4
50 ALFARRABIOS
O MILAGRE
AO MAR
II 5
66 ALFARRABIOS
A VOLTA
O NOIVO
A BODA
XVII
O ERMITÃO
O MENDIGO
A PENITENCIA
7
98 ALFARRABIOS
A ALMA DO LAZARO
•
ADVERTENCIA
PRIMEIRA PARTE
A ALMA PENADA
II 8
114 ALFARRABIOS
Começou o velho :
— Fazem, si quer que lhe diga, não sei quan-
tos annos. Era eu tamanino como esta minha
pá de remo.
« O pai vivia da pesca, como o avô; porque
isto de pescador parece que é officio de familia,
que vai passando de filho a neto. Quasi todas as
noites elle me levava comsigo quando ia ao mar;
e pequeno como era sabia arrumar a canôa e bo-
tal-a ao largo.
« Já então costumava o pai na volta da pes-
caria descançar, aqui. Punha a canôa em secco :
deixava passar o resto da noite, e lá pela ma-
drugada iamos vender o peixe ao Recife, porque
em Olinda, afóra a cleresia, tudo o mais era
miuçalha.
« Havia ali assim no fundo do convento, bem
na praia, uma casa velha, tão velha que estava
124 ALFARRABIOS
O DIARIO
1752
7 de março.
Estou só no mundo.
Minha mãi morreu... Pobre mãi!... Antes as-
sim ! Devias soffrer muito a ver teu filho asco e
horror da gente... Mas porque me deixaste n'este
valle de lagrimas?
Minha alma morreu comtigo. Vivem as ulceras
que devoram estes restos de corpo, sobejo da en-
fermidade terrivel! Sem ti que me consolavas,
que soffrias comigo da minha angustia, que vai
ser de mim n'este exilio?...
Resta-me uma irmã.
Foi.,. Agora tem outra família. Ella me quer,
bem sei, e com amor. Mas sou um estranho para
142 ALFARRABIOS
8 de março
Vi-te pela ultima vez.
A terra abriu-se para roubar-te aos meus bra-
A ALMA DO LAZARO 143
9 de março.
10 de março
11 de março.
12 de março.
16 de março.
17 de março.
18 de março.
19 de março.
20 de março.
22 de março.
23 de março.
26 de março.
29 de março.
II 11
162 ALFARRABIOS
l abril.
2 abril.
6 de abril.
Sel-lhe o nome!
Foi esta noite. Lá estava ella, no terrado,
olhando o mar, onde se escondêra a vela branca
do navio de seu pai.
Uma voz, era a de sua mãi, soltou o nome de
Ursula. Ergueu-se ella, e caminhou para a casa,
dizendo com um modo brando e socegado :
— Ahi vou, mãi.
Ursula!... Que suave encanto acho eu n'este
nome, que d'antes nunca em mim despertou a
menor attenção. Ouvia-o como um som qualquer;
não passava de uma palavra indifferente. Agora
canta em minha alma como celeste harmonia,
que me inunda todo o ser de jubilo.
Os sussurros da briza, os murmurios das ondas,
as vozes do céo e da terra repetem para mim o
mavioso nome, que me envolve em uma bema-
venturança.
Nos momentos em que a alma exubera e su-
bleva-se com o ésto do contentamento ou da ma-
goa, manam as abundancias da paixão, em poe-
mas e hymnos.
Não careço eu de poesia, nem descantes, para
A ALMA DO LAZARO 167
10 de abril.
12 de abril.
15 de abril.
16 de abril.
20 de abril.
• "
24 de abril,
27 de abril.
28 de abril.
29 de abril.
30 de abril
4 de maio
6 de maio.
7 de maio.
J. DE ALENCAR.
Rio de Janeiro, maio1873.
A ALMA DO LAZARO 183
9 de maio.
9 de maio.
FIM
INDICE
DE
A ALMA DO LAZARO
ADVERTENCIA............................................................................................................105
PRIMEIRA PARTE., — A alma penada.........................................107
SEGUNDA PARTE. — O Diario, 1752..................................14
O ERMITÃO DA GLORIA
Ao LEITOR v
I. — Ao corso 1
II. — Ultimo pareo 6
III. — A balandra. 10
IV. — A canôa 15
V. — O combate 21
VI.— A orphã 26
VII. — O baptismo. 31
VIII. — A volta 36
IX. — Peccado 42
X. — O voto 48
XI. — Novena 53
XII. — O milagre 59
XIII. — Ao mar 65
XIV. — A volta. 71
XV. — O noivo 76
XVI. — A boda 82
XVII. — O Ermitão 87
XVIII. — O mendigo 92
XIX. — A penitencia 96
Epilogo................................................................................ 100